Transmissão de posse da Presidência da SOBRAMES e desejos de sucesso para a nova gestão
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CARO PRESIDENTE DA SOBRAMES
DOUTOR SÉRGIO PITAKI
É com satisfação que retorno a
Curitiba para transmitir-lhe a posse
oficial e entroniza-lo na Presidência de
nossa valorosa Sociedade Brasileira de
Médicos Escritores.
Seu entusiasmo e seu empenho, já
sobejamente demonstrados, tornam-nos
confiantes que sua gestão será tão ou
mais fecunda do que foi a nossa.
Presidir uma entidade médico-literária
de abrangência nacional é, primeiro,
aprender a desconhecer aquilo que, por
ser corrosivo e deletério, deve ser
desconhecido.
Assim, pode uma Diretoria debruçar-se
e cuidar das coisas todas que se
demonstrarem fecundas para congregar os
díspares anseios e coordenar as múltiplas
tantas potencialidades expressivas e
participativas de tantos e de todos os
colegas sobramistas do Brasil.
Faça sua gestão, caro Pitaki, segundo
a sua conveniência. Iguais diferentes
irmãos, compartilhando os eventos e a
alegria, unidos pela inteireza coajutora
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do espírito laico que aspira ao bem.
Seres cogitantes, falantes, anelantes, em
ânsia permanente de sermos outra coisa,
mais e melhor, somos grandes na medida em
que enfrentamos e suplantamos desafios e
adversidades grandiosas.
Aprendi no exercício da presidência de
nossa entidade que os seres humanos tem
vontade de modificar-se para melhor. Os
seres humanos são perfectíveis.
O homem é sujeito e objeto de sua
própria busca. Deve alçar-se acima de
seus limites.
Nossa literatura, derivada de nossa
prática médica, é marcada pela égide do
bem.
Escrever e publicar é uma forma eficaz
de praticar o bem e ser mais criativo. É
também procurar por ti por dentro de si
mesmo.
Em um tempo e em um mundo tão
atravessado de influencias e de
avassaladoras impertinências, cabe a cada
um de nós, homens decentes, erigir nossa
pessoal egodicéia, posto que o que está
fora do eu reduz-se a um mar de
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desventuras. Nosso eu é reitor supremo de
nossa pessoa.
Aprendemos na clínica médica e no eito
da escrita, que a busca profunda fecunda
só acontece mediante a escavação, a
imersão, a contração do espírito, numa
descida. Esquivando-se dos perturbadores
fenômenos extracircunferenciais,
deixando-se atrair ao fulcro do
redemoinho, para poder, só assim,
elaborar produção pessoal.
Nossa época, de uns dez anos para cá,
vem sendo avassalada pelas milmaravilhas
da nanoeletrônica. Para o bem e para o
melhor. Tudo porém, tem um preço a pagar.
A pletora imagética decorrente da
dimensão virtual vem empanando, justo, a
dimensão imaginária e, por via de
consequência, a dimensão simbólica, justo
as que nos deram a poesia e a prosa de
ficção.
A poesia e a literatura imaginativa
são o centro e a circunferência do saber.
Estejamos atentos para não sermos
soterrados nesse excesso de fotogramas
vertiginosos.
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Ao longo de nossa gestão, sob o
influxo da ampla consciência dos
companheiros, aprendemos a querer saber
como é a realidade das coisas e dos
fenômenos do mundo. Há uma xispa, uma
chama – um daimon, um gênio ou, se
quiserem, um deus dentro de nós. Coexiste
na gente, fome e sede de saber das
coisas, aliado a insinuações de esperança.
Do caos primevo, revelado pelos
achados cosmológicos, ordena-se, mediante
um raio claro ordenador apolíneo, um
cosmo racional, luminoso e visível que
constitui esse Mundo Médio no qual
vivemos.
Presidente Pitaki, auguro que a
Presidência lhe seja uma tarefa e um
experiência vivencial tão rica e tão
profícua quanto foi para mim. E que você
e sua Diretoria sejam os novos túrgidos e
argutos timoneiros de nossa SOBRAMES.
Oxalá!
MARCO AURÉLIO BAGGIO
1º de Março de 2013.