SlideShare uma empresa Scribd logo
Menu
Tudo posso Naquele que me fortalece
Reflexões
CF 2020 texto base – SÍNTESE EM DUAS LAUDAS (Lucas 10,
25-37) e CF 2019 Politicas publicas – texto base
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020 –
Dois subsídios neste espaço:
1- Síntese do texto base em duas laudas (fonte arial 12)
2- Pontos centrais do texto base – mais detalhado
VAMOS COMEÇAR COM A SÍNTESE
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020 – texto base síntese duas laudas
TEMA: Fraternidade e Vida: Dom e compromisso
LEMA: Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lucas 10, 25-37)
O OBJETIVO GERAL DA CF 2020: “Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da
vida como Dom e Compromisso, que se traduz em relação de mútuo cuidado entre as pessoas,
na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”.
1. O OLHAR SAMARITANO: olhos envolvidos pelo cuidado misericordioso
Para olhar a vida e nela reforçar ou reencontrar o sentido, a Campanha da Fraternidade 2020
indica como referência a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37). Nesta narrativa, Jesus
apresenta um olhar indiferente à vida – que vê o sofrimento, mas passa adiante (sacerdote e
levita); e outro que enxerga, permanece e se compromete com aquele que sofre (o olhar
samaritano). Não é sentir dó diante da dor alheia, mas, com o sentimento da ternura,
reconhecer a dignidade do ferido. Esta atitude é que resgata a imagem e semelhança divina no
rosto de homens e mulheres desfigurados pelo pecado (Gn 1,26). É o sagrado olhar de Jesus que,
do alto do madeiro, enxergou, perdoou todos os pecados e nos salvou por sua misericórdia (Lc
23,34).
Diante da maldade, apesar de muitas vezes por ela sermos afetados, assim como Jesus o foi,
nossas mãos não podem ser fechadas para socar e sim, abertas, para apoiar (Mateus 8,20). É
preciso lembrar que o amor não julga, não acusa e não divide, mas cuida, acolhe e integra. Quem
ama dialoga, suporta e se compadece. Ao contrário, o egoísta, com olhos mirando só para seus
próprios interesses, julga o mundo a partir da sua prepotência, esquecendo-se de que seu olhar
está embaçado pelo pecado e o coração entupido pela maldade.
A missão do discípulo missionário de Jesus é revelar ao mundo o olhar divino da ternura
misericordiosa, que faz com que a caridade se transforme em verdadeira justiça.A caridade
envolvida pelo cuidado misericordioso, inspirador da ação individual e comunitária, é força
capaz de suscitar novas formas de enfrentamento dos problemas do mundo de hoje, renovando
as estruturas, organizações sociais e ordenamentos jurídicos. Nesta perspectiva, a caridade se
torna instrumento de transformação social, pois, nos leva a amar o bem comum e a buscar
efetivamente a dignidade para a vida das pessoas, consideradas não só individualmente, mas
também na dimensão social que as aflige ou as une. Assim, na tradição cristã, a justiça jamais
estará desvinculada da caridade.
Esta ação social, caridosa e transformadora, é possibilitada ao abraçarmos a amorosidade que o
Filho de Deus trouxe para a humanidade em sua encarnação. O Papa Francisco nos convida a
participar da revolução da ternura cujo objetivo é revelar para a sociedade o rosto
paterno/materno do Deus apaixonado pelo ser humano. Quando a pessoa sente o divino afeto
amoroso é estimulada a também amar e cuidar e, por consequência tornar o mundo mais justo e
humano.
Para aqueles que têm inclinações egoístas, a atitude do cuidado afetuoso num mundo marcado
pela violência e a indiferença diante do sofrimento alheio é visto como loucura. Mas é
justamente este louco e divino cuidado que impulsiona a Igreja a sair, caminhar pelas periferias
existenciais, não se importando em sujar os pés com as poeiras do mundo. Em uma sociedade
que despreza, passando adiante sem se importar com o sofrimento do próximo, o profetismo
cristão se faz presente pelo cuidado afetuoso. Portanto, não é possível falar de cuidado pastoral
sem falar da ternura pelos que sofrem.
A mesma afeição na relação dos cristãos com o próximo que padece, deve existir também para
com a natureza. As culturas do consumismo e do desperdício, que se contrapõem à fome e
baixos salários, geram a degradação do ecossistema. Superar estas contradições requer uma
renovada visão ética, que saiba colocar no centro as pessoas, sem desrespeitar o meio ambiente.
É somente o olhar da ternura que pode enxergar as pessoas e a natureza com igual respeito.
Ferir o ser humano é ferir a natureza e vice-versa.
 A BACIA DE PILATOS OU A DE JESUS: qual você escolhe?
A conversão provocada pelo anúncio da Boa Nova nos faz escolher a bacia de Jesus e não a de
Pilatos. A bacia de Pilatos, ele a usou para lavar as mãos, ou seja, tornar-se indiferente à dor do
outro. Jesus tornou sua bacia instrumento para lavar os pés dos discípulos, sinal de cuidado e
compromisso com o serviço para com o próximo.
Redescobrindo a água do batismo naquela da bacia do lava-pés, os discípulos missionários de
Jesus Cristo se colocam em saída para servir àqueles que necessitam da ação generosa da Igreja,
envolvida pela ternura, sempre amparada na justiça misericordiosa. Não podemos dizer que
amamos a Deus se não vemos o outro que sofre. (1 Jo 4,19-20).
Não há outro jeito de ser discípulo missionário, seguidor de Cristo, sem que o cristão se torne
missionário com olhos repletos da amorosidade que enxergam e promovem a solidariedade
para, com e entre os sofredores. A fim de viver organizadamente este terno amor, a CNBB une
todas as dioceses brasileiras em um caminho de dedicação e cuidado aos sofredores e
sofredoras através das propostas da CF 2020: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham
em abundância” (João 10,10).
As mudanças que queremos para o mundo só serão reais se começarem a partir de nós, afetando
positivamente o ambiente em que vivemos. Podemos sentir esta ação como algo difícil, às vezes
até cansativa. Mas somos chamados a sermos pessoas comparadas a jarras (cântaros) sempre
dispostas a darem de beber a água da esperança pela vida através da fé. Às vezes o cântaro se
transforma em uma pesada cruz. Mas foi precisamente na cruz que o Senhor Jesus, trespassado,
se entregou a nós como fonte de água viva. Jamais, nada, nenhuma situação ou desafio pode
roubar a nossa esperança ou nos separar da ternura de Jesus. (Rm 8, 35-39)
 O OLHAR SAMARITANO A PARTIR DA UNIÃO DAS FAMÍLIAS
O olhar samaritano se faz realidade nas famílias cristãs que se unem em pequenas comunidades
missionárias, oásis da justiça envolvida pelo carinho misericordioso. Inseridas num mundo onde
ninguém tem tempo para ninguém, pequenas comunidades missionárias devem ser o lugar da
afetividade e do abraço, do encontro fraterno em torno da Palavra e da Eucaristia.
A pequena comunidade missionária se torna o lugar da reconciliação, do perdão, onde há
pessoas que anunciam e constroem a sociedade, embrenhadas pela cultura da ternura pela vida.
Por isso a pequena comunidade missionária se envolve com os problemas da sua localidade,
acompanha aqueles que necessitam do seu auxílio, multiplicando a ação solidária. Sendo agente
promotora da cultura do amor que cuida e, por isso mesmo, promove a paz, a comunidade cristã
festeja e celebra a sua ação como oferenda preciosa a Deus.
 NOVO OLHAR SOBRE A ECONOMIA MUNDIAL
Entre os dias 26 a 28 de março de 2020, em Assis (Itália), o Papa Francisco vai se reunir com
jovens economistas e empresários de todo o mundo para refletir sobre uma nova economia
baseada na fraternidade que garanta a justiça misericordiosa para os pobres. Depois,
acontecerão em todas as Dioceses reflexões sobre os temas destacados na reunião de Assis.
Como ponto de encontro de todos os processos reflexivos diocesanos, será realizada a Jornada
Mundial dos Pobres na semana que antecede a Festa de Cristo Rei de 2020. Por isso, a
Campanha da Fraternidade 2020 nos leva também a refletir sobre a vida, Dom e Compromisso
com os olhos voltados para a Jornada Mundial dos Pobres e todos os desmembramentos que
virão a partir dela. Com certeza, a reflexão nas terras franciscanas deverá destacar a triste e
vergonhosa situação dos problemas que geram o fenômeno migratório composto de forma
densa pelos refugiados.
Sem jamais perder a alegria do Evangelho, e com a presença Eucarística do Cristo Ressuscitado,
a Igreja tem a certeza de que o amor terá a última palavra e vencerá todo tipo de mal. Francisco,
o papa da acolhida, que deseja uma Igreja de portas abertas e em saída, nos anima a uma vida
cristã envolvida pela esperança dizendo:
“O cristão deve promover a paz em meio aos homens e mulheres e não ouvir a voz de quem
espalha ódio e divisão. O cristão deve amar as pessoas, uma a uma, respeitando o caminho de
todas e sentir-se responsável pela vida de cada ser humano e por este mundo, a Terra, nossa
Casa Comum. Que todos os cristãos tenham sempre a coragem da verdade, porém, lembrando
sempre que não são superiores a ninguém. Cristãos, cultivem ideais e nunca desanimem: se caiu,
levante-se. Se a amargura tocar seu coração, procure na oração ser curado pela ternura de
Deus”.
2- PONTOS CENTRAIS DO TEXTO BASE CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020
TEMA: Fraternidade e Vida: Dom e compromisso
LEMA: Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lucas 10, 25-37)
O OBJETIVO GERAL DA CF 2020:
“Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que
se traduz em relação de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na
sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1) Apresentar o sentido de vida proposto por Jesus nos Evangelhos;
2) Propor a compaixão, a ternura e o cuidado como exigências fundamentais da vida para
relações sociais mais humanas;
3) Fortalecer a cultura do encontro, da fraternidade e a revolução do cuidado como caminhos de
superação da indiferença e da violência;
4) Promover e defender a vida, desde a fecundação até o seu fim natural, rumo à plenitude;
5) Despertar as famílias para a beleza do amor que gera continuamente vida nova;
6) Preparar os cristãos e as comunidades para anunciar, com o testemunho e as ações de mútuo
cuidado, a vida plena do Reino de Deus;
7) Criar espaços nas comunidades para que, pelo batismo, pela crisma e pela eucaristia, todos
percebam, na fraternidade, a vida como Dom e Compromisso;
8) Despertar os jovens para o dom e a beleza da vida, motivando-lhes o engajamento em ações
de cuidado mútuo, especialmente de outros jovens em situação de sofrimento e desesperança;
9) valorizar, divulgar e fortalecer as inúmeras iniciativas já existentes em favor da vida;
10) Cuidar do planeta, nossa Casa Comum, comprometendo-se com a ecologia integral.
ORAÇÃO DA CF 2020
Deus, nosso Pai, fonte da vida e princípio do bem viver, criastes o ser humano e lhe confiastes o
mundo como um jardim a ser cultivado com amor.
Dai-nos um coração acolhedor para assumir a vida como dom e compromisso.
Abri nossos olhos para ver as necessidades dos nossos irmãos e irmãs, sobretudo, dos mais
pobres e marginalizados.
Ensinai-nos a sentir a verdadeira compaixão expressa no cuidado fraterno, próprio de quem
reconhece no próximo o rosto do vosso Filho.
Inspirai-nos palavras e ações para sermos construtores de uma sociedade reconciliada no amor.
Dai-nos a graça de vivermos em comunidades eclesiais missionárias que, compadecidas, vejam,
se aproximem e cuidem daqueles que sofrem, a exemplo de Maria, a Senhora da Conceição
Aparecida e de Santa Dulce dos Pobres, Anjo Bom do Brasil.
Por Jesus, o Filho amado, no Espírito, Senhor que dá a vida.
Amém.
HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020
Autor: Pe. José Antonio de Oliveira
1) Deus de amor e de ternura, contemplamos este mundo tão bonito que nos deste. (Cf. Gn 1,2-
15; 2,1-25) Desse Dom, fonte da vida, recordamos: (Cf. SI 36,10) Cuidadores, guardiões tu nos
fizeste. (Cf. Gn 2,15)
Peregrinos, aprendemos nesta estrada o que o “bom samaritano” ensinou: Ao passar por
uma vida ameaçada, Ele a viu, compadeceu e cuidou. (Cf. Lc 10,33-34)
2) Toda vida é um presente e é sagrada, seja humana, vegetal ou animal. (Cf. LS, esp. Cap. IV) É
pra sempre ser cuidada e respeitada, desde o início até seu termo natural.
3) Tua glória é o homem vivo, Deus da Vida; (Cf. Santo Irineu) ver felizes os teus filhos, tuas
filhas; é a justiça para todos, sem medida; (Cf. Am 5,24) É formarmos, no amor, bela Família.
4) Mata a vida o vírus torpe da ganância, da violência, da mentira e da ambição. Mas também o
preconceito, a intolerância. O caminho é a justiça e conversão. (Cf. 2Tm 2,22-26)
APRESENTAÇÃO
Na Campanha da Fraternidade (CF) 2020, somos convidados a olhar com mais atenção para a
vida. Constata-se que a vida das pessoas chegou a um ponto que esbarra em uma série de
angustiantes indagações.
1. O que aconteceu conosco?
2. Por que vemos crescer tantas formas de violência, agressividade e destruição?
3. Perdemos, de fato, o valor da fraternidade?
Em meio a tantas questões, a CF 2020 convoca à reflexão sobre o significado mais profundo
da vida e a encontrar caminhos para que esse sentido seja fortalecido ou reencontrado. É por
isso que a CF 2020 proclama: a vida é Dom e Compromisso! Seu sentido consiste em ver,
solidarizar-se e cuidar. Significa não passar cego às dores das pessoas.
Diante de tanta indiferença se torna urgente testemunhar e estimular a solidariedade
(Mateus 25,45). Não temamos se nos sentirmos pequenos diante dos problemas. Lembremo-nos
de Santa Dulce dos Pobres, mulher frágil no corpo, mas uma fortaleza peregrinante pelas terras
de São Salvador da Bahia de todos os Santos. Santa Dulce dos Pobres é testemunho irrefutável
de que a vida é dom e compromisso. É Santa Dulce dos Pobres, que intercede por nós no céu.
BOM SAMARITANO: COMPAIXÃO E CUIDADO COM A VIDA
A CF 2020 toma como referência a Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10, 25-37). A
Parábola do Bom Samaritano é composta por personagens anônimos. O Sacerdote e o Levita,
desviam-se do homem ferido, pois não tinham tempo para ele. O Samaritano aproxima-se da
vítima dos salteadores e, movido pela compaixão, gasta seu tempo, ficando com ele à noite na
hospedaria. No dia seguinte paga as despesas da sua estadia e promete retribuir ao dono da
hospedaria tudo o que por ventura gastasse a mais para cuidar daquele que sofreu o assalto.
A postura inesperada do Samaritano contém o centro do ensinamento de Jesus: o próximo não
é apenas alguém com quem possuímos vínculos, mas todo aquele de quem nos
aproximamos. Não é a Lei, vínculo sanguíneo ou ligação afetiva que estabelecem as
prioridades, mas a compaixão, que impulsiona a fazer pelo outro aquilo que nos é possível,
rompendo com toda indiferença. A lei é esta: todos devem ser amados, sem distinção.
Ser capaz de sentir compaixão é a chave da obediência à vontade de Deus, que ama toda a
criação: Servir! Ver! Sentir, ter compaixão e cuidar é o autêntico Programa Quaresmal.
Quaresma é tempo de abertura ao mistério da dor, morte e a cruz do Crucificado, Vencedor da
Morte. A Igreja recorda que esse caminho do calvário e vitória de Cristo, exige de nós jejum,
oração e a esmola. No jejum somos conectados à dor dos que tanto sofrem pela falta de vida
digna. A oração, diálogo de amor e amizade, é aproximação que nos possibilita sermos tocados
pelo amor e ternura de Deus. A esmola é a partilha de vida, cuidado amoroso que nasce da
liberdade da renúncia para a entrega amorosa. Jesus é o verdadeiro bom Samaritano que se
aproxima dos homens e das mulheres que sofrem e, por compaixão, lhes restitui a dignidade
perdida. A entrega de Jesus na cruz é apenas o culminar desse estilo que marcou toda a sua vida.
1ª PARTE –
Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lucas 10, 33-34).
Na Parábola do Bom Samaritano, Jesus apresenta duas formas de olhar: uma que é indiferente:
vê, mas passa adiante (sacerdote e levita); e outra que vê, permanece, envolve e se compromete
(samaritano). Somente contemplando o mundo com os olhos de Deus (o olhar samaritano), é
possível perceber e acolher o grito que emerge das várias faces da pobreza e da agonia da
criação (DGAE 2019/2023 n. 102).
O olhar que vê e segue representa toda indiferença e desprezo pela vida do outro. Não se
engane: mesmo os que estão próximos ou atuantes na Igreja, muitas vezes, podem ter o olhar
maldoso, viciado e cansado. É preciso sempre exercitar a mesma perspectiva do olhar virtuoso
que Cristo nos ensina. Muitos santos procuraram viver em suas vidas o olhar samaritano do
nosso Salvador, que os levou a superar as dores, as injustiças e as violações de direitos,
convencidos de que Deus criou o infinito para a vida ser sempre mais.
O OLHAR DA INDIFERENÇA GERA AMEAÇAS À VIDA
O aborto é realidade que ameaça a vida desde o ventre materno. Da mesma forma, o desprezo
pela vida se manifesta por meio de projetos que querem regularizar a eutanásia e o suicídio
assistido, garantindo o que chamam de direito de antecipação da morte. Também temos que
citar a realidade de milhares de crianças órfãs que perderam suas famílias, sobretudo em
tempos de violência e migração forçada.
Outros cenários que agridem a vida humana no Brasil são estes: 1- Desemprego: No 1º
trimestre de 2019, a taxa de desemprego atingiu 12,7% da população. 2- Desolação: Cresce
igualmente o número de pessoas desoladas, que desistiram de procurar emprego. 3- Miséria: O
número de pessoas vivendo a miséria extrema já somam 13,5 milhões. 4- Ansiedade: Por todos
estes problemas, o Brasil é considerado o país mais ansioso e estressado da América Latina. 5
– Suicídio: Em 2016, houve 11.433 mortes por suicídio, ou seja, 31 casos de suicídio por dia. Os
jovens, entre 15 e 29 anos, estão entre as maiores vítimas do suicídio, a 4ª maior causa de morte
nessa faixa etária. 6 – Violência no Trânsito: Nos primeiros seis meses de 2018, foram 19.398
mortes e 20 mil casos de invalidez permanente no país. 53,7% dos acidentes são causados pela
negligência ou imprudência dos motoristas. 7 – Feminicídio: Em 2017, a cada dez feminicídios,
registrados em 23 países, quatro ocorreram no Brasil. Naquele ano 2.795 mulheres foram
assassinadas, das quais, 1.133 no Brasil. 8- Disputa pela água: Perto de um milhão de pessoas
foram envolvidas nos conflitos pela água. Os ribeirinhos e pescadores foram vítimas
preferenciais. As mineradoras são responsáveis por metade pelas disputas pela água. Em 2017,
o conflito pela água provocou 71 assassinatos, sendo 31 em cinco massacres.
OUTRAS AMEAÇAS À VIDA
Uma série de ameaças à vida está batendo em nossas portas por intermédio dos meios de
comunicação e das redes sociais, confundindo os cristãos, iludindo as famílias, atraindo jovens
para uma mentalidade permissiva disfarçada de progresso científico. Na verdade são propostas
que excluem as pessoas e descartam vidas inocentes. Essas ameaças têm nome: aborto,
eutanásia, suicídio assistido, eugenia (seleção de seres humanos pelas suas qualidades
genéticas), tráfico de drogas, de pessoas e de órgãos, entre outros.
O individualismo marca de tal maneira as relações, que a vida corre o risco de ser vista não
mais como Dom e Compromisso, mas como um peso ou como algo de que a pessoa possa dispor
a seu bel prazer. O ser humano, e sua capacidade de ser “feliz” passam, nesta perspectiva, a ser
avaliado pelo que produz e pelo que consome. Tudo isto indica a banalização da vida e a
relativização da existência, o enfraquecimento do conceito de pessoa e até a justificativa legal de
modalidades de homicídios e extermínios humanos, sob a alegação de conquistas de direitos.
AS OMISSÕES DO ESTADO
Em nossos dias, temos assistido uma transformação na concepção da ação Estatal, cujas
preocupações parecem estar mais voltadas para o aspecto econômico do que para o cuidado das
pessoas. A incapacidade do Estado de frear a violência contribui para a banalização do mal, na
medida em que grupos de extermínio determinam os que devem viver e os que devem morrer,
sempre tendo em vista o bem estar do mercado.
O OLHAR QUE DESTRÓI A NATUREZA
Nos últimos anos, vem crescendo a consciência de que, articulada com o desrespeito ao ser
humano, encontra-se a agressão à natureza. Precisamos ter consciência de que nós, seres
humanos, estamos incluídos na natureza e somos parte dela. O mal feito ao ser humano interfere
negativamente no meio ambiente. O mal feito ao meio ambiente interfere afeta o ser humano.
Portanto, não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e
complexa crise em dois lados de uma mesma moeda: sócio / ambiental.
O domínio da economia que não olha para as pessoas, mas para outros interesses, é o motor
da desigualdade social que agride a vida, não só do ser humano, mas de todo o planeta. Um
alerta: Olhando somente o lucro e não para a saúde das pessoas, a agricultura no Brasil é
campeã mundial no uso de pesticidas, alternando a posição, dependendo da ocasião, apenas com
os Estados Unidos. Como exemplo, tomemos o feijão, presente nos pratos dos brasileiros, que
tem um nível do inseticida – malationa – 400 vezes maior daquele permitido pela União
Europeia.
O OLHAR DA INDIFERENÇA EXCLUI A VIDA
O mercado que seduz ao consumismo desenfreado atropela a vida dos mais pobres sem
escrúpulo nem constrangimento algum. Com isso cresce a indiferença com a situação dos mais
frágeis e se desenvolve a cultura da invisibilidade e do descartável, que é como podemos melhor
descrever a indiferença.
Junto à indiferença, há outro inimigo que tem crescido em nossos dias: o ódio. A indiferença
e o ódio, em todas as suas formas, paralisam e impedem que se faça o que é justo até mesmo
quando se sabe o que é justo. A indiferença é um vírus que contagia perigosamente a nossa
época, que cada vez mais aglomera pessoas em conjuntos habitacionais ou condomínios
verticais e horizontais, porém sempre menos atentos e distantes afetivamente do próximo. Por
essa razão, a CF 2020 deseja fomentar uma cultura do cuidado, da responsabilidade e da
proximidade, estabelecendo uma aliança contra todo tipo de indiferença e ódio.
O OLHAR DA SOLIDARIEDADE SOCIAL
O olhar da fé, ao mesmo tempo em que identifica sombras, deve, indispensavelmente,
identificar luzes. Com esperança vemos surgirem e se consolidarem serviços da escuta nas
comunidades, de ajuda e vitória sobre as drogas. Também há a experiência de visitas
missionárias às famílias em situação de risco. Isso tudo deve nos trazer alegria.
É incontável o número de pessoas que, pública ou anonimamente, dedicam sua existência a
promover e defender a vida. Por exemplo, destacamos os 74 mil voluntários da Pastoral da
Criança que, em todo o Brasil, atendem mais de 800 mil crianças. Na nossa Paróquia temos a
Pastoral da Saúde, os Anjos da Paz, a parceria com o os “Irmãos de Rua, nossos Irmãos”, o Terço
dos Homens que se colocam a serviço de mutirões para ajudar famílias pobres, a equipe da cesta
básica que atende às lares feridos na segurança alimentar, e tantas outras atividades realizadas
no silêncio do amor.
Assumir o olhar solidário e ser capaz de cuidar, como modo de ser no mundo, nos permite ir
além do egoísmo e da indiferença. O cuidado de um pelo outro reinstaura o espaço da graça
diante do mundo e de todas as formas de vida, gerando um novo laço de amor entre nós.
2ª. PARTE:
VIU, SENTIU CIMPAIXÃO E CUIDOU DELE (LUCAS 10,33-34)
Compaixão de Jesus, romper com a indiferença:
Se, por um lado, o olhar da indiferença gera tanto mal, o olhar da compaixão pode fecundar o
bem no coração humano e conferir verdadeiro sentido à vida. Não se trata apenas de um olhar
de dó, mas de um olhar samaritano que reconhece a dignidade da pessoa e procura resgatar a
imagem e semelhança no rosto de homens e mulheres desfigurados pelo pecado (Gênesis
1,26).É o olhar divino manifestado em Jesus.
Somos chamados a iluminar nosso olhar com o olhar do Cristo que, do alto do madeiro, viu e
perdoou todos os pecados e nos salvou por sua misericórdia (Lucas 23,34). O Espírito Santo,
Senhor que dá a vida, é o auxílio que garante a continuidade do olhar de Cristo no nosso olhar e
nos impulsiona a ver a dignidade humana e de toda a obra da criação.
PERGUNTAS INTRIGANTES E NECESSÁRIAS
O que acontece com uma pessoa que só pensa em si mesma? O que acontece com uma sociedade
em que o egoísmo, o individualismo, o consumismo, a indiferença e o ódio tendem a
predominar? Peçamos ao bom Deus que nos ilumine e as respostas surjam nos momentos da
oração pessoal ou comunitária.
Os discípulos e amigos do Ressuscitado estão a serviço da vida
A Páscoa nos ensina a, por, com e em Cristo, romper os túmulos da indiferença e do ódio e
ressurgir para o zelo, o cuidado e a solidariedade. Com o olhar de Cristo (olhar samaritano),
penetramos nas entranhas do sofrimento do próximo. Por isso, sentir a dor do outro é muito
mais do que ter dó. Significa comprometer-se com o sofredor, sem medo de aproximar-se e
identificar-se com o próprio amor de Deus para conosco (João 13,34). O que Cristo nos ensina é
fazermo-nos próximos sem preconceitos, sem classificação, sem esperar nada em troca.
Gratuitamente amar como Cristo nos amou (Filipenses 2,5).
Compaixão é ter mais coração nas mãos
Quem ama não julga, não acusa, não divide. Quem ama cuida, acolhe e integra. Quem ama
dialoga, suporta e se compadece. Ao contrário, o egoísta e prepotente, com olhos só para si, julga
o mundo a partir da sua prepotência, esquecendo-se de que seu olhar está embaçado pelo
pecado e o coração entupido pela maldade. Diante da maldade, apesar dos problemas que
temos, nossas mãos não podem ser fechadas para socar, mas têm que, abertas, apoiar (Mateus
8,20).
COMPAIXÃO É TER MAIS JUSTIÇA NO CORAÇÃO
Um dos grandes desafios para o nosso tempo é definir o que é justiça. Na concepção da
maioria das pessoas, justiça trata-se daquilo que pode ser retribuído com dinheiro, trabalho, até
mimos por conta do bom comportamento. Ou, ao contrário, punido devido ao mau
comportamento. Uma pergunta para refletir: A retribuição e a punição, em nossa sociedade,
são iguais para todos os seres humanos?
É preciso envolver o conceito da justiça com a graça da misericórdia. A misericórdia é a mais
perfeita motivação da igualdade entre os seres humanos e, por conseguinte, também, a
motivação mais perfeita da justiça, na medida em que ambas tem em vista o mesmo fim: a
defesa da vida ou a recuperação da vida. A justiça misericordiosamente entendida se concretiza
no perdão. Todas as vezes que Jesus encontra um pecador, o Filho de Deus proclama: “Vai, e de
agora em diante não peques mais” (João 8, 1-11).
CONVITE DA CF 2020
A CF 2020, ao tratar da vida como Dom e Compromisso, nos convida a uma conversão
pessoal, comunitária, social e conceitual em relação à justiça que nutrimos. A missão do
discípulo missionário de Jesus Cristo é revelar ao mundo o rosto da misericórdia. Valorizar a
vida e promover a justiça misericordiosa é um ato de fé. Mas que também é um exercício que
passa pela organização comunitária e social, que não pode ser confundido com o “deixar que se
faça o que quiser com a certeza de que o perdão exista” como uma forma hipócrita da
impunidade. Não é isso que se propõe ao falarmos da justiça com misericórdia. E nem que se
cederá qualquer coisa que se pede, agindo na ingenuidade assistencialista. É preciso redescobrir
o valor e a beleza do conteúdo cristão da justiça. Diante de várias formas da compreensão da
justiça, lançamos um olhar sobre as concepções da justiça baseada na retribuição e da justiça
baseada na restauração, formas diferentes de agir diante da dor.
A Justiça baseada na retribuição é vista como merecimento à altura do delito cometido ou da
premiação ao bem praticado. Deve ser destacado que Jesus não se limitou a retribuir, pois, na
verdade, nada havia a retribuir, pois, “Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores”
(Romanos 5,8). Não houve retribuição – não a merecíamos. Houve, e isto sim, restauração. Por
isso compreender a justiça no horizonte restaurativo é estabelecer uma nova compreensão
sobre a pessoa que errou e sobre o conflito no qual ela se encontra envolvida.
Na parábola dos trabalhadores (Mateus 20,1-11) quando Jesus conta a história daqueles
contratados na 1ª hora e outros, ao entardecer, temos a seguinte reação: aqueles que esperavam
uma retribuição maior por terem trabalhado desde cedo, se revoltam quando sabem que os que
chegaram por último receberam a mesma quantia. Os que reagem revoltosos são adeptos da
justiça da retribuição. Aquele que contrata os operários olha o ser humano de forma integral, no
desejo de contribuir para a restauração da dignidade corrompida pela falta de trabalho.
A CARIDADE: VERDADEIRO SENTIDO DA VIDA
É necessário redescobrir a caridade não só como inspiradora da ação individual, mas, também,
como força capaz de suscitar novas vias de enfrentamento dos problemas do mundo de hoje,
renovando as estruturas, organizações sociais e ordenamentos jurídicos. Nesta perspectiva, a
caridade se torna social. A caridade social nos leva a amar o bem comum e a buscar
efetivamente o bem das pessoas, consideradas não só individualmente, mas também na
dimensão social que as une. Assim, na tradição cristã, a justiça jamais estará desvinculada da
caridade.
A caridade deve animar a fé e a existência dos fiéis leigos e, consequentemente, também, a sua
atividade política vivida com caridade social. A caridade, portanto, é o princípio não só das
relações pessoais, mas também das relações sociais, econômicas e políticas. A verdadeira
caridade é também ofertar um coração capaz de escutar o outro. A Igreja samaritana, sinal da
caridade de Cristo vai além das aparências.
QUARESMA:
TEMPO DE CONVERSÃO E DA DESCOBERTA DA TERNURA
O caminho da conversão quaresmal convida à promoção do diálogo entre irmãos que,
fraternalmente, também é estabelecido pelo encontro. Tudo isso só se torna possível se
abraçarmos a ternura que o Filho de Deus trouxe para a humanidade em sua encarnação. Cristo,
verbo de Deus encarnado, nos convida a participar da revolução da ternura.
A ternura é, sem dúvida, o modo privilegiado de traduzir para os nossos tempos o afeto que
Jesus sente por nós. A ternura revela o rosto paterno/materno do Deus apaixonado pelo ser
humano. Quando a pessoa sente o amor/ternura divino é estimulado a também amar e cuidar.
Somente com a ternura é que os discípulos missionários de Jesus podem reacender a chama
da vida. Portanto, não é possível falar de cuidado pastoral sem falar da ternura. Atenção:Não
existe receita pronta para a ternura. Existe a surpresa divina que se dá através do coração
aberto ao dom do Espírito, que impulsiona o anunciador da Boa Nova à loucura do amor pela
Palavra. São Paulo traduz esta realidade dizendo: “Agradou a Deus salvar aqueles que creem por
meio da loucura da pregação” (1 Coríntios 1,21). E continua São Paulo refletindo sobre a loucura
do amor divino que existe no coração dos que pregam com ternura a Palavra de Deus: “Ora, o
homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios 2,14).
Para as pessoas “carnais” – materialistas, com os olhos voltados só para si mesmas -, a
atitude da ternura num mundo marcado pela violência e a indiferença diante do sofrimento
alheio é visto como loucura. Mas é justamente esta louca e divina ternura que impulsiona a
Igreja a sair, caminhar pelas periferias existenciais, não se importando em sujar os pés com as
poeiras do mundo. Mesmo diante de tantos desafios jamais poderá perder a ternura. Em um
mundo que despreza, passando adiante sem se importar com o sofrimento do próximo – o
profetismo cristão se faz presente pelo cuidado envolvido pela ternura.
Quem viveu com intensidade a ternura foi Santa Dulce dos Pobres, que pulsava a ternura
divina em seu coração e se compadecia com a dor do rosto de Deus no rosto humano. Ela não
escolhia quem iria ajudar. A ternura faz isso: nos torna abertos a aceitar os outros. Para viver a
dimensão da gratuidade da ternura, precisamos de Deus, que é a fonte de todo bem e de toda
ternura.
ECOLOGIA INTEGRAL
A mesma ternura necessária na relação dos cristãos com as pessoas deve existir deles
também para com a natureza. O compromisso para superar problemas como a fome, o
desconforto social e econômico, degradação do ecossistema e cultura do desperdício, requer
uma renovada visão ética, que saiba colocar no centro as pessoas, com o objetivo de não deixar
ninguém à margem da vida. É somente o olhar da ternura que pode enxergar as pessoas e a
natureza.
A ecologia integral, pois, não visa somente preservar o meio ambiente e nem tampouco o
bem estar das pessoas isoladas da natureza. A ecologia integral insere o ser humano na natureza
e esta no mundo social dos humanos, despertando a consciência de que afetar um é também
ferir o outro. Por isso a consciência para uma ecologia integral é tanto um chamado como um
dever para toda a humanidade, independente da religião, pois todos os seres humanos
dependem desta consciência da ecologia integral para continuar a viver na nossa Casa Comum, a
terra. Este é o grande desafio da humanidade: ser mais solidários como irmãos e irmãs onde
todos, fraternalmente, assumem a responsabilidade compartilhada pela Casa Comum.
É preciso observar a natureza e visualizar a beleza da criação. Quando assim agimos,
podemos repetir as palavras de São Francisco, transcritas pelo Papa Francisco na Encíclica
“Laudato Si”: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, mãe terra, que nos sustenta e nos
governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras” (LS, n1).
O DESAFIO DO SENTIDO
Qual o sentido e a finalidade da vida, especialmente da vida humana? De onde provêm os
inúmeros sofrimentos? Como alcançar a almejada felicidade? Como promover a paz de
modo definitivo?
Responder a estas perguntas e conhecer/redescobrir o sentido da vida traduzindo esse
conhecimento em atitudes mediadoras e adequadas ao nosso tempo é um dos maiores desafios
dos dias atuais.
Cristo esclarece o enigma da vida humana e nos aponta respostas. Aprendemos com Cristo que a
finalidade da vida humana é o serviço para a construção do Reino de Deus onde a justiça
misericordiosa do amor torna plena a verdadeira felicidade. Chegamos a ser plenamente
humanos quando permitimos que Cristo nos conduza para além de nós mesmos, a fim de
alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro, que é sermos fazedores e distribuidores da Justiça do
Reino. Ao anunciar Jesus Cristo, que é a justiça e a paz em pessoa (Efésios 2,14; 6,15) a nova
evangelização incentiva todo batizado a ser instrumento de pacificação e testemunha de uma
vida reconciliada, base de toda felicidade. O rompimento com as fontes do sofrimento exige
romper com ideias que propõem projetos de poucos para poucos. É preciso despertar toda a
sociedade para um verdadeiro pacto – um acordo para viver juntos – de forma que todo ser
humano tenha vida e vida em abundância (João 10,10).
3ª PARTE:
Viu, sentiu compaixão, e cuidou dele (Lucas 10,33-34)
CUIDAR DE JESUS: disposição em servir
O ser humano, que recebe o carinho divino e que é chamado ao cultivo da criação, é também
convocado a cuidar com divino carinho da vida em todas as suas formas e expressões (Salmo
8,4s). A pessoa que recebe verdadeiramente o carinho divino sente que somos todos irmãos,
independente da etnia, posição social ou nacionalidade. Por isso o agir de todo discípulo
missionário tem por objetivo resgatar o sentido do viver no horizonte da fé cristã, proclamando
a beleza da vida.
A VIDA CRISTÃ É ESSENCIALMENTE SAMARITANA
Temos que ter consciência que a vida é essencialmente samaritana: traz no seu sentido mais
radical o cuidado pelo outro. Agir como bom samaritano supõe um novo aprendizado obtido
pela conversão provocada por Jesus e sua Boa Nova. Só em e por Jesus Cristo aprendemos a
cuidar e sermos cuidados. É a conversão que nos faz escolher a bacia de Jesus e não a de Pilatos.
A bacia diante de Pilatos, ele a usou para lavar as mãos, ou seja, tornar-se indiferente à dor do
outro. A bacia diante de Jesus, ele a usou para lavar os pés dos discípulos, sinal de cuidado e
compromisso com o serviço. Redescobrindo as águas do batismo nas águas da bacia do lava-pés,
todos os discípulos missionários – a Igreja toda – se colocam em saída para servir àqueles que
necessitam da sua ação generosa, envolvida pela ternura, sempre amparada na justiça
misericordiosa. Não podemos dizer que amamos a Deus se não vemos o outro que sofre. (1 João
4,19-20).
Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Naquele que é a vida, encontramos o caminho do
sentido para o nosso viver. O caminho deve ser percorrido em comunhão com a comunidade,
pois o próprio Cristo diz que onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome, ali ele estará
(Mateus 8,20). A verdade é o amor gratuito experimentado neste caminho, amor que transforma
a realidade da dor em paz plenificada pela ternura divina geradora da vida plena para todo ser
humano.
Não há outro jeito de ser discípulo seguidor de Cristo sem que a pessoa se torne missionária
do amor que promove a solidariedade com os sofredores, lembrando que, a ausência do sentido
da vida, é fonte de grande sofrimento. Para viver organizadamente este amor repleto de ternura,
a CNBB une todas as dioceses brasileiras em um caminho de dedicação e amor ao próximo
através das propostas da CF 2020: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em
abundância” (João 10,10).
UM COMPROMISSO COM A VIDA
O amor às pessoas favorece o encontro da plenitude com Deus. Fechar os olhos diante do
próximo nos torna cegos também diante de Deus. Por isso, o missionário só anuncia a Boa Nova
se procura fazer o bem ao próximo, desejando a felicidade de todos: há mais felicidade em dar
do que em receber (Atos dos Apóstolos 20,35);
UM COMPROMISSO PESSOAL
As mudanças que queremos para o mundo só serão reais se começarem em nós, a partir de
nós, afetando positivamente o ambiente em que vivemos. Podemos sentir esta ação como algo
difícil, às vezes até cansativa. Mas somos chamados sempre a sermos pessoas comparadas a
jarras (cântaros) sempre dispostas a darem de beber a água da esperança pela vida através da
fé. Às vezes o cântaro se transforma em uma pesada cruz. Mas foi precisamente na cruz que o
Senhor Jesus, trespassado, se entregou a nós como fonte de água viva. Nada, nenhuma situação
ou desafio pode roubar a nossa esperança. Jamais!
Santa Tereza de Calcutá nos indica o sentido e efeito do compromisso pessoal de cada
cristão: “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no oceano.
Mas o oceano seria menor se lhe faltasse uma gota”. Um pequeno gesto é capaz de fazer
diferença em uma existência toda. Quando tais gestos nascem do coração configurado ao
coração do Senhor da Vida, tornam-se capazes de conferir sentido e plenitude à existência.
UMA RENOVAÇÃO FAMILIAR
Para a renovação da vida familiar, é preciso realizar um itinerário catecumenal para a
preparação do sacramento do matrimônio que contemple os temas da vida em família,
Igualmente é importante criar programas de formação permanente nos grupos de reflexão em
família voltados ao cuidado da vida em todas as suas etapas. É urgente dar suporte a casais
recém-casados e motivar os cônjuges, com dificuldade para engravidar, para a graça da adoção.
Outra realidade necessitada da ação evangelizadora é a família que enfrenta problemas com
filhos adolescentes ou aquelas que precisam de ajuda para cuidar de pessoas necessitadas de
carinho especial. Também há famílias que passaram por algum tipo de violência ou que
perderam familiares nessa situação e que precisam da palavra terna da Igreja. Os dependentes
químicos trazem severos transtornos para o ambiente familiar. Como agir em todas estas
situações? Com humildade a comunidade cristã pode pedir ajuda às pastorais já existentes na
diocese e que podem orientar. Mas nenhuma orientação seria válida sem a profunda fé no
Ressuscitado.
EM PEQUENAS COMUNIDADES MISSIONÁRIAS
Diante do olhar individualista e indiferente, o olhar samaritano se faz realidade nas famílias
cristãs que se unem em pequenas comunidades missionárias, oásis da justiça misericordiosa.
Inseridas num mundo onde ninguém tem tempo para ninguém, pequenas comunidades
missionárias devem ser o lugar do afeto, da ternura e do abraço, do encontro fraterno em torno
da Palavra e da Eucaristia.
A pequena comunidade missionária, desta forma, se torna o lugar da reconciliação, do perdão,
lugar onde há pessoas que anunciam e constroem a sociedade envolvida na cultura da vida. A
pequena comunidade missionária agindo em nome de Cristo, em comunhão plena com a
Paróquia – Igreja que se faz plena na comunhão -, age guiada pela força do Espírito Santo. Por
isso se envolve com os problemas da sua localidade, acompanha aqueles que necessitam do seu
auxílio, frutificam o bem promovendo a cultura do amor, da ternura e da paz e por isso mesmo
festeja – celebra – a sua ação como oferenda preciosa a Deus.
JORNADA MUNDIAL DOS POBRES
O Papa Francisco entre os dias 26 a 28 de março de 2020, na cidade de Assis (Itália), vai se
reunir com jovens economistas e empresários de todo o mundo para refletir sobre uma nova
economia baseada na fraternidade que garanta a justiça misericordiosa para os pobres. Depois
deste encontro, serão iniciadas reflexões sobre as conclusões de Assis em todas as Dioceses. A
Jornada Mundial dos Pobres acontecerá na semana que antecede a Festa de Cristo Rei de 2020.
Por isso, a CF 2020 nos leva também a refletir sobre a vida, Dom e Compromisso com os olhos
voltados para a Jornada Mundial dos Pobres. Em nosso tempo, esta reflexão também deverá
destacar a triste e vergonhosa situação dos problemas que geram o fenômeno migratório
composto de forma densa pelos refugiados.
CONCLUSÃO
Sem jamais perder a alegria do Evangelho, os cristãos são convidados a cultivar na oração e
na fraternidade baseada no serviço misericordioso um olhar de esperança que irradie a luz da
vitória da Ressurreição de Cristo. Com Jesus Ressuscitado a Igreja tem a certeza de que o amor
terá a última palavra e vencerá todo tipo de mal.
O Papa Francisco nos dá palavras que aconselham a vida cristã envolvida pela esperança:
= Não podemos nos render à escuridão da desilusão, cansaço ou desesperança. O mundo
caminha graças a homens e mulheres que abriram frestas nos muros, que construíram pontes,
que sonharam e acreditaram, mesmo quando ao seu redor ouviam palavras desanimadoras ou
críticas destrutivas. Onde quer que o cristão esteja, deve construir.
= O cristão deve promover a paz em meio aos homens e mulheres e não ouvir a voz de quem
espalha ódio e divisão. O cristão deve amar as pessoas, uma a uma, respeitando o caminho de
todos.
= O cristão deve sentir-se responsável pela vida de cada pessoa e por este mundo, a Terra, nossa
Casa Comum. Que tenham sempre a coragem da verdade, porém, lembrando sempre que não
são superiores a ninguém. Cristãos, cultivem ideais e nunca desanimem: se caiu, levante-se. Se a
amargura tocar seu coração, procure na oração ser curado pela ternura de Deus.
Nesta Campanha da Fraternidade 2020 somos convocados a ver, solidarizar e cuidar da vida
que sofre. Caminhamos confiantes para um novo céu e uma nova terra. Esta confiança se torna
ainda mais consistente quando voltamos nosso olhar para Maria, a Santíssima Mãe do Verbo
Encarnado e Mãe da Esperança. A ela confiamos tudo o que somos e toda a CF 2020.
ALGUMAS AÇÕES PROPOSTAS PELA CF 2020
MAIS OUSADIA NAS NOSSAS AÇÕES:
1. Redescobrir a beleza das pequenas comunidades
2. Ir além das reuniões de planejamento e avaliação e favorecer momentos de partilha da
vida e experiências
3. Valorizar o protagonismo dos leigos (as) na ação paroquial
ENVOLVER A VIDA NA TERNURA E NO CUIDADO
 Valorizar datas importantes da sociedade na reflexão paroquial, tais como dia da mulher,
do meio ambiente, etc.
 Favorecer parcerias com comunidades escolares para o resgate dos valores humanos
 Promover rodas de conversas sobre problemas da realidade local
INICIAR PROCESSOS FUNDAMENTADOS NO EVANGELHO
 Redescobrir a importância da liturgia como momento forte em que se experimenta o
cuidado de Deus por nós
 Promover a Iniciação à Vida Cristã (fundamentada na Bíblia)
 Promover visitas missionárias em locais da paróquia desassistidas pastoralmente,
expressando o cuidado da Igreja por todas as pessoas estejam onde estiverem
NÃO PERDER A PAZ POR CAUSA DO JOIO
1. Tornar a comunidade verdadeira casa da acolhida
2. Redescobrir a esperança como força agregadora do sentido da vida. Que os leigos (as)
não se omitam da participação social e política.
FESTEJAR A VIDA
1. Não descuidar dos momentos importantes das pessoas (datas de aniversário, conquistas
(casa e outros bens)
2. Promover ações que favoreçam a amizade entre os membros da comunidade através de
passeios, confraternizações, mutirões, ações comunitárias caritativas, prática de
esportes, etc.
COLABORAÇÃO SOCIAL – acolher
1. Dar voz ativa aos pobres assistidos pela comunidade
2. Incentivar a Pastoral da Escuta
COLABORAÇÃO SOCIAL – proteger
1. Acompanhar e dar suporte aos pais que esperam o nascimento dos filhos ou aqueles que
os tem em situação de doenças específicas.
2. Criar um grupo que valorize a vida e previna o suicídio
3. Assumir compromisso com a justiça e a solidariedade
4. Cultivar a espiritualidade da abertura, acolhida, convivência, diálogo e respeito frente ao
crescimento do conflito, intolerância, ódio
5. Criar espaços de defesa dos pobres
6. Propagar iniciativas em favor da paz social
7. Favorecer a acolhida em nossas comunidades daquele que é diferente por pertencer a
uma tradição religiosa e cultural diferente da nossa
PARA RELEMBRAR A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2019
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2019 –
TEMA: Fraternidade e Políticas Públicas
LEMA: Serás libertado pelo direito e pela justiça (Isaías 1,27)
PONTOS CENTRAIS DO TEXTO BASE
INTRODUÇÃO
Os que seguem a Jesus e o anunciam pela Palavra e pelo testemunho, formam a comunidade, a
Igreja que é a presença do Reino de Deus na sociedade que busca fazê-la cada vez mais
envolvida pelo direito e pela justiça.
Um modo de sermos cristãos ativos na transformação da sociedade é ajudar na proposição,
discussão e execução de Políticas Públicas para que as pessoas possam ser libertadas pelo
direito e pela justiça.
DESTAQUEè O que são Políticas Públicas, qual a sua importância e a nossa participação como
cristãos nelas fazem parte da caminhada da nossa Campanha da Fraternidade deste ano.
O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS:
Política Pública é o cuidado do todo realizado pelo Governo ou pelo Estado. De Governo, porque
ligado a um determinado executor (prefeito / governador / presidente da república), portanto é
temporário. De Estado quando são ações permanentes, ligadas à Educação, à Saúde, à Segurança
Pública, ao Saneamento Básico, à Ecologia e outros. Portanto, Políticas Públicas são aquelas
ações discutidas, decididas, programadas e executadas em favor de todos os membros da
sociedade. São ações do Governo ou do Estado.
POR QUE A IGREJA QUER REFLETIR POLÍTICAS PÚBLICAS?
As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) 2003/2006 lembra-
nos que a Política é forma sublime de exercer a caridade. Portanto, as Políticas Públicas – como
ação em favor da vida humana -, nos recordam que a nossa fé se traduz em atos concretos e
quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito.
OBJETIVO GERAL DA CF (Campanha da Fraternidade) 2019:
“Estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da
Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade”.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA CF 2019:
(1) Conhecer como são formuladas e aplicadas as Políticas Públicas estabelecidas pelo Estado
Brasileiro;
(2) Exigir ética na formulação e na concretização das Políticas Públicas;
(3) Despertar a consciência e incentivar a participação de todo cidadão na construção de
Políticas Públicas em âmbito nacional, estadual e municipal;
(4) Propor Políticas Públicas que assegurem os direitos sociais aos mais frágeis e vulneráveis;
(5) Trabalhar para que as Políticas Públicas eficazes de governo se consolidem como políticas de
Estado;
(6) Promover a formação política dos membros de nossa Igreja, especialmente dos jovens, em
vista do exercício da cidadania;
(7) Suscitar cristãos católicos comprometidos na política como testemunho concreto da fé.
IMPORTANTE: A Quaresma é um tempo favorável para os cristãos saírem da própria alienação
existencial. A força do Evangelho desperta para a grandeza e para a profundidade da vida em
Cristo. Graças à escuta da Palavra de Deus, somos levados a intuir a preciosidade da existência
cristã e vivermos na liberdade e na verdade de sermos filhas e filhos de Deus. O tempo favorável
é a possibilidade de nos deixarmos tomar pelo amor do Crucificado e pela transformação do
Ressuscitado.
A superação da alienação na graça da meditação da Palavra nos conduz pelos caminhos das
obras de misericórdia. As obas de misericórdia são itinerários para uma vida plena, desviando-
nos de uma vida alienada e da morte. Uma vida dinamizada pela força do Evangelho através das
obras de misericórdia.
Obras de misericórdia corporais e obras de misericórdia espirituais. “Se, por meio das obras
corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e nas irmãs necessitados de serem nutridos,
vestidos, alojados, visitados, as obras espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de
pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar. Por isso, as obras corporais e as
obras espirituais nunca devem ser separadas. Com isso, é precisamente tocando no miserável, a
carne de Jesus crucificado que o pecador pode receber, em dom, a consciência de ser ele próprio
um pobre mendigo. Por essa estrada, também os “soberbos”, os “poderosos” e os “ricos”, de que
fala o Magnificat, têm a possibilidade de se aperceberem que são, imerecidamente, amados pelo
Crucificado, Morto e Ressuscitado também por eles.
Na busca de conversão, de transformação, a Igreja no Brasil oferece no tempo da Quaresma às
comunidades a realidade das Políticas Públicas como meditação. Aquelas ações discutidas,
decididas, programadas e executadas para toda a sociedade brasileira.
VER
Políticas Públicas são ações e programas que são desenvolvidos pelo Estado para
garantir e colocar em prática os direitos que são previstos na Constituição Federal e em
outras leis. Para saber mais sobre outras leis, acesse:
http://www.todapolitica.com/politicas-publicas
COMO ESTÃO AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL?
Por ser um país de breves experiências democráticas, (não temos mais que 40 anos de
democracia no Brasil), a trajetória histórica das Políticas Públicas brasileira ainda sofre com a
descontinuidade e dependência da vontade do comandante político. Ou seja, a cada eleição no
município, estado e país surgem dúvidas sobre se haverá ou não a continuidade das Políticas
Públicas anteriormente desenvolvidas. Sem democracia e a participação popular (inclusive das
Igrejas, não só a Católica), as Políticas Públicas tendem a refletir mais a força dos empresários
(agentes do mercado), de um grupo político ou mesmo das próprias burocracias estatais.
INTERFERÊNCIA POSITIVA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 NAS POLÍTICAS
PÚBLICAS
A Constituição de 1988 possibilitou a participação direta da sociedade na elaboração e
implementação de Políticas Públicas através dos conselhos deliberativos, que foram
propostos por leis complementares em quatro áreas: 1- Criança e Adolescente; 2- Saúde; 3-
Assistência Social; 4- Educação. Porém, há três condicionantes impostas para o êxito das
Políticas Públicas:
1- Orçamentos que devem ser elaborados para o bem público, e não para servir aos interesses
de uns poucos ou do lucro daqueles que manipulam o mercado.
2- Financiamento das Políticas Públicas, que necessita de uma maior justiça no sistema de
tributação. No Brasil, a população com renda mensal de até dois salários mínimos compromete
cerca de 48% da renda no pagamento de impostos, taxas e contribuições. Para quem recebe
mais de 30 salários mínimos mensais, a carga dos tributos equivale a 26% do rendimento.
3- Aplicação dos recursos arrecadados, que no Brasil a maior parte é aplicada para pagar
rendimentos das pessoas que aplicam nos títulos da dívida pública. É assim que acontece a
transferência dos 48% dos impostos dos mais pobres para os mais ricos. Poucos recursos
sobram para a aplicação das Políticas Públicas, que beneficiariam os mais carentes.
CONTRUÇÃO DAS VERDADEIRAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Ninguém, por mais capacitado que seja, pode elaborar sozinho uma proposta de Política
Pública. Para se construir uma séria Política Pública, o ideal é ter uma base de dados que podem
ser coletados por empresas especializadas para construir um diagnóstico. A partir deste
diagnóstico, o poder público convoca uma audiência pública com a sociedade civil em fóruns,
conselhos e outras formas de participação popular. O mais importante é levar em conta as
pessoas que sofrem necessidades ou angústias provindas da realidade onde a implantação da
Política Pública irá interferir para resgatar a dignidade dos envolvidos na problemática.
CICLO DA CONSTRUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Há cinco etapas para a implementação de uma Política Pública
1. Identificação do problema. Todo problema público ou político é uma construção social.
Por exemplo: queimadas, epidemias de determinadas doenças, desastres, violência e
muitas outras situações. Na identificação do problema é que será determinado se ele será
resolvido pelo Estado ou por outros segmentos sociais.
2. Formulação da Política Pública. É preciso identificar o problema e refletir sobre as
diversas alternativas possíveis para resolvê-lo. É neste momento que entram as
audiências públicas. Nestas audiências se discute sobre os custos, processos de avaliação,
consequências, resultados a serem alcançados e quais as prioridades para a execução da
Política Pública.
3. Tomada de decisões. Neste momento é preciso tomar uma decisão levando em
consideração os diferentes meios e recursos a serem utilizados, quais prioridades devem
ter maior ou menor atenção.
4. Implementação da Política Pública. Os cidadãos e os gestores políticos devem ter
consciência de que a Política Pública tem um caráter técnico, mas também político. No
caráter técnico é saber como fazer. No caráter político é ter vontade de fazer. Excluir o
aspecto técnico ou o aspecto político é um grande erro que pode gerar resultados ruins,
se não feito tecnicamente ou ficar parado sem a força da vontade política.
5. Avaliação e monitoramento da Política Pública. Um dos grandes equívocos na construção
das Políticas Públicas é fazer avaliação apenas no final do processo. A avaliação pode ser
interna, elaborada pela equipe da Política Pública. Também pode ser externa, elaborada
por quem entende do assunto. Estas avaliações devem acontecer em cada uma das cinco
partes do ciclo da implantação da Política Pública, principalmente para verificar se o
problema foi resolvido ou se será necessária uma nova intervenção.
O PAPEL DOS ATORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
‘ As diferentes pessoas e organizações envolvidas no debate e na participação das políticas
públicas são conhecidas como atores sociais. Eles podem ser indivíduos, grupos, movimentos
sociais, partidos políticos, instituições religiosas, organizações públicas e privadas. Em uma
sociedade interligada e complexa como a brasileira, não é possível conceber Políticas Públicas
isoladas nas decisões dos Ministros do Estado, Presidente da República, Governadores de
Estados, Prefeitos, Vereadores, etc. É preciso que existam secretarias no Município, no Estado ou
na esfera Federal que ajam em vista de algum problema. Porém, para ser uma verdadeira
Política Pública, é preciso que exista a motivação e aceitação da participação popular na
elaboração e execução destas mesmas Políticas Públicas.
DESTAQUES:
É urgente estimular os jovens a adquirirem mais conhecimento sobre a elaboração das políticas
públicas e sobre a participação nesse processo, assumindo seu papel na sociedade. Já existem ou
deveriam existir nas cidades os Conselhos da Juventude que buscam defender os direitos dos
jovens e acompanhar políticas públicas que favoreçam, principalmente, no que toca o acesso ao
ensino superior e ao primeiro emprego.
É urgente fortalecer a vida familiar. É preciso distinguir entre as Políticas Públicas que afetam a
família e a política familiar que tem a família como alvo. Na maioria dos países latino-
americanos não existe uma política familiar explícita, mas sim um conjunto de medidas,
programas e projetos que as afetam direta ou indiretamente. Adotar uma política familiar é
promover a redescoberta da família, especialmente pelo ângulo de sua relação com o Estado,
dando origem às políticas voltadas a ela em seu conjunto. É lícito falar de uma política familiar à
brasileira, buscando identificar os seus traços que, vão da mediação das intervenções sobre os
indivíduos com impacto sobre a família ou diretamente sobre a família ou nela como um todo.
IMPORTANTE: Na família é que se prepara a pessoa para viver com o outro, para cuidar do
outro a ter presente as exigências das pessoas que nos são mais próximas. Sem esta experiência
primeira, é difícil estarmos preparados para participar ativamente do processo de decisão na
esfera social / coletiva no cuidado com o próximo.
JULGAR
ANTIGO TESTAMENTO
A Sagrada Escritura utiliza no Antigo Testamento as palavras direito e justiça. O significado
destas palavras vai para além da justiça estrita, no sentido de dar a cada pessoa o que lhe
pertence, pois é uma justiça libertadora. Assim, a justiça obriga moralmente a se preocupar com
os mais pobres dentre o povo, representados pela viúva, o órfão e o estrangeiro, para que haja o
direito na sociedade instaurando o projeto de Deus no mundo.
O PENTATEUCO E A LEGISLAÇÃO DO DIREITO E DA JUSTIÇA
As tradições do Pentateuco favorecem o direito como instrumento útil para a construção de
convivências mais igualitárias. O objetivo é que não exista nenhum pobre (Deuteronômio 15,4 –
leia também Êxodo 22,24-26; Deuteronômio 23,20-21; Levítico 25,35-58;).
A cultura religiosa proposta no Pentateuco é que a justiça é a maior autoridade do Estado.
Semelhante, nos Estados democráticos atuais, as Constituições precisam exercer seu papel de
nortear todos os poderes em sua atuação, motivando-os a estarem a serviço da sociedade e a
favorecerem, sobretudo, que os mais necessitados tenham sua sobrevivência digna respeitada.
OS PROFETAS E O ANÚNCIO DA JUSTIÇA
A justiça não pode ser exercida levando em conta o mérito de quem a recebe. É a partir
desta compreensão, da gratuidade da justiça, que os profetas fazem sérias advertências às
lideranças do povo (leia Amós 5,21-25 e 8,4-8; Isaías 1,11-17; Jeremias 7,3-7 e 22,3).
Os profetas nos indicam um modo de viver o espírito penitencial da Quaresma, ensinando
que o jejum que o Senhor aprecia é romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo,
repartir o alimento com o faminto, dar abrigo aos que estão sem asilo (hoje os refugiados),
vestir os maltrapilhos (Isaías 58,5-7).
A SABEDORIA COMO EDUCADORA DA JUSTIÇA
As Sagradas Escrituras do Antigo Testamento fazem ampla reflexão e insistem em convivências
mais justas e amorosas (Salmo 1,1-3).
NOVO TESTAMENTO
JESUS E SEU EVANGELHO DO REINO DE DEUS
Nos Evangelhos nós vemos como Jesus se interessa por cada situação humana que ele encontra,
com uma confiança plena na ajuda do Pai. Os discípulos que vivem com Jesus, as multidões que o
encontram, veem sua reação aos problemas mais diversos, como ele fala, como se comporta,
principalmente veem nele a obra do Espírito Santo. Jesus age e ensina, começando sempre a
partir de uma relação íntima com Deus Pai
O COMBATE À FOME:
Os Evangelistas narram seis vezes a multiplicação dos pães (Leia Mateus 14,13-21; 15,32-39;
Marcos 6,30-44; 8.1-10; Lucas 9,10-17; João 6, 1-15). Fica visível que os autores dos quatro
Evangelhos pensam em Jesus como multiplicador dos pães. Nestas narrativas, e de forma
especial em Marcos 6,30-44, percebe-se Jesus cheio de compaixão pelos necessitados. Somente
haverá iniciativa de Políticas Públicas se pessoas, movimentos sociais ou governos tiverem
compaixão diante dos necessitados. O Papa Francisco lembra que não podemos dormir
sossegados enquanto houver pessoas com fome no mundo. Já os Bispos do Brasil afirmam que
existem alimentos para todos. A fome é consequência de um sistema que não distribui a renda,
agravado com o desperdício.
A ATENÇÃO A DOENTES, CRIANÇAS, MULHERES E
TRABALHADORES
DOENTES: Jesus indicou a postura do bom samaritano como modelo de compaixão e
misericórdia anhte a quem precisa de cuidados especiais para suas feridas (Lucas 10, 30-37).
Mais ainda: visitar os enfermos significa visitar o próprio Jesus (Mateus 25,36).
CRIANÇAS: À época de Jesus as crianças viviam situação de vulnerabilidade, por isso ele diz que
quem as acolher em sue nome é a ele próprio que estará acolhendo (Marcos 9,37; Mateus 18,5).
Jesus as destaca como seres indefesos e dependentes, no sentido de indicar atenção que lhes
cabe (Leia Marcos 10,13-16; Mateus 19,13-15).
MULHERES: Mesmo inserido num contexto de uma sociedade marcada pela dominância do
homem, Jesus incluiu mulheres no grupo dos seus seguidores (Lucas 8,1-3) e deu destaque à
capacidade da mulher de amar muito (Lucas 7,47). Lembremos que são mulheres as primeiras
testemunhas da sua ressurreição (João 20, 11-18; Lucas 4, 1-11).
TRABALHADORES: Olhando para os trabalhadores mais pobres, justamente por não terem
propriedade que lhes servissem como segurança, Jesus pensou em salários mais igualitários,
exatamente como expressão da justiça diferenciada pertencente ao Reino dos céus (Leia Mateus
20,1-16).
APRENDER COM JESUS A TER COMPAIXÃO DOS SOFREDORES
Ser discípulo ou discípula de Jesus inclui a tarefa de compreender as dimensões sociais e
políticas iluminadas pela Boa Nova anunciada pelo Mestre. Afinal, o Reino dos Céus é a presença
da justiça (Mateus 6,33. João 15,12). O amor ao próximo deve ser praticado com renovado ardor
missionário, sobretudo, àquele que mais se encontra ameaçado em sua sobrevivência, ora por
ser faminto e ou doente, ora por ser trabalhador assalariado, ora por ser mulher, ora por ser
criança, etc.
É justamente esse o raciocínio e o modelo de comportamento que a fé cristã propõe, quando
dialoga com a sociedade, a fim de enriquecer o debate de projetos e a eficácia das Políticas
Públicas atuais
OS PADRES DA IGREJA E O CUIDADO
COM OS MAIS VULNERÁVEIS
O período da Patrística (também chamado período dos PADRES –PAIS – DA IGREJA) vai dos
Apóstolos até S. Isidoro de Sevilha (560-536) no Ocidente; e até a morte de S. João Damasceno
(675-749), no Oriente, o gigante. Esses gigantes da fé católica ao longo desses sete séculos
defenderam e formularam a fé, a liturgia, a catequese, a moral, a disciplina, os costumes e os
dogmas cristãos; por isso são chamados de “Pais da Igreja” porque lhes traçaram o caminho.
Os Padres da Igreja deixaram em seus escritos a preocupação e o cuidado com os pobres, com os
doentes, como expressão do segmento de Jesus. Foi na compreensão do amor pelos pobres
como liturgia que João Crisóstomo denunciou repetidas vezes aos cristãos das suas Igrejas o
escândalo do Corpo de Cristo na mesa eucarística e de deixar morrer de fome os pobres nas
portas das Igrejas. Os Santos Padres sempre lembraram em seus escritos que o cristão não pode
prestar culto ao Senhor e, ao mesmo tempo, ignorar o irmão que está na necessidade. Deus não
atende à oração daquele que não escuta o grito do pobre (Isaías 58,1-9 e Mateus 6,24).
CONTRIBUIÇÃO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
A Doutrina Social da Igreja nasce das Sagradas Escrituras e da fé viva da Igreja. Ela se volta
para a dignidade da pessoa humana, com especial atenção ao sofrimento dos pobres, que são
presença de Cristo (Mateus 25,31ss). A Doutrina Social da Igreja não é uma teoria social, mas um
olhar para o social a partir da fé cristã e motivar os discípulos e discípulas de Jesus a agirem na
busca pelo direito e a justiça. Todos os cristãos, leigos e ministros ordenados, são chamados
a preocuparem-se com a construção de um mundo melhor, onde haja vida e vida em
abundância para todos (João 10,10).
DESTAQUE: Nessa perspectiva prática interessa à Doutrina Social da Igreja olhar para a questão
das Políticas Públicas a partir de três palavras que aparecem no OBJETIVO GERAL desta
Campanha. Vamos repetir o objetivo geral desta Campanha, colocando em negrito as três
palavras a serem olhadas: “Estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de
Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de
fraternidade”.
1. PARTICIPAÇÃO
A Doutrina Social da Igreja evidencia a necessidade de uma participação ativa e consciente dos
cristãos leigos e leiga, assim como os ministros ordenados na vida da sociedade. É importante a
participação da comunidade, uma vez que não é uma ação individual. A Doutrina Social da Igreja
enfatiza a necessidade de um processo de discernimento comunitário, com auxílio do Espírito
Santo. Este processo de discernimento inclui a comunhão com os Bispos, que também devem
promover o diálogo com outras instituições, inclusive religiosas para que a participação ativa de
todos despertem a consciência cidadã.
2-CIDADANIA
O conceito de cidadania tem vários sentidos, pois para situá-lo pode se tomar uma perspectiva
natural, como o lugar do nascimento, ou então jurídica, a partir da noção de direitos e deveres.
DESTAQUE: Há a perspectiva da cidadania ético-teológica. Assim como Deus se encarnou na
história humana, assim também o cristão é chamado a assumir a sua cidadania na história
humana, participar de tudo o que é humano. Esta participação cidadã do cristão é que constrói
um mundo mais humano.
Por isso o cristão, tendo uma ativa participação e assumindo a sua cidadania deve agir no
mundo da política, com claro destaque nas Políticas Públicas. É certo que alguns discípulos e
discípulas missionários e missionárias de Jesus serão chamados a exercerem a sua vocação no
mundo da política partidária. São João Paulo II afirmou que “todos e cada um tem o direito e o
dever de participar da política, embora em diversidade de formas, níveis, funções e
responsabilidades”. O Papa Bento XVI, no encontro das pastorais sociais em Portugal, em 2010,
afirmou: “Na sua dimensão social e política, esta diaconia da caridade é própria dos leigos e
leigas, chamados a promover organicamente o bem comum, a justiça e a configurar retamente a
vida social.
DESTAQUE: O Papa Francisco nos lembra que desenvolvemos a dimensão social de nossa vida
quando nos configuramos como cidadãos responsáveis dentro de um povo, não como uma
massa arrastada pelas forças dominantes.
IMPORTANTE: A preocupação por um mundo melhor deve ser de todos os cristãos, incluindo
religiosos (as), diáconos, padres e bispos.
O pensamento social da Igreja é primariamente positivoe construtivo, orienta uma ação
transformadora e, nesse sentido, não deixa de ser um sinal de esperança que brota do coração
amoroso de Jesus Cristo.
3-BEM COMUM
O Bem Comum é um dos princípios permanentes da Doutrina Social da Igreja, relacionado com
outro fundamental, que é o da dignidade da pessoa humana. Hoje, infelizmente, observa-se a
perda de direitos e conquistas sociais, resultado de uma economia que submete a política aos
interesses do mercado, prejudicando o Bem Comum.
DESTAQUE: O Papa Francisco relaciona o Bem Comum com a paz social. Diz ele que não haverá
paz verdadeira enquanto não se atenderem a três reinvindicações sociais que são: A-
Distribuição das riquezas; B- Inclusão social dos pobres; C- Respeito aos Direitos Humanos.
IMPORTANTE: O Documento de Aparecida (n.403) diz que “nesta tarefa e com criatividade
pastoral, devem-se elaborar ações concretas que tenham incidência nos Estados para a
aprovação de políticas sociais e econômicas que atendam as várias necessidades da população e
que conduzam para um desenvolvimento sustentável”.
AGIR
No seguimento de Jesus, somos enviados ao encontro dos irmãos e irmãs, especialmente
no cuidado com os pobres.
DESTAQUE: Somos enviados para sermos misericordiosos. Também, como cristãos, somos
convidados a participar da discussão, elaboração e execução das Políticas Públicas.
IMPORTANTE: Nosso agir missionário na busca das Políticas Públicas que atendam às
necessidades dos irmãos fragilizados é verdadeira obra de misericórdia: “felizes os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mateus 5,7). É preciso unir a fé e a vida e
tornar a fé vivida no caminho proposto pelo Evangelho.
DESTAQUE: Ao reconhecer que a fraternidade exige Políticas Públicas e que elas são
condicionantes para se viver em fraternidade, a Igreja Católica, através desta Campanha, nos
desafia a testemunhar a justiça participando efetivamente da política, quer seja defendendo,
exigindo ou construindo Políticas Públicas que assegurem a vida e a dignidade das pessoas.
IMPORTANTE: Fraternidade e Políticas Públicas exige participação cidadã de todos os cristãos
na sociedade na busca do Bem Comum.
Os Bispos pedem que as comunidades cristãs acolham as pessoas que testemunham a fé cristã
na política partidária e que sejam motivadas a construir de forma participativa Políticas
Públicas que ajudem na construção do Bem Comum.
PISTAS DE AÇÃO
PARTICIPAÇÃO
1- Promover a participação nas pastorais sociais da comunidade cristã
2- Estimular o uso dos serviços públicos e valorizar os profissionais que lá trabalham
3- Identificar ao redor da comunidade cristã as situações que denigrem a dignidade da vida
humana e buscar soluções
4- Estimular pessoas idôneas a participarem do processo eleitoral para que ajam nos poderes
legislativo ou executivo como verdadeiros discípulos missionários na construção de Políticas
Públicas. É preciso romper a ideia de que política é coisa suja.
IMPORTANTE: É preciso despertar a consciência de que a ação política é essencial para a
transformação da sociedade
5- Portanto, é urgente incentivar e preparar cristãos leigos (as) à participação dos partidos
políticos e serem candidatos ao legislativo ou ao executivo.
6- Mostrar aos membros das nossas comunidades e à população em geral que há várias formas
de participação na política:
A- Nos Conselhos Paritários das Políticas Públicas; B- Movimentos Sociais; C- Conselhos das
Escolas; D- Coletas de assinaturas para projetos de lei de iniciativa popular; E- Combate à
corrupção – Lei 9840/00 e da lei 135/2010 conhecida como lei da ficha limpa
CIDADANIA
1- Promover cursos ou encontros de conscientização e formação política nas comunidades
cristãs.
2- Participar das Políticas Públicas promovidas na cidade (conhecer as que existem e, se não
existirem, exigir que elas se tornem realidade).
3- Exigir e reivindicar atendimento humanizado, acolhedor e de qualidade às pessoas que
buscam os serviços públicos.
4- Estabelecer parcerias com a Defensoria Pública (Promotoria) para acompanhar e denunciar
situações de irregularidades na condução da coisa pública.
BEM COMUM
1- Conhecer as ações da Igreja para a promoção da vida humana
2- Divulgar estas ações e incentivar que elas não se restrinjam a indivíduos, mas tenham como
alvo a família e a sociedade como um todo
3- Promover encontros que reflitam a realidade da cidade à luz do Evangelho para que, num
discernimento comunitário se busquem ações efetivas para o incentivo ou implantação das
Políticas Públicas
4- Incentivar a comunicação de diversas ações (intersetorialidade das ações: saúde, educação,
desenvolvimento social, justiça, esporte, promoção de cursos para o emprego e a renda) para
promoção, prevenção, proteção, tratamento, reabilitação e recuperação do bem estar,
construindo uma sociedade justa e saudável.
5- Promover nos encontros dos setores familiares (pequenas comunidades) a reflexão sobre o
que edifica uma sociedade justa e solidária, buscando estratégias de soluções efetivas, viáveis e
adequadas ao bem comum.
OUTRAS AÇÕES QUE ATENDEM AOS APELOS DO PAPA FRANCISCO
1. Ruas solidárias: a rua é um entre os vários espaços que podem ser bairro solidário, sítio
solidário, paróquia solidária para a realização de atividades comuns, como mutirões de
cidadania, gincanas para arrecadação de alimentos, bazares, atividades nas escolas, tudo
visando o bem comum.
2. Visitas e realização de atividades em orfanatos ou abrigos de crianças. Adolescentes,
asilos, presídios, hospitais.
3. Realizar círculos bíblicos sobre o tema das Políticas Públicas
4. Oração do Terço com intenções específicas às pessoas empobrecidas
5. Rodas de conversas entre as pastorais sobre as questões relacionadas às desigualdades
sociais.
6. Mesas fraternas: realizar cafés da manhã, almoços ou jantares coletivos, contando com a
solidariedade das comunidades locais para alimentar pessoas em situação de rua,
crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
QUEM SÃO OS SUJEITOS DESTINATÁRIOS DESTAS AÇÕES
1. Pessoas em situação de rua
2. Crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade
3. Povos quilombolas e comunidades indígenas
4. Trabalhadores sem teto
5. Mulheres e homens encarcerados e suas famílias
6. Pessoas com necessidades especiais
7. Enfermos e suas famílias
8. Vítimas de violência
9. Catadores de recicláveis
10. Pessoas que, de acordo com a realidade local, necessitam de solidariedade e ações de
acolhimento e escuta e mobilização para efetivação dos direitos.
11. Comunidades e Paróquias que vivem dificuldades econômicas ou recursos humanos
CONCLUSÃO
A Campanha da Fraternidade 2019 é um convite para uma maior participação das pessoas
na elaboração e na implementação de Políticas Públicas. A Participação nas Políticas Públicas na
ótica da misericórdia torna-se caminho inspirador para a vida não só dos cristãos, mas de todas
as pessoas de boa vontade.
Jesus revelou a misericórdia plenamente por meio de suas palavras, gestos e obras. Jesus é o
rosto da misericórdia. O Papa Francisco diz que: “É condição da nossa salvação, é lei
fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que
encontra no caminho da vida; é o caminho que une Deus e o ser humano”.
Serás libertado pelo direito e pela justiça (Isaías 1,27), é o lema da Campanha da
Fraternidade 2019. A justiça indica o caminho para propor e receber as Políticas Públicas. É
direito de todos receber e dar educação, saúde, segurança e tudo mais que leve a uma vida
digna: Para que todos tenham vida e vida em abundância (João 10,10).
Nossa Senhora, Mãe de Jesus e nossa, nos acompanhe na caminhada quaresmal,
despertando o cuidado dos irmãos e irmãs através das Políticas Públicas.
Share this:
 Twitter
 Facebook

Visualizar Site Completo
 Seguir


Mais conteúdo relacionado

Semelhante a CF 2020.docx

Vanderley misericcordia
Vanderley misericcordiaVanderley misericcordia
Vanderley misericcordia
Vanderley Da Silva Acstro
 
Livreto das CEBs Páscoa 2015
Livreto  das CEBs Páscoa 2015 Livreto  das CEBs Páscoa 2015
Livreto das CEBs Páscoa 2015
Bernadetecebs .
 
Publicação de Maio
Publicação de MaioPublicação de Maio
Publicação de Maio
Leigos
 
Publicação de Maio
Publicação de MaioPublicação de Maio
Publicação de Maio
Leigos
 
Mensagem do papa para quaresma de 2012
Mensagem do papa para quaresma de 2012Mensagem do papa para quaresma de 2012
Mensagem do papa para quaresma de 2012
Antenor Antenor
 
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - 2019 - 2023
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - 2019 - 2023Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - 2019 - 2023
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - 2019 - 2023
Jerry Adriano
 
EVANGELLI GAUDIUM - PAPA FRANCISCO
EVANGELLI GAUDIUM - PAPA FRANCISCOEVANGELLI GAUDIUM - PAPA FRANCISCO
EVANGELLI GAUDIUM - PAPA FRANCISCO
Paulo David
 
O Rosto da Misericórdia - Bula Misericordiae Vultus - Ano Santo
O Rosto da Misericórdia - Bula Misericordiae Vultus - Ano SantoO Rosto da Misericórdia - Bula Misericordiae Vultus - Ano Santo
O Rosto da Misericórdia - Bula Misericordiae Vultus - Ano Santo
Antonio De Assis Ribeiro
 
Dimensões da pastoral
Dimensões da pastoralDimensões da pastoral
Dimensões da pastoral
João Pereira
 
Mensagem Da Quaresma 2009 D. José Augusto
Mensagem Da Quaresma 2009 D. José AugustoMensagem Da Quaresma 2009 D. José Augusto
Mensagem Da Quaresma 2009 D. José Augusto
Comunidades Vivas
 
Homilia dom sebastião armando
Homilia dom sebastião armandoHomilia dom sebastião armando
Homilia dom sebastião armando
gilbraz
 
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
ParoquiaDeSaoPedro
 
Amai vos
Amai vosAmai vos
Jornal dezembro 2015 janeiro 2016
Jornal dezembro 2015    janeiro 2016Jornal dezembro 2015    janeiro 2016
Jornal dezembro 2015 janeiro 2016
saojosepascom
 
Campanha da Fraternidade 2014 - Livreto das CEBs diocese de SJC
Campanha da Fraternidade 2014 - Livreto das CEBs diocese de SJCCampanha da Fraternidade 2014 - Livreto das CEBs diocese de SJC
Campanha da Fraternidade 2014 - Livreto das CEBs diocese de SJC
Bernadetecebs .
 
Jornal abril 2015
Jornal abril 2015Jornal abril 2015
Jornal abril 2015
saojosepascom
 
Jornal abril 2015
Jornal abril 2015Jornal abril 2015
Jornal abril 2015
saojosepascom
 
ROTEIRO HOMILÉTICO DO 5.º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C
ROTEIRO HOMILÉTICO DO 5.º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO CROTEIRO HOMILÉTICO DO 5.º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C
ROTEIRO HOMILÉTICO DO 5.º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C
José Luiz Silva Pinto
 
P1305 amai vos
P1305 amai vosP1305 amai vos
P1305 amai vos
Paroquia Arronches
 
Amai-vos.
Amai-vos.Amai-vos.
Amai-vos.
pr_afsalbergaria
 

Semelhante a CF 2020.docx (20)

Vanderley misericcordia
Vanderley misericcordiaVanderley misericcordia
Vanderley misericcordia
 
Livreto das CEBs Páscoa 2015
Livreto  das CEBs Páscoa 2015 Livreto  das CEBs Páscoa 2015
Livreto das CEBs Páscoa 2015
 
Publicação de Maio
Publicação de MaioPublicação de Maio
Publicação de Maio
 
Publicação de Maio
Publicação de MaioPublicação de Maio
Publicação de Maio
 
Mensagem do papa para quaresma de 2012
Mensagem do papa para quaresma de 2012Mensagem do papa para quaresma de 2012
Mensagem do papa para quaresma de 2012
 
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - 2019 - 2023
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - 2019 - 2023Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - 2019 - 2023
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - 2019 - 2023
 
EVANGELLI GAUDIUM - PAPA FRANCISCO
EVANGELLI GAUDIUM - PAPA FRANCISCOEVANGELLI GAUDIUM - PAPA FRANCISCO
EVANGELLI GAUDIUM - PAPA FRANCISCO
 
O Rosto da Misericórdia - Bula Misericordiae Vultus - Ano Santo
O Rosto da Misericórdia - Bula Misericordiae Vultus - Ano SantoO Rosto da Misericórdia - Bula Misericordiae Vultus - Ano Santo
O Rosto da Misericórdia - Bula Misericordiae Vultus - Ano Santo
 
Dimensões da pastoral
Dimensões da pastoralDimensões da pastoral
Dimensões da pastoral
 
Mensagem Da Quaresma 2009 D. José Augusto
Mensagem Da Quaresma 2009 D. José AugustoMensagem Da Quaresma 2009 D. José Augusto
Mensagem Da Quaresma 2009 D. José Augusto
 
Homilia dom sebastião armando
Homilia dom sebastião armandoHomilia dom sebastião armando
Homilia dom sebastião armando
 
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
 
Amai vos
Amai vosAmai vos
Amai vos
 
Jornal dezembro 2015 janeiro 2016
Jornal dezembro 2015    janeiro 2016Jornal dezembro 2015    janeiro 2016
Jornal dezembro 2015 janeiro 2016
 
Campanha da Fraternidade 2014 - Livreto das CEBs diocese de SJC
Campanha da Fraternidade 2014 - Livreto das CEBs diocese de SJCCampanha da Fraternidade 2014 - Livreto das CEBs diocese de SJC
Campanha da Fraternidade 2014 - Livreto das CEBs diocese de SJC
 
Jornal abril 2015
Jornal abril 2015Jornal abril 2015
Jornal abril 2015
 
Jornal abril 2015
Jornal abril 2015Jornal abril 2015
Jornal abril 2015
 
ROTEIRO HOMILÉTICO DO 5.º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C
ROTEIRO HOMILÉTICO DO 5.º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO CROTEIRO HOMILÉTICO DO 5.º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C
ROTEIRO HOMILÉTICO DO 5.º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C
 
P1305 amai vos
P1305 amai vosP1305 amai vos
P1305 amai vos
 
Amai-vos.
Amai-vos.Amai-vos.
Amai-vos.
 

Mais de WanderleyJoseDantas

Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar.pdf
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar.pdfLimitações Constitucionais ao Poder de Tributar.pdf
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar.pdf
WanderleyJoseDantas
 
duas faces do mesmo mistério.docx
duas faces do mesmo mistério.docxduas faces do mesmo mistério.docx
duas faces do mesmo mistério.docx
WanderleyJoseDantas
 
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.pdf
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.pdfCantos ao Sagrado Coração de Jesus.pdf
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.pdf
WanderleyJoseDantas
 
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
WanderleyJoseDantas
 
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.docx
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.docxCantos ao Sagrado Coração de Jesus.docx
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.docx
WanderleyJoseDantas
 
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
WanderleyJoseDantas
 

Mais de WanderleyJoseDantas (6)

Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar.pdf
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar.pdfLimitações Constitucionais ao Poder de Tributar.pdf
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar.pdf
 
duas faces do mesmo mistério.docx
duas faces do mesmo mistério.docxduas faces do mesmo mistério.docx
duas faces do mesmo mistério.docx
 
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.pdf
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.pdfCantos ao Sagrado Coração de Jesus.pdf
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.pdf
 
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
 
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.docx
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.docxCantos ao Sagrado Coração de Jesus.docx
Cantos ao Sagrado Coração de Jesus.docx
 
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
12 promessas ao Coracao de Jesus.docx
 

Último

O-livro-de-Jasher-O-Justo, the book of jasher.pdf
O-livro-de-Jasher-O-Justo, the book of jasher.pdfO-livro-de-Jasher-O-Justo, the book of jasher.pdf
O-livro-de-Jasher-O-Justo, the book of jasher.pdf
WELITONNOGUEIRA3
 
DIDÁTICA MAGNA DE COMENIUS COM COMENTÁRIOS
DIDÁTICA MAGNA DE COMENIUS COM COMENTÁRIOSDIDÁTICA MAGNA DE COMENIUS COM COMENTÁRIOS
DIDÁTICA MAGNA DE COMENIUS COM COMENTÁRIOS
ESCRIBA DE CRISTO
 
Malleus Maleficarum: o martelo das bruxas
Malleus Maleficarum: o martelo das bruxasMalleus Maleficarum: o martelo das bruxas
Malleus Maleficarum: o martelo das bruxas
Lourhana
 
JERÔNIMO DE BELÉM DA JUDÉIA [TERRA SANTA]
JERÔNIMO DE BELÉM DA JUDÉIA [TERRA SANTA]JERÔNIMO DE BELÉM DA JUDÉIA [TERRA SANTA]
JERÔNIMO DE BELÉM DA JUDÉIA [TERRA SANTA]
ESCRIBA DE CRISTO
 
CRISTO E EU [MENSAGEM DE CHARLES SPURGEON]
CRISTO E EU [MENSAGEM DE CHARLES SPURGEON]CRISTO E EU [MENSAGEM DE CHARLES SPURGEON]
CRISTO E EU [MENSAGEM DE CHARLES SPURGEON]
ESCRIBA DE CRISTO
 
Oração Para Pedir Bênçãos Aos Agricultores
Oração Para Pedir Bênçãos Aos AgricultoresOração Para Pedir Bênçãos Aos Agricultores
Oração Para Pedir Bênçãos Aos Agricultores
Nilson Almeida
 
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptx
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptxLição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptx
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptx
Celso Napoleon
 
1984 DE GEORGE ORWELL ILUSTRADO E COMENTADO
1984 DE GEORGE ORWELL ILUSTRADO E COMENTADO1984 DE GEORGE ORWELL ILUSTRADO E COMENTADO
1984 DE GEORGE ORWELL ILUSTRADO E COMENTADO
ESCRIBA DE CRISTO
 
Habacuque.docx estudo bíblico, conhecimento
Habacuque.docx estudo bíblico, conhecimentoHabacuque.docx estudo bíblico, conhecimento
Habacuque.docx estudo bíblico, conhecimento
ayronleonardo
 
Bíblia Sagrada - Odabias - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Odabias - slides powerpoint.pptxBíblia Sagrada - Odabias - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Odabias - slides powerpoint.pptx
Igreja Jesus é o Verbo
 
MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO [MUSEOLOGIA]
MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO      [MUSEOLOGIA]MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO      [MUSEOLOGIA]
MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO [MUSEOLOGIA]
ESCRIBA DE CRISTO
 
Escola de A E Aula 96 Evolução Animica
Escola de A E Aula 96 Evolução AnimicaEscola de A E Aula 96 Evolução Animica
Escola de A E Aula 96 Evolução Animica
AlessandroSanches8
 
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptx
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptxLição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptx
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptx
Celso Napoleon
 
Bíblia Sagrada - Jonas - slides testamento3 (1).pptx
Bíblia Sagrada - Jonas - slides testamento3 (1).pptxBíblia Sagrada - Jonas - slides testamento3 (1).pptx
Bíblia Sagrada - Jonas - slides testamento3 (1).pptx
Igreja Jesus é o Verbo
 
DIDASCALIA APOSTOLORUM [ HISTÓRIA DO CRISTIANISMO]
DIDASCALIA APOSTOLORUM [ HISTÓRIA DO CRISTIANISMO]DIDASCALIA APOSTOLORUM [ HISTÓRIA DO CRISTIANISMO]
DIDASCALIA APOSTOLORUM [ HISTÓRIA DO CRISTIANISMO]
ESCRIBA DE CRISTO
 
A CRUZ DE CRISTO- ELE MORREU PARA NOS SALVAE.pptx
A CRUZ DE CRISTO-  ELE MORREU PARA NOS SALVAE.pptxA CRUZ DE CRISTO-  ELE MORREU PARA NOS SALVAE.pptx
A CRUZ DE CRISTO- ELE MORREU PARA NOS SALVAE.pptx
JonasRibeiro61
 

Último (16)

O-livro-de-Jasher-O-Justo, the book of jasher.pdf
O-livro-de-Jasher-O-Justo, the book of jasher.pdfO-livro-de-Jasher-O-Justo, the book of jasher.pdf
O-livro-de-Jasher-O-Justo, the book of jasher.pdf
 
DIDÁTICA MAGNA DE COMENIUS COM COMENTÁRIOS
DIDÁTICA MAGNA DE COMENIUS COM COMENTÁRIOSDIDÁTICA MAGNA DE COMENIUS COM COMENTÁRIOS
DIDÁTICA MAGNA DE COMENIUS COM COMENTÁRIOS
 
Malleus Maleficarum: o martelo das bruxas
Malleus Maleficarum: o martelo das bruxasMalleus Maleficarum: o martelo das bruxas
Malleus Maleficarum: o martelo das bruxas
 
JERÔNIMO DE BELÉM DA JUDÉIA [TERRA SANTA]
JERÔNIMO DE BELÉM DA JUDÉIA [TERRA SANTA]JERÔNIMO DE BELÉM DA JUDÉIA [TERRA SANTA]
JERÔNIMO DE BELÉM DA JUDÉIA [TERRA SANTA]
 
CRISTO E EU [MENSAGEM DE CHARLES SPURGEON]
CRISTO E EU [MENSAGEM DE CHARLES SPURGEON]CRISTO E EU [MENSAGEM DE CHARLES SPURGEON]
CRISTO E EU [MENSAGEM DE CHARLES SPURGEON]
 
Oração Para Pedir Bênçãos Aos Agricultores
Oração Para Pedir Bênçãos Aos AgricultoresOração Para Pedir Bênçãos Aos Agricultores
Oração Para Pedir Bênçãos Aos Agricultores
 
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptx
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptxLição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptx
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptx
 
1984 DE GEORGE ORWELL ILUSTRADO E COMENTADO
1984 DE GEORGE ORWELL ILUSTRADO E COMENTADO1984 DE GEORGE ORWELL ILUSTRADO E COMENTADO
1984 DE GEORGE ORWELL ILUSTRADO E COMENTADO
 
Habacuque.docx estudo bíblico, conhecimento
Habacuque.docx estudo bíblico, conhecimentoHabacuque.docx estudo bíblico, conhecimento
Habacuque.docx estudo bíblico, conhecimento
 
Bíblia Sagrada - Odabias - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Odabias - slides powerpoint.pptxBíblia Sagrada - Odabias - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Odabias - slides powerpoint.pptx
 
MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO [MUSEOLOGIA]
MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO      [MUSEOLOGIA]MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO      [MUSEOLOGIA]
MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO [MUSEOLOGIA]
 
Escola de A E Aula 96 Evolução Animica
Escola de A E Aula 96 Evolução AnimicaEscola de A E Aula 96 Evolução Animica
Escola de A E Aula 96 Evolução Animica
 
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptx
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptxLição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptx
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptx
 
Bíblia Sagrada - Jonas - slides testamento3 (1).pptx
Bíblia Sagrada - Jonas - slides testamento3 (1).pptxBíblia Sagrada - Jonas - slides testamento3 (1).pptx
Bíblia Sagrada - Jonas - slides testamento3 (1).pptx
 
DIDASCALIA APOSTOLORUM [ HISTÓRIA DO CRISTIANISMO]
DIDASCALIA APOSTOLORUM [ HISTÓRIA DO CRISTIANISMO]DIDASCALIA APOSTOLORUM [ HISTÓRIA DO CRISTIANISMO]
DIDASCALIA APOSTOLORUM [ HISTÓRIA DO CRISTIANISMO]
 
A CRUZ DE CRISTO- ELE MORREU PARA NOS SALVAE.pptx
A CRUZ DE CRISTO-  ELE MORREU PARA NOS SALVAE.pptxA CRUZ DE CRISTO-  ELE MORREU PARA NOS SALVAE.pptx
A CRUZ DE CRISTO- ELE MORREU PARA NOS SALVAE.pptx
 

CF 2020.docx

  • 1. Menu Tudo posso Naquele que me fortalece Reflexões CF 2020 texto base – SÍNTESE EM DUAS LAUDAS (Lucas 10, 25-37) e CF 2019 Politicas publicas – texto base CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020 – Dois subsídios neste espaço: 1- Síntese do texto base em duas laudas (fonte arial 12) 2- Pontos centrais do texto base – mais detalhado VAMOS COMEÇAR COM A SÍNTESE CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020 – texto base síntese duas laudas TEMA: Fraternidade e Vida: Dom e compromisso LEMA: Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lucas 10, 25-37) O OBJETIVO GERAL DA CF 2020: “Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se traduz em relação de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”. 1. O OLHAR SAMARITANO: olhos envolvidos pelo cuidado misericordioso Para olhar a vida e nela reforçar ou reencontrar o sentido, a Campanha da Fraternidade 2020 indica como referência a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37). Nesta narrativa, Jesus apresenta um olhar indiferente à vida – que vê o sofrimento, mas passa adiante (sacerdote e levita); e outro que enxerga, permanece e se compromete com aquele que sofre (o olhar samaritano). Não é sentir dó diante da dor alheia, mas, com o sentimento da ternura, reconhecer a dignidade do ferido. Esta atitude é que resgata a imagem e semelhança divina no rosto de homens e mulheres desfigurados pelo pecado (Gn 1,26). É o sagrado olhar de Jesus que, do alto do madeiro, enxergou, perdoou todos os pecados e nos salvou por sua misericórdia (Lc 23,34). Diante da maldade, apesar de muitas vezes por ela sermos afetados, assim como Jesus o foi, nossas mãos não podem ser fechadas para socar e sim, abertas, para apoiar (Mateus 8,20). É preciso lembrar que o amor não julga, não acusa e não divide, mas cuida, acolhe e integra. Quem ama dialoga, suporta e se compadece. Ao contrário, o egoísta, com olhos mirando só para seus próprios interesses, julga o mundo a partir da sua prepotência, esquecendo-se de que seu olhar está embaçado pelo pecado e o coração entupido pela maldade. A missão do discípulo missionário de Jesus é revelar ao mundo o olhar divino da ternura misericordiosa, que faz com que a caridade se transforme em verdadeira justiça.A caridade envolvida pelo cuidado misericordioso, inspirador da ação individual e comunitária, é força capaz de suscitar novas formas de enfrentamento dos problemas do mundo de hoje, renovando as estruturas, organizações sociais e ordenamentos jurídicos. Nesta perspectiva, a caridade se
  • 2. torna instrumento de transformação social, pois, nos leva a amar o bem comum e a buscar efetivamente a dignidade para a vida das pessoas, consideradas não só individualmente, mas também na dimensão social que as aflige ou as une. Assim, na tradição cristã, a justiça jamais estará desvinculada da caridade. Esta ação social, caridosa e transformadora, é possibilitada ao abraçarmos a amorosidade que o Filho de Deus trouxe para a humanidade em sua encarnação. O Papa Francisco nos convida a participar da revolução da ternura cujo objetivo é revelar para a sociedade o rosto paterno/materno do Deus apaixonado pelo ser humano. Quando a pessoa sente o divino afeto amoroso é estimulada a também amar e cuidar e, por consequência tornar o mundo mais justo e humano. Para aqueles que têm inclinações egoístas, a atitude do cuidado afetuoso num mundo marcado pela violência e a indiferença diante do sofrimento alheio é visto como loucura. Mas é justamente este louco e divino cuidado que impulsiona a Igreja a sair, caminhar pelas periferias existenciais, não se importando em sujar os pés com as poeiras do mundo. Em uma sociedade que despreza, passando adiante sem se importar com o sofrimento do próximo, o profetismo cristão se faz presente pelo cuidado afetuoso. Portanto, não é possível falar de cuidado pastoral sem falar da ternura pelos que sofrem. A mesma afeição na relação dos cristãos com o próximo que padece, deve existir também para com a natureza. As culturas do consumismo e do desperdício, que se contrapõem à fome e baixos salários, geram a degradação do ecossistema. Superar estas contradições requer uma renovada visão ética, que saiba colocar no centro as pessoas, sem desrespeitar o meio ambiente. É somente o olhar da ternura que pode enxergar as pessoas e a natureza com igual respeito. Ferir o ser humano é ferir a natureza e vice-versa.  A BACIA DE PILATOS OU A DE JESUS: qual você escolhe? A conversão provocada pelo anúncio da Boa Nova nos faz escolher a bacia de Jesus e não a de Pilatos. A bacia de Pilatos, ele a usou para lavar as mãos, ou seja, tornar-se indiferente à dor do outro. Jesus tornou sua bacia instrumento para lavar os pés dos discípulos, sinal de cuidado e compromisso com o serviço para com o próximo. Redescobrindo a água do batismo naquela da bacia do lava-pés, os discípulos missionários de Jesus Cristo se colocam em saída para servir àqueles que necessitam da ação generosa da Igreja, envolvida pela ternura, sempre amparada na justiça misericordiosa. Não podemos dizer que amamos a Deus se não vemos o outro que sofre. (1 Jo 4,19-20). Não há outro jeito de ser discípulo missionário, seguidor de Cristo, sem que o cristão se torne missionário com olhos repletos da amorosidade que enxergam e promovem a solidariedade para, com e entre os sofredores. A fim de viver organizadamente este terno amor, a CNBB une todas as dioceses brasileiras em um caminho de dedicação e cuidado aos sofredores e sofredoras através das propostas da CF 2020: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (João 10,10). As mudanças que queremos para o mundo só serão reais se começarem a partir de nós, afetando positivamente o ambiente em que vivemos. Podemos sentir esta ação como algo difícil, às vezes até cansativa. Mas somos chamados a sermos pessoas comparadas a jarras (cântaros) sempre dispostas a darem de beber a água da esperança pela vida através da fé. Às vezes o cântaro se transforma em uma pesada cruz. Mas foi precisamente na cruz que o Senhor Jesus, trespassado, se entregou a nós como fonte de água viva. Jamais, nada, nenhuma situação ou desafio pode roubar a nossa esperança ou nos separar da ternura de Jesus. (Rm 8, 35-39)  O OLHAR SAMARITANO A PARTIR DA UNIÃO DAS FAMÍLIAS O olhar samaritano se faz realidade nas famílias cristãs que se unem em pequenas comunidades missionárias, oásis da justiça envolvida pelo carinho misericordioso. Inseridas num mundo onde ninguém tem tempo para ninguém, pequenas comunidades missionárias devem ser o lugar da afetividade e do abraço, do encontro fraterno em torno da Palavra e da Eucaristia.
  • 3. A pequena comunidade missionária se torna o lugar da reconciliação, do perdão, onde há pessoas que anunciam e constroem a sociedade, embrenhadas pela cultura da ternura pela vida. Por isso a pequena comunidade missionária se envolve com os problemas da sua localidade, acompanha aqueles que necessitam do seu auxílio, multiplicando a ação solidária. Sendo agente promotora da cultura do amor que cuida e, por isso mesmo, promove a paz, a comunidade cristã festeja e celebra a sua ação como oferenda preciosa a Deus.  NOVO OLHAR SOBRE A ECONOMIA MUNDIAL Entre os dias 26 a 28 de março de 2020, em Assis (Itália), o Papa Francisco vai se reunir com jovens economistas e empresários de todo o mundo para refletir sobre uma nova economia baseada na fraternidade que garanta a justiça misericordiosa para os pobres. Depois, acontecerão em todas as Dioceses reflexões sobre os temas destacados na reunião de Assis. Como ponto de encontro de todos os processos reflexivos diocesanos, será realizada a Jornada Mundial dos Pobres na semana que antecede a Festa de Cristo Rei de 2020. Por isso, a Campanha da Fraternidade 2020 nos leva também a refletir sobre a vida, Dom e Compromisso com os olhos voltados para a Jornada Mundial dos Pobres e todos os desmembramentos que virão a partir dela. Com certeza, a reflexão nas terras franciscanas deverá destacar a triste e vergonhosa situação dos problemas que geram o fenômeno migratório composto de forma densa pelos refugiados. Sem jamais perder a alegria do Evangelho, e com a presença Eucarística do Cristo Ressuscitado, a Igreja tem a certeza de que o amor terá a última palavra e vencerá todo tipo de mal. Francisco, o papa da acolhida, que deseja uma Igreja de portas abertas e em saída, nos anima a uma vida cristã envolvida pela esperança dizendo: “O cristão deve promover a paz em meio aos homens e mulheres e não ouvir a voz de quem espalha ódio e divisão. O cristão deve amar as pessoas, uma a uma, respeitando o caminho de todas e sentir-se responsável pela vida de cada ser humano e por este mundo, a Terra, nossa Casa Comum. Que todos os cristãos tenham sempre a coragem da verdade, porém, lembrando sempre que não são superiores a ninguém. Cristãos, cultivem ideais e nunca desanimem: se caiu, levante-se. Se a amargura tocar seu coração, procure na oração ser curado pela ternura de Deus”. 2- PONTOS CENTRAIS DO TEXTO BASE CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020 TEMA: Fraternidade e Vida: Dom e compromisso LEMA: Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lucas 10, 25-37) O OBJETIVO GERAL DA CF 2020: “Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se traduz em relação de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 1) Apresentar o sentido de vida proposto por Jesus nos Evangelhos; 2) Propor a compaixão, a ternura e o cuidado como exigências fundamentais da vida para relações sociais mais humanas; 3) Fortalecer a cultura do encontro, da fraternidade e a revolução do cuidado como caminhos de superação da indiferença e da violência; 4) Promover e defender a vida, desde a fecundação até o seu fim natural, rumo à plenitude; 5) Despertar as famílias para a beleza do amor que gera continuamente vida nova; 6) Preparar os cristãos e as comunidades para anunciar, com o testemunho e as ações de mútuo cuidado, a vida plena do Reino de Deus; 7) Criar espaços nas comunidades para que, pelo batismo, pela crisma e pela eucaristia, todos percebam, na fraternidade, a vida como Dom e Compromisso;
  • 4. 8) Despertar os jovens para o dom e a beleza da vida, motivando-lhes o engajamento em ações de cuidado mútuo, especialmente de outros jovens em situação de sofrimento e desesperança; 9) valorizar, divulgar e fortalecer as inúmeras iniciativas já existentes em favor da vida; 10) Cuidar do planeta, nossa Casa Comum, comprometendo-se com a ecologia integral. ORAÇÃO DA CF 2020 Deus, nosso Pai, fonte da vida e princípio do bem viver, criastes o ser humano e lhe confiastes o mundo como um jardim a ser cultivado com amor. Dai-nos um coração acolhedor para assumir a vida como dom e compromisso. Abri nossos olhos para ver as necessidades dos nossos irmãos e irmãs, sobretudo, dos mais pobres e marginalizados. Ensinai-nos a sentir a verdadeira compaixão expressa no cuidado fraterno, próprio de quem reconhece no próximo o rosto do vosso Filho. Inspirai-nos palavras e ações para sermos construtores de uma sociedade reconciliada no amor. Dai-nos a graça de vivermos em comunidades eclesiais missionárias que, compadecidas, vejam, se aproximem e cuidem daqueles que sofrem, a exemplo de Maria, a Senhora da Conceição Aparecida e de Santa Dulce dos Pobres, Anjo Bom do Brasil. Por Jesus, o Filho amado, no Espírito, Senhor que dá a vida. Amém. HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020 Autor: Pe. José Antonio de Oliveira 1) Deus de amor e de ternura, contemplamos este mundo tão bonito que nos deste. (Cf. Gn 1,2- 15; 2,1-25) Desse Dom, fonte da vida, recordamos: (Cf. SI 36,10) Cuidadores, guardiões tu nos fizeste. (Cf. Gn 2,15) Peregrinos, aprendemos nesta estrada o que o “bom samaritano” ensinou: Ao passar por uma vida ameaçada, Ele a viu, compadeceu e cuidou. (Cf. Lc 10,33-34) 2) Toda vida é um presente e é sagrada, seja humana, vegetal ou animal. (Cf. LS, esp. Cap. IV) É pra sempre ser cuidada e respeitada, desde o início até seu termo natural. 3) Tua glória é o homem vivo, Deus da Vida; (Cf. Santo Irineu) ver felizes os teus filhos, tuas filhas; é a justiça para todos, sem medida; (Cf. Am 5,24) É formarmos, no amor, bela Família. 4) Mata a vida o vírus torpe da ganância, da violência, da mentira e da ambição. Mas também o preconceito, a intolerância. O caminho é a justiça e conversão. (Cf. 2Tm 2,22-26) APRESENTAÇÃO Na Campanha da Fraternidade (CF) 2020, somos convidados a olhar com mais atenção para a vida. Constata-se que a vida das pessoas chegou a um ponto que esbarra em uma série de angustiantes indagações. 1. O que aconteceu conosco? 2. Por que vemos crescer tantas formas de violência, agressividade e destruição? 3. Perdemos, de fato, o valor da fraternidade? Em meio a tantas questões, a CF 2020 convoca à reflexão sobre o significado mais profundo da vida e a encontrar caminhos para que esse sentido seja fortalecido ou reencontrado. É por isso que a CF 2020 proclama: a vida é Dom e Compromisso! Seu sentido consiste em ver, solidarizar-se e cuidar. Significa não passar cego às dores das pessoas.
  • 5. Diante de tanta indiferença se torna urgente testemunhar e estimular a solidariedade (Mateus 25,45). Não temamos se nos sentirmos pequenos diante dos problemas. Lembremo-nos de Santa Dulce dos Pobres, mulher frágil no corpo, mas uma fortaleza peregrinante pelas terras de São Salvador da Bahia de todos os Santos. Santa Dulce dos Pobres é testemunho irrefutável de que a vida é dom e compromisso. É Santa Dulce dos Pobres, que intercede por nós no céu. BOM SAMARITANO: COMPAIXÃO E CUIDADO COM A VIDA A CF 2020 toma como referência a Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10, 25-37). A Parábola do Bom Samaritano é composta por personagens anônimos. O Sacerdote e o Levita, desviam-se do homem ferido, pois não tinham tempo para ele. O Samaritano aproxima-se da vítima dos salteadores e, movido pela compaixão, gasta seu tempo, ficando com ele à noite na hospedaria. No dia seguinte paga as despesas da sua estadia e promete retribuir ao dono da hospedaria tudo o que por ventura gastasse a mais para cuidar daquele que sofreu o assalto. A postura inesperada do Samaritano contém o centro do ensinamento de Jesus: o próximo não é apenas alguém com quem possuímos vínculos, mas todo aquele de quem nos aproximamos. Não é a Lei, vínculo sanguíneo ou ligação afetiva que estabelecem as prioridades, mas a compaixão, que impulsiona a fazer pelo outro aquilo que nos é possível, rompendo com toda indiferença. A lei é esta: todos devem ser amados, sem distinção. Ser capaz de sentir compaixão é a chave da obediência à vontade de Deus, que ama toda a criação: Servir! Ver! Sentir, ter compaixão e cuidar é o autêntico Programa Quaresmal. Quaresma é tempo de abertura ao mistério da dor, morte e a cruz do Crucificado, Vencedor da Morte. A Igreja recorda que esse caminho do calvário e vitória de Cristo, exige de nós jejum, oração e a esmola. No jejum somos conectados à dor dos que tanto sofrem pela falta de vida digna. A oração, diálogo de amor e amizade, é aproximação que nos possibilita sermos tocados pelo amor e ternura de Deus. A esmola é a partilha de vida, cuidado amoroso que nasce da liberdade da renúncia para a entrega amorosa. Jesus é o verdadeiro bom Samaritano que se aproxima dos homens e das mulheres que sofrem e, por compaixão, lhes restitui a dignidade perdida. A entrega de Jesus na cruz é apenas o culminar desse estilo que marcou toda a sua vida. 1ª PARTE – Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lucas 10, 33-34). Na Parábola do Bom Samaritano, Jesus apresenta duas formas de olhar: uma que é indiferente: vê, mas passa adiante (sacerdote e levita); e outra que vê, permanece, envolve e se compromete (samaritano). Somente contemplando o mundo com os olhos de Deus (o olhar samaritano), é possível perceber e acolher o grito que emerge das várias faces da pobreza e da agonia da criação (DGAE 2019/2023 n. 102). O olhar que vê e segue representa toda indiferença e desprezo pela vida do outro. Não se engane: mesmo os que estão próximos ou atuantes na Igreja, muitas vezes, podem ter o olhar maldoso, viciado e cansado. É preciso sempre exercitar a mesma perspectiva do olhar virtuoso que Cristo nos ensina. Muitos santos procuraram viver em suas vidas o olhar samaritano do nosso Salvador, que os levou a superar as dores, as injustiças e as violações de direitos, convencidos de que Deus criou o infinito para a vida ser sempre mais. O OLHAR DA INDIFERENÇA GERA AMEAÇAS À VIDA O aborto é realidade que ameaça a vida desde o ventre materno. Da mesma forma, o desprezo pela vida se manifesta por meio de projetos que querem regularizar a eutanásia e o suicídio assistido, garantindo o que chamam de direito de antecipação da morte. Também temos que citar a realidade de milhares de crianças órfãs que perderam suas famílias, sobretudo em tempos de violência e migração forçada. Outros cenários que agridem a vida humana no Brasil são estes: 1- Desemprego: No 1º trimestre de 2019, a taxa de desemprego atingiu 12,7% da população. 2- Desolação: Cresce igualmente o número de pessoas desoladas, que desistiram de procurar emprego. 3- Miséria: O número de pessoas vivendo a miséria extrema já somam 13,5 milhões. 4- Ansiedade: Por todos estes problemas, o Brasil é considerado o país mais ansioso e estressado da América Latina. 5 – Suicídio: Em 2016, houve 11.433 mortes por suicídio, ou seja, 31 casos de suicídio por dia. Os
  • 6. jovens, entre 15 e 29 anos, estão entre as maiores vítimas do suicídio, a 4ª maior causa de morte nessa faixa etária. 6 – Violência no Trânsito: Nos primeiros seis meses de 2018, foram 19.398 mortes e 20 mil casos de invalidez permanente no país. 53,7% dos acidentes são causados pela negligência ou imprudência dos motoristas. 7 – Feminicídio: Em 2017, a cada dez feminicídios, registrados em 23 países, quatro ocorreram no Brasil. Naquele ano 2.795 mulheres foram assassinadas, das quais, 1.133 no Brasil. 8- Disputa pela água: Perto de um milhão de pessoas foram envolvidas nos conflitos pela água. Os ribeirinhos e pescadores foram vítimas preferenciais. As mineradoras são responsáveis por metade pelas disputas pela água. Em 2017, o conflito pela água provocou 71 assassinatos, sendo 31 em cinco massacres. OUTRAS AMEAÇAS À VIDA Uma série de ameaças à vida está batendo em nossas portas por intermédio dos meios de comunicação e das redes sociais, confundindo os cristãos, iludindo as famílias, atraindo jovens para uma mentalidade permissiva disfarçada de progresso científico. Na verdade são propostas que excluem as pessoas e descartam vidas inocentes. Essas ameaças têm nome: aborto, eutanásia, suicídio assistido, eugenia (seleção de seres humanos pelas suas qualidades genéticas), tráfico de drogas, de pessoas e de órgãos, entre outros. O individualismo marca de tal maneira as relações, que a vida corre o risco de ser vista não mais como Dom e Compromisso, mas como um peso ou como algo de que a pessoa possa dispor a seu bel prazer. O ser humano, e sua capacidade de ser “feliz” passam, nesta perspectiva, a ser avaliado pelo que produz e pelo que consome. Tudo isto indica a banalização da vida e a relativização da existência, o enfraquecimento do conceito de pessoa e até a justificativa legal de modalidades de homicídios e extermínios humanos, sob a alegação de conquistas de direitos. AS OMISSÕES DO ESTADO Em nossos dias, temos assistido uma transformação na concepção da ação Estatal, cujas preocupações parecem estar mais voltadas para o aspecto econômico do que para o cuidado das pessoas. A incapacidade do Estado de frear a violência contribui para a banalização do mal, na medida em que grupos de extermínio determinam os que devem viver e os que devem morrer, sempre tendo em vista o bem estar do mercado. O OLHAR QUE DESTRÓI A NATUREZA Nos últimos anos, vem crescendo a consciência de que, articulada com o desrespeito ao ser humano, encontra-se a agressão à natureza. Precisamos ter consciência de que nós, seres humanos, estamos incluídos na natureza e somos parte dela. O mal feito ao ser humano interfere negativamente no meio ambiente. O mal feito ao meio ambiente interfere afeta o ser humano. Portanto, não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise em dois lados de uma mesma moeda: sócio / ambiental. O domínio da economia que não olha para as pessoas, mas para outros interesses, é o motor da desigualdade social que agride a vida, não só do ser humano, mas de todo o planeta. Um alerta: Olhando somente o lucro e não para a saúde das pessoas, a agricultura no Brasil é campeã mundial no uso de pesticidas, alternando a posição, dependendo da ocasião, apenas com os Estados Unidos. Como exemplo, tomemos o feijão, presente nos pratos dos brasileiros, que tem um nível do inseticida – malationa – 400 vezes maior daquele permitido pela União Europeia. O OLHAR DA INDIFERENÇA EXCLUI A VIDA O mercado que seduz ao consumismo desenfreado atropela a vida dos mais pobres sem escrúpulo nem constrangimento algum. Com isso cresce a indiferença com a situação dos mais frágeis e se desenvolve a cultura da invisibilidade e do descartável, que é como podemos melhor descrever a indiferença. Junto à indiferença, há outro inimigo que tem crescido em nossos dias: o ódio. A indiferença e o ódio, em todas as suas formas, paralisam e impedem que se faça o que é justo até mesmo quando se sabe o que é justo. A indiferença é um vírus que contagia perigosamente a nossa época, que cada vez mais aglomera pessoas em conjuntos habitacionais ou condomínios verticais e horizontais, porém sempre menos atentos e distantes afetivamente do próximo. Por
  • 7. essa razão, a CF 2020 deseja fomentar uma cultura do cuidado, da responsabilidade e da proximidade, estabelecendo uma aliança contra todo tipo de indiferença e ódio. O OLHAR DA SOLIDARIEDADE SOCIAL O olhar da fé, ao mesmo tempo em que identifica sombras, deve, indispensavelmente, identificar luzes. Com esperança vemos surgirem e se consolidarem serviços da escuta nas comunidades, de ajuda e vitória sobre as drogas. Também há a experiência de visitas missionárias às famílias em situação de risco. Isso tudo deve nos trazer alegria. É incontável o número de pessoas que, pública ou anonimamente, dedicam sua existência a promover e defender a vida. Por exemplo, destacamos os 74 mil voluntários da Pastoral da Criança que, em todo o Brasil, atendem mais de 800 mil crianças. Na nossa Paróquia temos a Pastoral da Saúde, os Anjos da Paz, a parceria com o os “Irmãos de Rua, nossos Irmãos”, o Terço dos Homens que se colocam a serviço de mutirões para ajudar famílias pobres, a equipe da cesta básica que atende às lares feridos na segurança alimentar, e tantas outras atividades realizadas no silêncio do amor. Assumir o olhar solidário e ser capaz de cuidar, como modo de ser no mundo, nos permite ir além do egoísmo e da indiferença. O cuidado de um pelo outro reinstaura o espaço da graça diante do mundo e de todas as formas de vida, gerando um novo laço de amor entre nós. 2ª. PARTE: VIU, SENTIU CIMPAIXÃO E CUIDOU DELE (LUCAS 10,33-34) Compaixão de Jesus, romper com a indiferença: Se, por um lado, o olhar da indiferença gera tanto mal, o olhar da compaixão pode fecundar o bem no coração humano e conferir verdadeiro sentido à vida. Não se trata apenas de um olhar de dó, mas de um olhar samaritano que reconhece a dignidade da pessoa e procura resgatar a imagem e semelhança no rosto de homens e mulheres desfigurados pelo pecado (Gênesis 1,26).É o olhar divino manifestado em Jesus. Somos chamados a iluminar nosso olhar com o olhar do Cristo que, do alto do madeiro, viu e perdoou todos os pecados e nos salvou por sua misericórdia (Lucas 23,34). O Espírito Santo, Senhor que dá a vida, é o auxílio que garante a continuidade do olhar de Cristo no nosso olhar e nos impulsiona a ver a dignidade humana e de toda a obra da criação. PERGUNTAS INTRIGANTES E NECESSÁRIAS O que acontece com uma pessoa que só pensa em si mesma? O que acontece com uma sociedade em que o egoísmo, o individualismo, o consumismo, a indiferença e o ódio tendem a predominar? Peçamos ao bom Deus que nos ilumine e as respostas surjam nos momentos da oração pessoal ou comunitária. Os discípulos e amigos do Ressuscitado estão a serviço da vida A Páscoa nos ensina a, por, com e em Cristo, romper os túmulos da indiferença e do ódio e ressurgir para o zelo, o cuidado e a solidariedade. Com o olhar de Cristo (olhar samaritano), penetramos nas entranhas do sofrimento do próximo. Por isso, sentir a dor do outro é muito mais do que ter dó. Significa comprometer-se com o sofredor, sem medo de aproximar-se e identificar-se com o próprio amor de Deus para conosco (João 13,34). O que Cristo nos ensina é fazermo-nos próximos sem preconceitos, sem classificação, sem esperar nada em troca. Gratuitamente amar como Cristo nos amou (Filipenses 2,5). Compaixão é ter mais coração nas mãos Quem ama não julga, não acusa, não divide. Quem ama cuida, acolhe e integra. Quem ama dialoga, suporta e se compadece. Ao contrário, o egoísta e prepotente, com olhos só para si, julga o mundo a partir da sua prepotência, esquecendo-se de que seu olhar está embaçado pelo pecado e o coração entupido pela maldade. Diante da maldade, apesar dos problemas que temos, nossas mãos não podem ser fechadas para socar, mas têm que, abertas, apoiar (Mateus 8,20). COMPAIXÃO É TER MAIS JUSTIÇA NO CORAÇÃO
  • 8. Um dos grandes desafios para o nosso tempo é definir o que é justiça. Na concepção da maioria das pessoas, justiça trata-se daquilo que pode ser retribuído com dinheiro, trabalho, até mimos por conta do bom comportamento. Ou, ao contrário, punido devido ao mau comportamento. Uma pergunta para refletir: A retribuição e a punição, em nossa sociedade, são iguais para todos os seres humanos? É preciso envolver o conceito da justiça com a graça da misericórdia. A misericórdia é a mais perfeita motivação da igualdade entre os seres humanos e, por conseguinte, também, a motivação mais perfeita da justiça, na medida em que ambas tem em vista o mesmo fim: a defesa da vida ou a recuperação da vida. A justiça misericordiosamente entendida se concretiza no perdão. Todas as vezes que Jesus encontra um pecador, o Filho de Deus proclama: “Vai, e de agora em diante não peques mais” (João 8, 1-11). CONVITE DA CF 2020 A CF 2020, ao tratar da vida como Dom e Compromisso, nos convida a uma conversão pessoal, comunitária, social e conceitual em relação à justiça que nutrimos. A missão do discípulo missionário de Jesus Cristo é revelar ao mundo o rosto da misericórdia. Valorizar a vida e promover a justiça misericordiosa é um ato de fé. Mas que também é um exercício que passa pela organização comunitária e social, que não pode ser confundido com o “deixar que se faça o que quiser com a certeza de que o perdão exista” como uma forma hipócrita da impunidade. Não é isso que se propõe ao falarmos da justiça com misericórdia. E nem que se cederá qualquer coisa que se pede, agindo na ingenuidade assistencialista. É preciso redescobrir o valor e a beleza do conteúdo cristão da justiça. Diante de várias formas da compreensão da justiça, lançamos um olhar sobre as concepções da justiça baseada na retribuição e da justiça baseada na restauração, formas diferentes de agir diante da dor. A Justiça baseada na retribuição é vista como merecimento à altura do delito cometido ou da premiação ao bem praticado. Deve ser destacado que Jesus não se limitou a retribuir, pois, na verdade, nada havia a retribuir, pois, “Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores” (Romanos 5,8). Não houve retribuição – não a merecíamos. Houve, e isto sim, restauração. Por isso compreender a justiça no horizonte restaurativo é estabelecer uma nova compreensão sobre a pessoa que errou e sobre o conflito no qual ela se encontra envolvida. Na parábola dos trabalhadores (Mateus 20,1-11) quando Jesus conta a história daqueles contratados na 1ª hora e outros, ao entardecer, temos a seguinte reação: aqueles que esperavam uma retribuição maior por terem trabalhado desde cedo, se revoltam quando sabem que os que chegaram por último receberam a mesma quantia. Os que reagem revoltosos são adeptos da justiça da retribuição. Aquele que contrata os operários olha o ser humano de forma integral, no desejo de contribuir para a restauração da dignidade corrompida pela falta de trabalho. A CARIDADE: VERDADEIRO SENTIDO DA VIDA É necessário redescobrir a caridade não só como inspiradora da ação individual, mas, também, como força capaz de suscitar novas vias de enfrentamento dos problemas do mundo de hoje, renovando as estruturas, organizações sociais e ordenamentos jurídicos. Nesta perspectiva, a caridade se torna social. A caridade social nos leva a amar o bem comum e a buscar efetivamente o bem das pessoas, consideradas não só individualmente, mas também na dimensão social que as une. Assim, na tradição cristã, a justiça jamais estará desvinculada da caridade. A caridade deve animar a fé e a existência dos fiéis leigos e, consequentemente, também, a sua atividade política vivida com caridade social. A caridade, portanto, é o princípio não só das relações pessoais, mas também das relações sociais, econômicas e políticas. A verdadeira caridade é também ofertar um coração capaz de escutar o outro. A Igreja samaritana, sinal da caridade de Cristo vai além das aparências. QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO E DA DESCOBERTA DA TERNURA O caminho da conversão quaresmal convida à promoção do diálogo entre irmãos que, fraternalmente, também é estabelecido pelo encontro. Tudo isso só se torna possível se
  • 9. abraçarmos a ternura que o Filho de Deus trouxe para a humanidade em sua encarnação. Cristo, verbo de Deus encarnado, nos convida a participar da revolução da ternura. A ternura é, sem dúvida, o modo privilegiado de traduzir para os nossos tempos o afeto que Jesus sente por nós. A ternura revela o rosto paterno/materno do Deus apaixonado pelo ser humano. Quando a pessoa sente o amor/ternura divino é estimulado a também amar e cuidar. Somente com a ternura é que os discípulos missionários de Jesus podem reacender a chama da vida. Portanto, não é possível falar de cuidado pastoral sem falar da ternura. Atenção:Não existe receita pronta para a ternura. Existe a surpresa divina que se dá através do coração aberto ao dom do Espírito, que impulsiona o anunciador da Boa Nova à loucura do amor pela Palavra. São Paulo traduz esta realidade dizendo: “Agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação” (1 Coríntios 1,21). E continua São Paulo refletindo sobre a loucura do amor divino que existe no coração dos que pregam com ternura a Palavra de Deus: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios 2,14). Para as pessoas “carnais” – materialistas, com os olhos voltados só para si mesmas -, a atitude da ternura num mundo marcado pela violência e a indiferença diante do sofrimento alheio é visto como loucura. Mas é justamente esta louca e divina ternura que impulsiona a Igreja a sair, caminhar pelas periferias existenciais, não se importando em sujar os pés com as poeiras do mundo. Mesmo diante de tantos desafios jamais poderá perder a ternura. Em um mundo que despreza, passando adiante sem se importar com o sofrimento do próximo – o profetismo cristão se faz presente pelo cuidado envolvido pela ternura. Quem viveu com intensidade a ternura foi Santa Dulce dos Pobres, que pulsava a ternura divina em seu coração e se compadecia com a dor do rosto de Deus no rosto humano. Ela não escolhia quem iria ajudar. A ternura faz isso: nos torna abertos a aceitar os outros. Para viver a dimensão da gratuidade da ternura, precisamos de Deus, que é a fonte de todo bem e de toda ternura. ECOLOGIA INTEGRAL A mesma ternura necessária na relação dos cristãos com as pessoas deve existir deles também para com a natureza. O compromisso para superar problemas como a fome, o desconforto social e econômico, degradação do ecossistema e cultura do desperdício, requer uma renovada visão ética, que saiba colocar no centro as pessoas, com o objetivo de não deixar ninguém à margem da vida. É somente o olhar da ternura que pode enxergar as pessoas e a natureza. A ecologia integral, pois, não visa somente preservar o meio ambiente e nem tampouco o bem estar das pessoas isoladas da natureza. A ecologia integral insere o ser humano na natureza e esta no mundo social dos humanos, despertando a consciência de que afetar um é também ferir o outro. Por isso a consciência para uma ecologia integral é tanto um chamado como um dever para toda a humanidade, independente da religião, pois todos os seres humanos dependem desta consciência da ecologia integral para continuar a viver na nossa Casa Comum, a terra. Este é o grande desafio da humanidade: ser mais solidários como irmãos e irmãs onde todos, fraternalmente, assumem a responsabilidade compartilhada pela Casa Comum. É preciso observar a natureza e visualizar a beleza da criação. Quando assim agimos, podemos repetir as palavras de São Francisco, transcritas pelo Papa Francisco na Encíclica “Laudato Si”: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, mãe terra, que nos sustenta e nos governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras” (LS, n1). O DESAFIO DO SENTIDO Qual o sentido e a finalidade da vida, especialmente da vida humana? De onde provêm os inúmeros sofrimentos? Como alcançar a almejada felicidade? Como promover a paz de modo definitivo? Responder a estas perguntas e conhecer/redescobrir o sentido da vida traduzindo esse conhecimento em atitudes mediadoras e adequadas ao nosso tempo é um dos maiores desafios dos dias atuais.
  • 10. Cristo esclarece o enigma da vida humana e nos aponta respostas. Aprendemos com Cristo que a finalidade da vida humana é o serviço para a construção do Reino de Deus onde a justiça misericordiosa do amor torna plena a verdadeira felicidade. Chegamos a ser plenamente humanos quando permitimos que Cristo nos conduza para além de nós mesmos, a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro, que é sermos fazedores e distribuidores da Justiça do Reino. Ao anunciar Jesus Cristo, que é a justiça e a paz em pessoa (Efésios 2,14; 6,15) a nova evangelização incentiva todo batizado a ser instrumento de pacificação e testemunha de uma vida reconciliada, base de toda felicidade. O rompimento com as fontes do sofrimento exige romper com ideias que propõem projetos de poucos para poucos. É preciso despertar toda a sociedade para um verdadeiro pacto – um acordo para viver juntos – de forma que todo ser humano tenha vida e vida em abundância (João 10,10). 3ª PARTE: Viu, sentiu compaixão, e cuidou dele (Lucas 10,33-34) CUIDAR DE JESUS: disposição em servir O ser humano, que recebe o carinho divino e que é chamado ao cultivo da criação, é também convocado a cuidar com divino carinho da vida em todas as suas formas e expressões (Salmo 8,4s). A pessoa que recebe verdadeiramente o carinho divino sente que somos todos irmãos, independente da etnia, posição social ou nacionalidade. Por isso o agir de todo discípulo missionário tem por objetivo resgatar o sentido do viver no horizonte da fé cristã, proclamando a beleza da vida. A VIDA CRISTÃ É ESSENCIALMENTE SAMARITANA Temos que ter consciência que a vida é essencialmente samaritana: traz no seu sentido mais radical o cuidado pelo outro. Agir como bom samaritano supõe um novo aprendizado obtido pela conversão provocada por Jesus e sua Boa Nova. Só em e por Jesus Cristo aprendemos a cuidar e sermos cuidados. É a conversão que nos faz escolher a bacia de Jesus e não a de Pilatos. A bacia diante de Pilatos, ele a usou para lavar as mãos, ou seja, tornar-se indiferente à dor do outro. A bacia diante de Jesus, ele a usou para lavar os pés dos discípulos, sinal de cuidado e compromisso com o serviço. Redescobrindo as águas do batismo nas águas da bacia do lava-pés, todos os discípulos missionários – a Igreja toda – se colocam em saída para servir àqueles que necessitam da sua ação generosa, envolvida pela ternura, sempre amparada na justiça misericordiosa. Não podemos dizer que amamos a Deus se não vemos o outro que sofre. (1 João 4,19-20). Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Naquele que é a vida, encontramos o caminho do sentido para o nosso viver. O caminho deve ser percorrido em comunhão com a comunidade, pois o próprio Cristo diz que onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome, ali ele estará (Mateus 8,20). A verdade é o amor gratuito experimentado neste caminho, amor que transforma a realidade da dor em paz plenificada pela ternura divina geradora da vida plena para todo ser humano. Não há outro jeito de ser discípulo seguidor de Cristo sem que a pessoa se torne missionária do amor que promove a solidariedade com os sofredores, lembrando que, a ausência do sentido da vida, é fonte de grande sofrimento. Para viver organizadamente este amor repleto de ternura, a CNBB une todas as dioceses brasileiras em um caminho de dedicação e amor ao próximo através das propostas da CF 2020: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (João 10,10). UM COMPROMISSO COM A VIDA O amor às pessoas favorece o encontro da plenitude com Deus. Fechar os olhos diante do próximo nos torna cegos também diante de Deus. Por isso, o missionário só anuncia a Boa Nova se procura fazer o bem ao próximo, desejando a felicidade de todos: há mais felicidade em dar do que em receber (Atos dos Apóstolos 20,35); UM COMPROMISSO PESSOAL As mudanças que queremos para o mundo só serão reais se começarem em nós, a partir de nós, afetando positivamente o ambiente em que vivemos. Podemos sentir esta ação como algo difícil, às vezes até cansativa. Mas somos chamados sempre a sermos pessoas comparadas a jarras (cântaros) sempre dispostas a darem de beber a água da esperança pela vida através da
  • 11. fé. Às vezes o cântaro se transforma em uma pesada cruz. Mas foi precisamente na cruz que o Senhor Jesus, trespassado, se entregou a nós como fonte de água viva. Nada, nenhuma situação ou desafio pode roubar a nossa esperança. Jamais! Santa Tereza de Calcutá nos indica o sentido e efeito do compromisso pessoal de cada cristão: “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no oceano. Mas o oceano seria menor se lhe faltasse uma gota”. Um pequeno gesto é capaz de fazer diferença em uma existência toda. Quando tais gestos nascem do coração configurado ao coração do Senhor da Vida, tornam-se capazes de conferir sentido e plenitude à existência. UMA RENOVAÇÃO FAMILIAR Para a renovação da vida familiar, é preciso realizar um itinerário catecumenal para a preparação do sacramento do matrimônio que contemple os temas da vida em família, Igualmente é importante criar programas de formação permanente nos grupos de reflexão em família voltados ao cuidado da vida em todas as suas etapas. É urgente dar suporte a casais recém-casados e motivar os cônjuges, com dificuldade para engravidar, para a graça da adoção. Outra realidade necessitada da ação evangelizadora é a família que enfrenta problemas com filhos adolescentes ou aquelas que precisam de ajuda para cuidar de pessoas necessitadas de carinho especial. Também há famílias que passaram por algum tipo de violência ou que perderam familiares nessa situação e que precisam da palavra terna da Igreja. Os dependentes químicos trazem severos transtornos para o ambiente familiar. Como agir em todas estas situações? Com humildade a comunidade cristã pode pedir ajuda às pastorais já existentes na diocese e que podem orientar. Mas nenhuma orientação seria válida sem a profunda fé no Ressuscitado. EM PEQUENAS COMUNIDADES MISSIONÁRIAS Diante do olhar individualista e indiferente, o olhar samaritano se faz realidade nas famílias cristãs que se unem em pequenas comunidades missionárias, oásis da justiça misericordiosa. Inseridas num mundo onde ninguém tem tempo para ninguém, pequenas comunidades missionárias devem ser o lugar do afeto, da ternura e do abraço, do encontro fraterno em torno da Palavra e da Eucaristia. A pequena comunidade missionária, desta forma, se torna o lugar da reconciliação, do perdão, lugar onde há pessoas que anunciam e constroem a sociedade envolvida na cultura da vida. A pequena comunidade missionária agindo em nome de Cristo, em comunhão plena com a Paróquia – Igreja que se faz plena na comunhão -, age guiada pela força do Espírito Santo. Por isso se envolve com os problemas da sua localidade, acompanha aqueles que necessitam do seu auxílio, frutificam o bem promovendo a cultura do amor, da ternura e da paz e por isso mesmo festeja – celebra – a sua ação como oferenda preciosa a Deus. JORNADA MUNDIAL DOS POBRES O Papa Francisco entre os dias 26 a 28 de março de 2020, na cidade de Assis (Itália), vai se reunir com jovens economistas e empresários de todo o mundo para refletir sobre uma nova economia baseada na fraternidade que garanta a justiça misericordiosa para os pobres. Depois deste encontro, serão iniciadas reflexões sobre as conclusões de Assis em todas as Dioceses. A Jornada Mundial dos Pobres acontecerá na semana que antecede a Festa de Cristo Rei de 2020. Por isso, a CF 2020 nos leva também a refletir sobre a vida, Dom e Compromisso com os olhos voltados para a Jornada Mundial dos Pobres. Em nosso tempo, esta reflexão também deverá destacar a triste e vergonhosa situação dos problemas que geram o fenômeno migratório composto de forma densa pelos refugiados. CONCLUSÃO Sem jamais perder a alegria do Evangelho, os cristãos são convidados a cultivar na oração e na fraternidade baseada no serviço misericordioso um olhar de esperança que irradie a luz da vitória da Ressurreição de Cristo. Com Jesus Ressuscitado a Igreja tem a certeza de que o amor terá a última palavra e vencerá todo tipo de mal. O Papa Francisco nos dá palavras que aconselham a vida cristã envolvida pela esperança:
  • 12. = Não podemos nos render à escuridão da desilusão, cansaço ou desesperança. O mundo caminha graças a homens e mulheres que abriram frestas nos muros, que construíram pontes, que sonharam e acreditaram, mesmo quando ao seu redor ouviam palavras desanimadoras ou críticas destrutivas. Onde quer que o cristão esteja, deve construir. = O cristão deve promover a paz em meio aos homens e mulheres e não ouvir a voz de quem espalha ódio e divisão. O cristão deve amar as pessoas, uma a uma, respeitando o caminho de todos. = O cristão deve sentir-se responsável pela vida de cada pessoa e por este mundo, a Terra, nossa Casa Comum. Que tenham sempre a coragem da verdade, porém, lembrando sempre que não são superiores a ninguém. Cristãos, cultivem ideais e nunca desanimem: se caiu, levante-se. Se a amargura tocar seu coração, procure na oração ser curado pela ternura de Deus. Nesta Campanha da Fraternidade 2020 somos convocados a ver, solidarizar e cuidar da vida que sofre. Caminhamos confiantes para um novo céu e uma nova terra. Esta confiança se torna ainda mais consistente quando voltamos nosso olhar para Maria, a Santíssima Mãe do Verbo Encarnado e Mãe da Esperança. A ela confiamos tudo o que somos e toda a CF 2020. ALGUMAS AÇÕES PROPOSTAS PELA CF 2020 MAIS OUSADIA NAS NOSSAS AÇÕES: 1. Redescobrir a beleza das pequenas comunidades 2. Ir além das reuniões de planejamento e avaliação e favorecer momentos de partilha da vida e experiências 3. Valorizar o protagonismo dos leigos (as) na ação paroquial ENVOLVER A VIDA NA TERNURA E NO CUIDADO  Valorizar datas importantes da sociedade na reflexão paroquial, tais como dia da mulher, do meio ambiente, etc.  Favorecer parcerias com comunidades escolares para o resgate dos valores humanos  Promover rodas de conversas sobre problemas da realidade local INICIAR PROCESSOS FUNDAMENTADOS NO EVANGELHO  Redescobrir a importância da liturgia como momento forte em que se experimenta o cuidado de Deus por nós  Promover a Iniciação à Vida Cristã (fundamentada na Bíblia)  Promover visitas missionárias em locais da paróquia desassistidas pastoralmente, expressando o cuidado da Igreja por todas as pessoas estejam onde estiverem NÃO PERDER A PAZ POR CAUSA DO JOIO 1. Tornar a comunidade verdadeira casa da acolhida 2. Redescobrir a esperança como força agregadora do sentido da vida. Que os leigos (as) não se omitam da participação social e política. FESTEJAR A VIDA 1. Não descuidar dos momentos importantes das pessoas (datas de aniversário, conquistas (casa e outros bens) 2. Promover ações que favoreçam a amizade entre os membros da comunidade através de passeios, confraternizações, mutirões, ações comunitárias caritativas, prática de esportes, etc. COLABORAÇÃO SOCIAL – acolher 1. Dar voz ativa aos pobres assistidos pela comunidade 2. Incentivar a Pastoral da Escuta COLABORAÇÃO SOCIAL – proteger 1. Acompanhar e dar suporte aos pais que esperam o nascimento dos filhos ou aqueles que os tem em situação de doenças específicas. 2. Criar um grupo que valorize a vida e previna o suicídio 3. Assumir compromisso com a justiça e a solidariedade 4. Cultivar a espiritualidade da abertura, acolhida, convivência, diálogo e respeito frente ao crescimento do conflito, intolerância, ódio 5. Criar espaços de defesa dos pobres 6. Propagar iniciativas em favor da paz social
  • 13. 7. Favorecer a acolhida em nossas comunidades daquele que é diferente por pertencer a uma tradição religiosa e cultural diferente da nossa PARA RELEMBRAR A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2019 CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2019 – TEMA: Fraternidade e Políticas Públicas LEMA: Serás libertado pelo direito e pela justiça (Isaías 1,27) PONTOS CENTRAIS DO TEXTO BASE INTRODUÇÃO Os que seguem a Jesus e o anunciam pela Palavra e pelo testemunho, formam a comunidade, a Igreja que é a presença do Reino de Deus na sociedade que busca fazê-la cada vez mais envolvida pelo direito e pela justiça. Um modo de sermos cristãos ativos na transformação da sociedade é ajudar na proposição, discussão e execução de Políticas Públicas para que as pessoas possam ser libertadas pelo direito e pela justiça. DESTAQUEè O que são Políticas Públicas, qual a sua importância e a nossa participação como cristãos nelas fazem parte da caminhada da nossa Campanha da Fraternidade deste ano. O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS: Política Pública é o cuidado do todo realizado pelo Governo ou pelo Estado. De Governo, porque ligado a um determinado executor (prefeito / governador / presidente da república), portanto é temporário. De Estado quando são ações permanentes, ligadas à Educação, à Saúde, à Segurança Pública, ao Saneamento Básico, à Ecologia e outros. Portanto, Políticas Públicas são aquelas ações discutidas, decididas, programadas e executadas em favor de todos os membros da sociedade. São ações do Governo ou do Estado. POR QUE A IGREJA QUER REFLETIR POLÍTICAS PÚBLICAS? As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) 2003/2006 lembra- nos que a Política é forma sublime de exercer a caridade. Portanto, as Políticas Públicas – como ação em favor da vida humana -, nos recordam que a nossa fé se traduz em atos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito. OBJETIVO GERAL DA CF (Campanha da Fraternidade) 2019: “Estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade”. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA CF 2019: (1) Conhecer como são formuladas e aplicadas as Políticas Públicas estabelecidas pelo Estado Brasileiro; (2) Exigir ética na formulação e na concretização das Políticas Públicas; (3) Despertar a consciência e incentivar a participação de todo cidadão na construção de Políticas Públicas em âmbito nacional, estadual e municipal; (4) Propor Políticas Públicas que assegurem os direitos sociais aos mais frágeis e vulneráveis; (5) Trabalhar para que as Políticas Públicas eficazes de governo se consolidem como políticas de Estado; (6) Promover a formação política dos membros de nossa Igreja, especialmente dos jovens, em vista do exercício da cidadania; (7) Suscitar cristãos católicos comprometidos na política como testemunho concreto da fé. IMPORTANTE: A Quaresma é um tempo favorável para os cristãos saírem da própria alienação existencial. A força do Evangelho desperta para a grandeza e para a profundidade da vida em Cristo. Graças à escuta da Palavra de Deus, somos levados a intuir a preciosidade da existência
  • 14. cristã e vivermos na liberdade e na verdade de sermos filhas e filhos de Deus. O tempo favorável é a possibilidade de nos deixarmos tomar pelo amor do Crucificado e pela transformação do Ressuscitado. A superação da alienação na graça da meditação da Palavra nos conduz pelos caminhos das obras de misericórdia. As obas de misericórdia são itinerários para uma vida plena, desviando- nos de uma vida alienada e da morte. Uma vida dinamizada pela força do Evangelho através das obras de misericórdia. Obras de misericórdia corporais e obras de misericórdia espirituais. “Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e nas irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados, visitados, as obras espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar. Por isso, as obras corporais e as obras espirituais nunca devem ser separadas. Com isso, é precisamente tocando no miserável, a carne de Jesus crucificado que o pecador pode receber, em dom, a consciência de ser ele próprio um pobre mendigo. Por essa estrada, também os “soberbos”, os “poderosos” e os “ricos”, de que fala o Magnificat, têm a possibilidade de se aperceberem que são, imerecidamente, amados pelo Crucificado, Morto e Ressuscitado também por eles. Na busca de conversão, de transformação, a Igreja no Brasil oferece no tempo da Quaresma às comunidades a realidade das Políticas Públicas como meditação. Aquelas ações discutidas, decididas, programadas e executadas para toda a sociedade brasileira. VER Políticas Públicas são ações e programas que são desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática os direitos que são previstos na Constituição Federal e em outras leis. Para saber mais sobre outras leis, acesse: http://www.todapolitica.com/politicas-publicas COMO ESTÃO AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL? Por ser um país de breves experiências democráticas, (não temos mais que 40 anos de democracia no Brasil), a trajetória histórica das Políticas Públicas brasileira ainda sofre com a descontinuidade e dependência da vontade do comandante político. Ou seja, a cada eleição no município, estado e país surgem dúvidas sobre se haverá ou não a continuidade das Políticas Públicas anteriormente desenvolvidas. Sem democracia e a participação popular (inclusive das Igrejas, não só a Católica), as Políticas Públicas tendem a refletir mais a força dos empresários (agentes do mercado), de um grupo político ou mesmo das próprias burocracias estatais. INTERFERÊNCIA POSITIVA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 NAS POLÍTICAS PÚBLICAS A Constituição de 1988 possibilitou a participação direta da sociedade na elaboração e implementação de Políticas Públicas através dos conselhos deliberativos, que foram propostos por leis complementares em quatro áreas: 1- Criança e Adolescente; 2- Saúde; 3- Assistência Social; 4- Educação. Porém, há três condicionantes impostas para o êxito das Políticas Públicas: 1- Orçamentos que devem ser elaborados para o bem público, e não para servir aos interesses de uns poucos ou do lucro daqueles que manipulam o mercado. 2- Financiamento das Políticas Públicas, que necessita de uma maior justiça no sistema de tributação. No Brasil, a população com renda mensal de até dois salários mínimos compromete cerca de 48% da renda no pagamento de impostos, taxas e contribuições. Para quem recebe mais de 30 salários mínimos mensais, a carga dos tributos equivale a 26% do rendimento. 3- Aplicação dos recursos arrecadados, que no Brasil a maior parte é aplicada para pagar rendimentos das pessoas que aplicam nos títulos da dívida pública. É assim que acontece a transferência dos 48% dos impostos dos mais pobres para os mais ricos. Poucos recursos sobram para a aplicação das Políticas Públicas, que beneficiariam os mais carentes. CONTRUÇÃO DAS VERDADEIRAS POLÍTICAS PÚBLICAS
  • 15. Ninguém, por mais capacitado que seja, pode elaborar sozinho uma proposta de Política Pública. Para se construir uma séria Política Pública, o ideal é ter uma base de dados que podem ser coletados por empresas especializadas para construir um diagnóstico. A partir deste diagnóstico, o poder público convoca uma audiência pública com a sociedade civil em fóruns, conselhos e outras formas de participação popular. O mais importante é levar em conta as pessoas que sofrem necessidades ou angústias provindas da realidade onde a implantação da Política Pública irá interferir para resgatar a dignidade dos envolvidos na problemática. CICLO DA CONSTRUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Há cinco etapas para a implementação de uma Política Pública 1. Identificação do problema. Todo problema público ou político é uma construção social. Por exemplo: queimadas, epidemias de determinadas doenças, desastres, violência e muitas outras situações. Na identificação do problema é que será determinado se ele será resolvido pelo Estado ou por outros segmentos sociais. 2. Formulação da Política Pública. É preciso identificar o problema e refletir sobre as diversas alternativas possíveis para resolvê-lo. É neste momento que entram as audiências públicas. Nestas audiências se discute sobre os custos, processos de avaliação, consequências, resultados a serem alcançados e quais as prioridades para a execução da Política Pública. 3. Tomada de decisões. Neste momento é preciso tomar uma decisão levando em consideração os diferentes meios e recursos a serem utilizados, quais prioridades devem ter maior ou menor atenção. 4. Implementação da Política Pública. Os cidadãos e os gestores políticos devem ter consciência de que a Política Pública tem um caráter técnico, mas também político. No caráter técnico é saber como fazer. No caráter político é ter vontade de fazer. Excluir o aspecto técnico ou o aspecto político é um grande erro que pode gerar resultados ruins, se não feito tecnicamente ou ficar parado sem a força da vontade política. 5. Avaliação e monitoramento da Política Pública. Um dos grandes equívocos na construção das Políticas Públicas é fazer avaliação apenas no final do processo. A avaliação pode ser interna, elaborada pela equipe da Política Pública. Também pode ser externa, elaborada por quem entende do assunto. Estas avaliações devem acontecer em cada uma das cinco partes do ciclo da implantação da Política Pública, principalmente para verificar se o problema foi resolvido ou se será necessária uma nova intervenção. O PAPEL DOS ATORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS ‘ As diferentes pessoas e organizações envolvidas no debate e na participação das políticas públicas são conhecidas como atores sociais. Eles podem ser indivíduos, grupos, movimentos sociais, partidos políticos, instituições religiosas, organizações públicas e privadas. Em uma sociedade interligada e complexa como a brasileira, não é possível conceber Políticas Públicas isoladas nas decisões dos Ministros do Estado, Presidente da República, Governadores de Estados, Prefeitos, Vereadores, etc. É preciso que existam secretarias no Município, no Estado ou na esfera Federal que ajam em vista de algum problema. Porém, para ser uma verdadeira Política Pública, é preciso que exista a motivação e aceitação da participação popular na elaboração e execução destas mesmas Políticas Públicas. DESTAQUES: É urgente estimular os jovens a adquirirem mais conhecimento sobre a elaboração das políticas públicas e sobre a participação nesse processo, assumindo seu papel na sociedade. Já existem ou deveriam existir nas cidades os Conselhos da Juventude que buscam defender os direitos dos jovens e acompanhar políticas públicas que favoreçam, principalmente, no que toca o acesso ao ensino superior e ao primeiro emprego. É urgente fortalecer a vida familiar. É preciso distinguir entre as Políticas Públicas que afetam a família e a política familiar que tem a família como alvo. Na maioria dos países latino- americanos não existe uma política familiar explícita, mas sim um conjunto de medidas, programas e projetos que as afetam direta ou indiretamente. Adotar uma política familiar é promover a redescoberta da família, especialmente pelo ângulo de sua relação com o Estado, dando origem às políticas voltadas a ela em seu conjunto. É lícito falar de uma política familiar à
  • 16. brasileira, buscando identificar os seus traços que, vão da mediação das intervenções sobre os indivíduos com impacto sobre a família ou diretamente sobre a família ou nela como um todo. IMPORTANTE: Na família é que se prepara a pessoa para viver com o outro, para cuidar do outro a ter presente as exigências das pessoas que nos são mais próximas. Sem esta experiência primeira, é difícil estarmos preparados para participar ativamente do processo de decisão na esfera social / coletiva no cuidado com o próximo. JULGAR ANTIGO TESTAMENTO A Sagrada Escritura utiliza no Antigo Testamento as palavras direito e justiça. O significado destas palavras vai para além da justiça estrita, no sentido de dar a cada pessoa o que lhe pertence, pois é uma justiça libertadora. Assim, a justiça obriga moralmente a se preocupar com os mais pobres dentre o povo, representados pela viúva, o órfão e o estrangeiro, para que haja o direito na sociedade instaurando o projeto de Deus no mundo. O PENTATEUCO E A LEGISLAÇÃO DO DIREITO E DA JUSTIÇA As tradições do Pentateuco favorecem o direito como instrumento útil para a construção de convivências mais igualitárias. O objetivo é que não exista nenhum pobre (Deuteronômio 15,4 – leia também Êxodo 22,24-26; Deuteronômio 23,20-21; Levítico 25,35-58;). A cultura religiosa proposta no Pentateuco é que a justiça é a maior autoridade do Estado. Semelhante, nos Estados democráticos atuais, as Constituições precisam exercer seu papel de nortear todos os poderes em sua atuação, motivando-os a estarem a serviço da sociedade e a favorecerem, sobretudo, que os mais necessitados tenham sua sobrevivência digna respeitada. OS PROFETAS E O ANÚNCIO DA JUSTIÇA A justiça não pode ser exercida levando em conta o mérito de quem a recebe. É a partir desta compreensão, da gratuidade da justiça, que os profetas fazem sérias advertências às lideranças do povo (leia Amós 5,21-25 e 8,4-8; Isaías 1,11-17; Jeremias 7,3-7 e 22,3). Os profetas nos indicam um modo de viver o espírito penitencial da Quaresma, ensinando que o jejum que o Senhor aprecia é romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, repartir o alimento com o faminto, dar abrigo aos que estão sem asilo (hoje os refugiados), vestir os maltrapilhos (Isaías 58,5-7). A SABEDORIA COMO EDUCADORA DA JUSTIÇA As Sagradas Escrituras do Antigo Testamento fazem ampla reflexão e insistem em convivências mais justas e amorosas (Salmo 1,1-3). NOVO TESTAMENTO JESUS E SEU EVANGELHO DO REINO DE DEUS Nos Evangelhos nós vemos como Jesus se interessa por cada situação humana que ele encontra, com uma confiança plena na ajuda do Pai. Os discípulos que vivem com Jesus, as multidões que o encontram, veem sua reação aos problemas mais diversos, como ele fala, como se comporta, principalmente veem nele a obra do Espírito Santo. Jesus age e ensina, começando sempre a partir de uma relação íntima com Deus Pai O COMBATE À FOME: Os Evangelistas narram seis vezes a multiplicação dos pães (Leia Mateus 14,13-21; 15,32-39; Marcos 6,30-44; 8.1-10; Lucas 9,10-17; João 6, 1-15). Fica visível que os autores dos quatro Evangelhos pensam em Jesus como multiplicador dos pães. Nestas narrativas, e de forma especial em Marcos 6,30-44, percebe-se Jesus cheio de compaixão pelos necessitados. Somente haverá iniciativa de Políticas Públicas se pessoas, movimentos sociais ou governos tiverem compaixão diante dos necessitados. O Papa Francisco lembra que não podemos dormir sossegados enquanto houver pessoas com fome no mundo. Já os Bispos do Brasil afirmam que existem alimentos para todos. A fome é consequência de um sistema que não distribui a renda, agravado com o desperdício. A ATENÇÃO A DOENTES, CRIANÇAS, MULHERES E TRABALHADORES
  • 17. DOENTES: Jesus indicou a postura do bom samaritano como modelo de compaixão e misericórdia anhte a quem precisa de cuidados especiais para suas feridas (Lucas 10, 30-37). Mais ainda: visitar os enfermos significa visitar o próprio Jesus (Mateus 25,36). CRIANÇAS: À época de Jesus as crianças viviam situação de vulnerabilidade, por isso ele diz que quem as acolher em sue nome é a ele próprio que estará acolhendo (Marcos 9,37; Mateus 18,5). Jesus as destaca como seres indefesos e dependentes, no sentido de indicar atenção que lhes cabe (Leia Marcos 10,13-16; Mateus 19,13-15). MULHERES: Mesmo inserido num contexto de uma sociedade marcada pela dominância do homem, Jesus incluiu mulheres no grupo dos seus seguidores (Lucas 8,1-3) e deu destaque à capacidade da mulher de amar muito (Lucas 7,47). Lembremos que são mulheres as primeiras testemunhas da sua ressurreição (João 20, 11-18; Lucas 4, 1-11). TRABALHADORES: Olhando para os trabalhadores mais pobres, justamente por não terem propriedade que lhes servissem como segurança, Jesus pensou em salários mais igualitários, exatamente como expressão da justiça diferenciada pertencente ao Reino dos céus (Leia Mateus 20,1-16). APRENDER COM JESUS A TER COMPAIXÃO DOS SOFREDORES Ser discípulo ou discípula de Jesus inclui a tarefa de compreender as dimensões sociais e políticas iluminadas pela Boa Nova anunciada pelo Mestre. Afinal, o Reino dos Céus é a presença da justiça (Mateus 6,33. João 15,12). O amor ao próximo deve ser praticado com renovado ardor missionário, sobretudo, àquele que mais se encontra ameaçado em sua sobrevivência, ora por ser faminto e ou doente, ora por ser trabalhador assalariado, ora por ser mulher, ora por ser criança, etc. É justamente esse o raciocínio e o modelo de comportamento que a fé cristã propõe, quando dialoga com a sociedade, a fim de enriquecer o debate de projetos e a eficácia das Políticas Públicas atuais OS PADRES DA IGREJA E O CUIDADO COM OS MAIS VULNERÁVEIS O período da Patrística (também chamado período dos PADRES –PAIS – DA IGREJA) vai dos Apóstolos até S. Isidoro de Sevilha (560-536) no Ocidente; e até a morte de S. João Damasceno (675-749), no Oriente, o gigante. Esses gigantes da fé católica ao longo desses sete séculos defenderam e formularam a fé, a liturgia, a catequese, a moral, a disciplina, os costumes e os dogmas cristãos; por isso são chamados de “Pais da Igreja” porque lhes traçaram o caminho. Os Padres da Igreja deixaram em seus escritos a preocupação e o cuidado com os pobres, com os doentes, como expressão do segmento de Jesus. Foi na compreensão do amor pelos pobres como liturgia que João Crisóstomo denunciou repetidas vezes aos cristãos das suas Igrejas o escândalo do Corpo de Cristo na mesa eucarística e de deixar morrer de fome os pobres nas portas das Igrejas. Os Santos Padres sempre lembraram em seus escritos que o cristão não pode prestar culto ao Senhor e, ao mesmo tempo, ignorar o irmão que está na necessidade. Deus não atende à oração daquele que não escuta o grito do pobre (Isaías 58,1-9 e Mateus 6,24). CONTRIBUIÇÃO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA A Doutrina Social da Igreja nasce das Sagradas Escrituras e da fé viva da Igreja. Ela se volta para a dignidade da pessoa humana, com especial atenção ao sofrimento dos pobres, que são presença de Cristo (Mateus 25,31ss). A Doutrina Social da Igreja não é uma teoria social, mas um olhar para o social a partir da fé cristã e motivar os discípulos e discípulas de Jesus a agirem na busca pelo direito e a justiça. Todos os cristãos, leigos e ministros ordenados, são chamados a preocuparem-se com a construção de um mundo melhor, onde haja vida e vida em abundância para todos (João 10,10). DESTAQUE: Nessa perspectiva prática interessa à Doutrina Social da Igreja olhar para a questão das Políticas Públicas a partir de três palavras que aparecem no OBJETIVO GERAL desta Campanha. Vamos repetir o objetivo geral desta Campanha, colocando em negrito as três palavras a serem olhadas: “Estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de
  • 18. Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade”. 1. PARTICIPAÇÃO A Doutrina Social da Igreja evidencia a necessidade de uma participação ativa e consciente dos cristãos leigos e leiga, assim como os ministros ordenados na vida da sociedade. É importante a participação da comunidade, uma vez que não é uma ação individual. A Doutrina Social da Igreja enfatiza a necessidade de um processo de discernimento comunitário, com auxílio do Espírito Santo. Este processo de discernimento inclui a comunhão com os Bispos, que também devem promover o diálogo com outras instituições, inclusive religiosas para que a participação ativa de todos despertem a consciência cidadã. 2-CIDADANIA O conceito de cidadania tem vários sentidos, pois para situá-lo pode se tomar uma perspectiva natural, como o lugar do nascimento, ou então jurídica, a partir da noção de direitos e deveres. DESTAQUE: Há a perspectiva da cidadania ético-teológica. Assim como Deus se encarnou na história humana, assim também o cristão é chamado a assumir a sua cidadania na história humana, participar de tudo o que é humano. Esta participação cidadã do cristão é que constrói um mundo mais humano. Por isso o cristão, tendo uma ativa participação e assumindo a sua cidadania deve agir no mundo da política, com claro destaque nas Políticas Públicas. É certo que alguns discípulos e discípulas missionários e missionárias de Jesus serão chamados a exercerem a sua vocação no mundo da política partidária. São João Paulo II afirmou que “todos e cada um tem o direito e o dever de participar da política, embora em diversidade de formas, níveis, funções e responsabilidades”. O Papa Bento XVI, no encontro das pastorais sociais em Portugal, em 2010, afirmou: “Na sua dimensão social e política, esta diaconia da caridade é própria dos leigos e leigas, chamados a promover organicamente o bem comum, a justiça e a configurar retamente a vida social. DESTAQUE: O Papa Francisco nos lembra que desenvolvemos a dimensão social de nossa vida quando nos configuramos como cidadãos responsáveis dentro de um povo, não como uma massa arrastada pelas forças dominantes. IMPORTANTE: A preocupação por um mundo melhor deve ser de todos os cristãos, incluindo religiosos (as), diáconos, padres e bispos. O pensamento social da Igreja é primariamente positivoe construtivo, orienta uma ação transformadora e, nesse sentido, não deixa de ser um sinal de esperança que brota do coração amoroso de Jesus Cristo. 3-BEM COMUM O Bem Comum é um dos princípios permanentes da Doutrina Social da Igreja, relacionado com outro fundamental, que é o da dignidade da pessoa humana. Hoje, infelizmente, observa-se a perda de direitos e conquistas sociais, resultado de uma economia que submete a política aos interesses do mercado, prejudicando o Bem Comum. DESTAQUE: O Papa Francisco relaciona o Bem Comum com a paz social. Diz ele que não haverá paz verdadeira enquanto não se atenderem a três reinvindicações sociais que são: A- Distribuição das riquezas; B- Inclusão social dos pobres; C- Respeito aos Direitos Humanos. IMPORTANTE: O Documento de Aparecida (n.403) diz que “nesta tarefa e com criatividade pastoral, devem-se elaborar ações concretas que tenham incidência nos Estados para a aprovação de políticas sociais e econômicas que atendam as várias necessidades da população e que conduzam para um desenvolvimento sustentável”. AGIR
  • 19. No seguimento de Jesus, somos enviados ao encontro dos irmãos e irmãs, especialmente no cuidado com os pobres. DESTAQUE: Somos enviados para sermos misericordiosos. Também, como cristãos, somos convidados a participar da discussão, elaboração e execução das Políticas Públicas. IMPORTANTE: Nosso agir missionário na busca das Políticas Públicas que atendam às necessidades dos irmãos fragilizados é verdadeira obra de misericórdia: “felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mateus 5,7). É preciso unir a fé e a vida e tornar a fé vivida no caminho proposto pelo Evangelho. DESTAQUE: Ao reconhecer que a fraternidade exige Políticas Públicas e que elas são condicionantes para se viver em fraternidade, a Igreja Católica, através desta Campanha, nos desafia a testemunhar a justiça participando efetivamente da política, quer seja defendendo, exigindo ou construindo Políticas Públicas que assegurem a vida e a dignidade das pessoas. IMPORTANTE: Fraternidade e Políticas Públicas exige participação cidadã de todos os cristãos na sociedade na busca do Bem Comum. Os Bispos pedem que as comunidades cristãs acolham as pessoas que testemunham a fé cristã na política partidária e que sejam motivadas a construir de forma participativa Políticas Públicas que ajudem na construção do Bem Comum. PISTAS DE AÇÃO PARTICIPAÇÃO 1- Promover a participação nas pastorais sociais da comunidade cristã 2- Estimular o uso dos serviços públicos e valorizar os profissionais que lá trabalham 3- Identificar ao redor da comunidade cristã as situações que denigrem a dignidade da vida humana e buscar soluções 4- Estimular pessoas idôneas a participarem do processo eleitoral para que ajam nos poderes legislativo ou executivo como verdadeiros discípulos missionários na construção de Políticas Públicas. É preciso romper a ideia de que política é coisa suja. IMPORTANTE: É preciso despertar a consciência de que a ação política é essencial para a transformação da sociedade 5- Portanto, é urgente incentivar e preparar cristãos leigos (as) à participação dos partidos políticos e serem candidatos ao legislativo ou ao executivo. 6- Mostrar aos membros das nossas comunidades e à população em geral que há várias formas de participação na política: A- Nos Conselhos Paritários das Políticas Públicas; B- Movimentos Sociais; C- Conselhos das Escolas; D- Coletas de assinaturas para projetos de lei de iniciativa popular; E- Combate à corrupção – Lei 9840/00 e da lei 135/2010 conhecida como lei da ficha limpa CIDADANIA 1- Promover cursos ou encontros de conscientização e formação política nas comunidades cristãs. 2- Participar das Políticas Públicas promovidas na cidade (conhecer as que existem e, se não existirem, exigir que elas se tornem realidade). 3- Exigir e reivindicar atendimento humanizado, acolhedor e de qualidade às pessoas que buscam os serviços públicos.
  • 20. 4- Estabelecer parcerias com a Defensoria Pública (Promotoria) para acompanhar e denunciar situações de irregularidades na condução da coisa pública. BEM COMUM 1- Conhecer as ações da Igreja para a promoção da vida humana 2- Divulgar estas ações e incentivar que elas não se restrinjam a indivíduos, mas tenham como alvo a família e a sociedade como um todo 3- Promover encontros que reflitam a realidade da cidade à luz do Evangelho para que, num discernimento comunitário se busquem ações efetivas para o incentivo ou implantação das Políticas Públicas 4- Incentivar a comunicação de diversas ações (intersetorialidade das ações: saúde, educação, desenvolvimento social, justiça, esporte, promoção de cursos para o emprego e a renda) para promoção, prevenção, proteção, tratamento, reabilitação e recuperação do bem estar, construindo uma sociedade justa e saudável. 5- Promover nos encontros dos setores familiares (pequenas comunidades) a reflexão sobre o que edifica uma sociedade justa e solidária, buscando estratégias de soluções efetivas, viáveis e adequadas ao bem comum. OUTRAS AÇÕES QUE ATENDEM AOS APELOS DO PAPA FRANCISCO 1. Ruas solidárias: a rua é um entre os vários espaços que podem ser bairro solidário, sítio solidário, paróquia solidária para a realização de atividades comuns, como mutirões de cidadania, gincanas para arrecadação de alimentos, bazares, atividades nas escolas, tudo visando o bem comum. 2. Visitas e realização de atividades em orfanatos ou abrigos de crianças. Adolescentes, asilos, presídios, hospitais. 3. Realizar círculos bíblicos sobre o tema das Políticas Públicas 4. Oração do Terço com intenções específicas às pessoas empobrecidas 5. Rodas de conversas entre as pastorais sobre as questões relacionadas às desigualdades sociais. 6. Mesas fraternas: realizar cafés da manhã, almoços ou jantares coletivos, contando com a solidariedade das comunidades locais para alimentar pessoas em situação de rua, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. QUEM SÃO OS SUJEITOS DESTINATÁRIOS DESTAS AÇÕES 1. Pessoas em situação de rua 2. Crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade 3. Povos quilombolas e comunidades indígenas 4. Trabalhadores sem teto 5. Mulheres e homens encarcerados e suas famílias 6. Pessoas com necessidades especiais 7. Enfermos e suas famílias 8. Vítimas de violência 9. Catadores de recicláveis 10. Pessoas que, de acordo com a realidade local, necessitam de solidariedade e ações de acolhimento e escuta e mobilização para efetivação dos direitos. 11. Comunidades e Paróquias que vivem dificuldades econômicas ou recursos humanos CONCLUSÃO A Campanha da Fraternidade 2019 é um convite para uma maior participação das pessoas na elaboração e na implementação de Políticas Públicas. A Participação nas Políticas Públicas na ótica da misericórdia torna-se caminho inspirador para a vida não só dos cristãos, mas de todas as pessoas de boa vontade. Jesus revelou a misericórdia plenamente por meio de suas palavras, gestos e obras. Jesus é o rosto da misericórdia. O Papa Francisco diz que: “É condição da nossa salvação, é lei
  • 21. fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida; é o caminho que une Deus e o ser humano”. Serás libertado pelo direito e pela justiça (Isaías 1,27), é o lema da Campanha da Fraternidade 2019. A justiça indica o caminho para propor e receber as Políticas Públicas. É direito de todos receber e dar educação, saúde, segurança e tudo mais que leve a uma vida digna: Para que todos tenham vida e vida em abundância (João 10,10). Nossa Senhora, Mãe de Jesus e nossa, nos acompanhe na caminhada quaresmal, despertando o cuidado dos irmãos e irmãs através das Políticas Públicas. Share this:  Twitter  Facebook  Visualizar Site Completo  Seguir 