Este documento descreve a tradição do Cavalo Marinho, uma dança dramática popular do nordeste brasileiro. Ele fornece detalhes sobre os papéis, figuras, músicas e ritmos envolvidos, além de resumir a história por trás da criação da Cia. Mundu Rodá, que se dedica a preservar esta tradição.
A cena apresenta a personagem Brísida Vaz, uma alcoviteira que explorava a prostituição e arranjava casamentos. Ela é julgada por um Anjo e um Diabo e defende-se dizendo que salvou moças e as converteu à religião, apesar de na verdade ser ladra e mentirosa. O autor Gil Vicente critica as alcoviteiras da época e toda a sociedade através desta cena cômica.
O documento discute a relação entre teatro e educação, analisando como a escola media a experiência das crianças com o teatro, tanto como espectadoras quanto praticantes. Apresenta como o teatro se articula com os conteúdos escolares e como família, mídia e outros fatores influenciam a recepção das crianças. Também reflete sobre como as crianças comparam teatro a outras linguagens e o veem como uma experiência diferente e mais interativa do que a televisão.
Slides sobre Escultura (simples) para o 9º anoCristina Ramos
Este documento descreve o que é escultura, suas características e técnicas. A escultura envolve a criação de objetos artísticos em três dimensões usando materiais como argila, bronze e pedra. Técnicas como cinzelamento, modelagem e fundição são usadas para dar forma à obra, que pode representar pessoas, objetos ou formas abstratas.
Este documento descreve as principais características da comédia no teatro grego antigo. A comédia surgiu nas festas em homenagem a Dionísio, assim como a tragédia, porém de forma mais crítica à sociedade. A estrutura inicial consistia em prólogo, párodo, ágon e êxodo, com intervenção do coro entre os atos. Diferentemente da tragédia, a comédia trazia o anti-herói e provocava o riso do público como forma de catarse.
O documento resume a história da videoarte desde sua origem na década de 1960 como uma forma de arte contrária à televisão comercial, passando pelas gerações subsequentes que exploraram novas formas como videoinstalações, até chegar à videoarte contemporânea que questiona a representação através da tecnologia.
O documento descreve o movimento literário Neoclassicismo/Arcadismo, com ênfase no contexto histórico e características principais. O Neoclassicismo surgiu na Europa do século 18 como reação ao Barroco, buscando o equilíbrio e racionalismo inspirados na Antiguidade Clássica. No Brasil, destacaram-se poetas como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Basílio da Gama, que exaltavam a natureza e identidade locais.
1. O documento discute diversos conceitos e elementos da arte, incluindo sua função social e como transmite ideias e emoções.
2. Aborda temas como a arte aplicada, as linguagens artísticas, elementos da linguagem visual como ponto, linha, cor e contraste.
3. Também apresenta exemplos de obras de arte famosas para ilustrar diferentes estilos, como expressionismo, cubismo e suprematismo.
A cena apresenta a personagem Brísida Vaz, uma alcoviteira que explorava a prostituição e arranjava casamentos. Ela é julgada por um Anjo e um Diabo e defende-se dizendo que salvou moças e as converteu à religião, apesar de na verdade ser ladra e mentirosa. O autor Gil Vicente critica as alcoviteiras da época e toda a sociedade através desta cena cômica.
O documento discute a relação entre teatro e educação, analisando como a escola media a experiência das crianças com o teatro, tanto como espectadoras quanto praticantes. Apresenta como o teatro se articula com os conteúdos escolares e como família, mídia e outros fatores influenciam a recepção das crianças. Também reflete sobre como as crianças comparam teatro a outras linguagens e o veem como uma experiência diferente e mais interativa do que a televisão.
Slides sobre Escultura (simples) para o 9º anoCristina Ramos
Este documento descreve o que é escultura, suas características e técnicas. A escultura envolve a criação de objetos artísticos em três dimensões usando materiais como argila, bronze e pedra. Técnicas como cinzelamento, modelagem e fundição são usadas para dar forma à obra, que pode representar pessoas, objetos ou formas abstratas.
Este documento descreve as principais características da comédia no teatro grego antigo. A comédia surgiu nas festas em homenagem a Dionísio, assim como a tragédia, porém de forma mais crítica à sociedade. A estrutura inicial consistia em prólogo, párodo, ágon e êxodo, com intervenção do coro entre os atos. Diferentemente da tragédia, a comédia trazia o anti-herói e provocava o riso do público como forma de catarse.
O documento resume a história da videoarte desde sua origem na década de 1960 como uma forma de arte contrária à televisão comercial, passando pelas gerações subsequentes que exploraram novas formas como videoinstalações, até chegar à videoarte contemporânea que questiona a representação através da tecnologia.
O documento descreve o movimento literário Neoclassicismo/Arcadismo, com ênfase no contexto histórico e características principais. O Neoclassicismo surgiu na Europa do século 18 como reação ao Barroco, buscando o equilíbrio e racionalismo inspirados na Antiguidade Clássica. No Brasil, destacaram-se poetas como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Basílio da Gama, que exaltavam a natureza e identidade locais.
1. O documento discute diversos conceitos e elementos da arte, incluindo sua função social e como transmite ideias e emoções.
2. Aborda temas como a arte aplicada, as linguagens artísticas, elementos da linguagem visual como ponto, linha, cor e contraste.
3. Também apresenta exemplos de obras de arte famosas para ilustrar diferentes estilos, como expressionismo, cubismo e suprematismo.
Padre António Vieira pronuncia um sermão em São Luís do Maranhão em 1654. Ele elogia os peixes por louvarem a Deus com sua existência, apesar de sua irracionalidade, e pede aos ouvintes que também louvem a Deus.
O documento descreve a história e características do movimento surrealista, que surgiu em Paris na década de 1920 influenciado pelas teorias psicanalíticas de Freud. Artistas como Dalí, Magritte e Ernst são destacados por seu trabalho que buscava representar o inconsciente por meio de técnicas como o automatismo. Frida Kahlo, embora não se considerasse surrealista, também é citada por suas pinturas que retratavam sua própria realidade.
O documento descreve o movimento pós-impressionista e as obras de dois de seus principais pintores, Van Gogh e Paul Gauguin. Detalha a vida e carreira dos dois artistas, incluindo suas principais obras como A Noite Estrelada e Natureza Morta com Mangas.
O documento apresenta um resumo sobre a história da arte, abordando:
1) A definição de arte e suas principais manifestações como arquitetura, música, pintura e escultura;
2) Uma visão geral da evolução da arte desde a pré-história até a arte contemporânea, destacando os principais períodos e estilos;
3) A importância do artista e suas características como a criatividade, imaginação e sensibilidade.
A cena descreve uma alcoviteira do século XVI chamada Brísida Vaz que traz moças para vender e explorar no mundo da prostituição. O autor Gil Vicente usa a cena para criticar o trabalho das alcoviteiras, o clero que usa suas serviços, e a sociedade que é cliente delas.
O documento descreve a arte bizantina, seu surgimento e características. O Império Bizantino surgiu após a divisão do Império Romano entre os lados ocidental e oriental. Sua arte tinha como objetivo exaltar o imperador e a fé cristã, destacando-se o mosaico, ícones e arquitetura de cúpulas e arcos. A cidade de Ravena também foi influenciada pela arte bizantina durante o domínio do Império no norte da Itália.
O documento descreve o movimento artístico Land Art, no qual artistas usam a natureza como suporte e tema para suas obras. Surgiu na década de 1960 como uma fuga à industrialização e busca pela natureza. As obras são efêmeras e feitas apenas com elementos naturais, sem causar danos ambientais. A maior obra foi a Plataforma Espiral de Robert Smithson, construída com terra e pedra sobre um lago em Utah.
A Arte Pop surgiu nos anos 1950-1960 nos EUA e Reino Unido como uma crítica à sociedade de consumo através da representação de objetos cotidianos em obras de grande escala. Artistas como Andy Warhol, Roy Lichtenstein e Claes Oldenburg recriavam itens como latas de sopa e garrafas de Coca-Cola de forma exagerada e com cores vibrantes. O movimento objetivava refletir a cultura popular e o bombardeio de produtos da época.
O documento apresenta informações sobre o dramaturgo português Gil Vicente e sua obra, notadamente o Auto da Barca do Inferno. Em três frases, o resumo é:
Gil Vicente foi um dramaturgo português do século XVI ligado ao humanismo que escreveu autos, peças teatrais de cunho religioso com personagens alegóricas, criticando aspectos da sociedade de sua época através da sátira. Seu Auto da Barca do Inferno retrata diferentes personagens sendo julgados por um anjo e um di
1) O documento descreve a origem e evolução do cinema desde sua invenção pelos irmãos Lumière até se tornar uma indústria com códigos próprios.
2) Detalha pioneiros como Méliès e Griffith e como o cinema rapidamente evoluiu de curtas filmagens para ficção e documentários.
3) Aponta grandes diretores que usaram o cinema para servir movimentos artísticos e ideológicos diferentes.
Este documento resume o Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, uma peça teatral do século XVI. A peça é considerada um "auto moralizante" e retrata várias almas sendo julgadas e enviadas ao inferno ou céu. As almas condenadas incluem figuras como um fidalgo, um onzeneiro, um sapateiro, um frade e uma feiticeira. A peça mistura elementos medievais e humanistas e faz uma sátira da sociedade portuguesa da época.
A videoinstalação é uma forma complexa de arte contemporânea que integra componentes eletrônicos, imagens, sons e o corpo do visitante no espaço. Ela expande a imagem para o ambiente e requer participação do espectador. Sua origem está na vídeo arte e é influenciada pelo Fluxus, Duchamp e obras pioneiras de Wolf Vostell, Nam June Paik e Bruce Nauman.
1. A escultura gótica ganhou autonomia em relação à arquitetura, com maior modelação formal, expressividade e naturalismo. Decorava catedrais e representava temas religiosos.
2. Após o século XIV, representou mais sofrimento com corpos magros e feridas exageradas, refletindo uma nova consciência da mortalidade humana.
3. A escultura tumular passou a retratar de forma mais individualizada e realista os defuntos.
O documento discute o Romantismo como um movimento artístico e literário que surgiu na oposição à razão iluminista, enfatizando a expressão das emoções individuais. Apresenta características como o nacionalismo, o individualismo e a fuga da realidade através da natureza, do passado e do sobrenatural. Também aborda exemplos de pintores, músicos e obras românticas.
O teatro surgiu na Grécia Antiga a partir de festividades em homenagem ao deus Dionísio. Com o tempo, as apresentações ganharam mais organização e passaram a ser encenadas em teatros de pedra em formato de meia-lua. As peças gregas tratavam de temas mitológicos e só permitiam atores do sexo masculino. Os principais gêneros eram a tragédia e a comédia.
O documento descreve a transição entre o Renascimento e o Barroco na arte. No Renascimento, os artistas se inspiraram na arte clássica e buscaram mais autonomia e criatividade. Já no Barroco, a Igreja Católica usou a arte para atrair fiéis durante a Contrarreforma, enfatizando temas bíblicos e emoções humanas de forma mais realista.
O documento descreve os principais movimentos artísticos do início do século XX na Europa, incluindo o Fauvismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo e Abstracionismo. O Fauvismo buscava transmitir emoções através da cor de forma intensa. O Expressionismo retratava temas como a miséria e a angústia de forma dramática e distorcida. O Cubismo quebrou com a perspectiva tradicional para mostrar objetos sob múltiplos pontos de vista ao mesmo tempo.
O documento descreve o movimento artístico do Realismo no século XIX, caracterizado pela representação precisa da realidade. A pintura realista teve como pioneiro Gustave Courbet, que insistia em retratar apenas o que via. Jean François Millet deu dignidade aos camponeses em suas obras. A arquitetura realista buscava responder às novas necessidades urbanas com construções como a Torre Eiffel.
A Semana de Arte Moderna de 1922 teve como objetivos trazer homogeneidade aos movimentos artísticos brasileiros e liberdade de expressão, rompendo com a arte acadêmica do passado. A reação do público foi majoritariamente contrária, com vaias e críticas às obras modernistas. Apesar da resistência inicial, o evento impulsionou novos movimentos culturais e artísticos no Brasil que valorizaram a identidade nacional.
1) O teatro medieval surgiu entre os séculos X-XV e foi influenciado por dramas litúrgicos em latim encenados por membros do clero.
2) As peças tratavam principalmente de temas religiosos como a Paixão de Cristo e eram encenadas em igrejas e praças públicas.
3) No final da Idade Média surgiram também peças profanas satirizando a sociedade, como "sotties" e "farsas".
Em Busca de Corporeidades para o Ator/Bailarino a partir da Dança Tradicional...Munduroda
1) A Cia. Mundu Rodá investiga as danças tradicionais brasileiras como o Cavalo Marinho e busca incorporar seus princípios no treinamento de atores.
2) Eles realizaram pesquisas de campo na Zona da Mata Norte de Pernambuco para aprender sobre o Cavalo Marinho diretamente com mestres e brincadores.
3) Seu treinamento envolve reconhecer corporalmente os elementos da brincadeira como figuras, trupés e ritmos para incorporá-los em seu trabalho.
Minha Chã: Uma Atriz nas Veredas do Cavalo Marinho - 2009 (Juliana Pardo)Munduroda
1) O documento descreve a experiência da autora como uma das primeiras mulheres a participar da tradicional dança brasileira Cavalo Marinho, normalmente praticada apenas por homens.
2) Ela detalha os desafios de ser aceita numa cultura masculina e como gradualmente ganhou respeito dos praticantes ao demonstrar habilidade e dedicação.
3) O documento também discute como sua participação inspirou outras mulheres a se envolverem com o Cavalo Marinho, desafiando estereótipos de gênero.
Padre António Vieira pronuncia um sermão em São Luís do Maranhão em 1654. Ele elogia os peixes por louvarem a Deus com sua existência, apesar de sua irracionalidade, e pede aos ouvintes que também louvem a Deus.
O documento descreve a história e características do movimento surrealista, que surgiu em Paris na década de 1920 influenciado pelas teorias psicanalíticas de Freud. Artistas como Dalí, Magritte e Ernst são destacados por seu trabalho que buscava representar o inconsciente por meio de técnicas como o automatismo. Frida Kahlo, embora não se considerasse surrealista, também é citada por suas pinturas que retratavam sua própria realidade.
O documento descreve o movimento pós-impressionista e as obras de dois de seus principais pintores, Van Gogh e Paul Gauguin. Detalha a vida e carreira dos dois artistas, incluindo suas principais obras como A Noite Estrelada e Natureza Morta com Mangas.
O documento apresenta um resumo sobre a história da arte, abordando:
1) A definição de arte e suas principais manifestações como arquitetura, música, pintura e escultura;
2) Uma visão geral da evolução da arte desde a pré-história até a arte contemporânea, destacando os principais períodos e estilos;
3) A importância do artista e suas características como a criatividade, imaginação e sensibilidade.
A cena descreve uma alcoviteira do século XVI chamada Brísida Vaz que traz moças para vender e explorar no mundo da prostituição. O autor Gil Vicente usa a cena para criticar o trabalho das alcoviteiras, o clero que usa suas serviços, e a sociedade que é cliente delas.
O documento descreve a arte bizantina, seu surgimento e características. O Império Bizantino surgiu após a divisão do Império Romano entre os lados ocidental e oriental. Sua arte tinha como objetivo exaltar o imperador e a fé cristã, destacando-se o mosaico, ícones e arquitetura de cúpulas e arcos. A cidade de Ravena também foi influenciada pela arte bizantina durante o domínio do Império no norte da Itália.
O documento descreve o movimento artístico Land Art, no qual artistas usam a natureza como suporte e tema para suas obras. Surgiu na década de 1960 como uma fuga à industrialização e busca pela natureza. As obras são efêmeras e feitas apenas com elementos naturais, sem causar danos ambientais. A maior obra foi a Plataforma Espiral de Robert Smithson, construída com terra e pedra sobre um lago em Utah.
A Arte Pop surgiu nos anos 1950-1960 nos EUA e Reino Unido como uma crítica à sociedade de consumo através da representação de objetos cotidianos em obras de grande escala. Artistas como Andy Warhol, Roy Lichtenstein e Claes Oldenburg recriavam itens como latas de sopa e garrafas de Coca-Cola de forma exagerada e com cores vibrantes. O movimento objetivava refletir a cultura popular e o bombardeio de produtos da época.
O documento apresenta informações sobre o dramaturgo português Gil Vicente e sua obra, notadamente o Auto da Barca do Inferno. Em três frases, o resumo é:
Gil Vicente foi um dramaturgo português do século XVI ligado ao humanismo que escreveu autos, peças teatrais de cunho religioso com personagens alegóricas, criticando aspectos da sociedade de sua época através da sátira. Seu Auto da Barca do Inferno retrata diferentes personagens sendo julgados por um anjo e um di
1) O documento descreve a origem e evolução do cinema desde sua invenção pelos irmãos Lumière até se tornar uma indústria com códigos próprios.
2) Detalha pioneiros como Méliès e Griffith e como o cinema rapidamente evoluiu de curtas filmagens para ficção e documentários.
3) Aponta grandes diretores que usaram o cinema para servir movimentos artísticos e ideológicos diferentes.
Este documento resume o Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, uma peça teatral do século XVI. A peça é considerada um "auto moralizante" e retrata várias almas sendo julgadas e enviadas ao inferno ou céu. As almas condenadas incluem figuras como um fidalgo, um onzeneiro, um sapateiro, um frade e uma feiticeira. A peça mistura elementos medievais e humanistas e faz uma sátira da sociedade portuguesa da época.
A videoinstalação é uma forma complexa de arte contemporânea que integra componentes eletrônicos, imagens, sons e o corpo do visitante no espaço. Ela expande a imagem para o ambiente e requer participação do espectador. Sua origem está na vídeo arte e é influenciada pelo Fluxus, Duchamp e obras pioneiras de Wolf Vostell, Nam June Paik e Bruce Nauman.
1. A escultura gótica ganhou autonomia em relação à arquitetura, com maior modelação formal, expressividade e naturalismo. Decorava catedrais e representava temas religiosos.
2. Após o século XIV, representou mais sofrimento com corpos magros e feridas exageradas, refletindo uma nova consciência da mortalidade humana.
3. A escultura tumular passou a retratar de forma mais individualizada e realista os defuntos.
O documento discute o Romantismo como um movimento artístico e literário que surgiu na oposição à razão iluminista, enfatizando a expressão das emoções individuais. Apresenta características como o nacionalismo, o individualismo e a fuga da realidade através da natureza, do passado e do sobrenatural. Também aborda exemplos de pintores, músicos e obras românticas.
O teatro surgiu na Grécia Antiga a partir de festividades em homenagem ao deus Dionísio. Com o tempo, as apresentações ganharam mais organização e passaram a ser encenadas em teatros de pedra em formato de meia-lua. As peças gregas tratavam de temas mitológicos e só permitiam atores do sexo masculino. Os principais gêneros eram a tragédia e a comédia.
O documento descreve a transição entre o Renascimento e o Barroco na arte. No Renascimento, os artistas se inspiraram na arte clássica e buscaram mais autonomia e criatividade. Já no Barroco, a Igreja Católica usou a arte para atrair fiéis durante a Contrarreforma, enfatizando temas bíblicos e emoções humanas de forma mais realista.
O documento descreve os principais movimentos artísticos do início do século XX na Europa, incluindo o Fauvismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo e Abstracionismo. O Fauvismo buscava transmitir emoções através da cor de forma intensa. O Expressionismo retratava temas como a miséria e a angústia de forma dramática e distorcida. O Cubismo quebrou com a perspectiva tradicional para mostrar objetos sob múltiplos pontos de vista ao mesmo tempo.
O documento descreve o movimento artístico do Realismo no século XIX, caracterizado pela representação precisa da realidade. A pintura realista teve como pioneiro Gustave Courbet, que insistia em retratar apenas o que via. Jean François Millet deu dignidade aos camponeses em suas obras. A arquitetura realista buscava responder às novas necessidades urbanas com construções como a Torre Eiffel.
A Semana de Arte Moderna de 1922 teve como objetivos trazer homogeneidade aos movimentos artísticos brasileiros e liberdade de expressão, rompendo com a arte acadêmica do passado. A reação do público foi majoritariamente contrária, com vaias e críticas às obras modernistas. Apesar da resistência inicial, o evento impulsionou novos movimentos culturais e artísticos no Brasil que valorizaram a identidade nacional.
1) O teatro medieval surgiu entre os séculos X-XV e foi influenciado por dramas litúrgicos em latim encenados por membros do clero.
2) As peças tratavam principalmente de temas religiosos como a Paixão de Cristo e eram encenadas em igrejas e praças públicas.
3) No final da Idade Média surgiram também peças profanas satirizando a sociedade, como "sotties" e "farsas".
Em Busca de Corporeidades para o Ator/Bailarino a partir da Dança Tradicional...Munduroda
1) A Cia. Mundu Rodá investiga as danças tradicionais brasileiras como o Cavalo Marinho e busca incorporar seus princípios no treinamento de atores.
2) Eles realizaram pesquisas de campo na Zona da Mata Norte de Pernambuco para aprender sobre o Cavalo Marinho diretamente com mestres e brincadores.
3) Seu treinamento envolve reconhecer corporalmente os elementos da brincadeira como figuras, trupés e ritmos para incorporá-los em seu trabalho.
Minha Chã: Uma Atriz nas Veredas do Cavalo Marinho - 2009 (Juliana Pardo)Munduroda
1) O documento descreve a experiência da autora como uma das primeiras mulheres a participar da tradicional dança brasileira Cavalo Marinho, normalmente praticada apenas por homens.
2) Ela detalha os desafios de ser aceita numa cultura masculina e como gradualmente ganhou respeito dos praticantes ao demonstrar habilidade e dedicação.
3) O documento também discute como sua participação inspirou outras mulheres a se envolverem com o Cavalo Marinho, desafiando estereótipos de gênero.
O documento apresenta o enredo "Dança" do Grêmio Recreativo Escola de Samba Consulado para o carnaval de 2011. O enredo explora a história e importância da dança desde as origens na pré-história até os dias atuais, passando por diferentes estilos e ritmos ao longo dos séculos e em diversas culturas. O desfile será dividido em 4 setores e contará com alas, carros alegóricos e uma bateria de 300 componentes.
O documento resume as principais características culturais do estado brasileiro de Mato Grosso do Sul, incluindo sua bandeira, comidas típicas, bebidas, danças regionais e como estas variam entre as diferentes regiões do estado.
O documento descreve as tradições e história do carnaval em Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. Detalha os locais de desfile, músicas, fantasias e escolas de samba em cada local. Também explica ritmos tradicionais de Pernambuco como frevo, ciranda e maracatu, além dos bonecos gigantes de Olinda.
1) A dança surgiu como forma de expressar emoções através de movimentos corporais antes da comunicação verbal.
2) As primeiras evidências da dança datam de aproximadamente 15 mil anos atrás em pinturas rupestres mostrando danças mágicas de caçadores.
3) Ao longo da história, a dança esteve presente em rituais religiosos e sociais de povos primitivos.
1) A dança surgiu como forma de expressar emoções através de movimentos corporais antes da comunicação verbal.
2) As primeiras evidências de dança datam de aproximadamente 15 mil anos atrás em pinturas rupestres mostrando danças mágicas de caçadores usando máscaras de animais.
3) Com a evolução, os homens primitivos passaram a usar instrumentos musicais a partir de 6500 a.C., e danças passaram a fazer parte de rituais e reuniões sociais.
O documento apresenta uma introdução à música nordestina, resumindo 7 estilos musicais da região - Cantoria de Viola, Embolada, Frevo, Banda de Pífano, Côco, Bumba-Meu-Boi e Ciranda - e apresentando exemplos musicais de cada um. O texto também faz uma breve menção ao movimento Armorial e ao artista Luiz Gonzaga.
As principais danças do Nordeste brasileiro incluem o samba de roda, maracatu e frevo, com origens nas culturas afro-brasileira e indígena. Outras danças populares são o baião, quadrilha, capoeira, pagode, axé, coco, forró, bumba-meu-boi e cabocolinhos.
Como autor, musico e compositor, apresento meu novo projeto autoral "MAIS UM BAMBA" onde mostro um pouco da trajetória do samba com suas influências rítmicas.
O documento descreve três danças populares nordestinas - Ciranda, Caboclinho e Maculelê. A Ciranda envolve movimentos circulares e cantigas acompanhadas por instrumentos musicais. O Caboclinho retrata batalhas e caçadas indígenas através de coreografias ágeis. Já o Maculelê é uma dança dramática de origem africana que representa tanto a luta entre escravos e senhores quanto diversão entre negros.
Maracatus e Cavalo-Marinho são Patrimônios Culturais Imateriais do Brasil
O título foi concedido nesta quarta (3/12), na 77ª Reunião Deliberativa do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, na sede do Iphan, em Brasília
O documento descreve diversas tradições culturais do Brasil, particularmente do estado de São Paulo, incluindo danças, festas, festivais, romarias e artesanatos. É destacada a riqueza do patrimônio cultural imaterial brasileiro gerado por sua diversidade étnica, racial, social e religiosa ao longo da história. O projeto "Culturas e Tradições Paulistas" tem como objetivo pesquisar, registrar e promover essa cultura popular de forma abrangente.
Este documento apresenta um roteiro de atividades para uma semana de estudos sobre festas populares brasileiras, com um dia dedicado a cada região do país. As principais festas apresentadas incluem as cavalhadas na região Centro-Oeste, o Festival de Parintins no Norte, e os festejos juninos como o São João no Nordeste.
O documento discute diversas danças folclóricas brasileiras, incluindo a desfeiteira, o maracatu, os parafusos e a quadrilha junina. Também aborda o carnaval como a maior festa popular do Brasil, com danças como o axé, o frevo e o samba. Finalmente, fornece curiosidades sobre o carnaval e incentiva a interação no chat.
O documento resume a apresentação do GRES Estácio de Sá no carnaval, com o enredo homenageando Luma de Oliveira. O desfile trará diversos grupos folclóricos do Brasil, como Baianas, Maracatu e Frevo, celebrando a diversidade cultural do país através da beleza e alegria de Luma de Oliveira.
O documento resume a apresentação do GRES Estácio de Sá no carnaval, com o enredo homenageando Luma de Oliveira. O desfile trará diversos grupos folclóricos como Mães Baianas, Maracatu e Frevo, celebrando a diversidade cultural brasileira representada por Luma.
Cia. Ói Nóiz Akí apresenta Bonequinha de Pano, dias 11 e 12 de Outubro no Teatro das Bacabeiras. Sessões às 10h e 15h. Portfólio com informações para agendamento de escolas.
Na minha trajetória de musico, autor e pesquisador cultural, estudei as influências do samba, descobri na congada uma proximidade interessante na formação do nosso samba de raiz, com isso criei este interessante projeto cultural, fundindo as duas vertentes.
Semelhante a Figuras do Cavalo Marinho -Unicamp 2012 (Alício Amaral) (20)
Figuras do Cavalo Marinho -Unicamp 2012 (Alício Amaral)
1. FIGURAS
Na Pisada do Cavalo Marinho
Figuras e Banco do Cavalo Marinho- Camutanga (PE) 2002
Foto: Michele Zollini
Alício Amaral
(Cia. Mundu Rodá de Teatro Físico e Dança - SP)
Palavras-chave: 1. Figuras. 2.Cavalo Marinho. 3.Teatro, Dança, Música.
4.Danças Tradicionais Brasileiras. 5.Cia. Mundu Rodá, treinamento do ator.
6.Mestres, Brincadores.
2. Resumo
A Cia. Mundu Rodá de Teatro Físico e Dança foi criada em 1999 com o
objetivo de estabelecer diálogos artísticos entre as danças tradicionais
brasileiras e as artes cênicas contemporâneas. Desde então, nos dedicamos à
criação de uma linguagem cênica própria que dá destaque às corporeidades
brasileiras e aos diferentes elementos presentes em suas formas expressivas.
Durante nossa trajetória criamos um forte laço profissional e afetivo com a
brincadeira do Cavalo Marinho da Zona da Mata Norte de Pernambuco,
seus mestres e brincadores. O presente artigo apresenta de forma sucinta um
panorama das figuras do Cavalo Marinho da Mata Norte de Pernambuco, e
um breve relato da minha experiência como figureiro.
i
Figura 1 – Mestre Biu Alexandre na Figura do Valentão - Itaquitinga (PE) 2002
Foto: Michele Zollini
No ano de 1999 eu e a atriz-bailarina Juliana Pardo, companheira de trabalho e vida,
resolvemos juntar as malas e embarcar numa viagem que definiria o rumo da nossa recém-
criada Companhia de Teatro: a Cia. Mundu Rodá de Teatro Físico e Dança. Com poucas
informações sobre os brincadores de Cavalo Marinho e com muita determinação, partimos de
São Paulo para Pernambuco. Esta jornada duraria cerca de 04 anos, vividos em Chã de
3. Esconso e Recife. Foram 04 anos de pesquisas, muito samba, e de ensinamentos e amizades
duradouras.
Um dos motivos que nos levou a fazer esta viagem, foi o desejo de acompanhar de perto a
brincadeira tradicional do Cavalo Marinho no seu local de origem, para melhor compreender
seu complexo funcionamento, especialmente de suas figuras mascaradas.
Logo que chegamos tivemos o privilégio de vivenciar nosso primeiro samba em terras
Pernambucanas, madrugada adentro. Foi o Cavalo Marinho de Mestre Grimário, em Chã de
Esconso no Município de Aliança (PE), com muitos convidados especiais. Um deles era o
figureiro Luiz da Silva, hoje não mais entre nós, ou Luiz Rodinha como era conhecido. Foi
neste dia que pudemos ver Seu Luiz em ação no terreiro, e tantos outros figureiros que mais
tarde tornaram-se nossos grandes amigos, mestres e parceiros.
Quando o banco de músicos começou a tocar, uma atmosfera diferente tomou o lugar. Tive a
impressão de ser transportado para outro tempo, outro espaço. É claro que eu estava ansioso
para ver a brincadeira acontecendo numa cidade do interior, numa festa tradicional, mas essa
sensação me acompanha até hoje. Quando o banco toca, parece que o ar muda, e logo você
fica contagiado pelo ritmo e pela quentura do brinquedo.
Para nós, surgia um universo de novas possibilidades para o trabalho do ator. Aqueles corpos
desarticulados, meio humanos - meio animais, que deslizavam sob o chão de terra batida, o
baque surdo das pisadas fortes, os pés ligeiros cortando o ar, o som que ecoava das máscaras,
as estórias que eram contadas, as loas, as toadas, tudo era extremamente intenso, pulsante,
vivo.
Depois da primeira hora de samba, Seu Luiz nos convidou para acompanhá-lo até uma
pequena venda à alguns metros do local da brincadeira. Lembro de Seu Luiz conversando
conosco muito receptivo, contava orgulhoso estórias sobre o cavalo marinho, fumava um
cigarro e bebia alguns goles de cerveja. De repente, ele parou de falar e olhou atento para a
roda do Cavalo Marinho. Com muita calma, apagou o cigarro no chão com o pé, deu mais um
gole no copo e disse num tom informal: “Vocês me dão licença que eu vô botar uma figura e
já volto”. Dentro de dois minutos surgiu na roda uma figura correndo para lá e para cá,
dançando, gritando, cuspindo, dando “coices” e espadadas. Usava uma máscara feita com pele
de carneiro, e mal dava para ver seus olhos de tão peluda. Era o Bode ou Capitão do Campo,
figura que surge para atazanar a vida do Nêgo Mateus e Bastião. Depois de uma performance
de quase 10 minutos sem parar, a figura falou uma loa (verso) e desapareceu pelo fundo da
roda. Em seguida Luiz voltou para a venda, um pouco suado mas tranqüilo, e como se nada
4. tivesse acontecido - acendeu outro cigarro, bebeu um gole da cerveja e disse: “E aí,
gostaram? Esse é o Bode! Então...” e a conversa seguiu.
Enquanto Seu Luiz falava, pensei - “como ele colocou o corpo em ação tão rapidamente,
como modulou de uma qualidade corporal extremamente cotidiana para uma tão cênica e
intensa em tão pouco tempo? Qual os segredos por trás desta espontaneidade toda, desta
presença cênica?”. Estas perguntas, entre tantas, foram o ponto de partida para uma longa
jornada de investigação sob o universo das figuras e do brinquedo do Cavalo Marinho. Seria
um trabalho para muitos e muitos anos. Então, nos permitimos demorar, sem pressa. Vivenciar
o dia dia do brinquedo e dos brincadores, assim talvez pudéssemos compreender melhor os
segredos deste brinquedo.
E assim foi: de 2000 a 2004 residimos em Chã de Esconso, município de Aliança, e em
Recife, realizando pesquisas de campo junto aos mestres e brincadores de seis grupos de
Cavalo Marinho da Zona da Mata Norte de Pernambuco.
Neste período criou-se um forte laço afetivo entre nós e os mestres e brincadores dos grupos.
Além de amigos, os mestres e brincadores tornaram-se parceiros na investigação sobre a
pesquisa histórica do brinquedo e nossa pesquisa artística, trilhando lado a lado caminhos
ainda desconhecidos por ambas as partes. De um lado, nos era apresentado o universo do
Cavalo Marinho, do outro apresentávamos o nosso brinquedo, o das artes cênicas
contemporâneas.
Os grupos estudados neste período foram: Cavalo Marinho Boi do Oriente de Camutanga,
Mestre Inácio Lucindo; Cavalo Marinho Boi Brasileiro de Chã de Esconso, Mestre Biu
Roque; Cavalo Marinho Boi Pintado de Aliança, Mestre Grimário; Cavalo Marinho Boi de
Ouro de Itambé, Mestre Duda Bilau e Araújo; Cavalo Marinho Mestre Batista de Chã de
Camará, Mestre Mariano Teles; Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado, Mestre Biu
Alexandre.
Em 2002, com a ajuda do pesquisador André Bueno elaboramos um projeto para revitalização
e pesquisa histórica de alguns grupos de Cavalo Marinho intitulado “Resgate e Fortalecimento
do Cavalo Marinho da Zona da Mata Norte de Pernambuco”. Felizmente o projeto foi
contemplado pelo programa Bolsa Vitae de Artes 2003, na categoria de pesquisa histórica
teatral. Consistia no registro histórico de seis grupos tradicionais da região, em áudio, vídeo,
textos e partituras musicais, além da realização de oficinas de Cavalo Marinho em cidades e
comunidades da Zona da Mata, ministradas pelos próprios mestres e brincadores, com os
objetivos de fortalecimento e de restabelecimento de partes das brincadeiras e figuras não
5. mais representadas. A parte do projeto que contou com suporte da Vitae foi realizada nos anos
de 2003 e 2004.
De volta á São Paulo, continuamos com o trabalho de intercâmbio artístico e pesquisa com o
Cavalo Marinho, acompanhando anualmente a realização das brincadeiras na Zona da Mata,
e promovendo no Estado de São Paulo, workshops, palestras, demonstrações técnicas e
sambadas com a participação de mestres e brincadores da Mata Norte de Pernambuco. Os
eventos já são realizados há nove anos, nas cidades de São Paulo, São Bernardo do Campo e
Campinas.
Resumo do Brinquedo
O Cavalo Marinho pode ser considerado uma dança dramática ou ainda uma forma de teatro
popular de rua. Proveniente da Zona da Mata, região onde se concentra grande parte da
monocultura canavieira pernambucana, e cercada por grandes usinas e engenhos de cana de
açúcar, a brincadeira de energia vigorosa é realizada na grande maioria por trabalhadores
rurais. Tradicionalmente é celebrada durante o ciclo natalino (seguindo até o dia de Reis) e
retrata ao longo do seu enredo, principalmente, as relações patrão-empregado, abordando as
figuras humanas do cotidiano e as figuras do imaginário popular da região. Uma brincadeira
pode chegar à até 08 horas na sua representação, estendendo-se até quebrar a barra do dia (o
amanhecer).
Um grupo completo possui em média 20 integrantes: um Mestre, um Mateus, um Bastião,
uma Catirina, três Figureiros, oito Galantes, uma Dama, uma Pastorinha, um Arreliquim e
cinco músicos. Estes números podem variar de acordo com cada grupo. Os instrumentos
usados são a rabeca (instrumento de corda friccionado por um arco, como o violino), o
pandeiro, uma ou duas bajes (um reco-reco de taboca) e um mineiro (ganzá). Durante a
brincadeira os músicos permanecem sentados num banco de madeira, na ordem em que foram
apresentados os instrumentos acima. Esta formação recebe o nome de "Banco".
O público é quem delimita o espaço cênico da brincadeira, formando um círculo a partir do
Banco. O espaço da encenação é chamado de “Roda do Cavalo Marinho”.
São muitos os grupos e os figureiros deste brinquedo, e cada grupo possui um“sotaque”
diferente do outro, expressando suas particularidades no ritmo, nas toadas, nas loas, na dança,
e na ordem da representação do brinquedo e das figuras. Quem determina este sotaque é o
mestre, que defende o seu jeito de brincar o cavalo marinho e a ordem de representação do
seu brinquedo.
6. A dança do Cavalo Marinho caracteriza-se por pisadas fortes denominadas de “trupés”
(passos), que acentuam a célula rítmica da brincadeira.
O enredo abaixo é um exemplo de uma das variantes possíveis da brincadeira:
O Capitão Marinho (chamado também de Mestre da brincadeira), deseja dar uma festa em
louvor aos Santos Reis do Oriente. Ele já tem o "Banco" (músicos) e precisa de "figuras"
(personagens) para desenvolver a brincadeira. Aparece então a primeira figura da noite, o
"Seu Ambrósio", um “vendedor de figuras” que negocia com o Capitão as personagens que
poderão surgir ao longo da brincadeira. Ele mostra cada uma delas através da imitação de suas
corporeidades, ações físicas e “trupés” específicos. O Capitão sempre compra tudo, mas
nunca paga.
Fechado o negócio, entram na roda “Mateus” e “Bastião” e a Catirina (os “palhaços da cara
preta” da brincadeira). São contratados pelo Capitão para “cuidar” do terreiro, colocando
ordem na brincadeira. São as únicas figuras que permanecem na representação do brinquedo
do início até o fim. As demais figuras representam a sua cena e retiram-se logo em seguida.
O Capitão argumenta que vai viajar e deixa Mateus e Bastião encarregados de cuidar da
ordem da brincadeira, o que, de fato eles não fazem. Entra então na roda o “Soldado da
Gurita”, contratado para prender os dois, pois eles não querem dar a licença para o Capitão
dar o baile na cidade. Há uma encenação de luta (dançada) da prisão dos dois e a ordem é re-
estabelecida. Sai o “Soldado” e Mateus e Bastião continuam na brincadeira.
Outras figuras vão surgindo na brincadeira, sempre anunciadas pelo Banco através de
“toadas” (canções) específicas. De modo geral, entre cada uma das figuras que surgem, há um
pequeno espaço livre, preenchido por toadas soltas e trupés, usado pelos membros do grupo e
pelo público para dançar. Este espaço ou intervalo de figuras permite a preparação e a
organização dos figureiros entre uma representação e outra.
O ápice da brincadeira é a encenação da volta do Capitão de sua longa viagem. Ele retorna
com sua “Galantaria” (representando membros de sua família e/ou uma escolta de soldados).
Os Galantes, juntamente com o Capitão, realizam um baile em louvor aos Santos Reis do
Oriente, através de várias evoluções coreográficas; algumas delas fazendo uso de arcos de
japecanga ornamentado com fitas coloridas. Este é um momento de grande riqueza visual. As
toadas e as “loas” (poesias) desta parte da brincadeira falam sobre o nascimento de Jesus
Cristo, Nossa Senhora Santana, São Gonçalo do Amarante (santo casamenteiro), entre outros
temas. Em dado momento, o Capitão surge montado em seu Cavalo, o Cavalo Marinho, e
outras evoluções coreográficas são executadas em seqüência, juntamente com a Galantaria.
7. Terminada esta parte da brincadeira, começam a surgir as figuras da madrugada. Algumas
delas são: “Barbácia”, “Pataqueiro”, “Ema”, “Véia-do-Bambú”, “Caboclo-de-Arubá”, “Pisa-
Pilão”, “Babau”, “Onça”, “Burrinha”, “Mané-do-Motor”, “Mané-Taião”, “Mané-Chorão”,
“Mestre -Domingos”, “Véio-Cacundo”, “Mané-Gostoso”, “Serrador”, “Margarida”,
“Verdureiro”, entre outras.
A última encenação da noite é o “Boi”. Nessa passagem da brincadeira, o Boi é morto por
“Mateus” e “Bastião”; o Capitão manda chamar o “Doutor da Medicina”. O “Doutor”
examina o Boi e conclui que não há salvação possível. Decide-se então por partilhar a carne
do Boi. Logo após a partilha inicia-se uma seqüência de toadas para “levantar” o Boi, que
surge brincando no terreiro para a alegria de todos. Por fim, todos formam uma grande roda
para cantar e dançar os Cocos de Despedida, terminando assim a brincadeira aos vivas!
As Figuras
São tantas e distintas as figuras, os grupos de cavalo marinho e seus sotaques, que no início
parecia impossível catalogá-las. Na época as informações escritas sobre o assunto eram
escassas. As referências que tivemos acesso, foram alguns registros escritos pelo
etnomusicólogo John Murphy, sobre o Cavalo Marinho de Mestre Salustiano (Olinda- Cidade
Tabajara), além das publicações de Mario de Andrade, Silvio Romero e Hermilo Borba Filho,
mas mesmo assim nada específico sobre os grupos de Cavalo Marinho da Zona da Mata Norte
de Pernambuco.
Ao todo registramos 85 figuras e suas possíveis variações dentre seis diferentes grupos de
Cavalo Marinho, sendo que 15 foram restabelecidas nos brinquedos através do projeto
realizado com o apoio da Bolsa Vitae de Artes em 2003, e 75 figuras ainda podem ser vistas,
hoje, em repertório.
Para melhor compreensão sobre o universo das figuras podemos dividir resumidamente o
assunto em alguns tópicos:
1) Corpo Brincador
Cada figura possui uma corporeidade, um comportamento físico específico que está
fortemente ligado à sua função, trabalho ou ação principal, durante sua representação. Porém
todas compartilham dos mesmos princípios físicos que estruturam a brincadeira.
Par identificar estes princípios físicos primeiramente observamos a relação entre o corpo do
brincador e o corpo do trabalhador rural, uma vez que a brincadeira está inserida neste
8. contexto. Certa vez perguntamos ao mestre Inácio Lucindo: o que tem na física do corpo do
trabalhador que tem na física do corpo do brincador? Ele respondeu:
A física do coipo do trabalhadô é a mesma física do coipo do brincadô. Óia,
a física do coipo da brincadeira é essa aqui que eu disse a vocês, o cabra que
tá cortano cana, o coipo dele vai aqui, ele corta aqui, arreia aqui, arreia ali,
num instante ele vem pá’qui, pá esse lado, ele corta pá todo lado, o coipo
dele é molinho, é um coipo doce, é um coipo mole, um coipo recaído. É a
mesma coisa quando um cabra tá brincando com o outro, a gente brinca. É a
física do coipo. A física do coipo do trabalhador é a física do brincador. O
trabalhador tem a física do coipo pá todo canto...quando ele vem com a
enxada cobrindo a cana, óia, ele já vem com o coipo no manejo, cobrindo
aqui, cobrindo ali. Óia, pro cara que brinca, esse é o tombo. É a mesma coisa
de sambá. (SILVA, 2002)
A comparação entre o brincador e o trabalhador se dá no aspecto físico e energético, onde a
qualidade de energia empenhada para realizar a dança se assemelha à qualidade das ações
realizadas durante o trabalho com a cana de açúcar. Também se dá na semelhança da postura
corporal do brincador e do trabalhador. A base baixa, os joelhos flexionados, o agrupamento
de energia no centro do corpo, a “mola” do corpo entendido como contra impulso e impulso, a
precisão das ações no corte da cana e nos trupés, o corpo aterrado e ao mesmo tempo leve e
ágil, o trabalho de vetores de direção que organizam os corpos, e a disponibilidade para a
ação, são alguns dos princípios comuns.
Uma vez identificado estes princípios cabia á nós ressaltar quais são as particularidades físicas
de cada figura, suas ações e trupés específicos. Porém o cuidado maior estava em identificar e
reconhecer os pontos comuns em cada figura, os que se repetiam durante a representação da
mesma figura realizada por diferentes figureiros de diferentes grupos de Cavalo Marinho. Ou
seja, por muitas vezes, por ser uma brincadeira que permite constante improvisação,
percebemos que algumas ações específicas e algumas variações de trupés (passos), eram de
repertório exclusivo do figureiro, portanto era uma particularidade do figureiro e não da
figura. Então passamos a observar estes pontos em comum. Por exemplo, na figura da Velha
do Bambu, identificamos alguns destes pontos repetidos por muitos figureiros: um trupé
muito particular, caracterizado por um movimento frenético de abrir e fechar as pernas como
quem tem um “fogo insaciável debaixo da saia”; algumas formas de ir para o chão, como
caídas com as pernas abertas para ar; algumas ações como passar a mão por debaixo da saia e
oferecer para as pessoas cheirarem seus dedos; abanar-se com a saia; trupé do mergulhão
levantando a saia acima da cabeça; pegar uma criança na roda e coloca-la debaixo da saia; e
muitos outros. Desta forma, identificamos os elementos que são indispensáveis para a
9. composição corporal e para a representação de cada figura. Pudemos entendê-las melhor,
detalhar os passos, os diálogos, as canções, os versos, as ações, o comportamento físico de
cada uma e seu repertório na cena.
Familiarizado com a estrutura corporal de cada figura, o figureiro possui um trilho seguro
para percorrer durante sua representação, podendo improvisar e brincar dentro desta estrutura
sem descaracterizar a figura ou a própria cena.
2) Tipos de Figura
Classificamos as figuras em quatro grupos:
As Figuras Humanas
Estas figuras representam pessoas, muitas delas tipos encontrados no cotidiano da região.
Alguns exemplos são; o Pisa Pilão e a Lica Peneira, o Varredor ou Vila Nova, o Verdureiro, o
Soldado da Gurita, o Cego e a Guia, o Empareado, o Doutor da Medicina, o Vaqueiro, o Véia
do Bambu, o Véio Friento, o Empata Samba, o Mané do Baile, o Mané Taião, o Bêbado e o
Budegueiro, o Motorzeiro ou Mané do Motor, o Italiano, o Cobrador, o Mestre Domingos,
entre tantos outros.
Podemos ainda subdividi-las em famílias, como por exemplo a família do valentões, dos
velhos, dos bobos, dos trabalhadores e das mulheres.
As Figuras de Bichos
Figuras que representam animais, como o Boi, o Cavalo, a Onça, o Macaco, o Urso, a Ema, o
Bode, entre outras.
Estas figuras são apresentadas de variadas formas, mas basicamente por bonecos que
escondem o corpo inteiro do figureiro (como o boi); bonecos que expõe parte do corpo do
figureiro (como o cavalo – a imagem que vemos é a de um homem montado em um cavalo);
ou ainda uma fantasia de pelúcia e uma máscara (como urso e o macaco).
As Figuras Fantásticas ou Seres Imaginários
São figuras que representam alguma entidade ou algo sobrenatural, como o Diabo ou Cão de
Fogo, o Babau (que é uma assombração que come tudo à sua frente), o Morto Carregando o
Vivo, a Morte, entre outros.
10. As Figuras de Bonecos
Figuras representadas por bonecos, normalmente bem grandes. Neste grupo encontramos o
Mané Pequenino, um boneco muito alto com os braços articulados e a Boneca Margarida.
Ambos não falam, mas dançam na roda e gesticulam respondendo as perguntas do Capitão.
3) As Máscaras
Todas as figuras usam algum tipo de máscara para sua caracterização. Estas podem ser
confeccionadas por diversos materiais. Encontramos na brincadeira os seguintes tipos de
máscaras:
Máscara de Couro: confeccionada com couro de bode ou de boi, são usadas pela maioria das
figuras, independentemente do seu grupo. Podem ser simples, somente o couro cru com os
buracos dos olhos e um nariz colado; ou com algumas expressões ou desenhos pintados com
tinta, como bigodes, rugas, pintas, etc. As máscaras feitas com couros peludos possuem
detalhes de acordo com a criatividade de quem a faz. Por exemplo, a pessoa pode raspar os
pêlos e fazer desenhos de barba e sobrancelhas na máscara.
Máscara de Papel Machê: Também muito encontrada na brincadeira. Feitas por moldes de
barro, são usadas por muitos figureiros. Algumas figuras tendem a ser representadas somente
com este tipo de máscara, como por exemplo a Véia do Bambu.
Máscara Branca: Maquiagem feita de goma de mandioca usada para determinadas figuras
como o Bêbado, Mané Gostoso, Joana Baia, Nêga da Garrafa, Cozinheiro, Sá Marica e o
Cachaceiro. A expressão usada para colocar esta máscara é: melar a cara.
Máscara Preta: Maquiagem feita com carvão moído, usada para as figuras do Mateus,
Bastião e Catirina.
As máscaras são normalmente grandes e desproporcionais ao rosto do figureiro. Algumas
possuem a abertura da boca e outras não. Quando há esta abertura, a boca da máscara costuma
ficar situada na linha do queixo do figureiro. Presas por fitas de elástico em volta da cabeça,
as máscaras de couro costumam ficar fortemente apoiadas na testa e na base do nariz,
11. deixando assim um espaço entre a boca do figureiro e a máscara. Este espaço funciona como
uma caixa ressonadora para a voz, criando uma sonoridade vocal bastante particular das
figuras, com um timbre meio abafado. Cada figureiro descobre uma forma de usar a estrutura
da máscara à favor de sua voz.
O figureiro é quem escolhe a máscara para a sua figura, que pode variar de um dia de
brincadeira para o outro. O grupo de Cavalo Marinho possui suas máscaras, e normalmente
são guardadas pelo mestre. A tolda é o lugar onde ficam guardados as máscaras, os figurinos e
a indumentária da brincadeira. Funciona como um camarim. Cada figureiro, no seu momento,
escolhe a sua máscara e suas roupas. A máscara é escolhida por um critério pessoal de simples
associação relacionado á personalidade da figura representada, e também por uma
identificação do figureiro. Ele deve gostar também da máscara. Certa vez seu Luiz falou para
mim quando fui botar a figura do Bode: “Escolhe aí qual dá para você.” Escolhi uma bem
cabeluda, parecia um animal, e mostrei a ele. Ele respondeu: “Essa deu bom!”. Mais tarde eu
vi a mesma máscara sendo usada para o Valentão, e depois para o Pisa Pilão, e depois para o
Cobrador. A mesma máscara pode ser usada diversas vezes durante a brincadeira para
representar diferentes figuras. Adereços como paletó, chapéu, lenço, espada, porrete, ajudam
também a caracterizar a figura.
Alguns figureiros se especializam em determinadas figuras e possuem suas próprias máscaras.
Estas máscaras sempre são usadas para a representação da mesma figura e não são
disponibilizadas para outros figureiros.
4) A Cena ou Botando Figura
Cada figura, com pouquíssimas exceções, possui sua própria toada (música) de chegada, suas
toadas de desenvolvimento na cena, e sua toada de retirada. A representação das figuras se dá
por meio de cenas dramáticas, podendo ser curtas ou longas de acordo com cada
representação e com o desempenho de cada figureiro. O termo tradicional usado para
representação de uma figura é botar. O figureiro bota figuras.
As cenas possuem um roteiro de ações, algumas estruturadas com diálogos e loas (versos)
pré-estabelecidos, não permitindo muitos improvisos, e outras com formas bastante livres,
permitindo total improvisação. Este roteiro - com começo, meio e fim - é sempre o mesmo, e
para uma boa “atuação” deve ser seguido corretamente, sem falhas.
As figuras que prestam algum tipo de serviço ao Capitão, por mais diverso que seja, sempre
fazem a empeleitada antes, ou seja, uma negociação sobre o pagamento que pretende receber
12. pelo seu serviço oferecido. O Soldado que entra para prender alguém, o Verdureiro que vende
verduras e legumes, o Mateus que é contratado para tomar conta da festa, todos negociam,
mas sempre são ludibriados pelo Capitão, que promete pagá-los, e no final nunca paga.
Freqüentemente o Capitão brinca com uma pessoa do público dizendo:“Tá valído Seu
Soldado, eu faço por doze e nada, e amanhã o senhor passe na casa de seu fulano (aponta
para a pessoa no público) que ele te paga direitinho”.
Outra característica na cena do Cavalo Marinho é a pulha ou púia. A púia é a piada realizada
entre os brincadores do Cavalo Marinho, e com o público. Geralmente usando as palavras
com duplo sentido, é usada como um jogo entre os brincadores. A graça e a dificuldade está
em esquivar-se das perguntas maliciosas e sempre ter uma resposta na ponta da língua.
Abaixo um exemplo de diálogo entre a figura do Ambrósio e o Capitão:
Trecho de transcrição realizada em 2003 - Figura do Ambrósio botada por Mestre Biu
Alexandre, e Capitão por Mestre Duda Bilau).
...Ambrósio dança até o Banco. Pára a música, e dirige-se ao Capitão.
Ambrósio - Capitão!
Capitão - Às ordes.
Ambrósio - Bom dia!
Capitão - Bom dia.
Ambrósio - Boa tarde!
Capitão - Boa tarde.
Ambrósio - Boa noite!
Capitão - Boa noite.
Ambrósio - Capitão como..
Capitão -...vai.
Ambrósio - Ô Capitão, pra que mandô chupá o Ambrósio véio?
Capitão - Eu não mandei lhe chupá, mandei lhe chamá!
Ambrósio - Ai Capitão, então pra que mandô me chamá?
Capitão - Mandei lhe chamá, porque eu sôbe que aqui o senhor tinha umas figura pra vendê
e aqui é uma festa do Divino Santo Rei do Oriente. E eu quero que você apresente aqui umas
figura e se eu tivé cundição eu compro, se num tivé...
Ambrósio - ...Capitão eu tenho!
13. Capitão - Tem?
Ambrósio – Boa!
Capitão - Boa?
Ambrósio - Capitão qué?
Capitão - Eu quero comprá.
Ambrósio - Capitão compra?
Capitão - Compro.
Ambrósio - Apôi me pague.
Capitão – Oxênte, eu vô compá assim sem vê?
Ambrósio - Capitão num compra?
Capitão – Compro quando vê! Você tem que vim, mostrá, representá, sabê como é que chega,
aí eu compro e pago cum dinhêro.
Ambrósio - Apôi Capitão, então vâmo fazê um negócio ligêro. Se eu mexê, botá o dedo no
fundo...
Capitão -...do saco...
Ambrósio -... remexê, e encontrá duas dentro, serve?
Capitão - Do samba serve.
Ambrósio - Ô Capitão, eu vô em casa, que eu aqui num tenho nenhuma. Quando eu chegá
aqui agente fecha o resto do negócio, tá certo?
Capitão - Tá certo.
Ambrósio – Banana! (Faz um gesto com a mão para o Banco tocar)...
O espaço cênico é um círculo, composto pelo público e pelo banco. O termo pé do banco é
usado para o que acontece próximo ao banco de músicos, e o termo fundo da roda é usado
para o que acontece no lado oposto ao banco. Normalmente a figura entra pelo fundo da roda
e se dirige ao pé do banco. O banco tem uma função muito importante no brinquedo, pois ele
junto com o Capitão é quem dá o ritmo à cena. Um bom banco esquenta a brincadeira.
Existem figuras que entram na roda e não se relacionam com o Capitão, apenas cantam seus
versos, como o Véio Cacundo, o Mestre Domingo, o Parece Mais Não É. Outras são só
improvisos e só fazem presepadas, como o Nêgo Quitanda e o Macaco. Outras dialogam
bastante com o Capitão e possuem muitas loas (versos) recitadas ou cantadas, como o
Soldadao da Gurita, O Varredor, o Pisa Pilão, ou o Vaqueiro. Outras ainda só ficam no diálogo
14. e na contação de estórias, como o Matuto da Goma e o Mana Nêga. Outras só dançam, e
outras empatam o samba.
O Figureiro
O Cavalo Marinho vibra numa energia forte e intensa. É um brinquedo quente, fogoso. De
tradição oral, aprende-se com muito esforço e persistência, através do “fazer fazendo” como
diz o figureiro Fábio Soares do Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado. Durante a
encenação de uma figura, o figureiro agrega na sua composição corporal, a dança, o canto, a
música e a poesia, de forma orgânica e harmoniosa, e não podemos esquecer que ainda há o
elemento da máscara. São muitas camadas e níveis de atenção diferentes em ação
simultaneamente. São necessários anos e anos de observação e repetição para aprimorar a arte
de botar figuras. Muitos figureiros experientes iniciaram sua jornada no Cavalo Marinho
ainda crianças, com sete ou oito anos de idade brincando de Dama. Assim, durante cada
brincadeira, podiam observar como cada figura se comportava, como era o trupé, o corpo, o
que ela dizia, e com o tempo puderam assimilar estas informações.
Hoje em dia é bastante comum ver os jovens buscarem informações sobre as figuras com os
mestres e com os figureiros mais experientes. Seu Sebastião Martelo, Mateus experiente de
Cavalo Marinho, conta que quando era criança assistia a brincadeira escondido debaixo do
banco dos músicos, assim o fiscal não podia vê-lo - “por que na época criança não podia ver
este tipo de brincadeira na madrugada”, e também porque assim podia acompanhar de perto
as figuras e aprender mais sobre elas. Tão de perto que quando amanhecia o dia ele voltava
para casa todo coberto de poeira, da cabeça aos pés. “Nesse tempo a gente aprendia assim,
ninguém ensinava não”, conta Martelo. Mestre Biu Alexandre já diz o seguinte: “Eu não
ensino ninguém, só dou uma dica”. Nenhuma informação chega de mão beijada ao figureiro
aprendiz, ele deve dedicar-se bastante ao seu propósito e mostra-se merecedor desta
informação.
A vantagem da nova geração de figureiros é que muitos são alfabetizados, privilégio que
quase todos os mais velhos, os principais guardiões deste conhecimento, não tiveram. A
escrita contribui principalmente para a memorização das loas, mas não garante de forma
alguma um bom desempenho na cena. Nada é melhor do que a prática, o treino no próprio
brinquedo, ano após ano.
Não existe ensaios formais para se aprender à botar figuras, tudo acontece na hora da
brincadeira mesmo, pra valer valendo!
15. Num grupo de Cavalo Marinho já se sabe qual é a preferência e as figuras que cada figureiro
costuma botar. Seguindo a ordem de representação das figuras, durante a brincadeira é
decidido de forma bastante espontânea quem coloca a figura que irá entrar em seguida. Com o
passar do tempo alguns figureiros se destacam em algumas figuras e estas passam a ser
exclusivas para a atuação deste figureiro. Por exemplo, no Cavalo Marinho Estrela de Ouro de
Condado, Aguinaldo da Silva é sempre o figureiro responsável por botar a Véia do Bambu.
Por cerca de um ano, Juliana e eu, acompanhamos de perto as brincadeiras sem participar
como brincadores. Como público podíamos dançar nas toadas soltas, nas despedidas, e
também no mergulhão, um jogo dançado que acontece no início da brincadeira. Certo dia um
Galante faltou, e Aguinaldo do Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado, convidou-me
para brincar no lugar do Galante ausente. Aceitei. A partir de então quando faltava algum
Galante ou sobrava alguma roupa eu sempre brincava. Desta forma passei por um
aprendizado através da observação das figuras durante a brincadeira, e também como Galante
era obrigado a contracenar com algumas figuras, como por exemplo o Cobrador, o Mané do
Motor, o Serrador, o Mana Nêga e muitos outros.
Na minha jornada tive grandes mestres como Inácio Lucindo, Biu Alexandre, Duda Bilau,
Inácio Nobreza, Luiz Rodinha, Aguinaldo, Grimário, Mariano Teles, Salustiano, Antônio
Teles, João Alexandre, Ginga, Martelo, Arlindo, Mocó, Borba, Doca Maurício, Risoaldo,
entre outros. Todos com suas preciosas dicas.
A primeira figura que botei foi o Parece Mais Não É, figura de poesia, que não se relaciona
com o Capitão. Quem me iniciou nesta figura foi Seu Luiz da Silva, no Cavalo Marinho de
Biu Roque no ano de 2002 em Itaquitinga (PE), ao som do famoso banco de Biu Roque,
Mané Deodato e Mané Roque. Para a representação desta figura são usadas duas ou quatro
máscaras simultaneamente no rosto do figureiro. Usei uma máscara na frente do rosto e uma
na parte de trás da cabeça. Quando ela vira de costas temos a impressão que ela está olhando
para frente, e os movimentos ficam bem engraçados, com as articulações das pernas e braços
movimentando-se ao contrário.
Com o passar dos anos fui adquirindo mais experiência e arriscando-me em outras figuras
mais complexas, como o Ambrósio, Soldado da Gurita, Empareado e Véio Friento. É
importante ressaltar que esta experiência se deu de forma natural, e sem pressa, uma vez que
acompanho os brinquedos e brincadores desde 1999. Para mim como um brincador que veio
de fora da região da Zona da Mata, o mais difícil de botar uma figura em um Cavalo Marinho
16. tradicional não é a dança, ou decorar as loas, ou suas corporeidades, o maior desafio é o jogo
com os outros brincadores dentro do contexto do Cavalo Marinho. As palavras usadas são
bem específicas daquela região, e o raciocínio da figura deve ser ligeiro na hora da
brincadeira. É um exercício e tanto para atores.
Na minha trajetória como figureiro, tenho o privilégio de botar figuras em diferentes grupos
de Cavalo Marinho em que convivo, sempre respeitando os códigos da brincadeira em que
estou participando. Cada brinquedo pode ter pequenas ou grandes variações referentes á
representação de uma mesma figura. Me intitulo “figureiro solto”, expressão usada também
pelo figureiro Luiz da Silva.
Como ator, botar figuras e estudar estas variações sempre foi uma grande escola. Mas ainda
tem muito chão pela frente.
Agradeço sempre aos meus mestres por terem me recebido dentro da brincadeira, mesmo não
integrando nenhum grupo tradicional de Cavalo Marinho, e nem hoje vivendo no contexto
social e cultural em que a brincadeira está inserida.
Figura 3 – Alício Amaral na Figura do Ambrósio - 2011
Foto: Bernd Marold
17. Esta brincadeira tão especial que é o Cavalo Marinho possibilita caminhos promissores e
únicos que contribuem para a formação de atores, bailarinos e músicos e para a criação de
novas formas de expressões contemporâneas da arte brasileira.
Este é o caminho que escolhemos para nosso brinquedo, a Cia. Mundu Rodá de Teatro Físico
e Dança.
Para todos os mestres e amigos da Mata Norte, muita gratidão, respeito e admiração.
Um grande viva! Viva!!
Referências
ANDRADE, Mário de. Danças Dramáticas do Brasil. Edição organizada por Oneida
Alvarenga. 2 ed. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; Brasília: INL, Fundação Nacional Pró-
Memória, 1982.
BARBA, E. e SAVARESE, N. A arte secreta do ator. Campinas. Editora UNICAMP, 1995.
FERRACINI, Renato. A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator. Campinas:
Editora UNICAMP, 2001.
MELLO JÚNIOR, Alício do Amaral e PARDO, Juliana Teles. O Cavalo Marinho da Zona da
Mata Norte de Pernambuco. Brasília: Programa Bolsa Vitae de Artes, 2003.
MELLO JÚNIOR, Alício do Amaral e PARDO, Juliana Teles. Vídeo documentário – Resgate
e fortalecimento do CavaloMarinho da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Brasília:
Programa Bolsa Vitae de Artes, 2003.
SILVA, Inácio Lucindo. Transcrição do MD nº27. Acervo fonográfico e videográfico da
pesquisa de campo Mundu Rodá. Camutanga, PE, 2000.
SILVA, Luiz. Transcrição do MD nº47. Acervo fonográfico e videográfico da pesquisa de
campo Mundu Rodá. Itaquitinga, PE, 2002.