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Eixo temático: O ensino de História nos anos iniciais


    AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A
                    CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE


                                                               Silvana Muniz Guedes, UEL1
                                                   Sandra Regina Ferreira de Oliveira, UEL2




RESUMO: O presente artigo é resultante das ações do projeto A lente capta o que o coração
sente: permanências e transformações no patrimônio arquitetônico da cidade de Londrina,
parte integrante do PIBID/Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina, e aborda as
principais transformações em um lugar específico da cidade de Londrina: o calçadão.
Entende-se que o estudo desse, a partir de análise de fontes, é temática significativa para o
ensino de História no Ensino Fundamental. Para tessitura das análises aqui apresentadas
utilizou-se fontes orais, escritas e imagéticas como relatos de jornais, além de pesquisas
bibliográficas. Traçando uma linha do tempo sobre os impactos sociais causados em cada
transformação do calçadão, o objetivo é realizar reflexões e elaborar material didático a partir
do resgate histórico sobre o lugar em questão tendo por linha narrativa as reformas realizadas
no espaço em questão. No ano de 2011, durante a retirada do piso, uma parte do passado
esquecida por alguns e não vista por outros se tornou presente: os desenhos de ramos de café
que enfeitavam a praça Gabriel Martins na década de 1970. Trata-se de um trabalho em
andamento. Nesse artigo apresentamos os resultados das pesquisas bibliográficas assim como
de entrevistas realizadas. Relatamos de forma breve as ações a serem realizadas e que
culminarão com a produção de material didático a ser disponibilizado para as escolas (fase
posterior do projeto). O desenvolvimento desse trabalho conta com o apoio financeiro da
CAPES.



PALAVRAS CHAVES: Ensino de História, Memória, Patrimônio Histórico, Identidades.




1
 Aluna do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista PIBID – CAPES.
2
 Docente do Curso de Pedagogia e Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de
Londrina. Coordenadora do PIBID – PEDAGOGIA/UEL.
2

             Os primeiros registros de calçadão ou ruas de pedestres que se tem conhecimento
são de 1951, na Alemanha. Na Europa, lentamente foram surgindo mais ruas com estas
características. Ent


de pedestres pelo mundo, passando a integrar as espacialidades urbanas.

             No fim d    cada de 1960, o Brasil passa por um período de revitalização urbana
embasado em objetivos inovadores quanto à construção das                                      .
Buscando respeitá-las                                                , Curitiba foi pioneira na
criação das ruas de pedestres transformando sua rua principal, a XV de Novembro, na
primeira rua de pedestres do Brasil, que passou a
F     ”.

             Na mesma linha de Curitiba, Londrina, localizada no norte do estado do Paraná,
uma cidade considerada nova" com seus 73 anos a serem completados em 2012, foi a
primeira cidade do interior do Brasil a possuir essa rua de pedestre. Na historiografia
tradicional sobre o processo de colonização da cidade destaca-se a propaganda com ênfase nas
                           . A empresa responsável por esse processo, a Companhia de Terras
Norte do Paraná (CNTP), vendia a ideia da terra da promissão,
                                                                          .

             Projetada pelo engenheiro da CTNP Dr. Alexandre Rasgulaeff, as ruas da cidade
foram desenhadas como um tabuleiro de xadrez dispostas no sentido Leste-Oeste e Norte-Sul,
projetando a região                            e tendo como principal rua a Avenida Par       ,
que virá a se tornar o calçadão de Londrina na década de 1970.

             Na década de 1930, a Avenida Paraná era um lamaçal, mas já apresentava
características comerciais conforme consta na figura 2. Devido ao trânsito intenso de veículos
para a época e a utilização do espaço para desfiles escolares e passeios de finais de semana
para foi a primeira via a ser pavimentada com paralelepípedos.



Calçadão ou rua de pedestres.

             Gosling e Maitlanda (apud. Januzzi, 2006) explicam                       ruas de
pedestres,                                                       or para equilibrar mudanças
que incluíam                                  alterações                              .
3

              Em sua tese de doutorado Januzzi (2006) aponta que em diversos projetos, as ruas
de pedestres começam a partir da rua principal da cidade. Dessa maneira, a transformação de
ruas em calçadão
frota nas cidades e a maneira desorganizada com que dividia o espaço com


                                                                         infraestrutura como telefone
pú                                               . Instala-
                                                                                                . No
entanto, Januzzi (2005) ainda diz que o sucesso de um calçadão
fatores, como a variedade de atrações que elas podem oferecer aos pedestres, motivando o seu
uso.

              As ruas de pedestres devem
                                                       caminhar, conversar, sentar, brincar. As
atividades promocionais c                                        , desfiles, devem ser pensadas
levando em consideração as diversidades humanas
                                    .

              É fato que, na maioria das vezes a iniciativa de ser criar um
                                                                     .
                                                 condições


                                        . Medidas que podem representar maior                    aos
usuários e resultar em rentabilidade aos investidores. De certa forma, pode-se inferir que as
                    ”        cursoras dos shoppings centers.



Os calçadões no Brasil


             , a mobilidade e deslocamentos no centro das principais cidades brasileiras foi se
tornando cada vez mais difícil                                                        eparadas para
suportar a demanda de pessoas e veículos, fato este que contribuiu, em parte, para criação das
ruas de pedestres – calçadão, que foram surgindo de forma intensiva no Brasil, configurando-
se pratica                                      na década de 1970.
4

            Assim como em outros países, no Brasil os calçadões possuem certos objetivos no
que se refere ao planejamento. S
                                         deste local
                                           -                                               .
                                                  , em geral com pedras formando desenhos
geométricos para se diferenciar do piso de paralelepípedo e asfalto.

            O calçadão da Rua XV de Novembro em Curitiba - Paraná levou em consideração
todas estas iniciativas de se criar um             ”. Localizado entre
historia de Curitiba, tornou-se uma
                          .                                        -
urbano e foram realizadas algumas ações                          . O projeto incluiu também
                                                                          , o que culminou em
um importante ponto comercial e de encontro de pessoas. Este feito foi fortemente divulgado
e repetid                                                                         F      polis,
Londrina, Juiz de Fora, Bauru, Ponta Grossa, e em muitas outras cidades e de diversos
tamanhos.

            Em                                                             , as vias localizam-
se na parte mais antiga da cidade, nos lugares conhecidos como Centro Velho                 )e
Centro Novo                        ) (Januzzi, 2006). No calçadão
                                                          , igrejas, viadutos e                .
                      estações           , conforme Prefeit                             (apud.
Januzzi, 2006).



O Calçadão de Londrina

            O plano de Londrina foi elaborado e aprovado em Londres no ano de 1929. Na
malha projetada da cidade na década de 30, foram destinadas áreas para a igreja matriz e para
praças onde atualmente se localizam a Catedral e as praças Marechal Floriano Peixoto,
Gabriel Martins, Sete de Setembro, Willie Davids e Primeiro de Maio, além do Bosque. Dessa
maneira, a cidade foi crescendo a partir da igreja, precisamente pela Avenida Paraná.

            A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, Londrina adentra em um período de
crescimento populacional e enriquecimento. A                       , localizada no centro, se
estabelecia como principal rua comercial da cidade, e era ponto de referência quando se
5

falavam de Londrina. Tratava-se também da principal via de ligação entre as cidades de
Cambé – Londrina – Jataizinho (Jornal Folha de Londrina, 21 de agosto de 2005).

            A      a pavimentação na década de 1950 tal espaço transformou-se no ponto de
encontro de pessoas que iam passear, comprar, bater papo, intensificando o footing naquele
local (YAMAKI, 2006). Paralelamente, conforme ia se consolidando como principal ponto de
passeio e referências da cidade, intensifica-se o fluxo de veículos pela avenida.

            Londrina, nos anos de 1950, emergiu no cenário nacional como importante cidade
do interior do Brasil. Neste período, apresentou considerada expansão urbana em razão da
produção cafeeira no norte do Paraná. Nesta década a população passou de 20.000 habitantes
para 75.000, sendo que quase metade se encontrava na área rural. Na década de 1970,
Londrina, conforme consta no site oficial da cidade (http://www.londrina.pr.gov.br) já contava
com 230.000 habitantes. O rápido crescimento populacional e econômico demandou
transformações principalmente no centro da cidade.

            Nesse contexto, o prefeito da época                                  , juntamente com
outros representantes de Londrina percebeu a necessidade de criar um espaço para pedestre. O
projeto seria desenvolvido no espaço ocupado por quatro praças (Gabriel Martins, Willie
Davis, Primeiro de Maio e Sete de Setembro), tendo como modelo o calçadão de Curitiba,
capital do Paraná. O intuito era tirar o fluxo de veículos do anel central e dar espaço a
população circular livremente, conforme apresenta o jornal Folha de Londrina:


                                                                      [...]                  dade de
                        reorganizar o sistema de circulação do anel central privilegiando o comércio
                                .” 2 / 8/2 3 .3)


            Sendo assim, no final da década de 1970, o centro da cidade teve uma grande
modificação, a implantação do Calçadão. O projeto de reurbanização foi concebido pelo
arquiteto Jaime Lerner e previa uma rua de pedestres ao longo de três quadras no qual
ampliaria o espaço para convivência social e beneficiaria o comércio.
                             3                                                               F
de Londrina:

                                      L                                                            ,
                        segundo o projeto apresentado ontem pelo prefeito Antonio Belinati e
                                                                         L
                                                           .                                 ”

                        Maio, Willie Davis e Marec      F
6

                               . ...)
                                                                                                     ”
                                                              , teatrinho               ...)
                                                                          , afastando
                                    . (Jornal Folha de Londrina, 31 de maio de 1977).

           No entanto, houve grande polêmica após o anuncio do projeto, pois os
comerciantes eram contra a obra                                             ”
estacionar seus veículos longe das lojas, dificultando o acesso às mesmas. Apesar das
polêmicas, o calçadão foi construído.

           O desenho original possuía o contraste entre o preto e
                                                                            , realizado sobre pedra
portuguesa em patit-pave.                                                                      , um dos
membros da equipe de Lerner.



O projeto das praças

           Antes destes feitos pela criação do calçadão, houve uma tentativa de
modernização das praças de Londrina conforme era previsto na planta original da cidade. No
inicio do ano de 1975 o jornal Folha de Londrina anunciava tal tentativa, “prefeitura planeja
para 1975 melhorar as praças do centro”. (Folha de Londrina 01/01/1975), uma vez que as
praças serviam apenas como áreas verdes. O objetivo era de tornar esses espaços um ponto de
maior concentração popular, inserindo equipamentos que permitiriam atividades comunitárias.
           Iniciaram bloqueando o trânsito de veículos e charretes na Avenida Paraná
“Prefeitura vai reurbanizar o centro com interdição de ruas aos veículos.” (Folha de
Londrina, 26/03/1975), no trecho que ia da Av. São Paulo à Av. Rio de Janeiro nos domingos
e feriados para que os pedestres pudessem transitar livremente no ponto de passeio da cidade.


                       A ideia inicial é destinar exclusivamente aos pedestres trechos fronteiras as
                       praças Gabriel Martins, Willie Davia, Primeiro de Maio e Sete de Setembro.
                       Nesses locais serão implantados bancas com informações turísticas,
                       exposições artísticas, lanchonetes (Folha de Londrina, 26/03/1975).

           Panayote Saridakis, arquiteto grego coordenador do projeto especificava a Praça
Gabriel Martins com seu contorno, para a primeira implantação do plano de reurbanização do
centro. Yamaki (2006) em seu livro Labirinto de Memórias confirma esta ideia ao afirmar que
esta praça tem uma conotação comercial, o que viria a contribuir e muito para o progresso da
7

cidade.
             O que se pode perceber ao analisar as reportagens da época é que os envolvidos
no projeto não tinham ideia do que seria realizado, mas um objetivo comum: dar a esses
espaços sua real função, a de atrair a população para estes locais de uma maneira agradável,
alegre e harmoniosa.
             Em relação à opinião da população, as reportagens e entrevistas apontam que
essas mudanças não estavam agradando os comerciantes da região central com medo que
diminuísse o fluxo de clientes não queriam modificações no centro da cidade, já a população
frequentadora deste local ainda não tinha opinião formada a respeito de tais benfeitorias. Ao
começar as mudanças este público gostou, pois tiveram um espaço somente seu, sem ter que
disputar com charretes e outros veículos. Isso contribuiu ainda mais para que intensificasse o
movimento de pessoas naquele local.

             Em meio às divergentes opiniões, a Praça Gabriel Martins foi escolhida para ser a
primeira na implantação do plano de reurbanização do centro conforme aponta a reportagem
 A Praça Gabriel Martins uma das mais importantes do centro da cidade, foi escolhida para
sediar o primeiro projeto de reurbanização.” (Folha de Londrina 04/06/1975, p.9)
             O nome da praça homenageia o médico Gabriel Carneiro Martins, o primeiro
médico a desenvolver atividades sanitárias em Londrina, ao assumir, em 1939, o posto de
Higiene de Londrina.
          Sendo assim, o então prefeito de Londrina José Richa aprovou um projeto para
modernizar esta praça. De autoria do Arquiteto Grego Sr. Panayote Saridakis, conhecido
Takis, teve a intenção de homenagear e dar título a Londrina como a “capital do café”.



                        foi feito desenhos de ramos, flores e grãos do pé de café que seriam
                        implantados na praça com placas de cimento coloridas com pigmentos,
                        placas de cimentos por causa da durabilidade... (Entrevista com Takis, 2012)



             Na entrevista realizada com o Sr. Takis, o mesmo destaca que o projeto foi
apresentado a administração e obteve aprovação de todos. Porém, houve rejeição por parte
dos comerciantes que tinham o costume de deixar seus automóveis estacionados por ali, em
especial os taxistas que eram contrários ao fechamento das ruas no contorno da Praça Gabriel
Martins.
8

            Sr. Takis, juntamente com os engenheiros de obras, reuniu os funcionários e em
uma manhã começaram os trabalhos. Os taxistas ao chegarem não conseguiram estacionar os
taxis, ficaram irritados e foram até a prefeitura para protestar. Ao conversarem com o prefeito
este decidiu por continuar sim a obra em                         ”
alegação de que precisavam de mais espaço para os frequentadores daquele local.

            As manchetes anunciavam a reforma e diziam que a Praça Gabriel Martins seria
um dos pontos mais atrativos de Londrina. A reclamação dos comerciantes e taxistas foi
diminuindo com o tempo e, quando perceberam que as alterações atraiam mais público para o
espaço, potencializando o comércio, começaram a gostar da modernização”.
            Esta reforma incluiu a modificação do piso, instalação de alguns itens de
decoração e iluminação, como bancos, floreiras, play ground, quiosques, dentre outros. As
placas com os desenhos foram então instaladas na Praça Gabriel Martins e a rua que
contornava o famoso cinema Cine Augustos foi fechada transformando-a em praça.

       Segundo o Sr. Takis, a população recebeu com orgulho os desenho                          ”
de alegria ao centro da cidade. A prefeitura considerou “bem sucedida a reurbanização da
Gabriel Martins.” (Folha de Londrina, dez.1976) e que este feito serviria de exemplo para
obras em outras praças no centro da cidade. Praças estas que também possuem contorno que
poderiam ser agregados a estas praças, passando a constituir áreas exclusivas para pedestres.
            Na pesquisa realizada em jornais não foram encontradas fotos da reforma e nem
da inauguração. O primeiro registro iconográfico nos jornias sobre essas flores aparece em
uma propaganda de lojas em torno da Praça Gabriel Martins na qual convida a população para
frequentá-la.


                                      G                              L       .
                       ficou mais humana e a comunidade se beneficiou. Vá sempre lá. Neste natal
                       há apresentações de cânticos natalinos. Ao povo, com votos de excelentes
                                                                                      ...” F
                       de Londrina 24/12/1976, p. 13)



            Nas reportagens dos meses seguintes nada mais foi encontrado a respeito das
flores e da modernização da Praça Gabriel Martins. Talvez porque houve troca na
administração da cidade e com ela vieram novos planejamentos.
            Enfim, essa foi de fato a primeira atitude que impulsionou Londrina a
modernização do centro da cidade. Mas, o tempo e as reformas posteriores sepultaram as
9

                                              ”. No entanto, durante a atual reforma (2011), um fato
chamou a atenção de muitas pessoas que passavam pelo calçadão no trecho da Praça Gabriel
Martins: tratava-se das placas de cimento no formato de flores instaladas há mais de 30 anos
neste local.



                          Obras no Calçadão revelam parte da história de Londrina

  Ao retirar o petit pavê da Praça Gabriel Martins, operários descobrem o antigo piso com placas coloridas.

  A terceira etapa da remodelação do Calçadão, realizada no trecho compreendido entre a Rua Professor João
  Cândido e Avenida São Paulo, trouxe à tona uma parte esquecida da história de um dos maiores cartões
  postais de Londrina. Na retirada do petit pavê que cobria o trecho, os operários da Visatec –responsável pela
  obra – encontraram um dos pisos que revestiam a Praça Gabriel Martins, originalmente localizada naquela
  área. [...]

  Reportagem Jornal de Londrina, 07/08/2011


                                              ”                                                    3 anos, foi
o mote para a pesquisa que deu origem a esse texto e a partir do qual se elabora um material
didático para ser trabalhado nas salas de aula do ensino fundamental.
               O processo de pesquisa foi lento devido a não existência de registros sobre o fato.
De certa forma, em                                                  â                                     ”
reviva a memória da cidade em torno de seu processo de urbanização. Além da reportagem de
jornal supracitada, duas emissoras de televisão da e outro jornal da cidade realizaram
reportagens a respeito e, na semana posterior, prosseguiu-se com a reforma removendo o piso
da década de 1970 transformando-o em entulho de construção.
               No Museu Histórico de Londrina não foram encontrados registros sobre o
processo de reforma da Praça Gabriel Martins que explicassem como e porque aquelas flores
foram pintadas. Mapeando as informações da matéria publicada no jornal de Londrina em
agosto de 2011 (apresentada anteriormente nesse texto) localizou-se e entrevistou-se o Sr.
Rodolfo Horner, engenheiro aposentado da Prefeitura aposentado que, gentilmente, forneceu
valiosas informações, dentre as quais o nome do arquiteto que planejou as tais flores e galhos
de café na Praça Gabriel Martins, Sr. Panayote Saridakis.
               O calçadão de Londrina, em 1989, expandiu-se ao longo de três quadras e
transformou o modo de viver das pessoas que por lá transitam. Frequentemente é
                           ”              (reportagem da RPC TV 2010). De certa forma, o espaço
cumpre sua função social e cria condições                                                           utilização
10

cotidiana,                                                                            . Trata-se
de um local no qual a população organiza manifestações e protestos.
             Após três grandes reformas realizadas em 1979, 1989 e 2003, segundo dados do
Jornal Folha de Londrina (Agosto de 2008), outros reparos de emergência aconteceram ao
longo deste período.
             Atualmente o calçadão de Londrina passa por outra reforma significativa como a
substituição do piso petit-pavet pelo paver, alterando assim as cores e o material do piso,
execução de galerias para a captação de águas pluviais, substituição do mobiliário urbano,
melhorias para acessibilidade, instalação da iluminação pública, entre outros itens. Foram
retiradas bancas de revistas, lanchonetes, choperias e floriculturas. Tais alterações, como nas
demais reformas, geram polemicas e discussões entre populares, comerciantes e estudiosos.
Alguns aprovam, outros não. Alguns questionam a perda da identidade do calçadão como
patrimônio histórico como consta em artigo publicado na Folha de Londrina em 14 de agosto
de 2011, assinado por Humberto Yamaki.


                        Londrina deveria considerar como prioridade o tombamento do calçadão com
                        o que resta do piso petit pave. (Yamaki, apud.Jornal Folha de Londrina
                        14/08/2011)


             Também o Sr. Rodolfo Horner engenheiro aposentado da PML diz que o calçadão
da cidade     L                                                                       eu
                                       está no desenho do piso.

             O que se pode perceber é que o desenho é muito parecido, no entanto apesar de
possuir mais cores elas são mais apagadas e o material também é diferente. Ao que se
demonstra, podemos inferir que houve certa preocupação em relação a preservação da
identidade do calçadão, mas o resultado é bastante questionável.


Sobre o processo de construção do material didático


             Diante do exposto e dos estudos realizados at
                                                    entre as alterações desse espaço público
importante da cidade e a constituição de identidades, conceito este tão caro ao ensino da
História. Resgatar essas fontes e possibilitar aos alunos que transitem pelas memórias da
cidade tendo as reformas do calçadão como cenário de fundo possibilita uma compreensão
11

mais adensada sobre a história da cidade a partir de diferentes vieses que entrelaçam aspectos
arquitetônicos, políticos, econômicos e culturais.

            Não se preservou as flores projetadas pelo Sr. Panayote Saridakis, assim como
também, talvez, não se preserve o piso de petit pavê preto e branco (há indicações que parte
do mesmo será mantido em frente ao Cine Teatro Ouro Verde). O que se guarda do passado
para lembrar no presente é sempre escolha e responsabilidade do homem contemporâneo.
Nesse sentido, resgatar imagens e textos sobre os processos de reforma do calçadão e a partir
dos mesmos elaborar materiais didáticos para que os professores possam trabalhar com essas
temáticas em sala de aula é de suma importância. os, aspectos relacionados a esse espaço da
cidade. È por esse caminho que tal projeto prossegue.
12



Referencias:


                                                     ”. Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 24.

                L                                          L                           . Folha de
Londrina, 01/06/1977. p. 24.

                                      .
                                               .2     .3 8 .                     )–F
                                                                     , 2006.

                                    . O desenvolvimento de Londrina e as tran
                                        . emina i ncia ociais e umanas. Londrina, v.
26, p. 87-94, 2006.

                                             . Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 01.

   F              L                  L       . Jornal de Londrina. 1 / /2 .
em <http://www.jornaldelondrina.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=992850> acesso
em 17/03/2011.

YAMAKI, Humberto. Iconografia Londrinense. Londrina: Humanidades, 2003.

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=923272 ACESSADO EM 03/11/2011 AS
18:34

Fotos disponíveis em www.google.com.br/fotoslondrina.



                         Figura 1: Propaganda da Companhia de Terras Norte do Paraná




                          FONTE: Biblioteca Municipal de Londrina
13

    Figura 2: Avenida Paraná, década de 1930.




    FONTE: Biblioteca Municipal de Londrina
 Figura 3: Avenida Paraná, década de 1950




      FONTE: Biblioteca Municipal de Londrina


Figura 4: Avenida Paraná, década de 1950




FONTE: Google – imagens antigas Londrina

Figura 5: Avenida Paraná, década de 1960
14




           FONTE: Google – imagens antigas Londrina


 Figura 6 : Perspectiva do piso em patit pavê




FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-londrina-em-
                      outros-tempos_17.html


          Figura 7: Praça Gabriel Martins, década de 1950




          FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-
              londrina-em-outros-tempos_17.html
15



   Figura 8: Praça Gabriel Martins, 1963




FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-
   londrina-em-outros-tempos_17.html



 Figura 9: Praça Gabriel Martins




FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-
   londrina-em-outros-tempos_17.html




   Figura 10: Praça Gabriel Martins, 1976




 FONTE: Jornal Folha de Londrina, 24 de dezembro de 2006
16

Figura 11 – Movimentação na Praça Gabriel Martins




Fonte: Jornal Folha de Londrina, 29 de dezembro de 2006)


Figura 12: Praça Gabriel Martins depois da modernização das flores, 1976.




FONTE: Jornal Folha de Londrina, 29 de dezembro de 2006)




                   Figura 13: Praça Gabriel Martin em 2011, em reforma




                   FONTE: Reportagem Jornal de Londrina, 07/08/2011
17



Figura 14: Calçadão de Londrina 2007




FONTE: Google – imagens Londrina




Figura 15: Calçadão de Londrina 2012




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AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

  • 1. 1 Eixo temático: O ensino de História nos anos iniciais AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE Silvana Muniz Guedes, UEL1 Sandra Regina Ferreira de Oliveira, UEL2 RESUMO: O presente artigo é resultante das ações do projeto A lente capta o que o coração sente: permanências e transformações no patrimônio arquitetônico da cidade de Londrina, parte integrante do PIBID/Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina, e aborda as principais transformações em um lugar específico da cidade de Londrina: o calçadão. Entende-se que o estudo desse, a partir de análise de fontes, é temática significativa para o ensino de História no Ensino Fundamental. Para tessitura das análises aqui apresentadas utilizou-se fontes orais, escritas e imagéticas como relatos de jornais, além de pesquisas bibliográficas. Traçando uma linha do tempo sobre os impactos sociais causados em cada transformação do calçadão, o objetivo é realizar reflexões e elaborar material didático a partir do resgate histórico sobre o lugar em questão tendo por linha narrativa as reformas realizadas no espaço em questão. No ano de 2011, durante a retirada do piso, uma parte do passado esquecida por alguns e não vista por outros se tornou presente: os desenhos de ramos de café que enfeitavam a praça Gabriel Martins na década de 1970. Trata-se de um trabalho em andamento. Nesse artigo apresentamos os resultados das pesquisas bibliográficas assim como de entrevistas realizadas. Relatamos de forma breve as ações a serem realizadas e que culminarão com a produção de material didático a ser disponibilizado para as escolas (fase posterior do projeto). O desenvolvimento desse trabalho conta com o apoio financeiro da CAPES. PALAVRAS CHAVES: Ensino de História, Memória, Patrimônio Histórico, Identidades. 1 Aluna do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista PIBID – CAPES. 2 Docente do Curso de Pedagogia e Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina. Coordenadora do PIBID – PEDAGOGIA/UEL.
  • 2. 2 Os primeiros registros de calçadão ou ruas de pedestres que se tem conhecimento são de 1951, na Alemanha. Na Europa, lentamente foram surgindo mais ruas com estas características. Ent de pedestres pelo mundo, passando a integrar as espacialidades urbanas. No fim d cada de 1960, o Brasil passa por um período de revitalização urbana embasado em objetivos inovadores quanto à construção das . Buscando respeitá-las , Curitiba foi pioneira na criação das ruas de pedestres transformando sua rua principal, a XV de Novembro, na primeira rua de pedestres do Brasil, que passou a F ”. Na mesma linha de Curitiba, Londrina, localizada no norte do estado do Paraná, uma cidade considerada nova" com seus 73 anos a serem completados em 2012, foi a primeira cidade do interior do Brasil a possuir essa rua de pedestre. Na historiografia tradicional sobre o processo de colonização da cidade destaca-se a propaganda com ênfase nas . A empresa responsável por esse processo, a Companhia de Terras Norte do Paraná (CNTP), vendia a ideia da terra da promissão, . Projetada pelo engenheiro da CTNP Dr. Alexandre Rasgulaeff, as ruas da cidade foram desenhadas como um tabuleiro de xadrez dispostas no sentido Leste-Oeste e Norte-Sul, projetando a região e tendo como principal rua a Avenida Par , que virá a se tornar o calçadão de Londrina na década de 1970. Na década de 1930, a Avenida Paraná era um lamaçal, mas já apresentava características comerciais conforme consta na figura 2. Devido ao trânsito intenso de veículos para a época e a utilização do espaço para desfiles escolares e passeios de finais de semana para foi a primeira via a ser pavimentada com paralelepípedos. Calçadão ou rua de pedestres. Gosling e Maitlanda (apud. Januzzi, 2006) explicam ruas de pedestres, or para equilibrar mudanças que incluíam alterações .
  • 3. 3 Em sua tese de doutorado Januzzi (2006) aponta que em diversos projetos, as ruas de pedestres começam a partir da rua principal da cidade. Dessa maneira, a transformação de ruas em calçadão frota nas cidades e a maneira desorganizada com que dividia o espaço com infraestrutura como telefone pú . Instala- . No entanto, Januzzi (2005) ainda diz que o sucesso de um calçadão fatores, como a variedade de atrações que elas podem oferecer aos pedestres, motivando o seu uso. As ruas de pedestres devem caminhar, conversar, sentar, brincar. As atividades promocionais c , desfiles, devem ser pensadas levando em consideração as diversidades humanas . É fato que, na maioria das vezes a iniciativa de ser criar um . condições . Medidas que podem representar maior aos usuários e resultar em rentabilidade aos investidores. De certa forma, pode-se inferir que as ” cursoras dos shoppings centers. Os calçadões no Brasil , a mobilidade e deslocamentos no centro das principais cidades brasileiras foi se tornando cada vez mais difícil eparadas para suportar a demanda de pessoas e veículos, fato este que contribuiu, em parte, para criação das ruas de pedestres – calçadão, que foram surgindo de forma intensiva no Brasil, configurando- se pratica na década de 1970.
  • 4. 4 Assim como em outros países, no Brasil os calçadões possuem certos objetivos no que se refere ao planejamento. S deste local - . , em geral com pedras formando desenhos geométricos para se diferenciar do piso de paralelepípedo e asfalto. O calçadão da Rua XV de Novembro em Curitiba - Paraná levou em consideração todas estas iniciativas de se criar um ”. Localizado entre historia de Curitiba, tornou-se uma . - urbano e foram realizadas algumas ações . O projeto incluiu também , o que culminou em um importante ponto comercial e de encontro de pessoas. Este feito foi fortemente divulgado e repetid F polis, Londrina, Juiz de Fora, Bauru, Ponta Grossa, e em muitas outras cidades e de diversos tamanhos. Em , as vias localizam- se na parte mais antiga da cidade, nos lugares conhecidos como Centro Velho )e Centro Novo ) (Januzzi, 2006). No calçadão , igrejas, viadutos e . estações , conforme Prefeit (apud. Januzzi, 2006). O Calçadão de Londrina O plano de Londrina foi elaborado e aprovado em Londres no ano de 1929. Na malha projetada da cidade na década de 30, foram destinadas áreas para a igreja matriz e para praças onde atualmente se localizam a Catedral e as praças Marechal Floriano Peixoto, Gabriel Martins, Sete de Setembro, Willie Davids e Primeiro de Maio, além do Bosque. Dessa maneira, a cidade foi crescendo a partir da igreja, precisamente pela Avenida Paraná. A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, Londrina adentra em um período de crescimento populacional e enriquecimento. A , localizada no centro, se estabelecia como principal rua comercial da cidade, e era ponto de referência quando se
  • 5. 5 falavam de Londrina. Tratava-se também da principal via de ligação entre as cidades de Cambé – Londrina – Jataizinho (Jornal Folha de Londrina, 21 de agosto de 2005). A a pavimentação na década de 1950 tal espaço transformou-se no ponto de encontro de pessoas que iam passear, comprar, bater papo, intensificando o footing naquele local (YAMAKI, 2006). Paralelamente, conforme ia se consolidando como principal ponto de passeio e referências da cidade, intensifica-se o fluxo de veículos pela avenida. Londrina, nos anos de 1950, emergiu no cenário nacional como importante cidade do interior do Brasil. Neste período, apresentou considerada expansão urbana em razão da produção cafeeira no norte do Paraná. Nesta década a população passou de 20.000 habitantes para 75.000, sendo que quase metade se encontrava na área rural. Na década de 1970, Londrina, conforme consta no site oficial da cidade (http://www.londrina.pr.gov.br) já contava com 230.000 habitantes. O rápido crescimento populacional e econômico demandou transformações principalmente no centro da cidade. Nesse contexto, o prefeito da época , juntamente com outros representantes de Londrina percebeu a necessidade de criar um espaço para pedestre. O projeto seria desenvolvido no espaço ocupado por quatro praças (Gabriel Martins, Willie Davis, Primeiro de Maio e Sete de Setembro), tendo como modelo o calçadão de Curitiba, capital do Paraná. O intuito era tirar o fluxo de veículos do anel central e dar espaço a população circular livremente, conforme apresenta o jornal Folha de Londrina: [...] dade de reorganizar o sistema de circulação do anel central privilegiando o comércio .” 2 / 8/2 3 .3) Sendo assim, no final da década de 1970, o centro da cidade teve uma grande modificação, a implantação do Calçadão. O projeto de reurbanização foi concebido pelo arquiteto Jaime Lerner e previa uma rua de pedestres ao longo de três quadras no qual ampliaria o espaço para convivência social e beneficiaria o comércio. 3 F de Londrina: L , segundo o projeto apresentado ontem pelo prefeito Antonio Belinati e L . ” Maio, Willie Davis e Marec F
  • 6. 6 . ...) ” , teatrinho ...) , afastando . (Jornal Folha de Londrina, 31 de maio de 1977). No entanto, houve grande polêmica após o anuncio do projeto, pois os comerciantes eram contra a obra ” estacionar seus veículos longe das lojas, dificultando o acesso às mesmas. Apesar das polêmicas, o calçadão foi construído. O desenho original possuía o contraste entre o preto e , realizado sobre pedra portuguesa em patit-pave. , um dos membros da equipe de Lerner. O projeto das praças Antes destes feitos pela criação do calçadão, houve uma tentativa de modernização das praças de Londrina conforme era previsto na planta original da cidade. No inicio do ano de 1975 o jornal Folha de Londrina anunciava tal tentativa, “prefeitura planeja para 1975 melhorar as praças do centro”. (Folha de Londrina 01/01/1975), uma vez que as praças serviam apenas como áreas verdes. O objetivo era de tornar esses espaços um ponto de maior concentração popular, inserindo equipamentos que permitiriam atividades comunitárias. Iniciaram bloqueando o trânsito de veículos e charretes na Avenida Paraná “Prefeitura vai reurbanizar o centro com interdição de ruas aos veículos.” (Folha de Londrina, 26/03/1975), no trecho que ia da Av. São Paulo à Av. Rio de Janeiro nos domingos e feriados para que os pedestres pudessem transitar livremente no ponto de passeio da cidade. A ideia inicial é destinar exclusivamente aos pedestres trechos fronteiras as praças Gabriel Martins, Willie Davia, Primeiro de Maio e Sete de Setembro. Nesses locais serão implantados bancas com informações turísticas, exposições artísticas, lanchonetes (Folha de Londrina, 26/03/1975). Panayote Saridakis, arquiteto grego coordenador do projeto especificava a Praça Gabriel Martins com seu contorno, para a primeira implantação do plano de reurbanização do centro. Yamaki (2006) em seu livro Labirinto de Memórias confirma esta ideia ao afirmar que esta praça tem uma conotação comercial, o que viria a contribuir e muito para o progresso da
  • 7. 7 cidade. O que se pode perceber ao analisar as reportagens da época é que os envolvidos no projeto não tinham ideia do que seria realizado, mas um objetivo comum: dar a esses espaços sua real função, a de atrair a população para estes locais de uma maneira agradável, alegre e harmoniosa. Em relação à opinião da população, as reportagens e entrevistas apontam que essas mudanças não estavam agradando os comerciantes da região central com medo que diminuísse o fluxo de clientes não queriam modificações no centro da cidade, já a população frequentadora deste local ainda não tinha opinião formada a respeito de tais benfeitorias. Ao começar as mudanças este público gostou, pois tiveram um espaço somente seu, sem ter que disputar com charretes e outros veículos. Isso contribuiu ainda mais para que intensificasse o movimento de pessoas naquele local. Em meio às divergentes opiniões, a Praça Gabriel Martins foi escolhida para ser a primeira na implantação do plano de reurbanização do centro conforme aponta a reportagem A Praça Gabriel Martins uma das mais importantes do centro da cidade, foi escolhida para sediar o primeiro projeto de reurbanização.” (Folha de Londrina 04/06/1975, p.9) O nome da praça homenageia o médico Gabriel Carneiro Martins, o primeiro médico a desenvolver atividades sanitárias em Londrina, ao assumir, em 1939, o posto de Higiene de Londrina. Sendo assim, o então prefeito de Londrina José Richa aprovou um projeto para modernizar esta praça. De autoria do Arquiteto Grego Sr. Panayote Saridakis, conhecido Takis, teve a intenção de homenagear e dar título a Londrina como a “capital do café”. foi feito desenhos de ramos, flores e grãos do pé de café que seriam implantados na praça com placas de cimento coloridas com pigmentos, placas de cimentos por causa da durabilidade... (Entrevista com Takis, 2012) Na entrevista realizada com o Sr. Takis, o mesmo destaca que o projeto foi apresentado a administração e obteve aprovação de todos. Porém, houve rejeição por parte dos comerciantes que tinham o costume de deixar seus automóveis estacionados por ali, em especial os taxistas que eram contrários ao fechamento das ruas no contorno da Praça Gabriel Martins.
  • 8. 8 Sr. Takis, juntamente com os engenheiros de obras, reuniu os funcionários e em uma manhã começaram os trabalhos. Os taxistas ao chegarem não conseguiram estacionar os taxis, ficaram irritados e foram até a prefeitura para protestar. Ao conversarem com o prefeito este decidiu por continuar sim a obra em ” alegação de que precisavam de mais espaço para os frequentadores daquele local. As manchetes anunciavam a reforma e diziam que a Praça Gabriel Martins seria um dos pontos mais atrativos de Londrina. A reclamação dos comerciantes e taxistas foi diminuindo com o tempo e, quando perceberam que as alterações atraiam mais público para o espaço, potencializando o comércio, começaram a gostar da modernização”. Esta reforma incluiu a modificação do piso, instalação de alguns itens de decoração e iluminação, como bancos, floreiras, play ground, quiosques, dentre outros. As placas com os desenhos foram então instaladas na Praça Gabriel Martins e a rua que contornava o famoso cinema Cine Augustos foi fechada transformando-a em praça. Segundo o Sr. Takis, a população recebeu com orgulho os desenho ” de alegria ao centro da cidade. A prefeitura considerou “bem sucedida a reurbanização da Gabriel Martins.” (Folha de Londrina, dez.1976) e que este feito serviria de exemplo para obras em outras praças no centro da cidade. Praças estas que também possuem contorno que poderiam ser agregados a estas praças, passando a constituir áreas exclusivas para pedestres. Na pesquisa realizada em jornais não foram encontradas fotos da reforma e nem da inauguração. O primeiro registro iconográfico nos jornias sobre essas flores aparece em uma propaganda de lojas em torno da Praça Gabriel Martins na qual convida a população para frequentá-la. G L . ficou mais humana e a comunidade se beneficiou. Vá sempre lá. Neste natal há apresentações de cânticos natalinos. Ao povo, com votos de excelentes ...” F de Londrina 24/12/1976, p. 13) Nas reportagens dos meses seguintes nada mais foi encontrado a respeito das flores e da modernização da Praça Gabriel Martins. Talvez porque houve troca na administração da cidade e com ela vieram novos planejamentos. Enfim, essa foi de fato a primeira atitude que impulsionou Londrina a modernização do centro da cidade. Mas, o tempo e as reformas posteriores sepultaram as
  • 9. 9 ”. No entanto, durante a atual reforma (2011), um fato chamou a atenção de muitas pessoas que passavam pelo calçadão no trecho da Praça Gabriel Martins: tratava-se das placas de cimento no formato de flores instaladas há mais de 30 anos neste local. Obras no Calçadão revelam parte da história de Londrina Ao retirar o petit pavê da Praça Gabriel Martins, operários descobrem o antigo piso com placas coloridas. A terceira etapa da remodelação do Calçadão, realizada no trecho compreendido entre a Rua Professor João Cândido e Avenida São Paulo, trouxe à tona uma parte esquecida da história de um dos maiores cartões postais de Londrina. Na retirada do petit pavê que cobria o trecho, os operários da Visatec –responsável pela obra – encontraram um dos pisos que revestiam a Praça Gabriel Martins, originalmente localizada naquela área. [...] Reportagem Jornal de Londrina, 07/08/2011 ” 3 anos, foi o mote para a pesquisa que deu origem a esse texto e a partir do qual se elabora um material didático para ser trabalhado nas salas de aula do ensino fundamental. O processo de pesquisa foi lento devido a não existência de registros sobre o fato. De certa forma, em â ” reviva a memória da cidade em torno de seu processo de urbanização. Além da reportagem de jornal supracitada, duas emissoras de televisão da e outro jornal da cidade realizaram reportagens a respeito e, na semana posterior, prosseguiu-se com a reforma removendo o piso da década de 1970 transformando-o em entulho de construção. No Museu Histórico de Londrina não foram encontrados registros sobre o processo de reforma da Praça Gabriel Martins que explicassem como e porque aquelas flores foram pintadas. Mapeando as informações da matéria publicada no jornal de Londrina em agosto de 2011 (apresentada anteriormente nesse texto) localizou-se e entrevistou-se o Sr. Rodolfo Horner, engenheiro aposentado da Prefeitura aposentado que, gentilmente, forneceu valiosas informações, dentre as quais o nome do arquiteto que planejou as tais flores e galhos de café na Praça Gabriel Martins, Sr. Panayote Saridakis. O calçadão de Londrina, em 1989, expandiu-se ao longo de três quadras e transformou o modo de viver das pessoas que por lá transitam. Frequentemente é ” (reportagem da RPC TV 2010). De certa forma, o espaço cumpre sua função social e cria condições utilização
  • 10. 10 cotidiana, . Trata-se de um local no qual a população organiza manifestações e protestos. Após três grandes reformas realizadas em 1979, 1989 e 2003, segundo dados do Jornal Folha de Londrina (Agosto de 2008), outros reparos de emergência aconteceram ao longo deste período. Atualmente o calçadão de Londrina passa por outra reforma significativa como a substituição do piso petit-pavet pelo paver, alterando assim as cores e o material do piso, execução de galerias para a captação de águas pluviais, substituição do mobiliário urbano, melhorias para acessibilidade, instalação da iluminação pública, entre outros itens. Foram retiradas bancas de revistas, lanchonetes, choperias e floriculturas. Tais alterações, como nas demais reformas, geram polemicas e discussões entre populares, comerciantes e estudiosos. Alguns aprovam, outros não. Alguns questionam a perda da identidade do calçadão como patrimônio histórico como consta em artigo publicado na Folha de Londrina em 14 de agosto de 2011, assinado por Humberto Yamaki. Londrina deveria considerar como prioridade o tombamento do calçadão com o que resta do piso petit pave. (Yamaki, apud.Jornal Folha de Londrina 14/08/2011) Também o Sr. Rodolfo Horner engenheiro aposentado da PML diz que o calçadão da cidade L eu está no desenho do piso. O que se pode perceber é que o desenho é muito parecido, no entanto apesar de possuir mais cores elas são mais apagadas e o material também é diferente. Ao que se demonstra, podemos inferir que houve certa preocupação em relação a preservação da identidade do calçadão, mas o resultado é bastante questionável. Sobre o processo de construção do material didático Diante do exposto e dos estudos realizados at entre as alterações desse espaço público importante da cidade e a constituição de identidades, conceito este tão caro ao ensino da História. Resgatar essas fontes e possibilitar aos alunos que transitem pelas memórias da cidade tendo as reformas do calçadão como cenário de fundo possibilita uma compreensão
  • 11. 11 mais adensada sobre a história da cidade a partir de diferentes vieses que entrelaçam aspectos arquitetônicos, políticos, econômicos e culturais. Não se preservou as flores projetadas pelo Sr. Panayote Saridakis, assim como também, talvez, não se preserve o piso de petit pavê preto e branco (há indicações que parte do mesmo será mantido em frente ao Cine Teatro Ouro Verde). O que se guarda do passado para lembrar no presente é sempre escolha e responsabilidade do homem contemporâneo. Nesse sentido, resgatar imagens e textos sobre os processos de reforma do calçadão e a partir dos mesmos elaborar materiais didáticos para que os professores possam trabalhar com essas temáticas em sala de aula é de suma importância. os, aspectos relacionados a esse espaço da cidade. È por esse caminho que tal projeto prossegue.
  • 12. 12 Referencias: ”. Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 24. L L . Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 24. . .2 .3 8 . )–F , 2006. . O desenvolvimento de Londrina e as tran . emina i ncia ociais e umanas. Londrina, v. 26, p. 87-94, 2006. . Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 01. F L L . Jornal de Londrina. 1 / /2 . em <http://www.jornaldelondrina.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=992850> acesso em 17/03/2011. YAMAKI, Humberto. Iconografia Londrinense. Londrina: Humanidades, 2003. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=923272 ACESSADO EM 03/11/2011 AS 18:34 Fotos disponíveis em www.google.com.br/fotoslondrina. Figura 1: Propaganda da Companhia de Terras Norte do Paraná FONTE: Biblioteca Municipal de Londrina
  • 13. 13 Figura 2: Avenida Paraná, década de 1930. FONTE: Biblioteca Municipal de Londrina Figura 3: Avenida Paraná, década de 1950 FONTE: Biblioteca Municipal de Londrina Figura 4: Avenida Paraná, década de 1950 FONTE: Google – imagens antigas Londrina Figura 5: Avenida Paraná, década de 1960
  • 14. 14 FONTE: Google – imagens antigas Londrina Figura 6 : Perspectiva do piso em patit pavê FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-londrina-em- outros-tempos_17.html Figura 7: Praça Gabriel Martins, década de 1950 FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de- londrina-em-outros-tempos_17.html
  • 15. 15 Figura 8: Praça Gabriel Martins, 1963 FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de- londrina-em-outros-tempos_17.html Figura 9: Praça Gabriel Martins FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de- londrina-em-outros-tempos_17.html Figura 10: Praça Gabriel Martins, 1976 FONTE: Jornal Folha de Londrina, 24 de dezembro de 2006
  • 16. 16 Figura 11 – Movimentação na Praça Gabriel Martins Fonte: Jornal Folha de Londrina, 29 de dezembro de 2006) Figura 12: Praça Gabriel Martins depois da modernização das flores, 1976. FONTE: Jornal Folha de Londrina, 29 de dezembro de 2006) Figura 13: Praça Gabriel Martin em 2011, em reforma FONTE: Reportagem Jornal de Londrina, 07/08/2011
  • 17. 17 Figura 14: Calçadão de Londrina 2007 FONTE: Google – imagens Londrina Figura 15: Calçadão de Londrina 2012 FONTE: Google – imagens Londrina