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Geopoética
Aplicada?
Pierre Girard
O meio dito arcaico
cabe na minha cabeça
como uma pedra de arenito
no segredo da Chapada
Cabral Ortiz
Ah! me devolvam minha mancha
original
Ah! me devolvam minha mancha
original,
é ela que me salvou a vida.

Eu recuso estar zangado com vocês
mas respeitem a mancha aborígine:
é ela que vos recebeu neste lugar

Ah! me devolvam minha mancha
aborígine,
é ela que salvou o mundo.

E reflitam uma última vez
antes de soprar aos ventos
que é vosso dever decapitar nossas
terras
na busca da vossa liberdade
e do bem-estar da humanidade

Ah! me devolvam minha mancha
original...
vocês que morrem cada dia
um pouco mais debaixo do peso de
vossas traições
.....

JM 2007
Le Grand Rivage A grande costa
Porque sempre volta a questão
como
no movimento das coisas
escolher os elementos
fundamentais verdadeiramente
que farão do confuso
um mundo que dura
e como ordenar
signos e símbolos
para que a qualquer momento surjam
novas estruturas
abrindo
em novas harmonias
e guardar assim a vida
viva
complexa
e cúmplice do é –
somente :
a poesia
e agora
tenho na cabeça
uma vida
Como um círculo que se dilata
sempre
a força de conivência
e de compreensão
em vez de um centro feroz
de pura consciência de si
quero o todo
circunferência e meio
No centro é o fim dos combates
agora
quantos sinais ao redor
e também
o esforço
de apreender e dizer
isto
todo o profuso universo
que o homem às vezes
tão pouco
ajunta
mas sempre
esta linguagem exemplar
sutil como a flor
fluída como a onda
flexível como o ramo
poderosa como o vento
densa como a rocha
única
como o eu
bela como o amor
Geopoética
A geopoética é uma teoria-prática
transdisciplinar aplicável ​a todas as áreas da vida
e da pesquisa, que visa restaurar e enriquecer a
relação Homem-Terra a muito tempo quebrada,
com as consequências que conhecemos nos
planos ecológicos, psicológicos e intelectuais,
desenvolvendo assim novas perspectivas
existenciais em um mundo refundado.
Geo
Um mundo, é o que emerge da relação
entre o homem e a terra. Quando essa
relação é sensível, inteligente,
complexa, o mundo é mundo no
sentido mais profundo da palavra: um
belo espaço onde viver plenamente.
Se, ao contrário, essa relação é
insensível, para não dizer brutal e
exploradora, temos um mundo estéril
e vazio, um mundo imundo
Agora podemos compreender melhor o
significado de geo em "geopoética". Não se
trata de um equilíbrio das forças entre os
estados (como em "geopolítica"), mas de
uma relação fecunda com a terra e da
eventual emergência, possível, de um
mundo. O trabalho geopoético pretende,
assim, explorar os caminhos desta relação
sensível e inteligente com a terra, levando
com passar do tem – quem sabe?- à uma
cultura real.
Poética
Poética
• O que não é
• Dinâmica fundamental do pensamento
• A poética deve sintetizar todas as forças do
corpo e da mente
• deve ser o caminho essencial do qual os
humanos compõe o mundo.
• Uma cultura viva implique uma poética
Elementos de uma geopoética
Espírito que criou esta paisagem
Caos de pedras rudes e vermelhas
Audaciosos cumes arremessados em direção ao céu
Estes desfiladeiros, estes córregos turbulentos e límpidos, este frescor nú
Estes arranjos informes, feitos sem razão a não ser a deles
Te conheço, selvagem espírito – estávamos afins
Eu também faço tais arranjos, sem razão a não ser a deles
Meus cantos não foram criticados por falta de arte?
Por não respeitar as regras precisas e delicadas?
A medida do lirismo, a graça realizada do templo, a estética polida do arco e
da coluna?
Mas você que se alegra aqui – espírito que criou esta paisagem
Você, eles não esqueceram
WW
Perspectiva histórica
• Depois de Hegel: a razão é o motivo da história
• História tem uma finalidade – a ideia do
progresso com P maiúscula nasce
• A história tem direção:
• Se dirige para o estado que vai terminar com
estado (projeto comunista, Marx)
• Estado para felicidade da maioridade (projeto
liberal)
• No entanto nem, ao leste como ao oeste, poucos
ainda acreditam nestes “Projetos”
No future?
• A autopista do futuro, o “Progresso”, o projeto
liberal leva a uma impasse
• O que pode ser feito? Nada?
• No entanto, cada um precisa utilizar a sua energia
para realizar-se
• todos devem se revitalizar, descobrir novas fontes
de inspiração, para se aventurar em outras trilhas
do sentir.
• Este processo não é fácil, pois como se orientar
quando se tenta sair da ”Autopista”?
Poética
• Ideia da geopoética fundada em 2 pilares:
– A Terra e os seres-da-terra devem voltar no campo da
cultura seguindo uma abordagem e sensibilidade
renovada
– A vitalidade da mente humana, a fonte de toda a
energia criativa e perceptiva, é de ordem
fundamentalmente "poética", desde que não limita
esta palavra a um subconjunto da própria literatura
separada completamente das atividades humanas as
mais cruciais de nossa civilização, notadamente a
ciência.
Traço característico
• Geopoética é desejo de re-explorar, de regozar, re-avaliar o mundo
• Passo a passo, viagem após viagem, uma
sensação após a outra, lampejo de
pensamento após lampejo de pensamento,
refazer tateando o mapa do mundo
• Um mapa que seja também um canto e uma
carta
• Uma poética é um método de trabalho, um jeito
de fazer, de sentir, de pensar de produzir
• Uma pessoa só torna verdadeiramente criativa,
verdadeiramente ativa quando acha a sua própria
poética
• Uma modalidade de acordo feliz, exata e
amorosa com seu meio
• O traço mais significativo de toda poética: uma
gama de sensação, um tipo de afeto (disposição
da alma)
• Qual a poética da geopoética?
Afeto geopoético
• Sensação-do-mundo
• Afeto geopoético é a emoção que nasce de
um interesse profundo, intimo, que
experimentamos para com uma coisa, um serdo-mundo
• É uma comunicação que se estabelece entre
nós e o mundo. Um tipo de relação amorosa.
Talvez a essência da relação amorosa. Um
reconhecimento, uma ressonância
Misteriosamente e simplesmente, um acordo
ocorre entre mim e essa floresta, essa ave, esta
mulher ... como entre duas ondas do mesmo
oceano
• Quais as condições de um tal acordo,
encontro?
• Ultrapassar todo antropomorfismo
• Evitar falsa-comunhão (pseuda-fusão) com a
Natureza. Somos humanos e é como ser
humano que nos acordamos, encontramos,
dialogamos ressoamos com mundo
Poética da geopoética
• Caracterizada pela leitura do mundo
• Esse “ler” não é decifrar uma mensagem
• Ler como nadar ou dançar. Ler o rio como faz o
pescador. Ler a floresta como o índio.
• Ler com o corpo e não com o computador mental
• Ouvir antes de buscar entender. Ouvir
• Ver a luz sobre as coisas antes de atribuir funções,
significações, símbolos.
• A leitura de uma coisa real implica o reconhecimento
desta coisa e a emoção que vem do que esta coisa nos
diz alguma coisa dela, de nós mesmo, do mundo
Relação poética a terra
•
•
•
•
•

Evitar fazer hipóteses
Ficar a flor da realidade
Que a realidade tal como é, é maravilha
Sentir, expressar a realidade
"Poética" significa emoção ativa, emoção que se
tornou criativa e cognitiva, conhecimento e criação
com base em nossa emoção vital: emoção que não nos
fechou em nós mesmos, mas em vez disso nos abre e
nos permite saber. "Poética" significa basicamente uma
relação intensa e verdadeira entre mim e o que é para
mim o mais próximo e o mais exótica, o mais distinto e
o mais comum: a Terra.
A experiência geopoética
• Viajar / habitar num lugar
• Relação com o lugar
• Não é topofilia: nela a terra é um objeto –
intelecto em primeiro lugar
• Na geopoética precisa “experimentar”, “viver” o
lugar, a terra (sou da terra, onda do oceano) –
sentir em primeiro lugar
• K. White (“Le grand rivage”): o quartzo rosa: uma
ideia da terra: Uma ideia clara e densa da terra,
mas também uma ideia que a terra teria…
Viajar
• Uma experiência geopoética significativa
• Um poema no espaço
• Experiencia sincera: confrontação no terreno
do imaginário e do real (Segalen)
• A geopoética quer mostrar que a terra está
ainda “deconhecida”
• Expedições geopoéticas prometem trabalho e
gozo
Segalen
Conselhos ao bom viajante
Cidade ao fim da estrada e estrada estendendo a cidade: não escolhe uma ou
outra, mas uma e outra bem alternadas.
Montanha cercando teu olhar, o inclina e o contem que a: planície circular
libera. Ame saltar pedras e degraus; mas acaricie as lajes onde o pé posa bem
plano.
Repouse do som no silêncio, e, do silêncio, digne-se voltar ao som. Sozinho se
puder, si souber estar sozinho, derrame-se as vezes até a multidão.
Guarde bem eleger abrigo. Não crê à virtude de uma virtude durável: rompea de algum forte especiaria que queima e morde e da gosto até mesmo a
insipidez
Assim, sem parar nem pisar em falso, sem cabresto e sem estabulo, sem
méritos nem penas, chegaras, amigo, não ao pântano das alegrias imortais,
Mas aos redemoinhos cheios de embriaguez do grande rio Diversidade

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Geopoetica

  • 2. O meio dito arcaico cabe na minha cabeça como uma pedra de arenito no segredo da Chapada Cabral Ortiz
  • 3. Ah! me devolvam minha mancha original Ah! me devolvam minha mancha original, é ela que me salvou a vida. Eu recuso estar zangado com vocês mas respeitem a mancha aborígine: é ela que vos recebeu neste lugar Ah! me devolvam minha mancha aborígine, é ela que salvou o mundo. E reflitam uma última vez antes de soprar aos ventos que é vosso dever decapitar nossas terras na busca da vossa liberdade e do bem-estar da humanidade Ah! me devolvam minha mancha original... vocês que morrem cada dia um pouco mais debaixo do peso de vossas traições ..... JM 2007
  • 4.
  • 5. Le Grand Rivage A grande costa Porque sempre volta a questão como no movimento das coisas escolher os elementos fundamentais verdadeiramente que farão do confuso um mundo que dura e como ordenar signos e símbolos para que a qualquer momento surjam novas estruturas abrindo em novas harmonias e guardar assim a vida viva complexa e cúmplice do é – somente : a poesia
  • 6. e agora tenho na cabeça uma vida Como um círculo que se dilata sempre a força de conivência e de compreensão em vez de um centro feroz de pura consciência de si quero o todo circunferência e meio No centro é o fim dos combates agora quantos sinais ao redor
  • 7. e também o esforço de apreender e dizer isto todo o profuso universo que o homem às vezes tão pouco ajunta
  • 8. mas sempre esta linguagem exemplar sutil como a flor fluída como a onda flexível como o ramo poderosa como o vento densa como a rocha única como o eu bela como o amor
  • 9.
  • 10. Geopoética A geopoética é uma teoria-prática transdisciplinar aplicável ​a todas as áreas da vida e da pesquisa, que visa restaurar e enriquecer a relação Homem-Terra a muito tempo quebrada, com as consequências que conhecemos nos planos ecológicos, psicológicos e intelectuais, desenvolvendo assim novas perspectivas existenciais em um mundo refundado.
  • 11. Geo
  • 12. Um mundo, é o que emerge da relação entre o homem e a terra. Quando essa relação é sensível, inteligente, complexa, o mundo é mundo no sentido mais profundo da palavra: um belo espaço onde viver plenamente. Se, ao contrário, essa relação é insensível, para não dizer brutal e exploradora, temos um mundo estéril e vazio, um mundo imundo
  • 13. Agora podemos compreender melhor o significado de geo em "geopoética". Não se trata de um equilíbrio das forças entre os estados (como em "geopolítica"), mas de uma relação fecunda com a terra e da eventual emergência, possível, de um mundo. O trabalho geopoético pretende, assim, explorar os caminhos desta relação sensível e inteligente com a terra, levando com passar do tem – quem sabe?- à uma cultura real.
  • 15. Poética • O que não é • Dinâmica fundamental do pensamento • A poética deve sintetizar todas as forças do corpo e da mente • deve ser o caminho essencial do qual os humanos compõe o mundo. • Uma cultura viva implique uma poética
  • 16. Elementos de uma geopoética Espírito que criou esta paisagem Caos de pedras rudes e vermelhas Audaciosos cumes arremessados em direção ao céu Estes desfiladeiros, estes córregos turbulentos e límpidos, este frescor nú Estes arranjos informes, feitos sem razão a não ser a deles Te conheço, selvagem espírito – estávamos afins Eu também faço tais arranjos, sem razão a não ser a deles Meus cantos não foram criticados por falta de arte? Por não respeitar as regras precisas e delicadas? A medida do lirismo, a graça realizada do templo, a estética polida do arco e da coluna? Mas você que se alegra aqui – espírito que criou esta paisagem Você, eles não esqueceram WW
  • 17. Perspectiva histórica • Depois de Hegel: a razão é o motivo da história • História tem uma finalidade – a ideia do progresso com P maiúscula nasce • A história tem direção: • Se dirige para o estado que vai terminar com estado (projeto comunista, Marx) • Estado para felicidade da maioridade (projeto liberal) • No entanto nem, ao leste como ao oeste, poucos ainda acreditam nestes “Projetos”
  • 18. No future? • A autopista do futuro, o “Progresso”, o projeto liberal leva a uma impasse • O que pode ser feito? Nada? • No entanto, cada um precisa utilizar a sua energia para realizar-se • todos devem se revitalizar, descobrir novas fontes de inspiração, para se aventurar em outras trilhas do sentir. • Este processo não é fácil, pois como se orientar quando se tenta sair da ”Autopista”?
  • 19. Poética • Ideia da geopoética fundada em 2 pilares: – A Terra e os seres-da-terra devem voltar no campo da cultura seguindo uma abordagem e sensibilidade renovada – A vitalidade da mente humana, a fonte de toda a energia criativa e perceptiva, é de ordem fundamentalmente "poética", desde que não limita esta palavra a um subconjunto da própria literatura separada completamente das atividades humanas as mais cruciais de nossa civilização, notadamente a ciência.
  • 20. Traço característico • Geopoética é desejo de re-explorar, de regozar, re-avaliar o mundo • Passo a passo, viagem após viagem, uma sensação após a outra, lampejo de pensamento após lampejo de pensamento, refazer tateando o mapa do mundo • Um mapa que seja também um canto e uma carta
  • 21. • Uma poética é um método de trabalho, um jeito de fazer, de sentir, de pensar de produzir • Uma pessoa só torna verdadeiramente criativa, verdadeiramente ativa quando acha a sua própria poética • Uma modalidade de acordo feliz, exata e amorosa com seu meio • O traço mais significativo de toda poética: uma gama de sensação, um tipo de afeto (disposição da alma) • Qual a poética da geopoética?
  • 22. Afeto geopoético • Sensação-do-mundo • Afeto geopoético é a emoção que nasce de um interesse profundo, intimo, que experimentamos para com uma coisa, um serdo-mundo • É uma comunicação que se estabelece entre nós e o mundo. Um tipo de relação amorosa. Talvez a essência da relação amorosa. Um reconhecimento, uma ressonância
  • 23. Misteriosamente e simplesmente, um acordo ocorre entre mim e essa floresta, essa ave, esta mulher ... como entre duas ondas do mesmo oceano
  • 24. • Quais as condições de um tal acordo, encontro? • Ultrapassar todo antropomorfismo • Evitar falsa-comunhão (pseuda-fusão) com a Natureza. Somos humanos e é como ser humano que nos acordamos, encontramos, dialogamos ressoamos com mundo
  • 25. Poética da geopoética • Caracterizada pela leitura do mundo • Esse “ler” não é decifrar uma mensagem • Ler como nadar ou dançar. Ler o rio como faz o pescador. Ler a floresta como o índio. • Ler com o corpo e não com o computador mental • Ouvir antes de buscar entender. Ouvir • Ver a luz sobre as coisas antes de atribuir funções, significações, símbolos. • A leitura de uma coisa real implica o reconhecimento desta coisa e a emoção que vem do que esta coisa nos diz alguma coisa dela, de nós mesmo, do mundo
  • 26. Relação poética a terra • • • • • Evitar fazer hipóteses Ficar a flor da realidade Que a realidade tal como é, é maravilha Sentir, expressar a realidade "Poética" significa emoção ativa, emoção que se tornou criativa e cognitiva, conhecimento e criação com base em nossa emoção vital: emoção que não nos fechou em nós mesmos, mas em vez disso nos abre e nos permite saber. "Poética" significa basicamente uma relação intensa e verdadeira entre mim e o que é para mim o mais próximo e o mais exótica, o mais distinto e o mais comum: a Terra.
  • 27. A experiência geopoética • Viajar / habitar num lugar • Relação com o lugar • Não é topofilia: nela a terra é um objeto – intelecto em primeiro lugar • Na geopoética precisa “experimentar”, “viver” o lugar, a terra (sou da terra, onda do oceano) – sentir em primeiro lugar • K. White (“Le grand rivage”): o quartzo rosa: uma ideia da terra: Uma ideia clara e densa da terra, mas também uma ideia que a terra teria…
  • 28. Viajar • Uma experiência geopoética significativa • Um poema no espaço • Experiencia sincera: confrontação no terreno do imaginário e do real (Segalen) • A geopoética quer mostrar que a terra está ainda “deconhecida” • Expedições geopoéticas prometem trabalho e gozo
  • 29. Segalen Conselhos ao bom viajante Cidade ao fim da estrada e estrada estendendo a cidade: não escolhe uma ou outra, mas uma e outra bem alternadas. Montanha cercando teu olhar, o inclina e o contem que a: planície circular libera. Ame saltar pedras e degraus; mas acaricie as lajes onde o pé posa bem plano. Repouse do som no silêncio, e, do silêncio, digne-se voltar ao som. Sozinho se puder, si souber estar sozinho, derrame-se as vezes até a multidão. Guarde bem eleger abrigo. Não crê à virtude de uma virtude durável: rompea de algum forte especiaria que queima e morde e da gosto até mesmo a insipidez Assim, sem parar nem pisar em falso, sem cabresto e sem estabulo, sem méritos nem penas, chegaras, amigo, não ao pântano das alegrias imortais, Mas aos redemoinhos cheios de embriaguez do grande rio Diversidade

Notas do Editor

  1. Convidarosalunos a se expressar – O queégeopoética?
  2. http://www.kennethwhite.org/oeuvres/index.php?rub=fr&srub=poesie&act=detail&id=1026&tag=1385770126
  3. http://www.kennethwhite.org/geopoetique/
  4. http://www.kennethwhite.org/geopoetique/http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/introgeopoetique/textes_fond_geopoetiques1.html
  5. À travers les siècles et les millénaires, la culture (ce qui permetd’augmentersa vie et d’affiner son esprit – rienàvoir avec le bavardage de salon) a étéfondéesur le mythe, la religion, la métaphysique. Aujourd’hui, ellen’est plus fondéesurrien. Elle prolifère, c’est tout, la seuleloiétantcelle du marché. Tout le monde, enfin, un nombre croissant d’individus, sent qu’ilmanqueune base. Tout retour aux anciensfondementsétant naïf, partiel et caricatural, c’estune nouvelle base qu’il nous faut. C’estcette nouvelle base que propose la géopoétique.Pour qu’il y ait culture au sensprofond de ce mot, ilfautqu’il y ait consensus dans le groupe social à propos de ce qui estconsidérécommeessentiel. Danstoute culture fondée et vivifiante, on trouve un foyer central. Tout le monde (à des niveaux de discoursdifférents, certes) s’yréfère – le philosophe dans son cabinet d’étude, le paysandans son champ. Au MoyenÂgechrétien, c’était la Vierge Marie et le Christ. Àl’époquegrecqueclassique, l’agoraphilosophique et politique. Dansunetribupaléolithique, le rapport àl’animal.À un moment donné, après de longuesannées de recherches en histoire et en culture comparée, je me suisdemandés’ilexistaitune chose surlaquelle, au-delà de toutes les différencesd’ordrereligieux, idéologique, moral et psychologique qui foisonnent et parfoissévissentaujourd’hui, on pouvait – au nord, au sud, àl’est et àl’ouest – êtred’accord. J’ensuisarrivéàl’idéequec’est la Terre même, cetteplanèteétrange et belle, assez rare apparemmentdansl’espacegalactique, surlaquelle nous essayonstous, mal la plupart du temps, de vivre.D’où le « géo » danscenéologisme.http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/introgeopoetique/textes_fond_geopoetiques1.htmlhttp://www.kennethwhite.org/geopoetique/
  6. O queépoética? Ver com osestudantes
  7. Quant au mot « poétique », je ne l’utilise pas dans le sensacadémique de «théorie de la poésie». Il n’est question icini de poésiedans le senstraditionnel (poésie pure, poésiepersonnelle, etc.), encore moinsdans le sensdégradé (fantaisiesfilmiques, lyrisme de la chansonnette, etc.) qui a cours en général. Passonsvitesurcettepauvresociologie, et pensons, par exemple, à l’« intelligence poétique » (nous poetikos) d’Aristote.Par « poétique », j'entendsunedynamiquefondamentale de la pensée. C'estainsiqu'ilpeut y avoiràmonsens, non seulementunepoétique de la littérature, maisunepoétique de la philosophie, unepoétique des sciences et, éventuellement, pourquoi pas, unepoétique de la politique. Le géopoéticien se situed’embléedansl’énorme. J'entendscelad'aborddans le sensquantitatif, encyclopédique (je ne suis pas contre le quantitatif, à condition quel'accompagne la force capable de le charrier), ensuite, dans le sensd’exceptionnel, d’é-norme (en-dehors des normes). En véhiculanténormément de matière, de matièreterrestre, avec un sensélargi des choses et de l’être, la géopoétiqueouvre un espace de culture, de pensée, de vie. En un mot, un monde.À propos, si je dis « géopoéticien » (sur le modèle de logicien, mathématicien), et non pas « géopoète », c’est pour ne pas cantonner la géopoétique, comme on pourrait le penser, dansune vague expression lyrique de la géographie. La géopoétique, baséesur la trilogieeros, logos et cosmos, créeunecohérencegénérale – c’estcelaquej’appelle «un monde».http://www.kennethwhite.org/geopoetique/http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/introgeopoetique/textes_fond_geopoetiques2.html
  8. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/introgeopoetique/textes_fond_geopoetiques6.htmlDe prime abord, ilest facile de constaterquepeu de poètes, peud’artistes de premier plan évitent un vocabulairecosmopoétique. Voici, dansce nouveau contexte, Klee: «Je commence par le chaos – le terrestre en moi se lie à la penséecosmique.» Rilke, lui, parle d’un «purespacefaisant irruption de loin», d’une «totalitéàlaquelleil nous arrive d’avoir part» et déclareque son projetpoétiqueest de «présenter la vastitude, la variété, la complétude du monde sous forme de purespreuves». On notera la similitude entre l’attitudecosmoexistentielle de Rilke («Je vis ma vie en cercles de plus en plus larges») et celled’Einsteinque nous avons déjà évoquée. Quant au programmepoétique de l’auteur des Élégies de Duino, ilsembleréconcilierce qui fut pour Einstein désespérémentséparé: la «complétude» et les «purespreuves».De l’autrecôté de l’Atlantique, tournons-nous versd’autrespoètes du cosmos. Après s’êtremoqué de ces «pohètes» qui, devantcettevastitude, se perdent en dithyrambespoussifs («Méfiez-vous de tout poète qui a le mot kawsmosà la bouche»), Pound (que je cite ici pour sa clairvoyance poétique et critique, mettantà part seségarementsultérieurs), à la fin de sagrandefresquehistorico-culturelle, les Cantos, va dire luiaussique le but de toutepoétique, c’est de «faire cosmos» (to make cosmos), maisd’unemanière non grandiloquente. Parmiceux qui méritent les sarcasmes du jeune Pound, il y a un certain Walt Whitman qui, parfois, se laissealleràuneespèce de vague cosmopoéticitéaméricanolâtreégomaniaque, mais le même Whitman, à des moments plus tranquilles, oùiln’est plus le «porte-parole de cesÉtats», est capable justement de «faire cosmos», grâce à des sensations cosmiquesd’une rare densité, d’une rare fluidité. Ce Whitman-làavaitdéclaré un jour qu’ilétait prêt àabandonneràpeuprès tout cequel’on attend ordinairement d’un poème: thèmeaffectif, sentiment personnel, prosodie soignée, unemétaphoreoudeux, un peud’ambiguïté, un saupoudrage de symbolique, que sais-je (voirJakobson, Empson et autrespoétologues de la fin de la modernité), siseulementilarrivaitàrendre «l’ondulationd’une vague, la respiration de l’océan.» C’estdans un court poèmeécrit en 1881 lorsd’unevisite au Platte Cañon, dans le Colorado, qu’ilformule le mieux son projet, son programme, sapoétique:Esprit qui as créécepaysageCes chaos de rochersrudes et rouges Cessommetsaudacieux qui s’élancentverscecielCes gorges, cesruisseauxturbulents et clairs, cettefraîcheurnueCes arrangements informes, faits pour nulle raison sinon la leurJe teconnais, sauvage esprit – nous avonsété en rapport Moiaussi, je fais de tels arrangements, pour nulleraison sinon la leurN’a-t-on pas reprochéàmes chants de manquer d’art? De ne pas respecter les règles précises et délicates? La mesure du lyriste, la grâce accomplie du temple, l’esthétiquepolie de l’arc et de la colonne? Maistoi qui teréjouisici – esprit qui as créécepaysageToi, ils ne t’ont pas oublié.(Traduction: Marie-Claude White)Ici, la cosmopoétiquedevient plus précisémentgéopoétique (les deux «voies et voix» ne sontévidemment pas séparables – n’oublions pas qu’auXVIe siècle «cosmographe» signifie «géographe», et si je dis «géopoétique» plutôtque «cosmopoétique», c’est pour indiquerque le cheminement a lieu dansl’espaceterrestreplutôtquedansl’espacelunaireoumartien, mais on peutévidemment marcher sur un cheminterrestre avec un «esprit cosmique»). Il s’agitici pour Whitman, chez qui on peutregretterseulement la présence d’un Esprit à la foischrétien et hégélien, non pas d’embrasserfraternellementl’univers, non pas d’exprimerl’humainou le macrohumain , maisd’élaborerunepoétique qui corresponde au chaos de rochersqu’ilcontemple. Cettepoétiqueest déjà inhérente au monde, ilfautd’abord y adhérer, ensuite essayer de la dire. Quelque chose de semblable se trouveaussi chez Novalis, quandilparle, au début des Élèves de Saïs, d’uneécriture de la terre: «Cetteécriturechiffréequ’onrencontre partout, sur les ailes, sur la coquille des œufs, dans les nuages, dans la neige, dans les cristaux et les pétrifications, àl’intérieur et àl’extérieur des montagnes, des plantes, des animaux, des hommes, dans les lumières du ciel.» C’estcetteécriture de la terre, cettepoétique plus qu’humaine (non pas surhumaine) qu’étudie et qu’élabore Roger Cailloisquandil «lit» les pierres, et qu’il propose d’étendrecette lecture aux dessins de la croissanceorganique et des forces géochimiques, danstous les «lieuxoùévoluent les états de la matière et des corps qui la composent», afin de recueillir les «signes multiples et conjugués de la cohérence du monde». Cailloisprocèdepierre par pierre, trace par trace. Saint-John Persetenteune parole, maisune parole qui veutresterproche du «plus grand récit des choses par le monde», qui essaie de lire «les écrituresnouvelles encloses dans les grandsschistesàvenir» et qui, comme Whitman à Platte Cañonousur les rivages de Long Island, invoqueune puissance chaoticiste au-delà des muses et des mesures: «Enseigne-nous, Puissance, le versmajeur du plus grand ordre, dis-nous le ton du plus grand art, Merexemplaire du plus grand texte.» C’estce «plus grand texte» qui constitue le but de la géopoétique.
  9. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/introgeopoetique/textes_fond_geopoetiques3.html
  10. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/introgeopoetique/textes_fond_geopoetiques3.html
  11. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  12. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  13. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  14. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  15. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  16. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  17. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  18. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  19. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  20. http://www.geopoetique.net/archipel_fr/institut/cahiers/cah3_ga2.html
  21. http://www.steles.net/page.php?p=52Ville au bout de la route et route prolongeant la ville : ne choisisdonc pas l'uneoul'autre, maisl'une et l'autrebienalternées.Montagne encerclant ton regard le rabat et le contientque la : plainerondelibère. Aimeàsauterroches et marches ; maiscaresse les dallesoù le pied pose bienà plat.Repose-toi du son dans le silence, et, du silence, daignerevenir au son. Seulsitupeux, situ sais êtreseul, déverse-toiparfoisjusqu'à la foule.Gardebiend'élire un asile. Ne crois pas à la, vertud’unevertu durable : romps-la de quelque forte épice qui brûle et morde et donne un goûtmêmeà la fadeur.Ainsi, sans arrêtni faux pas, sans licol et sans étable, sans méritesnipeines, tuparviendras, non point, ami, au marais des joies immortelles,Mais aux remouspleinsd'ivresses du grand fleuveDiversité.