Este documento resume as discussões de um grupo de trabalho sobre crescimento sustentável em Aveiro. Identificou desafios como a dispersão territorial, mobilidade insustentável e edifícios degradados. Também apontou potencialidades como a ria, conhecimento produzido e terrenos agrícolas. O grupo sugeriu que a cidade foque em pequenas ações, discuta novos indicadores de desenvolvimento e equacione modelos sustentáveis para a ria e mobilidade.
Os desafios do crescimento sustentável - Aveiro 2020
1. 2Reflexão partilhada sobre
o futuro de Aveiro e a Agenda 2020
Os desafios do CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL
13 de junho 2013
http://aveiroeuropa2020.blogs.sapo.pt/
SÍNTESE
Decorreu na passada quinta-feira (13 de Junho) a segunda sessão do grupo de trabalho
sobre Crescimento Sustentável, dinamizado no âmbito da INICIATIVA AVEIRO 2020.
Esta segunda sessão contou, tal como a primeira, com cerca de vinte participantes que
partilharam a sua opinião e mostraram a elevada qualidade do conhecimento e
experiência disponíveis em Aveiro e que infelizmente nem sempre tem sido devidamente
valorizada e aproveitada.
Tendo como pano de fundo o desafio lançado por Eduardo Feio de promover Aveiro como
capital nacional da Inovação, a sessão sobre o Crescimento Sustentável identificou as
seguintes questões críticas.
1. A noção de crescimento que a Agenda 2020 coloca deve ser discutida à luz dos
paradigmas actuais (distribuição desigual da riqueza gerada pelo crescimento;
necessidade de equacionar modelos de desenvolvimento sem crescimento; a noção de
sustentabilidade (ambiental) não pode negligenciar os riscos de insustentabilidade das
novas formas de valorização do trabalho e dos direitos sociais);
2. A fragilidade do modelo territorial existente em Aveiro, em particular a dispersão
territorial nas freguesias periféricas e a dispersão funcional no centro da cidade,
coloca problemas aos cidadãos e às actividades; o modelo territorial desenvolveu-se
com base numa lógica de energia barata (gasolina) que agora entrou em colapso;
3. O modelo territorial (dispersão da residência e actividades) contribui para uma
irracionalidade do modelo de mobilidade (elevado peso do transporte individual (70%
das deslocações), em particular nas deslocações de curta distância – cerca de 40% das
distâncias são de menos de 5 minutos; o reduzido peso do transporte colectivo (TC) e
da bicicleta (2,8% das deslocações));
4. O mau funcionamento do sistema de transporte colectivo (fim da oferta pública de TC;
deslocações longínquas penalizadas nos horários, frequência e tempo de deslocação;
zonas industriais mal servidas) cria problemas aos cidadãos e às actividades;
5. A degradação das infra-estruturas de mobilidade é identificada pela falta de qualidade
ou inexistência de infra-estruturas para o modo ciclável, baixa qualidade dos
2. pavimentos e passeios e falta de cuidado com a mobilidade para todos - pessoas com
necessidades especiais;
6. A eficiência energética nos edifícios públicos deixou de estar na agenda nacional e
local;
7. O abandono do parque habitacional (os edifícios devolutos) é significativo; e identifica-
se uma significativa burocracia dos processos administrativos ligados à reabilitação;
Para além disso, foram identificados um conjunto vasto de potencialidades, em particular:
1. O valor ambiental, social, cultural e económico da ria (a necessidade de valorizar a
biodiversidade; a importância da pesca (lagunar – em crescimento e a pesca costeira; a
empresarial, a de subsistência e a lúdica); a oportunidade da mobilidade lagunar
(transporte de pessoas, mercadorias e lúdico/turística); o potencial da actividade
portuária; a função de lazer na ria associada aos clubes náuticos; o produto sal e a sua
valorização económica);
2. A relação da ria com a cidade, em particular a frente ribeirinha e a relação com a
laguna;
3. A importância do conhecimento gerado sobre questões ambientais e as suas formas de
utilização (uma nova relação de colaboração entre autarquia e os produtores de
conhecimento; valorizar os serviços e produtos de conhecimento intensivo);
4. A relevância do modo ciclável nas freguesias periféricas (onde mais de 5% dos
cidadãos usam regularmente a bicicleta) e no centro (onde tem expressão mais
reduzida, mas grande potencial em particular na comunidade escolar universitária);
5. O potencial de terrenos agrícolas não utilizados (hortas sociais e comunitárias);
Foram ainda apontados um conjunto de desafios que se colocam à cidade e ao concelho no
âmbito do tema do crescimento sustentável:
1. A autarquia deve ter um quadro estratégico que defina para onde quer ir, mas deve
concentrar-se nas pequenas coisas que pode desde já começar a fazer, devendo ser
selectivo nas grandes coisas que quer fazer a médio-longo prazo;
2. A comunidade deve procurar discutir alguns critérios de desenvolvimento baseados
noutros indicadores que não só os económicos, mas os ligados ao bem-estar e à
felicidade, identificando os valores colectivos e estabelecendo metas;
3. A discussão sobre modelos de desenvolvimento ou de uso e transformação da ria deve
procurar identificar zonas mais protegidas e outras de maior possibilidade de
exploração;
4. A necessidade de olhar para o mar e para a ria e pensar as actividades a montante
(estaleiros, conservas, congelação);
5. A importância de repensar a mobilidade pesada (comboio) a nível regional (TC Aveiro-
A25- Europa) e local (TC Aveiro-Barra);
6. Aveiro tem condições para ser uma referência na oferta de mobilidade dirigida a
vários modos de transporte; no caso do transporte colectivo deve equacionar novos
modelos para utentes específicos (empresas, organizações públicas, escolas) gerindo a
mobilidade pelo lado da procura e tirando partido do conhecimento e tecnologia
existente em Aveiro (e que podem ajudar a dar corpo ao conceito Aveiro, capital da
inovação);
Por último, foram sugeridas algumas propostas de acção futura que oportunamente serão
divulgadas.