SlideShare uma empresa Scribd logo
REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA DO HOMEM DO CAMPO
NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS DE CHICO BENTO
MOÇO: O CAIPIRA NA CIDADE?
ILLA PIRES DE AZEVEDO (PPGLinC/ UFBA)
(illaazevedo@yahoo.com.br)
Apoio: FAPESB
Agosto/2014
• Tem sua origem na França em 1960.
• Ciências que contribuíram para sua
emergência: Linguística (Saussure),
Materialismo Histórico (Marx) e a Psicanálise
(Lacan).
• Principal representante: Michel Pêcheux
• Objeto de estudo: Discurso
Pressupostos teóricos da Análise de Discurso de
Linha Francesa Pecheutiana
SUJEITO:
“O sujeito é clivado, ou seja não é uno; o sujeito é assujeitado,
isto é, não é livre e não está na origem do discurso -, sobre as
quais há uma extensa literatura...”
(POSSENTI In: MUSSALIM, 2004 p.386)
DISCURSO:
“Não é língua, nem texto, nem fala, mas necessita de elementos
linguísticos para ter uma existência material. [...]encontra-se no
social [...]. Referimos-nos a aspectos sociais e ideologicamente
impregnados nas palavras quando estas são pronunciadas.”
(FERNANDES, 2008 p.13)
INTERDISCURSO:
“O interdiscurso é a base de toda e qualquer enunciação e é categoria
fundamental para a Análise de Discurso de Linha Francesa. Nenhum
discurso surge aleatoriamente de modo completamente isolado, mas
sempre surge a partir de um já dito, de uma rede de pré-construídos.
(HEINE, 2010 p.49)
FORMAÇÃO DISCURSIVA (FD):
“[...] aquilo que pode e deve ser dito (articulado sob a forma de uma
arenga, de um sermão, de um panfleto, de uma exposição, de um
programa etc.) a partir de uma posição dada na conjuntura social.”
(PÊCHEUX e FUCHS, 1997,p.188)
FORMAÇÃO IDEOLÓGICA (FI):
“[...] cada formação ideológica constitui um conjunto complexo de atitudes
e representações que não são nem individuais nem universais, mas se
relacionam mais ou menos diretamente a posições de classes em conflito
umas com as outras.”
(Ibidem, p. 166)
A história em quadrinhos (HQ)
• As HQ, assim como outros textos, são construídas a partir
de certa leitura de mundo num determinado momento da
sociedade. É sabido também que vários são os motivos
que inspiram os autores a criá-las, desde motivos
particulares, a motivos mais gerais e, como sujeitos, os
seus discursos são constituídos com base em uma
formação discursiva representando a ideia que se tem
sobre algo, e não outra para ter um sentido e não outro;
logo, os sentidos são determinados ideologicamente,
conforme explica Orlandi (2012).
• De acordo com Mendonça (2010), visualmente, as histórias
em quadrinho (HQ) são facilmente identificáveis, por conta
das particularidades dos quadros, dos desenhos, dos balões. No
entanto, “as HQS, revelam-se um gênero tão complexo quanto
os outros no que tange a seu funcionamento discursivo” (p.
210).
• Consoante Quella-Guyot (1994, p. 73) “o que as histórias em
quadrinhos revelam são visões de mundo particulares de uma
época e que se tornam, enquanto tais, testemunhos
insubstituíveis”. Quella-Guyot, citando Michel Pierre, pontua
ainda que “[...] a história em quadrinhos não é ideologicamente
‘neutra’. Ela é uma imagem das ideologias e, por vezes,
achando-se investida de uma função de propaganda, é uma
ideologia em imagens” (QUELLA-GUYOT, 1994, p. 72).
Chico Bento Moço 2 – Confusões na cidade grande:
Breve análise do corpus
(SOUZA, Maurício de. Chico Bento
Moço, nº 2, Ed. Panini, p. 8)
O texto ao lado mostra Chico Bento, já na
cidade, em uma república de estudantes,
policiando sua fala e sentindo-se aliviado
pelo fato de não haver ninguém acordado
para ouvir seu ‘caipirês’. Percebe-se, aí, o
funcionamento da ideologia, que torna
natural o sentido de que as pessoas da cidade
falam “certo”, enquanto o morador do
campo fala “caipirês”, errado; e, portanto,
estando em um ambiente urbano, o modo de
falar deve adequar-se ao lugar.
(SOUZA, Maurício de. Chico Bento Moço, nº 2, Ed. Panini, p. 14-15)
Partindo do princípio de que os sentidos são construídos de acordo
com a posição ocupada pelo sujeito que enuncia, conforme explica
Pêcheux, Chico Bento reafirma a posição ideológica de que o campo
e a cidade são lugares totalmente antagônicos e, por isso, as pessoas
da cidade tornam-se estranhas para o morador do campo e vice-versa.
(SOUZA, Maurício de. Chico Bento Moço, nº 2, Ed. Panini, p. 22-23)
A representação do homem do campo é construída a partir de já-ditos,
oriundos do interdiscurso, conforme percebemos no texto
supracitado. A figura do chapéu de palha, utilizado por Chico Bento
para que o primo o identifique, a displicência com a bagagem no
momento em que faz a ligação e, por conseguinte, o furto da mesma,
seguida da reação de Chico, podem ser recuperadas no discurso e
estão ligadas a FD de que o morador do campo é inocente, chegando
até mesmo a bestificá-los.
(SOUZA, Maurício de. Chico Bento Moço, nº 2, Ed. Panini, p. 32-33)
Expressões como “caipira da gema” e “um legítimo espécime de
matutis caipirandus” corroboram com a ideia de que há uma
discrepância entre o morador do campo e o da cidade, tomando-o
como seres de “espécies diferentes”, conforme se verifica no
enunciado em itálico. A primeira expressão, assim como outras já
cristalizadas, ratificam a construção discursiva estereotipada sobre
esse segmento social brasileiro.
Considerações Finais
• De um modo geral, pode-se dizer que se inserirmos a
relação do caipira com a cidade em um formação
discursiva, temos um sentido; se a colocarmos em outra,
observaremos outro sentido ali produzido. E essa prática
simbólica toca as práticas sociais de tal modo que o fato
de ser morador do campo afeta a possibilidade, por
exemplo, de ser ignorante, isto é, desconhecer a cultura
urbana ou se identificar com ela. Temos, então, a
representação do homem do campo, um segmento social
brasileiro, de maneira bem marcada.
REFERÊNCIAS
• FERNANDES, Cleudemar Alves. Análise do discurso: reflexões introdutórias. 2ª ed. São Carlos:
Editora Claraluz, 2008.
• HEINE, Palmira. Reflexões sobre o interdiscurso. In: Intersecções. Ano 3, n.1- abril 2010 (pdf).
• MENDONÇA, Márcia Rodrigues de Souza. Um gênero quadro a quadro: a história em
quadrinhos. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; e BEZERRA, Maria
Auxiliadora (org.). Gêneros textuais e Ensino. São Paulo: Parábola, 2010.
• MUSSALIN, Fernanda. Análise do Discurso. In: MUSSALIN, Fernanda; BENTES, Anna
Christina (Orgs.). Introdução a Linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2004. v.2.
p. 101-142.
• ORLANDI, Eni. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes, 2012.
• PÊCHEUX, Michel; FUCHS, C. A propósito de uma análise automática do discurso: atualização e
perspectivas. In: GADET, F; HAK, T: Por uma análise automática do discurso: uma introdução
à obra de Michel Pêcheux. Tradução de Péricles Cunha, 3. ed. Campinas: Unicamp, 1997.
• QUELLA- GUYOT, Didier. (1994). A história em quadrinhos. Tradução de Maria Stela
Gonçalves; Adail Ubirajara Sobral. Edições Loyola.São Paulo: Unimarco.
• SOUZA, Maurício de. Chico Bento Moço, nº 2, Panini: 2013.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Illa Pires de Azevedo.pptx

MÓDULO 1 conhecendo a literatura pronto
MÓDULO  1 conhecendo a literatura prontoMÓDULO  1 conhecendo a literatura pronto
MÓDULO 1 conhecendo a literatura prontoPriscila Santana
 
O sujeito discursivo contemporâneo
O sujeito discursivo contemporâneoO sujeito discursivo contemporâneo
O sujeito discursivo contemporâneoSheila Alves
 
O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...
O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...
O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...Equipemundi2014
 
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoPronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoatodeler
 
Mas o brasil não parou, continua batalhando, as construções de discursos e im...
Mas o brasil não parou, continua batalhando, as construções de discursos e im...Mas o brasil não parou, continua batalhando, as construções de discursos e im...
Mas o brasil não parou, continua batalhando, as construções de discursos e im...UNEB
 
Literatura Popular Regional - Alessandra Favero
Literatura Popular Regional  - Alessandra FaveroLiteratura Popular Regional  - Alessandra Favero
Literatura Popular Regional - Alessandra FaveroLisvaldo Azevedo
 
ARTIGO – COMO A ARTE LITERÁRIA PODE AUXILIAR NO ENSINO DE HISTÓRIA?.
ARTIGO – COMO A ARTE LITERÁRIA PODE AUXILIAR NO ENSINO DE HISTÓRIA?.ARTIGO – COMO A ARTE LITERÁRIA PODE AUXILIAR NO ENSINO DE HISTÓRIA?.
ARTIGO – COMO A ARTE LITERÁRIA PODE AUXILIAR NO ENSINO DE HISTÓRIA?.Tissiane Gomes
 
Pós-modernismo e a arte de definir a contemporaneidade
Pós-modernismo e a arte de definir a contemporaneidadePós-modernismo e a arte de definir a contemporaneidade
Pós-modernismo e a arte de definir a contemporaneidadeAmanda Guerra
 
Apresentacao gelpea 2012_final_-_2CRONOTOPIA NA FAVELA: ESTUDO SOBRE A CONSTR...
Apresentacao gelpea 2012_final_-_2CRONOTOPIA NA FAVELA: ESTUDO SOBRE A CONSTR...Apresentacao gelpea 2012_final_-_2CRONOTOPIA NA FAVELA: ESTUDO SOBRE A CONSTR...
Apresentacao gelpea 2012_final_-_2CRONOTOPIA NA FAVELA: ESTUDO SOBRE A CONSTR...Sandra Mina
 
Comunicação e a cultura no cotidiano
Comunicação e a cultura no cotidianoComunicação e a cultura no cotidiano
Comunicação e a cultura no cotidianoEliete Correia Santos
 
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessenta
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessentaEntre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessenta
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessentaSilvana Oliveira
 
O HOMEM ESTÁ MORTO? - ENTREVISTA COM Michael foucault
 O HOMEM ESTÁ MORTO? - ENTREVISTA COM Michael foucault O HOMEM ESTÁ MORTO? - ENTREVISTA COM Michael foucault
O HOMEM ESTÁ MORTO? - ENTREVISTA COM Michael foucaultAndréia Brito de Souza
 
Antropologia e educação :o sentido da etnografia
Antropologia e educação :o sentido da etnografiaAntropologia e educação :o sentido da etnografia
Antropologia e educação :o sentido da etnografiaLaís Maíne
 
introdução aos estudos da Literatura
introdução aos estudos da Literaturaintrodução aos estudos da Literatura
introdução aos estudos da Literaturaelenir duarte dias
 
Seminário Fluxos, Fronteiras, Hibridos.ppt
Seminário Fluxos, Fronteiras, Hibridos.pptSeminário Fluxos, Fronteiras, Hibridos.ppt
Seminário Fluxos, Fronteiras, Hibridos.pptssuser9cb078
 

Semelhante a Illa Pires de Azevedo.pptx (20)

MÓDULO 1 conhecendo a literatura pronto
MÓDULO  1 conhecendo a literatura prontoMÓDULO  1 conhecendo a literatura pronto
MÓDULO 1 conhecendo a literatura pronto
 
O sujeito discursivo contemporâneo
O sujeito discursivo contemporâneoO sujeito discursivo contemporâneo
O sujeito discursivo contemporâneo
 
O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...
O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...
O rosto surrealista_do_brasil_contemporaneo_analise_historica_a_partir_da_obr...
 
4180 13908-1-pb
4180 13908-1-pb4180 13908-1-pb
4180 13908-1-pb
 
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoPronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
 
Mas o brasil não parou, continua batalhando, as construções de discursos e im...
Mas o brasil não parou, continua batalhando, as construções de discursos e im...Mas o brasil não parou, continua batalhando, as construções de discursos e im...
Mas o brasil não parou, continua batalhando, as construções de discursos e im...
 
Interpretando o brasil
Interpretando o brasilInterpretando o brasil
Interpretando o brasil
 
Literatura Popular Regional - Alessandra Favero
Literatura Popular Regional  - Alessandra FaveroLiteratura Popular Regional  - Alessandra Favero
Literatura Popular Regional - Alessandra Favero
 
ARTIGO – COMO A ARTE LITERÁRIA PODE AUXILIAR NO ENSINO DE HISTÓRIA?.
ARTIGO – COMO A ARTE LITERÁRIA PODE AUXILIAR NO ENSINO DE HISTÓRIA?.ARTIGO – COMO A ARTE LITERÁRIA PODE AUXILIAR NO ENSINO DE HISTÓRIA?.
ARTIGO – COMO A ARTE LITERÁRIA PODE AUXILIAR NO ENSINO DE HISTÓRIA?.
 
Pós-modernismo e a arte de definir a contemporaneidade
Pós-modernismo e a arte de definir a contemporaneidadePós-modernismo e a arte de definir a contemporaneidade
Pós-modernismo e a arte de definir a contemporaneidade
 
Apresentacao gelpea 2012_final_-_2CRONOTOPIA NA FAVELA: ESTUDO SOBRE A CONSTR...
Apresentacao gelpea 2012_final_-_2CRONOTOPIA NA FAVELA: ESTUDO SOBRE A CONSTR...Apresentacao gelpea 2012_final_-_2CRONOTOPIA NA FAVELA: ESTUDO SOBRE A CONSTR...
Apresentacao gelpea 2012_final_-_2CRONOTOPIA NA FAVELA: ESTUDO SOBRE A CONSTR...
 
Comunicação e a cultura no cotidiano
Comunicação e a cultura no cotidianoComunicação e a cultura no cotidiano
Comunicação e a cultura no cotidiano
 
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessenta
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessentaEntre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessenta
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessenta
 
O HOMEM ESTÁ MORTO? - ENTREVISTA COM Michael foucault
 O HOMEM ESTÁ MORTO? - ENTREVISTA COM Michael foucault O HOMEM ESTÁ MORTO? - ENTREVISTA COM Michael foucault
O HOMEM ESTÁ MORTO? - ENTREVISTA COM Michael foucault
 
Antropologia e educação :o sentido da etnografia
Antropologia e educação :o sentido da etnografiaAntropologia e educação :o sentido da etnografia
Antropologia e educação :o sentido da etnografia
 
introdução aos estudos da Literatura
introdução aos estudos da Literaturaintrodução aos estudos da Literatura
introdução aos estudos da Literatura
 
Lógica, cultura, memória e significados
Lógica, cultura, memória e significadosLógica, cultura, memória e significados
Lógica, cultura, memória e significados
 
Seminário Fluxos, Fronteiras, Hibridos.ppt
Seminário Fluxos, Fronteiras, Hibridos.pptSeminário Fluxos, Fronteiras, Hibridos.ppt
Seminário Fluxos, Fronteiras, Hibridos.ppt
 
Slide ivan generos
Slide ivan generosSlide ivan generos
Slide ivan generos
 
Slide ivan generos
Slide ivan generosSlide ivan generos
Slide ivan generos
 

Mais de JacksonCiceroFranaBa

Análise Crítica do discurso na perspectiva do Faircloug
Análise Crítica do discurso na perspectiva do FairclougAnálise Crítica do discurso na perspectiva do Faircloug
Análise Crítica do discurso na perspectiva do FairclougJacksonCiceroFranaBa
 
Show do Milhão Ciclo dos gases marinhos
Show do Milhão Ciclo dos gases marinhosShow do Milhão Ciclo dos gases marinhos
Show do Milhão Ciclo dos gases marinhosJacksonCiceroFranaBa
 
[Aula 2] Memória_Versao Final.pdf
[Aula 2] Memória_Versao Final.pdf[Aula 2] Memória_Versao Final.pdf
[Aula 2] Memória_Versao Final.pdfJacksonCiceroFranaBa
 
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptxAula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptxJacksonCiceroFranaBa
 

Mais de JacksonCiceroFranaBa (6)

Análise Crítica do discurso na perspectiva do Faircloug
Análise Crítica do discurso na perspectiva do FairclougAnálise Crítica do discurso na perspectiva do Faircloug
Análise Crítica do discurso na perspectiva do Faircloug
 
Show do Milhão Ciclo dos gases marinhos
Show do Milhão Ciclo dos gases marinhosShow do Milhão Ciclo dos gases marinhos
Show do Milhão Ciclo dos gases marinhos
 
Conceitos de Gramática.pptx
Conceitos de Gramática.pptxConceitos de Gramática.pptx
Conceitos de Gramática.pptx
 
[Aula 2] Memória_Versao Final.pdf
[Aula 2] Memória_Versao Final.pdf[Aula 2] Memória_Versao Final.pdf
[Aula 2] Memória_Versao Final.pdf
 
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptxAula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
 
Seminário Linguística.pptx
Seminário Linguística.pptxSeminário Linguística.pptx
Seminário Linguística.pptx
 

Último

Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdfProjeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdfBibliotecas Infante D. Henrique
 
Desastres ambientais e vulnerabilidadess
Desastres ambientais e vulnerabilidadessDesastres ambientais e vulnerabilidadess
Desastres ambientais e vulnerabilidadessRodrigoGonzlez461291
 
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptxSlides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Recurso da Casa das Ciências: Bateria/Acumulador
Recurso da Casa das Ciências: Bateria/AcumuladorRecurso da Casa das Ciências: Bateria/Acumulador
Recurso da Casa das Ciências: Bateria/AcumuladorCasa Ciências
 
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...cristianofiori1
 
PERFIL M DO LUBANGO e da Administraçao_041137.pptx
PERFIL M DO LUBANGO e da Administraçao_041137.pptxPERFIL M DO LUBANGO e da Administraçao_041137.pptx
PERFIL M DO LUBANGO e da Administraçao_041137.pptxtchingando6
 
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdfedjailmax
 
História do Brasil e Geral - Cláudio Vicentino
História do Brasil e Geral - Cláudio VicentinoHistória do Brasil e Geral - Cláudio Vicentino
História do Brasil e Geral - Cláudio VicentinoThayaneLopes10
 
O autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdf
O autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdfO autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdf
O autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdfLetícia Butterfield
 
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividadeAproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividadeLigia Galvão
 
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdfEvangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdfPastor Robson Colaço
 
Apresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao AssédioApresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao Assédioifbauab
 
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]ESCRIBA DE CRISTO
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...IsabelPereira2010
 
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimentoApresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimentoPedroFerreira53928
 
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ISequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ILetras Mágicas
 
direito-administrativo-28c2aa-ed-2015-josc3a9-dos-santos-carvalho-filho.pdf
direito-administrativo-28c2aa-ed-2015-josc3a9-dos-santos-carvalho-filho.pdfdireito-administrativo-28c2aa-ed-2015-josc3a9-dos-santos-carvalho-filho.pdf
direito-administrativo-28c2aa-ed-2015-josc3a9-dos-santos-carvalho-filho.pdfLeandroTelesRocha2
 
Atividade com a música Xote da Alegria - Falamansa
Atividade com a música Xote  da  Alegria    -   FalamansaAtividade com a música Xote  da  Alegria    -   Falamansa
Atividade com a música Xote da Alegria - FalamansaMary Alvarenga
 
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados NacionaisAmérica Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados NacionaisValéria Shoujofan
 
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anosFotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anosbiancaborges0906
 

Último (20)

Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdfProjeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
 
Desastres ambientais e vulnerabilidadess
Desastres ambientais e vulnerabilidadessDesastres ambientais e vulnerabilidadess
Desastres ambientais e vulnerabilidadess
 
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptxSlides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
 
Recurso da Casa das Ciências: Bateria/Acumulador
Recurso da Casa das Ciências: Bateria/AcumuladorRecurso da Casa das Ciências: Bateria/Acumulador
Recurso da Casa das Ciências: Bateria/Acumulador
 
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
 
PERFIL M DO LUBANGO e da Administraçao_041137.pptx
PERFIL M DO LUBANGO e da Administraçao_041137.pptxPERFIL M DO LUBANGO e da Administraçao_041137.pptx
PERFIL M DO LUBANGO e da Administraçao_041137.pptx
 
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
 
História do Brasil e Geral - Cláudio Vicentino
História do Brasil e Geral - Cláudio VicentinoHistória do Brasil e Geral - Cláudio Vicentino
História do Brasil e Geral - Cláudio Vicentino
 
O autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdf
O autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdfO autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdf
O autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdf
 
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividadeAproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
 
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdfEvangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
 
Apresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao AssédioApresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao Assédio
 
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
 
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimentoApresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
 
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ISequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
 
direito-administrativo-28c2aa-ed-2015-josc3a9-dos-santos-carvalho-filho.pdf
direito-administrativo-28c2aa-ed-2015-josc3a9-dos-santos-carvalho-filho.pdfdireito-administrativo-28c2aa-ed-2015-josc3a9-dos-santos-carvalho-filho.pdf
direito-administrativo-28c2aa-ed-2015-josc3a9-dos-santos-carvalho-filho.pdf
 
Atividade com a música Xote da Alegria - Falamansa
Atividade com a música Xote  da  Alegria    -   FalamansaAtividade com a música Xote  da  Alegria    -   Falamansa
Atividade com a música Xote da Alegria - Falamansa
 
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados NacionaisAmérica Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
 
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anosFotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
 

Illa Pires de Azevedo.pptx

  • 1. REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA DO HOMEM DO CAMPO NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS DE CHICO BENTO MOÇO: O CAIPIRA NA CIDADE? ILLA PIRES DE AZEVEDO (PPGLinC/ UFBA) (illaazevedo@yahoo.com.br) Apoio: FAPESB Agosto/2014
  • 2. • Tem sua origem na França em 1960. • Ciências que contribuíram para sua emergência: Linguística (Saussure), Materialismo Histórico (Marx) e a Psicanálise (Lacan). • Principal representante: Michel Pêcheux • Objeto de estudo: Discurso Pressupostos teóricos da Análise de Discurso de Linha Francesa Pecheutiana
  • 3. SUJEITO: “O sujeito é clivado, ou seja não é uno; o sujeito é assujeitado, isto é, não é livre e não está na origem do discurso -, sobre as quais há uma extensa literatura...” (POSSENTI In: MUSSALIM, 2004 p.386) DISCURSO: “Não é língua, nem texto, nem fala, mas necessita de elementos linguísticos para ter uma existência material. [...]encontra-se no social [...]. Referimos-nos a aspectos sociais e ideologicamente impregnados nas palavras quando estas são pronunciadas.” (FERNANDES, 2008 p.13)
  • 4. INTERDISCURSO: “O interdiscurso é a base de toda e qualquer enunciação e é categoria fundamental para a Análise de Discurso de Linha Francesa. Nenhum discurso surge aleatoriamente de modo completamente isolado, mas sempre surge a partir de um já dito, de uma rede de pré-construídos. (HEINE, 2010 p.49) FORMAÇÃO DISCURSIVA (FD): “[...] aquilo que pode e deve ser dito (articulado sob a forma de uma arenga, de um sermão, de um panfleto, de uma exposição, de um programa etc.) a partir de uma posição dada na conjuntura social.” (PÊCHEUX e FUCHS, 1997,p.188) FORMAÇÃO IDEOLÓGICA (FI): “[...] cada formação ideológica constitui um conjunto complexo de atitudes e representações que não são nem individuais nem universais, mas se relacionam mais ou menos diretamente a posições de classes em conflito umas com as outras.” (Ibidem, p. 166)
  • 5. A história em quadrinhos (HQ) • As HQ, assim como outros textos, são construídas a partir de certa leitura de mundo num determinado momento da sociedade. É sabido também que vários são os motivos que inspiram os autores a criá-las, desde motivos particulares, a motivos mais gerais e, como sujeitos, os seus discursos são constituídos com base em uma formação discursiva representando a ideia que se tem sobre algo, e não outra para ter um sentido e não outro; logo, os sentidos são determinados ideologicamente, conforme explica Orlandi (2012).
  • 6. • De acordo com Mendonça (2010), visualmente, as histórias em quadrinho (HQ) são facilmente identificáveis, por conta das particularidades dos quadros, dos desenhos, dos balões. No entanto, “as HQS, revelam-se um gênero tão complexo quanto os outros no que tange a seu funcionamento discursivo” (p. 210). • Consoante Quella-Guyot (1994, p. 73) “o que as histórias em quadrinhos revelam são visões de mundo particulares de uma época e que se tornam, enquanto tais, testemunhos insubstituíveis”. Quella-Guyot, citando Michel Pierre, pontua ainda que “[...] a história em quadrinhos não é ideologicamente ‘neutra’. Ela é uma imagem das ideologias e, por vezes, achando-se investida de uma função de propaganda, é uma ideologia em imagens” (QUELLA-GUYOT, 1994, p. 72).
  • 7. Chico Bento Moço 2 – Confusões na cidade grande: Breve análise do corpus
  • 8. (SOUZA, Maurício de. Chico Bento Moço, nº 2, Ed. Panini, p. 8) O texto ao lado mostra Chico Bento, já na cidade, em uma república de estudantes, policiando sua fala e sentindo-se aliviado pelo fato de não haver ninguém acordado para ouvir seu ‘caipirês’. Percebe-se, aí, o funcionamento da ideologia, que torna natural o sentido de que as pessoas da cidade falam “certo”, enquanto o morador do campo fala “caipirês”, errado; e, portanto, estando em um ambiente urbano, o modo de falar deve adequar-se ao lugar.
  • 9. (SOUZA, Maurício de. Chico Bento Moço, nº 2, Ed. Panini, p. 14-15) Partindo do princípio de que os sentidos são construídos de acordo com a posição ocupada pelo sujeito que enuncia, conforme explica Pêcheux, Chico Bento reafirma a posição ideológica de que o campo e a cidade são lugares totalmente antagônicos e, por isso, as pessoas da cidade tornam-se estranhas para o morador do campo e vice-versa.
  • 10. (SOUZA, Maurício de. Chico Bento Moço, nº 2, Ed. Panini, p. 22-23) A representação do homem do campo é construída a partir de já-ditos, oriundos do interdiscurso, conforme percebemos no texto supracitado. A figura do chapéu de palha, utilizado por Chico Bento para que o primo o identifique, a displicência com a bagagem no momento em que faz a ligação e, por conseguinte, o furto da mesma, seguida da reação de Chico, podem ser recuperadas no discurso e estão ligadas a FD de que o morador do campo é inocente, chegando até mesmo a bestificá-los.
  • 11. (SOUZA, Maurício de. Chico Bento Moço, nº 2, Ed. Panini, p. 32-33) Expressões como “caipira da gema” e “um legítimo espécime de matutis caipirandus” corroboram com a ideia de que há uma discrepância entre o morador do campo e o da cidade, tomando-o como seres de “espécies diferentes”, conforme se verifica no enunciado em itálico. A primeira expressão, assim como outras já cristalizadas, ratificam a construção discursiva estereotipada sobre esse segmento social brasileiro.
  • 12. Considerações Finais • De um modo geral, pode-se dizer que se inserirmos a relação do caipira com a cidade em um formação discursiva, temos um sentido; se a colocarmos em outra, observaremos outro sentido ali produzido. E essa prática simbólica toca as práticas sociais de tal modo que o fato de ser morador do campo afeta a possibilidade, por exemplo, de ser ignorante, isto é, desconhecer a cultura urbana ou se identificar com ela. Temos, então, a representação do homem do campo, um segmento social brasileiro, de maneira bem marcada.
  • 13. REFERÊNCIAS • FERNANDES, Cleudemar Alves. Análise do discurso: reflexões introdutórias. 2ª ed. São Carlos: Editora Claraluz, 2008. • HEINE, Palmira. Reflexões sobre o interdiscurso. In: Intersecções. Ano 3, n.1- abril 2010 (pdf). • MENDONÇA, Márcia Rodrigues de Souza. Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; e BEZERRA, Maria Auxiliadora (org.). Gêneros textuais e Ensino. São Paulo: Parábola, 2010. • MUSSALIN, Fernanda. Análise do Discurso. In: MUSSALIN, Fernanda; BENTES, Anna Christina (Orgs.). Introdução a Linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2004. v.2. p. 101-142. • ORLANDI, Eni. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes, 2012. • PÊCHEUX, Michel; FUCHS, C. A propósito de uma análise automática do discurso: atualização e perspectivas. In: GADET, F; HAK, T: Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Tradução de Péricles Cunha, 3. ed. Campinas: Unicamp, 1997. • QUELLA- GUYOT, Didier. (1994). A história em quadrinhos. Tradução de Maria Stela Gonçalves; Adail Ubirajara Sobral. Edições Loyola.São Paulo: Unimarco. • SOUZA, Maurício de. Chico Bento Moço, nº 2, Panini: 2013.