SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
A Lei Maria da Penha, que estabelece penas mais duras para os casos de agressão
a mulheres, quebrou paradigmas e mudou o direito brasileiro,
a partir da Lei Maria da Penha, o quarto de um casal, por exemplo, deixou de ser
um espaço privado para se tornar público, quando houver violência contra a
mulher.
“Havia um ditado que dizia que, em briga de marido e mulher, ninguém mete a
colher, mas mete, sim, se a colher for pesada e violenta“.
a lei está conseguindo derrubar questões, como o medo e a vergonha, que antes
impediam que as mulheres vítimas de violência denunciassem seus agress
As autoridades sugerem que em caso de violência doméstica, as mulheres devem
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes.
“Não tem essa história de que em briga de marido e mulher não se mete a colher.
Nada disso. É preciso sim que se alguém presenciar qualquer tipo de violência
contra as mulheres que denuncie imediatamente. Façam isso no anonimato, porque
as autoridades terão outros mecanismos para combater essa violência que cresce a
cada dia em nosso estado“.
“Esses acontecimentos têm origem, normalmente, em problemas de relacionamento,
econômicos, bebida ou tóxicos. Formas de tortura cotidiana ficam sob o manto da
impunidade, uma vez que a parte mais fraca é vítima dessas lesões no próprio
lar. Na maioria das vezes não há denúncias, prevalecendo o “deixa prá lá““.
Conto de fadas sem final feliz mulheres que sofreram agressão física e
psicológica por seus companheiros
Para especialistas, a sociedade constrói a base da violência contra mulheres. Os
filhos são o principal motivo para elas decidam acabar com o ciclo.
O amparo da lei, especialmente a Lei Maria da Penha, que entrou em
vigor em setembro de 2006, também fez com que as vítimas ganhassem mais coragem
para denunciar. Entre os fatores que as impedem de falar,
estão o medo do companheiro, a vergonha de se admitirem vítimas e a questão
socioeconômica, uma vez que muitas dependem do dinheiro do marido para viver.
“Muitas têm vários filhos e nenhuma instrução ou qualificação profissional“,
elas tem os mais diferentes níveis de escolaridade, bem como condições
financeiras
distintas. O que existe em comum é a resistência à destruição do relacionamento.
“Mas sempre chega um momento em que alguma coisa acontece e ela diz “agora eu
vou“.“
Antes disso, porém, há a chamada lua de mel, em que o homem “volta ao normal“ e
jura nunca mais encostar um dedo sequer nela.
“Isso faz com que ela alimente uma falsa esperança de que ele pode vir a mudar“,
A “melhora“ prova-se temporária, e tudo começa outra vez.
No entanto, a recaída não é considerada um obstáculo à resiliência. “Não há
nada que atrapalhe esse processo. O que existe são fatores de risco,
como a vulnerabilidade da mulher ou da criança.“
A sociedade constrói a base da violência. Mas é possível descontruir esse
entendimento, uma vez que ele não é natural De onde vem o ódio masculino às
mulheres?
Os estudos nesse sentido ainda são incipientes, mas, uma coisa é certa: é
preciso aprofundar o conhecimento. “Compreendemos que a violência contra a
mulher é uma
questão da cultura da sociedade“. “Vivemos a cultura patriarcal, que estabelece
uma relação desigual de poder entre o masculino e o feminino.
O primeiro para mais e o segundo para menos.“ Essa cultura, repercutida no
ambiente familiar, nas escolas e nos demais ambientes de convivência,
seria, então, uma das principais responsáveis pela violência contra a mulher no
futuro.
Dessa forma, a sociedade, constrói a base da violência. “Se é algo aprendido, é
algo que pode ser redimensionado e ressignificado”.
É possível descontruir esse entendimento, uma vez que ele não é natural.O
objetivo é fazer com que o homem reflita sobre a sua prática. ”A eles, são dadas
informações
acerca da violência,nesse acompanhamento, em que o homem tem a oportunidade de
falar, ele é estimulado a entender que há outras formas
de lidar com o conflito além da força, como o diálogo. ”Outro motivo para esse
trabalho é que esse homem vai retomar esse relacionamento ou criar novos
vínculos.
Se ele não for trabalhado, a violência vai se repetir.”
a violência nunca tem um fator único, que a desencadeie. ”É multifatorial. Há
componentes culturais, históricos e a questão de gênero na sociedade.”
Apesar de não existir nenhuma justificativa para a violência, ela conta que os
principais motivos apontados pelos homens envolvem o ciúme. ”Eles misturam ciúme
com amor. Vira um sentimento que eles não entendem muito bem”, resume. Roupas
não passadas, jantar que demorou a ser pronto: tudo vira motivo para o
espancamento.
O conflito é inerente às relações humanas. Aprender a lidar com ele é que é o
problema, quando o assunto é violência, o ponto principal
é trabalhar a igualdade de gênero. ”Agora, é a hora de começar a se preocupar
com o outro lado do problema.” Estudar o que leva os homens a baterem em suas
mulheres
a fundo, produzir literatura sobre o tema e, principalmente, realizar trabalhos
em escolas são algumas sugestões de enfrentamento.
”É preciso saber mais sobre o ambiente em que esse homem cresceu. Crianças que
viram seus pais agredirem as mães tendem a repetir esse comportamento.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Delegacias de Mulheres e Lei Maria da Penha
Delegacias de Mulheres e Lei Maria da PenhaDelegacias de Mulheres e Lei Maria da Penha
Delegacias de Mulheres e Lei Maria da PenhaAlice Bianchini
 
12.1 feminicídio o que é, tipos e exemplos! - blog do stoodi
12.1   feminicídio  o que é, tipos e exemplos! - blog do stoodi12.1   feminicídio  o que é, tipos e exemplos! - blog do stoodi
12.1 feminicídio o que é, tipos e exemplos! - blog do stoodiRafaelSoares42024
 
Texto violência contra a mulher
Texto violência contra a  mulherTexto violência contra a  mulher
Texto violência contra a mulherSadrak Silva
 
Lei Maria da Penha
Lei Maria da PenhaLei Maria da Penha
Lei Maria da PenhaFETAEP
 
Cartilha combate á violência contra a mulher
Cartilha combate  á  violência contra a mulherCartilha combate  á  violência contra a mulher
Cartilha combate á violência contra a mulherCEDDHSC-ESTADUAL-RJ
 
10 anos da Lei Maria da Penha
10 anos da Lei Maria da Penha 10 anos da Lei Maria da Penha
10 anos da Lei Maria da Penha Conceição Amorim
 
Violência contra a mulher
Violência contra a mulherViolência contra a mulher
Violência contra a mulherBinhoKleber
 
Violencia contra a mulher
Violencia contra a mulherViolencia contra a mulher
Violencia contra a mulherulissesporto
 
Lei maria da penha (11
Lei maria da penha (11Lei maria da penha (11
Lei maria da penha (11Silvio Candido
 
Violência contra a mulher
Violência contra a mulherViolência contra a mulher
Violência contra a mulherElton Zanoni
 
Violência contra a mulher: gênero, número e grau
Violência contra a mulher: gênero, número e grauViolência contra a mulher: gênero, número e grau
Violência contra a mulher: gênero, número e grauAlice Bianchini
 
Lei Maria da Penha e seus efeitos.
Lei Maria da Penha e seus efeitos.Lei Maria da Penha e seus efeitos.
Lei Maria da Penha e seus efeitos.Julia Evellin
 
Lei Maria da Penha 3 anos depois - Mima Badan
Lei Maria da Penha 3 anos depois - Mima BadanLei Maria da Penha 3 anos depois - Mima Badan
Lei Maria da Penha 3 anos depois - Mima BadanMima Badan
 
Roteiro violência contra a mulher
Roteiro violência contra a mulherRoteiro violência contra a mulher
Roteiro violência contra a mulherSadrak Silva
 
Violencia contra a mulher
Violencia contra a mulherViolencia contra a mulher
Violencia contra a mulherMaira Conde
 

Mais procurados (20)

Delegacias de Mulheres e Lei Maria da Penha
Delegacias de Mulheres e Lei Maria da PenhaDelegacias de Mulheres e Lei Maria da Penha
Delegacias de Mulheres e Lei Maria da Penha
 
Lei Maria da Penha
Lei Maria da PenhaLei Maria da Penha
Lei Maria da Penha
 
Lei Maria da Penha
Lei Maria da PenhaLei Maria da Penha
Lei Maria da Penha
 
12.1 feminicídio o que é, tipos e exemplos! - blog do stoodi
12.1   feminicídio  o que é, tipos e exemplos! - blog do stoodi12.1   feminicídio  o que é, tipos e exemplos! - blog do stoodi
12.1 feminicídio o que é, tipos e exemplos! - blog do stoodi
 
Texto violência contra a mulher
Texto violência contra a  mulherTexto violência contra a  mulher
Texto violência contra a mulher
 
Lei Maria da Penha
Lei Maria da PenhaLei Maria da Penha
Lei Maria da Penha
 
Cartilha combate á violência contra a mulher
Cartilha combate  á  violência contra a mulherCartilha combate  á  violência contra a mulher
Cartilha combate á violência contra a mulher
 
10 anos da Lei Maria da Penha
10 anos da Lei Maria da Penha 10 anos da Lei Maria da Penha
10 anos da Lei Maria da Penha
 
Trabalho de sociologia
Trabalho de sociologiaTrabalho de sociologia
Trabalho de sociologia
 
Violência contra a mulher
Violência contra a mulherViolência contra a mulher
Violência contra a mulher
 
Violencia contra a mulher
Violencia contra a mulherViolencia contra a mulher
Violencia contra a mulher
 
Lei maria da penha (11
Lei maria da penha (11Lei maria da penha (11
Lei maria da penha (11
 
Violência contra a mulher
Violência contra a mulherViolência contra a mulher
Violência contra a mulher
 
Violência contra a mulher: gênero, número e grau
Violência contra a mulher: gênero, número e grauViolência contra a mulher: gênero, número e grau
Violência contra a mulher: gênero, número e grau
 
Feminismo jus brasil
Feminismo jus brasilFeminismo jus brasil
Feminismo jus brasil
 
Palestra Alice Bianchini
Palestra Alice BianchiniPalestra Alice Bianchini
Palestra Alice Bianchini
 
Lei Maria da Penha e seus efeitos.
Lei Maria da Penha e seus efeitos.Lei Maria da Penha e seus efeitos.
Lei Maria da Penha e seus efeitos.
 
Lei Maria da Penha 3 anos depois - Mima Badan
Lei Maria da Penha 3 anos depois - Mima BadanLei Maria da Penha 3 anos depois - Mima Badan
Lei Maria da Penha 3 anos depois - Mima Badan
 
Roteiro violência contra a mulher
Roteiro violência contra a mulherRoteiro violência contra a mulher
Roteiro violência contra a mulher
 
Violencia contra a mulher
Violencia contra a mulherViolencia contra a mulher
Violencia contra a mulher
 

Destaque

Protocolo sesion especial 1
Protocolo sesion especial 1Protocolo sesion especial 1
Protocolo sesion especial 1pao1328
 
Realidad aumentada
Realidad aumentadaRealidad aumentada
Realidad aumentadagianina_17
 
Keidy angelica guayazan ortiz
Keidy angelica guayazan ortizKeidy angelica guayazan ortiz
Keidy angelica guayazan ortiz21keidyguayazan
 
Las 23 OMV (Operadores Móviles Virtuales) Que Hay En España
Las 23 OMV (Operadores Móviles Virtuales) Que Hay En España
Las 23 OMV (Operadores Móviles Virtuales) Que Hay En España
Las 23 OMV (Operadores Móviles Virtuales) Que Hay En España goofyfatherland81
 
Prezi
PreziPrezi
Preziyv9
 
Investigacion
InvestigacionInvestigacion
InvestigacionBrandon C
 
Introducción a Excel 2010
Introducción a Excel 2010Introducción a Excel 2010
Introducción a Excel 2010Reybily Antunez
 
Esquema de tipos y caracteristicas de los motores de busqueda
Esquema de tipos y caracteristicas de los motores de busquedaEsquema de tipos y caracteristicas de los motores de busqueda
Esquema de tipos y caracteristicas de los motores de busquedajefersonantoniobrito
 
Boleto237237442000136333137
Boleto237237442000136333137Boleto237237442000136333137
Boleto237237442000136333137luan08
 
Malos tratos a la mujer de bolivia
Malos tratos a la mujer de boliviaMalos tratos a la mujer de bolivia
Malos tratos a la mujer de boliviaReybily Antunez
 
Boletim hidrometeorológico região serrana 10.dez.2012
Boletim hidrometeorológico região serrana   10.dez.2012Boletim hidrometeorológico região serrana   10.dez.2012
Boletim hidrometeorológico região serrana 10.dez.2012Terê Total Teresópolis RJ
 
PRESENTACION POWER POINT
PRESENTACION POWER POINTPRESENTACION POWER POINT
PRESENTACION POWER POINTvivisaltos
 

Destaque (20)

Protocolo sesion especial 1
Protocolo sesion especial 1Protocolo sesion especial 1
Protocolo sesion especial 1
 
Presentacion ecoplus
Presentacion ecoplusPresentacion ecoplus
Presentacion ecoplus
 
Realidad aumentada
Realidad aumentadaRealidad aumentada
Realidad aumentada
 
Presentación
PresentaciónPresentación
Presentación
 
Practica de laboratorio
Practica de laboratorioPractica de laboratorio
Practica de laboratorio
 
Keidy angelica guayazan ortiz
Keidy angelica guayazan ortizKeidy angelica guayazan ortiz
Keidy angelica guayazan ortiz
 
Las 23 OMV (Operadores Móviles Virtuales) Que Hay En España
Las 23 OMV (Operadores Móviles Virtuales) Que Hay En España
Las 23 OMV (Operadores Móviles Virtuales) Que Hay En España
Las 23 OMV (Operadores Móviles Virtuales) Que Hay En España
 
Prezi
PreziPrezi
Prezi
 
Investigacion
InvestigacionInvestigacion
Investigacion
 
Introducción a Excel 2010
Introducción a Excel 2010Introducción a Excel 2010
Introducción a Excel 2010
 
Redes sociales
Redes socialesRedes sociales
Redes sociales
 
Esquema de tipos y caracteristicas de los motores de busqueda
Esquema de tipos y caracteristicas de los motores de busquedaEsquema de tipos y caracteristicas de los motores de busqueda
Esquema de tipos y caracteristicas de los motores de busqueda
 
Actividades Ludicas
Actividades LudicasActividades Ludicas
Actividades Ludicas
 
La web 2
La web 2La web 2
La web 2
 
Cartazcampeonato 3
Cartazcampeonato 3Cartazcampeonato 3
Cartazcampeonato 3
 
Boleto237237442000136333137
Boleto237237442000136333137Boleto237237442000136333137
Boleto237237442000136333137
 
Malos tratos a la mujer de bolivia
Malos tratos a la mujer de boliviaMalos tratos a la mujer de bolivia
Malos tratos a la mujer de bolivia
 
Boletim hidrometeorológico região serrana 10.dez.2012
Boletim hidrometeorológico região serrana   10.dez.2012Boletim hidrometeorológico região serrana   10.dez.2012
Boletim hidrometeorológico região serrana 10.dez.2012
 
Ciclotron nrpc200
Ciclotron   nrpc200Ciclotron   nrpc200
Ciclotron nrpc200
 
PRESENTACION POWER POINT
PRESENTACION POWER POINTPRESENTACION POWER POINT
PRESENTACION POWER POINT
 

Semelhante a Cris

Aula redação - enem.pdf
Aula redação - enem.pdfAula redação - enem.pdf
Aula redação - enem.pdflorena718313
 
Aula redação - enem.pdf
Aula redação - enem.pdfAula redação - enem.pdf
Aula redação - enem.pdflorena718313
 
A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA VIDA E NO TRABALHO
A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA VIDA E NO TRABALHOA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA VIDA E NO TRABALHO
A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA VIDA E NO TRABALHOrafaelacushman21
 
Trabalho de geografia parte 1 violencia domestica
Trabalho de geografia parte 1 violencia domesticaTrabalho de geografia parte 1 violencia domestica
Trabalho de geografia parte 1 violencia domesticaFelipe Feliciano
 
ESS - " Namoro sem violência"
ESS - " Namoro sem violência"ESS - " Namoro sem violência"
ESS - " Namoro sem violência"Ilda Bicacro
 
FACELI: II Simpósio sobre Violência contra a Mulher - A Contribuição da equi...
 FACELI: II Simpósio sobre Violência contra a Mulher - A Contribuição da equi... FACELI: II Simpósio sobre Violência contra a Mulher - A Contribuição da equi...
FACELI: II Simpósio sobre Violência contra a Mulher - A Contribuição da equi...Jordano Santos Cerqueira
 
Trabalho expo pinheiro 2012
Trabalho expo pinheiro 2012Trabalho expo pinheiro 2012
Trabalho expo pinheiro 2012Leonardo Dunham
 
Trabalho expo pinheiro 2012
Trabalho expo pinheiro 2012Trabalho expo pinheiro 2012
Trabalho expo pinheiro 2012Leonardo Dunham
 
Aula0706 (cultura do estupro - roteiro de leitura)
Aula0706 (cultura do estupro -  roteiro de leitura)Aula0706 (cultura do estupro -  roteiro de leitura)
Aula0706 (cultura do estupro - roteiro de leitura)Eduarda Bonora Kern
 
Cartilha mulher violência
Cartilha mulher violênciaCartilha mulher violência
Cartilha mulher violênciakarinatannure
 
Violência: produto da sociedade
Violência: produto da sociedadeViolência: produto da sociedade
Violência: produto da sociedaderealvictorsouza
 
Um tapinha não dói
Um tapinha não dóiUm tapinha não dói
Um tapinha não dóiCris Toledo
 

Semelhante a Cris (20)

Ebook O Papel do Homem.pdf
Ebook O Papel do Homem.pdfEbook O Papel do Homem.pdf
Ebook O Papel do Homem.pdf
 
Violencia Domestica
Violencia Domestica Violencia Domestica
Violencia Domestica
 
Aula redação - enem.pdf
Aula redação - enem.pdfAula redação - enem.pdf
Aula redação - enem.pdf
 
Aula redação - enem.pdf
Aula redação - enem.pdfAula redação - enem.pdf
Aula redação - enem.pdf
 
Palestra femicídio guarapuava_2014
Palestra femicídio guarapuava_2014Palestra femicídio guarapuava_2014
Palestra femicídio guarapuava_2014
 
A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA VIDA E NO TRABALHO
A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA VIDA E NO TRABALHOA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA VIDA E NO TRABALHO
A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA VIDA E NO TRABALHO
 
Violência contra a mulher.d
Violência contra a mulher.dViolência contra a mulher.d
Violência contra a mulher.d
 
Violência de gênero.
Violência de gênero.Violência de gênero.
Violência de gênero.
 
Trabalho de geografia parte 1 violencia domestica
Trabalho de geografia parte 1 violencia domesticaTrabalho de geografia parte 1 violencia domestica
Trabalho de geografia parte 1 violencia domestica
 
Carta Aberta
Carta AbertaCarta Aberta
Carta Aberta
 
Violência contra a mulher.d
Violência contra a mulher.dViolência contra a mulher.d
Violência contra a mulher.d
 
ESS - " Namoro sem violência"
ESS - " Namoro sem violência"ESS - " Namoro sem violência"
ESS - " Namoro sem violência"
 
FACELI: II Simpósio sobre Violência contra a Mulher - A Contribuição da equi...
 FACELI: II Simpósio sobre Violência contra a Mulher - A Contribuição da equi... FACELI: II Simpósio sobre Violência contra a Mulher - A Contribuição da equi...
FACELI: II Simpósio sobre Violência contra a Mulher - A Contribuição da equi...
 
Trabalho expo pinheiro 2012
Trabalho expo pinheiro 2012Trabalho expo pinheiro 2012
Trabalho expo pinheiro 2012
 
Trabalho expo pinheiro 2012
Trabalho expo pinheiro 2012Trabalho expo pinheiro 2012
Trabalho expo pinheiro 2012
 
Aula0706 (cultura do estupro - roteiro de leitura)
Aula0706 (cultura do estupro -  roteiro de leitura)Aula0706 (cultura do estupro -  roteiro de leitura)
Aula0706 (cultura do estupro - roteiro de leitura)
 
Cartilha mulher violência
Cartilha mulher violênciaCartilha mulher violência
Cartilha mulher violência
 
Violência: produto da sociedade
Violência: produto da sociedadeViolência: produto da sociedade
Violência: produto da sociedade
 
Mulher2
Mulher2Mulher2
Mulher2
 
Um tapinha não dói
Um tapinha não dóiUm tapinha não dói
Um tapinha não dói
 

Cris

  • 1. A Lei Maria da Penha, que estabelece penas mais duras para os casos de agressão a mulheres, quebrou paradigmas e mudou o direito brasileiro, a partir da Lei Maria da Penha, o quarto de um casal, por exemplo, deixou de ser um espaço privado para se tornar público, quando houver violência contra a mulher. “Havia um ditado que dizia que, em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher, mas mete, sim, se a colher for pesada e violenta“. a lei está conseguindo derrubar questões, como o medo e a vergonha, que antes impediam que as mulheres vítimas de violência denunciassem seus agress As autoridades sugerem que em caso de violência doméstica, as mulheres devem comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes. “Não tem essa história de que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Nada disso. É preciso sim que se alguém presenciar qualquer tipo de violência contra as mulheres que denuncie imediatamente. Façam isso no anonimato, porque as autoridades terão outros mecanismos para combater essa violência que cresce a cada dia em nosso estado“. “Esses acontecimentos têm origem, normalmente, em problemas de relacionamento, econômicos, bebida ou tóxicos. Formas de tortura cotidiana ficam sob o manto da impunidade, uma vez que a parte mais fraca é vítima dessas lesões no próprio lar. Na maioria das vezes não há denúncias, prevalecendo o “deixa prá lá““. Conto de fadas sem final feliz mulheres que sofreram agressão física e psicológica por seus companheiros Para especialistas, a sociedade constrói a base da violência contra mulheres. Os filhos são o principal motivo para elas decidam acabar com o ciclo. O amparo da lei, especialmente a Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em setembro de 2006, também fez com que as vítimas ganhassem mais coragem para denunciar. Entre os fatores que as impedem de falar, estão o medo do companheiro, a vergonha de se admitirem vítimas e a questão socioeconômica, uma vez que muitas dependem do dinheiro do marido para viver. “Muitas têm vários filhos e nenhuma instrução ou qualificação profissional“, elas tem os mais diferentes níveis de escolaridade, bem como condições financeiras distintas. O que existe em comum é a resistência à destruição do relacionamento. “Mas sempre chega um momento em que alguma coisa acontece e ela diz “agora eu vou“.“ Antes disso, porém, há a chamada lua de mel, em que o homem “volta ao normal“ e jura nunca mais encostar um dedo sequer nela. “Isso faz com que ela alimente uma falsa esperança de que ele pode vir a mudar“, A “melhora“ prova-se temporária, e tudo começa outra vez. No entanto, a recaída não é considerada um obstáculo à resiliência. “Não há nada que atrapalhe esse processo. O que existe são fatores de risco, como a vulnerabilidade da mulher ou da criança.“ A sociedade constrói a base da violência. Mas é possível descontruir esse entendimento, uma vez que ele não é natural De onde vem o ódio masculino às mulheres? Os estudos nesse sentido ainda são incipientes, mas, uma coisa é certa: é preciso aprofundar o conhecimento. “Compreendemos que a violência contra a mulher é uma questão da cultura da sociedade“. “Vivemos a cultura patriarcal, que estabelece uma relação desigual de poder entre o masculino e o feminino. O primeiro para mais e o segundo para menos.“ Essa cultura, repercutida no ambiente familiar, nas escolas e nos demais ambientes de convivência, seria, então, uma das principais responsáveis pela violência contra a mulher no futuro. Dessa forma, a sociedade, constrói a base da violência. “Se é algo aprendido, é
  • 2. algo que pode ser redimensionado e ressignificado”. É possível descontruir esse entendimento, uma vez que ele não é natural.O objetivo é fazer com que o homem reflita sobre a sua prática. ”A eles, são dadas informações acerca da violência,nesse acompanhamento, em que o homem tem a oportunidade de falar, ele é estimulado a entender que há outras formas de lidar com o conflito além da força, como o diálogo. ”Outro motivo para esse trabalho é que esse homem vai retomar esse relacionamento ou criar novos vínculos. Se ele não for trabalhado, a violência vai se repetir.” a violência nunca tem um fator único, que a desencadeie. ”É multifatorial. Há componentes culturais, históricos e a questão de gênero na sociedade.” Apesar de não existir nenhuma justificativa para a violência, ela conta que os principais motivos apontados pelos homens envolvem o ciúme. ”Eles misturam ciúme com amor. Vira um sentimento que eles não entendem muito bem”, resume. Roupas não passadas, jantar que demorou a ser pronto: tudo vira motivo para o espancamento. O conflito é inerente às relações humanas. Aprender a lidar com ele é que é o problema, quando o assunto é violência, o ponto principal é trabalhar a igualdade de gênero. ”Agora, é a hora de começar a se preocupar com o outro lado do problema.” Estudar o que leva os homens a baterem em suas mulheres a fundo, produzir literatura sobre o tema e, principalmente, realizar trabalhos em escolas são algumas sugestões de enfrentamento. ”É preciso saber mais sobre o ambiente em que esse homem cresceu. Crianças que viram seus pais agredirem as mães tendem a repetir esse comportamento.