SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 31
TRATAMENTO PSÍQUICO
(TRATAMENTO ANÍMICO)
(1890)
Tratamento Anímico
• Psique é uma palavra grega que em tradução alemã significa “alma”.
• Portanto, tratamento psíquico seria tratamento anímico.
• Tratamento psíquico quer dizer, antes: tratamento que parte da alma, tratamento – de distúrbios
anímicos ou físicos – com meios que inicial e diretamente terão efeito sobre o anímico da pessoa.
Psicossomática
A relação entre o corporal e o anímico (tanto no animal
quanto no humano) é de efeito interativo, mas o outro lado
dessa relação, o efeito do anímico sobre o corpo, em tempos
mais antigos era tratado de forma impiedosa pelos médicos.
Essa direção unilateral da Medicina, voltada para o corporal,
na última década e meia experimentou gradativamente uma
mudança, que derivou diretamente da atividade médica.
Psicossomática
• Os sinais de sofrimento estão muito claramente sob a influência de excitações, oscilações de ânimo,
preocupações, etc., bem como que eles podem desaparecer e dar lugar à saúde plena, sem deixar
rastros, mesmo após uma longa duração.
• A pesquisa médica por fim chegou à conclusão de que essas pessoas não devem ser vistas e tratadas
como doentes dos olhos ou do estômago e assemelhados, mas que no caso delas deve se tratar de
uma afecção de todo o sistema nervoso.
Doença dos
Nervos
Chamaram-se esses estados de nervosismo
(neurastenia, histeria), sendo eles caracterizados como
meras afecções “funcionais” do sistema nervoso.
Aliás, também em muitas afecções nervosas mais
constantes e naquelas que só apresentam sinais de
doenças anímicas (as chamadas ideias obsessivas, ideias
delirantes, loucura) o exame detalhado do cérebro (após
a morte do doente) não trouxe resultados.
Coube aos médicos a tarefa de examinar a natureza e a
origem das manifestações da doença nesses doentes de
nervos [Nervösen] ou neuróticos.
Afetos
• Nesse contexto, então, descobriu-se que pelo menos em
uma parte desses doentes os sinais do sofrimento se
originavam nada mais, nada menos que de uma influência
modificada de sua vida anímica sobre o seu corpo, ou seja,
que a origem mais próxima do distúrbio deve ser procurada
no anímico.
• Em determinados estados anímicos que chamamos de
“afetos”, a participação do corpo é tão evidente e tão
grandiosa que alguns pesquisadores da alma chegaram a
acreditar que a essência dos afetos consistiria apenas
nessas suas manifestações físicas.
Fé x Tratamento
Anímico
Os leigos, que gostam de resumir tais
influências anímicas sob o nome de
“imaginação”, costumam ter pouco respeito
diante de dores causadas pela imaginação,
ao contrário daquelas causadas por
ferimento, doença ou inflamação.
Mas se trata de uma evidente injustiça; seja
qual for a origem das dores, até mesmo a
imaginação, as dores nem por isso são
menos reais ou menos intensas.
Fé x
Tratamento
Anímico
As verdadeiras curas milagrosas acontecem com crentes sob a
influência de eventos adequados para a intensificação dos
sentimentos religiosos.
Parece que não é fácil apenas para a fé religiosa, sozinha,
afastar a doença pelo caminho da expectativa, pois nas curas
milagrosas geralmente ainda há outros eventos em jogo.
Seria confortável, mas muito incorreto se simplesmente
negássemos a fé a essas curas milagrosas e quiséssemos
esclarecer os relatos a respeito através da junção de
enganação religiosa e observação imperfeita.
Por mais que muitas vezes essa tentativa de explicação possa
estar certa, ela não tem o poder de eliminar o fato das curas
milagrosas em si.
Tratamento
Anímico x
Tratamento
Médico
O efeito de todo remédio que o médico prescreve, de toda
intervenção que ele faz se compõe de duas partes.
Uma delas, às vezes maior, às vezes menor, mas nunca
totalmente desprezível, é representada pelo comportamento
anímico do doente.
A expectativa crédula com que ele vem de encontro à
influência da medida médica por um lado depende do tamanho
de sua própria ambição pela cura e, por outro, de sua
confiança de que tenha dado os passos certos para tanto.
Há médicos que têm a capacidade de ganhar a confiança dos
doentes mais desenvolvida que outros médicos; o doente
muitas vezes já sente o alívio quando vê o médico entrando na
sala.
Tratamento Anímico x Tratamento Médico
Os médicos desde sempre, já em tempos antigos, exerceram o tratamento
anímico, muito mais intensamente do que hoje.
Se por tratamento anímico entendermos o esforço de evocarmos no doente os
estados e condições anímicos mais favoráveis para a cura, então esse tipo de
tratamento médico é historicamente o mais antigo.
Dessa forma, a pessoa do médico, naquela época assim como hoje, era uma das
principais circunstâncias para atingir no doente o estado anímico favorável à
cura.
Talking Cure
• Agora começamos a entender também a “magia” da
palavra.
• Palavras, como sabemos, são os mais importantes
mediadores da influência que uma pessoa quer ter sobre a
outra; palavras são bons meios para provocar
transformações anímicas naquele a quem elas são dirigidas,
e por isso não soa mais estranho quando se afirma que a
magia da palavra pode afastar manifestações de doença,
ainda mais aquelas que se originam em estados anímicos.
• Todas as influências anímicas que se mostraram eficazes
para eliminar doenças têm algo de imponderável.
Hipnose
• Há muito tempo era de conhecimento geral, mas apenas nas últimas décadas
suspendeu-se toda e qualquer suspeita a respeito de que através de certas intervenções
suaves é possível levar pessoas a um estado anímico muito peculiar, bastante
semelhante ao sono, e por isso chamado de hipnose.
Hipnose
• Os procedimentos para chegar à hipnose, à primeira vista, não têm muito em comum.
• Pode-se hipnotizar alguém pedindo que a pessoa olhe fixamente para um objeto
brilhante durante alguns minutos, ou então colocando um relógio de bolso durante o
mesmo tempo junto ao ouvido da pessoa usada na experiência, ou ainda passando as
próprias mãos esticadas repetidas vezes a uma pequena distância sobre o rosto e os
membros da pessoa.
• Mas pode-se conseguir o mesmo anunciando com calma e de forma segura para a
pessoa que se quer hipnotizar o início do estado hipnótico e de suas peculiaridades, ou
seja, “convencendo-a através da fala”. Pode-se também unir os procedimentos.
Hipnose
• Um estado de doença absolutamente não faz parte das condições da hipnose; pessoas
normais, ao que parece, são facilmente hipnotizáveis, e uma parte dos nervosos é
especialmente difícil de hipnotizar, enquanto doentes mentais são totalmente
refratários.
• O estado hipnótico tem diversas gradações; em seu grau mais leve, o hipnotizado sente
apenas algo como uma leve anestesia, e o grau mais alto, caracterizado por
singularidades específicas, foi chamado de sonambulismo, devido à sua semelhança com
o andar durante o sono, observado como fenômeno natural.
Hipnose
• A hipnose presenteia o médico com uma autoridade que provavelmente um sacerdote
ou um curandeiro nunca tiveram, na medida em que reúne todo o interesse anímico do
hipnotizado na pessoa do médico.
• O médico coloca o paciente em estado de hipnose, aplica a sugestão de que ele não está
doente, modificada de acordo com as respectivas circunstâncias, e de que após acordar
não sentirá mais nenhum sinal de sofrimento, depois do que acordará o doente e ficará
na expectativa de que a sugestão fez a sua parte para sanar a doença.
• Esse procedimento teria de ser repetido em número suficiente, caso apenas uma sessão
não tenha resolvido.
Falhas da Hipnose
• É bom que o doente conheça essas falhas do método hipnótico de cura e as
possibilidades de se decepcionar na sua aplicação.
• O poder de cura da sugestão hipnótica é um fato, ele não precisa do louvor exacerbado.
• Por outro lado, é facilmente compreensível que os médicos a quem o tratamento
anímico hipnótico prometia muito mais do que podia cumprir não se cansem de buscar
outros procedimentos que possibilitem uma intervenção mais profunda ou menos
imprevisível na alma do doente.
MÉTODO PSICANALÍTICO
FREUDIANO (1904 [1905])
Método Catártico x Método Psicanalítico
• “O método peculiar de psicoterapia que Freud exerce e chama de Psicanálise tem
sua origem no chamado processo catártico, sobre o qual ele relatou à sua época
nos Estudos sobre histeria, em 1895, elaborados com J. Breuer.
• A terapia catártica foi uma invenção de Breuer, que com seu auxílio
primeiramente, de certa forma, fabricou uma doente histérica um decênio antes,
percebendo então a patogênese de seus sintomas.
• Devido a um encorajamento pessoal de Breuer, Freud então retomou o
procedimento e o experimentou em um número maior de doentes.
Hipnose
• O procedimento catártico pressupunha que o paciente fosse hipnotizável e fundava-se na ampliação da
consciência, que se instaura na hipnose.
• Ele tinha como objetivo o afastamento dos sintomas da doença, e alcançava essa meta fazendo com que os
pacientes regredissem até o estado psíquico em que o sintoma havia aparecido pela primeira vez.
• Então, no doente hipnotizado surgiam lembranças, pensamentos e impulsos que até então tinham ficado de
fora de sua consciência, e quando ele, sob intensas expressões dos afetos, tinha comunicado ao médico
esses seus processos anímicos, o sintoma tinha sido superado, e o retorno dele, suspenso.
• Essa experiência, repetida regularmente, foi explanada pelos dois autores em seu trabalho conjunto, no
sentido de que o sintoma estaria no lugar de processos psíquicos reprimidos e que não chegaram à
consciência, ou seja, seria uma transformação (conversão) da última.
Hipnose
• A eficácia terapêutica de seu procedimento era explicada por eles a
partir do escoamento do afeto que até então se encontrava
“comprimido” e que tinha estado colado às ações anímicas
reprimidas (ab-reação).
• O esquema simples da intervenção terapêutica, no entanto, começou
a se complicar quando ficou evidente que não era uma impressão
única (traumática), mas geralmente uma série dessas impressões,
difíceis de serem superadas, que participavam do surgimento do
sintoma.
Hipnose
• A característica principal do método catártico, que o coloca em
oposição a todos os outros procedimentos da psicoterapia, portanto,
consiste no fato de que nesse método a eficácia terapêutica não é
transferida para uma proibição sugestiva do médico.
• Ele espera, ao contrário, que os sintomas desapareçam por conta
própria, se a intervenção, que se baseia em determinados
pressupostos sobre o mecanismo psíquico, conseguir levar processos
anímicos por um percurso diferente do atual, que desembocou na
formação do sintoma.
Hipnose
• As mudanças que Freud fez no procedimento catártico de Breuer
inicialmente eram mudanças técnicas; mas estas precisavam de novos
resultados e acabaram, na sequência, por mostrar a premência de
uma concepção de um trabalho terapêutico de outro tipo, mas que
não contradizia a concepção anterior.
• Se o trabalho catártico já havia abdicado da sugestão, Freud, por sua
vez, deu um passo além e desistiu da hipnose.
Hipnose
• Atualmente, ele atende os seus doentes deixando que eles se
posicionem confortavelmente em um divã, sem qualquer outro tipo
de influenciamento, enquanto ele próprio, fora do escopo visual dos
pacientes, senta-se em uma cadeira atrás deles.
• Ele também não exige que fechem os olhos e evita qualquer contato e
todo procedimento que possa lembrar a hipnose. Portanto, uma
sessão assim transcorre como uma conversa entre duas pessoas
igualmente despertas, sendo que uma delas poupa todo e qualquer
esforço muscular, assim como toda impressão dos sentidos que possa
atrapalhar a concentração na sua própria atividade anímica.
Hipnose
• Uma vez que sabemos que toda forma de ser hipnotizado, por maior
que seja a habilidade do médico, está fundada na arbitrariedade do
paciente, e que um grande número de pessoas neuróticas não é
passível de ser hipnotizado por nenhum procedimento, foi recusando
a hipnose que se conseguiu garantir que o procedimento fosse
aplicável a uma quantidade ilimitada de doentes.
• Por outro lado, ficou de fora a ampliação da consciência que,
justamente, tinha fornecido ao médico aquele material psíquico de
lembranças e imaginações, com ajuda do qual era possível executar a
transposição dos sintomas e a libertação dos afetos.
Mudança de método
• Freud, então, encontrou um tal substituto plenamente
suficiente nas ocorrências dos doentes, isto é, naquelas
ocorrências involuntárias, geralmente sentidas como
pensamentos que atrapalham e que, por isso, sob
condições normais seriam afastados, pois costumavam
atravessar o contexto de uma apresentação
intencionada.
• Para se apoderar dessas ocorrências, ele convida os
doentes a falarem à vontade em suas comunicações,
‘como, por exemplo, em uma conversa na qual de um
assunto se passa a outro totalmente diferente’.
• Antes de convidá-los à narrativa detalhada do histórico de sua doença, ele
reforça a instrução de que eles lhe contem tudo que lhes vem à cabeça,
mesmo se acharem não ser importante, ou se acharem que aquilo não vem
ao caso, ou que não faz sentido.
• Mas com bastante ênfase exige deles que não excluam nenhum pensamento
ou nenhuma ocorrência da comunicação pelo fato de lhes parecer
vergonhoso ou embaraçoso.
• Já durante a narração do histórico da doença, os doentes evidenciam lacunas
nas lembranças, seja porque processos que de fato aconteceram foram
esquecidos, seja porque relações temporais tenham ficado confusas ou
porque relações causais tenham sido esfaceladas, de modo a resultarem daí
efeitos incompreensíveis.
• Sem amnésia de qualquer tipo não há histórico da doença neurótica.
• Se insistirmos com o narrador que preencha
essas lacunas da memória com um esforço de
atenção, perceberemos que as ocorrências que
surgem a partir daí são refreadas por ele com
todas as formas de crítica, até que, por fim, ele
sinta o mal-estar direto quando a lembrança
realmente aparece.
• A partir dessa experiência, Freud conclui que as
amnésias são resultado de um processo que ele
chama de recalque, e cujo motivo ele entende
serem as sensações de mal-estar.
• Ele julga sentir as forças psíquicas que trouxeram
à tona esse recalque na resistência que se ergue
contra o restabelecimento.
Fundamentos
• O momento da resistência acabou se tornando um dos fundamentos de
sua teoria.
• As ocorrências que até então eram colocadas de lado, sob inúmeros
pretextos (como citado na fórmula acima), porém, ele vê como derivados
das formações psíquicas recalcadas (pensamentos ou moções), como
deformações destas, devido à resistência que há contra a sua reprodução.
• Quanto maior a resistência, maior será essa deformação.
Técnica Psicanalítica
• A técnica da Psicanálise é muito mais fácil de exercer do que pode parecer
em uma descrição; por outro lado, nenhum outro caminho leva ao objetivo
e, por isso, o caminho mais trabalhoso ainda acaba sendo o mais curto.
• Pode-se objetar em relação à hipnose que ela encobre a resistência,
impedindo, assim, que o médico consiga vislumbrar o jogo das forças
psíquicas.
Diferença de métodos
• Podemos formular essa condição de outro modo: tornar todos os recalques
reversíveis; o estado psíquico, então, seria o mesmo que aquele em que todas
as amnésias foram preenchidas.
• Em outra formulação, ainda vamos além: tratar-se-ia de tornar o inconsciente
acessível ao consciente, o que ocorre através da superação das resistências.
• Mas não podemos esquecer aqui que um estado ideal como esse também não
existe em uma pessoa normal, e que só raras vezes conseguimos nos
aproximar minimamente desse ponto no tratamento.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a AULA 03 - Tratamento psiquico e O método psicanalítico freudiano.pptx

Apometria -josé_lacerda_de_azevedo_-_viagem_astral_-_espiritismo
Apometria  -josé_lacerda_de_azevedo_-_viagem_astral_-_espiritismoApometria  -josé_lacerda_de_azevedo_-_viagem_astral_-_espiritismo
Apometria -josé_lacerda_de_azevedo_-_viagem_astral_-_espiritismoAlessandra F. Torres
 
José lacerda apometria
José lacerda   apometriaJosé lacerda   apometria
José lacerda apometriaandreafratti
 
Medicinaeoespiritismo 091220141822-phpapp02
Medicinaeoespiritismo 091220141822-phpapp02Medicinaeoespiritismo 091220141822-phpapp02
Medicinaeoespiritismo 091220141822-phpapp02Alberto Barth
 
Medicina E O Espiritismo
Medicina E O EspiritismoMedicina E O Espiritismo
Medicina E O EspiritismoAndySans 2008
 
ELIZETH CORONA - MEDICINA E O ESPIRITISMO
ELIZETH CORONA - MEDICINA E O ESPIRITISMOELIZETH CORONA - MEDICINA E O ESPIRITISMO
ELIZETH CORONA - MEDICINA E O ESPIRITISMOguest9002b0
 
A_MEDICINA_E_O_ESPIRITISMO.ppt
A_MEDICINA_E_O_ESPIRITISMO.pptA_MEDICINA_E_O_ESPIRITISMO.ppt
A_MEDICINA_E_O_ESPIRITISMO.pptlincolncvieira
 
Hipnose Científica
Hipnose CientíficaHipnose Científica
Hipnose Científicaomotivador
 
Uma visão ericksoniana da cura no transe hipnótico
Uma visão ericksoniana da cura no transe hipnóticoUma visão ericksoniana da cura no transe hipnótico
Uma visão ericksoniana da cura no transe hipnóticoMari Oldoni
 
Aula III A psicologia hospitalar e a
Aula III    A psicologia hospitalar e aAula III    A psicologia hospitalar e a
Aula III A psicologia hospitalar e aArtur Mamed
 
Apresentação final tcc eliane
Apresentação final tcc elianeApresentação final tcc eliane
Apresentação final tcc elianeEliane Okubo
 
Apostila psicologia-clinica-life-ead
Apostila psicologia-clinica-life-eadApostila psicologia-clinica-life-ead
Apostila psicologia-clinica-life-eadSilvanaLima74
 
Enfermeiro na atenção à dor e luto
Enfermeiro na atenção à dor e lutoEnfermeiro na atenção à dor e luto
Enfermeiro na atenção à dor e lutoRodrigo Bastos
 

Semelhante a AULA 03 - Tratamento psiquico e O método psicanalítico freudiano.pptx (20)

Apometria -josé_lacerda_de_azevedo_-_viagem_astral_-_espiritismo
Apometria  -josé_lacerda_de_azevedo_-_viagem_astral_-_espiritismoApometria  -josé_lacerda_de_azevedo_-_viagem_astral_-_espiritismo
Apometria -josé_lacerda_de_azevedo_-_viagem_astral_-_espiritismo
 
José lacerda apometria
José lacerda   apometriaJosé lacerda   apometria
José lacerda apometria
 
Saude integral
Saude integralSaude integral
Saude integral
 
Medicinaeoespiritismo 091220141822-phpapp02
Medicinaeoespiritismo 091220141822-phpapp02Medicinaeoespiritismo 091220141822-phpapp02
Medicinaeoespiritismo 091220141822-phpapp02
 
Medicina e o_espiritismo
Medicina e o_espiritismoMedicina e o_espiritismo
Medicina e o_espiritismo
 
Medicina e o_espiritismo
Medicina e o_espiritismoMedicina e o_espiritismo
Medicina e o_espiritismo
 
Medicina e o espiritismo
Medicina e o espiritismoMedicina e o espiritismo
Medicina e o espiritismo
 
Medicina E O Espiritismo
Medicina E O EspiritismoMedicina E O Espiritismo
Medicina E O Espiritismo
 
ELIZETH CORONA - MEDICINA E O ESPIRITISMO
ELIZETH CORONA - MEDICINA E O ESPIRITISMOELIZETH CORONA - MEDICINA E O ESPIRITISMO
ELIZETH CORONA - MEDICINA E O ESPIRITISMO
 
Medicina e o_espiritismo
Medicina e o_espiritismoMedicina e o_espiritismo
Medicina e o_espiritismo
 
Medicina e o Espiritismo
Medicina e o EspiritismoMedicina e o Espiritismo
Medicina e o Espiritismo
 
Centro de psicooncologia
Centro de psicooncologiaCentro de psicooncologia
Centro de psicooncologia
 
A_MEDICINA_E_O_ESPIRITISMO.ppt
A_MEDICINA_E_O_ESPIRITISMO.pptA_MEDICINA_E_O_ESPIRITISMO.ppt
A_MEDICINA_E_O_ESPIRITISMO.ppt
 
Hipnose Científica
Hipnose CientíficaHipnose Científica
Hipnose Científica
 
Uma visão ericksoniana da cura no transe hipnótico
Uma visão ericksoniana da cura no transe hipnóticoUma visão ericksoniana da cura no transe hipnótico
Uma visão ericksoniana da cura no transe hipnótico
 
Aula III A psicologia hospitalar e a
Aula III    A psicologia hospitalar e aAula III    A psicologia hospitalar e a
Aula III A psicologia hospitalar e a
 
EMOÇÃO HIPNÓTICA.pdf
EMOÇÃO HIPNÓTICA.pdfEMOÇÃO HIPNÓTICA.pdf
EMOÇÃO HIPNÓTICA.pdf
 
Apresentação final tcc eliane
Apresentação final tcc elianeApresentação final tcc eliane
Apresentação final tcc eliane
 
Apostila psicologia-clinica-life-ead
Apostila psicologia-clinica-life-eadApostila psicologia-clinica-life-ead
Apostila psicologia-clinica-life-ead
 
Enfermeiro na atenção à dor e luto
Enfermeiro na atenção à dor e lutoEnfermeiro na atenção à dor e luto
Enfermeiro na atenção à dor e luto
 

Último

medicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontiamedicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontiaGabrieliCapeline
 
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptxNR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptxRayaneArruda2
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadojosianeavila3
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeLviaResende3
 
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptxDengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptxrafaelacushman21
 
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Eventowisdombrazil
 
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis  de biosseguranca ,com um resumo completoNíveis  de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completomiriancarvalho34
 
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - PsicologiaProcessos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - Psicologiaprofdeniseismarsi
 
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptxConceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptxPedroHPRoriz
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfzsasukehdowna
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagemvaniceandrade1
 
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICAPNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICAKaiannyFelix
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...kassiasilva1571
 

Último (13)

medicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontiamedicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
 
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptxNR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
 
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptxDengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
 
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
 
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis  de biosseguranca ,com um resumo completoNíveis  de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completo
 
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - PsicologiaProcessos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
 
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptxConceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
 
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICAPNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
 

AULA 03 - Tratamento psiquico e O método psicanalítico freudiano.pptx

  • 2. Tratamento Anímico • Psique é uma palavra grega que em tradução alemã significa “alma”. • Portanto, tratamento psíquico seria tratamento anímico. • Tratamento psíquico quer dizer, antes: tratamento que parte da alma, tratamento – de distúrbios anímicos ou físicos – com meios que inicial e diretamente terão efeito sobre o anímico da pessoa.
  • 3. Psicossomática A relação entre o corporal e o anímico (tanto no animal quanto no humano) é de efeito interativo, mas o outro lado dessa relação, o efeito do anímico sobre o corpo, em tempos mais antigos era tratado de forma impiedosa pelos médicos. Essa direção unilateral da Medicina, voltada para o corporal, na última década e meia experimentou gradativamente uma mudança, que derivou diretamente da atividade médica.
  • 4. Psicossomática • Os sinais de sofrimento estão muito claramente sob a influência de excitações, oscilações de ânimo, preocupações, etc., bem como que eles podem desaparecer e dar lugar à saúde plena, sem deixar rastros, mesmo após uma longa duração. • A pesquisa médica por fim chegou à conclusão de que essas pessoas não devem ser vistas e tratadas como doentes dos olhos ou do estômago e assemelhados, mas que no caso delas deve se tratar de uma afecção de todo o sistema nervoso.
  • 5. Doença dos Nervos Chamaram-se esses estados de nervosismo (neurastenia, histeria), sendo eles caracterizados como meras afecções “funcionais” do sistema nervoso. Aliás, também em muitas afecções nervosas mais constantes e naquelas que só apresentam sinais de doenças anímicas (as chamadas ideias obsessivas, ideias delirantes, loucura) o exame detalhado do cérebro (após a morte do doente) não trouxe resultados. Coube aos médicos a tarefa de examinar a natureza e a origem das manifestações da doença nesses doentes de nervos [Nervösen] ou neuróticos.
  • 6. Afetos • Nesse contexto, então, descobriu-se que pelo menos em uma parte desses doentes os sinais do sofrimento se originavam nada mais, nada menos que de uma influência modificada de sua vida anímica sobre o seu corpo, ou seja, que a origem mais próxima do distúrbio deve ser procurada no anímico. • Em determinados estados anímicos que chamamos de “afetos”, a participação do corpo é tão evidente e tão grandiosa que alguns pesquisadores da alma chegaram a acreditar que a essência dos afetos consistiria apenas nessas suas manifestações físicas.
  • 7. Fé x Tratamento Anímico Os leigos, que gostam de resumir tais influências anímicas sob o nome de “imaginação”, costumam ter pouco respeito diante de dores causadas pela imaginação, ao contrário daquelas causadas por ferimento, doença ou inflamação. Mas se trata de uma evidente injustiça; seja qual for a origem das dores, até mesmo a imaginação, as dores nem por isso são menos reais ou menos intensas.
  • 8. Fé x Tratamento Anímico As verdadeiras curas milagrosas acontecem com crentes sob a influência de eventos adequados para a intensificação dos sentimentos religiosos. Parece que não é fácil apenas para a fé religiosa, sozinha, afastar a doença pelo caminho da expectativa, pois nas curas milagrosas geralmente ainda há outros eventos em jogo. Seria confortável, mas muito incorreto se simplesmente negássemos a fé a essas curas milagrosas e quiséssemos esclarecer os relatos a respeito através da junção de enganação religiosa e observação imperfeita. Por mais que muitas vezes essa tentativa de explicação possa estar certa, ela não tem o poder de eliminar o fato das curas milagrosas em si.
  • 9. Tratamento Anímico x Tratamento Médico O efeito de todo remédio que o médico prescreve, de toda intervenção que ele faz se compõe de duas partes. Uma delas, às vezes maior, às vezes menor, mas nunca totalmente desprezível, é representada pelo comportamento anímico do doente. A expectativa crédula com que ele vem de encontro à influência da medida médica por um lado depende do tamanho de sua própria ambição pela cura e, por outro, de sua confiança de que tenha dado os passos certos para tanto. Há médicos que têm a capacidade de ganhar a confiança dos doentes mais desenvolvida que outros médicos; o doente muitas vezes já sente o alívio quando vê o médico entrando na sala.
  • 10. Tratamento Anímico x Tratamento Médico Os médicos desde sempre, já em tempos antigos, exerceram o tratamento anímico, muito mais intensamente do que hoje. Se por tratamento anímico entendermos o esforço de evocarmos no doente os estados e condições anímicos mais favoráveis para a cura, então esse tipo de tratamento médico é historicamente o mais antigo. Dessa forma, a pessoa do médico, naquela época assim como hoje, era uma das principais circunstâncias para atingir no doente o estado anímico favorável à cura.
  • 11. Talking Cure • Agora começamos a entender também a “magia” da palavra. • Palavras, como sabemos, são os mais importantes mediadores da influência que uma pessoa quer ter sobre a outra; palavras são bons meios para provocar transformações anímicas naquele a quem elas são dirigidas, e por isso não soa mais estranho quando se afirma que a magia da palavra pode afastar manifestações de doença, ainda mais aquelas que se originam em estados anímicos. • Todas as influências anímicas que se mostraram eficazes para eliminar doenças têm algo de imponderável.
  • 12. Hipnose • Há muito tempo era de conhecimento geral, mas apenas nas últimas décadas suspendeu-se toda e qualquer suspeita a respeito de que através de certas intervenções suaves é possível levar pessoas a um estado anímico muito peculiar, bastante semelhante ao sono, e por isso chamado de hipnose.
  • 13. Hipnose • Os procedimentos para chegar à hipnose, à primeira vista, não têm muito em comum. • Pode-se hipnotizar alguém pedindo que a pessoa olhe fixamente para um objeto brilhante durante alguns minutos, ou então colocando um relógio de bolso durante o mesmo tempo junto ao ouvido da pessoa usada na experiência, ou ainda passando as próprias mãos esticadas repetidas vezes a uma pequena distância sobre o rosto e os membros da pessoa. • Mas pode-se conseguir o mesmo anunciando com calma e de forma segura para a pessoa que se quer hipnotizar o início do estado hipnótico e de suas peculiaridades, ou seja, “convencendo-a através da fala”. Pode-se também unir os procedimentos.
  • 14. Hipnose • Um estado de doença absolutamente não faz parte das condições da hipnose; pessoas normais, ao que parece, são facilmente hipnotizáveis, e uma parte dos nervosos é especialmente difícil de hipnotizar, enquanto doentes mentais são totalmente refratários. • O estado hipnótico tem diversas gradações; em seu grau mais leve, o hipnotizado sente apenas algo como uma leve anestesia, e o grau mais alto, caracterizado por singularidades específicas, foi chamado de sonambulismo, devido à sua semelhança com o andar durante o sono, observado como fenômeno natural.
  • 15. Hipnose • A hipnose presenteia o médico com uma autoridade que provavelmente um sacerdote ou um curandeiro nunca tiveram, na medida em que reúne todo o interesse anímico do hipnotizado na pessoa do médico. • O médico coloca o paciente em estado de hipnose, aplica a sugestão de que ele não está doente, modificada de acordo com as respectivas circunstâncias, e de que após acordar não sentirá mais nenhum sinal de sofrimento, depois do que acordará o doente e ficará na expectativa de que a sugestão fez a sua parte para sanar a doença. • Esse procedimento teria de ser repetido em número suficiente, caso apenas uma sessão não tenha resolvido.
  • 16. Falhas da Hipnose • É bom que o doente conheça essas falhas do método hipnótico de cura e as possibilidades de se decepcionar na sua aplicação. • O poder de cura da sugestão hipnótica é um fato, ele não precisa do louvor exacerbado. • Por outro lado, é facilmente compreensível que os médicos a quem o tratamento anímico hipnótico prometia muito mais do que podia cumprir não se cansem de buscar outros procedimentos que possibilitem uma intervenção mais profunda ou menos imprevisível na alma do doente.
  • 18. Método Catártico x Método Psicanalítico • “O método peculiar de psicoterapia que Freud exerce e chama de Psicanálise tem sua origem no chamado processo catártico, sobre o qual ele relatou à sua época nos Estudos sobre histeria, em 1895, elaborados com J. Breuer. • A terapia catártica foi uma invenção de Breuer, que com seu auxílio primeiramente, de certa forma, fabricou uma doente histérica um decênio antes, percebendo então a patogênese de seus sintomas. • Devido a um encorajamento pessoal de Breuer, Freud então retomou o procedimento e o experimentou em um número maior de doentes.
  • 19. Hipnose • O procedimento catártico pressupunha que o paciente fosse hipnotizável e fundava-se na ampliação da consciência, que se instaura na hipnose. • Ele tinha como objetivo o afastamento dos sintomas da doença, e alcançava essa meta fazendo com que os pacientes regredissem até o estado psíquico em que o sintoma havia aparecido pela primeira vez. • Então, no doente hipnotizado surgiam lembranças, pensamentos e impulsos que até então tinham ficado de fora de sua consciência, e quando ele, sob intensas expressões dos afetos, tinha comunicado ao médico esses seus processos anímicos, o sintoma tinha sido superado, e o retorno dele, suspenso. • Essa experiência, repetida regularmente, foi explanada pelos dois autores em seu trabalho conjunto, no sentido de que o sintoma estaria no lugar de processos psíquicos reprimidos e que não chegaram à consciência, ou seja, seria uma transformação (conversão) da última.
  • 20. Hipnose • A eficácia terapêutica de seu procedimento era explicada por eles a partir do escoamento do afeto que até então se encontrava “comprimido” e que tinha estado colado às ações anímicas reprimidas (ab-reação). • O esquema simples da intervenção terapêutica, no entanto, começou a se complicar quando ficou evidente que não era uma impressão única (traumática), mas geralmente uma série dessas impressões, difíceis de serem superadas, que participavam do surgimento do sintoma.
  • 21. Hipnose • A característica principal do método catártico, que o coloca em oposição a todos os outros procedimentos da psicoterapia, portanto, consiste no fato de que nesse método a eficácia terapêutica não é transferida para uma proibição sugestiva do médico. • Ele espera, ao contrário, que os sintomas desapareçam por conta própria, se a intervenção, que se baseia em determinados pressupostos sobre o mecanismo psíquico, conseguir levar processos anímicos por um percurso diferente do atual, que desembocou na formação do sintoma.
  • 22. Hipnose • As mudanças que Freud fez no procedimento catártico de Breuer inicialmente eram mudanças técnicas; mas estas precisavam de novos resultados e acabaram, na sequência, por mostrar a premência de uma concepção de um trabalho terapêutico de outro tipo, mas que não contradizia a concepção anterior. • Se o trabalho catártico já havia abdicado da sugestão, Freud, por sua vez, deu um passo além e desistiu da hipnose.
  • 23. Hipnose • Atualmente, ele atende os seus doentes deixando que eles se posicionem confortavelmente em um divã, sem qualquer outro tipo de influenciamento, enquanto ele próprio, fora do escopo visual dos pacientes, senta-se em uma cadeira atrás deles. • Ele também não exige que fechem os olhos e evita qualquer contato e todo procedimento que possa lembrar a hipnose. Portanto, uma sessão assim transcorre como uma conversa entre duas pessoas igualmente despertas, sendo que uma delas poupa todo e qualquer esforço muscular, assim como toda impressão dos sentidos que possa atrapalhar a concentração na sua própria atividade anímica.
  • 24. Hipnose • Uma vez que sabemos que toda forma de ser hipnotizado, por maior que seja a habilidade do médico, está fundada na arbitrariedade do paciente, e que um grande número de pessoas neuróticas não é passível de ser hipnotizado por nenhum procedimento, foi recusando a hipnose que se conseguiu garantir que o procedimento fosse aplicável a uma quantidade ilimitada de doentes. • Por outro lado, ficou de fora a ampliação da consciência que, justamente, tinha fornecido ao médico aquele material psíquico de lembranças e imaginações, com ajuda do qual era possível executar a transposição dos sintomas e a libertação dos afetos.
  • 25. Mudança de método • Freud, então, encontrou um tal substituto plenamente suficiente nas ocorrências dos doentes, isto é, naquelas ocorrências involuntárias, geralmente sentidas como pensamentos que atrapalham e que, por isso, sob condições normais seriam afastados, pois costumavam atravessar o contexto de uma apresentação intencionada. • Para se apoderar dessas ocorrências, ele convida os doentes a falarem à vontade em suas comunicações, ‘como, por exemplo, em uma conversa na qual de um assunto se passa a outro totalmente diferente’.
  • 26. • Antes de convidá-los à narrativa detalhada do histórico de sua doença, ele reforça a instrução de que eles lhe contem tudo que lhes vem à cabeça, mesmo se acharem não ser importante, ou se acharem que aquilo não vem ao caso, ou que não faz sentido. • Mas com bastante ênfase exige deles que não excluam nenhum pensamento ou nenhuma ocorrência da comunicação pelo fato de lhes parecer vergonhoso ou embaraçoso.
  • 27. • Já durante a narração do histórico da doença, os doentes evidenciam lacunas nas lembranças, seja porque processos que de fato aconteceram foram esquecidos, seja porque relações temporais tenham ficado confusas ou porque relações causais tenham sido esfaceladas, de modo a resultarem daí efeitos incompreensíveis. • Sem amnésia de qualquer tipo não há histórico da doença neurótica.
  • 28. • Se insistirmos com o narrador que preencha essas lacunas da memória com um esforço de atenção, perceberemos que as ocorrências que surgem a partir daí são refreadas por ele com todas as formas de crítica, até que, por fim, ele sinta o mal-estar direto quando a lembrança realmente aparece. • A partir dessa experiência, Freud conclui que as amnésias são resultado de um processo que ele chama de recalque, e cujo motivo ele entende serem as sensações de mal-estar. • Ele julga sentir as forças psíquicas que trouxeram à tona esse recalque na resistência que se ergue contra o restabelecimento.
  • 29. Fundamentos • O momento da resistência acabou se tornando um dos fundamentos de sua teoria. • As ocorrências que até então eram colocadas de lado, sob inúmeros pretextos (como citado na fórmula acima), porém, ele vê como derivados das formações psíquicas recalcadas (pensamentos ou moções), como deformações destas, devido à resistência que há contra a sua reprodução. • Quanto maior a resistência, maior será essa deformação.
  • 30. Técnica Psicanalítica • A técnica da Psicanálise é muito mais fácil de exercer do que pode parecer em uma descrição; por outro lado, nenhum outro caminho leva ao objetivo e, por isso, o caminho mais trabalhoso ainda acaba sendo o mais curto. • Pode-se objetar em relação à hipnose que ela encobre a resistência, impedindo, assim, que o médico consiga vislumbrar o jogo das forças psíquicas.
  • 31. Diferença de métodos • Podemos formular essa condição de outro modo: tornar todos os recalques reversíveis; o estado psíquico, então, seria o mesmo que aquele em que todas as amnésias foram preenchidas. • Em outra formulação, ainda vamos além: tratar-se-ia de tornar o inconsciente acessível ao consciente, o que ocorre através da superação das resistências. • Mas não podemos esquecer aqui que um estado ideal como esse também não existe em uma pessoa normal, e que só raras vezes conseguimos nos aproximar minimamente desse ponto no tratamento.