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IP – INOVATEC - Jan/13

Inovação no âmbito microeconômico


Genericamente falando, inovação é a captura de valor a partir de ideias, posteriormente
formalizadas por conhecimentos teóricos aplicados pela técnica à criação ou
aperfeiçoamento de produto, processo, sistema ou modelo de negócio que é ofertado ao
mercado.

Inovação não se trata de invenção, embora o senso comum confunda um e outro. Pelo
contrário, a pesquisa básica, celeiro de invenções e descobertas tecnológicas são
tecnicamente atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), pelo fato que ainda não
gerou ou gera valor ao mercado.

Para esclarecer este ponto, o transistor quando foi incorporado aos grandes
computadores, até então constituídos de válvulas, já existia há quase uma década. Os
princípios da microeletrônica fundamentados no conhecimento da natureza dos
semicondutores e todo conhecimento científico sobre eles já estava formulado há pelo
menos três décadas. Entretanto, não havia produto ou processo ao mercado, isto é,
geração de valor e assim, não constituía propriamente uma inovação.

Independente das variantes que possam existir na sua definição, em geral os autores são
conformes em dizer que não é possível falar em inovação sem o fato econômico, sem
geração de valor. E a geração de valor ao mercado é um elemento fundamental para a
vantagem competitiva.

Dessa forma, as empresas inovadoras que adotaram como estratégia competitiva a
diferenciação dos produtos e processos com vistas ao aumento das suas
competitividades no mercado, apresentaram desempenhos superiores em relação às
demais.

                                                                                      1
Uma pesquisa do IPEA, elaborada a partir de microdados da Pesquisa de Inovação
Tecnológica na Indústria (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e de outras bases de dados nacionais, tais como Pesquisa Industrial Anual
(PIA), Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e outras, apresentaram os
seguintes dados:



Tabela 1 - Características das firmas industriais brasileiras segundo suas estratégias competitivas efetivamente
praticadas - 2000




(Fonte: DE NEGRI, J. A.; KUBOTA, L. C. (Org.:
http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/inovacaotecnologica/capitulo01.pdf)




                                                                                                              2
Tabela 2 - Número de firmas na indústria brasileira, escala média de produção, e eficiência de escala segundo
estratégias competitivas e padrões tecnológicos - 2000




(Fonte: Extraído de Políticas de Incentivo à Inovação Tecnológica no Brasil, IPEA,
Mario              Sergio              Salerno,             Luis             Claudio               Kubota.
http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/inovacaotecnologica/capitulo01.pdf )

Tabela 3 - Características da mão-de-obra empregada nas firmas industriais por categoria - 2000




(Fonte: Extraído de Políticas de Incentivo à Inovação Tecnológica no Brasil, IPEA,
Mario              Sergio              Salerno,             Luis             Claudio               Kubota.
http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/inovacaotecnologica/capitulo01.pdf )

Os dados mostram que as firmas inovadoras:

    1) São maiores em termos de faturamento e de pessoal empregado;
    2) Tem maior produtividade e maior eficiência de escala;
    3) Empregam trabalhadores com maior nível de escolaridade (uma aproximação de
         qualificação);


                                                                                                           3
4) Apresentam maior estabilidade no emprego (pois o tempo médio de emprego é
         maior), além de pagarem maiores salários;
    5) Pagam em média três vezes mais aos funcionários do que as empresas que não
         diferenciam produtos e têm produtividade menor;
    6) Pagam 66% mais do que a média paga pelas especializadas em produtos
         padronizados.

A relação entre inovação e salários é extremamente relevante, uma vez que indica se
uma política de apoio à inovação e diferenciação de produtos é condizente ou não com a
melhoria dos salários brasileiros, relacionado com o empenho e a satisfação dos
funcionários. O efeito benéfico em uma relação diretamente proporcional, além de
beneficiar a empresa, por ter funcionários mais fidelizados, dedicados e eficientes, está
de acordo com um dos objetivos gerais de política econômica e social, de política de
desenvolvimento, que é o aumento da renda per capita da população.

A análise dessa relação, porém, exigiu um tratamento especial dos dados, pois não seria
metodologicamente correto comparar salários pagos em firmas de características muito
diferentes em termos de faturamento, eficiência e grau de escolaridade dos
trabalhadores, pois existe uma relação direta entre salários maiores e maior faturamento,
eficiência e o grau de escolaridade.

Assim, para isolar o efeito da inovação descontando os demais fatores de eficiência e
tamanho de faturamento e realizar uma melhor análise da relação entre inovação e
diferenciação de produto e salário, os pesquisadores do Ipea utilizaram modelos
estatísticos nos quais foram inseridos as variáveis que podem influir no salário, para que
elas pudessem ser “descontadas” ou “controladas”.

Foram “controladas” quase duzentas variáveis nos modelos utilizados, isto é,
faturamento, número de trabalhadores, setor de atividade, tipo de produto, escolaridade
e tempo de casa dos empregados, coeficientes de exportação e de importação, município
e etc.

Feito isso, o resultado foi o seguinte:



                                                                                        4
Duas empresas parecidas, se uma delas inova e diferencia produtos e a outra não, a
primeira tenderá a pagar salários 23% maiores do que os pagos pela segunda. Isso quer
dizer o seguinte: o efeito líquido da inovação sobre os salários é de 23% se comparado
ao das empresas que não inovam e têm produtividade menor, e de 11% se comparado
àquele das empresas especializadas em produtos padronizados (Bahia e Anbache, 2005).

Além do impacto nos salários, a pesquisa apontou que:

    1) As empresas que inovam têm 16% de chance a mais de serem exportadoras, e há
       fortíssima correlação entre inovação tecnológica e diferenciação de produto (ou
       seja, a inovação tecnológica é uma fonte fundamental de diferenciação, de
       obtenção de renda diferencial pelas empresas).
    2) As empresas que inovam e diferenciam produtos crescem mais;
    3) As empresas brasileiras internacionalizadas que utilizam suas unidades no
       exterior como fonte de informação para a inovação também apresentam
       desempenho superior, crescendo mais no Brasil.

Em 2007, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) criou o conceito de
índice inovação de empresas de capital aberto conhecido como Inovação Innoscience
(3i) com o objetivo de acompanhar o desempenho das empresas mais inovadoras do
Brasil. Constituído por uma carteira de empresas como Whirlpool, Tecnisa, Embraer,
Lojas Renner, Natura e TOTVS, totalizando 31 empresas que foram classificadas como
as mais inovadoras do país no último ano a partir de rankings divulgados por
publicações de gestão de negócios, essa carteira de empresas inovadoras apresentou
significativamente melhor comparada ao índice Ibovespa. De janeiro de 2007 até agosto
deste ano, o 3i valorizou 114,2%, sendo que a diferença em favor da carteira de
empresas       inovadoras       chega       a      76,4      pontos       percentuais.
(http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1041
)




                                                                                    5
Conclusão


As empresas são instituições cuja finalidade é a geração de bens e riquezas. Para tal,
visam à perpetuidade dos seus negócios pela contínua oferta de valor aos mercados a
que se dedicam, seja pelo fornecimento de bens, seja de serviços, obtendo, assim, um
sustentável crescimento do seu fluxo de caixa.

Os esforços direcionados para tal finalidade, tendo em vista a escassez de recursos e a
limitação dos mercados, tomam corpo no que se denomina planejamento estratégico,
definido como o estabelecimento de um conjunto de ações coordenadas embasadas na
situação atual da empresa, que visam à obtenção de uma vantagem competitiva no
longo-prazo em relação às demais.

Por conta das exigências dos mercados atuais por agregados tecnológicos, do aumento
da competitividade e da consequente exigência de eficiência das indústrias, atreladas ao
crescimento dos custos das inovações e da velocidade da mudança de tecnologias, as
empresas passaram a considerar a inovação e o desenvolvimento tecnológico como
elementos a ser gerenciados com maior critério, de forma contínua e sistemática, no
contexto do planejamento estratégico.

No âmbito microeconômico, sob o aspecto da competitividade, mostramos dados do
IPEA que indicam maior crescimento de empresas inovadoras em relação à média do
mercado, bem como seus impactos sociais e econômicos benéficos. Desta forma, a
inovação tem se mostrado uma estratégia bem sucedida das empresas para a preservação
e crescimento dos seus negócios e aumento da riqueza dos seus acionistas.




                                                                                      6
Bibliografia


DE NEGRI, J. A.; Kubota, L.C. Políticas de Incentivo à Inovação Tecnológica. Brasília.
2008.

DE NEGRI, J. A.; SALERNO, M. S. (Eds.). DE NEGRI, F. Padrões tecnológicos e de
comércio exterior das firmas brasileiras. In: DE NEGRI, J. A.; SALERNO, M. S.
(Eds.). Inovações, padrões tecnológicos e desempenho das firmas industriais brasileiras.
Brasília: Ipea, 2005.




                                                                                      7

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Ip importância da inovação 2013

  • 1. Emerson H S Chenta IP – INOVATEC - Jan/13 Inovação no âmbito microeconômico Genericamente falando, inovação é a captura de valor a partir de ideias, posteriormente formalizadas por conhecimentos teóricos aplicados pela técnica à criação ou aperfeiçoamento de produto, processo, sistema ou modelo de negócio que é ofertado ao mercado. Inovação não se trata de invenção, embora o senso comum confunda um e outro. Pelo contrário, a pesquisa básica, celeiro de invenções e descobertas tecnológicas são tecnicamente atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), pelo fato que ainda não gerou ou gera valor ao mercado. Para esclarecer este ponto, o transistor quando foi incorporado aos grandes computadores, até então constituídos de válvulas, já existia há quase uma década. Os princípios da microeletrônica fundamentados no conhecimento da natureza dos semicondutores e todo conhecimento científico sobre eles já estava formulado há pelo menos três décadas. Entretanto, não havia produto ou processo ao mercado, isto é, geração de valor e assim, não constituía propriamente uma inovação. Independente das variantes que possam existir na sua definição, em geral os autores são conformes em dizer que não é possível falar em inovação sem o fato econômico, sem geração de valor. E a geração de valor ao mercado é um elemento fundamental para a vantagem competitiva. Dessa forma, as empresas inovadoras que adotaram como estratégia competitiva a diferenciação dos produtos e processos com vistas ao aumento das suas competitividades no mercado, apresentaram desempenhos superiores em relação às demais. 1
  • 2. Uma pesquisa do IPEA, elaborada a partir de microdados da Pesquisa de Inovação Tecnológica na Indústria (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de outras bases de dados nacionais, tais como Pesquisa Industrial Anual (PIA), Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e outras, apresentaram os seguintes dados: Tabela 1 - Características das firmas industriais brasileiras segundo suas estratégias competitivas efetivamente praticadas - 2000 (Fonte: DE NEGRI, J. A.; KUBOTA, L. C. (Org.: http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/inovacaotecnologica/capitulo01.pdf) 2
  • 3. Tabela 2 - Número de firmas na indústria brasileira, escala média de produção, e eficiência de escala segundo estratégias competitivas e padrões tecnológicos - 2000 (Fonte: Extraído de Políticas de Incentivo à Inovação Tecnológica no Brasil, IPEA, Mario Sergio Salerno, Luis Claudio Kubota. http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/inovacaotecnologica/capitulo01.pdf ) Tabela 3 - Características da mão-de-obra empregada nas firmas industriais por categoria - 2000 (Fonte: Extraído de Políticas de Incentivo à Inovação Tecnológica no Brasil, IPEA, Mario Sergio Salerno, Luis Claudio Kubota. http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/inovacaotecnologica/capitulo01.pdf ) Os dados mostram que as firmas inovadoras: 1) São maiores em termos de faturamento e de pessoal empregado; 2) Tem maior produtividade e maior eficiência de escala; 3) Empregam trabalhadores com maior nível de escolaridade (uma aproximação de qualificação); 3
  • 4. 4) Apresentam maior estabilidade no emprego (pois o tempo médio de emprego é maior), além de pagarem maiores salários; 5) Pagam em média três vezes mais aos funcionários do que as empresas que não diferenciam produtos e têm produtividade menor; 6) Pagam 66% mais do que a média paga pelas especializadas em produtos padronizados. A relação entre inovação e salários é extremamente relevante, uma vez que indica se uma política de apoio à inovação e diferenciação de produtos é condizente ou não com a melhoria dos salários brasileiros, relacionado com o empenho e a satisfação dos funcionários. O efeito benéfico em uma relação diretamente proporcional, além de beneficiar a empresa, por ter funcionários mais fidelizados, dedicados e eficientes, está de acordo com um dos objetivos gerais de política econômica e social, de política de desenvolvimento, que é o aumento da renda per capita da população. A análise dessa relação, porém, exigiu um tratamento especial dos dados, pois não seria metodologicamente correto comparar salários pagos em firmas de características muito diferentes em termos de faturamento, eficiência e grau de escolaridade dos trabalhadores, pois existe uma relação direta entre salários maiores e maior faturamento, eficiência e o grau de escolaridade. Assim, para isolar o efeito da inovação descontando os demais fatores de eficiência e tamanho de faturamento e realizar uma melhor análise da relação entre inovação e diferenciação de produto e salário, os pesquisadores do Ipea utilizaram modelos estatísticos nos quais foram inseridos as variáveis que podem influir no salário, para que elas pudessem ser “descontadas” ou “controladas”. Foram “controladas” quase duzentas variáveis nos modelos utilizados, isto é, faturamento, número de trabalhadores, setor de atividade, tipo de produto, escolaridade e tempo de casa dos empregados, coeficientes de exportação e de importação, município e etc. Feito isso, o resultado foi o seguinte: 4
  • 5. Duas empresas parecidas, se uma delas inova e diferencia produtos e a outra não, a primeira tenderá a pagar salários 23% maiores do que os pagos pela segunda. Isso quer dizer o seguinte: o efeito líquido da inovação sobre os salários é de 23% se comparado ao das empresas que não inovam e têm produtividade menor, e de 11% se comparado àquele das empresas especializadas em produtos padronizados (Bahia e Anbache, 2005). Além do impacto nos salários, a pesquisa apontou que: 1) As empresas que inovam têm 16% de chance a mais de serem exportadoras, e há fortíssima correlação entre inovação tecnológica e diferenciação de produto (ou seja, a inovação tecnológica é uma fonte fundamental de diferenciação, de obtenção de renda diferencial pelas empresas). 2) As empresas que inovam e diferenciam produtos crescem mais; 3) As empresas brasileiras internacionalizadas que utilizam suas unidades no exterior como fonte de informação para a inovação também apresentam desempenho superior, crescendo mais no Brasil. Em 2007, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) criou o conceito de índice inovação de empresas de capital aberto conhecido como Inovação Innoscience (3i) com o objetivo de acompanhar o desempenho das empresas mais inovadoras do Brasil. Constituído por uma carteira de empresas como Whirlpool, Tecnisa, Embraer, Lojas Renner, Natura e TOTVS, totalizando 31 empresas que foram classificadas como as mais inovadoras do país no último ano a partir de rankings divulgados por publicações de gestão de negócios, essa carteira de empresas inovadoras apresentou significativamente melhor comparada ao índice Ibovespa. De janeiro de 2007 até agosto deste ano, o 3i valorizou 114,2%, sendo que a diferença em favor da carteira de empresas inovadoras chega a 76,4 pontos percentuais. (http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1041 ) 5
  • 6. Conclusão As empresas são instituições cuja finalidade é a geração de bens e riquezas. Para tal, visam à perpetuidade dos seus negócios pela contínua oferta de valor aos mercados a que se dedicam, seja pelo fornecimento de bens, seja de serviços, obtendo, assim, um sustentável crescimento do seu fluxo de caixa. Os esforços direcionados para tal finalidade, tendo em vista a escassez de recursos e a limitação dos mercados, tomam corpo no que se denomina planejamento estratégico, definido como o estabelecimento de um conjunto de ações coordenadas embasadas na situação atual da empresa, que visam à obtenção de uma vantagem competitiva no longo-prazo em relação às demais. Por conta das exigências dos mercados atuais por agregados tecnológicos, do aumento da competitividade e da consequente exigência de eficiência das indústrias, atreladas ao crescimento dos custos das inovações e da velocidade da mudança de tecnologias, as empresas passaram a considerar a inovação e o desenvolvimento tecnológico como elementos a ser gerenciados com maior critério, de forma contínua e sistemática, no contexto do planejamento estratégico. No âmbito microeconômico, sob o aspecto da competitividade, mostramos dados do IPEA que indicam maior crescimento de empresas inovadoras em relação à média do mercado, bem como seus impactos sociais e econômicos benéficos. Desta forma, a inovação tem se mostrado uma estratégia bem sucedida das empresas para a preservação e crescimento dos seus negócios e aumento da riqueza dos seus acionistas. 6
  • 7. Bibliografia DE NEGRI, J. A.; Kubota, L.C. Políticas de Incentivo à Inovação Tecnológica. Brasília. 2008. DE NEGRI, J. A.; SALERNO, M. S. (Eds.). DE NEGRI, F. Padrões tecnológicos e de comércio exterior das firmas brasileiras. In: DE NEGRI, J. A.; SALERNO, M. S. (Eds.). Inovações, padrões tecnológicos e desempenho das firmas industriais brasileiras. Brasília: Ipea, 2005. 7