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Nova Lima – MG – CEP: 34.000-000
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HHIIGGIIEENNEE
OOCCUUPPAACCIIOONNAALL
SENAI – ―Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial‖
Centro de Formação Profissional
―AFONSO GRECO‖
Presidente da FIEMG
Olavo Machado
Gestor do SENAI
Petrônio Machado Zica
Diretor Regional do SENAI e
Superintendente de Conhecimento e Tecnologia
Lúcio Sampaio
Gerente de Educação e Tecnologia
Edmar Fernando de Alcântara
Elaboração
Equipe do CFP MM – SENAI / SABARÁ
Unidade Operacional
CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL MICHEL MICHELS
SSuummáárriioo
APRESENTAÇÃO............................................................................................................04
INTRODUÇÃO A HIGIENE OCUPACIONAL...................................................................05
RISCOS QUÍMICOS..........................................................................................................11
RISCOS FÍSICOS..............................................................................................................36
RISCOS BIOLÓGICOS.....................................................................................................81
RISCOS ERGONÔMICOS................................................................................................82
RISCOS DE ACIDENTES.................................................................................................90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 90
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
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Apresentação
―Muda a forma de trabalhar, agir, sentir, pensar na chamada sociedade do
conhecimento. ―
Peter Drucker
O ingresso na sociedade da informação exige mudanças profundas em todos os
perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produção,
coleta, disseminação e uso da informação.
O SENAI, maior rede privada de educação profissional do país,sabe disso , e
,consciente do seu papel formativo , educa o trabalhador sob a égide do conceito
da competência:” formar o profissional com responsabilidade no processo
produtivo, com iniciativa na resolução de problemas, com conhecimentos
técnicos aprofundados, flexibilidade e criatividade, empreendedorismo e
consciência da necessidade de educação continuada.‖
Vivemos numa sociedade da informação. O conhecimento , na sua área
tecnológica, amplia-se e se multiplica a cada dia. Uma constante atualização se
faz necessária. Para o SENAI, cuidar do seu acervo bibliográfico, da sua infovia,
da conexão de suas escolas à rede mundial de informações – internet- é tão
importante quanto zelar pela produção de material didático.
Isto porque, nos embates diários,instrutores e alunos , nas diversas oficinas e
laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, contidas nos materiais
didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos.
O SENAI deseja , por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua
curiosidade, responder às suas demandas de informações e construir links entre
os diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continuada !
Gerência de Educação e Tecnologia
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
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1
HIGIENE OCUPACIONAL
Introdução
O desenvolvimento tecnológico da humanidade, além de trazer enormes
benefícios e conforto para o homem do século XX, tem exposto o trabalhador a
diversos agentes potencialmente nocivos e que, sob certas condições poderão
provocar doenças ou desajustes no organismo das pessoas que desenvolvem
suas atividades normais em variados locais de trabalho.
A Higiene Ocupacional, estruturada como uma ciência prevencionista, vem sendo
aperfeiçoada dia a dia e tem como objetivo fundamental atuar no ambiente de
trabalho, a fim de detectar o tipo de agente prejudicial, quantificar sua intensidade
ou concentração e tomar as medidas de controle necessárias para resguardar a
saúde e o conforto dos trabalhadores durante toda sua vida de trabalho.
Dentre as definições conhecidas e mais amplamente difundidas, podemos
citar:
 A definição dada pela American Industrial Hygiene Association – AIHA,
segundo a qual a higiene ocupacional é ―ciência que trata da antecipação,
reconhecimento, avaliação e controle dos riscos originados nos locais de
trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores,
tendo em vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no
meio ambiente‖.
 De acordo com o conceito preconizado por Olishifski, a higiene ocupacional
é tida como ―aquela ciência e arte devotada à antecipação,
reconhecimento, avaliação e controle dos fatores de risco ou estresses
ambientais originados no, ou a partir, do local de trabalho, os quais podem
causar doenças, prejudicar a saúde e o bem-estar, ou causar significante
desconforto sobre os trabalhadores ou entre os cidadãos de uma
comunidade‖.
 A definição da American Conference Of Governmental Industrial Hygienists
– ACGIH: ―ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de
fatores ou tensões ambientais originados do, ou no, local de trabalho e que
podem causar doenças, prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e
ineficiência significativos entre os trabalhadores ou entre os cidadão da
comunidade.‖
O termo higiene ocupacional, que abrange a modalidade industrial, é considerado
o mais amplo pelos órgãos especializados, incluindo a Fundacentro, razão pela
qual sua utilização tem sido preferida. No entanto, a nosso ver, o termo higiene do
trabalho poderá ser igualmente aplicado, pois contempla – além do trabalho
subordinado (empregos) – os trabalhos autônomo, avulso, estatuário, etc.
A higiene ocupacional é a ciência que atua no campo da saúde ocupacional,
através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos físicos,
químicos e biológicos originados nos locais de trabalho e passíveis de produzir
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
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danos à saúde dos trabalhadores, observando-se também o impacto ao meio
ambiente. Os riscos físicos são: ruído, calor, vibração, radiação ionizante,
radiação não ionizante, frio. Os agentes químicos são: gases, vapores, poeira,
fumos, névoas, neblinas. Os agentes biológicos são: bactérias, fungos, vírus,
protozoários, e parasitas.
Classificação de riscos ambientais
Boa parte dos processos de produção pelos quais o homem modifica os materiais
extraídos da natureza, para transformá-los em produtos úteis, segundo as
necessidades tecnológicas atuais, são capazes de dispersar no ambiente dos
locais de trabalho substancias que, ao entrar em contato com o organismo dos
trabalhadores podem acarretar moléstias ou danos à sua saúde. Estes processos
poderão originar condições físicas de intensidade inadequada para o organismo
humano, sendo que ambos os riscos (Físicos e Químicos) são geralmente de
caráter acumulativo e chegam às vezes a produzir graves danos aos
trabalhadores.
O ser humano é composto por um organismo complexo e seu bem estar não esta
ligado somente às condições físicas ambientais e ou presença de agentes
agressivos, deve-se compreender a importância da influencia da organização do
trabalho sobre o trabalhador, sendo também um fator muitas vezes não facilmente
quantificável, mas de grande importância.
Para facilitar o estudo dos riscos ambientais podemos classificá-los em cinco
grupos:
Riscos Químicos
Riscos Físicos
Riscos Biológicos
E também:
Riscos ergonômicos e Riscos de acidentes ou mecânicos existentes nos locais de
trabalho e que possam vir a causar danos à saúde dos trabalhadores.
Por sua vez, cada um destes grupos subdivide-se quer em função das formas em
que se apresentam, ou devido às características físico-químicas dos agentes, de
acordo com as conseqüências fisiológicas que estes podem provocar, segundo
sua ação sobre o organismo, etc.
Riscos Químicos
As substâncias ou produtos químicos que podem contaminar um ambiente de
trabalho classificam-se, segundo as suas características físico-químicas em:
Aerodispersóides
Gases e Vapores
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
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3
Ambos os grupos comportam-se de maneira diferente, tanto no que diz respeito
ao período de permanência no ar, quanto as possibilidade de ingresso no
organismo.
Por sua vez, os aerodispersóides podem ser sólidos ou líquidos, atendendo ao
seguinte esquema geral de classificação:
Os aerodispersóides sólidos e líquidos são classificados em relação ao tamanho
da partícula e à sua forma de origem.
São poeiras e névoas os aerodispersóides originados por ruptura mecânica de
sólidos e líquidos respectivamente, e fumos e neblinas aqueles formados por
condensação ou oxidação de vapores, provenientes, respectivamente, de
substâncias sólidas ou líquidas a temperatura e pressão normal (20º C e 1
atmosfera de pressão).
Riscos Físicos
Ordinariamente, os riscos físicos representam um intercâmbio brusco de energia
entre o organismo e o ambiente, em quantidade maior de que o organismo é
capaz de suportar, podendo acarretar uma doença profissional.
Entre os mais importantes podemos citar:
Temperaturas extremas:
Calor
Frio
Ruído
Vibrações
Pressões anormais
Radiações:
Ionizantes
Não ionizantes
RISCOS QUIMICOS
GASES E VAPORES AERODISPERSÓIDES
SÓLIDOS LÍQUIDOS
NÉVOAS
NEBLINAS
POEIRAS
FUMOS
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Riscos Biológicos
Neste grupo, estão classificados os riscos que representam os organismos vivos,
tais como:
Vírus
Bactérias
Fungos
Protozoários
Parasitas
Riscos Ergonômicos
São os fatores que podem afetar a integridade física ou mental do trabalhador
devido a sua interação com o seu ambiente de trabalho, podendo ocasionar
desconforto ou doença.
São considerados riscos ergonômicos:
Esforço físico intenso
Levantamento e transporte manual de peso
Exigência de postura inadequada
Controle rígido de produtividade
Imposição de ritmos excessivos
Trabalho em turno e noturno
Fornadas de trabalho prolongadas
Monotonia e repetitividade
Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico
Riscos de Acidentes
São todos os fatores que colocam em perigo o trabalhador ou afetam sua
integridade física. São considerados como riscos geradores de acidentes:
Arranjo físico inadequado
Máquinas e equipamentos sem proteção
Ferramentas inadequadas ou defeituosas
Iluminação inadequada
Eletricidade
Probabilidade de incêndio ou explosão
Animais peçonhentos
Armazenamento inadequado
Outras situações que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes
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Caracterização dos riscos
De tudo quanto se tem exposto, podemos concluir que a presença de poluentes e
agentes agressivos nos locais de trabalho representam um risco, mas isto não
quer dizer que todos os trabalhadores expostos venham a adquirir uma doença.
Para que isto aconteça devem concorrer vários fatores, que são:
Tempo de exposição
Quanto maior o tempo de exposição, maiores as possibilidades de se produzir
uma doença ocupacional.
Concentração ou Intensidade dos agentes ambientais (―Quantidade‖)
Quanto maior a concentração ou intensidade dos agentes agressivos presentes
no ambiente de trabalho, tanto maior será a possibilidade de danos à saúde dos
trabalhadores expostos.
Características dos agentes ambientais (―Qualidade‖)
As características específicas de cada agente também contribuem para a
definição do seu potencial de agressividade.
O estudo do ambiente de trabalho visando a estabelecer qualquer relação entre
esse ambiente e possíveis danos à saúde dos trabalhadores que devem efetuar
seus serviços normais nesses locais, constitui o que chamamos, um levantamento
de condições ambientais de trabalho.
O levantamento pode se dividir em duas partes:
Estudo Qualitativo
Estudo Quantitativo
O estudo qualitativo das condições de trabalho visa coletar o maior numero de
informações e dados necessários, a fim de fixar as diretrizes a serem seguidas no
levantamento quantitativo.
O estudo quantitativo completará o reconhecimento preliminar dos ambientes de
trabalho, através de medições adequadas, que no final nos dirão quais as
possibilidades de os trabalhadores serem afetados pelos diferentes agentes
agressivos presentes nos locais de trabalho.
Levantamento qualitativo
Normas gerais de procedimento
Deve-se iniciar o reconhecimento qualitativo do ambiente de trabalho,
preferencialmente, fazendo um estudo minucioso de uma planta baixa atualizada
do assim como um fluxograma dos processos, a fim de estabelecer a forma
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
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correta de proceder o levantamento: saber o que fazer e como fazer, nos
diferentes locais de trabalho.
O estudo qualitativo deve dar informação detalhada de aspectos, tais como:
Número de trabalhadores;
Horários de trabalho;
Matérias-primas usadas, incluindo nome comercial e nome científico de
substâncias;
Maquinarias e processos;
Tipos de energia usada para a transformação de materiais;
Produtos semi-elaborados;
Produtos acabados;
Substâncias complementares usadas nos processos;
Existência ou não de equipamentos de controle, tais como: ventilação local,
estado em que se encontram, etc.;
Tipo de iluminação e estado das luminárias;
Presença de poeiras, fumos, névoas e ponto de origem da dispersão;
Uso de EPI por parte dos trabalhadores;
Estas informações devem ser acrescidas de comentários por escrito, que
permitam esclarecer a situação real do ambientes de trabalho.
O Técnico em segurança deve estar familiarizado com os processos industriais,
métodos de trabalho e demais atividades que são efetuadas normalmente no
local, ou estar assessorado por profissional que esteja, afim de obter dados
fidedignos e esclarecer as dúvidas que possam surgir durante o levantamento.
Para maior facilidade na coleta da informação podem ser utilizadas fichas
padronizadas que tenham condições de reunir as informações mais importantes e
necessárias.
Não existe um modelo único para fichas deste tipo, já que seu formato, tamanho,
bem como os parâmetros das mesmas podem variar em função do tipo de
empresa e dos objetivos e finalidades do levantamento. Portanto o técnico deve
elaborar seu próprio material auxiliar, tendo em vista que tais formulários sejam
simples e completos, para que representem um poderoso instrumento, que venha
facilitar o levantamento e nunca interferir negativamente em sua qualidade.
Levantamento quantitativo
Uma vez realizado o levantamento qualitativo, o profissional de segurança já
reúne as condições necessárias para traçar os rumos a serem seguidos no
levantamento quantitativo. Este, por sua vez, deve ser minucioso e completo para
que represente as condições reais em que se encontra o ambiente de trabalho.
Deve-se, portanto, verificar a intensidade ou concentração dos agentes físicos e
químicos existentes no local analisado. Desta forma são colhidos subsídios para
definir as medidas de controle necessárias.
Uma vez adotadas as medidas de controle que alterem as condições de
exposição inicialmente avaliadas, será necessário um novo levantamento
quantitativo para se verificar a eficácia das medidas implantadas.
Sempre que alterações substanciais sejam realizadas no ambiente de trabalho,
deverão ser realizadas novas quantificações, a fim de detectar possíveis
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alterações que exijam a adoção de novas medidas de controle ou a adequação
das já existentes.
Os critérios de avaliação e controle de cada agente serão estudados dentro dos
itens específicos.
Susceptibilidade Individual
A complexidade do organismo humano implica em que a resposta do organismo a
um determinado agente pode variar de individuo para individuo. Sendo, portanto,
a susceptibilidade individual um fator importante a ser considerado.
Todos estes fatores devem ser estudados, quando se apresenta um risco
potencial de doença do trabalho e, na medida que este seja claramente
estabelecido, poderemos planejar a implantação de medidas de controle que
levarão à eliminação ou minimização do risco em estudo.
O tempo real de exposição será determinado considerando-se a análise da tarefa
desenvolvida pelo trabalhador. Essa análise deve incluir estudos, tais como:
Tipo de serviço;
Movimentos do trabalhador ao efetuar o seu serviço;
Períodos de trabalho e descanso, considerando todas as variações desses
durante a jornada de trabalho.
A concentração dos poluentes químicos ou a intensidade dos agentes físicos
devem ser avaliados mediante amostragem nos locais de trabalho, de tal maneira
que essas amostragens sejam as mais representativas possíveis da exposição do
trabalhador a esses agentes agressivos. Este estudo deve considerar também as
características físico-químicas dos contaminantes e as características próprias
que distinguem o tipo de risco físico.
Junto a este estudo ambiental terá que ser feito o estudo médico do trabalhador
exposto, a fim de determinar possíveis alterações no seu organismo provocadas
pelos agentes agressivos ou que permitirão a instalação de danos mais
importantes, se a exposição continuar.
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1. Agentes Químicos
Considerações Iniciais
Agentes ou fatores químicos são as substancias químicas que estão presentes no
ambiente, geralmente em mistura ou com impurezas que podem causar algum
dano ou agravo a saúde quando entram em contato com um receptor. Neste
sentido amplo, o agente químico pode estar presente no alimento, no ar ambiente,
na água, no equipamento ou no instrumento manuseado. Há um sem – numero
de substancias químicas no universo, e vê, sendo introduzidas muitas outras a
cada ano. A ação do ser humano não se reduz à produção de novos compostos.
Ele é o maior responsável pela disseminação dos produtos no ambiente, por meio
da extração, do transporte ou do comércio.
Segundo a natureza, os agentes químicos classificam-se em aerossol (poeiras,
névoas, neblinas, fumos), gases e vapores, podendo penetrar no organismo por
via respiratória, dérmica, digestiva ou parenteral.
Gases e Vapores
Definições
Gases
Denominação dada as substancias que, em condições normais de temperatura e
pressão (25ºC e 760 mmHg), estão no estado gasoso. São fluidos amorfos que
podem mudar de estado físico unicamente por uma combinação de pressão e
temperatura. Exemplo: hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.
Vapores
Fase gasosa de uma substancia que, a 25ºC e 760 mmHg, se torna líquida ou
sólida. O vapor pode passar para o estado liquido ou sólido atuando-se sobre a
pressão ou sobre sua temperatura. Exemplos: vapores de água, vapores de
gasolina.
Classificação Fisiológica dos Gases e Vapores
Pelo ar inalam-se gases e vapores estranhos, muitos dos quais podem ser
perigosos à saúde. Entretanto, esses efeitos variam segundo a substancia. As
características físicas mais importantes para a determinação dos efeitos
biológicos de um gás ou vapor são sua concentração no ar e sua solubilidade no
sangue e tecidos, que determinará a sua absorção pelo organismo. Além disso,
sua toxicidade e as vias e formas de penetração também influem nos efeitos à
saúde.
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
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Os gases e vapores podem ser classificados, segundo a sua ação sobre o
organismo humano, em três grupos: irritantes, anestésicos, asfixiantes. Se a
substancia é enquadrada em um desses grupos, isso não implica que não possa
também possuir características dos grupos. Essa classificação baseia-se no efeito
mais importante, isto é, mais significativo sobre o organismo.
Gases e Vapores Irritantes
Existe uma grande variedade de gases e vapores classificados nesse grupo, os
quais diferem suas propriedades físico-químicas, mas tem uma característica
comum: produzem irritação nos tecidos com os quais entram em contato direto,
tais como a pele, a conjuntiva ocular e as vias respiratórias.
A intensidade da ação irritante depende da estrutura química da substancia, de
sua concentração no ar e do tempo de exposição. A solubilidade é um fator
importante a ser considerado, uma vez que determina o local de ação do tóxico
no trato respiratório:
 Irritantes altamente solúveis em água – atuam nas vias respiratórias
superiores, sendo que o nariz e a garganta são os que sofrem mais com a
sua ação: ácidos clorídrico e fluorídrico, amoníaco, nevoas alcalinas, etc.
 Irritantes relativamente solúveis em água – atuam nas vias respiratórias
superiores e pulmão: halogênios, ozônio, sulfatos de dietila e dimetila, etc.
 Irritantes pouco solúveis em água – atuam no pulmão: óxido de nitrogênio,
cloreto de arsênico, etc.
Assim, os gases mais perigosos são aqueles que possuem baixa solubilidade e
não tem odor.
Ao gases e vapores irritantes dividem-se em:
A) Irritantes primários
São aqueles cuja ação sobre o organismo é somente de irritação sobre o local
atingido, podendo subdividirem-se em:
1) Irritantes de ação sobre as vias respiratórias superiores
Pertencem a esse grupo:
- Ácidos fortes, tais como: ácido clorídrico ou muriático, ácido sulfúrico.
- Álcalis fortes, tais como: amônia e soda cáustica.
- Formaldeído.
2) Irritantes de ação sobre os brônquios
Pertencem a esse grupo:
- Anidrido sulfuroso e cloro.
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3) Irritantes sobre os pulmões
Pertencem a esse grupo:
- Ozona, gases nitrosos (principalmente NO2 e sua forma dímera N2O4).
Esses gases são produzidos no arco elétrico (solda elétrica), por combustão de
nitratos, no uso de explosivos e no uso industrial de ácido nítrico.
- Fosgênio.
- Gás incolor, originado da decomposição térmica de tetracloreto de carbono
e outros derivados halogenados.
4) Irritantes atípicos
Pertencem a esse grupo
- Acroleína ou aldeído acrílico (gás liberado pelos motores diesel), gases
lacrimogêneos.
B) Irritantes secundários
Essas substâncias, além de possuírem efeito irritante sobre o local de ação, tem
atuação generalizada sobre o organismo. Uma exposição aguda a esse tipo de
tóxico produzira edema pulmonar; pertence a esse grupo o gás sulfídrico (H2S).
Gases e Vapores Anestésicos
Uma propriedade comum entre eles é o efeito narcótico ou depressivo sobre o
sistema nervoso central, fundamentalmente o cérebro.
É importante ressaltar que essas substâncias são introduzidas em nosso
organismo pela via respiratória, alcançando o pulmão, onde são transferidas para
o sangue, que as distribuirá para o resto do corpo. Muitas delas também podem
penetrar através da pele intacta, alcançando a corrente sanguínea.
De acordo com sua ação sobre o organismo, os anestésicos podem ser divididos
em:
A) Anestésicos primários
Pertencem a esse grupo: hidrocarbonetos alifáticos (butano, propano, etano, etc.),
ésteres, aldeídos, cetonas.
B) Anestésicos de efeito sobre as vísceras (fígado e rins)
O fígado e os rins desempenham papel importante nos fenômenos de
desintoxicação, seja pela geração de enzimas adequadas, seja com a eliminação
por meio da úrica. Uma intoxicação superior a que o fígado é capaz de assumir
pode levar a deterioração desse órgão pela cirrose ou mesmo necrose. Da
mesma forma, os rins quando afetados podem apresentar necrose epitelial.
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Pertencem a esse grupo os hidrocarbonetos clorados, tais como: tetracloreto de
carbono, tetracloroetano, tricloroetileno, percloroetilino.
C) Anestésicos de ação sobre o sistema formador do sangue
As substancias classificadas nesse grupo atuam modificando a hemoglobina em
metahemoglobina, no caso da anilina, nitrito e toluidina. Mas a ação mais
profunda no sistema hematopoiético é causada pelo benzeno, que pode levar a
uma anemia irreversível. Os homólogos, tolueno e xileno, têm efeitos anestésicos
similares aos do benzeno, mas possuem efeitos tóxicos consideravelmente
menores. Pos essa razão são recomendados para substituir o benzeno,
diminuindo assim o risco a que estão expostos os trabalhadores.
D) Anestésicos de ação sobre o sistema nervoso
Nesse grupo encontram-se os álcoois (metílico e etílico), ésteres de ácidos
orgânicos, dissulfeto de carbono.
Em geral, os álcoois são altamente solúveis em água, fato que determina a sua
eliminação de forma lenta.
No caso do álcool etílico, alenta eliminação é contrastada com a rápida oxidação
dentro do ciclo de combustão dos açucares e raramente são inaladas quantidades
suficientes para produzir anestesia.
Gases e Vapores Asfixiantes
A principal característica de um tóxico é impedir de alguma forma que o oxigênio
atinja os tecidos, podendo os asfixiantes ser classificados em simples ou
químicos.
Os asfixiantes simples têm sua atuação fora do organismo, isto é, sua presença
na atmosfera provoca o deslocamento do oxigênio, reduzindo a concentração
desse gás no ambiente. Dentro dessa classe encontram-se o CO2, metano,
propano, nitrogênio e butano.
Por outro lado, os asfixiantes químicos impedem a entrada do oxigênio nos
tecidos. O asfixiante químico mais conhecido é o monóxido de carbono, que tem
uma afinidade química com a hemoglobina superior ao oxigênio, formando a
carboxihemoglobina e impedindo o transporte de oxigênio.
Além da classificação dos gases e vapores, segundo o seu efeito pela inalação, é
importante que seja feita uma pequena exposição a respeito dos agentes
químicos que tem a capacidade de penetrar a pele. Pertencem a esse grupo,
principalmente, os solventes orgânicos, que, devido a sua larga utilização
industrial, expõem inúmeros trabalhadores a seus efeitos, que incluem, dentre
outros, a dermatite de contato por irritação.
A ação de determinada substancia sobre a pele está diretamente relacionada com
a sua solubilidade na água e gordura e na sua pressão de vapor, isto é, a sua
habilidade em se dissolver na água ou em compostos orgânicos e em evaporar-
se.
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
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Experimentos mostraram que solventes orgânicos são potencialmente irritantes
químicos, induzindo ao aparecimento dermatite de contato por irritação quando
em contato com a pele não protegida adequadamente. A capacidade irritante dos
solventes adota a seguinte ordem: Aromático > Alifático > Clorados > Álcoois
> Ésteres > Cetonas, devido principalmente a suas lipossolubilidades.
O mecanismo de irritação dos solventes inicia-se pela interação destes com os
lipídios da camada córnea e com o filme lipídico que recobre a pele. Os lipídios
intracelulares da camada córnea são organizados em uma estrutura alternada de
estratos lipofílicos e hidrofílicos. Com a inserção de pequenas moléculas de
solvente nos estratos lipofílicos, há alteração da estrutura anteriormente
organizada, resultando no aumento da difusão da água e, conseqüentemente, na
desidratação da pele, causando nesta descamação e ressecamento.
A repetida exposição da pele aos solventes poderá resultar em eritema,
descamação e ressecamento, que poderão eventualmente evoluir para eczema.
Usualmente as mão estão protegidas, mas a alta volatilidade dos solventes
poderá permitir que a face e o pescoço, áreas descobertas, possam ser também
atingidos.
Diversos fatores influenciam na ação irritante dos solventes, principalmente o seu
ponto de ebulição. Observa-se que os solventes, cujos pontos de ebulição.
Observa-se que os solventes, cujos pontos de ebulição são mais baixos, são mais
irritantes que aqueles de pontos de ebulição mais altos, e solventes com
componentes aromáticos são mais irritantes que os alifáticos, por causa de suas
diferentes propriedades de extração lipídica e/ou taxa de penetração na pele.
Alguns poucos solventes, tais como estireno e álcoois, podem induzir à dermatite
de contato alérgica, que independe da concentração do agente.
Aerodispersóides
Definições
De forma ampla, o material particulado contaminado é todo aquele aerossol que
se encontra em suspensão no ar e que pode ser nocivo à saúde. De acordo com
sua formação, os particulados podem ser classificados como sólidos ou líquidos.
Como particulados líquidos temos as névoas e neblinas, e como particulados
sólidos, as poeiras (fibras) e os fumos.
Classificação quanto á formação
A) Poeira
São partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de um sólido, seja pelo
simples manuseio (limpeza de bancadas), seja em conseqüência de uma
operação mecânica (trituração, moagem, peneiramento, polimento, dentre outras).
Exemplos:Poeira de sílica, asbesto e carvão.
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B) Fumos
São partículas sólidas resultantes da condensação de vapores ou reação química,
geralmente após volatilização de metais fundidos.
Exemplos: Fumos de Pb – ponteamento de arames; Fumos de Zn –
galvanoplastia
C) Névoas e Neblinas
Névoas e neblinas são partículas liquidas, produzidas por ruptura mecânica de
liquido ou por condensação de vapores de substancias que são líquidas à
temperatura ambiente.
Exemplo: Névoa de tinta – resultante de pintura à pistola
D) Fibras
São partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólidos que se
diferenciam das poeiras porque têm forma alongada, com um comprimento de 3 a
5 vezes superior a seu diâmetro.
Exemplos:
Animal – lã, seda, pêlo de cabra e camelo
Vegetal – algodão, linho, cânhamo
Mineral – asbesto, vidro e cerâmica
Deve-se salientar que essa classificação é apenas para facilitara compreensão,
pois, do ponto de vista da Higiene, não é muito significativa a maneira como as
partículas são originadas para fins de avaliação e controle.
Classificação quanto ao efeito no organismo
A classificação quanto ao tipo de dano que a poeira pode produzir no nosso
organismo é a seguinte:
Pneumoconiótica: Aquela que pode provocar algum tipo de pneumoconiose. Ex.:
Silicose, asbestose, antracose, bissinose.
Tóxica: Pode causar enfermidade tanto por inalação quanto por ingestão. Ex.:
metais como chumbo, mercúrio, arsênico, cádmio, manganês, cromo, etc.
Alérgica: Aquela que pode causar algum tipo de processo alérgico. Ex.: poeira de
resina epóxi e algumas poeiras de madeira.
Inerte: Produz enfermidades leves e reversíveis, causando geralmente bronquite,
resfriados, etc.
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Tipos de particulados, Efeitos e Ocorrência no Ambiente de Trabalho
Sílica
A sílica é encontrada na natureza em abundancia, pois constitui a maior parte da
crosta terrestre. Sua formula química é constituída por um átomo de silício e dois
de oxigênio (SiO2).
Esses átomos, por sua vez, unem-se a outros formando diversas estruturas
cristalizadas, resultando em diferentes classes de sílicas cristalizadas. Desse
modo, a sílica cristalizada pode apresentar-se em forma de quartzo, cristobalita,
tridmita, amorfa. A nocividade das partículas de SiO2 é maior de acordo com a
sua forma. A cristobalita e a tridmita possuem um maior potencial fibrogênico do
que o quartzo. Já a sílica amorfa e a fundida são menos nocivas que as
cristalizadas.
De maneira geral, vários são sos fatores que influenciam na maior ou menor
intensidade fibrogênica de determinado tipo de particulado, dentre os quais
destacam-se:
 Concentração de poeira inalada;
 Sílica na poeira;
 Forma cristalizada das partículas;
 Tamanho das partículas;
 Duração da exposição.
O dano direto provocado pelo particulado é diretamente proporcional a
concentração de particulado inalado e duração de exposição.
A sílica é a substancia causadora da enfermidade (silicose) e, evidentemente,
quanto maior o percentual de sílica, maior será a nocividade da poeira.
Outro fator importante na ocorrência da silicose é o tamanho das partículas. As
partículas maiores são selecionadas pelo sistema respiratório, enquanto as
menores podem chegar aos alvéolos pulmonares.
Ocorrência
A exposição ocupacional a poeira contendo sílica ocorre em diversos ambientes
de trabalho e ramos de atividade, tais como: mineração de ouro, ferro, extração
de calcário, dentre outras. Nessas industrias, tanto na extração como no
beneficiamento, há presença de particulados que podem conter sílica. Outros
ramos de atividade em que há presença de poeira sílica: construção civil,
fundição, industrial de refratários, siderúrgicas.
Asbestos
Recentemente houve um aumento dos estudos sobre as fibras de asbesto.
De acordo com as últimas teorias sobre os mecanismos de dano dessas fibras, foi
indicado que a causa é o formato da partícula, dependendo do qual podem ser
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encontradas propriedades cancerígenas. As fibras se classificam em naturais ou
artificiais.
Os perigos para a saúde relacionados como os asbestos encontram-se, na
maioria das vezes, circunscritos ao aspecto da atividade profissional. A inalação
das fibras de asbesto por pessoas submetidas a exposição prolongada e a
concentrações relativamente elevadas pode provocar insuficiência respiratória,
causando, até, mesmo um câncer bronquial ou um mesotela.
Ocorrência
A exposição às fibras de asbestos ocorre principalmente nas industrias de
fabricação de telhas, chapas, caixas d’água e de amianto; na fabricação de
guarnições de freio e embreagem, lonas de freios; na confecção de roupas
protetoras apara bombeiros e pilotos de carro de corrida. Nas industrias de
papelão, o amianto é usado como isolante térmico.
Algodão
A exposição á poeira de algodão produz uma enfermidade denominada bissinose.
Os sintomas dessa doença são: dor no peito, tosse, dificuldade respiratória,
dispnéia. Alem disso, a exposição a esse agente pode produzir também
diminuição da força respiratória, bronquite, febre, alem de sintomas respiratórios
freqüentes. A bissinose também é produzida por outros tipos de fibra, como o
linho ou o cânhamo.
A causa principal dessa doença esta associada à quantidade de poeira inalada e
ao tempo de exposição. Há também, outras causas que influem, como a poluição
atmosférica, hábito do tabaco e as afecções respiratórias.
A bissinose é uma enfermidade difícil de detectar, pois não apresenta alterações
radiográficas ou patológicas especificas.
Ocorrência
A exposição ocupacional à poeira de algodão ocorre mais freqüentemente na
fabricação de tecidos. Nos setores de abertura, cardas e fiação a exposição é
maior do que na tecelagem, revisão e expedição. Em outros ramos de atividade
também pode ocorrer exposição, como, por exemplo, na industria de confecção.
Caulim
Segundo a ACGIH (American Conference of Governanmental Industrial
Hygienists), a inalação de quantidade excessiva de poeira de caulim pode causar
dano à pele e às mucosas, além de pneumoconiose. Desse modo, reduziu-se o
limite de exposição para 2 mg/m3
. o NIOSH (National Institute for Occupational
Safety and Health) não modificou o limite de tolerância para a poeira de caulim. Já
a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) pretende desenvolver no
futuro um estudo mais aprofundado da toxicologia do caulim. Atualmente, esse
órgão estabelece os limites de tolerância de 10 mg/m3
para poeira total e 5 mg/m3
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para poeira respirável. Esses limites estão baseados nos danos causados à pele
e mucosas. Deve-se salientar ainda que os limites de exposição estabelecidos
para o caulim são validos para poeira em suspensão que não contenha sílica livre
cristalizada e/ou asbestos.
Ocorrência
A ocorrência de poeira de caulim acontece principalmente na mineração de
caulim; tanto na extração quanto no beneficiamento.
Madeira
A poeira de madeira é definida como qualquer tipo de particulado em suspensão
proveniente do manuseio da madeira. A madeira dura é derivada de espécies de
árvores de folhas grossas, como, por exemplo, o carvalho e a faia. A exposição à
poeira de madeira pode produzir diversos efeitos na saúde do ser humano, tais
como dermatite, irritação, alergias respiratórias e câncer, segundo estudos
baseados em evidencias epidemiológicas (ACGIH/1998).
Ocorrência
A exposição á poeira de madeira é mais acentuada na fabricação de móveis. As
operações com serra circular, desengrosso, plaina, tupia e lixadeira são as fontes
mais significantes. Nas industrias de reflorestamento e fabricação de celulose e
na construção civil também pode ocorrer exposição a esse agente.
Grãos (trigo, cevada)
Os efeitos da inalação da poeira de grãos são conhecidos por vários séculos.
Ramazzini, em 1713, descreveu os riscos respiratórios associados à exposição de
cereais. Diversos estudos epidemiológicos feitos nas últimas décadas
demonstraram que a exposição à poeira de grãos pode causar: ―febre do grão‖,
chiado, dor no peito, tosse, bronquite, irritação nasal e nos olhos, além de
sintomas de doenças respiratórias crônicas. Com relação aos limites de
tolerância, estes são fixados pelos organismos internacionais, desde que a poeira
em suspensão não contenha sílica livre cristalizada e/ou asbestos.
Ocorrência
A exposição à poeira de grãos ocorre na agricultura, portos e em outros locais
onde há armazenamento desse produto.
Partículas não classificadas de outra maneira – PNOC
Segundo a ACGIH, esse tipo de particulado, apesar de não causar fibrose ou
efeitos sistêmicos, não é biologicamente inerte. Sendo assim, o termo
―Particulado Não Classificado de Outra Maneira‖ é usado para enfatizar que esses
particulados são potencialmente tóxicos e não podem ser considerados como não
prejudiciais a qualquer concentração. No entanto, os órgãos internacionais
(ACGIH, OSHA e NIOSH) estão realizando estudos e discussões a respeito dos
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efeitos específicos deste tipo de particulado. Deve-se salientar, entretanto, que a
classificação da poeira como PNOC é condicionada ao teor de sílica livre
cristalizada (<1%) e à ausência de asbestos. Como PNOC, podemos citar o
alumínio, carbonato de cálcio, celulose, carvão vegetal, cimento, cal dentre
outros.
Ocorrência
A presença desse tipo de particulado pode ocorrer em diversos ramos de
atividade, tais como: fábrica de cimento, cal, industria de papel, dentre outros.
Partículas metálicas
Os efeitos da exposição a fumos ou poeiras metálicas estão condicionados ao
tipo de substancia presente. Assim sendo, dependendo do processo e das
matérias-primas utilizadas, pode ocorrer a exposição a ferro, manganês, zinco,
chumbo, cromo, dentre outros. Essas substâncias podem produzir
pneumoconioses, doenças como saturnismo (chumbo) e manganismo, irritação,
dentre outras.
A exposição a fumos metálicos pode produzir a ―febre dos fundidores‖. Essa
doença resulta no aparecimento de tosse, dores nos músculos e nas juntas, febre
e resfriados. Todavia é passageira, e a recuperação ocorre de um a dois dias
após cessar a exposição.
Ocorrência
A exposição à poeira metálica pode ocorrer em: mineração, operações de
rebarbação de peças metálicas, fabricação de baterias, etc. a exposição a fumos
metálicos é mais freqüente nas operações de soldagem, fundições, aciarias,
dentre outras. Nas operações de pintura à pistola, a névoa de tinta formada pode
conter pigmentos metálicos, tais como: chumbo e cromo.
Negro de Fumo
A exposição à poeira de negro de fumo pode produzir efeitos sobre os pulmões. A
ACGIH não considera este agente sob suspeita de ser carcinogênico para o ser
humano, porém os dados existentes são insuficientes para se chegar a essa
conclusão.
Ocorrência
A exposição a esse agente ocorre com maior freqüência na fabricação de
borracha.
Parâmetros utilizados nas avaliações de particulados
A) Tamanho das partículas
O tamanho das partículas é de fundamental importância na avaliação de poeiras,
vez que, dele depende os efeitos na saúde, o tempo em que as partículas ficam
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em suspensão, entre outros. A ACGIH, há muitos anos, tem recomendado o limite
de tolerância por seleção de partículas (respiráveis) para sílica cristalizada, pois
há uma associação bem estabelecida entre a silicose e as concentrações de
poeira respirável. A intenção da American Conference of Governmental Industrial
Hygienists – ACGIH é de estabelecer todos os seus limites para fração respirável,
inalável e torácica.
Quanto ao tamanho das partículas, podem ser classificadas conforme o quadro a
seguir:
Tipo de Particulado Tamanho Aproximado (μm)
Inalável 0 a 100
Torácicas 0 a 25
Respirável 0 a 10
B) Partícula respirável
São as partículas que conseguem penetrar na região de troca de gases do
pulmão. Esse tipo de particulado é o de maior risco, pois pode alcançar os
alvéolos pulmonares.
C) Partícula inalável
São as partículas que ficam depositadas em qualquer lugar do trato respiratório. A
ACGIH recomenda o limite de tolerância de 10mg/m3
de partículas inaláveis.
D) Particulado torácico
São partículas que oferecem risco quando depositadas em qualquer lugar no
interior das vias aéreas dos pulmões e da região de troca de gases.
E) Particulado total
É todo o material em suspensão no ar, independente do tamanho das partículas.
A NR-15 estabelece o limite para sílica livre cristalizada e para particulados total e
respirável. A ACGIH recomenda o limite de tolerância de poeira total, para vários
tipos de poeira, embora haja uma tendência de fixar todos os limites para fração
respirável, inalável ou torácica.
Unidades de Medida
Os limites de tolerância para exposição à poeira, exceto asbestos, são expressos
em mg/m3
, isto é, a massa retirada do filtro dividida pelo volume amostrado.
Assim sendo, na avaliação quantitativa, temos de determinar esses parâmetros.
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1) Volume amostrado (m3
)
O volume amostrado é determinado pela seguinte fórmula:
Va = Q x Ta
Onde:
Va = Volume amostrado
Q = Vazão média durante a amostragem
Ta = Tempo de amostragem em minutos
Sendo a vazão da bomba em L/min e tempo de amostragem (Ta) em minutos, o
volume obtido na fórmula será expresso em litros. Para transformar esse volume
em m3
, divide-se o resultado obtido por 1000.
Assim, temos:
Va = (Q x Ta)/1000
2) Concentração
A concentração de poeira em mg/m3 é obtida pela seguinte fórmula:
C = m/Va
Onde:
C= Concentração de poeira
M = Massa de amostra em mg
Va = Volume amostrado em m3
, conforme explicado no item anterior.
3) PPM – Parte por milhão
Esta unidade é muito utilizada, sendo o ppm a concentração expressa em volume
/ volume, conforme demonstrado a seguir:
1 m
1 m
1 m
1 cm3
1 m3
de ar
1cm3
de ar contaminado
ppm = 1 cm3
/ 1 m3
= 1 cm3
/ 1000000 = 1 ppm
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4) Conversão das fórmulas (transformação de ppm para mg/m3)
ppm = (24,45) x mg/m3
) / PM e mg/m3
= (ppm x PM) / 24,45
1% = 10000 ppm
1 ppm = 0,0001%
Onde:
PM = peso molecular da substância
Ppm = parte por milhão
Exemplos:
1) Transformar 10 ppm de Benzeno (C6H6) em mg/m3
Dados:
Peso atômico – C = 12 g/mol
H = 1 g/mol
PM = 12 x 6 + 6 x 1 = 78 g
mg/m3
= (10 x 78) / 24,45 = 31,9 mg/m3
2) Transformar 130 mg/m3
de CO2 para ppm
Dados:
C = 12 g/mol
O = 16 g/mol
PM = 12 + 2 x 16 = 44 g
Ppm = (24,45 x 130) / 44 = 72,2 ppm
3) Transformar 39 ppm de CO em mg/m3
Dados:
Peso atômico – C = 12 g/mol
O = 16 g/mol
PM = 12 + 16 = 28
mg/m3
= (28 x 39) / 24,45 = 44,7 mg/m3
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Brief & Scala
A adoção dos limites de tolerância da ACGIH devem ser corrigidos através da
fórmula Brief & Scala, vez que a jornada de trabalho no Brasil é de 8 (oito) horas
diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, enquanto os limites da ACGIH
são para jornada de 8 (oito) horas por dia e 40 (quarenta) horas semanais.
O fator de redução do limite de tolerância Brief & Scala é o seguinte:
FR = (40 / h) x [(168 – h) /128]
Onde: FR = Fator de Redução
h = Jornada de trabalho em horas
Exemplo:
O fator de redução do limite da jornada de trabalho de 40 (quarenta) horas
semanais para 44 (quarenta e quatro) horas semanais é:
FR = (40 / 44) x [(168 – 44) / 128] = 0,88
Assim sendo, o limite de tolerância, por exemplo, de 10 mg/m3
recomendado pela
ACGIH para poeira de cimento, deverá ser corrigido no Brasil com a seguinte
redução:
LTcorrigido = 0,88 x 10 mg/m3
= 8,8 mg/m3
Principais Instrumentos de Medição
Para amostragem de particulados (Poeira mineral, algodão, fumos, gases e
vapores), podem ser necessários os seguintes instrumentos:
 Bomba gravimétrica de poeira;
 Sistema filtrante (filtros, porta-filtro e suportes);
 Sistema separador de tamanho de partícula (ciclone);
 Elutriador vertical para poeira de algodão;
 Calibradores tipo bolha de sabão;
 Calibrador eletrônico;
 Tubos colorimétricos;
 Tubos de carvão ativado.
Os meios de coleta são:
 Filtros;
 Tubo de sílica gel;
 Tubo de carvão ativado;
 Impinger, entre outros.
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Bomba gravimétrica de poeira
Esse equipamento é responsável pela aspiração de
ar contaminado até o sistema de coleta. Atualmente,
existem no mercado diversas marcas e modelos de
bombas gravimétricas. Há modelos simples e
modelos com tecnologia mais avançada, que
possuem o sensor eletrônico de fluxo laminar,
garantindo uma vazão constante, através da
compensação da tensão da bateria, altitude,
temperatura e quantidade de amostra retida no filtro.
Elutriador vertical para poeira de algodão
O Elutriador vertical é utilizado para avaliar a concentração de poeira de algodão.
É constituído de uma bomba e um orifício crítico, que regula o fluxo de 7,4 l/min
na entrada do elutriador. Com essa vazão de aspiração, são separadas as
partículas menores que 15 μm, ou seja, somente as partículas deste tamanho irão
impactar no filtro.
Detector de gases / tubos reagentes ou colorimétricos
Os detectores de gases podem ser de pistão ou fole, e são utilizados com os
tubos reagentes ou colorimétricos. A medição com esse instrumento consiste na
aspiração de volume conhecido de ar que passa pelo tubo reagente. O poluente
contido no ar reage com substancia especifica do tubo e muda a cor, e a extensão
dessa mancha permite realizar a leitura direta da concentração na escala o tubo.
É importante ressaltar que os tubos são específicos para cada gás ou vapor.
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Medidor com sensor eletroquímico
Estes instrumentos realizam medição direta e imediata dos contaminantes
presentes, sendo constituídos de sensores, que, pelos diferentes princípios de
detecção (elétrico, térmico, eletromagnético, etc), determinam a concentração do
contaminante.
Dosímetro passivo
Os amostradores passivos constituem um procedimento para obter amostras
ambientais sem a necessidade de forçar a passagem de ar por bombas, utilizando
o fenômeno de difusão e adsorção, ou seja, podem fornecer leitura direta ou
indireta através de análises laboratoriais.
Limites de tolerância
A Portaria Mtb n. 3214/78, NR-15, estabelece critérios para a caracterização de
insalubridade e fixa limites de tolerância para alguns tipos de particulados. Outros
tipos, também prejudiciais à saúde, foram relacionados no Anexo XIII da referida
norma como avaliação qualitativa, ou seja, a possível insalubridade deverá ser
verificada através de inspeção no local. Além disso, vários particulados
importantes do ponto de vista ocupacional foram omitidos, tanto na fixação de
limite como na avaliação qualitativa.
Convém ressaltar que, os limites adotados pela NR-15, foram baseados naqueles
recomendados pela ACGIH. Os limites de tolerância atualmente fixados pelas
normas precipitadas são os seguintes:
Limites da legislação brasileira (Portaria MTb n. 3214/78)
1) Poeiras minerais contendo sílica livre cristalizada (quartzo) – Anexo XII,
NR-15
Poeira total
LT = 24 / (%SiO2 + 3) (mg/m3)
Poeira respirável
LT = 8 / (%SiO2 + 2) (mg/m3)
A norma define que ―Quartzo‖ deverá ser sempre entendido como sílica livre
cristalizada.
No caso de poeira respirável, a norma estabelece que ―tanto a concentração
como a porcentagem de quartzo para aplicação deste limite devem ser
determinadas a partir da porção que passa por um seletor com as características
do quadro contido no Anexo XII da NR-15‖.
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Os limites são válidos para 48 (quarenta e oito) horas semanais, sendo que as
jornadas excedentes a este valor deverão ser reduzidas pela autoridade
competente.
2) Fibras de asbestos
O anexo XII da NR-15 estabelece o limite de tolerância de 2 (duas) fibras/cm3
para fibras respiráveis de asbestos crisotila. Fibras respiráveis são aquelas com
diâmetro inferior a 3 micrômetros, comprimento maior ou igual a 5 micrometros e
relação entre comprimento e diâmetro igual ou superior a 3:1.
3) Chumbo
O anexo XI da NR-15 estabelece o limite de tolerância de 0,1 mg/m3 para
chumbo, independentemente da forma que ele encontra-se no ambiente (poeira
ou fumos metálicos).
4) Manganês:
 5,0 mg/m3: pra exposição à poeira de manganês e seus compostos,
nas operações de extração, moagem, transporte de minério, entre
outros.
 1,0 mg/m3: para exposição a fumos de manganês e seus
compostos, nas operações de fabricação de baterias de pilhas
secas, vidros especiais e cerâmicas, fabricação uso de eletrodos de
solda, tintas fertilizantes, entre outros.
5) Negro-de-fumo
O anexo XI da NR-15 estabelece o limite de tolerância de 3,5 mg/m3 para negro-
de-fumo em uma jornada de até 48 (quarenta e oito) horas semanais.
Entende-se como ―Negro-de-fumo‖ as formas finamente divididas do carbono,
produzidas pela combustão incompleta da decomposição térmica do gás natural
ou do óleo de petróleo.
Entende-se por exposição ao ―Negro-de-fumo‖ a exposição permanente no
trabalho ao Negro-de-fumo em suspensão no ar, originado pelo manuseio do
mesmo.
6) Outros particulados
O Anexo XIII da NR-15 estabelece como insalubre, pelo método de inspeção no
local de trabalho, as atividades ou operações com arsênico, carvão mineral,
cromo, silicatos, bagaço de cana, cimento, cal entre outros.
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Limites de tolerância recomendados pela ACGIH
Conforme comentado anteriormente, a NR-15 não estabelece limites de tolerância
para vários tipos de agentes químicos, omitindo importantes substancias do ponto
de vista ocupacional, como por exemplo, algodão e madeira. De forma que
preencha essa lacuna, a NR-9 da Portaria n.3.214 dispões:
―Quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos
trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-15, ou, na
ausência deste, os limites de exposição ocupacional recomendados pela ACGIH –
ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva, desde que
mais rigorosos, deverão ser adotadas medidas de controle‖.
Convém ressaltar, no entanto, que os limites da ACGIH deverão sofrer correção
em função da jornada de trabalho, conforme comentado anteriormente (Brif &
Scala). Assim, por exemplo, o ácido nítrico não possui limite estabelecido no
Anexo XI da NR-15, podendo-se utilizar o limite da ACGIH que é de 2,0 ppm,
multiplicado por 0,88 (fator de correção), obtendo-se, então, o valor de 1,76 ppm.
Medidas de Controle
As medidas de controle da exposição aos particulados são:
— medidas relativas ao ambiente;
— medidas relativas ao homem.
Medidas relativas ao ambiente
1) Substituição do produto tóxico ou nocivo
Este procedimento técnico nem sempre é possível, em se tratando do pouco
avanço tecnológico e científico em que se encontra o parque industrial brasileiro,
mas, quando possível, é a maneira mais segura de se eliminar ou minimizar o
risco da exposição.
Podemos exemplificar citando, por exemplo, a substituição do chumbo por óxidos
menos tóxicos, tais como óxido de titânio e zircônio. Na fabricação e manipulação
de camadas vitrificadas e tintas, podemos substituir o chumbo pêlos sais de zinco.
Outro exemplo importante é o da substituição da areia contendo sílica livre por
granalha de aço, nas operações de jateamento de peças, visto que se reduz
sensivelmente o risco de silicose (quando não se tratar de peças fundidas).
2) Mudanças ou alteração do processo ou operação
Consiste na alteração do processo produtivo, como, por exemplo:
— utilização de pintura por imersão ao invés de pintura utilizando pistola;
— mecanização e automatização de processos — ensacamento de pós.
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3) Encerramento ou enclausuramento da operação
Consiste no confinamento da operação, objetivando-se, assim, a impedir a
dispersão do contaminante para todo o ambiente de trabalho. O confinamento
pode ou não incluir o trabalhador. Quando houver processos produtivos que
gerem grandes quantidades de contaminantes, e o trabalhador estiver inserido no
enclausuramento, a ele deverá ser obrigatoriamente fornecido equipamento
adequado de proteção pessoal, independentemente de haver ou não sistema de
exaustão.
4) Segregação da operação ou processo
Consiste, basicamente, no isolamento da operação, limitando seu espaço físico
fora da área de produção. Normalmente se utiliza este controle quando não se
pode mudar o processo produtivo, e o agente agressivo atinge a outros
trabalhadores, contaminando-os, sem que estes participem da operação.
A adoção desse processo implica em diminuir o número de trabalhadores
expostos aos riscos, sem, contudo, deixar de levar-se em conta que os
trabalhadores expostos ao risco deverão necessariamente fazer uso de medidas
de proteção individual.
A segregação pode ser feita no ESPAÇO ou no TEMPO: segregação no espaço
consiste em isolar o processo a distância; enquanto segregação no tempo
significa executar uma tarefa fora do horário normal, reduzindo igualmente o
número de trabalhadores expostos.
Como exemplo temos: jateamento de areia fora da área produtiva (segregação no
espaço de serviços de manutenção); e reparo de alto risco realizado fora da
jornada de trabalho convencional (segregação no tempo).
5) Umidificação
É a medida mais antiga utilizada no controle da poeira. A eficiência da
umidificação de poeira depende de dois fatores: do umedecimento da poeira e de
sua adequada disposição depois de molhada.
Como aplicações clássicas desse método, podemos citar a utilização de água nas
operações de perfuração em minas e a aspersão de água sobre as mandíbulas
de britadores, etc.
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6) Ventilação geral diluidora
A ventilação geral diluidora consiste na insuflação e exaustão de ar em um
ambiente de trabalho, de forma que promovam a redução de concentrações de
poluentes nocivos. Tal redução ocorre, uma vez que, ao se introduzir grandes
volumes de ar puro em um ambiente contendo uma certa massa de determinado
poluente, haverá dispersão ou diluição desta massa, reduzindo-se, assim, a
concentração dos poluentes.
7) Ventilação local exaustora
A ventilação local exaustora consiste na captação dos poluentes de uma fonte
antes que estes se dispersem no ar do ambiente de trabalho e atinjam a zona de
respiração do trabalhador.
No que se refere ao controle da poluição do ar da comunidade, a ventilação local
exaustora também tem papel importante.
Tal tipo de ventilação possui várias vantagens em relação à geral diluidora, dentre
elas: captura e controle completo do contaminante: vazões requeridas mais
baixas; os contaminantes são recolhidos em um menor volume de ar capturado,
reduzindo-se também os custos.
8) Ordem e limpeza
A ordem e a limpeza constituem medidas eficazes no controle da exposição à
poeira, pois os restos de materiais acumulados em máquina, bancada ou piso
podem espalhar a poeira no ar.
Uma boa ordem e limpeza significam limpeza dos pisos, das máquinas e de
quaisquer superfícies horizontais; previsão de depósitos para materiais nocivos e
de métodos adequados a seu transporte e emprego; disposição das operações de
modo que limite o número de operários expostos ao risco, etc.
Os métodos de limpeza também podem gerar poeira. Assim sendo, deve-se evitar
o uso de vassoura, escova ou ar comprimido, pois estes processos provocam a
emanação de poeira e, muitas vezes, são responsáveis exclusivos pela exposição
do trabalhador a esse agente. Portanto, a limpeza por meio de umidificação ou
por aspiração são os métodos recomendados.
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Medidas relativas ao homem
1) Limitação do tempo de exposição
A redução dos períodos de trabalho é uma importante medida de controle,
quando todas as outras medidas possíveis forem impraticáveis ou insuficientes no
controle de um agente. Assim, a limitação da exposição ao risco, dentro de
critérios técnicos bem definidos, pode tornar-se a solução mais efetiva e
econômica.
2) Educação e treinamento
A conscientização do trabalhador quanto aos riscos inerentes às operações,
riscos ambientais e formas operacionais adequadas que garantam a efetividade
das medidas de controle adotadas, além do treinamento em procedimentos de
emergência e noções de primeiros socorros, deverão ter lugar sempre,
independentemente da utilização de outras medidas de controle, servindo-lhes
como importante complemento.
3) Equipamentos de proteção individual
Os equipamentos de proteção individual devem ser sempre considerados como
segunda linha de defesa, após criteriosas considerações sobre todas as possíveis
medidas de controle relativas ao ambiente que possam ser tomadas e aplicadas
prioritariamente.
Entretanto, há situações especiais nas quais as medidas de controle ambientais
são inaplicáveis parcial ou totalmente. Nestes casos, a única forma de proteger o
trabalhador será dotá-lo de equipamentos de proteção individual.
Nas operações em que as concentrações de poluentes são superiores ao limite
de tolerância, devem ser usados respiradores de filtro químico (gases e vapores)
e mecânico (fumos, poeira, etc.).
Nos locais onde há presença de gases e poeira, devem ser usados respiradores
de filtro combinado.
É importante esclarecer que os respiradores devem ser usados, obrigatoriamente,
durante todo o tempo de exposição. A não-utilização do protetor em curto espaço
de tempo diminui significativamente o seu fator de proteção. Outras informações a
respeito dos respiradores estão no Capítulo IX, item VI — Programa de Proteção
Respiratória — PPR.
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4) Controle médico
Os exames médicos pré-admissionais e periódicos devem ser feitos como forma
de controle da saúde geral dos trabalhadores, de detecção de fatores
predisponentes às doenças profissionais, assim como para avaliação da
efetividade dos métodos de controle empregados.
Glossário:
Concentração no ar - É a relação entre o contaminante e o volume do ar
amostrado no local de interesse; as unidades mais usuais são : mg/m3
ou μg/m3
(relação entre a massa da substância poluidora e o volume do ar amostrado). O
ppm também é usado ( relação entre o volume do contaminante detectado na
amostra e o volume do ar amostrado) ou seja, em ―partes por milhão‖.
Valor Teto (VT) - A substância que tenha valor teto não poderá, em momento
algum, formar concentração no ar acima do limite de tolerância , sem que
medidas de controle sejam tomadas de imediato.
Limite de Tolerância – É a maior concentração do agente químico, que um
individuo sadio poderá ficar exposto, sem efeitos adversos a sua saúde.
Nível de Ação – É o valor acima do qual devem ser iniciadas as ações
preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes
ambientais ultrapassem os limite de exposição. Estes níveis de ação estão
definidos na NR-09, do MTE.
Limite de Tolerância – Média Ponderada – Na tabela limite de tolerância não
tem a coluna valor teto assinalada, representa a concentração média existente
durante a jornada de trabalho, podendo-se ter valores acima do limite fixado,
desde que sejam compensados com valores abaixo deste, acarretando uma
média ponderada igual ou inferior ao limite de tolerância.
No entanto, estas oscilações para cima não podem ser indefinidas, devendo
respeitar um valor máximo que não pode ser ultrapassado.
Valor Máximo (VM) – É obtido através da equação VM = LT x FD, onde FD =
fator de desvio (tabelado), de acordo com o limite de tolerância (LT).
O valor máximo é calculado para as substâncias que não possuam valor teto.
O valor máximo de concentração não poderá ser excedido em momento algum
da jornada de trabalho; caso ocorra a situação será considerada de risco grave e
iminente.
Quadro nº 2 – Anexo 11 da Portaria 3214
L.T. (Limite de Tolerância em ppm ou
mg/m3
)
F.D. (Fator de Desvio)
0 a 1 3
1 a 10 2
10 a 100 1,5
100 a 1000 1,25
Acima de 1000 1,1
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O anexo 13, da NR 15, que estabelece os limites de tolerância para cada uma das
substâncias, de acordo com a gravidade dos efeitos que cada uma delas poderá
causar no organismo humano. Além disso, define, as condições de riscos grave e
iminente, sempre que os valores máximos sejam ultrapassados, permitindo a
Delegacia Regional do Trabalho interditar o local de trabalho.
Exercícios resolvidos
1)Ao se avaliar a concentração de amônia (LT=20 ppm) num local de trabalho,
verificou-se que o trabalhador fica exposto: 3 horas a 10 ppm e 5 horas a 25 ppm.
O limite de tolerância foi ultrapassado?
Resolução :
Concentração Média : valor da concentração x horas + .......
8 horas de trabalho
Concentração Média : 10x3 + 25x5 = 19,3
8
Amônia = 20 ppm (limite de tolerância)
Valor Máximo = LT x FD
= 20 x 1,5 = 30 ppm
A maior concentração obtida é de 25 ppm, inferior ao valor máximo.
Como nem o limite fixado e nem o valor máximo foram ultrapassados, pode-se
afirmar que o limite de tolerância foi respeitado.
2)Transformar 10 ppm de benzeno (C6 H6 ) em mg/m3
Dados: peso atômico C = 12 g/mol
H= 1 g/mol
PM= 12x6 + 6x1 = 78 g
mg/m3
= 10 x 78 = 31,9
24,45
Textos Complementares
PNEUMOCONIOSES
Aspectos Epidemiológicos
As Doenças Pulmonares Ambientais e Ocupacionais - DPAO, especialmente
aquelas relacionadas aos ambientes de trabalho, constituem ainda, entre nós, um
importante e grave problema de saúde pública.
Considerando o atual estágio de desenvolvimento científico e tecnológico do
Brasil, enquanto país industrializado são incipientes os conhecimentos e os
mecanismos de controle dessas enfermidades conseqüentes da degradação
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
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ambiental, que, por sua vez, têm gerado impacto nas condições de saúde e
qualidade de vida da população.
Essas doenças, em sua maioria, de curso crônico, são irreversíveis. Além de
incapacitar os indivíduos ainda jovens, requer compensação previdenciária, faceta
importante de implicação social.
Conforme Portaria nº. 2.569, publicada no Diário Oficial União de 20.12.95, o
Ministério da Saúde, através da Coordenação Nacional de Pneumologia Sanitária
e da Coordenação de Saúde do Trabalhador constituiu o Comitê Assessor em
Doenças Pulmonares Ambientais e Ocupacionais, com o propósito de, juntamente
com outros segmentos, implementar ações para o equacionamento e, se possível,
a redução dessas doenças.
Diante da importância e da abrangência das doenças relacionadas ao processo
de trabalho, pretende-se abordar nesse manual de normas as Pneumoconioses,
tais como: a Silicose, a Pneumoconiose dos Trabalhadores de Carvão e a
Pneumoconiose por Poeiras Mistas, em especial aquelas que causam maior
impacto social em nosso meio.
O termo pneumoconiose foi criado por Zenker, em 1866, para designar um grupo
de doenças que se originam de exposição a poeiras fibrosantes. Em 1971, este
termo foi redefinido como sendo "o acúmulo de poeiras nos pulmões e a reação
tecidual à sua presença" e define como poeira um aerosol composto de partículas
sólidas inanimadas.
As pneumoconioses a serem abordadas neste manual são algumas das mais
freqüentes encontradas no país: Silicose, Pneumoconiose dos Trabalhadores
de Carvão e Pneumoconiose por Poeiras Mistas.
Silicose
A silicose é uma doença pulmonar causada pela inalação de poeiras com sílica-
livre e sua conseqüente reação tecidual de caráter fibrogênica.
Embora conhecida desde a antigüidade, no Brasil, caracteriza-se como a principal
pneumoconiose e as estatísticas fiéis são escassas, assim como as estimativas
da população de risco. Contudo, a ocorrência de poeiras com sílica certamente
atinge alguns milhões de trabalhadores nas mais variadas atividades produtivas.
Agrava-se o quadro quando se considera que a silicose está intimamente
relacionada com a tuberculose, além de outras doenças como artrite reumatóide e
até mesmo neoplasia pulmonar.
No Brasil, em 1978, estimou-se a existência de aproximadamente 30.000
portadores de silicose. Em Minas Gerais, registrou-se a ocorrência de 7.416
casos de silicose na mineração de ouro. Na região Sudeste de São Paulo foram
identificados aproximadamente 1000 casos em trabalhadores das indústrias de
cerâmicas e metalúrgicas. No Ceará, entre 687 cavadores de poços examinados,
a ocorrência de silicose e provável silicose foi de 26,4% (180 casos). No Rio de
Janeiro, entre jateadores da indústria de construção naval, a ocorrência de
silicose foi de 23,6% (138 casos), em 586 trabalhadores radiografados. Na Bahia,
relatório preliminar de avaliação dos casos atendidos no Centro de Estudo de
Saúde do Trabalhador (CESAT), no período de 1988 a 1995, registrou a
existência de 98 casos, sendo encontrada associação de sílico-tuberculose em 37
casos (38%).
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Pneumoconiose dos Trabalhadores de Carvão (PTC)
Esta enfermidade é causada pelo acúmulo de partículas de carvão nos pulmões,
com prevalência e incidência em diferentes regiões carboníferas do mundo. Os
dados estatísticos diferem muito devido a existência de vários tipos de carvão. O
tipo antracitoso, que possui elevado conteúdo de carbono, promove maior número
de partículas respiráveis, quando comparado ao tipo betuminoso que é o mais
comum nas minas da região Sul do Brasil.
Em 1836, a PTC foi descrita na Inglaterra por Thompson. No final do século
passado e início deste, aumentou o número de casos com a eclosão da primeira e
segunda Guerra Mundial. Tornou-se um problema epidêmico, principalmente no
país de Gales e Inglaterra, razão pela qual em 1945 criou-se uma unidade de
pesquisa para as pneumoconioses.
No Brasil, as PTC ocorrem com maior freqüência nos estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul onde estão concentradas as maiores bacias
carboníferas do país. Somente na região de Santa Catarina existem mais de 3000
casos de PTC. A prevalência que era de 5 a 8%, com a mineração manual ou
semimecanizada, passou para 10% com a mecanização das minas. A partir de
1985, com adoção de medidas de prevenção como uso de água nas frentes de
serviços e melhor sistema de ventilação, a prevalência caiu para 5 a 6%.
A redução na incidência das PTC tem sido observada nos países desenvolvidos,
medidas de higiene, como por exemplo, a Inglaterra, quando os índices eram de
13,4% na década de 50, caíram para 5,2% em 1978, e atualmente estão entre 3 e
2,5%. Essa mesma redução vem ocorrendo na Alemanha, França e Estados
Unidos da América. Além disso, deve-se considerar que os mineiros desses
países trabalham, em média, 30 anos, enquanto que no Brasil o período
laborativo na mineração no subsolo é de 15 anos.
Pneumoconiose por Poeiras Mistas (PPM)
Define-se PPM como as pneumoconioses causadas pela inalação de poeiras
minerais com porcentagem de sílica livre cristalina abaixo de 7,5%, ou com
alterações anatomopatológicas características, tais como "lesões em cabeça de
medusa" ou "fibrose intersticial".
São consideradas como mais freqüentes:
 a antracosilicose em mineiros de carvão expostos a altos teores de Si02;
 a silicossiderose em fundidores de ferro;
 a doença de Shaver, nos trabalhadores de fabricação de abrasivos de
alumínio;
 a pneumoconiose pelo caulim e a talcose.
 Trabalhadores Expostos ao Risco: caracterizam-se como trabalhadores
expostos ao risco ocupacional de adoecimento por Silicose, PTC e PPM
todo indivíduo que trabalha em ambiente onde se respira essas poeiras.
Sílica livre: (sílica cristalina ou quartzo) composto unitário de SiO2 (dióxido
de silício) com um átomo de oxigênio nas pontas de um tetraedro. A sílica
livre cristalina é extremamente tóxica para o macrófago alveolar devido às
suas propriedades de superfície que levam à lise celular.
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Partículas de carvão: poeira proveniente do carvão mineral, desprendida durante
a mineração. Existem quatro tipos de carvão: legnito, sub-betuminoso,
betuminoso e antracitoso. Os dois últimos são os maiores responsáveis pelo
desenvolvimento da doença.
O risco de silicose existe quando há mais de 7,5% de sílica livre cristalina na
fração de poeira respirável ou quando, mesmo abaixo destes limites, o Limite de
Tolerância para sílica é ultrapassado. Abaixo de 7,5 %, as lesões
anatomopatológicas encontradas são mais características do restante da fração
respirável do que a própria sílica, constituindo-se quadro de
pneumoconiose por poeira mista.
Fração respirável é a fração de poeira resultante de uma determinada
atividade de trabalho que é veiculada pelo ar e tem o potencial de
penetração e de deposição no sistema respiratório humano.
Atividades de Risco de Silicose, PTC e PPM
 indústria extrativa: mineração subterrânea e de superfície
 beneficiamento de minerais: corte de pedras, britagem, moagem e
lapidação
 indústria de transformação: cerâmicas, fundições, vidros, abrasivos,
marmorarias, cortes e polimento de granito e cosméticos
 atividades mistas: protéticos, cavadores de poços, artistas plásticos,
jateadores de areia e borracheiros.
Os Fatores de Risco de Adoecimento podem ser classificados como:
 dependentes da exposição;
 concentração total de poeira respirável;
 dimensão das partículas;
 composição mineralógica da poeira respirável;
 tempo de exposição;
 dependentes da resposta orgânica individual;
 integridade do sistema de transporte mucociliar e das respostas
imunitárias;
 concomitância de outras doenças respiratórias;
 hiperreatividade brônquica;
 susceptibilidade individual
CCÁÁDDMMIIOO
Riscos e Efeitos Específicos Originados por Metais
A intoxicação aguda pelo cádmio pode ocasionar problemas pulmonares muito
graves. Na intoxicação crônica, além de pneumopatia, há alterações renais de
gravidade com proteinúria e anemia. O paciente apresenta também descoloração
do colo dos dentes e anosmia. Intoxicações crônicas causadas por longas
exposições a concentrações levemente superiores ao limite de tolerância
acumulam-se no córtex renal, altera a função tubular e reduz a reabsorção de
proteínas com o aparecimento de proteínas de baixo peso molecular com a beta-
2- microglobina. Com o agravamento da doença, haverá perda de aminoácidos,
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glicose e minerais pela urina. O aumento de excreção de fósforo e cálcio perturba
o metabolismo ósseo, favorecendo o aparecimento de calculose renal. Nos casos
mais graves ocorre osteomalácia.
É importante ressaltar que estas alterações renais são irreversíveis e tendem a
piorar, mesmo quando o trabalhador é afastado da exposição.
A exposição ao cádmio, em certas circunstâncias aumenta o risco de câncer de
próstata e do trato respiratório.
CROMO
Riscos e Efeitos Específicos Originados por Metais
Cromo tem importância nas operações de solda de aço inoxidável porque o
desprendimento de fumos nestes processos contém elevada proporção deste
elemento.
Existem registros de que a exposição ao cromo hexavalente (presente no aço
inoxidável) envolve risco de aumento da incidência de câncer de pulmão em
relação à população geral.
Os demais efeitos do cromo, como as dermatites, úlceras da pele e perfuração do
septo nasal, estão mais relacionadas com exposições a névoas ácidas das
operações de cromagem e não às operações de solda.
Riscos e Efeitos Originados por Agentes Químicos nos Processos de
Soldagem
Pneumopatias Relacionadas com a Solda
As doenças pulmonares ocupacionais crônicas são conseqüências do acúmulo de
fumos de solda nos pulmões. Este acúmulo pode ser visualizado através de
exame radiológico como áreas de densidade radiológica maior que as do pulmão
normal.
Alguns fumos ocasionam pneumopatias, como a pneumonia devida ao
manganês, a bronquite crônica ou pneumonia devida ao vanádio, a pneumonia
grave devida ao cádmio, etc.
Os fumos de solda não costumam ocasionar fibrose pulmonar como ocorre na
exposição à sílica cristalina, ao berílio, ao asbesto, ao talco e às diatomáceas.
Enfisema pulmonar crônico está ligado a exposições prolongadas ao ozônio,
óxidos de nitrogênio, cádmio e, eventualmente, outros agentes.
Óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre tem sido responsabilizados por bronquite
crônica.
Febre de Fumos Metálicos
É uma reação febril do organismo à exposição de certos fumos, principalmente de
zinco, mas também podendo ocorrer com outros fumos como de magnésio,
níquel, cádmio (na fase inicial), polímeros, cobre, etc.
Após o episódio da febre, o trabalhador adquire tolerância aos fumos, mas perde-
a rapidamente quando cessa a exposição. Por este motivo, a febre de fumos
costuma ocorrer com trabalhadores que não tiveram exposição prévia, ou quando
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retornam à exposição após alguns dias de afastamento, como por exemplo, após
as férias.
O diagnóstico de febre dos fumos metálicos é habitualmente confundido com
episódios gripais e, por isso, raramente identificado.
CCHHUUMMBBOO
Nas exposições usuais de solda de indústria, a exposição ao chumbo não é muito
freqüente, com exceção da indústria eletroeletrônica. Mas é oportuno não
esquecer que há chapas de aço revestidas de chumbo. Este metal também
participa da constituição de ligas como bronze e, eventualmente, latão.
A intoxicação crônica pelo chumbo é, provavelmente a patologia mais conhecida
e estudada.
O chumbo causa vasoconstrição periférica e alterações no sangue e na medula
óssea com graves perturbações na hematopoese, devido à ação do chumbo
sobre o sistema enzimático formador da hemoglobina.
Os principais sintomas são: redução da capacidade física, fadiga precoce,
alterações do sono, mialgias, especialmente na região gemelar, sensação de
desconforto abdominal, inapetência, emagrecimento, impotência sexual, etc.
No exame físico, é comum encontrar-se mucosas descoradas, palidez da pele,
orla azulada nas gengivas e dor à palpação abdominal.
Posteriormente, os sintomas digestivos pioram com o aparecimento de cólicas
intestinais de grande intensidade, que podem simular abdômen agudo cirúrgico,
notadamente.
Quando não controlada, a intoxicação evolui para alterações do sistema nervoso.
Quando afeta os nervos periféricos ocasiona paralisia muscular evidenciada
através do sinal da "queda de mão" e sendo a paralisia do nervo radial muito
característica desta situação. O mesmo pode ocorrer com a inervação dos
músculos palpebrais, impossibilitando a abertura completa dos olhos. Embora
rara, pode ocorrer uma encefalite causada pelo metal, com cefaléia, convulsões,
delírio e coma, chegando a evoluir para óbito. Resta ainda mencionar que em
intoxicações antigas é freqüente observar-se hipertensão arterial associada com
arteriosclerose e esclerose renal.
O controle médico é feito através de exames laboratoriais como a dosagem de
chumbo no sangue ou na urina e das alterações metabólicas no mecanismo
formador da hemoglobina, medida da condutividade nervosa etc.
O tratamento, em geral, permite a cura completa e sem seqüelas. Para isto basta,
na maioria dos casos, o simples afastamento da exposição ou do trabalho.
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Possíveis Riscos dos Produtos Químicos
Produto Uso Riscos para a Saúde
Principais Sintomas e
Conseqüências Prováveis a partir
da Contaminação
Antimônio
Empregado nas
ligas com chumbo,
fabricação de
baterias, graxeiras,
metais para
imprensa,
soldagens,
fabricação de tintas,
etc.
Encontra-se associado
com o chumbo e o
arsênico. Seus compostos
podem irritar olhos, pele e
mucosas das vias
respiratórias. Pós e fumos
podem provocar lesões nos
pulmões.
Sabor metálico. Dores de estômago
ou complicações intestinais.
Vômitos, diarreia, irritabilidade, fadiga,
vertigens e dores musculares.
Redução dos glóbulos brancos.
Lesões nos músculos cardíacos.
Chumbo
Usado em reforma
de
baterias na
construção, em
tintas, vernizes,
tubulações, metal
de imprensa,
munições,
fabricação de
automóveis, latas
pesticidas e
inseticidas.
Penetra no organismo
por inalação e ingestão.
Pode provocar lesões
nos rins e no fígado.
Alguns compostos podem
provocar câncer.
Demência, fadiga, cólicas intestinais,
cefaleia, visão dupla, alteração de
conduta, anemia, degeneração dos
rins e fígado e depressão do SNC -
Sistema Nervoso Central. Seus
compostos orgânicos podem
provocar lesões cerebrais, alterações
mentais, ansiedade, delírio e morte.
Mercúrio
Usado na fabricação
de termômetros,
barômetros, bombas
de vácuo contatos
elétricos e na
extração de ouro e
por dentistas.
0 mercúrio acumula-se nos
rins, fígado, baço e ossos,
0 envenenamento provoca
inchaço das glândulas
salivares e pode resultar
em queda dos dentes e
úlceras na boca e nas
gengivas.
Náuseas, Vômitos, diarréia, cefaléia,
dores abdominais, tremores,
convulsões, espasmos musculares e
alteração de conduta, nervosismo,
irritabilidade, ansiedade e depressão.
Zinco
Usado na fabricação
de baterias, pilhas,
ligas de latão,
bronze e
galvanização.
Os fumos provocam a febre
dos metalúrgicos (calafrio,
febre alta e secura na
boca). Seus compostos
prejudicam os olhos, a pele
e as mucosas.
Dermatite, irritações digestivas
provocando náuseas e vômitos.
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Produto Uso Riscos para a Saúde
Principais Sintomas e
Conseqüências Prováveis
a partir da Contaminação
Alumínio
Usado na construção,
indústrias aeronáutica e
automobilística, fabricação
de papel de alumínio.
Usado também, como
pigmento em algumas
pinturas e ligas como a de
alumínio.
Oferece risco sob a forma de pó,
na produção industrial de
raspantes e no uso de lixas e
rebolos.
0 pó pode provocar irritação nos
olhos, enfisema ou fibrose
pulmonar.
Acetileno
Gás básico no processo
de solda e corte de metais.
Transforma-se em narcótico
quando se mistura com o
oxigênio,provocando sonolência e
perda dos sentidos.
Vertigens, cefaleia, indisposição
estomacal e dificuldades
respiratórias.
Ácido Nítrico
Usado na dissolução e
tratamento de minérios
metálicos.
É tóxico para a pele, os olhos e a
mucosa das vias respiratórias.
Pode produzir edema pulmonar.
Irritação das mucosas (nariz,
garganta e olhos), opressão
toráxica, angústia, respiração
agitada, náuseas, vertigens,
salivação, sensação de fadiga
muscular e bronquite.
Ácido
Sulfúrico
Usado como dissolvente na
degradação de certos
minérios. Forma-se
espontaneamente no
tratamento do minério de
enxofre.
Provoca irritação do sistema
respiratório. Quando diluído pode
causar dermatite e lesões nos
pulmões. Seus vapores são
corrosivos para a pele e os olhos.
Tosse, pneumonia química e erosão
dentes, náusea, vômitos e dores
abdominais.
Cloro
Usado na extração de
alguns minérios na
eletrólise de alguns
metais. É liberado nos
gases de explosão e de
fusão.
Irrita os olhos, a pele e
as mucosas das vias
respiratórias.
Causa sensação de picadas, ardor
e congestão nos olhos e na pele e
hipertensão. Em altas doses pode
causar colapso respiratório.
Cádmio
Usado na galvanização
de outros metais para
evitar corrosão. Facilita o
processo de solda. É
usado em algumas
peças de motores,
baterias de cádmio, níquel,
foguetes, mísseis e aviões.
Os fumos podem causar
envenenamento.
Febre alta, queimação na garganta,
tosse, náuseas, opressão no peito,
vômito, dor de cabeça e cianose
(coloração azulada por deficiência
de oxigênio no sangue).
Metanol
0 metarnol (álcool
metílico) é um álcool
retirado da madeira e do
gás natural. Também é
chamado de carbinol ou
álcool de madeira. Usado
como combustível de
veículos.
Os efeitos no organismo ocorrem
pela contaminação através da
respiração, ingestão e contato
com
a pele. Se ingerido, pode
provocar cegueira e ser fatal.
Distúrbios visuais, vertigens, dor de
cabeça, perturbações digestivas,
irritaçâo nas mucosas do nariz.
0 contato com os olhos pode produz
irirritação, lacrimejamento, sensação
de queimação e cegueira. 0
contato com a pele pode causar
dermatose.
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2. AGENTES FÍSICOS
RUÍDO
Conceitos e parâmetros básicos
a) Som
O som é qualquer vibração ou conjunto de vibração ou ondas mecânicas que
podem ser ouvidas. Na higiene ocupacional, costuma-se denominar barulho como
todo o som indesejável; o barulho e o ruído são interpretações subjetivas e
desagradáveis de um som.
Para a vibração ser ouvida, é necessário que a freqüência do som situe-se entre
16 a 20.000 Hz, e a variação de pressão sonora provocada pela vibração atinja o
limiar de audibilidade (2 x IO-5
N/m2
).
b) Ruído
Do ponto de vista de Higiene do Trabalho:
"O ruído é o fenômeno físico vibratório com características indefinidas de
variações de pressão (no caso ar) em função da freqüência, isto é, para uma
dada freqüência podem existir, em forma aleatória através do tempo, variações de
diferentes pressões."
Essa é uma situação real e freqüente, daí se utilizar a expressão ruído, "mas que
não necessariamente significa sensação subjetiva do barulho". Ex.: choro da
criança.
c) Nível de pressão sonora — Decibel
O nível de pressão sonora determina a intensidade do som e representa a relação
do logaritmo entre a variação da pressão (P) provocada pela vibração e a pressão
que atinge o limiar de audibilidade. Por meio de pesquisas realizadas com
pessoas jovens, sem problemas auditivos, foi revelado que o limiar de
audibilidade é de 2 x 10-5
N/m2
ou 0,00002 N/m2
. Desse modo, convencionou-se
este valor como sendo O (zero) dB, ou seja, o nível de pressão de referência
utilizado pêlos fabricantes dos medidores de nível de pressão sonora. Quando a
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pressão sonora atinge o valor de 200 N/m2
, a pessoa exposta começa a sentir dor
no ouvido (limiar da dor), sendo este valor correspondente a 140 dB.
A determinação do nível de pressão sonora é feita através de uma relação
logarítmica, conforme a equação a seguir:
NPS = 10 log P2
/ P02
Onde: P é a raiz média quadrática (rms) das variações dos valores instantâneos
da pressão sonora.
P0 = Pressão de referência que corresponde ao limiar de audibilidade (2 x 10-5
N/m2
).
Se for aplicada à fórmula o valor de 2 x 10-3
N/m2
(constante) ela poderá também
ser expressa da seguinte maneira:
nps= 20 log p + 94
d) Freqüência do som
A freqüência do som corresponde ao número de vibrações na unidade de tempo.
Assim, uma vibração completa ou ciclo sobre seu tempo de duração, por
exemplo, de 0,01 segundo é igual a:
F = 1 ciclo ou vibração completa = 100 ciclos ou Hertz
0,01 segundo segundo
e) Nível de intensidade sonora e nível de potência sonora
Além do nível de pressão sonora, outros parâmetros como o nível de intensidade
e potência sonora são utilizados em acústica para especificar o ruído de
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equipamentos, cálculos de isolamento, e estimativa de ruído que uma fonte
produz a uma determinada distância.
O nível de intensidade sonora, também expresso em dB, é igual a NIS =10 log l /
In, onde l = a intensidade sonora em um ponto específico e a quantidade média
de energia sonora transmitida através de uma unidade de área perpendicular à
direção de propagação do som. O nível de intensidade sonora expresso em dB é
igual a:
IØ= Intensidade de referência igual a 10-12
Watt/m2
Já o nível de potência sonora, também expresso em dB, é igual a:
NWS= 10 log W / WØ
Onde:
W = Potência sonora da fonte em watts e representa a quantidade de energia
acústica produzida por uma fonte sonora por unidade de tempo.
WØ = Potência sonora de referência igual a 10-12
watts.
f) Nível de decibel compensado ou ponderado
O ouvido humano responde de forma diferente nas diversas freqüências, portanto,
ouvir um som em 3000 Hz a sensação é diferente de ouvi-lo a 500 Hz. Desse
modo, com base em estudos de nível de audibilidade, foram desenvolvidas as
curvas de decibéis compensados ou ponderações nas freqüências A, B, C e D, de
forma que simulem a resposta do ouvido. Estas curvas de compensação foram
padronizadas internacionalmente e introduzidas nos circuitos elétricos dos
medidores de nível de pressão sonora. A figura que se segue mostra as curvas de
compensação:
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Pelo gráfico, observa-se que um som de 100 dB emitido numa freqüência de 50
Hz, quando compensado pelas curvas, fornecerá as seguintes leituras no medidor
de nível de pressão sonora:
Curva ―A‖ – 70 dB
Curva ―B‖ – 82,0 dB
Curva ―C‖ – 99 dB
Curva ―D‖ – 86,0 dB
As normas internacionais e o Ministério do Trabalho adotaram a curva de
compensação ―A‖ para medições de níveis de ruído contínuo e intermitente,
devido à sua maior aproximação à resposta do ouvido humano.
O circuito "A" aproxima-se das curvas de igual audibilidade para baixos Níveis de
Pressão Sonora; o circuito "B" para médios Níveis de Pressão Sonora; e o circuito
"C" para Níveis de Pressão Sonora mais altos. Hoje, entretanto, somente o
circuito "A" é largamente usado, uma vez que os circuitos "B" e "C" não tiveram
boa correlação em testes subjetivos. Uma curva especializada, a compensação
"D", foi padronizada para medições em aeroporto.
g) Incremento de duplicação da dose
O incremento em decibéis é quando o acréscimo a um determinado nível implica
a duplicação da dose de exposição ou redução pela metade do tempo máximo de
exposição (NHO - 01 — Fundacentro). Exemplo: Na NR-15, Anexo l, o incremento
de duplicação é igual a 5 (cinco).
h) Dose equivalente de ruído ou efeitos combinados
Quando a exposição ao ruído é composta de dois ou mais períodos de exposição
de diferentes níveis, devem ser considerados seus efeitos combinados, ao invés
dos efeitos individuais (NR-15, Anexo l, item c). Este efeito combinado ou dose
equivalente é calculado através da soma das seguintes frações:
C1 / T1 + C2 / T2 + C3 / T3 ... Cn / Tn
Onde:
Cn = Tempo total de exposição a um nível específico.
Tn = É a duração total permitida a esse nível, conforme limites estabelecidos no
Anexo l da NR-15.
O resultado obtido não pode exceder a 1 (um).
Os efeitos combinados podem ser obtidos com maior precisão utilizando-se o
audiodosímetro, o qual indica a dose em percentual, assim, o limite será excedido
quando esta for superior a 100%.
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
____________________________________________________________
42
A dose ou efeito combinado pode ser obtida também com o medidor de NPS.
Entretanto, neste caso, o procedimento é bem trabalhoso, pois é necessário
estimar ou cronometrar com exatidão os tempos de exposição a cada nível.
i) Nível equivalente de ruído
Com base na dose, obtém-se o nível equivalente de ruído. Este nível apresenta a
exposição ocupacional do ruído durante o tempo de medição e representa a
integração dos diversos níveis instantâneos de ruído ocorridos nesse período. A
NR-15 considera o incremento de duplicação igual a 5 (q = 5), isto é, a cada
incremento de 5 dB no nível equivalente, dobra a equivalência de energia e,
conseqüentemente, o risco de dano auditivo. Assim, a equação que representa o
critério adotado pela NR-15 é a seguinte:
Leq = 100 + 16,61 x log D/T
Onde:
D = Dose equivalente em fração decimal, ou seja, o valor obtido no
audiodosímetro deve ser dividido por 100.
T = Tempo de medição.
LEQ = Nível equivalente de ruído.
Ruído contínuo e intermitente
Segundo a NR-15 da Portaria n. 3.214 e a norma da Fundacentro, o ruído
contínuo ou intermitente é aquele não classificado como impacto. Do ponto de
vista técnico, ruído contínuo é aquele cujo NPS varia 3 dB durante um período
longo (mais de 15 minutos) de observação. Exemplo:
o ruído dentro de uma tecelagem. Já o ruído intermitente é aquele cujo NPS varia
de até 3 dB em períodos curtos (menor que 15 minutos e superior a 0,2
segundos). Entretanto, as normas não diferenciam o ruído contínuo ou
intermitente para fins de avaliação quantitativa desse agente.
l) Ruído de impacto ou impulsivo
A NR-15, Anexo II, da Portaria n. 3.214 define ruído de impacto como picos de
energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1
(um) segundo.
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
____________________________________________________________
43
Quando se utiliza a instrumentação específica pela norma ANSI S1.4, S1.25 ou
IEC 804, o ruído impulsivo ou de impacto é automaticamente incluído na medição.
A única exigência é que a faixa de medição seja de 80 a 140 dB(A), e que a faixa
de detecção de pulso seja de, no mínimo, 63 dB(A). Não deve ser permitida
nenhuma exposição para ouvidos desprotegidos a níveis de pico acima de 140
dB, medidos no circuito de compensação C. Se a instrumentação não permite a
medição de pico no circuito C, uma medição linear com o nível de pico abaixo de
140 dB pode ser usada para implicar que o nível de pico ponderado no circuito C
está abaixo de 140 dB.
m) Espectro sonoro
A faixa audível de freqüência situa-se entre 16 e 2000 Hz, sendo inúmeras as
possibilidades de distribuição da energia sonora na referida faixa. Daí a
necessidade de se avaliar as freqüências em certos tipos de avaliação de ruído. A
análise desta distribuição de nível de pressão sonora na faixa de freqüência é
muito importante para determinar a nocividade do ruído e os meios adequados de
controle.
Para realizar a análise de freqüência, a faixa audível pode ser dividida em bandas
de oitava, terça de oitava e meia oitava, faixa de percentagem, faixa de largura
constante, entre outras, sendo a banda de oitava a mais usada na higiene
ocupacional.
Efeitos do ruído sobre o organismo
O ruído contribui para distúrbios gastrointestinais, distúrbios relacionados com o
sistema nervoso (por exemplo: irritabilidade, nervosismo, vertigens, etc.). Um
ruído intenso e súbito acelera o pulso, eleva a pressão arterial, contrai os vasos
sanguíneos, contrai os músculos do estômago, dentre outras alterações.
Há pessoas que se adaptam ao ruído, e aparentemente este não interfere na sua
habilidade manual e mental. Outras há, porém, que são extremamente sensíveis
a este agente, sofrendo alterações diversas em local muito ruidoso. O que ocorre
normalmente com aqueles que são extremamente sensíveis é que, após uma
fase inicial de adaptação ao ruído, durante a qual vários sintomas se fazem sentir,
não sofrem mais alterações de ordem geral no organismo.
Quanto ao ruído na comunidade, é altamente indesejável, principalmente em
zonas residenciais, junto a escolas, clínicas, etc. Um dos aspectos é a sua
interferência com o sono, pois um repouso tranquilo é necessário para o bem-
estar físico e mental.
HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho
____________________________________________________________
44
Efeitos do ruído sobre o aparelho auditivo
a) Ruptura do tímpano
Pode ocorrer a ruptura do tímpano por deslocamento de ar muito forte, como o
resultante de uma explosão, ou outros ruídos de impacto violento. A ruptura desta
membrana que separa o ouvido externo do ouvido médio é por causa da variação
brusca e relativamente acentuada de pressão. É geralmente reversível, pois o
tímpano, na maioria dos casos, cicatriza-se normalmente. A situação pode tornar-
se mais grave se houver complicações, como, por exemplo, infecção no ouvido
médio.
Quanto aos níveis que causam ruptura do tímpano, não existe um limite exalo,
pois a susceptibilidade individual é fator importante. Na maioria dos casos, níveis
de 120 dB causam uma sensação de extremo desconforto; a 130 dB há sensação
de prurido no ouvido com início de dor; e a 140 dB há distinta sensação de dor
nos ouvidos. Daí em diante pode ocorrer ruptura do tímpano, muito provável a
150 ou 160 dB. Têm havido casos raros de deslocamento dos ossículos do ouvido
médio como resultado de explosões violentas.
b) Perda de audição por trauma sonoro
A perda de audição, resultante de exposição a níveis elevados de ruído, ou seja,
por trauma sonoro, pode ser temporária ou permanente.
Quando a diminuição da capacidade auditiva ou hipoacusia for temporária, o
indivíduo gradualmente recupera sua audição. O mecanismo da surdez
temporária não é bem conhecido, é como uma fadiga auditiva. Um nível de ruído
que causa alterações na capacidade auditiva deve ser considerado como uma
possível ameaça de surdez profissional.
A surdez permanente por trauma sonoro ocorre pela destruição das células
sensoriais do órgão de corti, sendo, portanto, uma surdez de percepção.
Essa perda de audição, que é irreversível, pode atingir proporções tais que
incapacitem o indivíduo para a comunicação oral.
Pode ocorrer que um trauma violento, como o resultado de uma explosão, cause
destruição imediata das células ciliadas do órgão de corti o que, no entanto, é
extremamente raro. O mais frequente é um processo gradativo. As perdas de
audição por trauma sonoro caracterizam-se por iniciarem na faixa de frequência
entre 3000 cps e 6000 cps, mais frequentemente 4000 cps. O início de um
processo de surdez profissional pode ser constatado por meio de um exame
audiomé-trico; a perda de audição ao redor de 4000 cps aparece no audiogra-ma
com um formato característico, por isso sua denominação de "gota acústica".
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  • 1. Praça Expedicionário Assunção, 168 – Bairro Centro Nova Lima – MG – CEP: 34.000-000 Telefone: (31) 3541-2666 HHIIGGIIEENNEE OOCCUUPPAACCIIOONNAALL SENAI – ―Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial‖ Centro de Formação Profissional ―AFONSO GRECO‖
  • 2. Presidente da FIEMG Olavo Machado Gestor do SENAI Petrônio Machado Zica Diretor Regional do SENAI e Superintendente de Conhecimento e Tecnologia Lúcio Sampaio Gerente de Educação e Tecnologia Edmar Fernando de Alcântara Elaboração Equipe do CFP MM – SENAI / SABARÁ Unidade Operacional CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL MICHEL MICHELS
  • 3. SSuummáárriioo APRESENTAÇÃO............................................................................................................04 INTRODUÇÃO A HIGIENE OCUPACIONAL...................................................................05 RISCOS QUÍMICOS..........................................................................................................11 RISCOS FÍSICOS..............................................................................................................36 RISCOS BIOLÓGICOS.....................................................................................................81 RISCOS ERGONÔMICOS................................................................................................82 RISCOS DE ACIDENTES.................................................................................................90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 90
  • 4. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ Apresentação ―Muda a forma de trabalhar, agir, sentir, pensar na chamada sociedade do conhecimento. ― Peter Drucker O ingresso na sociedade da informação exige mudanças profundas em todos os perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produção, coleta, disseminação e uso da informação. O SENAI, maior rede privada de educação profissional do país,sabe disso , e ,consciente do seu papel formativo , educa o trabalhador sob a égide do conceito da competência:” formar o profissional com responsabilidade no processo produtivo, com iniciativa na resolução de problemas, com conhecimentos técnicos aprofundados, flexibilidade e criatividade, empreendedorismo e consciência da necessidade de educação continuada.‖ Vivemos numa sociedade da informação. O conhecimento , na sua área tecnológica, amplia-se e se multiplica a cada dia. Uma constante atualização se faz necessária. Para o SENAI, cuidar do seu acervo bibliográfico, da sua infovia, da conexão de suas escolas à rede mundial de informações – internet- é tão importante quanto zelar pela produção de material didático. Isto porque, nos embates diários,instrutores e alunos , nas diversas oficinas e laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, contidas nos materiais didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos. O SENAI deseja , por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua curiosidade, responder às suas demandas de informações e construir links entre os diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continuada ! Gerência de Educação e Tecnologia
  • 5. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 1 HIGIENE OCUPACIONAL Introdução O desenvolvimento tecnológico da humanidade, além de trazer enormes benefícios e conforto para o homem do século XX, tem exposto o trabalhador a diversos agentes potencialmente nocivos e que, sob certas condições poderão provocar doenças ou desajustes no organismo das pessoas que desenvolvem suas atividades normais em variados locais de trabalho. A Higiene Ocupacional, estruturada como uma ciência prevencionista, vem sendo aperfeiçoada dia a dia e tem como objetivo fundamental atuar no ambiente de trabalho, a fim de detectar o tipo de agente prejudicial, quantificar sua intensidade ou concentração e tomar as medidas de controle necessárias para resguardar a saúde e o conforto dos trabalhadores durante toda sua vida de trabalho. Dentre as definições conhecidas e mais amplamente difundidas, podemos citar:  A definição dada pela American Industrial Hygiene Association – AIHA, segundo a qual a higiene ocupacional é ―ciência que trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente‖.  De acordo com o conceito preconizado por Olishifski, a higiene ocupacional é tida como ―aquela ciência e arte devotada à antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos fatores de risco ou estresses ambientais originados no, ou a partir, do local de trabalho, os quais podem causar doenças, prejudicar a saúde e o bem-estar, ou causar significante desconforto sobre os trabalhadores ou entre os cidadãos de uma comunidade‖.  A definição da American Conference Of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH: ―ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de fatores ou tensões ambientais originados do, ou no, local de trabalho e que podem causar doenças, prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e ineficiência significativos entre os trabalhadores ou entre os cidadão da comunidade.‖ O termo higiene ocupacional, que abrange a modalidade industrial, é considerado o mais amplo pelos órgãos especializados, incluindo a Fundacentro, razão pela qual sua utilização tem sido preferida. No entanto, a nosso ver, o termo higiene do trabalho poderá ser igualmente aplicado, pois contempla – além do trabalho subordinado (empregos) – os trabalhos autônomo, avulso, estatuário, etc. A higiene ocupacional é a ciência que atua no campo da saúde ocupacional, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos físicos, químicos e biológicos originados nos locais de trabalho e passíveis de produzir
  • 6. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 2 danos à saúde dos trabalhadores, observando-se também o impacto ao meio ambiente. Os riscos físicos são: ruído, calor, vibração, radiação ionizante, radiação não ionizante, frio. Os agentes químicos são: gases, vapores, poeira, fumos, névoas, neblinas. Os agentes biológicos são: bactérias, fungos, vírus, protozoários, e parasitas. Classificação de riscos ambientais Boa parte dos processos de produção pelos quais o homem modifica os materiais extraídos da natureza, para transformá-los em produtos úteis, segundo as necessidades tecnológicas atuais, são capazes de dispersar no ambiente dos locais de trabalho substancias que, ao entrar em contato com o organismo dos trabalhadores podem acarretar moléstias ou danos à sua saúde. Estes processos poderão originar condições físicas de intensidade inadequada para o organismo humano, sendo que ambos os riscos (Físicos e Químicos) são geralmente de caráter acumulativo e chegam às vezes a produzir graves danos aos trabalhadores. O ser humano é composto por um organismo complexo e seu bem estar não esta ligado somente às condições físicas ambientais e ou presença de agentes agressivos, deve-se compreender a importância da influencia da organização do trabalho sobre o trabalhador, sendo também um fator muitas vezes não facilmente quantificável, mas de grande importância. Para facilitar o estudo dos riscos ambientais podemos classificá-los em cinco grupos: Riscos Químicos Riscos Físicos Riscos Biológicos E também: Riscos ergonômicos e Riscos de acidentes ou mecânicos existentes nos locais de trabalho e que possam vir a causar danos à saúde dos trabalhadores. Por sua vez, cada um destes grupos subdivide-se quer em função das formas em que se apresentam, ou devido às características físico-químicas dos agentes, de acordo com as conseqüências fisiológicas que estes podem provocar, segundo sua ação sobre o organismo, etc. Riscos Químicos As substâncias ou produtos químicos que podem contaminar um ambiente de trabalho classificam-se, segundo as suas características físico-químicas em: Aerodispersóides Gases e Vapores
  • 7. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 3 Ambos os grupos comportam-se de maneira diferente, tanto no que diz respeito ao período de permanência no ar, quanto as possibilidade de ingresso no organismo. Por sua vez, os aerodispersóides podem ser sólidos ou líquidos, atendendo ao seguinte esquema geral de classificação: Os aerodispersóides sólidos e líquidos são classificados em relação ao tamanho da partícula e à sua forma de origem. São poeiras e névoas os aerodispersóides originados por ruptura mecânica de sólidos e líquidos respectivamente, e fumos e neblinas aqueles formados por condensação ou oxidação de vapores, provenientes, respectivamente, de substâncias sólidas ou líquidas a temperatura e pressão normal (20º C e 1 atmosfera de pressão). Riscos Físicos Ordinariamente, os riscos físicos representam um intercâmbio brusco de energia entre o organismo e o ambiente, em quantidade maior de que o organismo é capaz de suportar, podendo acarretar uma doença profissional. Entre os mais importantes podemos citar: Temperaturas extremas: Calor Frio Ruído Vibrações Pressões anormais Radiações: Ionizantes Não ionizantes RISCOS QUIMICOS GASES E VAPORES AERODISPERSÓIDES SÓLIDOS LÍQUIDOS NÉVOAS NEBLINAS POEIRAS FUMOS
  • 8. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 4 Riscos Biológicos Neste grupo, estão classificados os riscos que representam os organismos vivos, tais como: Vírus Bactérias Fungos Protozoários Parasitas Riscos Ergonômicos São os fatores que podem afetar a integridade física ou mental do trabalhador devido a sua interação com o seu ambiente de trabalho, podendo ocasionar desconforto ou doença. São considerados riscos ergonômicos: Esforço físico intenso Levantamento e transporte manual de peso Exigência de postura inadequada Controle rígido de produtividade Imposição de ritmos excessivos Trabalho em turno e noturno Fornadas de trabalho prolongadas Monotonia e repetitividade Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico Riscos de Acidentes São todos os fatores que colocam em perigo o trabalhador ou afetam sua integridade física. São considerados como riscos geradores de acidentes: Arranjo físico inadequado Máquinas e equipamentos sem proteção Ferramentas inadequadas ou defeituosas Iluminação inadequada Eletricidade Probabilidade de incêndio ou explosão Animais peçonhentos Armazenamento inadequado Outras situações que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes
  • 9. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 5 Caracterização dos riscos De tudo quanto se tem exposto, podemos concluir que a presença de poluentes e agentes agressivos nos locais de trabalho representam um risco, mas isto não quer dizer que todos os trabalhadores expostos venham a adquirir uma doença. Para que isto aconteça devem concorrer vários fatores, que são: Tempo de exposição Quanto maior o tempo de exposição, maiores as possibilidades de se produzir uma doença ocupacional. Concentração ou Intensidade dos agentes ambientais (―Quantidade‖) Quanto maior a concentração ou intensidade dos agentes agressivos presentes no ambiente de trabalho, tanto maior será a possibilidade de danos à saúde dos trabalhadores expostos. Características dos agentes ambientais (―Qualidade‖) As características específicas de cada agente também contribuem para a definição do seu potencial de agressividade. O estudo do ambiente de trabalho visando a estabelecer qualquer relação entre esse ambiente e possíveis danos à saúde dos trabalhadores que devem efetuar seus serviços normais nesses locais, constitui o que chamamos, um levantamento de condições ambientais de trabalho. O levantamento pode se dividir em duas partes: Estudo Qualitativo Estudo Quantitativo O estudo qualitativo das condições de trabalho visa coletar o maior numero de informações e dados necessários, a fim de fixar as diretrizes a serem seguidas no levantamento quantitativo. O estudo quantitativo completará o reconhecimento preliminar dos ambientes de trabalho, através de medições adequadas, que no final nos dirão quais as possibilidades de os trabalhadores serem afetados pelos diferentes agentes agressivos presentes nos locais de trabalho. Levantamento qualitativo Normas gerais de procedimento Deve-se iniciar o reconhecimento qualitativo do ambiente de trabalho, preferencialmente, fazendo um estudo minucioso de uma planta baixa atualizada do assim como um fluxograma dos processos, a fim de estabelecer a forma
  • 10. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 6 correta de proceder o levantamento: saber o que fazer e como fazer, nos diferentes locais de trabalho. O estudo qualitativo deve dar informação detalhada de aspectos, tais como: Número de trabalhadores; Horários de trabalho; Matérias-primas usadas, incluindo nome comercial e nome científico de substâncias; Maquinarias e processos; Tipos de energia usada para a transformação de materiais; Produtos semi-elaborados; Produtos acabados; Substâncias complementares usadas nos processos; Existência ou não de equipamentos de controle, tais como: ventilação local, estado em que se encontram, etc.; Tipo de iluminação e estado das luminárias; Presença de poeiras, fumos, névoas e ponto de origem da dispersão; Uso de EPI por parte dos trabalhadores; Estas informações devem ser acrescidas de comentários por escrito, que permitam esclarecer a situação real do ambientes de trabalho. O Técnico em segurança deve estar familiarizado com os processos industriais, métodos de trabalho e demais atividades que são efetuadas normalmente no local, ou estar assessorado por profissional que esteja, afim de obter dados fidedignos e esclarecer as dúvidas que possam surgir durante o levantamento. Para maior facilidade na coleta da informação podem ser utilizadas fichas padronizadas que tenham condições de reunir as informações mais importantes e necessárias. Não existe um modelo único para fichas deste tipo, já que seu formato, tamanho, bem como os parâmetros das mesmas podem variar em função do tipo de empresa e dos objetivos e finalidades do levantamento. Portanto o técnico deve elaborar seu próprio material auxiliar, tendo em vista que tais formulários sejam simples e completos, para que representem um poderoso instrumento, que venha facilitar o levantamento e nunca interferir negativamente em sua qualidade. Levantamento quantitativo Uma vez realizado o levantamento qualitativo, o profissional de segurança já reúne as condições necessárias para traçar os rumos a serem seguidos no levantamento quantitativo. Este, por sua vez, deve ser minucioso e completo para que represente as condições reais em que se encontra o ambiente de trabalho. Deve-se, portanto, verificar a intensidade ou concentração dos agentes físicos e químicos existentes no local analisado. Desta forma são colhidos subsídios para definir as medidas de controle necessárias. Uma vez adotadas as medidas de controle que alterem as condições de exposição inicialmente avaliadas, será necessário um novo levantamento quantitativo para se verificar a eficácia das medidas implantadas. Sempre que alterações substanciais sejam realizadas no ambiente de trabalho, deverão ser realizadas novas quantificações, a fim de detectar possíveis
  • 11. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 7 alterações que exijam a adoção de novas medidas de controle ou a adequação das já existentes. Os critérios de avaliação e controle de cada agente serão estudados dentro dos itens específicos. Susceptibilidade Individual A complexidade do organismo humano implica em que a resposta do organismo a um determinado agente pode variar de individuo para individuo. Sendo, portanto, a susceptibilidade individual um fator importante a ser considerado. Todos estes fatores devem ser estudados, quando se apresenta um risco potencial de doença do trabalho e, na medida que este seja claramente estabelecido, poderemos planejar a implantação de medidas de controle que levarão à eliminação ou minimização do risco em estudo. O tempo real de exposição será determinado considerando-se a análise da tarefa desenvolvida pelo trabalhador. Essa análise deve incluir estudos, tais como: Tipo de serviço; Movimentos do trabalhador ao efetuar o seu serviço; Períodos de trabalho e descanso, considerando todas as variações desses durante a jornada de trabalho. A concentração dos poluentes químicos ou a intensidade dos agentes físicos devem ser avaliados mediante amostragem nos locais de trabalho, de tal maneira que essas amostragens sejam as mais representativas possíveis da exposição do trabalhador a esses agentes agressivos. Este estudo deve considerar também as características físico-químicas dos contaminantes e as características próprias que distinguem o tipo de risco físico. Junto a este estudo ambiental terá que ser feito o estudo médico do trabalhador exposto, a fim de determinar possíveis alterações no seu organismo provocadas pelos agentes agressivos ou que permitirão a instalação de danos mais importantes, se a exposição continuar.
  • 12. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 8 1. Agentes Químicos Considerações Iniciais Agentes ou fatores químicos são as substancias químicas que estão presentes no ambiente, geralmente em mistura ou com impurezas que podem causar algum dano ou agravo a saúde quando entram em contato com um receptor. Neste sentido amplo, o agente químico pode estar presente no alimento, no ar ambiente, na água, no equipamento ou no instrumento manuseado. Há um sem – numero de substancias químicas no universo, e vê, sendo introduzidas muitas outras a cada ano. A ação do ser humano não se reduz à produção de novos compostos. Ele é o maior responsável pela disseminação dos produtos no ambiente, por meio da extração, do transporte ou do comércio. Segundo a natureza, os agentes químicos classificam-se em aerossol (poeiras, névoas, neblinas, fumos), gases e vapores, podendo penetrar no organismo por via respiratória, dérmica, digestiva ou parenteral. Gases e Vapores Definições Gases Denominação dada as substancias que, em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760 mmHg), estão no estado gasoso. São fluidos amorfos que podem mudar de estado físico unicamente por uma combinação de pressão e temperatura. Exemplo: hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Vapores Fase gasosa de uma substancia que, a 25ºC e 760 mmHg, se torna líquida ou sólida. O vapor pode passar para o estado liquido ou sólido atuando-se sobre a pressão ou sobre sua temperatura. Exemplos: vapores de água, vapores de gasolina. Classificação Fisiológica dos Gases e Vapores Pelo ar inalam-se gases e vapores estranhos, muitos dos quais podem ser perigosos à saúde. Entretanto, esses efeitos variam segundo a substancia. As características físicas mais importantes para a determinação dos efeitos biológicos de um gás ou vapor são sua concentração no ar e sua solubilidade no sangue e tecidos, que determinará a sua absorção pelo organismo. Além disso, sua toxicidade e as vias e formas de penetração também influem nos efeitos à saúde.
  • 13. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 9 Os gases e vapores podem ser classificados, segundo a sua ação sobre o organismo humano, em três grupos: irritantes, anestésicos, asfixiantes. Se a substancia é enquadrada em um desses grupos, isso não implica que não possa também possuir características dos grupos. Essa classificação baseia-se no efeito mais importante, isto é, mais significativo sobre o organismo. Gases e Vapores Irritantes Existe uma grande variedade de gases e vapores classificados nesse grupo, os quais diferem suas propriedades físico-químicas, mas tem uma característica comum: produzem irritação nos tecidos com os quais entram em contato direto, tais como a pele, a conjuntiva ocular e as vias respiratórias. A intensidade da ação irritante depende da estrutura química da substancia, de sua concentração no ar e do tempo de exposição. A solubilidade é um fator importante a ser considerado, uma vez que determina o local de ação do tóxico no trato respiratório:  Irritantes altamente solúveis em água – atuam nas vias respiratórias superiores, sendo que o nariz e a garganta são os que sofrem mais com a sua ação: ácidos clorídrico e fluorídrico, amoníaco, nevoas alcalinas, etc.  Irritantes relativamente solúveis em água – atuam nas vias respiratórias superiores e pulmão: halogênios, ozônio, sulfatos de dietila e dimetila, etc.  Irritantes pouco solúveis em água – atuam no pulmão: óxido de nitrogênio, cloreto de arsênico, etc. Assim, os gases mais perigosos são aqueles que possuem baixa solubilidade e não tem odor. Ao gases e vapores irritantes dividem-se em: A) Irritantes primários São aqueles cuja ação sobre o organismo é somente de irritação sobre o local atingido, podendo subdividirem-se em: 1) Irritantes de ação sobre as vias respiratórias superiores Pertencem a esse grupo: - Ácidos fortes, tais como: ácido clorídrico ou muriático, ácido sulfúrico. - Álcalis fortes, tais como: amônia e soda cáustica. - Formaldeído. 2) Irritantes de ação sobre os brônquios Pertencem a esse grupo: - Anidrido sulfuroso e cloro.
  • 14. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 10 3) Irritantes sobre os pulmões Pertencem a esse grupo: - Ozona, gases nitrosos (principalmente NO2 e sua forma dímera N2O4). Esses gases são produzidos no arco elétrico (solda elétrica), por combustão de nitratos, no uso de explosivos e no uso industrial de ácido nítrico. - Fosgênio. - Gás incolor, originado da decomposição térmica de tetracloreto de carbono e outros derivados halogenados. 4) Irritantes atípicos Pertencem a esse grupo - Acroleína ou aldeído acrílico (gás liberado pelos motores diesel), gases lacrimogêneos. B) Irritantes secundários Essas substâncias, além de possuírem efeito irritante sobre o local de ação, tem atuação generalizada sobre o organismo. Uma exposição aguda a esse tipo de tóxico produzira edema pulmonar; pertence a esse grupo o gás sulfídrico (H2S). Gases e Vapores Anestésicos Uma propriedade comum entre eles é o efeito narcótico ou depressivo sobre o sistema nervoso central, fundamentalmente o cérebro. É importante ressaltar que essas substâncias são introduzidas em nosso organismo pela via respiratória, alcançando o pulmão, onde são transferidas para o sangue, que as distribuirá para o resto do corpo. Muitas delas também podem penetrar através da pele intacta, alcançando a corrente sanguínea. De acordo com sua ação sobre o organismo, os anestésicos podem ser divididos em: A) Anestésicos primários Pertencem a esse grupo: hidrocarbonetos alifáticos (butano, propano, etano, etc.), ésteres, aldeídos, cetonas. B) Anestésicos de efeito sobre as vísceras (fígado e rins) O fígado e os rins desempenham papel importante nos fenômenos de desintoxicação, seja pela geração de enzimas adequadas, seja com a eliminação por meio da úrica. Uma intoxicação superior a que o fígado é capaz de assumir pode levar a deterioração desse órgão pela cirrose ou mesmo necrose. Da mesma forma, os rins quando afetados podem apresentar necrose epitelial.
  • 15. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 11 Pertencem a esse grupo os hidrocarbonetos clorados, tais como: tetracloreto de carbono, tetracloroetano, tricloroetileno, percloroetilino. C) Anestésicos de ação sobre o sistema formador do sangue As substancias classificadas nesse grupo atuam modificando a hemoglobina em metahemoglobina, no caso da anilina, nitrito e toluidina. Mas a ação mais profunda no sistema hematopoiético é causada pelo benzeno, que pode levar a uma anemia irreversível. Os homólogos, tolueno e xileno, têm efeitos anestésicos similares aos do benzeno, mas possuem efeitos tóxicos consideravelmente menores. Pos essa razão são recomendados para substituir o benzeno, diminuindo assim o risco a que estão expostos os trabalhadores. D) Anestésicos de ação sobre o sistema nervoso Nesse grupo encontram-se os álcoois (metílico e etílico), ésteres de ácidos orgânicos, dissulfeto de carbono. Em geral, os álcoois são altamente solúveis em água, fato que determina a sua eliminação de forma lenta. No caso do álcool etílico, alenta eliminação é contrastada com a rápida oxidação dentro do ciclo de combustão dos açucares e raramente são inaladas quantidades suficientes para produzir anestesia. Gases e Vapores Asfixiantes A principal característica de um tóxico é impedir de alguma forma que o oxigênio atinja os tecidos, podendo os asfixiantes ser classificados em simples ou químicos. Os asfixiantes simples têm sua atuação fora do organismo, isto é, sua presença na atmosfera provoca o deslocamento do oxigênio, reduzindo a concentração desse gás no ambiente. Dentro dessa classe encontram-se o CO2, metano, propano, nitrogênio e butano. Por outro lado, os asfixiantes químicos impedem a entrada do oxigênio nos tecidos. O asfixiante químico mais conhecido é o monóxido de carbono, que tem uma afinidade química com a hemoglobina superior ao oxigênio, formando a carboxihemoglobina e impedindo o transporte de oxigênio. Além da classificação dos gases e vapores, segundo o seu efeito pela inalação, é importante que seja feita uma pequena exposição a respeito dos agentes químicos que tem a capacidade de penetrar a pele. Pertencem a esse grupo, principalmente, os solventes orgânicos, que, devido a sua larga utilização industrial, expõem inúmeros trabalhadores a seus efeitos, que incluem, dentre outros, a dermatite de contato por irritação. A ação de determinada substancia sobre a pele está diretamente relacionada com a sua solubilidade na água e gordura e na sua pressão de vapor, isto é, a sua habilidade em se dissolver na água ou em compostos orgânicos e em evaporar- se.
  • 16. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 12 Experimentos mostraram que solventes orgânicos são potencialmente irritantes químicos, induzindo ao aparecimento dermatite de contato por irritação quando em contato com a pele não protegida adequadamente. A capacidade irritante dos solventes adota a seguinte ordem: Aromático > Alifático > Clorados > Álcoois > Ésteres > Cetonas, devido principalmente a suas lipossolubilidades. O mecanismo de irritação dos solventes inicia-se pela interação destes com os lipídios da camada córnea e com o filme lipídico que recobre a pele. Os lipídios intracelulares da camada córnea são organizados em uma estrutura alternada de estratos lipofílicos e hidrofílicos. Com a inserção de pequenas moléculas de solvente nos estratos lipofílicos, há alteração da estrutura anteriormente organizada, resultando no aumento da difusão da água e, conseqüentemente, na desidratação da pele, causando nesta descamação e ressecamento. A repetida exposição da pele aos solventes poderá resultar em eritema, descamação e ressecamento, que poderão eventualmente evoluir para eczema. Usualmente as mão estão protegidas, mas a alta volatilidade dos solventes poderá permitir que a face e o pescoço, áreas descobertas, possam ser também atingidos. Diversos fatores influenciam na ação irritante dos solventes, principalmente o seu ponto de ebulição. Observa-se que os solventes, cujos pontos de ebulição. Observa-se que os solventes, cujos pontos de ebulição são mais baixos, são mais irritantes que aqueles de pontos de ebulição mais altos, e solventes com componentes aromáticos são mais irritantes que os alifáticos, por causa de suas diferentes propriedades de extração lipídica e/ou taxa de penetração na pele. Alguns poucos solventes, tais como estireno e álcoois, podem induzir à dermatite de contato alérgica, que independe da concentração do agente. Aerodispersóides Definições De forma ampla, o material particulado contaminado é todo aquele aerossol que se encontra em suspensão no ar e que pode ser nocivo à saúde. De acordo com sua formação, os particulados podem ser classificados como sólidos ou líquidos. Como particulados líquidos temos as névoas e neblinas, e como particulados sólidos, as poeiras (fibras) e os fumos. Classificação quanto á formação A) Poeira São partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de um sólido, seja pelo simples manuseio (limpeza de bancadas), seja em conseqüência de uma operação mecânica (trituração, moagem, peneiramento, polimento, dentre outras). Exemplos:Poeira de sílica, asbesto e carvão.
  • 17. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 13 B) Fumos São partículas sólidas resultantes da condensação de vapores ou reação química, geralmente após volatilização de metais fundidos. Exemplos: Fumos de Pb – ponteamento de arames; Fumos de Zn – galvanoplastia C) Névoas e Neblinas Névoas e neblinas são partículas liquidas, produzidas por ruptura mecânica de liquido ou por condensação de vapores de substancias que são líquidas à temperatura ambiente. Exemplo: Névoa de tinta – resultante de pintura à pistola D) Fibras São partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólidos que se diferenciam das poeiras porque têm forma alongada, com um comprimento de 3 a 5 vezes superior a seu diâmetro. Exemplos: Animal – lã, seda, pêlo de cabra e camelo Vegetal – algodão, linho, cânhamo Mineral – asbesto, vidro e cerâmica Deve-se salientar que essa classificação é apenas para facilitara compreensão, pois, do ponto de vista da Higiene, não é muito significativa a maneira como as partículas são originadas para fins de avaliação e controle. Classificação quanto ao efeito no organismo A classificação quanto ao tipo de dano que a poeira pode produzir no nosso organismo é a seguinte: Pneumoconiótica: Aquela que pode provocar algum tipo de pneumoconiose. Ex.: Silicose, asbestose, antracose, bissinose. Tóxica: Pode causar enfermidade tanto por inalação quanto por ingestão. Ex.: metais como chumbo, mercúrio, arsênico, cádmio, manganês, cromo, etc. Alérgica: Aquela que pode causar algum tipo de processo alérgico. Ex.: poeira de resina epóxi e algumas poeiras de madeira. Inerte: Produz enfermidades leves e reversíveis, causando geralmente bronquite, resfriados, etc.
  • 18. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 14 Tipos de particulados, Efeitos e Ocorrência no Ambiente de Trabalho Sílica A sílica é encontrada na natureza em abundancia, pois constitui a maior parte da crosta terrestre. Sua formula química é constituída por um átomo de silício e dois de oxigênio (SiO2). Esses átomos, por sua vez, unem-se a outros formando diversas estruturas cristalizadas, resultando em diferentes classes de sílicas cristalizadas. Desse modo, a sílica cristalizada pode apresentar-se em forma de quartzo, cristobalita, tridmita, amorfa. A nocividade das partículas de SiO2 é maior de acordo com a sua forma. A cristobalita e a tridmita possuem um maior potencial fibrogênico do que o quartzo. Já a sílica amorfa e a fundida são menos nocivas que as cristalizadas. De maneira geral, vários são sos fatores que influenciam na maior ou menor intensidade fibrogênica de determinado tipo de particulado, dentre os quais destacam-se:  Concentração de poeira inalada;  Sílica na poeira;  Forma cristalizada das partículas;  Tamanho das partículas;  Duração da exposição. O dano direto provocado pelo particulado é diretamente proporcional a concentração de particulado inalado e duração de exposição. A sílica é a substancia causadora da enfermidade (silicose) e, evidentemente, quanto maior o percentual de sílica, maior será a nocividade da poeira. Outro fator importante na ocorrência da silicose é o tamanho das partículas. As partículas maiores são selecionadas pelo sistema respiratório, enquanto as menores podem chegar aos alvéolos pulmonares. Ocorrência A exposição ocupacional a poeira contendo sílica ocorre em diversos ambientes de trabalho e ramos de atividade, tais como: mineração de ouro, ferro, extração de calcário, dentre outras. Nessas industrias, tanto na extração como no beneficiamento, há presença de particulados que podem conter sílica. Outros ramos de atividade em que há presença de poeira sílica: construção civil, fundição, industrial de refratários, siderúrgicas. Asbestos Recentemente houve um aumento dos estudos sobre as fibras de asbesto. De acordo com as últimas teorias sobre os mecanismos de dano dessas fibras, foi indicado que a causa é o formato da partícula, dependendo do qual podem ser
  • 19. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 15 encontradas propriedades cancerígenas. As fibras se classificam em naturais ou artificiais. Os perigos para a saúde relacionados como os asbestos encontram-se, na maioria das vezes, circunscritos ao aspecto da atividade profissional. A inalação das fibras de asbesto por pessoas submetidas a exposição prolongada e a concentrações relativamente elevadas pode provocar insuficiência respiratória, causando, até, mesmo um câncer bronquial ou um mesotela. Ocorrência A exposição às fibras de asbestos ocorre principalmente nas industrias de fabricação de telhas, chapas, caixas d’água e de amianto; na fabricação de guarnições de freio e embreagem, lonas de freios; na confecção de roupas protetoras apara bombeiros e pilotos de carro de corrida. Nas industrias de papelão, o amianto é usado como isolante térmico. Algodão A exposição á poeira de algodão produz uma enfermidade denominada bissinose. Os sintomas dessa doença são: dor no peito, tosse, dificuldade respiratória, dispnéia. Alem disso, a exposição a esse agente pode produzir também diminuição da força respiratória, bronquite, febre, alem de sintomas respiratórios freqüentes. A bissinose também é produzida por outros tipos de fibra, como o linho ou o cânhamo. A causa principal dessa doença esta associada à quantidade de poeira inalada e ao tempo de exposição. Há também, outras causas que influem, como a poluição atmosférica, hábito do tabaco e as afecções respiratórias. A bissinose é uma enfermidade difícil de detectar, pois não apresenta alterações radiográficas ou patológicas especificas. Ocorrência A exposição ocupacional à poeira de algodão ocorre mais freqüentemente na fabricação de tecidos. Nos setores de abertura, cardas e fiação a exposição é maior do que na tecelagem, revisão e expedição. Em outros ramos de atividade também pode ocorrer exposição, como, por exemplo, na industria de confecção. Caulim Segundo a ACGIH (American Conference of Governanmental Industrial Hygienists), a inalação de quantidade excessiva de poeira de caulim pode causar dano à pele e às mucosas, além de pneumoconiose. Desse modo, reduziu-se o limite de exposição para 2 mg/m3 . o NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) não modificou o limite de tolerância para a poeira de caulim. Já a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) pretende desenvolver no futuro um estudo mais aprofundado da toxicologia do caulim. Atualmente, esse órgão estabelece os limites de tolerância de 10 mg/m3 para poeira total e 5 mg/m3
  • 20. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 16 para poeira respirável. Esses limites estão baseados nos danos causados à pele e mucosas. Deve-se salientar ainda que os limites de exposição estabelecidos para o caulim são validos para poeira em suspensão que não contenha sílica livre cristalizada e/ou asbestos. Ocorrência A ocorrência de poeira de caulim acontece principalmente na mineração de caulim; tanto na extração quanto no beneficiamento. Madeira A poeira de madeira é definida como qualquer tipo de particulado em suspensão proveniente do manuseio da madeira. A madeira dura é derivada de espécies de árvores de folhas grossas, como, por exemplo, o carvalho e a faia. A exposição à poeira de madeira pode produzir diversos efeitos na saúde do ser humano, tais como dermatite, irritação, alergias respiratórias e câncer, segundo estudos baseados em evidencias epidemiológicas (ACGIH/1998). Ocorrência A exposição á poeira de madeira é mais acentuada na fabricação de móveis. As operações com serra circular, desengrosso, plaina, tupia e lixadeira são as fontes mais significantes. Nas industrias de reflorestamento e fabricação de celulose e na construção civil também pode ocorrer exposição a esse agente. Grãos (trigo, cevada) Os efeitos da inalação da poeira de grãos são conhecidos por vários séculos. Ramazzini, em 1713, descreveu os riscos respiratórios associados à exposição de cereais. Diversos estudos epidemiológicos feitos nas últimas décadas demonstraram que a exposição à poeira de grãos pode causar: ―febre do grão‖, chiado, dor no peito, tosse, bronquite, irritação nasal e nos olhos, além de sintomas de doenças respiratórias crônicas. Com relação aos limites de tolerância, estes são fixados pelos organismos internacionais, desde que a poeira em suspensão não contenha sílica livre cristalizada e/ou asbestos. Ocorrência A exposição à poeira de grãos ocorre na agricultura, portos e em outros locais onde há armazenamento desse produto. Partículas não classificadas de outra maneira – PNOC Segundo a ACGIH, esse tipo de particulado, apesar de não causar fibrose ou efeitos sistêmicos, não é biologicamente inerte. Sendo assim, o termo ―Particulado Não Classificado de Outra Maneira‖ é usado para enfatizar que esses particulados são potencialmente tóxicos e não podem ser considerados como não prejudiciais a qualquer concentração. No entanto, os órgãos internacionais (ACGIH, OSHA e NIOSH) estão realizando estudos e discussões a respeito dos
  • 21. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 17 efeitos específicos deste tipo de particulado. Deve-se salientar, entretanto, que a classificação da poeira como PNOC é condicionada ao teor de sílica livre cristalizada (<1%) e à ausência de asbestos. Como PNOC, podemos citar o alumínio, carbonato de cálcio, celulose, carvão vegetal, cimento, cal dentre outros. Ocorrência A presença desse tipo de particulado pode ocorrer em diversos ramos de atividade, tais como: fábrica de cimento, cal, industria de papel, dentre outros. Partículas metálicas Os efeitos da exposição a fumos ou poeiras metálicas estão condicionados ao tipo de substancia presente. Assim sendo, dependendo do processo e das matérias-primas utilizadas, pode ocorrer a exposição a ferro, manganês, zinco, chumbo, cromo, dentre outros. Essas substâncias podem produzir pneumoconioses, doenças como saturnismo (chumbo) e manganismo, irritação, dentre outras. A exposição a fumos metálicos pode produzir a ―febre dos fundidores‖. Essa doença resulta no aparecimento de tosse, dores nos músculos e nas juntas, febre e resfriados. Todavia é passageira, e a recuperação ocorre de um a dois dias após cessar a exposição. Ocorrência A exposição à poeira metálica pode ocorrer em: mineração, operações de rebarbação de peças metálicas, fabricação de baterias, etc. a exposição a fumos metálicos é mais freqüente nas operações de soldagem, fundições, aciarias, dentre outras. Nas operações de pintura à pistola, a névoa de tinta formada pode conter pigmentos metálicos, tais como: chumbo e cromo. Negro de Fumo A exposição à poeira de negro de fumo pode produzir efeitos sobre os pulmões. A ACGIH não considera este agente sob suspeita de ser carcinogênico para o ser humano, porém os dados existentes são insuficientes para se chegar a essa conclusão. Ocorrência A exposição a esse agente ocorre com maior freqüência na fabricação de borracha. Parâmetros utilizados nas avaliações de particulados A) Tamanho das partículas O tamanho das partículas é de fundamental importância na avaliação de poeiras, vez que, dele depende os efeitos na saúde, o tempo em que as partículas ficam
  • 22. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 18 em suspensão, entre outros. A ACGIH, há muitos anos, tem recomendado o limite de tolerância por seleção de partículas (respiráveis) para sílica cristalizada, pois há uma associação bem estabelecida entre a silicose e as concentrações de poeira respirável. A intenção da American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH é de estabelecer todos os seus limites para fração respirável, inalável e torácica. Quanto ao tamanho das partículas, podem ser classificadas conforme o quadro a seguir: Tipo de Particulado Tamanho Aproximado (μm) Inalável 0 a 100 Torácicas 0 a 25 Respirável 0 a 10 B) Partícula respirável São as partículas que conseguem penetrar na região de troca de gases do pulmão. Esse tipo de particulado é o de maior risco, pois pode alcançar os alvéolos pulmonares. C) Partícula inalável São as partículas que ficam depositadas em qualquer lugar do trato respiratório. A ACGIH recomenda o limite de tolerância de 10mg/m3 de partículas inaláveis. D) Particulado torácico São partículas que oferecem risco quando depositadas em qualquer lugar no interior das vias aéreas dos pulmões e da região de troca de gases. E) Particulado total É todo o material em suspensão no ar, independente do tamanho das partículas. A NR-15 estabelece o limite para sílica livre cristalizada e para particulados total e respirável. A ACGIH recomenda o limite de tolerância de poeira total, para vários tipos de poeira, embora haja uma tendência de fixar todos os limites para fração respirável, inalável ou torácica. Unidades de Medida Os limites de tolerância para exposição à poeira, exceto asbestos, são expressos em mg/m3 , isto é, a massa retirada do filtro dividida pelo volume amostrado. Assim sendo, na avaliação quantitativa, temos de determinar esses parâmetros.
  • 23. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 19 1) Volume amostrado (m3 ) O volume amostrado é determinado pela seguinte fórmula: Va = Q x Ta Onde: Va = Volume amostrado Q = Vazão média durante a amostragem Ta = Tempo de amostragem em minutos Sendo a vazão da bomba em L/min e tempo de amostragem (Ta) em minutos, o volume obtido na fórmula será expresso em litros. Para transformar esse volume em m3 , divide-se o resultado obtido por 1000. Assim, temos: Va = (Q x Ta)/1000 2) Concentração A concentração de poeira em mg/m3 é obtida pela seguinte fórmula: C = m/Va Onde: C= Concentração de poeira M = Massa de amostra em mg Va = Volume amostrado em m3 , conforme explicado no item anterior. 3) PPM – Parte por milhão Esta unidade é muito utilizada, sendo o ppm a concentração expressa em volume / volume, conforme demonstrado a seguir: 1 m 1 m 1 m 1 cm3 1 m3 de ar 1cm3 de ar contaminado ppm = 1 cm3 / 1 m3 = 1 cm3 / 1000000 = 1 ppm
  • 24. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 20 4) Conversão das fórmulas (transformação de ppm para mg/m3) ppm = (24,45) x mg/m3 ) / PM e mg/m3 = (ppm x PM) / 24,45 1% = 10000 ppm 1 ppm = 0,0001% Onde: PM = peso molecular da substância Ppm = parte por milhão Exemplos: 1) Transformar 10 ppm de Benzeno (C6H6) em mg/m3 Dados: Peso atômico – C = 12 g/mol H = 1 g/mol PM = 12 x 6 + 6 x 1 = 78 g mg/m3 = (10 x 78) / 24,45 = 31,9 mg/m3 2) Transformar 130 mg/m3 de CO2 para ppm Dados: C = 12 g/mol O = 16 g/mol PM = 12 + 2 x 16 = 44 g Ppm = (24,45 x 130) / 44 = 72,2 ppm 3) Transformar 39 ppm de CO em mg/m3 Dados: Peso atômico – C = 12 g/mol O = 16 g/mol PM = 12 + 16 = 28 mg/m3 = (28 x 39) / 24,45 = 44,7 mg/m3
  • 25. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 21 Brief & Scala A adoção dos limites de tolerância da ACGIH devem ser corrigidos através da fórmula Brief & Scala, vez que a jornada de trabalho no Brasil é de 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, enquanto os limites da ACGIH são para jornada de 8 (oito) horas por dia e 40 (quarenta) horas semanais. O fator de redução do limite de tolerância Brief & Scala é o seguinte: FR = (40 / h) x [(168 – h) /128] Onde: FR = Fator de Redução h = Jornada de trabalho em horas Exemplo: O fator de redução do limite da jornada de trabalho de 40 (quarenta) horas semanais para 44 (quarenta e quatro) horas semanais é: FR = (40 / 44) x [(168 – 44) / 128] = 0,88 Assim sendo, o limite de tolerância, por exemplo, de 10 mg/m3 recomendado pela ACGIH para poeira de cimento, deverá ser corrigido no Brasil com a seguinte redução: LTcorrigido = 0,88 x 10 mg/m3 = 8,8 mg/m3 Principais Instrumentos de Medição Para amostragem de particulados (Poeira mineral, algodão, fumos, gases e vapores), podem ser necessários os seguintes instrumentos:  Bomba gravimétrica de poeira;  Sistema filtrante (filtros, porta-filtro e suportes);  Sistema separador de tamanho de partícula (ciclone);  Elutriador vertical para poeira de algodão;  Calibradores tipo bolha de sabão;  Calibrador eletrônico;  Tubos colorimétricos;  Tubos de carvão ativado. Os meios de coleta são:  Filtros;  Tubo de sílica gel;  Tubo de carvão ativado;  Impinger, entre outros.
  • 26. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 22 Bomba gravimétrica de poeira Esse equipamento é responsável pela aspiração de ar contaminado até o sistema de coleta. Atualmente, existem no mercado diversas marcas e modelos de bombas gravimétricas. Há modelos simples e modelos com tecnologia mais avançada, que possuem o sensor eletrônico de fluxo laminar, garantindo uma vazão constante, através da compensação da tensão da bateria, altitude, temperatura e quantidade de amostra retida no filtro. Elutriador vertical para poeira de algodão O Elutriador vertical é utilizado para avaliar a concentração de poeira de algodão. É constituído de uma bomba e um orifício crítico, que regula o fluxo de 7,4 l/min na entrada do elutriador. Com essa vazão de aspiração, são separadas as partículas menores que 15 μm, ou seja, somente as partículas deste tamanho irão impactar no filtro. Detector de gases / tubos reagentes ou colorimétricos Os detectores de gases podem ser de pistão ou fole, e são utilizados com os tubos reagentes ou colorimétricos. A medição com esse instrumento consiste na aspiração de volume conhecido de ar que passa pelo tubo reagente. O poluente contido no ar reage com substancia especifica do tubo e muda a cor, e a extensão dessa mancha permite realizar a leitura direta da concentração na escala o tubo. É importante ressaltar que os tubos são específicos para cada gás ou vapor.
  • 27. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 23 Medidor com sensor eletroquímico Estes instrumentos realizam medição direta e imediata dos contaminantes presentes, sendo constituídos de sensores, que, pelos diferentes princípios de detecção (elétrico, térmico, eletromagnético, etc), determinam a concentração do contaminante. Dosímetro passivo Os amostradores passivos constituem um procedimento para obter amostras ambientais sem a necessidade de forçar a passagem de ar por bombas, utilizando o fenômeno de difusão e adsorção, ou seja, podem fornecer leitura direta ou indireta através de análises laboratoriais. Limites de tolerância A Portaria Mtb n. 3214/78, NR-15, estabelece critérios para a caracterização de insalubridade e fixa limites de tolerância para alguns tipos de particulados. Outros tipos, também prejudiciais à saúde, foram relacionados no Anexo XIII da referida norma como avaliação qualitativa, ou seja, a possível insalubridade deverá ser verificada através de inspeção no local. Além disso, vários particulados importantes do ponto de vista ocupacional foram omitidos, tanto na fixação de limite como na avaliação qualitativa. Convém ressaltar que, os limites adotados pela NR-15, foram baseados naqueles recomendados pela ACGIH. Os limites de tolerância atualmente fixados pelas normas precipitadas são os seguintes: Limites da legislação brasileira (Portaria MTb n. 3214/78) 1) Poeiras minerais contendo sílica livre cristalizada (quartzo) – Anexo XII, NR-15 Poeira total LT = 24 / (%SiO2 + 3) (mg/m3) Poeira respirável LT = 8 / (%SiO2 + 2) (mg/m3) A norma define que ―Quartzo‖ deverá ser sempre entendido como sílica livre cristalizada. No caso de poeira respirável, a norma estabelece que ―tanto a concentração como a porcentagem de quartzo para aplicação deste limite devem ser determinadas a partir da porção que passa por um seletor com as características do quadro contido no Anexo XII da NR-15‖.
  • 28. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 24 Os limites são válidos para 48 (quarenta e oito) horas semanais, sendo que as jornadas excedentes a este valor deverão ser reduzidas pela autoridade competente. 2) Fibras de asbestos O anexo XII da NR-15 estabelece o limite de tolerância de 2 (duas) fibras/cm3 para fibras respiráveis de asbestos crisotila. Fibras respiráveis são aquelas com diâmetro inferior a 3 micrômetros, comprimento maior ou igual a 5 micrometros e relação entre comprimento e diâmetro igual ou superior a 3:1. 3) Chumbo O anexo XI da NR-15 estabelece o limite de tolerância de 0,1 mg/m3 para chumbo, independentemente da forma que ele encontra-se no ambiente (poeira ou fumos metálicos). 4) Manganês:  5,0 mg/m3: pra exposição à poeira de manganês e seus compostos, nas operações de extração, moagem, transporte de minério, entre outros.  1,0 mg/m3: para exposição a fumos de manganês e seus compostos, nas operações de fabricação de baterias de pilhas secas, vidros especiais e cerâmicas, fabricação uso de eletrodos de solda, tintas fertilizantes, entre outros. 5) Negro-de-fumo O anexo XI da NR-15 estabelece o limite de tolerância de 3,5 mg/m3 para negro- de-fumo em uma jornada de até 48 (quarenta e oito) horas semanais. Entende-se como ―Negro-de-fumo‖ as formas finamente divididas do carbono, produzidas pela combustão incompleta da decomposição térmica do gás natural ou do óleo de petróleo. Entende-se por exposição ao ―Negro-de-fumo‖ a exposição permanente no trabalho ao Negro-de-fumo em suspensão no ar, originado pelo manuseio do mesmo. 6) Outros particulados O Anexo XIII da NR-15 estabelece como insalubre, pelo método de inspeção no local de trabalho, as atividades ou operações com arsênico, carvão mineral, cromo, silicatos, bagaço de cana, cimento, cal entre outros.
  • 29. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 25 Limites de tolerância recomendados pela ACGIH Conforme comentado anteriormente, a NR-15 não estabelece limites de tolerância para vários tipos de agentes químicos, omitindo importantes substancias do ponto de vista ocupacional, como por exemplo, algodão e madeira. De forma que preencha essa lacuna, a NR-9 da Portaria n.3.214 dispões: ―Quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-15, ou, na ausência deste, os limites de exposição ocupacional recomendados pela ACGIH – ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva, desde que mais rigorosos, deverão ser adotadas medidas de controle‖. Convém ressaltar, no entanto, que os limites da ACGIH deverão sofrer correção em função da jornada de trabalho, conforme comentado anteriormente (Brif & Scala). Assim, por exemplo, o ácido nítrico não possui limite estabelecido no Anexo XI da NR-15, podendo-se utilizar o limite da ACGIH que é de 2,0 ppm, multiplicado por 0,88 (fator de correção), obtendo-se, então, o valor de 1,76 ppm. Medidas de Controle As medidas de controle da exposição aos particulados são: — medidas relativas ao ambiente; — medidas relativas ao homem. Medidas relativas ao ambiente 1) Substituição do produto tóxico ou nocivo Este procedimento técnico nem sempre é possível, em se tratando do pouco avanço tecnológico e científico em que se encontra o parque industrial brasileiro, mas, quando possível, é a maneira mais segura de se eliminar ou minimizar o risco da exposição. Podemos exemplificar citando, por exemplo, a substituição do chumbo por óxidos menos tóxicos, tais como óxido de titânio e zircônio. Na fabricação e manipulação de camadas vitrificadas e tintas, podemos substituir o chumbo pêlos sais de zinco. Outro exemplo importante é o da substituição da areia contendo sílica livre por granalha de aço, nas operações de jateamento de peças, visto que se reduz sensivelmente o risco de silicose (quando não se tratar de peças fundidas). 2) Mudanças ou alteração do processo ou operação Consiste na alteração do processo produtivo, como, por exemplo: — utilização de pintura por imersão ao invés de pintura utilizando pistola; — mecanização e automatização de processos — ensacamento de pós.
  • 30. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 26 3) Encerramento ou enclausuramento da operação Consiste no confinamento da operação, objetivando-se, assim, a impedir a dispersão do contaminante para todo o ambiente de trabalho. O confinamento pode ou não incluir o trabalhador. Quando houver processos produtivos que gerem grandes quantidades de contaminantes, e o trabalhador estiver inserido no enclausuramento, a ele deverá ser obrigatoriamente fornecido equipamento adequado de proteção pessoal, independentemente de haver ou não sistema de exaustão. 4) Segregação da operação ou processo Consiste, basicamente, no isolamento da operação, limitando seu espaço físico fora da área de produção. Normalmente se utiliza este controle quando não se pode mudar o processo produtivo, e o agente agressivo atinge a outros trabalhadores, contaminando-os, sem que estes participem da operação. A adoção desse processo implica em diminuir o número de trabalhadores expostos aos riscos, sem, contudo, deixar de levar-se em conta que os trabalhadores expostos ao risco deverão necessariamente fazer uso de medidas de proteção individual. A segregação pode ser feita no ESPAÇO ou no TEMPO: segregação no espaço consiste em isolar o processo a distância; enquanto segregação no tempo significa executar uma tarefa fora do horário normal, reduzindo igualmente o número de trabalhadores expostos. Como exemplo temos: jateamento de areia fora da área produtiva (segregação no espaço de serviços de manutenção); e reparo de alto risco realizado fora da jornada de trabalho convencional (segregação no tempo). 5) Umidificação É a medida mais antiga utilizada no controle da poeira. A eficiência da umidificação de poeira depende de dois fatores: do umedecimento da poeira e de sua adequada disposição depois de molhada. Como aplicações clássicas desse método, podemos citar a utilização de água nas operações de perfuração em minas e a aspersão de água sobre as mandíbulas de britadores, etc.
  • 31. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 27 6) Ventilação geral diluidora A ventilação geral diluidora consiste na insuflação e exaustão de ar em um ambiente de trabalho, de forma que promovam a redução de concentrações de poluentes nocivos. Tal redução ocorre, uma vez que, ao se introduzir grandes volumes de ar puro em um ambiente contendo uma certa massa de determinado poluente, haverá dispersão ou diluição desta massa, reduzindo-se, assim, a concentração dos poluentes. 7) Ventilação local exaustora A ventilação local exaustora consiste na captação dos poluentes de uma fonte antes que estes se dispersem no ar do ambiente de trabalho e atinjam a zona de respiração do trabalhador. No que se refere ao controle da poluição do ar da comunidade, a ventilação local exaustora também tem papel importante. Tal tipo de ventilação possui várias vantagens em relação à geral diluidora, dentre elas: captura e controle completo do contaminante: vazões requeridas mais baixas; os contaminantes são recolhidos em um menor volume de ar capturado, reduzindo-se também os custos. 8) Ordem e limpeza A ordem e a limpeza constituem medidas eficazes no controle da exposição à poeira, pois os restos de materiais acumulados em máquina, bancada ou piso podem espalhar a poeira no ar. Uma boa ordem e limpeza significam limpeza dos pisos, das máquinas e de quaisquer superfícies horizontais; previsão de depósitos para materiais nocivos e de métodos adequados a seu transporte e emprego; disposição das operações de modo que limite o número de operários expostos ao risco, etc. Os métodos de limpeza também podem gerar poeira. Assim sendo, deve-se evitar o uso de vassoura, escova ou ar comprimido, pois estes processos provocam a emanação de poeira e, muitas vezes, são responsáveis exclusivos pela exposição do trabalhador a esse agente. Portanto, a limpeza por meio de umidificação ou por aspiração são os métodos recomendados.
  • 32. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 28 Medidas relativas ao homem 1) Limitação do tempo de exposição A redução dos períodos de trabalho é uma importante medida de controle, quando todas as outras medidas possíveis forem impraticáveis ou insuficientes no controle de um agente. Assim, a limitação da exposição ao risco, dentro de critérios técnicos bem definidos, pode tornar-se a solução mais efetiva e econômica. 2) Educação e treinamento A conscientização do trabalhador quanto aos riscos inerentes às operações, riscos ambientais e formas operacionais adequadas que garantam a efetividade das medidas de controle adotadas, além do treinamento em procedimentos de emergência e noções de primeiros socorros, deverão ter lugar sempre, independentemente da utilização de outras medidas de controle, servindo-lhes como importante complemento. 3) Equipamentos de proteção individual Os equipamentos de proteção individual devem ser sempre considerados como segunda linha de defesa, após criteriosas considerações sobre todas as possíveis medidas de controle relativas ao ambiente que possam ser tomadas e aplicadas prioritariamente. Entretanto, há situações especiais nas quais as medidas de controle ambientais são inaplicáveis parcial ou totalmente. Nestes casos, a única forma de proteger o trabalhador será dotá-lo de equipamentos de proteção individual. Nas operações em que as concentrações de poluentes são superiores ao limite de tolerância, devem ser usados respiradores de filtro químico (gases e vapores) e mecânico (fumos, poeira, etc.). Nos locais onde há presença de gases e poeira, devem ser usados respiradores de filtro combinado. É importante esclarecer que os respiradores devem ser usados, obrigatoriamente, durante todo o tempo de exposição. A não-utilização do protetor em curto espaço de tempo diminui significativamente o seu fator de proteção. Outras informações a respeito dos respiradores estão no Capítulo IX, item VI — Programa de Proteção Respiratória — PPR.
  • 33. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 29 4) Controle médico Os exames médicos pré-admissionais e periódicos devem ser feitos como forma de controle da saúde geral dos trabalhadores, de detecção de fatores predisponentes às doenças profissionais, assim como para avaliação da efetividade dos métodos de controle empregados. Glossário: Concentração no ar - É a relação entre o contaminante e o volume do ar amostrado no local de interesse; as unidades mais usuais são : mg/m3 ou μg/m3 (relação entre a massa da substância poluidora e o volume do ar amostrado). O ppm também é usado ( relação entre o volume do contaminante detectado na amostra e o volume do ar amostrado) ou seja, em ―partes por milhão‖. Valor Teto (VT) - A substância que tenha valor teto não poderá, em momento algum, formar concentração no ar acima do limite de tolerância , sem que medidas de controle sejam tomadas de imediato. Limite de Tolerância – É a maior concentração do agente químico, que um individuo sadio poderá ficar exposto, sem efeitos adversos a sua saúde. Nível de Ação – É o valor acima do qual devem ser iniciadas as ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limite de exposição. Estes níveis de ação estão definidos na NR-09, do MTE. Limite de Tolerância – Média Ponderada – Na tabela limite de tolerância não tem a coluna valor teto assinalada, representa a concentração média existente durante a jornada de trabalho, podendo-se ter valores acima do limite fixado, desde que sejam compensados com valores abaixo deste, acarretando uma média ponderada igual ou inferior ao limite de tolerância. No entanto, estas oscilações para cima não podem ser indefinidas, devendo respeitar um valor máximo que não pode ser ultrapassado. Valor Máximo (VM) – É obtido através da equação VM = LT x FD, onde FD = fator de desvio (tabelado), de acordo com o limite de tolerância (LT). O valor máximo é calculado para as substâncias que não possuam valor teto. O valor máximo de concentração não poderá ser excedido em momento algum da jornada de trabalho; caso ocorra a situação será considerada de risco grave e iminente. Quadro nº 2 – Anexo 11 da Portaria 3214 L.T. (Limite de Tolerância em ppm ou mg/m3 ) F.D. (Fator de Desvio) 0 a 1 3 1 a 10 2 10 a 100 1,5 100 a 1000 1,25 Acima de 1000 1,1
  • 34. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 30 O anexo 13, da NR 15, que estabelece os limites de tolerância para cada uma das substâncias, de acordo com a gravidade dos efeitos que cada uma delas poderá causar no organismo humano. Além disso, define, as condições de riscos grave e iminente, sempre que os valores máximos sejam ultrapassados, permitindo a Delegacia Regional do Trabalho interditar o local de trabalho. Exercícios resolvidos 1)Ao se avaliar a concentração de amônia (LT=20 ppm) num local de trabalho, verificou-se que o trabalhador fica exposto: 3 horas a 10 ppm e 5 horas a 25 ppm. O limite de tolerância foi ultrapassado? Resolução : Concentração Média : valor da concentração x horas + ....... 8 horas de trabalho Concentração Média : 10x3 + 25x5 = 19,3 8 Amônia = 20 ppm (limite de tolerância) Valor Máximo = LT x FD = 20 x 1,5 = 30 ppm A maior concentração obtida é de 25 ppm, inferior ao valor máximo. Como nem o limite fixado e nem o valor máximo foram ultrapassados, pode-se afirmar que o limite de tolerância foi respeitado. 2)Transformar 10 ppm de benzeno (C6 H6 ) em mg/m3 Dados: peso atômico C = 12 g/mol H= 1 g/mol PM= 12x6 + 6x1 = 78 g mg/m3 = 10 x 78 = 31,9 24,45 Textos Complementares PNEUMOCONIOSES Aspectos Epidemiológicos As Doenças Pulmonares Ambientais e Ocupacionais - DPAO, especialmente aquelas relacionadas aos ambientes de trabalho, constituem ainda, entre nós, um importante e grave problema de saúde pública. Considerando o atual estágio de desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, enquanto país industrializado são incipientes os conhecimentos e os mecanismos de controle dessas enfermidades conseqüentes da degradação
  • 35. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 31 ambiental, que, por sua vez, têm gerado impacto nas condições de saúde e qualidade de vida da população. Essas doenças, em sua maioria, de curso crônico, são irreversíveis. Além de incapacitar os indivíduos ainda jovens, requer compensação previdenciária, faceta importante de implicação social. Conforme Portaria nº. 2.569, publicada no Diário Oficial União de 20.12.95, o Ministério da Saúde, através da Coordenação Nacional de Pneumologia Sanitária e da Coordenação de Saúde do Trabalhador constituiu o Comitê Assessor em Doenças Pulmonares Ambientais e Ocupacionais, com o propósito de, juntamente com outros segmentos, implementar ações para o equacionamento e, se possível, a redução dessas doenças. Diante da importância e da abrangência das doenças relacionadas ao processo de trabalho, pretende-se abordar nesse manual de normas as Pneumoconioses, tais como: a Silicose, a Pneumoconiose dos Trabalhadores de Carvão e a Pneumoconiose por Poeiras Mistas, em especial aquelas que causam maior impacto social em nosso meio. O termo pneumoconiose foi criado por Zenker, em 1866, para designar um grupo de doenças que se originam de exposição a poeiras fibrosantes. Em 1971, este termo foi redefinido como sendo "o acúmulo de poeiras nos pulmões e a reação tecidual à sua presença" e define como poeira um aerosol composto de partículas sólidas inanimadas. As pneumoconioses a serem abordadas neste manual são algumas das mais freqüentes encontradas no país: Silicose, Pneumoconiose dos Trabalhadores de Carvão e Pneumoconiose por Poeiras Mistas. Silicose A silicose é uma doença pulmonar causada pela inalação de poeiras com sílica- livre e sua conseqüente reação tecidual de caráter fibrogênica. Embora conhecida desde a antigüidade, no Brasil, caracteriza-se como a principal pneumoconiose e as estatísticas fiéis são escassas, assim como as estimativas da população de risco. Contudo, a ocorrência de poeiras com sílica certamente atinge alguns milhões de trabalhadores nas mais variadas atividades produtivas. Agrava-se o quadro quando se considera que a silicose está intimamente relacionada com a tuberculose, além de outras doenças como artrite reumatóide e até mesmo neoplasia pulmonar. No Brasil, em 1978, estimou-se a existência de aproximadamente 30.000 portadores de silicose. Em Minas Gerais, registrou-se a ocorrência de 7.416 casos de silicose na mineração de ouro. Na região Sudeste de São Paulo foram identificados aproximadamente 1000 casos em trabalhadores das indústrias de cerâmicas e metalúrgicas. No Ceará, entre 687 cavadores de poços examinados, a ocorrência de silicose e provável silicose foi de 26,4% (180 casos). No Rio de Janeiro, entre jateadores da indústria de construção naval, a ocorrência de silicose foi de 23,6% (138 casos), em 586 trabalhadores radiografados. Na Bahia, relatório preliminar de avaliação dos casos atendidos no Centro de Estudo de Saúde do Trabalhador (CESAT), no período de 1988 a 1995, registrou a existência de 98 casos, sendo encontrada associação de sílico-tuberculose em 37 casos (38%).
  • 36. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 32 Pneumoconiose dos Trabalhadores de Carvão (PTC) Esta enfermidade é causada pelo acúmulo de partículas de carvão nos pulmões, com prevalência e incidência em diferentes regiões carboníferas do mundo. Os dados estatísticos diferem muito devido a existência de vários tipos de carvão. O tipo antracitoso, que possui elevado conteúdo de carbono, promove maior número de partículas respiráveis, quando comparado ao tipo betuminoso que é o mais comum nas minas da região Sul do Brasil. Em 1836, a PTC foi descrita na Inglaterra por Thompson. No final do século passado e início deste, aumentou o número de casos com a eclosão da primeira e segunda Guerra Mundial. Tornou-se um problema epidêmico, principalmente no país de Gales e Inglaterra, razão pela qual em 1945 criou-se uma unidade de pesquisa para as pneumoconioses. No Brasil, as PTC ocorrem com maior freqüência nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul onde estão concentradas as maiores bacias carboníferas do país. Somente na região de Santa Catarina existem mais de 3000 casos de PTC. A prevalência que era de 5 a 8%, com a mineração manual ou semimecanizada, passou para 10% com a mecanização das minas. A partir de 1985, com adoção de medidas de prevenção como uso de água nas frentes de serviços e melhor sistema de ventilação, a prevalência caiu para 5 a 6%. A redução na incidência das PTC tem sido observada nos países desenvolvidos, medidas de higiene, como por exemplo, a Inglaterra, quando os índices eram de 13,4% na década de 50, caíram para 5,2% em 1978, e atualmente estão entre 3 e 2,5%. Essa mesma redução vem ocorrendo na Alemanha, França e Estados Unidos da América. Além disso, deve-se considerar que os mineiros desses países trabalham, em média, 30 anos, enquanto que no Brasil o período laborativo na mineração no subsolo é de 15 anos. Pneumoconiose por Poeiras Mistas (PPM) Define-se PPM como as pneumoconioses causadas pela inalação de poeiras minerais com porcentagem de sílica livre cristalina abaixo de 7,5%, ou com alterações anatomopatológicas características, tais como "lesões em cabeça de medusa" ou "fibrose intersticial". São consideradas como mais freqüentes:  a antracosilicose em mineiros de carvão expostos a altos teores de Si02;  a silicossiderose em fundidores de ferro;  a doença de Shaver, nos trabalhadores de fabricação de abrasivos de alumínio;  a pneumoconiose pelo caulim e a talcose.  Trabalhadores Expostos ao Risco: caracterizam-se como trabalhadores expostos ao risco ocupacional de adoecimento por Silicose, PTC e PPM todo indivíduo que trabalha em ambiente onde se respira essas poeiras. Sílica livre: (sílica cristalina ou quartzo) composto unitário de SiO2 (dióxido de silício) com um átomo de oxigênio nas pontas de um tetraedro. A sílica livre cristalina é extremamente tóxica para o macrófago alveolar devido às suas propriedades de superfície que levam à lise celular.
  • 37. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 33 Partículas de carvão: poeira proveniente do carvão mineral, desprendida durante a mineração. Existem quatro tipos de carvão: legnito, sub-betuminoso, betuminoso e antracitoso. Os dois últimos são os maiores responsáveis pelo desenvolvimento da doença. O risco de silicose existe quando há mais de 7,5% de sílica livre cristalina na fração de poeira respirável ou quando, mesmo abaixo destes limites, o Limite de Tolerância para sílica é ultrapassado. Abaixo de 7,5 %, as lesões anatomopatológicas encontradas são mais características do restante da fração respirável do que a própria sílica, constituindo-se quadro de pneumoconiose por poeira mista. Fração respirável é a fração de poeira resultante de uma determinada atividade de trabalho que é veiculada pelo ar e tem o potencial de penetração e de deposição no sistema respiratório humano. Atividades de Risco de Silicose, PTC e PPM  indústria extrativa: mineração subterrânea e de superfície  beneficiamento de minerais: corte de pedras, britagem, moagem e lapidação  indústria de transformação: cerâmicas, fundições, vidros, abrasivos, marmorarias, cortes e polimento de granito e cosméticos  atividades mistas: protéticos, cavadores de poços, artistas plásticos, jateadores de areia e borracheiros. Os Fatores de Risco de Adoecimento podem ser classificados como:  dependentes da exposição;  concentração total de poeira respirável;  dimensão das partículas;  composição mineralógica da poeira respirável;  tempo de exposição;  dependentes da resposta orgânica individual;  integridade do sistema de transporte mucociliar e das respostas imunitárias;  concomitância de outras doenças respiratórias;  hiperreatividade brônquica;  susceptibilidade individual CCÁÁDDMMIIOO Riscos e Efeitos Específicos Originados por Metais A intoxicação aguda pelo cádmio pode ocasionar problemas pulmonares muito graves. Na intoxicação crônica, além de pneumopatia, há alterações renais de gravidade com proteinúria e anemia. O paciente apresenta também descoloração do colo dos dentes e anosmia. Intoxicações crônicas causadas por longas exposições a concentrações levemente superiores ao limite de tolerância acumulam-se no córtex renal, altera a função tubular e reduz a reabsorção de proteínas com o aparecimento de proteínas de baixo peso molecular com a beta- 2- microglobina. Com o agravamento da doença, haverá perda de aminoácidos,
  • 38. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 34 glicose e minerais pela urina. O aumento de excreção de fósforo e cálcio perturba o metabolismo ósseo, favorecendo o aparecimento de calculose renal. Nos casos mais graves ocorre osteomalácia. É importante ressaltar que estas alterações renais são irreversíveis e tendem a piorar, mesmo quando o trabalhador é afastado da exposição. A exposição ao cádmio, em certas circunstâncias aumenta o risco de câncer de próstata e do trato respiratório. CROMO Riscos e Efeitos Específicos Originados por Metais Cromo tem importância nas operações de solda de aço inoxidável porque o desprendimento de fumos nestes processos contém elevada proporção deste elemento. Existem registros de que a exposição ao cromo hexavalente (presente no aço inoxidável) envolve risco de aumento da incidência de câncer de pulmão em relação à população geral. Os demais efeitos do cromo, como as dermatites, úlceras da pele e perfuração do septo nasal, estão mais relacionadas com exposições a névoas ácidas das operações de cromagem e não às operações de solda. Riscos e Efeitos Originados por Agentes Químicos nos Processos de Soldagem Pneumopatias Relacionadas com a Solda As doenças pulmonares ocupacionais crônicas são conseqüências do acúmulo de fumos de solda nos pulmões. Este acúmulo pode ser visualizado através de exame radiológico como áreas de densidade radiológica maior que as do pulmão normal. Alguns fumos ocasionam pneumopatias, como a pneumonia devida ao manganês, a bronquite crônica ou pneumonia devida ao vanádio, a pneumonia grave devida ao cádmio, etc. Os fumos de solda não costumam ocasionar fibrose pulmonar como ocorre na exposição à sílica cristalina, ao berílio, ao asbesto, ao talco e às diatomáceas. Enfisema pulmonar crônico está ligado a exposições prolongadas ao ozônio, óxidos de nitrogênio, cádmio e, eventualmente, outros agentes. Óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre tem sido responsabilizados por bronquite crônica. Febre de Fumos Metálicos É uma reação febril do organismo à exposição de certos fumos, principalmente de zinco, mas também podendo ocorrer com outros fumos como de magnésio, níquel, cádmio (na fase inicial), polímeros, cobre, etc. Após o episódio da febre, o trabalhador adquire tolerância aos fumos, mas perde- a rapidamente quando cessa a exposição. Por este motivo, a febre de fumos costuma ocorrer com trabalhadores que não tiveram exposição prévia, ou quando
  • 39. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 35 retornam à exposição após alguns dias de afastamento, como por exemplo, após as férias. O diagnóstico de febre dos fumos metálicos é habitualmente confundido com episódios gripais e, por isso, raramente identificado. CCHHUUMMBBOO Nas exposições usuais de solda de indústria, a exposição ao chumbo não é muito freqüente, com exceção da indústria eletroeletrônica. Mas é oportuno não esquecer que há chapas de aço revestidas de chumbo. Este metal também participa da constituição de ligas como bronze e, eventualmente, latão. A intoxicação crônica pelo chumbo é, provavelmente a patologia mais conhecida e estudada. O chumbo causa vasoconstrição periférica e alterações no sangue e na medula óssea com graves perturbações na hematopoese, devido à ação do chumbo sobre o sistema enzimático formador da hemoglobina. Os principais sintomas são: redução da capacidade física, fadiga precoce, alterações do sono, mialgias, especialmente na região gemelar, sensação de desconforto abdominal, inapetência, emagrecimento, impotência sexual, etc. No exame físico, é comum encontrar-se mucosas descoradas, palidez da pele, orla azulada nas gengivas e dor à palpação abdominal. Posteriormente, os sintomas digestivos pioram com o aparecimento de cólicas intestinais de grande intensidade, que podem simular abdômen agudo cirúrgico, notadamente. Quando não controlada, a intoxicação evolui para alterações do sistema nervoso. Quando afeta os nervos periféricos ocasiona paralisia muscular evidenciada através do sinal da "queda de mão" e sendo a paralisia do nervo radial muito característica desta situação. O mesmo pode ocorrer com a inervação dos músculos palpebrais, impossibilitando a abertura completa dos olhos. Embora rara, pode ocorrer uma encefalite causada pelo metal, com cefaléia, convulsões, delírio e coma, chegando a evoluir para óbito. Resta ainda mencionar que em intoxicações antigas é freqüente observar-se hipertensão arterial associada com arteriosclerose e esclerose renal. O controle médico é feito através de exames laboratoriais como a dosagem de chumbo no sangue ou na urina e das alterações metabólicas no mecanismo formador da hemoglobina, medida da condutividade nervosa etc. O tratamento, em geral, permite a cura completa e sem seqüelas. Para isto basta, na maioria dos casos, o simples afastamento da exposição ou do trabalho.
  • 40. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 36 Possíveis Riscos dos Produtos Químicos Produto Uso Riscos para a Saúde Principais Sintomas e Conseqüências Prováveis a partir da Contaminação Antimônio Empregado nas ligas com chumbo, fabricação de baterias, graxeiras, metais para imprensa, soldagens, fabricação de tintas, etc. Encontra-se associado com o chumbo e o arsênico. Seus compostos podem irritar olhos, pele e mucosas das vias respiratórias. Pós e fumos podem provocar lesões nos pulmões. Sabor metálico. Dores de estômago ou complicações intestinais. Vômitos, diarreia, irritabilidade, fadiga, vertigens e dores musculares. Redução dos glóbulos brancos. Lesões nos músculos cardíacos. Chumbo Usado em reforma de baterias na construção, em tintas, vernizes, tubulações, metal de imprensa, munições, fabricação de automóveis, latas pesticidas e inseticidas. Penetra no organismo por inalação e ingestão. Pode provocar lesões nos rins e no fígado. Alguns compostos podem provocar câncer. Demência, fadiga, cólicas intestinais, cefaleia, visão dupla, alteração de conduta, anemia, degeneração dos rins e fígado e depressão do SNC - Sistema Nervoso Central. Seus compostos orgânicos podem provocar lesões cerebrais, alterações mentais, ansiedade, delírio e morte. Mercúrio Usado na fabricação de termômetros, barômetros, bombas de vácuo contatos elétricos e na extração de ouro e por dentistas. 0 mercúrio acumula-se nos rins, fígado, baço e ossos, 0 envenenamento provoca inchaço das glândulas salivares e pode resultar em queda dos dentes e úlceras na boca e nas gengivas. Náuseas, Vômitos, diarréia, cefaléia, dores abdominais, tremores, convulsões, espasmos musculares e alteração de conduta, nervosismo, irritabilidade, ansiedade e depressão. Zinco Usado na fabricação de baterias, pilhas, ligas de latão, bronze e galvanização. Os fumos provocam a febre dos metalúrgicos (calafrio, febre alta e secura na boca). Seus compostos prejudicam os olhos, a pele e as mucosas. Dermatite, irritações digestivas provocando náuseas e vômitos.
  • 41. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 37 Produto Uso Riscos para a Saúde Principais Sintomas e Conseqüências Prováveis a partir da Contaminação Alumínio Usado na construção, indústrias aeronáutica e automobilística, fabricação de papel de alumínio. Usado também, como pigmento em algumas pinturas e ligas como a de alumínio. Oferece risco sob a forma de pó, na produção industrial de raspantes e no uso de lixas e rebolos. 0 pó pode provocar irritação nos olhos, enfisema ou fibrose pulmonar. Acetileno Gás básico no processo de solda e corte de metais. Transforma-se em narcótico quando se mistura com o oxigênio,provocando sonolência e perda dos sentidos. Vertigens, cefaleia, indisposição estomacal e dificuldades respiratórias. Ácido Nítrico Usado na dissolução e tratamento de minérios metálicos. É tóxico para a pele, os olhos e a mucosa das vias respiratórias. Pode produzir edema pulmonar. Irritação das mucosas (nariz, garganta e olhos), opressão toráxica, angústia, respiração agitada, náuseas, vertigens, salivação, sensação de fadiga muscular e bronquite. Ácido Sulfúrico Usado como dissolvente na degradação de certos minérios. Forma-se espontaneamente no tratamento do minério de enxofre. Provoca irritação do sistema respiratório. Quando diluído pode causar dermatite e lesões nos pulmões. Seus vapores são corrosivos para a pele e os olhos. Tosse, pneumonia química e erosão dentes, náusea, vômitos e dores abdominais. Cloro Usado na extração de alguns minérios na eletrólise de alguns metais. É liberado nos gases de explosão e de fusão. Irrita os olhos, a pele e as mucosas das vias respiratórias. Causa sensação de picadas, ardor e congestão nos olhos e na pele e hipertensão. Em altas doses pode causar colapso respiratório. Cádmio Usado na galvanização de outros metais para evitar corrosão. Facilita o processo de solda. É usado em algumas peças de motores, baterias de cádmio, níquel, foguetes, mísseis e aviões. Os fumos podem causar envenenamento. Febre alta, queimação na garganta, tosse, náuseas, opressão no peito, vômito, dor de cabeça e cianose (coloração azulada por deficiência de oxigênio no sangue). Metanol 0 metarnol (álcool metílico) é um álcool retirado da madeira e do gás natural. Também é chamado de carbinol ou álcool de madeira. Usado como combustível de veículos. Os efeitos no organismo ocorrem pela contaminação através da respiração, ingestão e contato com a pele. Se ingerido, pode provocar cegueira e ser fatal. Distúrbios visuais, vertigens, dor de cabeça, perturbações digestivas, irritaçâo nas mucosas do nariz. 0 contato com os olhos pode produz irirritação, lacrimejamento, sensação de queimação e cegueira. 0 contato com a pele pode causar dermatose.
  • 42. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 38 2. AGENTES FÍSICOS RUÍDO Conceitos e parâmetros básicos a) Som O som é qualquer vibração ou conjunto de vibração ou ondas mecânicas que podem ser ouvidas. Na higiene ocupacional, costuma-se denominar barulho como todo o som indesejável; o barulho e o ruído são interpretações subjetivas e desagradáveis de um som. Para a vibração ser ouvida, é necessário que a freqüência do som situe-se entre 16 a 20.000 Hz, e a variação de pressão sonora provocada pela vibração atinja o limiar de audibilidade (2 x IO-5 N/m2 ). b) Ruído Do ponto de vista de Higiene do Trabalho: "O ruído é o fenômeno físico vibratório com características indefinidas de variações de pressão (no caso ar) em função da freqüência, isto é, para uma dada freqüência podem existir, em forma aleatória através do tempo, variações de diferentes pressões." Essa é uma situação real e freqüente, daí se utilizar a expressão ruído, "mas que não necessariamente significa sensação subjetiva do barulho". Ex.: choro da criança. c) Nível de pressão sonora — Decibel O nível de pressão sonora determina a intensidade do som e representa a relação do logaritmo entre a variação da pressão (P) provocada pela vibração e a pressão que atinge o limiar de audibilidade. Por meio de pesquisas realizadas com pessoas jovens, sem problemas auditivos, foi revelado que o limiar de audibilidade é de 2 x 10-5 N/m2 ou 0,00002 N/m2 . Desse modo, convencionou-se este valor como sendo O (zero) dB, ou seja, o nível de pressão de referência utilizado pêlos fabricantes dos medidores de nível de pressão sonora. Quando a
  • 43. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 39 pressão sonora atinge o valor de 200 N/m2 , a pessoa exposta começa a sentir dor no ouvido (limiar da dor), sendo este valor correspondente a 140 dB. A determinação do nível de pressão sonora é feita através de uma relação logarítmica, conforme a equação a seguir: NPS = 10 log P2 / P02 Onde: P é a raiz média quadrática (rms) das variações dos valores instantâneos da pressão sonora. P0 = Pressão de referência que corresponde ao limiar de audibilidade (2 x 10-5 N/m2 ). Se for aplicada à fórmula o valor de 2 x 10-3 N/m2 (constante) ela poderá também ser expressa da seguinte maneira: nps= 20 log p + 94 d) Freqüência do som A freqüência do som corresponde ao número de vibrações na unidade de tempo. Assim, uma vibração completa ou ciclo sobre seu tempo de duração, por exemplo, de 0,01 segundo é igual a: F = 1 ciclo ou vibração completa = 100 ciclos ou Hertz 0,01 segundo segundo e) Nível de intensidade sonora e nível de potência sonora Além do nível de pressão sonora, outros parâmetros como o nível de intensidade e potência sonora são utilizados em acústica para especificar o ruído de
  • 44. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 40 equipamentos, cálculos de isolamento, e estimativa de ruído que uma fonte produz a uma determinada distância. O nível de intensidade sonora, também expresso em dB, é igual a NIS =10 log l / In, onde l = a intensidade sonora em um ponto específico e a quantidade média de energia sonora transmitida através de uma unidade de área perpendicular à direção de propagação do som. O nível de intensidade sonora expresso em dB é igual a: IØ= Intensidade de referência igual a 10-12 Watt/m2 Já o nível de potência sonora, também expresso em dB, é igual a: NWS= 10 log W / WØ Onde: W = Potência sonora da fonte em watts e representa a quantidade de energia acústica produzida por uma fonte sonora por unidade de tempo. WØ = Potência sonora de referência igual a 10-12 watts. f) Nível de decibel compensado ou ponderado O ouvido humano responde de forma diferente nas diversas freqüências, portanto, ouvir um som em 3000 Hz a sensação é diferente de ouvi-lo a 500 Hz. Desse modo, com base em estudos de nível de audibilidade, foram desenvolvidas as curvas de decibéis compensados ou ponderações nas freqüências A, B, C e D, de forma que simulem a resposta do ouvido. Estas curvas de compensação foram padronizadas internacionalmente e introduzidas nos circuitos elétricos dos medidores de nível de pressão sonora. A figura que se segue mostra as curvas de compensação:
  • 45. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 41 Pelo gráfico, observa-se que um som de 100 dB emitido numa freqüência de 50 Hz, quando compensado pelas curvas, fornecerá as seguintes leituras no medidor de nível de pressão sonora: Curva ―A‖ – 70 dB Curva ―B‖ – 82,0 dB Curva ―C‖ – 99 dB Curva ―D‖ – 86,0 dB As normas internacionais e o Ministério do Trabalho adotaram a curva de compensação ―A‖ para medições de níveis de ruído contínuo e intermitente, devido à sua maior aproximação à resposta do ouvido humano. O circuito "A" aproxima-se das curvas de igual audibilidade para baixos Níveis de Pressão Sonora; o circuito "B" para médios Níveis de Pressão Sonora; e o circuito "C" para Níveis de Pressão Sonora mais altos. Hoje, entretanto, somente o circuito "A" é largamente usado, uma vez que os circuitos "B" e "C" não tiveram boa correlação em testes subjetivos. Uma curva especializada, a compensação "D", foi padronizada para medições em aeroporto. g) Incremento de duplicação da dose O incremento em decibéis é quando o acréscimo a um determinado nível implica a duplicação da dose de exposição ou redução pela metade do tempo máximo de exposição (NHO - 01 — Fundacentro). Exemplo: Na NR-15, Anexo l, o incremento de duplicação é igual a 5 (cinco). h) Dose equivalente de ruído ou efeitos combinados Quando a exposição ao ruído é composta de dois ou mais períodos de exposição de diferentes níveis, devem ser considerados seus efeitos combinados, ao invés dos efeitos individuais (NR-15, Anexo l, item c). Este efeito combinado ou dose equivalente é calculado através da soma das seguintes frações: C1 / T1 + C2 / T2 + C3 / T3 ... Cn / Tn Onde: Cn = Tempo total de exposição a um nível específico. Tn = É a duração total permitida a esse nível, conforme limites estabelecidos no Anexo l da NR-15. O resultado obtido não pode exceder a 1 (um). Os efeitos combinados podem ser obtidos com maior precisão utilizando-se o audiodosímetro, o qual indica a dose em percentual, assim, o limite será excedido quando esta for superior a 100%.
  • 46. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 42 A dose ou efeito combinado pode ser obtida também com o medidor de NPS. Entretanto, neste caso, o procedimento é bem trabalhoso, pois é necessário estimar ou cronometrar com exatidão os tempos de exposição a cada nível. i) Nível equivalente de ruído Com base na dose, obtém-se o nível equivalente de ruído. Este nível apresenta a exposição ocupacional do ruído durante o tempo de medição e representa a integração dos diversos níveis instantâneos de ruído ocorridos nesse período. A NR-15 considera o incremento de duplicação igual a 5 (q = 5), isto é, a cada incremento de 5 dB no nível equivalente, dobra a equivalência de energia e, conseqüentemente, o risco de dano auditivo. Assim, a equação que representa o critério adotado pela NR-15 é a seguinte: Leq = 100 + 16,61 x log D/T Onde: D = Dose equivalente em fração decimal, ou seja, o valor obtido no audiodosímetro deve ser dividido por 100. T = Tempo de medição. LEQ = Nível equivalente de ruído. Ruído contínuo e intermitente Segundo a NR-15 da Portaria n. 3.214 e a norma da Fundacentro, o ruído contínuo ou intermitente é aquele não classificado como impacto. Do ponto de vista técnico, ruído contínuo é aquele cujo NPS varia 3 dB durante um período longo (mais de 15 minutos) de observação. Exemplo: o ruído dentro de uma tecelagem. Já o ruído intermitente é aquele cujo NPS varia de até 3 dB em períodos curtos (menor que 15 minutos e superior a 0,2 segundos). Entretanto, as normas não diferenciam o ruído contínuo ou intermitente para fins de avaliação quantitativa desse agente. l) Ruído de impacto ou impulsivo A NR-15, Anexo II, da Portaria n. 3.214 define ruído de impacto como picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo.
  • 47. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 43 Quando se utiliza a instrumentação específica pela norma ANSI S1.4, S1.25 ou IEC 804, o ruído impulsivo ou de impacto é automaticamente incluído na medição. A única exigência é que a faixa de medição seja de 80 a 140 dB(A), e que a faixa de detecção de pulso seja de, no mínimo, 63 dB(A). Não deve ser permitida nenhuma exposição para ouvidos desprotegidos a níveis de pico acima de 140 dB, medidos no circuito de compensação C. Se a instrumentação não permite a medição de pico no circuito C, uma medição linear com o nível de pico abaixo de 140 dB pode ser usada para implicar que o nível de pico ponderado no circuito C está abaixo de 140 dB. m) Espectro sonoro A faixa audível de freqüência situa-se entre 16 e 2000 Hz, sendo inúmeras as possibilidades de distribuição da energia sonora na referida faixa. Daí a necessidade de se avaliar as freqüências em certos tipos de avaliação de ruído. A análise desta distribuição de nível de pressão sonora na faixa de freqüência é muito importante para determinar a nocividade do ruído e os meios adequados de controle. Para realizar a análise de freqüência, a faixa audível pode ser dividida em bandas de oitava, terça de oitava e meia oitava, faixa de percentagem, faixa de largura constante, entre outras, sendo a banda de oitava a mais usada na higiene ocupacional. Efeitos do ruído sobre o organismo O ruído contribui para distúrbios gastrointestinais, distúrbios relacionados com o sistema nervoso (por exemplo: irritabilidade, nervosismo, vertigens, etc.). Um ruído intenso e súbito acelera o pulso, eleva a pressão arterial, contrai os vasos sanguíneos, contrai os músculos do estômago, dentre outras alterações. Há pessoas que se adaptam ao ruído, e aparentemente este não interfere na sua habilidade manual e mental. Outras há, porém, que são extremamente sensíveis a este agente, sofrendo alterações diversas em local muito ruidoso. O que ocorre normalmente com aqueles que são extremamente sensíveis é que, após uma fase inicial de adaptação ao ruído, durante a qual vários sintomas se fazem sentir, não sofrem mais alterações de ordem geral no organismo. Quanto ao ruído na comunidade, é altamente indesejável, principalmente em zonas residenciais, junto a escolas, clínicas, etc. Um dos aspectos é a sua interferência com o sono, pois um repouso tranquilo é necessário para o bem- estar físico e mental.
  • 48. HIGIENE OCUPACIONAL I - Curso Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho ____________________________________________________________ 44 Efeitos do ruído sobre o aparelho auditivo a) Ruptura do tímpano Pode ocorrer a ruptura do tímpano por deslocamento de ar muito forte, como o resultante de uma explosão, ou outros ruídos de impacto violento. A ruptura desta membrana que separa o ouvido externo do ouvido médio é por causa da variação brusca e relativamente acentuada de pressão. É geralmente reversível, pois o tímpano, na maioria dos casos, cicatriza-se normalmente. A situação pode tornar- se mais grave se houver complicações, como, por exemplo, infecção no ouvido médio. Quanto aos níveis que causam ruptura do tímpano, não existe um limite exalo, pois a susceptibilidade individual é fator importante. Na maioria dos casos, níveis de 120 dB causam uma sensação de extremo desconforto; a 130 dB há sensação de prurido no ouvido com início de dor; e a 140 dB há distinta sensação de dor nos ouvidos. Daí em diante pode ocorrer ruptura do tímpano, muito provável a 150 ou 160 dB. Têm havido casos raros de deslocamento dos ossículos do ouvido médio como resultado de explosões violentas. b) Perda de audição por trauma sonoro A perda de audição, resultante de exposição a níveis elevados de ruído, ou seja, por trauma sonoro, pode ser temporária ou permanente. Quando a diminuição da capacidade auditiva ou hipoacusia for temporária, o indivíduo gradualmente recupera sua audição. O mecanismo da surdez temporária não é bem conhecido, é como uma fadiga auditiva. Um nível de ruído que causa alterações na capacidade auditiva deve ser considerado como uma possível ameaça de surdez profissional. A surdez permanente por trauma sonoro ocorre pela destruição das células sensoriais do órgão de corti, sendo, portanto, uma surdez de percepção. Essa perda de audição, que é irreversível, pode atingir proporções tais que incapacitem o indivíduo para a comunicação oral. Pode ocorrer que um trauma violento, como o resultado de uma explosão, cause destruição imediata das células ciliadas do órgão de corti o que, no entanto, é extremamente raro. O mais frequente é um processo gradativo. As perdas de audição por trauma sonoro caracterizam-se por iniciarem na faixa de frequência entre 3000 cps e 6000 cps, mais frequentemente 4000 cps. O início de um processo de surdez profissional pode ser constatado por meio de um exame audiomé-trico; a perda de audição ao redor de 4000 cps aparece no audiogra-ma com um formato característico, por isso sua denominação de "gota acústica".