SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Principal objeto da História Cultural: Identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma
determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler. Uma tarefa deste tipo supõe vários
caminhos. O primeiro diz respeito às classificações, divisões e delimitações que organizam a
apreensão do mundo social como categorias fundamentais de percepção e de apreciação do real.
Variáveis consoante as classes sociais ou os meios intelectuais, são produzidas pelas disposições
estáveis e partilhadas, próprias do grupo. São estes esquemas intelectuais incorporados que criam as
figuras graças as quais o presente pode adquirir sentido, o outro tornar-se inteligível e o espaço ser
decifrado.
As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem à universalidade de um
diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses de grupo que as forjam.
Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discursos proferidos com a posição de
quem os utiliza.
As percepções do social não são de forma alguma discursos neutros: produzem estratégias e
práticas (sociais, escolares e políticas), que tendem a impor uma autoridade à custa de outros, por
elas menosprezados, a legitimar um projeto reformador ou a justificar, para os próprios
indivíduos, as suas escolhas e condutas.
“As lutas de representações têm tanta importância como as lutas econômicas para compreender
os mecanismos pelos quais um grupo impõe, ou tenta impor, a sua concepção do mundo social”.
O autor espera com suas contribuições acabar com a divisão feita entre a objetividade das estruturas (que
seria o terreno da história mais segura, aquela que, manuseando documentos seriados, quantificáveis,
reconstrói as sociedades tais como eram na verdade) e a subjetividade das representações (a que estaria
ligada a uma outra história, dirigida às ilusões de discursos distanciados do real).
“A aparência vale pelo real”: Trabalhando assim sobre as representações que os grupos modelam deles
próprios ou dos outros, afastando-se, portanto, de uma dependência demasiado estrita relativamente à
história social entendida no sentido clássico, a história cultural pode regressar utilmente ao social, já
que faz incidir a sua atenção sobre as estratégias que determinam posições e relações que atribuem a
cada classe.
O autor antecipa as três noções que norteiam seu livro: representação, prática e apropriação, em uma
reflexão conjunta entre a confrontação com o documento e a exigência de elucidação metodológica. A
história de representações deve ser entendida como o estudo dos processos com os quais se constrói um
sentido. Rompendo com a antiga ideia que dotava os textos e as obras de um sentido intrínseco,
absoluto, único — o qual a crítica tinha a obrigação de identificar —, dirige-se as praticas que,
pluralmente, contraditoriamente, dão significado ao mundo. Dai a caracterização das práticas
discursivas como produtoras de ordenamento, de afirmação de distâncias, de divisões; dai o
reconhecimento das práticas de apropriação cultural como formas diferenciadas de interpretação.
Por fim, coloca dois objetivos em sua reflexão, interligados: submeter a exame os legados interiorizados
e os postulados não questionados de uma forte tradição historiográfica, inspiradora e reivindicada, e
propor um espaço de trabalho entre textos e leituras, no intuito de compreender as práticas, complexas,
múltiplas, diferenciadas, que constroem o mundo como representação.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a introdução chartier - metodologia.pptx

Rcabecinhas paideia 2004.pdf artigo psicologia
Rcabecinhas paideia 2004.pdf artigo psicologiaRcabecinhas paideia 2004.pdf artigo psicologia
Rcabecinhas paideia 2004.pdf artigo psicologiaGisa Carvalho
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisJhonata Andrade
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisJhonata Andrade
 
Decolonial o outro e seu olhar
Decolonial  o outro e seu olharDecolonial  o outro e seu olhar
Decolonial o outro e seu olharNana Fonseca
 
Fichamento macedo - ok
Fichamento   macedo - okFichamento   macedo - ok
Fichamento macedo - okfamiliaestagio
 
Pierre Bourdieu - O Poder Simbólico
Pierre Bourdieu - O Poder SimbólicoPierre Bourdieu - O Poder Simbólico
Pierre Bourdieu - O Poder SimbólicoZeca B.
 
PODER SIMBÓLICO
PODER SIMBÓLICO PODER SIMBÓLICO
PODER SIMBÓLICO prefeitura
 
Prolegômenos a uma nova teoria do espaço ficcional
Prolegômenos a uma nova teoria do espaço ficcionalProlegômenos a uma nova teoria do espaço ficcional
Prolegômenos a uma nova teoria do espaço ficcionalErimar Cruz
 
Representações Sociais da escola
Representações Sociais da escolaRepresentações Sociais da escola
Representações Sociais da escolaguestc0a037
 
Thinking about civilizations
Thinking about civilizationsThinking about civilizations
Thinking about civilizationsRafael Pinto
 
Funcionalismo na Antropologia
Funcionalismo na AntropologiaFuncionalismo na Antropologia
Funcionalismo na AntropologiaPedro Saraiva
 
Pcn história e sociologia
Pcn   história e sociologiaPcn   história e sociologia
Pcn história e sociologiapibidsociais
 
Pcn história e sociologia
Pcn   história e sociologiaPcn   história e sociologia
Pcn história e sociologiapibidsociais
 
Mídia, educação e cultura
Mídia, educação e culturaMídia, educação e cultura
Mídia, educação e culturagutopina2
 

Semelhante a introdução chartier - metodologia.pptx (20)

Representações sociais da escola
Representações sociais da escolaRepresentações sociais da escola
Representações sociais da escola
 
Cap1 produção do conhecimento
Cap1   produção do conhecimentoCap1   produção do conhecimento
Cap1 produção do conhecimento
 
Rcabecinhas paideia 2004.pdf artigo psicologia
Rcabecinhas paideia 2004.pdf artigo psicologiaRcabecinhas paideia 2004.pdf artigo psicologia
Rcabecinhas paideia 2004.pdf artigo psicologia
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociais
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociais
 
Decolonial o outro e seu olhar
Decolonial  o outro e seu olharDecolonial  o outro e seu olhar
Decolonial o outro e seu olhar
 
Paper sociologia urbana
Paper sociologia urbanaPaper sociologia urbana
Paper sociologia urbana
 
Fichamento macedo - ok
Fichamento   macedo - okFichamento   macedo - ok
Fichamento macedo - ok
 
Roberto Marques
Roberto MarquesRoberto Marques
Roberto Marques
 
Pierre Bourdieu - O Poder Simbólico
Pierre Bourdieu - O Poder SimbólicoPierre Bourdieu - O Poder Simbólico
Pierre Bourdieu - O Poder Simbólico
 
PODER SIMBÓLICO
PODER SIMBÓLICO PODER SIMBÓLICO
PODER SIMBÓLICO
 
Prolegômenos a uma nova teoria do espaço ficcional
Prolegômenos a uma nova teoria do espaço ficcionalProlegômenos a uma nova teoria do espaço ficcional
Prolegômenos a uma nova teoria do espaço ficcional
 
Original artigo 5 _borges
Original artigo 5 _borgesOriginal artigo 5 _borges
Original artigo 5 _borges
 
Representações Sociais da escola
Representações Sociais da escolaRepresentações Sociais da escola
Representações Sociais da escola
 
Thinking about civilizations
Thinking about civilizationsThinking about civilizations
Thinking about civilizations
 
Funcionalismo na Antropologia
Funcionalismo na AntropologiaFuncionalismo na Antropologia
Funcionalismo na Antropologia
 
Pcn história e sociologia
Pcn   história e sociologiaPcn   história e sociologia
Pcn história e sociologia
 
Pcn história e sociologia
Pcn   história e sociologiaPcn   história e sociologia
Pcn história e sociologia
 
Metodologias De CaptaçãO1
Metodologias De CaptaçãO1Metodologias De CaptaçãO1
Metodologias De CaptaçãO1
 
Mídia, educação e cultura
Mídia, educação e culturaMídia, educação e cultura
Mídia, educação e cultura
 

Último

Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfMárcio Azevedo
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 

Último (20)

Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 

introdução chartier - metodologia.pptx

  • 1.
  • 2.
  • 3. Principal objeto da História Cultural: Identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler. Uma tarefa deste tipo supõe vários caminhos. O primeiro diz respeito às classificações, divisões e delimitações que organizam a apreensão do mundo social como categorias fundamentais de percepção e de apreciação do real. Variáveis consoante as classes sociais ou os meios intelectuais, são produzidas pelas disposições estáveis e partilhadas, próprias do grupo. São estes esquemas intelectuais incorporados que criam as figuras graças as quais o presente pode adquirir sentido, o outro tornar-se inteligível e o espaço ser decifrado.
  • 4. As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem à universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses de grupo que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discursos proferidos com a posição de quem os utiliza. As percepções do social não são de forma alguma discursos neutros: produzem estratégias e práticas (sociais, escolares e políticas), que tendem a impor uma autoridade à custa de outros, por elas menosprezados, a legitimar um projeto reformador ou a justificar, para os próprios indivíduos, as suas escolhas e condutas. “As lutas de representações têm tanta importância como as lutas econômicas para compreender os mecanismos pelos quais um grupo impõe, ou tenta impor, a sua concepção do mundo social”.
  • 5. O autor espera com suas contribuições acabar com a divisão feita entre a objetividade das estruturas (que seria o terreno da história mais segura, aquela que, manuseando documentos seriados, quantificáveis, reconstrói as sociedades tais como eram na verdade) e a subjetividade das representações (a que estaria ligada a uma outra história, dirigida às ilusões de discursos distanciados do real).
  • 6. “A aparência vale pelo real”: Trabalhando assim sobre as representações que os grupos modelam deles próprios ou dos outros, afastando-se, portanto, de uma dependência demasiado estrita relativamente à história social entendida no sentido clássico, a história cultural pode regressar utilmente ao social, já que faz incidir a sua atenção sobre as estratégias que determinam posições e relações que atribuem a cada classe.
  • 7. O autor antecipa as três noções que norteiam seu livro: representação, prática e apropriação, em uma reflexão conjunta entre a confrontação com o documento e a exigência de elucidação metodológica. A história de representações deve ser entendida como o estudo dos processos com os quais se constrói um sentido. Rompendo com a antiga ideia que dotava os textos e as obras de um sentido intrínseco, absoluto, único — o qual a crítica tinha a obrigação de identificar —, dirige-se as praticas que, pluralmente, contraditoriamente, dão significado ao mundo. Dai a caracterização das práticas discursivas como produtoras de ordenamento, de afirmação de distâncias, de divisões; dai o reconhecimento das práticas de apropriação cultural como formas diferenciadas de interpretação. Por fim, coloca dois objetivos em sua reflexão, interligados: submeter a exame os legados interiorizados e os postulados não questionados de uma forte tradição historiográfica, inspiradora e reivindicada, e propor um espaço de trabalho entre textos e leituras, no intuito de compreender as práticas, complexas, múltiplas, diferenciadas, que constroem o mundo como representação.