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1
CONTOS DE
UM CORAÇÃO
QUEBRADO
2
2021. Raquel Alves
Todos os direitos reservados.
Produção e Diagramação: Raquel Alves
Capa: Imagem do site Pixabay
Ilustrações: Public Domain Vectors e PngTree
Revisão: Raquel Alves
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra
sem autorização prévia do autor. Todos os
direitos estão devidamente registrados.
3
Sumário
Conto 1: Entre o amor, a paixão e a ilusão......04
Conto 2: Uma manhã de domingo...................08
Conto 3: Promessas que o tempo não apaga....12
Conto 4: Monólogo do fluxo de uma consciência
triste...............................................................20
Conto 5: Uma Eterna Alma Solitária?..............24
Conto 6: Esse sentimento corrosivo chamado
culpa..............................................................28
Sobre a autora................................................32
4
CONTO 1- Entre o amor,
a paixão e a ilusão
Um dia eu pensei que sabia o que era o
amor. Defini-o como um sentimento sublime de
“devoção”. Naquele tempo eu era tola o bastante
para acreditar nessa definição. Talvez o meu
instinto romântico fosse o responsável por me
transformar num ser completamente submisso a
esse sentimento, que eu acreditava ser a verdade
do mundo, o único sentimento que valia a pena
lutar... Não que eu sonhasse com um príncipe
encantado das histórias que somos acostumados
a ouvir... O que eu realmente acreditava era que
5
o ser humano buscava encontrar aquele que o
fizesse sentir completo. Sempre achei que
nascemos com uma parte faltante e que o nosso
destino era encontrá-la, não obstante os
desafios, barreiras e dificuldades que surgissem.
A felicidade que tanto almejamos estaria
no resultado que essa busca culminaria, ou seja,
no momento em que nos deparássemos com a
criatura que, apesar de não ser “perfeita”,
despertaria em nós aquele frio congelante; os
nossos olhos não poderiam se desviar, ou se
desviassem, era para esconder o quão
penetrante fora aquele olhar, que chegou a ver a
nossa alma nua e carente; o coração pulsaria em
um ritmo acelerado– poderíamos jurar que esse
coração estava prestes a sair pela boca; os
nossos lábios contraídos, na verdade, queriam
libertar palavras perdidas ou frases não
elaboradas diante do impacto daquele encontro,
no qual, gaguejos ou simplesmente sussurros
iriam expor aquilo que de mais íntimo
esconderíamos lá no fundo de nossa mente...
Poderíamos evitar transparecer a força
dominante do amor ou apenas liberá-la através
de nossas faces avermelhadas e sorriso meio
desajeitado.
6
Ah, mas pobre de mim! Mergulhada nesse
ideal que moldei em minha mente, me lancei em
queda livre, buscando sentir cada sensação
diferente romper os limites que eu havia
imposto, deixar que o friozinho ou a chama
oscilassem em meu corpo... “Mas por que as
pessoas enganam?”, foi o que eu pensei depois
de conhecê-lo melhor. “Por que meu coração me
enganou?”, atribuí também a mim a culpa pelo
eminente erro. Que decepção! Fui uma
romântica sonhadora mesmo...
Como eu odiei amar. Como eu odiei ser
iludida pelos meus próprios sentimentos. E
como sofri ao perceber que somente eu senti o
fardo desta ilusão. Caminhei rumo ao
desconhecido, eu presumi. Eu tinha certeza que
eu não sabia o que era o amor. Todos aqueles
conceitos, imagens, sonhos, frases poéticas,
histórias felizes, tudo se dissipou. Ainda somos
capazes de um dia entender o que é o amor?
Ainda somos capazes de deixar os olhos de
nosso coração nos guiar? E se houver outra
decepção? Terei forças para suportar tudo isso?
Qual a linha que define o amor da paixão? O
amor pode ser um vilão nessa história? Quando
o amor acaba, só resta o consolo de que tudo foi
7
uma amarga ilusão, mergulhada no doce sonho
de um amor inexistente?
Sei que são muitas perguntas. E sei que
ainda terei algo a mais para aprender. Mas eu fiz
uma das lições da vida: descobri que não
cheguei a amar ninguém, que tudo aquilo que eu
senti se resumiu a um simples desejo, uma
faísca do amor, denominada de paixão. E o que
sobrou dela foi esse sentimento de engano, que
me sufoca por dentro.
Vivo entre o amor, a paixão e a ilusão.
8
CONTO 2- Uma manhã
de domingo
Era uma manhã de domingo, não como
outra qualquer. Aquela fora uma manhã
especial.
O dia amanhecera nublado, com nuvens
escuras que pareciam dançar no céu. O sol se
escondera temporariamente durante aquele dia
e, assim, me fez sentir certa tristeza que
assolava minha alma.
9
Decidi caminhar e deixar me perder em
pensamentos que surgiam atropelando uns aos
outros ou lutando para ver qual deles adquiria o
controle sobre mim. Não era preciso tamanho
esforço para revelar qual pensamento oculto nas
sombras de minha mente, desejava me possuir,
torna-me escrava de seus desejos pretensiosos,
egoístas e cruéis, ferir-me a alma como fogo
eterno de loucura, prazer e sofrimento.
Conforme eu caminhava, com passos
curtos e lentos, mais eu era assombrada por
essas lembranças que me envolviam como se
quisesse, ao mesmo tempo, me proteger ou me
sufocar até eu perder a última respiração na
tentativa de sobreviver aos seus encantos.
E entres devaneios de realidade por mim
já esquecidas, mas que relutavam em me dizer
que ainda estavam mais vivas do que nunca,
senti uma grande onda dolorosa tomar conta de
mim. Fui arremessada a não sei quantos metros
de distância. Algo pesado se chocara ao meu
corpo. Pude sentir o ar frio brincar comigo,
tocando cada parte descoberta e, agora, ferida de
meu corpo. Uma vontade de vomitar minha vida
se sucedeu, enquanto cada parte de meu corpo
tremia, devido ao choque com o chão.
10
Entre suspiros e sussurros de vozes
inaudíveis ao meu redor, eu tentava abrir os
olhos e deixar de lado os fantasmas agonizantes
dos pensamentos que causara tudo isso: eis que
surge na minha frente a imagem de um ser, até
então um feixe de luz disforme, mas que com o
tempo, ganha uma forma humanizada... uma
forma que mescla um humano e um ser divino...
Um anjo?
Seus olhos fixaram nos meus, que ainda
lutavam para permanecer abertos por mais um
instante. Eu estava estirada numa rua qualquer,
sendo observada por aqueles olhos curiosos de
corvos, que pareciam se deliciar com minha
agonia. O carro no qual eu havia chocado, já
desaparecera daquele lugar e apenas deixara de
recordação (além das marcas, dores, cortes,
fraturas em mim) marcas asfálticas de seus
pneus no chão daquela rua.
Voltei meu olhar para aquele a quem
denominei de anjo. Sua cara era um mister de
ternura, tristeza e dor. Senti o seu toque
queimante no meu pulso. Gemi. Meu corpo todo
doía de uma forma aterrorizante. Fechei meus
olhos na tentativa de escapar daquela realidade
e fui tragada pela última vez ao mesmo
11
pensamento, sendo vencida pelo cansaço dessa
vida. Cansei de lutar por algo que nunca
chegará a ser concreto. Cansei de sonhar com
algo impossível, de viver só de fantasias, de viver
com esperanças.
Quero ser levada por aquele anjo, que
provavelmente continua a me olhar. Posso sentir
uma onda emanando dele e vindo em minha
direção, uma onda que reconforta o meu
espírito. E eu estava certa. Senti o seu abraço
reconfortante. Quando menos percebi, estava
sendo levada às alturas... Eu podia tocar com
minhas mãos cada nuvem no céu, deixar
transparecer em minha face um sorriso que há
muito tempo eu não via surgir.
Olhei para o anjo e antes que eu
pudesse reagir, seus lábios docilmente beijaram
os meus. Despertei desse sonho na cama de um
hospital. Uma onda de solidão, raiva e saudade
emanara em mim. Estava de volta à vida real.
12
CONTO 3- Promessas
que o tempo não apaga
Desde criança, eu era apaixonada pelo
meu melhor amigo, o Adrian. Ele preenchia um
vazio existencial em meu peito.
Na verdade, eu nem sabia que era amor...
Eu apenas sentia algo estranho brotando de
mim, um sentimento diferente, místico e
intrigante... Passávamos tanto tempo juntos, e
eu alimentava a esperança de que nunca iríamos
nos separar.
13
Mas, como é de praxe, o destino gosta de
brincar com a gente, não é mesmo? Isso não
seria diferente com a gente... Adrian foi embora,
não porque ele queria: fora obrigado pela mãe
possessiva e extremamente capitalista, que tinha
medo dos meus reais interesses em relação ao
seu precioso tesouro financeiro...
E assim, meu pequeno e adorado amor se
foi... Confesso que foi difícil a separação. Creio
que para ambos os lados. Lembro-me de suas
lágrimas e de seu aceno final quando a megera
bruxa dos contos de fada, o forçou a entrar no
carro e a deixar tudo pra trás.
...
Eu era a moça pobre, filha de uma
empregada que morrera em serviço e cuja patroa
sentia a obrigação de cuidar de sua filha, como
um falso gesto de piedade. Adrian era o pequeno
herdeiro de uma das famílias mais poderosas de
Maine, os McLaus. Essa história nunca daria
certo mesmo.
Nunca mais recebi notícias de Adrian. E
por tanto tempo, eu rezei para crescer e me
livrar dessa família, mostrar que eu poderia
andar com meus próprios pés. O tempo nos
14
força a mudar, a desistir de tantas coisas e a
lutar por outras tantas, não é verdade?
…
As nossas perspectivas de vida e
pensamentos se transformam. Por mais que
quisesse alimentar a esperança de que um dia
eu o encontraria, ele foi se esquecendo de mim e
de nossa promessa:
“Eu juro Melanie, que nunca você ficará
sozinha. Eu sempre estarei aqui, do seu lado, por
que...”
“Por que o quê?”
“Porque... quer dizer... bem, eu acho...
quer dizer, somos amigos. E um amigo nunca
abandona o outro.”
Eu fiquei tensa naquela época quando ele
falou isso. “Ele ia dizer que me ama. Só não quer
admitir. Ou tem vergonha de dizer isso, assim
como eu”, foi o meu primeiro pensamento.
Porém, são águas passadas... O Adrian que eu
conhecia não existia mais. Ele agora era um
jovem playboy, que vivia de festas em festas,
trocando de companheira como se estivesse
trocando de roupa. Nunca engatou numa relação
15
séria como medo da perda... Lá no fundo, ele
havia feito uma promessa pra si mesmo no
momento em que fora embora:
“Não vou deixar que o mesmo sentimento
que nutri por Melanie me domine. Sei que fui
covarde. Mas se ela me amasse mesmo, teria
lutado por mim.”
...
E a Melanie que ele conheceu também
mudou. Só não sei se foi pra melhor ou para
pior. Nunca deixei de ser uma garota tímida,
apaixonada e infeliz. Vivo em meu próprio
mundo ilusório, onde fujo também da dor da
separação e da perda do verdadeiro amor, que
me deixou profundamente marcada pelo
sentimento de abandono e um vazio. Para mim,
promessas podem ser facilmente quebradas.
Essa era a única coisa que eu acreditava.
…
Éramos adolescentes agora.
Um dia como outro qualquer, Adrian
resolveu voltar à Maine. O dia que marcara a
sua volta, era a data que eu mais odiava em toda
a minha vida: o dia dos namorados.
16
Sem saber o porquê e deixando-se guiar
por um impulso infantil (ou qualquer coisa que
você queira chamar), ele decidiu comprar
flores... assim como eu também...
“Bom dia, jovem. Gostaria de alguns
muguets.”
“Você pode aguardar? A moça da
barraca vem já.”
“Certo”
Aquela voz me pareceu familiar. Algo em
meu coração me dizia isso. Fui tragada por
lembranças que eu tentei negar. Não seria
possível. Assim que me deparei com aquela
criatura em minha frente, meu coração gelou.
Ele estava mudado, contudo existia algo em seus
olhos que me preservava aquele mesmo jovem de
antes.
Adrian! Meu Deus! Ele ainda usava o
mesmo colar que eu dera quando éramos
criança. Assim como eu, assim que me
reconheceu, o choque foi eminente. Nesse
momento, um casal de namorados passava do
nosso lado, de mãos dadas e rostos felizes. E
17
nós, ficamos constrangidos, como crianças
inocentes e tímidas.
O silêncio pendurou por alguns segundos,
enquanto nos mantivemos imóveis, tentando
captar a real situação diante de nossos olhos
incrédulos. De ambos os lados, nenhuma reação
exterior fora exposta. Apenas os sentimentos
conflituosos do nosso interior eram aqueles que
reinavam em cada centímetro de nossos corpos.
A pergunta que eu fazia em meus
pensamentos era Por quê? Eu deveria ser mais
corajosa e manifestar toda a verdade que lutei
para ocultar durante todo tempo, verdade esta
rodeada por uma fortaleza que julguei ser
indestrutível e que agora ameaçava ir a ruínas?
Eu deveria luta por alguém que o tempo tratou
de nos afastar de todas as formas, assim como
nos deixou beirando o abismo do esquecimento?
Percebemos, dentre os nossos
questionamentos, que o afastamento que
tivemos não indica realmente o esquecimento.
Era hora de nos libertarmos de nossos próprios
temores e preconceitos. Essa era a oportunidade
que a vida nos oferecia para recompensar todos
os anos de espera, ausência e da tentativa de
arrancar do peito qualquer vestígio do
18
sentimento que agora tinha um nome que ambos
conheciam: amor.
Sem perder tempo, Adrian me abraçou e
me beijou de um jeito desesperado e, assim, o
correspondi, mais ansiosa do que nunca para o
êxtase da junção de nossos lábios e para sentir o
arrepio de nossos corpos tão juntos. Será que
agora o tempo poderia fazer um simples favor?
Poderia parar por um instante? É pedir demais?
Parecia que todo o universo girava ao
nosso redor. Jovens eufóricos que transitavam
naquele instante, vibravam de emoção.
“Acho que acabei de encontrar a pessoa
mais digna do mundo para receber essas rosas,
que nada mais é do que a representação de todo
o amor que sinto dentro de mim. Me desculpe por
minha covardia durante todo esse tempo. Uma
coisa é respeitar as decisões que os pais tomam
por nós quando acham que nós não somos
capazes ou pequenos demais para decidir certos
rumos de nossas vidas. Outra, é quando
renegamos tudo e tentamos enterrar nossos
sentimentos, sem ao menos nos permitir lutar por
aquilo que acreditamos ser a verdade que vai
reger a nossa vida. Uma vida sem amor, é uma
vida mergulhada no vazio. Existem diferentes
19
formas de amar. Da mais simples a mais
complexa. O que sinto por você é uma forma
extrema do amor, embora, em uma dada fase da
vida, deixamos esse amor de lado em prol de
pequenas realizações pessoais, que nunca nos
trouxeram tamanha felicidade... Felicidade de
aproveitar uma companhia ao lado de uma
pessoa legal, inteligente, criativa... Felicidade de
dividir sonhos com alguém que acredita em você e
que sempre estará ao seu lado...”
A vendedora chegou com o seu pedido.
Adrian pegou um buquê de muguets na barraca,
se ajoelhou e me entregou. Apesar do
nervosismo, eu tentei entender se tudo aquilo
era um sonho. Eu ri de mim mesma quando ao
abrir os olhos e me deparei com aquele moleque
de tempos antigos e de suas juras de amor.
Promessas podem ser quebradas. Mas, graças ao
céu, que lá no fundo, por mais que tentamos
negar, alimentávamos a esperança de que um
dia, o universo conspirasse para que tudo dê
certo em nossas vidas.
“Melanie, sua incansável busca pelo amor
acaba hoje. Feliz dia dos namorados.”
20
CONTO 4- Monólogo
do fluxo de uma
consciência triste
Eu me sinto profundamente triste. Ter
que acordar todos os dias e perceber que o
mundo continua o mesmo ou pior do que já era,
é horrível.
Um embrulho no estômago me faz renegar
o café da manhã. Já tenho vontade de sorrir,
nem de ficar bonita, me arrumar, de fazer
qualquer coisa além do que simplesmente
21
dormir e pensar em um mundo alternativo e que
seja melhor do que aquele que vivo.
Todas as minhas energias foram gastas
ontem, na busca pelo tesouro perdido da
humanidade: a sensibilidade. Ninguém teme o
mal que pratica contra o seu irmão. Ninguém
teme a justiça ou o castigo divino que possa
abater sob a cabeça daqueles que escolheram
caminhos obscuros para seguir.
Mesmo contra a vontade, eu devo sair.
Devo encarar o mundo que tanto me assombra,
que tanto me perturba. Devo andar pelas ruas
sombrias e sangrentas, devo atravessar o beco
dos desvairados, ouvir o rogo de perdão, a
súplica por ajuda, o tiro de misericórdia, ver
muitos venderem seus corpos, suas almas,
serem estuprados pelas drogas e bebidas,
mendigando pela sobrevivência, maltratados por
seus semelhantes...
No final de tudo, devo encarar ainda nos
olhos das pessoas?
Tento correr e me esconder. Não consigo...
Tento gritar, me sufocar, rogar, esperar... Não
consigo. Não posso negar e dizer que não faço
parte do sistema, que também sou responsável
22
por tudo isso. Preciso me reerguer e ajudar,
continuar minha busca primordial pelo Santo
Graal da humanidade, que é a sensibilidade.
É de partir o coração perceber a nossa
indiferença para com as dores de
pessoas/animais que estão tão próximos a nós.
Fingir que o problema não é seu, é uma válvula
passível de escape, de negação. Mas a sua
consciência (se você ainda tiver uma), ao dormir,
não te perturba? Não te cobra? Não te acusa?
Não te questiona? Não lança imagens
acusatórias de um presente que é seu? Não
mostra um mundo distópico e mergulhado no
caos, que não é seu?
Pare! Pense! Abra a sua mente. Se conecte
às profundezas de seu coração e permita que a
energia do perceber e sentir se faça presente em
sua vida a partir de agora! Veja e lute! Ouça e
ajude! Questione o silêncio. Questione sua
cegueira. Questione sua mudez!
Salve o inocente! Seja o pão de cada dia! A
água da vida! A bengala do velho! A luz do cego!
O afago da criança e do animal abandonado!
Seja a sinfonia do amor que desperta de um
mundo ausente de Deus, mas que nunca perdeu
a fé em pessoas como você, que assim como eu,
23
tem o desejo de fazer um por um despertar para
o mundo de um novo amanhecer.
E por fim, eu vejo que eu estava abatida
pelo o que descobri e pelo medo. Desistir não
existe no meu vocabulário. Saio do poço
depressivo no qual estive por algumas horas e
ergo a cabeça, partindo em direção a um novo
dia de luta!
24
CONTO 5- Uma
Eterna Alma
Solitária?
Todos os anos, há uma data em especial
que me assombra e perturba os mais solitários
pensamentos de uma transeunte que sentia-se
esquecida pela vida: dia 12 de junho de todos os
anos.
O comércio movimenta-se em prol da
pseudo-louvação do eterno casal e votos de amor
por toda vida; a mídia explora essa temática em
25
todos os sentidos, e não permite você nem
sequer respirar; amigos chegam de mansinho
com a pretensão de sondar uma opinião minha,
a respeito do melhor presente para seu parceiro
(a); a família pergunta "onde está seu príncipe
encantado?" (opção a: provavelmente ele é um
sapinho- opção b: ele ainda está chegando
montado em seu cavalo branco; opção c: ele
desistiu de mim no meio do caminho: opção d:
ele ainda não reencarnou nessa vida, e opção e:
ele não existe); homenagens são feitas em redes
sociais ou naquele famoso carro de som de
mensagem, com cesta de café da manhã, flores e
aquela pelúcia fofa (poxa vida, eu desejo tanto
aquela pelúcia!!!)...
Preces e mais preces são elevadas aos
céus, especialmente ao Santo Casamenteiro, o
senhor Antonio; simpatias e crendices me
deixam frustradas com seus resultados “nada
positivos” e mais uma vez eu me lembro de
quando era adolescente e tinha que me
conformar com as gozações de meus "colegas de
classe do ensino médio" (arqui-inimigos
declarados do Salém) que praticamente ou
metaforicamente me diziam que eu seria um
patinho feio esquelético a mercê da solidão.
26
Coitada de mim. Anos sendo escravizada e
violada pela solidão... Seria tão difícil assim
sobreviver? Poderia eu fingir, que no peito, não
havia um coração romântico? I M P O S S Í V E L
! ! !
Então, eu partia para o plano B:
fantasiava sobre os casais de filmes românticos.
Eu imaginava estar naquela situação de que a
espera sempre lhe rendia uma boa recompensa e
de que valia a pena sofrer por amor. Um dia, ele
ouviria suas preces. Com o tempo e decepções,
passei a odiar comédias românticas e a amar
dramas românticos, porque em meu arco íris
predomina o luto de perder sempre o amor... de
não ter vivido o amor... de nunca ter chegado a
realmente amar... e de, provavelmente, estar
caminhando rumo ao meu fim, sem amor...
Senti paixonites por pessoas erradas, que
imortalizaram o platonismo em minha vida
(deveria virar algum estudo ou campo científico
de conhecimento humano)... Novamente
amargurada, lançava-me em braços invisíveis de
todos aqueles que julgava amar. Mas nenhum
deles teve força suficiente de me segurar. Cai no
chão. Chorei. Urrei. Doeu. Vivi...
27
Eu iria morrer por-ou-de amor? Não!!!
Deveria dar a volta por cima e olhar quantos
relacionamentos realmente amorosos eu
construí na vida e que valem mais do que uma
suposta relação estável e sem traição (ah tá,
jura!!!): eu firmei laços afetivos com aquilo que
me devolvia o prazer de viver (a poesia, a
literatura e a música... e descobrir três "amantes
escritores mortos quentes" hahaha), com minha
família, com meus amigos, com meus aliados em
minha carreira profissional, com os animais (a
natureza é linda e acolhedora). Descobri o amor
a todos, a entrega a todos e o sentimento de ser
livre que só o verdadeiro amor pode
proporcionar...
Continuo sozinha, sim! Mas esse foi o
melhor dia dos namorados que eu já tive em
toda a minha vida, porque como dizia meu
amado Oscar Wilde "AMAR A SI PRÓPRIO É O
COMEÇO DE UM ROMANCE PARA TODA A
VIDA".
28
CONTO 6- Esse
sentimento
corrosivo chamado
culpa...
Para aqueles sem consciência, tais
reflexões não servirão de nada. Para aqueles
sensíveis, logo a identificação permanente, fará
com que sua atenção seja presa em alguns
29
minutos de leituras de palavras em poucas
linhas.
Alice costumava acreditar que tudo a sua
volta tinha uma dinâmica impecável, dinâmica
esta, que talvez na sua ingenuidade diante dos
mistérios da vida, suas atitudes ou mudanças
drásticas de opiniões, de nada afetaria o mundo,
tão seu quanto dos outros.
Logo, a rotina era estabelecida por ações
repentinas que, se cumpridas naquele
determinado prazo estipulado de tempo, de nada
comprometeria o universo egoísta ao seu redor.
As dores dos outros não eram menos
importantes que as suas; as palavras dos outros
não eram menos valiosas que as suas...
Ela um dia teria que aprender a lição de
que todos: de certa forma, estamos conectados.
Mesmos distantes, em vidas opostas, dogmas
opostos, classes opostas, fazíamos parte de
alguma "sopa da vida", cuja ação isolada de cada
um refletia na ação coletiva do todo.
E quando ela percebeu isso, creio que um
sentimento cruel estava possuindo seu corpo...
Uma decisão certa ou errada, uma mudança de
horários rotineiros, o minuto escolhido para
30
respirar, os segundos que regiam a hora do
despertar matinal, ou seja, tudo ao seu redor,
não dependia só de si: os outros contribuíam em
sua vida e ela, consequentemente, contribuía na
construção, desconstrução ou reconstrução da
vida dos outros.
O destino expresso no fazer futuro era
incerto. Todavia, os passos do presente
poderiam modelá-lo a certo ponto conhecido,
mas isso não significaria que poderia ser
alcançado. Poderia haver certas mudanças,
certos ventos ou furações, cuja força definidora
apontaria o futuro esperado, diante de uma
simples alteração ou não de planos rotineiros.
E foi ai que em seu íntimo, Alice começou
a sentir esse sentimento corrosivo chamado
culpa, especialmente quando uma ação
irresponsável (cuja culpa deveria ser creditada
somente a ela) recai sobre inocentes. Como
voltar no tempo e aprender tal tarefa da vida, de
uma maneira não tão cruel? Ficaria eternamente
reclusa em seu mundo, deixando que esse tipo
de sentimento, tal como ácido, a corroesse por
completo, até não restar nem mais a consciência
de senti-lo? Ou levantaria a cabeça, encararia o
aprendizado por uma perspectiva "positiva" e
31
mais consciente quanto às futuras decisões que
ainda deveria tomar ao longo de sua vida?
Faça a sua escolha, Alice! E logo!
32
Sobre a autora
Raquel Alves é uma escritora cearense,
formada em Letras, Jornalismo e com mestrado
em Ciências das Religiões.
Tem poesias publicadas em antologias de
editoras conhecidas e de forma independente
semeia seus romances sobrenaturais, histórias
fantásticas e poesias ultrarromânticas.
Prêmios e Participações em Antologias:
Certificado de Participação II Prêmio Licinho
Campos de Poesia de Amor 2013
III Prêmio Literário Cidade da Poesia (Antologia
Poética) 2013- Nome da Poesia: Noite dos Corvos
Caderno Literário Pragmatha (poesias)
contribuição com poesias durante quase dois
anos
101 Vira-latas (Antologia poética) 2014- Nome da
Poesia: Você e eu
33
Prêmio Literário Galinha Pulando 2014
(Antologia poética)-Nome da Poesia: A Saída
dessa miséria
Participação da X Bienal Internacional do Livro
de Pernambuco (2015) (lançamento do livro O
Reino Mágico de Mystic)
Certificado de Participação VI Concurso de
Poesias Prof. Roberto Tonellotti (2016)- Nome da
poesia: O choro de Lázaro
11º Concurso on-line "Sueli Bittencourt" de
poesias- Tema Paz (2016)- Nome da Poesia:
Borboleta
5ª mostra BNB de Poesia- Abril para leitura
2016 (Antologia póetica)- Nome da Poesia: O
romantismo precoce do poeta das penas negras
1ª Coletânea de Poemas- projeto Apparere- 2017
Poema: Por favor, não morra!
6ª mostra BNB de Poesia- Abril para leitura
2017 (Antologia poética)- Nome da Poesia: A não
existência
Participação do I Prêmio Miau de Literatura:
Editora Costelas Felinas (2017)- Nome do livro
de Poesias: Desaparecendo
34
Participação na 1ª Coletânea de Poesias de
Amor- Projeto Apparere- 2018 Poesia: Adeus
9º lugar no concurso da Revista Inversos (4ª
edição) em homenagem ao Dia Internacional da
Criança Africana – 2018 Poesia: Minha criança
Participação da 2ª Mostra de Poemas para a
beata Maria de Araújo. Poesia: Sangue Salvador-
2019
8ª mostra BNB de Poesia- Abril para leitura
2019 (Antologia poética)- Nome da Poesia:
Medusa- 2019
35

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Contos de um coração quebrado

  • 1. 0
  • 3. 2 2021. Raquel Alves Todos os direitos reservados. Produção e Diagramação: Raquel Alves Capa: Imagem do site Pixabay Ilustrações: Public Domain Vectors e PngTree Revisão: Raquel Alves Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Todos os direitos estão devidamente registrados.
  • 4. 3 Sumário Conto 1: Entre o amor, a paixão e a ilusão......04 Conto 2: Uma manhã de domingo...................08 Conto 3: Promessas que o tempo não apaga....12 Conto 4: Monólogo do fluxo de uma consciência triste...............................................................20 Conto 5: Uma Eterna Alma Solitária?..............24 Conto 6: Esse sentimento corrosivo chamado culpa..............................................................28 Sobre a autora................................................32
  • 5. 4 CONTO 1- Entre o amor, a paixão e a ilusão Um dia eu pensei que sabia o que era o amor. Defini-o como um sentimento sublime de “devoção”. Naquele tempo eu era tola o bastante para acreditar nessa definição. Talvez o meu instinto romântico fosse o responsável por me transformar num ser completamente submisso a esse sentimento, que eu acreditava ser a verdade do mundo, o único sentimento que valia a pena lutar... Não que eu sonhasse com um príncipe encantado das histórias que somos acostumados a ouvir... O que eu realmente acreditava era que
  • 6. 5 o ser humano buscava encontrar aquele que o fizesse sentir completo. Sempre achei que nascemos com uma parte faltante e que o nosso destino era encontrá-la, não obstante os desafios, barreiras e dificuldades que surgissem. A felicidade que tanto almejamos estaria no resultado que essa busca culminaria, ou seja, no momento em que nos deparássemos com a criatura que, apesar de não ser “perfeita”, despertaria em nós aquele frio congelante; os nossos olhos não poderiam se desviar, ou se desviassem, era para esconder o quão penetrante fora aquele olhar, que chegou a ver a nossa alma nua e carente; o coração pulsaria em um ritmo acelerado– poderíamos jurar que esse coração estava prestes a sair pela boca; os nossos lábios contraídos, na verdade, queriam libertar palavras perdidas ou frases não elaboradas diante do impacto daquele encontro, no qual, gaguejos ou simplesmente sussurros iriam expor aquilo que de mais íntimo esconderíamos lá no fundo de nossa mente... Poderíamos evitar transparecer a força dominante do amor ou apenas liberá-la através de nossas faces avermelhadas e sorriso meio desajeitado.
  • 7. 6 Ah, mas pobre de mim! Mergulhada nesse ideal que moldei em minha mente, me lancei em queda livre, buscando sentir cada sensação diferente romper os limites que eu havia imposto, deixar que o friozinho ou a chama oscilassem em meu corpo... “Mas por que as pessoas enganam?”, foi o que eu pensei depois de conhecê-lo melhor. “Por que meu coração me enganou?”, atribuí também a mim a culpa pelo eminente erro. Que decepção! Fui uma romântica sonhadora mesmo... Como eu odiei amar. Como eu odiei ser iludida pelos meus próprios sentimentos. E como sofri ao perceber que somente eu senti o fardo desta ilusão. Caminhei rumo ao desconhecido, eu presumi. Eu tinha certeza que eu não sabia o que era o amor. Todos aqueles conceitos, imagens, sonhos, frases poéticas, histórias felizes, tudo se dissipou. Ainda somos capazes de um dia entender o que é o amor? Ainda somos capazes de deixar os olhos de nosso coração nos guiar? E se houver outra decepção? Terei forças para suportar tudo isso? Qual a linha que define o amor da paixão? O amor pode ser um vilão nessa história? Quando o amor acaba, só resta o consolo de que tudo foi
  • 8. 7 uma amarga ilusão, mergulhada no doce sonho de um amor inexistente? Sei que são muitas perguntas. E sei que ainda terei algo a mais para aprender. Mas eu fiz uma das lições da vida: descobri que não cheguei a amar ninguém, que tudo aquilo que eu senti se resumiu a um simples desejo, uma faísca do amor, denominada de paixão. E o que sobrou dela foi esse sentimento de engano, que me sufoca por dentro. Vivo entre o amor, a paixão e a ilusão.
  • 9. 8 CONTO 2- Uma manhã de domingo Era uma manhã de domingo, não como outra qualquer. Aquela fora uma manhã especial. O dia amanhecera nublado, com nuvens escuras que pareciam dançar no céu. O sol se escondera temporariamente durante aquele dia e, assim, me fez sentir certa tristeza que assolava minha alma.
  • 10. 9 Decidi caminhar e deixar me perder em pensamentos que surgiam atropelando uns aos outros ou lutando para ver qual deles adquiria o controle sobre mim. Não era preciso tamanho esforço para revelar qual pensamento oculto nas sombras de minha mente, desejava me possuir, torna-me escrava de seus desejos pretensiosos, egoístas e cruéis, ferir-me a alma como fogo eterno de loucura, prazer e sofrimento. Conforme eu caminhava, com passos curtos e lentos, mais eu era assombrada por essas lembranças que me envolviam como se quisesse, ao mesmo tempo, me proteger ou me sufocar até eu perder a última respiração na tentativa de sobreviver aos seus encantos. E entres devaneios de realidade por mim já esquecidas, mas que relutavam em me dizer que ainda estavam mais vivas do que nunca, senti uma grande onda dolorosa tomar conta de mim. Fui arremessada a não sei quantos metros de distância. Algo pesado se chocara ao meu corpo. Pude sentir o ar frio brincar comigo, tocando cada parte descoberta e, agora, ferida de meu corpo. Uma vontade de vomitar minha vida se sucedeu, enquanto cada parte de meu corpo tremia, devido ao choque com o chão.
  • 11. 10 Entre suspiros e sussurros de vozes inaudíveis ao meu redor, eu tentava abrir os olhos e deixar de lado os fantasmas agonizantes dos pensamentos que causara tudo isso: eis que surge na minha frente a imagem de um ser, até então um feixe de luz disforme, mas que com o tempo, ganha uma forma humanizada... uma forma que mescla um humano e um ser divino... Um anjo? Seus olhos fixaram nos meus, que ainda lutavam para permanecer abertos por mais um instante. Eu estava estirada numa rua qualquer, sendo observada por aqueles olhos curiosos de corvos, que pareciam se deliciar com minha agonia. O carro no qual eu havia chocado, já desaparecera daquele lugar e apenas deixara de recordação (além das marcas, dores, cortes, fraturas em mim) marcas asfálticas de seus pneus no chão daquela rua. Voltei meu olhar para aquele a quem denominei de anjo. Sua cara era um mister de ternura, tristeza e dor. Senti o seu toque queimante no meu pulso. Gemi. Meu corpo todo doía de uma forma aterrorizante. Fechei meus olhos na tentativa de escapar daquela realidade e fui tragada pela última vez ao mesmo
  • 12. 11 pensamento, sendo vencida pelo cansaço dessa vida. Cansei de lutar por algo que nunca chegará a ser concreto. Cansei de sonhar com algo impossível, de viver só de fantasias, de viver com esperanças. Quero ser levada por aquele anjo, que provavelmente continua a me olhar. Posso sentir uma onda emanando dele e vindo em minha direção, uma onda que reconforta o meu espírito. E eu estava certa. Senti o seu abraço reconfortante. Quando menos percebi, estava sendo levada às alturas... Eu podia tocar com minhas mãos cada nuvem no céu, deixar transparecer em minha face um sorriso que há muito tempo eu não via surgir. Olhei para o anjo e antes que eu pudesse reagir, seus lábios docilmente beijaram os meus. Despertei desse sonho na cama de um hospital. Uma onda de solidão, raiva e saudade emanara em mim. Estava de volta à vida real.
  • 13. 12 CONTO 3- Promessas que o tempo não apaga Desde criança, eu era apaixonada pelo meu melhor amigo, o Adrian. Ele preenchia um vazio existencial em meu peito. Na verdade, eu nem sabia que era amor... Eu apenas sentia algo estranho brotando de mim, um sentimento diferente, místico e intrigante... Passávamos tanto tempo juntos, e eu alimentava a esperança de que nunca iríamos nos separar.
  • 14. 13 Mas, como é de praxe, o destino gosta de brincar com a gente, não é mesmo? Isso não seria diferente com a gente... Adrian foi embora, não porque ele queria: fora obrigado pela mãe possessiva e extremamente capitalista, que tinha medo dos meus reais interesses em relação ao seu precioso tesouro financeiro... E assim, meu pequeno e adorado amor se foi... Confesso que foi difícil a separação. Creio que para ambos os lados. Lembro-me de suas lágrimas e de seu aceno final quando a megera bruxa dos contos de fada, o forçou a entrar no carro e a deixar tudo pra trás. ... Eu era a moça pobre, filha de uma empregada que morrera em serviço e cuja patroa sentia a obrigação de cuidar de sua filha, como um falso gesto de piedade. Adrian era o pequeno herdeiro de uma das famílias mais poderosas de Maine, os McLaus. Essa história nunca daria certo mesmo. Nunca mais recebi notícias de Adrian. E por tanto tempo, eu rezei para crescer e me livrar dessa família, mostrar que eu poderia andar com meus próprios pés. O tempo nos
  • 15. 14 força a mudar, a desistir de tantas coisas e a lutar por outras tantas, não é verdade? … As nossas perspectivas de vida e pensamentos se transformam. Por mais que quisesse alimentar a esperança de que um dia eu o encontraria, ele foi se esquecendo de mim e de nossa promessa: “Eu juro Melanie, que nunca você ficará sozinha. Eu sempre estarei aqui, do seu lado, por que...” “Por que o quê?” “Porque... quer dizer... bem, eu acho... quer dizer, somos amigos. E um amigo nunca abandona o outro.” Eu fiquei tensa naquela época quando ele falou isso. “Ele ia dizer que me ama. Só não quer admitir. Ou tem vergonha de dizer isso, assim como eu”, foi o meu primeiro pensamento. Porém, são águas passadas... O Adrian que eu conhecia não existia mais. Ele agora era um jovem playboy, que vivia de festas em festas, trocando de companheira como se estivesse trocando de roupa. Nunca engatou numa relação
  • 16. 15 séria como medo da perda... Lá no fundo, ele havia feito uma promessa pra si mesmo no momento em que fora embora: “Não vou deixar que o mesmo sentimento que nutri por Melanie me domine. Sei que fui covarde. Mas se ela me amasse mesmo, teria lutado por mim.” ... E a Melanie que ele conheceu também mudou. Só não sei se foi pra melhor ou para pior. Nunca deixei de ser uma garota tímida, apaixonada e infeliz. Vivo em meu próprio mundo ilusório, onde fujo também da dor da separação e da perda do verdadeiro amor, que me deixou profundamente marcada pelo sentimento de abandono e um vazio. Para mim, promessas podem ser facilmente quebradas. Essa era a única coisa que eu acreditava. … Éramos adolescentes agora. Um dia como outro qualquer, Adrian resolveu voltar à Maine. O dia que marcara a sua volta, era a data que eu mais odiava em toda a minha vida: o dia dos namorados.
  • 17. 16 Sem saber o porquê e deixando-se guiar por um impulso infantil (ou qualquer coisa que você queira chamar), ele decidiu comprar flores... assim como eu também... “Bom dia, jovem. Gostaria de alguns muguets.” “Você pode aguardar? A moça da barraca vem já.” “Certo” Aquela voz me pareceu familiar. Algo em meu coração me dizia isso. Fui tragada por lembranças que eu tentei negar. Não seria possível. Assim que me deparei com aquela criatura em minha frente, meu coração gelou. Ele estava mudado, contudo existia algo em seus olhos que me preservava aquele mesmo jovem de antes. Adrian! Meu Deus! Ele ainda usava o mesmo colar que eu dera quando éramos criança. Assim como eu, assim que me reconheceu, o choque foi eminente. Nesse momento, um casal de namorados passava do nosso lado, de mãos dadas e rostos felizes. E
  • 18. 17 nós, ficamos constrangidos, como crianças inocentes e tímidas. O silêncio pendurou por alguns segundos, enquanto nos mantivemos imóveis, tentando captar a real situação diante de nossos olhos incrédulos. De ambos os lados, nenhuma reação exterior fora exposta. Apenas os sentimentos conflituosos do nosso interior eram aqueles que reinavam em cada centímetro de nossos corpos. A pergunta que eu fazia em meus pensamentos era Por quê? Eu deveria ser mais corajosa e manifestar toda a verdade que lutei para ocultar durante todo tempo, verdade esta rodeada por uma fortaleza que julguei ser indestrutível e que agora ameaçava ir a ruínas? Eu deveria luta por alguém que o tempo tratou de nos afastar de todas as formas, assim como nos deixou beirando o abismo do esquecimento? Percebemos, dentre os nossos questionamentos, que o afastamento que tivemos não indica realmente o esquecimento. Era hora de nos libertarmos de nossos próprios temores e preconceitos. Essa era a oportunidade que a vida nos oferecia para recompensar todos os anos de espera, ausência e da tentativa de arrancar do peito qualquer vestígio do
  • 19. 18 sentimento que agora tinha um nome que ambos conheciam: amor. Sem perder tempo, Adrian me abraçou e me beijou de um jeito desesperado e, assim, o correspondi, mais ansiosa do que nunca para o êxtase da junção de nossos lábios e para sentir o arrepio de nossos corpos tão juntos. Será que agora o tempo poderia fazer um simples favor? Poderia parar por um instante? É pedir demais? Parecia que todo o universo girava ao nosso redor. Jovens eufóricos que transitavam naquele instante, vibravam de emoção. “Acho que acabei de encontrar a pessoa mais digna do mundo para receber essas rosas, que nada mais é do que a representação de todo o amor que sinto dentro de mim. Me desculpe por minha covardia durante todo esse tempo. Uma coisa é respeitar as decisões que os pais tomam por nós quando acham que nós não somos capazes ou pequenos demais para decidir certos rumos de nossas vidas. Outra, é quando renegamos tudo e tentamos enterrar nossos sentimentos, sem ao menos nos permitir lutar por aquilo que acreditamos ser a verdade que vai reger a nossa vida. Uma vida sem amor, é uma vida mergulhada no vazio. Existem diferentes
  • 20. 19 formas de amar. Da mais simples a mais complexa. O que sinto por você é uma forma extrema do amor, embora, em uma dada fase da vida, deixamos esse amor de lado em prol de pequenas realizações pessoais, que nunca nos trouxeram tamanha felicidade... Felicidade de aproveitar uma companhia ao lado de uma pessoa legal, inteligente, criativa... Felicidade de dividir sonhos com alguém que acredita em você e que sempre estará ao seu lado...” A vendedora chegou com o seu pedido. Adrian pegou um buquê de muguets na barraca, se ajoelhou e me entregou. Apesar do nervosismo, eu tentei entender se tudo aquilo era um sonho. Eu ri de mim mesma quando ao abrir os olhos e me deparei com aquele moleque de tempos antigos e de suas juras de amor. Promessas podem ser quebradas. Mas, graças ao céu, que lá no fundo, por mais que tentamos negar, alimentávamos a esperança de que um dia, o universo conspirasse para que tudo dê certo em nossas vidas. “Melanie, sua incansável busca pelo amor acaba hoje. Feliz dia dos namorados.”
  • 21. 20 CONTO 4- Monólogo do fluxo de uma consciência triste Eu me sinto profundamente triste. Ter que acordar todos os dias e perceber que o mundo continua o mesmo ou pior do que já era, é horrível. Um embrulho no estômago me faz renegar o café da manhã. Já tenho vontade de sorrir, nem de ficar bonita, me arrumar, de fazer qualquer coisa além do que simplesmente
  • 22. 21 dormir e pensar em um mundo alternativo e que seja melhor do que aquele que vivo. Todas as minhas energias foram gastas ontem, na busca pelo tesouro perdido da humanidade: a sensibilidade. Ninguém teme o mal que pratica contra o seu irmão. Ninguém teme a justiça ou o castigo divino que possa abater sob a cabeça daqueles que escolheram caminhos obscuros para seguir. Mesmo contra a vontade, eu devo sair. Devo encarar o mundo que tanto me assombra, que tanto me perturba. Devo andar pelas ruas sombrias e sangrentas, devo atravessar o beco dos desvairados, ouvir o rogo de perdão, a súplica por ajuda, o tiro de misericórdia, ver muitos venderem seus corpos, suas almas, serem estuprados pelas drogas e bebidas, mendigando pela sobrevivência, maltratados por seus semelhantes... No final de tudo, devo encarar ainda nos olhos das pessoas? Tento correr e me esconder. Não consigo... Tento gritar, me sufocar, rogar, esperar... Não consigo. Não posso negar e dizer que não faço parte do sistema, que também sou responsável
  • 23. 22 por tudo isso. Preciso me reerguer e ajudar, continuar minha busca primordial pelo Santo Graal da humanidade, que é a sensibilidade. É de partir o coração perceber a nossa indiferença para com as dores de pessoas/animais que estão tão próximos a nós. Fingir que o problema não é seu, é uma válvula passível de escape, de negação. Mas a sua consciência (se você ainda tiver uma), ao dormir, não te perturba? Não te cobra? Não te acusa? Não te questiona? Não lança imagens acusatórias de um presente que é seu? Não mostra um mundo distópico e mergulhado no caos, que não é seu? Pare! Pense! Abra a sua mente. Se conecte às profundezas de seu coração e permita que a energia do perceber e sentir se faça presente em sua vida a partir de agora! Veja e lute! Ouça e ajude! Questione o silêncio. Questione sua cegueira. Questione sua mudez! Salve o inocente! Seja o pão de cada dia! A água da vida! A bengala do velho! A luz do cego! O afago da criança e do animal abandonado! Seja a sinfonia do amor que desperta de um mundo ausente de Deus, mas que nunca perdeu a fé em pessoas como você, que assim como eu,
  • 24. 23 tem o desejo de fazer um por um despertar para o mundo de um novo amanhecer. E por fim, eu vejo que eu estava abatida pelo o que descobri e pelo medo. Desistir não existe no meu vocabulário. Saio do poço depressivo no qual estive por algumas horas e ergo a cabeça, partindo em direção a um novo dia de luta!
  • 25. 24 CONTO 5- Uma Eterna Alma Solitária? Todos os anos, há uma data em especial que me assombra e perturba os mais solitários pensamentos de uma transeunte que sentia-se esquecida pela vida: dia 12 de junho de todos os anos. O comércio movimenta-se em prol da pseudo-louvação do eterno casal e votos de amor por toda vida; a mídia explora essa temática em
  • 26. 25 todos os sentidos, e não permite você nem sequer respirar; amigos chegam de mansinho com a pretensão de sondar uma opinião minha, a respeito do melhor presente para seu parceiro (a); a família pergunta "onde está seu príncipe encantado?" (opção a: provavelmente ele é um sapinho- opção b: ele ainda está chegando montado em seu cavalo branco; opção c: ele desistiu de mim no meio do caminho: opção d: ele ainda não reencarnou nessa vida, e opção e: ele não existe); homenagens são feitas em redes sociais ou naquele famoso carro de som de mensagem, com cesta de café da manhã, flores e aquela pelúcia fofa (poxa vida, eu desejo tanto aquela pelúcia!!!)... Preces e mais preces são elevadas aos céus, especialmente ao Santo Casamenteiro, o senhor Antonio; simpatias e crendices me deixam frustradas com seus resultados “nada positivos” e mais uma vez eu me lembro de quando era adolescente e tinha que me conformar com as gozações de meus "colegas de classe do ensino médio" (arqui-inimigos declarados do Salém) que praticamente ou metaforicamente me diziam que eu seria um patinho feio esquelético a mercê da solidão.
  • 27. 26 Coitada de mim. Anos sendo escravizada e violada pela solidão... Seria tão difícil assim sobreviver? Poderia eu fingir, que no peito, não havia um coração romântico? I M P O S S Í V E L ! ! ! Então, eu partia para o plano B: fantasiava sobre os casais de filmes românticos. Eu imaginava estar naquela situação de que a espera sempre lhe rendia uma boa recompensa e de que valia a pena sofrer por amor. Um dia, ele ouviria suas preces. Com o tempo e decepções, passei a odiar comédias românticas e a amar dramas românticos, porque em meu arco íris predomina o luto de perder sempre o amor... de não ter vivido o amor... de nunca ter chegado a realmente amar... e de, provavelmente, estar caminhando rumo ao meu fim, sem amor... Senti paixonites por pessoas erradas, que imortalizaram o platonismo em minha vida (deveria virar algum estudo ou campo científico de conhecimento humano)... Novamente amargurada, lançava-me em braços invisíveis de todos aqueles que julgava amar. Mas nenhum deles teve força suficiente de me segurar. Cai no chão. Chorei. Urrei. Doeu. Vivi...
  • 28. 27 Eu iria morrer por-ou-de amor? Não!!! Deveria dar a volta por cima e olhar quantos relacionamentos realmente amorosos eu construí na vida e que valem mais do que uma suposta relação estável e sem traição (ah tá, jura!!!): eu firmei laços afetivos com aquilo que me devolvia o prazer de viver (a poesia, a literatura e a música... e descobrir três "amantes escritores mortos quentes" hahaha), com minha família, com meus amigos, com meus aliados em minha carreira profissional, com os animais (a natureza é linda e acolhedora). Descobri o amor a todos, a entrega a todos e o sentimento de ser livre que só o verdadeiro amor pode proporcionar... Continuo sozinha, sim! Mas esse foi o melhor dia dos namorados que eu já tive em toda a minha vida, porque como dizia meu amado Oscar Wilde "AMAR A SI PRÓPRIO É O COMEÇO DE UM ROMANCE PARA TODA A VIDA".
  • 29. 28 CONTO 6- Esse sentimento corrosivo chamado culpa... Para aqueles sem consciência, tais reflexões não servirão de nada. Para aqueles sensíveis, logo a identificação permanente, fará com que sua atenção seja presa em alguns
  • 30. 29 minutos de leituras de palavras em poucas linhas. Alice costumava acreditar que tudo a sua volta tinha uma dinâmica impecável, dinâmica esta, que talvez na sua ingenuidade diante dos mistérios da vida, suas atitudes ou mudanças drásticas de opiniões, de nada afetaria o mundo, tão seu quanto dos outros. Logo, a rotina era estabelecida por ações repentinas que, se cumpridas naquele determinado prazo estipulado de tempo, de nada comprometeria o universo egoísta ao seu redor. As dores dos outros não eram menos importantes que as suas; as palavras dos outros não eram menos valiosas que as suas... Ela um dia teria que aprender a lição de que todos: de certa forma, estamos conectados. Mesmos distantes, em vidas opostas, dogmas opostos, classes opostas, fazíamos parte de alguma "sopa da vida", cuja ação isolada de cada um refletia na ação coletiva do todo. E quando ela percebeu isso, creio que um sentimento cruel estava possuindo seu corpo... Uma decisão certa ou errada, uma mudança de horários rotineiros, o minuto escolhido para
  • 31. 30 respirar, os segundos que regiam a hora do despertar matinal, ou seja, tudo ao seu redor, não dependia só de si: os outros contribuíam em sua vida e ela, consequentemente, contribuía na construção, desconstrução ou reconstrução da vida dos outros. O destino expresso no fazer futuro era incerto. Todavia, os passos do presente poderiam modelá-lo a certo ponto conhecido, mas isso não significaria que poderia ser alcançado. Poderia haver certas mudanças, certos ventos ou furações, cuja força definidora apontaria o futuro esperado, diante de uma simples alteração ou não de planos rotineiros. E foi ai que em seu íntimo, Alice começou a sentir esse sentimento corrosivo chamado culpa, especialmente quando uma ação irresponsável (cuja culpa deveria ser creditada somente a ela) recai sobre inocentes. Como voltar no tempo e aprender tal tarefa da vida, de uma maneira não tão cruel? Ficaria eternamente reclusa em seu mundo, deixando que esse tipo de sentimento, tal como ácido, a corroesse por completo, até não restar nem mais a consciência de senti-lo? Ou levantaria a cabeça, encararia o aprendizado por uma perspectiva "positiva" e
  • 32. 31 mais consciente quanto às futuras decisões que ainda deveria tomar ao longo de sua vida? Faça a sua escolha, Alice! E logo!
  • 33. 32 Sobre a autora Raquel Alves é uma escritora cearense, formada em Letras, Jornalismo e com mestrado em Ciências das Religiões. Tem poesias publicadas em antologias de editoras conhecidas e de forma independente semeia seus romances sobrenaturais, histórias fantásticas e poesias ultrarromânticas. Prêmios e Participações em Antologias: Certificado de Participação II Prêmio Licinho Campos de Poesia de Amor 2013 III Prêmio Literário Cidade da Poesia (Antologia Poética) 2013- Nome da Poesia: Noite dos Corvos Caderno Literário Pragmatha (poesias) contribuição com poesias durante quase dois anos 101 Vira-latas (Antologia poética) 2014- Nome da Poesia: Você e eu
  • 34. 33 Prêmio Literário Galinha Pulando 2014 (Antologia poética)-Nome da Poesia: A Saída dessa miséria Participação da X Bienal Internacional do Livro de Pernambuco (2015) (lançamento do livro O Reino Mágico de Mystic) Certificado de Participação VI Concurso de Poesias Prof. Roberto Tonellotti (2016)- Nome da poesia: O choro de Lázaro 11º Concurso on-line "Sueli Bittencourt" de poesias- Tema Paz (2016)- Nome da Poesia: Borboleta 5ª mostra BNB de Poesia- Abril para leitura 2016 (Antologia póetica)- Nome da Poesia: O romantismo precoce do poeta das penas negras 1ª Coletânea de Poemas- projeto Apparere- 2017 Poema: Por favor, não morra! 6ª mostra BNB de Poesia- Abril para leitura 2017 (Antologia poética)- Nome da Poesia: A não existência Participação do I Prêmio Miau de Literatura: Editora Costelas Felinas (2017)- Nome do livro de Poesias: Desaparecendo
  • 35. 34 Participação na 1ª Coletânea de Poesias de Amor- Projeto Apparere- 2018 Poesia: Adeus 9º lugar no concurso da Revista Inversos (4ª edição) em homenagem ao Dia Internacional da Criança Africana – 2018 Poesia: Minha criança Participação da 2ª Mostra de Poemas para a beata Maria de Araújo. Poesia: Sangue Salvador- 2019 8ª mostra BNB de Poesia- Abril para leitura 2019 (Antologia poética)- Nome da Poesia: Medusa- 2019
  • 36. 35