O documento discute a consciência e o remorso. A consciência é descrita como uma voz interior que julga as ações de uma pessoa e pode causar satisfação ou remorso. O remorso é um suplício causado pela consciência atormentada, especialmente quando a vítima do mal feito está presente constantemente. Espíritos instruem que o remorso é uma punição natural pelo mal cometido e que é melhor escutar a consciência e reparar erros para evitar um remorso prolongado e penoso.
2. Livro Espíritos - CAPÍTULO I
DA LEI DIVINA OU NATURAL
Origem e conhecimento da lei natural
621. Onde está escrita a lei de Deus?
“Na consciência.”
3. A CONSCIÊNCIA
Cada homem tem em si o
que chamais uma voz
interior. É o que o Espírita
chama de consciência, juiz
severo, que preside a todas
as ações de vossa vida,
Quando o homem está só,
escuta essa consciência..
Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1860 > Abril > Ditados espontâneos e dissertações espíritas > Comunicações lidas na sociedade > A consciência
4. Revista Espírita, 10 de maio de
1867 - Médium, Srta. Lateltin
Escrevem de Winschoten, a 2 de maio de 1867, ao Journal de
Bruxelles:
Jean Ryzak confessa:
“Há cerca de doze anos eu era empregado nos trabalhos de
dessecamento do lago de Harlem, quando um dia o cabo,
pagando a minha quinzena, entregou-me o soldo devido a um
de meus camaradas, com ordem de entregá-la a este último.
Gastei o dinheiro e, querendo evitar aborrecimentos de
investigações, resolvi matar o amigo a quem acabara de
roubar. Para isso, precipitei-o num dos abismos do lago e,
vendo-o voltar à superfície e fazer esforços pata nadar para a
margem, dei-lhe duas facadas na nuca.”
5. Revista Espírita, 10 de maio de
1867 - Médium, Srta. Lateltin
“Logo que cometi o crime, o remorso começou a fazer-se
sentir. Em breve tornou-se intolerável e foi-me impossível
continuar no trabalho. Comecei por fugir do teatro do meu
erro, e não achando em parte alguma do país nem paz nem
trégua, embarquei para as Índias, onde me alistei no exército
colonial. Mas lá também o espectro de minha vítima me
perseguiu noite e dia; minhas torturas eram incessantes e
incríveis e, assim que terminou o meu período de
engajamento, uma força irresistível impeliu-me a voltar a
Winschoten e a pedir à justiça o apaziguamento de minha
consciência. Ela me dará, impondo-me a expiação que julgar
conveniente, e se ordenar que eu morra, prefiro esse suplício
ao que me faz experimentar, há doze anos, a toda hora do dia
e da noite, o carrasco que trago no peito.”
6. Aqui se aguarda com
emoção a sequência
que poderá ter este
estranho
acontecimento.
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS SOBRE ESTE CASO
7. (Revista Espírita, 10 de maio de 1867 -
Médium, Srta. Lateltin)
Como sabeis, cada ser tem a
liberdade do bem e do mal, o que
chamais de livre-arbítrio. O
homem tem em si sua consciência
que o adverte quando fez o bem
ou fez o mal, cometeu uma ação
má ou negligenciou de fazer o
bem; sua consciência que, como
guarda vigilante encarregada de
velar por ele, aprova ou desaprova
sua conduta.
8. (Revista
Espírita, 10
de maio de
1867 -
Médium,
Srta. Lateltin)
Muitas vezes acontece que ele se mostre
rebelde à sua voz, que repila as suas
inspirações; que queira abafá-la pelo
esquecimento, mas nunca ela é
completamente aniquilada para que num dado
momento não desperte mais forte e mais
poderosa e não exerça um severo controle de
vossas ações.
9. Consciência – Satisfação ou Remorso?
A consciência produz dois
efeitos diferentes: a satisfação
de haver agido bem, a paz que
deixa o sentimento do dever
cumprido; e o remorso que
penetra e tortura quando se
praticou uma ação reprovada
por Deus, pelos homens ou
pela honra. , É propriamente
falando, o senso moral.
(Revista Espírita, 10 de maio de 1867 - Médium, Srta. Lateltin)
11. O Remorso
E quando a esse suplício de uma
consciência atormentada vem juntar-
se a visão constante da vítima, da
pessoa a quem se fez o mal; quando,
sem repouso nem trégua, sua presença
censura ao culpado sua conduta
indigna, lhe repete incessantemente
que sofrerá enquanto não houver
expiado e reparado o mal que fez, o
suplício se torna intolerável.
(Revista Espírita, 10 de maio de 1867 - Médium, Srta. Lateltin)
12. Remorso dobra o
Orgulho
É então que, para pôr fim às suas
torturas, seu orgulho se dobra e
ele confessa os seus crimes. O mal
carrega em si a sua pena, pelo
remorso que deixa e pelos
reproches feitos unicamente pela
presença daqueles contra os quais
se agiu mal.
(Revista Espírita, 10 de maio de 1867 - Médium, Srta. Lateltin)
13. Crede e
Escutais
Crede-me, escutai sempre
essa voz que vos adverte
quando estais prestes a falir;
não a abafeis pela revolta do
vosso orgulho, e se falirdes,
apressai-vos em reparar o
mal, pois do contrário o
remorso seria vossa
punição. Quanto mais
tardardes, mais penosa será
a punição e mais prolongado
o suplício.
(Revista Espírita, 10 de maio de 1867 - Médium, Srta. Lateltin)
14. Observação Allan
Kardec
O remorso é uma consequência do desenvolvimento do
senso moral; ele não existe onde o senso moral ainda se
acha em estado latente. É por isto que os povos selvagens
e bárbaros cometem sem remorso as piores ações. Aquele,
pois, que se pretendesse inacessível ao remorso assimilar-
se-ia ao bruto. À medida que o homem progride, o senso
moral torna-se mais apurado; ofusca-se ao menor desvio
do reto caminho. Daí o remorso, que é o primeiro passo
para o retorno ao bem.
(Revista Espírita, 10 de maio de 1867)