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Secretaria de Vigilância em Saúde
Coordenação de Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar




      Vigilância Epidemiológica
           da Febre Tifóide
Febre tifóide

                                    Fonte: http://www.physorg.com/news83593133.html


• Doença        bacteriana   aguda        causada                pela
    Salmonella enterica sorotipo Typhi da Família
    Enterobacteriaceae
• Distribuição mundial, não apresenta alterações
    cíclicas ou de sazonalidade
•   Baixos níveis socioeconômicos: associada às
    precárias      condições       de           saneamento,
    abastecimento     d’água,     higiene         pessoal              e
    ambiental
Peculiaridades do agente etiológico

Tempo de sobrevida


• Água doce: 3 a 4 semanas em condições
    favoráveis (oxigênio, baixa temperatura)
• Esgoto: 40 dias, aproximadamente (condições
    experimentais)
•   Água do mar: é necessário altíssima
    contaminação
Peculiaridades do agente etiológico

Tempo de sobrevida


• Ostras, mariscos e outros moluscos: até 4
  semanas
• Alimentos (laticínios): até 2 meses
• Carnes e enlatados: se ocorrer, sobrevida alta,
  maior do que a vida útil desses alimentos
Sintomas

• Febre alta (manifestação mais expressiva)

• Cefaléia, mal-estar geral, dor abdominal

• Falta de apetite, bradicardia relativa

• Esplenomegalia, manchas rosadas no tronco

•   Constipação intestinal ou diarréia, e tosse seca.
Principais características da doença


• Faixa etária entre 15 e 45 anos de idade - áreas
  endêmicas
• A taxa de ataque diminui com a idade.
Reservatório e Fontes de Infecção


• Reservatório natural: o homem
• Reservatório experimental: chimpanzés,
  camundongos e outros animais
• Fontes de infecção: portadores e indivíduos
  doentes
Modo de Transmissão

• Direta: contato direto com as mãos do doente ou
  portador
• Indireta:
   • água (sua distribuição e utilização)
   • alimentos contaminados com fezes ou urina
     de doente ou portador

              “Doença das mãos sujas”
Período de Incubação

Depende da dose infectante, comumente 1 a 3
semanas (2 semanas em média)


      Período de Transmissibilidade

Geralmente desde a primeira semana da doença
até o fim da convalescença
Diagnóstico

• Diferencial: doenças entéricas de diversas
  etiologias (Salmonella enterica sorotipo Paratyphi
  A, B, C, Yersinia enterocolitica, etc)
• Laboratorial: isolamento e identificação do
  agente etiológico nas diferentes fases clínicas, a
  partir de hemocultura, coprocultura, mielocultura
  e urocultura
• Clínico-Epidemiológico
Tratamento


• É quase sempre ambulatorial. A internação é
  indicada para os casos de maior gravidade.
• Cloranfenicol ainda é considerada a droga de
  primeira escolha.
Vacinação


• As vacinas contra a febre tifóide, atualmente
  registradas, não apresentam valor prático para o
  controle de surtos por não possuírem alto poder
  imunogênico e conferirem imunidade de curta
  duração.
Vigilância Epidemiológica


• Registrar dados na Ficha de Notificação (doença
  de notificação compulsória)
• Determinar a magnitude do evento
• Fator desencadeante (fonte de infecção)
• Adotar medidas necessárias para evitar
  disseminação
Investigação epidemiológica

          Quem?

         Quando?

          Onde?

       De que forma?
Caso suspeito


Indivíduo com febre persistente, que pode ou não
ser acompanhada de um ou mais dos seguintes
sinais e sintomas: cefaléia, mal-estar geral, dor
abdominal, anorexia, dissociação pulso-
temperatura, constipação ou diarréia, tosse seca,
roséolas tíficas (manchas rosadas no tronco –
achado raro) e esplenomegalia.
Caso confirmado por critério laboratorial



Quando os achados clínicos forem compatíveis
com a doença e houver isolamento da Salmonella
enterica sorotipo Typhi ou detecção pela técnica
de Polymerase Chain Reaction (PCR)
Caso confirmado por critério
         clínico-epidemiológico



Caso    clinicamente    compatível   que   está
epidemiologicamente associado, ou seja, que
manteve contato com um caso confirmado por
critério laboratorial
Fluxograma do Sistema de Vigilância

                     Diagnóstico suspeito do caso




                           Notificação à Vigilância
                               Epidemiológica



                              Nível local
                    Secretaria Municipal de Saúde
Disseminação da                                        Investigação
   Informação                                         Epidemiológica
                          Nível Estadual
                     Secretaria Estadual de Saúde



                           Nível Nacional
                  Secretaria de Vigilância em Saúde
                         Ministério da Saúde
Surtos DTA
       Salmonella enterica sorotipo Typhi


• Entre 2000 e 2008* (Brasil): 15 surtos de origem
    alimentar
• Ocorrência: BA (8), SP (3), AM (1), MA (1), SE (1) e
    RS (1)
•   Total de doentes: 128
• 1 óbito
Surtos DTA
     Salmonella enterica sorotipo Typhi


• Dos 14 surtos com informação do alimento
  envolvido:
   • 64% (9) água, 14% (2) sanduíche, 7% (1)
     maionese e 7% (1) múltiplos alimentos, 7% (1)
     ostra
• Locais: restaurantes, refeitórios, salões
  comunitários, hospitais, residência, outros
  estabelecimentos comerciais
Casos confirmados de febre tifóide.
                      Brasil, 1999 - 2008*
                            Ano       Casos
                                   confirmados
                            1999       5
                            2000       69
                            2001      380
                            2002      863
                            2003      870
                            2004      571
                            2005      494
                            2006      601
                            2007      399
Fonte: SINAN W, SINAN NET   2008      154
* Dados preliminares
Casos confirmados de febre tifóide por
                região. Brasil, 1999 - 2008*




Fonte: SINAN W, SINAN NET
* Dados preliminares
Casos confirmados de febre tifóide,
                      por mês. Brasil, 2008*
                         Mês         Casos
                                   Confirmados
                       Janeiro         37
                       Fevereiro       27
                        Março          11
                         Abril         22
                         Maio          22
                        Junho          12
                        Julho          13
                        Agosto          5
                       Setembro         5
                       Outubro          0
Fonte: SINAN NET
* Dados preliminares
Casos confirmados de febre tifóide
                  por mês, por região. Brasil, 2008*
          25     N° Casos


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                                                                                           ut
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                                                                                                  ov


                                                                                                           ez
                                                                                          O
                 Fe




                                                                             Se




                                                                                                          D
                                                                                                 N
                       Região Norte                  Região Nordeste                 Região Sudeste
Fonte: SINAN NET       Região Sul                    Região Centro-Oeste
* Dados preliminares
Coeficiente de incidência e taxa de
                  letalidade da febre tifóide.
      Incidência      Brasil, 1981 - 2008*      Letalidade (%)
    (100.000 hab.)
       4,0                                                                            3,5

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              1981   1984   1987    1990   1993    1996   1999   2002   2005   2008
                                                Anos
Fonte: SINAN W, SINAN NET          Incidência             Letalidade
* Dados preliminares
Número de casos e óbitos por febre tifóide.
                 Brasil, 1981 - 2008*




Fonte: SINAN W, SINAN NET
* Dados preliminares
Recomendações


• Reduzir a incidência e a letalidade
• Impedir ou dificultar a propagação da doença
• Controlar surtos
febretifoide@saude.gov.br

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Vigilância da Febre Tifóide no Brasil

  • 1. Secretaria de Vigilância em Saúde Coordenação de Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar Vigilância Epidemiológica da Febre Tifóide
  • 2. Febre tifóide Fonte: http://www.physorg.com/news83593133.html • Doença bacteriana aguda causada pela Salmonella enterica sorotipo Typhi da Família Enterobacteriaceae • Distribuição mundial, não apresenta alterações cíclicas ou de sazonalidade • Baixos níveis socioeconômicos: associada às precárias condições de saneamento, abastecimento d’água, higiene pessoal e ambiental
  • 3. Peculiaridades do agente etiológico Tempo de sobrevida • Água doce: 3 a 4 semanas em condições favoráveis (oxigênio, baixa temperatura) • Esgoto: 40 dias, aproximadamente (condições experimentais) • Água do mar: é necessário altíssima contaminação
  • 4. Peculiaridades do agente etiológico Tempo de sobrevida • Ostras, mariscos e outros moluscos: até 4 semanas • Alimentos (laticínios): até 2 meses • Carnes e enlatados: se ocorrer, sobrevida alta, maior do que a vida útil desses alimentos
  • 5. Sintomas • Febre alta (manifestação mais expressiva) • Cefaléia, mal-estar geral, dor abdominal • Falta de apetite, bradicardia relativa • Esplenomegalia, manchas rosadas no tronco • Constipação intestinal ou diarréia, e tosse seca.
  • 6. Principais características da doença • Faixa etária entre 15 e 45 anos de idade - áreas endêmicas • A taxa de ataque diminui com a idade.
  • 7. Reservatório e Fontes de Infecção • Reservatório natural: o homem • Reservatório experimental: chimpanzés, camundongos e outros animais • Fontes de infecção: portadores e indivíduos doentes
  • 8. Modo de Transmissão • Direta: contato direto com as mãos do doente ou portador • Indireta: • água (sua distribuição e utilização) • alimentos contaminados com fezes ou urina de doente ou portador “Doença das mãos sujas”
  • 9. Período de Incubação Depende da dose infectante, comumente 1 a 3 semanas (2 semanas em média) Período de Transmissibilidade Geralmente desde a primeira semana da doença até o fim da convalescença
  • 10. Diagnóstico • Diferencial: doenças entéricas de diversas etiologias (Salmonella enterica sorotipo Paratyphi A, B, C, Yersinia enterocolitica, etc) • Laboratorial: isolamento e identificação do agente etiológico nas diferentes fases clínicas, a partir de hemocultura, coprocultura, mielocultura e urocultura • Clínico-Epidemiológico
  • 11. Tratamento • É quase sempre ambulatorial. A internação é indicada para os casos de maior gravidade. • Cloranfenicol ainda é considerada a droga de primeira escolha.
  • 12. Vacinação • As vacinas contra a febre tifóide, atualmente registradas, não apresentam valor prático para o controle de surtos por não possuírem alto poder imunogênico e conferirem imunidade de curta duração.
  • 13. Vigilância Epidemiológica • Registrar dados na Ficha de Notificação (doença de notificação compulsória) • Determinar a magnitude do evento • Fator desencadeante (fonte de infecção) • Adotar medidas necessárias para evitar disseminação
  • 14. Investigação epidemiológica Quem? Quando? Onde? De que forma?
  • 15. Caso suspeito Indivíduo com febre persistente, que pode ou não ser acompanhada de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: cefaléia, mal-estar geral, dor abdominal, anorexia, dissociação pulso- temperatura, constipação ou diarréia, tosse seca, roséolas tíficas (manchas rosadas no tronco – achado raro) e esplenomegalia.
  • 16. Caso confirmado por critério laboratorial Quando os achados clínicos forem compatíveis com a doença e houver isolamento da Salmonella enterica sorotipo Typhi ou detecção pela técnica de Polymerase Chain Reaction (PCR)
  • 17. Caso confirmado por critério clínico-epidemiológico Caso clinicamente compatível que está epidemiologicamente associado, ou seja, que manteve contato com um caso confirmado por critério laboratorial
  • 18. Fluxograma do Sistema de Vigilância Diagnóstico suspeito do caso Notificação à Vigilância Epidemiológica Nível local Secretaria Municipal de Saúde Disseminação da Investigação Informação Epidemiológica Nível Estadual Secretaria Estadual de Saúde Nível Nacional Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde
  • 19. Surtos DTA Salmonella enterica sorotipo Typhi • Entre 2000 e 2008* (Brasil): 15 surtos de origem alimentar • Ocorrência: BA (8), SP (3), AM (1), MA (1), SE (1) e RS (1) • Total de doentes: 128 • 1 óbito
  • 20. Surtos DTA Salmonella enterica sorotipo Typhi • Dos 14 surtos com informação do alimento envolvido: • 64% (9) água, 14% (2) sanduíche, 7% (1) maionese e 7% (1) múltiplos alimentos, 7% (1) ostra • Locais: restaurantes, refeitórios, salões comunitários, hospitais, residência, outros estabelecimentos comerciais
  • 21. Casos confirmados de febre tifóide. Brasil, 1999 - 2008* Ano Casos confirmados 1999 5 2000 69 2001 380 2002 863 2003 870 2004 571 2005 494 2006 601 2007 399 Fonte: SINAN W, SINAN NET 2008 154 * Dados preliminares
  • 22. Casos confirmados de febre tifóide por região. Brasil, 1999 - 2008* Fonte: SINAN W, SINAN NET * Dados preliminares
  • 23. Casos confirmados de febre tifóide, por mês. Brasil, 2008* Mês Casos Confirmados Janeiro 37 Fevereiro 27 Março 11 Abril 22 Maio 22 Junho 12 Julho 13 Agosto 5 Setembro 5 Outubro 0 Fonte: SINAN NET * Dados preliminares
  • 24. Casos confirmados de febre tifóide por mês, por região. Brasil, 2008* 25 N° Casos 20 15 10 5 Mês 0 il o iro ço ro o o o o o ro o br ai br br st nh lh br ub i ar ne re M A Ju go em em em Ju M ut ve Ja A t ov ez O Fe Se D N Região Norte Região Nordeste Região Sudeste Fonte: SINAN NET Região Sul Região Centro-Oeste * Dados preliminares
  • 25. Coeficiente de incidência e taxa de letalidade da febre tifóide. Incidência Brasil, 1981 - 2008* Letalidade (%) (100.000 hab.) 4,0 3,5 3,5 3,0 3,0 2,5 2,5 2,0 2,0 1,5 1,5 1,0 1,0 0,5 0,5 0,0 0,0 1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002 2005 2008 Anos Fonte: SINAN W, SINAN NET Incidência Letalidade * Dados preliminares
  • 26. Número de casos e óbitos por febre tifóide. Brasil, 1981 - 2008* Fonte: SINAN W, SINAN NET * Dados preliminares
  • 27. Recomendações • Reduzir a incidência e a letalidade • Impedir ou dificultar a propagação da doença • Controlar surtos