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FEVEREIRO
2013
O BandeirantePulicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional S.Paulo
CarlosAugusto Ferreira Galvão (pg.5)
Josyanne Rita deArruda Franco ( pg.5)
Josef Tock ( pg.5)
Roberto Caetano Miraglia ( pg.3)
Suzana Grunspun ( pg.3)
Um conto real
VITAL BRAZIL
“Certa ocasião, após uma intrépida e venturosa subida
matinal da serra de Botucatu, um colono surgiu e se dirigiu
no inicio da tarde à casa do Dr. Vital Brazil. Vinha solicitar a
ele que o acompanhasse a cavalo a distante fazenda de seu
patrão. Era hábito normal e necessário aos médicos a
utilização do cavalo para que fossem atender os pacientes
das comunidades da cercania e as da zona rural, geralmente,
distantes do centro urbano. Portanto, o cavalo ou a charrete
era o meio de locomoção normal e rotineiro do médico que
cavalgando ou boleando se dirigia às casas da periferia ou
da extensa zona rural existente na época.”
Leia este relato de EVANILPIRES DE CAMPOS na pg.6
Navegando na eclusa de Barra Bonita
Já estão abertas as inscrições para a XII Jornada Médico-
Literária Paulista, agregada à Jornada da Sobrames
Nacional a se realizar no período de 26 a 29 de setembro
de 2013. Botucatu se prepara para acolher não somente os
colegas das diversas regionais, mas todos os interessados
em compartilhar um fim de semana de cultura e
descontração, em meio aos atrativos regionais dessa “cida-
de de bons ares”. Na programação do evento, além de
literatura da melhor qualidade, há um almoço à bordo do
navio “Cidade de Cuesta”, transpondo a eclusa de Barra
Bonita, no Rio Tietê. Não perca!
Veja regulamento na pg.7e inscreva-se hoje mesmo.
“Nem tudo se perde no tempo. Daí a sua gratidão.
Nem a morte, nem a diluição de nossa geração
nessa fila de doenças crônicas que, até então,
caminhava devagar, nem o apagar, até aqui, lento,
dos seus contornos, devolvendo sua imagem ao
esboço inicial, cada vez mais esmaecido. Nada
disso dissolveu a razão de viver e nem mesmo o
fogo imortal da paixão.”
Costa Rica
SERGIOPERAZZOescrevenapg.4
e mais nesta edição:
Nelson Jacintho ( pg.5)
2 O Bandeirante - Fevereiro 2013
Jornal O Bandeirante
ANO XXII - nº. 243 -
Fevereiro 2013
Publicação mensal da Sociedade
Brasileira de Médicos Escritores -
Regional do Estado de São Paulo
SOBRAMES-SP. Sede: RuaAlves
Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP
Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604
Editores: Josyanne Rita de Arruda Franco e Marcos Gimenes
Salun (MTb 20.405-SP)
Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto
(MTb 17.671-SP).
Redação e Correspondência: Rua Francisco Pereira
Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP 13201-100 –
Jundiaí – SP E-mail: josyannerita@gmail.com Tels.: (11) 4521-
6484 Celular (11) 99937-6342.
Colaboradores desta edição (textos literários): Carlos
Augusto Ferreira Galvão, Evanil Pires de Campos, Josef Tock,
Josyanne Rita de Arruda Franco; Nelson Jacintho, Roberto
Caetano Miraglia, Sérgio Perazzo e Suzana Grunspun. .
Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de
1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.
Diretoria - Gestão 2013/2014 - Presidente: Josyanne Rita
de Arruda Franco. Vice-Presidente: Carlos Augusto Ferreira
Galvão. Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo-
Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-
Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro:Aida
Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal
Efetivos:Hélio Begliomini, Luiz Jorge Ferreira e Marcos
Gimenes Salun. Conselho Fiscal Suplentes: José Jucovsky,
Rodolpho Civile e José Rodrigues Louzã.
.
Matérias assinadas são de responsabilidade de seus
autores e não representam, necessariamente, a opinião
da Sobrames-SP
Editores de O Bandeirante
Flerts Nebó - novembro a dezembro de 1992
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1993-1994
Carlos Luis Campana e Hélio Celso Ferraz Najar - 1995-1996
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1996-2000
Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun - 2001 a abril de 2009
Helio Begliomini - maio a dezembro de 2009
RobertoA.Aniche e CarlosAugusto F.Galvão - 2010
Josyanne R.A.Franco e CarlosAugusto F.Galvão - 2011-2012
Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun - janeiro 2013
Presidentes da Sobrames SP
1º. Flerts Nebó (1988-1990)
2º. Flerts Nebó (1990-1992)
3º. Helio Begliomini (1992-1994)
4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996)
5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)
6º. Walter Whitton Harris (1999-2000)
7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)
8º. Luiz Giovani (2003-2004)
9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)
10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006)
11º. Helio Begliomini (2007-2008)
12º. Helio Begliomini (2009-2010)
13º.Josyanne Rita deArruda Franco (2011-2012)
14º.Josyanne Rita de Arruda Franco (2013-2014)
Editores: Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun
Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto
Diagramação Marcos Gimenes Salun
Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica
Expediente Editorial
NESTADATAQUERIDA,
NOSSOSPARABÉNS!
Josyanne Rita deArruda Franco
21/02
HildetteRangelEnger
27/02
O ano finalmente começou depois de varrermos confete e serpentinas.
A Sobrames SP abraça mais uma vez o desafio de promover com
dedicação uma nova Jornada, que não é tarefa fácil: são minúcias e
detalhes necessários para que se ofereça o melhor! Realizaremos um
acontecimento surpreendente e inesquecível: a XII Jornada Médico-
Literária Paulista acontecerá em concomitância à VII Jornada Nacional
da Sobrames! Em setembro próximo, Botucatu receberá médicos
escritores das diversas regionais e a ilustríssima presença daAcademia
Brasileira de Médicos Escritores (Abrames). Oportunidade de
estreitarmos os laços que nos enredam na tessitura da afinidade com a
arte literária. Inscrevam-se e venham sonhar conosco em prosa e
poesia!
Josyanne Rita deArruda Franco
Médica Pediatra Presidente da Sobrames-SP
Prosa, poesia e muita
harmonia nas Pizzas Literárias
As Pizzas Literárias da
SOBRAMES-SP acontecem na
terceira quinta-feira de cada
mês, a partir das 19h00.
PIZZARIA BONDE PAULISTA
Rua Oscar Freire, 1597
Pinheiros - S.Paulo
O Bandeirante - Fevereiro 2013 3
Roberto Caetano Miraglia
Tim-tim
Suzana Grunspun
Que susto! Final de ano, e a seta do tempo me alcançou na curva da vida!
Que susto! O ciclo das estações nos pregam uma peça.
Cuidado, as marcas de Cronos são implacáveis!
Não quer saber se estamos com pressa ou se andamos vagarosamente.
Ri de quem perde tempo, será que se regozija de quem aproveita?
Prega-nos uma peça bem dada!
Tim-Tim!
Sonho de Carnaval
Numa linda noite de Carnaval
Tive um sonho que foge à razão
Sonhei que uma escola incrivelmente surreal
Fez do seu enredo uma grande confusão
Ao homenagear ilustres brasileiros
Demonstrou de história nada saber
Ao contrário dos compositores verdadeiros
Apresentavam uma letra de estarrecer
Começaram pelo Pai da Aviação
Que a Rui Barbosa intitularam com reverência
Sobrando para Santos Dumont a nomeação
De ilustre Mártir da Inconfidência
E Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes
A que nobre posto foi elevado?
Chamaram-no de Duque de Caxias por suas patentes
O herói mineiro tão aclamado
Os grandes músicos foram o destaque do dia
Iniciando com Carlos Gomes triunfal
Creditaram a ele e a Villa-Lobos a autoria
Da letra e música do Hino Nacional
Chiquinha Gonzaga também foi lembrada
Por Curitibanos, a batalha gigantesca
Enquanto Anita Garibaldi foi exaltada
Por ser autora da primeira marcha carnavalesca
Célebres escritores participaram da brincadeira
Sonhos, aventuras e contos de castelo
Quem escreveu Sinhá Moça foi Manuel Bandeira
E José de Alencar o Sítio do Pica Pau Amarelo
A Semana de Arte Moderna foi sem igual
Oswald era tido como irmão de Mário de Andrade
Di Cavalcanti se uniu a Tarsila do Amaral
Para pintar uma mulata brasileira de verdade
Para terminar esse sonho desvairado
Vi a bateria avançando na avenida
Ao som do batuque afinado
A apoteose estava bem definida
Sons, luzes, cores e alegria
A grande escola encantou
Apesar de ter sido uma grande fantasia
Ficou um vazio quando o desfile terminou
Desculpem a forma descabida
Pela inversão de valores e ignorância
Mas, se há algo para ser praticado na vida.
É o constante exercício da tolerância
No sonhar tudo é possível
Até fugir de suas razões
O subconsciente é acessível
Para desvendar as emoções
A comemoração foi exagerada
Fazendo minha cabeça rodopiar
Foi excesso de cerveja gelada
Que não me fazia parar de sonhar
Acordei na terça-feira, último dia de glória
A noite anterior havia sido fora do normal
Mesmo com os absurdos erros de história
Adorei o meu sonho maluco de Carnaval
4 O Bandeirante - Fevereiro 2013
Costa Rica
Sérgio Perazzo
O aborígene de terracota olha pela janela, cotovelos fincados nos joelhos, guardando
semelhança, com sua testa estreita, com o homem de Neandertal. Aseu lado, repousa no parapeito
uma dançarina da Birmânia, anéis em todos os dedos, os pés descalços, o esmalte brilhante
contornando a boca em coração, ressaltando toda a sorte de adereços de ouro puro, configurando
uma reverência que só se presta a uma deusa de beleza incomparável, transbordando erotismo e
fertilidade nos movimentos que se adivinham nos sinos minúsculos, envolvendo os dedos como
garras metálicas, e que se escondem dobrados
nas palmas das mãos em rápidos volteios
medidos com precisão oriental marcando
compassos.
Entre a coleção de corujas de olhos
arregalados de todas as cores e tamanhos, a
reprodução de um autorretrato da Frida Kahlo
com seu eterno buço e sua explosão de flores
mexicanas e o galo português de porcelana,
a miniatura de um barco pesqueiro no oceano
de madeira de lei da prateleira da sala, que
sobrevive ao convés escorregadio das muitas
tempestades noturnas, varrendo, com suas
ondas gigantescas, milhares de escamas que
sobraram da última limpeza de peixe fresco,
resto de entranhas, chapéus e capas
emborrachadas, uniforme das tormentas que,
em seu tom de amarelo berrante, localiza o
homem ao mar e o devolve com cordas e
boias ao conforto aquecido da cabine, a salvo dos monstros marinhos que assombram a escuridão
povoada de náufragos e esqueletos de piratas.
Tudo isso eu contemplo ao mesmo tempo, sentado numa poltrona de gorgorão cor de
azeitona, no bairro de São Pedro da cidade de São José da Costa Rica, que vou fotografando de
memória e revelando, como a roleiflex do Jobim, a sua enorme gratidão. Gracias a la vida que
nos ha dado tanto, embrulhada para presente pela musicalidade da Violeta Parra e pelas vozes
em dueto da Mercedes Sosa e da Elis, com toques afinadíssimos do Milton Nascimento.
Nem tudo se perde no tempo. Daí a sua gratidão. Nem a morte, nem a diluição de nossa
geração nessa fila de doenças crônicas que, até então, caminhava devagar, nem o apagar, até
aqui, lento, dos seus contornos, devolvendo sua imagem ao esboço inicial, cada vez mais
esmaecido. Nada disso dissolveu a razão de viver e nem mesmo o fogo imortal da paixão.
Gracias, gracias! Vão-se os anéis, ficam os dedos. Vão-se os suspensórios, ficam as calças
largas e folgadas, não mais apertando a cintura e asfixiando as impressões e sentimentos.
Tudo é transcendência. Tudo é ou parece ser uma certa mistura não tão homogênea de
ilusão e realidade, da qual conseguimos pinçar e sorver nem menos que a metade. A outra
metade, se o amor não preencheu, ficou vazia à toa esperando o calor do chimarrão
compartilhando o amargo do fim.
Tudo nesse fim de tarde, nesse ponto longínquo da América Central, é pura contemplação
do não ter o que fazer senão sorrir, senão chorar, pela inundação da paisagem que desloca o
passarinho, que parece suspenso ao acaso das asas que batem à procura de provisões dos meus
tormentos e esperanças. Para apaziguar a minha fome. Para voar comigo acima de nuvens
improváveis que jamais foram postas ali pelas mãos dos anjos. É só pintura. É só cenário. É só
realejo tocando lento.
O Bandeirante - Fevereiro 2013 5
Êta baiano arretado
(Uma Homenagem a Jorge Amado)
Nelson Jacintho
Bolhas ao vento
Josyanne Rita deArruda Franco
O tempo que enleva
Passou por aqui
Sem quaisquer reservas,
Acaso ou porvir.
E trouxe, brincando,
Com a chuva de ontem,
Seus arcos de cores
No azul horizonte...
O vento carrega
Areia e folhas
Deixando, na entrega,
Orvalho em bolhas
Que quase se expandem,
Mas jazem no chão
Da eterna saudade...
Amores desvãos!
Quisera que o tempo
Viesse até mim
Sem dor ou lamento,
Sem ventos do fim,
Soprando nos ares
A ingênua ilusão
Que não se desmancha
Em água e sabão!
Mestres
meus queridos mestres
jamais olvidarei os sábios ensinamentos.
Colegas,
estimados colegas,
jamais esquecerei seu companheirismo.
Se, algum dia,
sentires saudades,
as lembranças dos bancos escolares,
as interações entre a maturidade dos mestres
e a juventude dos acadêmicos,
far-se-ão sentir com imensa energia.
Eta baiano arretado
que andou mundo afora,
não teve dia nem hora
p´ra mostrar seu saber!
Foi solteiro, foi casado,
foi amante, foi amado
em seu nome e no prazer!
Deixou cedo a sua terra,
Foi p´ro Rio de Janeiro,
não encontrou o dinheiro,
mas a vontade de crescer!
Escreveu poesia e prosa,
criou história engenhosa
para o mundo todo ler!
Sua fama correu solta!
Levou p´ra muitos países
de sua escrita os matizes
do seu modo de escrever!
Nasceu cidadão baiano,
foi carioca, foi paulista,
não parou sua conquista,
no Amazonas foi morar!
Depois, partiu para o mundo,
foi p´ro Uruguai e Argentina,
não deteve a sua sina,
quis o mundo conquistar!
Seus livros correm o mundo
levando sua mensagem,
como se ele em viagem,
estivesse ali presente!
Vai o homem, fica o mito
não se esquece o que foi dito
pelo gênio onipresente!
Que bom ver vocês juntos
afora a vida, afora a noite,
afora as vírgulas, afora os pontos,
afora o tempo batendo feito acoite.
É muito bom ver vocês juntos
pois sobra o Lar, sobram momentos,
sobram filhos, nem sempre tormentos
pois foram feitos com amores sedentos.
Se, algum dia,
olhares o horizonte
e vendo o tempo decorrido
talvez derrames algumas lágrimas,
das lembranças de um passado
realizado com amor, esforço e perseverança.
Se os olhos estiverem cansados,
a alegria e o júbilo do reencontro
adentrarão em nossas almas
e renovaremos a energia perdida.
Oremos nesse instante
pela geração vindoura.
Depositemos a esperança no futuro,
ainda inominado.
A medicina é hoje um campo aberto,
o horizonte tão próximo
e tão distante do nosso olhar.
Oremos queridos mestres e colegas.
Poema para um casal
CarlosAugusto Ferreira Galvão
Josef Tock
Oração aos meus
mestres e colegas
6 O Bandeirante - Fevereiro 2013
Vital Brazil: um conto real
Evanil Pires de Campos
Em 1895 Dr. Vital Brazil se instalou em Botucatu a
convite da colônia presbiteriana que nessa ocasião,
florescia e, consequentemente era pujante e
desenvolvida. O núcleo construíra a igreja presbiteriana,
mercê dos esforços de Domingos Soares de Barros e do
reverendo Lane o qual, também iniciara em São Paulo, a
fundação do Mackenzie.
Na sadia intenção de criar e inovar os dois
progressistas e visionários amigos,
unidos e esperançosos houve por bem
modificar a assistência médica ao
trazer à crescente e a progressiva
Botucatu, o irmão de fé, o sonhador,
Dr. Vital Brazil. Sua clinica era de
Senhoras e de Crianças e, além disso,
amava conhecer e desvendar a ação
do veneno das cobras peçonhentas:
crotálica e botrópicas responsáveis,
por mera coincidência, pelos acidentes
humanos frequentes nesta região.
Recebia, com bastante frequência no
consultório, pacientes picados por
cobras peçonhentas ou se dirigia às
propriedades rurais a cavalo para
atendê-los ou socorrê-los nos casos
graves ou urgentes de difícil
locomoção à cidade.
Em geral, as peçonhas eram, por
ele, adquiridas por valor simbólico ou
ganhava para estudá-las, coletando, analisando e
avaliando seus venenos. Após o isolamento os inoculava
em pombos ou animais do seu improvisado laboratório
no porão da casa que habitava contígua à Escola
Americana na qual lecionavam professoras de origem
estrangeira.
O edema local e as alterações vasculares habituais
nas botrópicas, enquanto que nas crotálicas, em geral,
cursam sem edema no local da picada, mas revelam
exuberantes alterações centrais sensoriais e, quando
atingem o bulbo cerebral determinam paralisia
respiratória levando à morte.
As diferenças dos quadros clínicos observados nas
picadas das botrópicas frente as da crotálica induziram-
no a inferir sobre a provável diferente atividade
imunológica mercê de sua percepção na senda da pesquisa
laboratorial.
Devido ao rápido crescimento de seu laboratório, por
precaução, devido à presença de alunos na escola
americana, transferiu-o para o amplo porão da Farmácia
situada à antiga Rua Riachuelo.
Suas pesquisas evoluíram e os resultados obtidos
incitaram-no às novas especulações e aos testes
laboratoriais diante dos venenos das peçonhas. Seu
estudo germinou quando em 1901 resolveu frutifica-la
no recém criado Instituto Butantan. Logo se instalou e
foi desvendar seu conceito de especificidade sorológica
dos venenos ensaiados até 19O8.
Em 19O9, as descreveu em sua dissertação “La
Défense contre L´Ophidisme” , a qual apresentou em
Paris em 1911. De volta ao período de vida em Botucatu
a clinica se consagrava entre os diferentes pacientes
presbíteros, católicos ou não os quais eram atendidos
com dedicação fraternal no consultório.
Os presbiterianos utilizavam uma bandeira, de cor
branca a fim de identificar a residência ou a propriedade
rural ao médico. Nesse tempo os conflitos religiosos
existiam e se mantinham entre eles e os católicos.
Infelizmente isso perturbava o
relacionamento do povo na
comunidade.
Certa ocasião, após uma intrépida
e venturosa subida matinal da serra de
Botucatu, um colono surgiu e se dirigiu
no inicio da tarde à casa do Dr. Vital
Brazil. Vinha solicitar a ele que o
acompanhasse a cavalo a distante
fazenda de seu patrão. Era hábito
normal e necessário aos médicos a
utilização do cavalo para que fossem
atender os pacientes das comunidades
da cercania e as da zona rural,
geralmente, distantes do centro
urbano.
Portanto, o cavalo ou a charrete era
o meio de locomoção normal e rotineiro
do médico que cavalgando ou boleando
se dirigia às casas da periferia ou da
extensa zona rural existente na época.
Essa propriedade se situava abaixo da serra, portanto
haveria uma longa viagem, de ida e, também de volta a
cavalo, até se chegar à sede, para que o médico pudesse
realizar e assistir o parto da esposa do patrão que
pertencia a uma família presbiteriana, Nogueira.
A descida íngreme da serra era árdua, difícil e
aventureira dessa maneira os cavalos deveriam estar
preparados para exaustiva viagem efetuada no trecho
da encosta. O experiente cavaleiro levou e conduziu,
cuidadosamente, o criterioso e devoto doutor em seu
dócil e treinado cavalo, até a casa sede.
Mas, o pai nervoso disse que a criança, ainda não
havia chorado. Certo e, possivelmente, estaria morta
pelo estranho e apreensível silencio mantido no leito logo
após a realização do parto caseiro.
O médico se dirigiu ao quarto do casal e a esposa
melancólica o aguardava na dúvida, impaciente, ansiosa
e apreensiva. No entanto, o doutor presente e postado à
frente do berço iniciou o exame físico aplicando adequada
e apropriada semiologia, no recém-nascido. Durante a
utilização e a realização das manobras propedêuticas ao
neonato; este de modo natural, automático e de maneira
reflexa soltou um choro forte e vigoroso.
Desse modo provocou na mãe algumas lágrimas
espinhosas, atônitas e, a seguir os pais felizes,
descontraídos e certos de que a criancinha estava viva
agradeceram, carinhosa e efusivamente, Dr. Vital Brazil.
O neonato se chamou Brazil Nogueira em homenagem ao
doutor. Saudável e longevo viveu mais de 95 anos. A sua
filha Arlete B. Nogueira narrou esse conto verdadeiro.
O Bandeirante - Fevereiro 2013 7
,
tam-
bém
XII JORNADA MÉDICO – LITERÁRIA DA SOBRAMES SP
VII JORNADA NACIONAL DA SOBRAMES
DATA: 26 de setembro a 29 de setembro de 2013
LOCAL: PRIMAR PLAZA HOTEL
Rua Dr. José FreireVillas Boas, 468
Botucatu - SP
INSCRIÇÕESABERTAS
Sua participação contempla:
* Três diárias no Primar Plaza Hotel.
* Refeições durante a Jornada (bebidas a parte).
* Coffee Break
* Transporte dentro da cidade
* Passeio Eclusa Barra Bonita com almoço a bordo.
* Sessões Literárias dinâmicas com apresentação dos trabalhos
inscritos.
* Intercâmbio cultural com aAcademia Botucatuense de Letras
e Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP).
* Um exemplar dosAnais da Jornada.
*Um exemplar da IXAntologia Paulista
* Certificado de participação
Passeios Opcionais:
-Três Pedras: conjunto de elevações rochosas que, vistas de
longe, assemelham-se a um “GiganteAdormecido”
- Museu do Café: preserva a memória da cultura cafeeira.
- Fazenda Lajeado: remonta ao período dos coronéis e dos
escravos.
Custo do Pacote: R$1.200,00 por pessoa (cada acompanhante
deverá se inscrever com taxa de idêntico valor)
Forma de Pagamento: cinco parcelas de R$ 240,00 (cheques
pré-datados para 30/04, 30/05, 30/06, 30/07 e 30/08 de 2013).
REGULAMENTODOCONCURSOLITERÁRIO
XII Jornada Médico-Literária Paulista - SOBRAMES SP
VII Jornada Nacional da SOBRAMES
I.CATEGORIAS: Sócio e Estudantes de Medicina
II.GÊNERO:Prosa e Poesia -Tema Livre.
Cada participante poderá se inscrever com dois textos, sendo
um de cada gênero ou os dois de mesma modalidade.
III.FORMATAÇÃO:
Microsoft Word, digitados em folha A4, frente única, fonte
Times New Roman, tamanho 12, espaço simples. Margens de
2,5cm.
Os textos deverão conter apenas título, categoria e pseudônimo
e não deverão ultrapassar 80 linhas (cerca de uma página e
meia), salvos em .doc
Não colocar seu nome verdadeiro para garantir imparcialidade
de avaliação.
IV.NORMASPARAENTREGA
O autor deverá enviar impreterivelmente até o dia 30 de junho:
a) Envelope A4 com seus textos em cinco cópias impressas (a
serem encaminhadas para a Comissão Julgadora)
b) Envelope menor com ficha de inscrição preenchida com os
dados do autor, lacrado, colocado dentro do envelope maior
que contém os trabalhos concorrentes.
c) cinco cheques pré-datados, nominais à SOBRAMES SP,
correspondentes à inscrição na Jornada.
d) Para enviarmos os trabalhos para a gráfica que confeccionará
os Anais, é necessário que os textos sejam gravados em CD e
remetidos com os itens acima ou, se houver preferência,
enviados via eletrônica para o e-mail da secretária da Sobrames
SP: marciaetelli@ig.com.br.
V.ENDEREÇOPARAREMESSACONVENCIONAL:
Márcia Etelli Coelho (Secretária da SOBRAMES SP)
Rua Borges Lagoa, 1246,Apto 91, Vila Clementino,
São Paulo – SP, CEP: 04038-003
Atenção: A revisão rigorosa dos textos ficará a cargo do autor
e, uma vez enviadas as cópias, não será possível promover
alterações.
VI.CONFIRMAÇÃO:
A aceitação definitiva dos textos será confirmada
apócumprimento dessas formalidades e do pagamento da taxa
de inscrição.
Solicite hoje mesmo sua ficha de inscrição e participe.
Vista aérea de Botucatu, que
receberá de braços abertos a
Jornada da Sobrames.
FATOS & OLHARES
Márcia Etelli Coelho
*Prêmio Flerts Nebó Melhor Prosa:
Entrega na Pizza Literária de Março
*Prêmio Bernardo de Oliveira Martins:
Entrega na Pizza Literária de Abril
*Sabatina Literária: Realização em Maio
*Homenagem a autores consagrados:
Pizza Literária de Julho
*Jubileu de Prata: “SOBRAMES-SP 25 ANOS”:
Pizza Literária de Setembro
*XII Jornada Médico-Literária Paulista e
Jornada Nacional da Sobrames:
dias 26, 27, 28 e 29 de setembro, em Botucatu-SP.
*Lançamento da 9a
Antologia Paulista: Jornada de Botucatu.
*Pizza Literária de Natal: dia 19 de dezembro.
“QUEM é QUEM” em nova versão ESCREVA E
DIVULGUE
Para garantir que seus textos literários
apresentados nas reuniões das Pizzas Literárias
participem dos concursos de prosa e verso da
Sobrames-SP, facilitar a sua publicação nas
edições do jornal “O Bandeirante” e como
consequência ser selecionado para publicação
no livro bi-anual “Antologia Paulista”, não se
esqueça de enviá-los por e-mail para um destes
endereços:
marciaetelli@ig.com.br
jlouza@uol.com.br
josyannerita@gmail.com
PIZZA LITERÁRIA DE FEVEREIRO
Finalmente os temporais deram uma trégua e a noite de 21 de
fevereiro tornou-se mais agradável através dos textos de tema
“Sampa, Uma História em Dez Linhas”. Destaque para a
comemoração do aniversário da presidente da Sobrames SP,
Josyanne Rita de Arruda Franco. Ela, que sempre recepciona os
sobramistas com mimos, dessa vez recebeu todo o nosso
sincero carinho. Parabéns.
SOBRAMISTA HOMENAGEADO
Nelson Jacintho será o escritor da terra homenageado na Feira Nacional do Livro
de Ribeirão Preto programada para junho de 2013. A escolha foi definida por
votação popular tendo Nelson Jacintho angariado 59 % dos votos.
Uma escolha justa pela sua capacidade empreendedora, além de excelente
produção literária.
LANÇAMENTO DE LIVRO
Helio Begliomini lançará o livro “7 de Março” na Academia de Medicina de São Paulo. O
livro, em parceria com os acadêmicos Affonso Renato Meira e Guido Arturo Palomba, é mais
uma contribuição para registros biográficos e históricos em que Hélio Begliomini é mestre.
Que tal este desafio?
Na foto ao lado, está uma linda e
pequena donzela, que aos dois anos
já era cheia de charme e
elegância. Hoje é uma grande
escritora da Sobrames. Você sabe
dizer quem é ela?
Resposta na edição de ABRIL.
(Participe, enviando para nossa redação
uma foto sua bem antiga).

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  • 1. 243243243243243 FEVEREIRO 2013 O BandeirantePulicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional S.Paulo CarlosAugusto Ferreira Galvão (pg.5) Josyanne Rita deArruda Franco ( pg.5) Josef Tock ( pg.5) Roberto Caetano Miraglia ( pg.3) Suzana Grunspun ( pg.3) Um conto real VITAL BRAZIL “Certa ocasião, após uma intrépida e venturosa subida matinal da serra de Botucatu, um colono surgiu e se dirigiu no inicio da tarde à casa do Dr. Vital Brazil. Vinha solicitar a ele que o acompanhasse a cavalo a distante fazenda de seu patrão. Era hábito normal e necessário aos médicos a utilização do cavalo para que fossem atender os pacientes das comunidades da cercania e as da zona rural, geralmente, distantes do centro urbano. Portanto, o cavalo ou a charrete era o meio de locomoção normal e rotineiro do médico que cavalgando ou boleando se dirigia às casas da periferia ou da extensa zona rural existente na época.” Leia este relato de EVANILPIRES DE CAMPOS na pg.6 Navegando na eclusa de Barra Bonita Já estão abertas as inscrições para a XII Jornada Médico- Literária Paulista, agregada à Jornada da Sobrames Nacional a se realizar no período de 26 a 29 de setembro de 2013. Botucatu se prepara para acolher não somente os colegas das diversas regionais, mas todos os interessados em compartilhar um fim de semana de cultura e descontração, em meio aos atrativos regionais dessa “cida- de de bons ares”. Na programação do evento, além de literatura da melhor qualidade, há um almoço à bordo do navio “Cidade de Cuesta”, transpondo a eclusa de Barra Bonita, no Rio Tietê. Não perca! Veja regulamento na pg.7e inscreva-se hoje mesmo. “Nem tudo se perde no tempo. Daí a sua gratidão. Nem a morte, nem a diluição de nossa geração nessa fila de doenças crônicas que, até então, caminhava devagar, nem o apagar, até aqui, lento, dos seus contornos, devolvendo sua imagem ao esboço inicial, cada vez mais esmaecido. Nada disso dissolveu a razão de viver e nem mesmo o fogo imortal da paixão.” Costa Rica SERGIOPERAZZOescrevenapg.4 e mais nesta edição: Nelson Jacintho ( pg.5)
  • 2. 2 O Bandeirante - Fevereiro 2013 Jornal O Bandeirante ANO XXII - nº. 243 - Fevereiro 2013 Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP. Sede: RuaAlves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editores: Josyanne Rita de Arruda Franco e Marcos Gimenes Salun (MTb 20.405-SP) Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671-SP). Redação e Correspondência: Rua Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP 13201-100 – Jundiaí – SP E-mail: josyannerita@gmail.com Tels.: (11) 4521- 6484 Celular (11) 99937-6342. Colaboradores desta edição (textos literários): Carlos Augusto Ferreira Galvão, Evanil Pires de Campos, Josef Tock, Josyanne Rita de Arruda Franco; Nelson Jacintho, Roberto Caetano Miraglia, Sérgio Perazzo e Suzana Grunspun. . Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de 1.000 exemplares PDF enviados por e-mail. Diretoria - Gestão 2013/2014 - Presidente: Josyanne Rita de Arruda Franco. Vice-Presidente: Carlos Augusto Ferreira Galvão. Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo- Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro- Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro:Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos:Hélio Begliomini, Luiz Jorge Ferreira e Marcos Gimenes Salun. Conselho Fiscal Suplentes: José Jucovsky, Rodolpho Civile e José Rodrigues Louzã. . Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião da Sobrames-SP Editores de O Bandeirante Flerts Nebó - novembro a dezembro de 1992 Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1993-1994 Carlos Luis Campana e Hélio Celso Ferraz Najar - 1995-1996 Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1996-2000 Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun - 2001 a abril de 2009 Helio Begliomini - maio a dezembro de 2009 RobertoA.Aniche e CarlosAugusto F.Galvão - 2010 Josyanne R.A.Franco e CarlosAugusto F.Galvão - 2011-2012 Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun - janeiro 2013 Presidentes da Sobrames SP 1º. Flerts Nebó (1988-1990) 2º. Flerts Nebó (1990-1992) 3º. Helio Begliomini (1992-1994) 4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996) 5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998) 6º. Walter Whitton Harris (1999-2000) 7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002) 8º. Luiz Giovani (2003-2004) 9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005) 10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006) 11º. Helio Begliomini (2007-2008) 12º. Helio Begliomini (2009-2010) 13º.Josyanne Rita deArruda Franco (2011-2012) 14º.Josyanne Rita de Arruda Franco (2013-2014) Editores: Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto Diagramação Marcos Gimenes Salun Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica Expediente Editorial NESTADATAQUERIDA, NOSSOSPARABÉNS! Josyanne Rita deArruda Franco 21/02 HildetteRangelEnger 27/02 O ano finalmente começou depois de varrermos confete e serpentinas. A Sobrames SP abraça mais uma vez o desafio de promover com dedicação uma nova Jornada, que não é tarefa fácil: são minúcias e detalhes necessários para que se ofereça o melhor! Realizaremos um acontecimento surpreendente e inesquecível: a XII Jornada Médico- Literária Paulista acontecerá em concomitância à VII Jornada Nacional da Sobrames! Em setembro próximo, Botucatu receberá médicos escritores das diversas regionais e a ilustríssima presença daAcademia Brasileira de Médicos Escritores (Abrames). Oportunidade de estreitarmos os laços que nos enredam na tessitura da afinidade com a arte literária. Inscrevam-se e venham sonhar conosco em prosa e poesia! Josyanne Rita deArruda Franco Médica Pediatra Presidente da Sobrames-SP Prosa, poesia e muita harmonia nas Pizzas Literárias As Pizzas Literárias da SOBRAMES-SP acontecem na terceira quinta-feira de cada mês, a partir das 19h00. PIZZARIA BONDE PAULISTA Rua Oscar Freire, 1597 Pinheiros - S.Paulo
  • 3. O Bandeirante - Fevereiro 2013 3 Roberto Caetano Miraglia Tim-tim Suzana Grunspun Que susto! Final de ano, e a seta do tempo me alcançou na curva da vida! Que susto! O ciclo das estações nos pregam uma peça. Cuidado, as marcas de Cronos são implacáveis! Não quer saber se estamos com pressa ou se andamos vagarosamente. Ri de quem perde tempo, será que se regozija de quem aproveita? Prega-nos uma peça bem dada! Tim-Tim! Sonho de Carnaval Numa linda noite de Carnaval Tive um sonho que foge à razão Sonhei que uma escola incrivelmente surreal Fez do seu enredo uma grande confusão Ao homenagear ilustres brasileiros Demonstrou de história nada saber Ao contrário dos compositores verdadeiros Apresentavam uma letra de estarrecer Começaram pelo Pai da Aviação Que a Rui Barbosa intitularam com reverência Sobrando para Santos Dumont a nomeação De ilustre Mártir da Inconfidência E Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes A que nobre posto foi elevado? Chamaram-no de Duque de Caxias por suas patentes O herói mineiro tão aclamado Os grandes músicos foram o destaque do dia Iniciando com Carlos Gomes triunfal Creditaram a ele e a Villa-Lobos a autoria Da letra e música do Hino Nacional Chiquinha Gonzaga também foi lembrada Por Curitibanos, a batalha gigantesca Enquanto Anita Garibaldi foi exaltada Por ser autora da primeira marcha carnavalesca Célebres escritores participaram da brincadeira Sonhos, aventuras e contos de castelo Quem escreveu Sinhá Moça foi Manuel Bandeira E José de Alencar o Sítio do Pica Pau Amarelo A Semana de Arte Moderna foi sem igual Oswald era tido como irmão de Mário de Andrade Di Cavalcanti se uniu a Tarsila do Amaral Para pintar uma mulata brasileira de verdade Para terminar esse sonho desvairado Vi a bateria avançando na avenida Ao som do batuque afinado A apoteose estava bem definida Sons, luzes, cores e alegria A grande escola encantou Apesar de ter sido uma grande fantasia Ficou um vazio quando o desfile terminou Desculpem a forma descabida Pela inversão de valores e ignorância Mas, se há algo para ser praticado na vida. É o constante exercício da tolerância No sonhar tudo é possível Até fugir de suas razões O subconsciente é acessível Para desvendar as emoções A comemoração foi exagerada Fazendo minha cabeça rodopiar Foi excesso de cerveja gelada Que não me fazia parar de sonhar Acordei na terça-feira, último dia de glória A noite anterior havia sido fora do normal Mesmo com os absurdos erros de história Adorei o meu sonho maluco de Carnaval
  • 4. 4 O Bandeirante - Fevereiro 2013 Costa Rica Sérgio Perazzo O aborígene de terracota olha pela janela, cotovelos fincados nos joelhos, guardando semelhança, com sua testa estreita, com o homem de Neandertal. Aseu lado, repousa no parapeito uma dançarina da Birmânia, anéis em todos os dedos, os pés descalços, o esmalte brilhante contornando a boca em coração, ressaltando toda a sorte de adereços de ouro puro, configurando uma reverência que só se presta a uma deusa de beleza incomparável, transbordando erotismo e fertilidade nos movimentos que se adivinham nos sinos minúsculos, envolvendo os dedos como garras metálicas, e que se escondem dobrados nas palmas das mãos em rápidos volteios medidos com precisão oriental marcando compassos. Entre a coleção de corujas de olhos arregalados de todas as cores e tamanhos, a reprodução de um autorretrato da Frida Kahlo com seu eterno buço e sua explosão de flores mexicanas e o galo português de porcelana, a miniatura de um barco pesqueiro no oceano de madeira de lei da prateleira da sala, que sobrevive ao convés escorregadio das muitas tempestades noturnas, varrendo, com suas ondas gigantescas, milhares de escamas que sobraram da última limpeza de peixe fresco, resto de entranhas, chapéus e capas emborrachadas, uniforme das tormentas que, em seu tom de amarelo berrante, localiza o homem ao mar e o devolve com cordas e boias ao conforto aquecido da cabine, a salvo dos monstros marinhos que assombram a escuridão povoada de náufragos e esqueletos de piratas. Tudo isso eu contemplo ao mesmo tempo, sentado numa poltrona de gorgorão cor de azeitona, no bairro de São Pedro da cidade de São José da Costa Rica, que vou fotografando de memória e revelando, como a roleiflex do Jobim, a sua enorme gratidão. Gracias a la vida que nos ha dado tanto, embrulhada para presente pela musicalidade da Violeta Parra e pelas vozes em dueto da Mercedes Sosa e da Elis, com toques afinadíssimos do Milton Nascimento. Nem tudo se perde no tempo. Daí a sua gratidão. Nem a morte, nem a diluição de nossa geração nessa fila de doenças crônicas que, até então, caminhava devagar, nem o apagar, até aqui, lento, dos seus contornos, devolvendo sua imagem ao esboço inicial, cada vez mais esmaecido. Nada disso dissolveu a razão de viver e nem mesmo o fogo imortal da paixão. Gracias, gracias! Vão-se os anéis, ficam os dedos. Vão-se os suspensórios, ficam as calças largas e folgadas, não mais apertando a cintura e asfixiando as impressões e sentimentos. Tudo é transcendência. Tudo é ou parece ser uma certa mistura não tão homogênea de ilusão e realidade, da qual conseguimos pinçar e sorver nem menos que a metade. A outra metade, se o amor não preencheu, ficou vazia à toa esperando o calor do chimarrão compartilhando o amargo do fim. Tudo nesse fim de tarde, nesse ponto longínquo da América Central, é pura contemplação do não ter o que fazer senão sorrir, senão chorar, pela inundação da paisagem que desloca o passarinho, que parece suspenso ao acaso das asas que batem à procura de provisões dos meus tormentos e esperanças. Para apaziguar a minha fome. Para voar comigo acima de nuvens improváveis que jamais foram postas ali pelas mãos dos anjos. É só pintura. É só cenário. É só realejo tocando lento.
  • 5. O Bandeirante - Fevereiro 2013 5 Êta baiano arretado (Uma Homenagem a Jorge Amado) Nelson Jacintho Bolhas ao vento Josyanne Rita deArruda Franco O tempo que enleva Passou por aqui Sem quaisquer reservas, Acaso ou porvir. E trouxe, brincando, Com a chuva de ontem, Seus arcos de cores No azul horizonte... O vento carrega Areia e folhas Deixando, na entrega, Orvalho em bolhas Que quase se expandem, Mas jazem no chão Da eterna saudade... Amores desvãos! Quisera que o tempo Viesse até mim Sem dor ou lamento, Sem ventos do fim, Soprando nos ares A ingênua ilusão Que não se desmancha Em água e sabão! Mestres meus queridos mestres jamais olvidarei os sábios ensinamentos. Colegas, estimados colegas, jamais esquecerei seu companheirismo. Se, algum dia, sentires saudades, as lembranças dos bancos escolares, as interações entre a maturidade dos mestres e a juventude dos acadêmicos, far-se-ão sentir com imensa energia. Eta baiano arretado que andou mundo afora, não teve dia nem hora p´ra mostrar seu saber! Foi solteiro, foi casado, foi amante, foi amado em seu nome e no prazer! Deixou cedo a sua terra, Foi p´ro Rio de Janeiro, não encontrou o dinheiro, mas a vontade de crescer! Escreveu poesia e prosa, criou história engenhosa para o mundo todo ler! Sua fama correu solta! Levou p´ra muitos países de sua escrita os matizes do seu modo de escrever! Nasceu cidadão baiano, foi carioca, foi paulista, não parou sua conquista, no Amazonas foi morar! Depois, partiu para o mundo, foi p´ro Uruguai e Argentina, não deteve a sua sina, quis o mundo conquistar! Seus livros correm o mundo levando sua mensagem, como se ele em viagem, estivesse ali presente! Vai o homem, fica o mito não se esquece o que foi dito pelo gênio onipresente! Que bom ver vocês juntos afora a vida, afora a noite, afora as vírgulas, afora os pontos, afora o tempo batendo feito acoite. É muito bom ver vocês juntos pois sobra o Lar, sobram momentos, sobram filhos, nem sempre tormentos pois foram feitos com amores sedentos. Se, algum dia, olhares o horizonte e vendo o tempo decorrido talvez derrames algumas lágrimas, das lembranças de um passado realizado com amor, esforço e perseverança. Se os olhos estiverem cansados, a alegria e o júbilo do reencontro adentrarão em nossas almas e renovaremos a energia perdida. Oremos nesse instante pela geração vindoura. Depositemos a esperança no futuro, ainda inominado. A medicina é hoje um campo aberto, o horizonte tão próximo e tão distante do nosso olhar. Oremos queridos mestres e colegas. Poema para um casal CarlosAugusto Ferreira Galvão Josef Tock Oração aos meus mestres e colegas
  • 6. 6 O Bandeirante - Fevereiro 2013 Vital Brazil: um conto real Evanil Pires de Campos Em 1895 Dr. Vital Brazil se instalou em Botucatu a convite da colônia presbiteriana que nessa ocasião, florescia e, consequentemente era pujante e desenvolvida. O núcleo construíra a igreja presbiteriana, mercê dos esforços de Domingos Soares de Barros e do reverendo Lane o qual, também iniciara em São Paulo, a fundação do Mackenzie. Na sadia intenção de criar e inovar os dois progressistas e visionários amigos, unidos e esperançosos houve por bem modificar a assistência médica ao trazer à crescente e a progressiva Botucatu, o irmão de fé, o sonhador, Dr. Vital Brazil. Sua clinica era de Senhoras e de Crianças e, além disso, amava conhecer e desvendar a ação do veneno das cobras peçonhentas: crotálica e botrópicas responsáveis, por mera coincidência, pelos acidentes humanos frequentes nesta região. Recebia, com bastante frequência no consultório, pacientes picados por cobras peçonhentas ou se dirigia às propriedades rurais a cavalo para atendê-los ou socorrê-los nos casos graves ou urgentes de difícil locomoção à cidade. Em geral, as peçonhas eram, por ele, adquiridas por valor simbólico ou ganhava para estudá-las, coletando, analisando e avaliando seus venenos. Após o isolamento os inoculava em pombos ou animais do seu improvisado laboratório no porão da casa que habitava contígua à Escola Americana na qual lecionavam professoras de origem estrangeira. O edema local e as alterações vasculares habituais nas botrópicas, enquanto que nas crotálicas, em geral, cursam sem edema no local da picada, mas revelam exuberantes alterações centrais sensoriais e, quando atingem o bulbo cerebral determinam paralisia respiratória levando à morte. As diferenças dos quadros clínicos observados nas picadas das botrópicas frente as da crotálica induziram- no a inferir sobre a provável diferente atividade imunológica mercê de sua percepção na senda da pesquisa laboratorial. Devido ao rápido crescimento de seu laboratório, por precaução, devido à presença de alunos na escola americana, transferiu-o para o amplo porão da Farmácia situada à antiga Rua Riachuelo. Suas pesquisas evoluíram e os resultados obtidos incitaram-no às novas especulações e aos testes laboratoriais diante dos venenos das peçonhas. Seu estudo germinou quando em 1901 resolveu frutifica-la no recém criado Instituto Butantan. Logo se instalou e foi desvendar seu conceito de especificidade sorológica dos venenos ensaiados até 19O8. Em 19O9, as descreveu em sua dissertação “La Défense contre L´Ophidisme” , a qual apresentou em Paris em 1911. De volta ao período de vida em Botucatu a clinica se consagrava entre os diferentes pacientes presbíteros, católicos ou não os quais eram atendidos com dedicação fraternal no consultório. Os presbiterianos utilizavam uma bandeira, de cor branca a fim de identificar a residência ou a propriedade rural ao médico. Nesse tempo os conflitos religiosos existiam e se mantinham entre eles e os católicos. Infelizmente isso perturbava o relacionamento do povo na comunidade. Certa ocasião, após uma intrépida e venturosa subida matinal da serra de Botucatu, um colono surgiu e se dirigiu no inicio da tarde à casa do Dr. Vital Brazil. Vinha solicitar a ele que o acompanhasse a cavalo a distante fazenda de seu patrão. Era hábito normal e necessário aos médicos a utilização do cavalo para que fossem atender os pacientes das comunidades da cercania e as da zona rural, geralmente, distantes do centro urbano. Portanto, o cavalo ou a charrete era o meio de locomoção normal e rotineiro do médico que cavalgando ou boleando se dirigia às casas da periferia ou da extensa zona rural existente na época. Essa propriedade se situava abaixo da serra, portanto haveria uma longa viagem, de ida e, também de volta a cavalo, até se chegar à sede, para que o médico pudesse realizar e assistir o parto da esposa do patrão que pertencia a uma família presbiteriana, Nogueira. A descida íngreme da serra era árdua, difícil e aventureira dessa maneira os cavalos deveriam estar preparados para exaustiva viagem efetuada no trecho da encosta. O experiente cavaleiro levou e conduziu, cuidadosamente, o criterioso e devoto doutor em seu dócil e treinado cavalo, até a casa sede. Mas, o pai nervoso disse que a criança, ainda não havia chorado. Certo e, possivelmente, estaria morta pelo estranho e apreensível silencio mantido no leito logo após a realização do parto caseiro. O médico se dirigiu ao quarto do casal e a esposa melancólica o aguardava na dúvida, impaciente, ansiosa e apreensiva. No entanto, o doutor presente e postado à frente do berço iniciou o exame físico aplicando adequada e apropriada semiologia, no recém-nascido. Durante a utilização e a realização das manobras propedêuticas ao neonato; este de modo natural, automático e de maneira reflexa soltou um choro forte e vigoroso. Desse modo provocou na mãe algumas lágrimas espinhosas, atônitas e, a seguir os pais felizes, descontraídos e certos de que a criancinha estava viva agradeceram, carinhosa e efusivamente, Dr. Vital Brazil. O neonato se chamou Brazil Nogueira em homenagem ao doutor. Saudável e longevo viveu mais de 95 anos. A sua filha Arlete B. Nogueira narrou esse conto verdadeiro.
  • 7. O Bandeirante - Fevereiro 2013 7 , tam- bém XII JORNADA MÉDICO – LITERÁRIA DA SOBRAMES SP VII JORNADA NACIONAL DA SOBRAMES DATA: 26 de setembro a 29 de setembro de 2013 LOCAL: PRIMAR PLAZA HOTEL Rua Dr. José FreireVillas Boas, 468 Botucatu - SP INSCRIÇÕESABERTAS Sua participação contempla: * Três diárias no Primar Plaza Hotel. * Refeições durante a Jornada (bebidas a parte). * Coffee Break * Transporte dentro da cidade * Passeio Eclusa Barra Bonita com almoço a bordo. * Sessões Literárias dinâmicas com apresentação dos trabalhos inscritos. * Intercâmbio cultural com aAcademia Botucatuense de Letras e Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP). * Um exemplar dosAnais da Jornada. *Um exemplar da IXAntologia Paulista * Certificado de participação Passeios Opcionais: -Três Pedras: conjunto de elevações rochosas que, vistas de longe, assemelham-se a um “GiganteAdormecido” - Museu do Café: preserva a memória da cultura cafeeira. - Fazenda Lajeado: remonta ao período dos coronéis e dos escravos. Custo do Pacote: R$1.200,00 por pessoa (cada acompanhante deverá se inscrever com taxa de idêntico valor) Forma de Pagamento: cinco parcelas de R$ 240,00 (cheques pré-datados para 30/04, 30/05, 30/06, 30/07 e 30/08 de 2013). REGULAMENTODOCONCURSOLITERÁRIO XII Jornada Médico-Literária Paulista - SOBRAMES SP VII Jornada Nacional da SOBRAMES I.CATEGORIAS: Sócio e Estudantes de Medicina II.GÊNERO:Prosa e Poesia -Tema Livre. Cada participante poderá se inscrever com dois textos, sendo um de cada gênero ou os dois de mesma modalidade. III.FORMATAÇÃO: Microsoft Word, digitados em folha A4, frente única, fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço simples. Margens de 2,5cm. Os textos deverão conter apenas título, categoria e pseudônimo e não deverão ultrapassar 80 linhas (cerca de uma página e meia), salvos em .doc Não colocar seu nome verdadeiro para garantir imparcialidade de avaliação. IV.NORMASPARAENTREGA O autor deverá enviar impreterivelmente até o dia 30 de junho: a) Envelope A4 com seus textos em cinco cópias impressas (a serem encaminhadas para a Comissão Julgadora) b) Envelope menor com ficha de inscrição preenchida com os dados do autor, lacrado, colocado dentro do envelope maior que contém os trabalhos concorrentes. c) cinco cheques pré-datados, nominais à SOBRAMES SP, correspondentes à inscrição na Jornada. d) Para enviarmos os trabalhos para a gráfica que confeccionará os Anais, é necessário que os textos sejam gravados em CD e remetidos com os itens acima ou, se houver preferência, enviados via eletrônica para o e-mail da secretária da Sobrames SP: marciaetelli@ig.com.br. V.ENDEREÇOPARAREMESSACONVENCIONAL: Márcia Etelli Coelho (Secretária da SOBRAMES SP) Rua Borges Lagoa, 1246,Apto 91, Vila Clementino, São Paulo – SP, CEP: 04038-003 Atenção: A revisão rigorosa dos textos ficará a cargo do autor e, uma vez enviadas as cópias, não será possível promover alterações. VI.CONFIRMAÇÃO: A aceitação definitiva dos textos será confirmada apócumprimento dessas formalidades e do pagamento da taxa de inscrição. Solicite hoje mesmo sua ficha de inscrição e participe. Vista aérea de Botucatu, que receberá de braços abertos a Jornada da Sobrames.
  • 8. FATOS & OLHARES Márcia Etelli Coelho *Prêmio Flerts Nebó Melhor Prosa: Entrega na Pizza Literária de Março *Prêmio Bernardo de Oliveira Martins: Entrega na Pizza Literária de Abril *Sabatina Literária: Realização em Maio *Homenagem a autores consagrados: Pizza Literária de Julho *Jubileu de Prata: “SOBRAMES-SP 25 ANOS”: Pizza Literária de Setembro *XII Jornada Médico-Literária Paulista e Jornada Nacional da Sobrames: dias 26, 27, 28 e 29 de setembro, em Botucatu-SP. *Lançamento da 9a Antologia Paulista: Jornada de Botucatu. *Pizza Literária de Natal: dia 19 de dezembro. “QUEM é QUEM” em nova versão ESCREVA E DIVULGUE Para garantir que seus textos literários apresentados nas reuniões das Pizzas Literárias participem dos concursos de prosa e verso da Sobrames-SP, facilitar a sua publicação nas edições do jornal “O Bandeirante” e como consequência ser selecionado para publicação no livro bi-anual “Antologia Paulista”, não se esqueça de enviá-los por e-mail para um destes endereços: marciaetelli@ig.com.br jlouza@uol.com.br josyannerita@gmail.com PIZZA LITERÁRIA DE FEVEREIRO Finalmente os temporais deram uma trégua e a noite de 21 de fevereiro tornou-se mais agradável através dos textos de tema “Sampa, Uma História em Dez Linhas”. Destaque para a comemoração do aniversário da presidente da Sobrames SP, Josyanne Rita de Arruda Franco. Ela, que sempre recepciona os sobramistas com mimos, dessa vez recebeu todo o nosso sincero carinho. Parabéns. SOBRAMISTA HOMENAGEADO Nelson Jacintho será o escritor da terra homenageado na Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto programada para junho de 2013. A escolha foi definida por votação popular tendo Nelson Jacintho angariado 59 % dos votos. Uma escolha justa pela sua capacidade empreendedora, além de excelente produção literária. LANÇAMENTO DE LIVRO Helio Begliomini lançará o livro “7 de Março” na Academia de Medicina de São Paulo. O livro, em parceria com os acadêmicos Affonso Renato Meira e Guido Arturo Palomba, é mais uma contribuição para registros biográficos e históricos em que Hélio Begliomini é mestre. Que tal este desafio? Na foto ao lado, está uma linda e pequena donzela, que aos dois anos já era cheia de charme e elegância. Hoje é uma grande escritora da Sobrames. Você sabe dizer quem é ela? Resposta na edição de ABRIL. (Participe, enviando para nossa redação uma foto sua bem antiga).