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“As conferências da UNESCO estabeleceram metas claras e definidas.
Até 1980, todas as crianças em idade escolar deveriam estar
matriculadas na escola primária; e, na América Latina, onde as
condições já existentes eram mais favoráveis, até 1970. O resultado
foi espantoso. Até 1980, na Ásia e na América Latina, as taxas de
matrícula na escola primária mais do que dobraram; na África,
triplicaram” (UNICEF, 1999, p.13).
A Conferência Mundial sobre Educação para Todos é chamada para Março de 1990,
em Jomtien na Tailândia, tendo com meta primordial a revitalização do compromisso
mundial de educar todos os cidadãos do planeta, este evento foi organizado pela
UNESCO.
A Conferência que contou com a presença de representantes de 155 governos de
diferentes países, teve como patrocinadores e financiadores quatro organismos
internacionais: a Organização das Ações Unidas para a Educação (UNESCO); o Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD); e o Banco Mundial (BID).
O documento é dividido em 10 artigos que apresentam os principais objetivos
que serão brevemente explanados. O primeiro artigo trata de satisfazer as
necessidades básicas de aprendizagem como “[...] instrumentos essenciais para a
aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de
problemas), quanto os conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos,
habilidades, valores e atitudes)” (UNESCO, 1990, p.3).
A Declaração de Jomtien (WCEFA, 1990) iniciou com uma leitura da realidade
educacional daquele contexto que apontava para o seguinte quadro:
 mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 milhões são meninas,
não têm acesso ao ensino primário;
 mais de 960 milhões de adultos - dois terços dos quais mulheres são analfabetos,
e o analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países
industrializados ou em desenvolvimento;
 mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento
impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a
qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e
culturais;
 mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não conseguem concluir o
ciclo básico, e outros milhões, apesar de concluí-lo, não conseguem adquirir
conhecimentos e habilidades essenciais.
Após a constatação deste cenário o documento segue apontando que graças as
“novas forças” que emergiam no mundo - clima de esperança e possibilidades às
vésperas do novo século, progresso rumo a dimensão pacífica e de maior cooperação
entre as nações, a afirmação dos direitos das mulheres, novas realizações cientificas e
culturais, sobretudo, o aumento do volume de informações – “combinadas com a
experiência acumulada de reformas, inovações, pesquisas, e com o notável progresso
em educação registrado em muitos países, fazem com que a meta de educação básica
para todos - pela primeira vez na história - seja uma meta viável” (WCEFA, 1990, p. 3).
Referências:
UNICEF. Situação Mundial da Infância, 1999. Educação. Nova York, 1999.
WCEFA - Declaração Mundial sobre Educação para Todos e Plano de ação para
satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Conferência Mundial de
Educação para Todos. Jomtien : Março de 1990.
UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos. Plano de ação para
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1990.

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  • 1. “As conferências da UNESCO estabeleceram metas claras e definidas. Até 1980, todas as crianças em idade escolar deveriam estar matriculadas na escola primária; e, na América Latina, onde as condições já existentes eram mais favoráveis, até 1970. O resultado foi espantoso. Até 1980, na Ásia e na América Latina, as taxas de matrícula na escola primária mais do que dobraram; na África, triplicaram” (UNICEF, 1999, p.13). A Conferência Mundial sobre Educação para Todos é chamada para Março de 1990, em Jomtien na Tailândia, tendo com meta primordial a revitalização do compromisso mundial de educar todos os cidadãos do planeta, este evento foi organizado pela UNESCO. A Conferência que contou com a presença de representantes de 155 governos de diferentes países, teve como patrocinadores e financiadores quatro organismos internacionais: a Organização das Ações Unidas para a Educação (UNESCO); o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); e o Banco Mundial (BID). O documento é dividido em 10 artigos que apresentam os principais objetivos que serão brevemente explanados. O primeiro artigo trata de satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem como “[...] instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas), quanto os conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e atitudes)” (UNESCO, 1990, p.3). A Declaração de Jomtien (WCEFA, 1990) iniciou com uma leitura da realidade educacional daquele contexto que apontava para o seguinte quadro:  mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 milhões são meninas, não têm acesso ao ensino primário;  mais de 960 milhões de adultos - dois terços dos quais mulheres são analfabetos, e o analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento;  mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais;
  • 2.  mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não conseguem concluir o ciclo básico, e outros milhões, apesar de concluí-lo, não conseguem adquirir conhecimentos e habilidades essenciais. Após a constatação deste cenário o documento segue apontando que graças as “novas forças” que emergiam no mundo - clima de esperança e possibilidades às vésperas do novo século, progresso rumo a dimensão pacífica e de maior cooperação entre as nações, a afirmação dos direitos das mulheres, novas realizações cientificas e culturais, sobretudo, o aumento do volume de informações – “combinadas com a experiência acumulada de reformas, inovações, pesquisas, e com o notável progresso em educação registrado em muitos países, fazem com que a meta de educação básica para todos - pela primeira vez na história - seja uma meta viável” (WCEFA, 1990, p. 3). Referências: UNICEF. Situação Mundial da Infância, 1999. Educação. Nova York, 1999. WCEFA - Declaração Mundial sobre Educação para Todos e Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Conferência Mundial de Educação para Todos. Jomtien : Março de 1990. UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos. Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Tailândia: CEPAL/UNESCO, 1990.