O documento analisa a educação a distância no Brasil, discutindo como as inovações tecnológicas afetam os processos educacionais e como as grandes empresas veem a educação como uma nova fonte de mercado lucrativa, oferecendo produtos educacionais de baixa qualidade. A análise critica a visão tecnocrática que prioriza a técnica sobre a realidade dos sistemas educacionais.
O documento apresenta um baralho educativo com operações matemáticas para ser usado em jogos. Ele contém cartas com problemas de adição, subtração, multiplicação e divisão. As instruções explicam como embaralhar as cartas e distribuí-las igualmente entre os jogadores para que verifiquem os resultados uns dos outros e avancem no jogo.
Este documento fornece informações sobre áreas de figuras planas, múltiplos de números, mínimo múltiplo comum (MMC), números primos e divisores de números. Aborda também frações, sistemas monetários, números decimais, porcentagem e expressões numéricas.
O documento apresenta uma série de operações matemáticas com números inteiros. O objetivo é resolver as operações e identificar os resultados pares para ajudar um personagem a encontrar o caminho para a casa de uma amiga, pintando apenas as casas correspondentes aos resultados pares.
O documento é uma folha de exercícios de matemática para alunos do 5o ano. A folha contém operações matemáticas básicas como adição, subtração, multiplicação e divisão para serem calculadas e marcadas na coluna correspondente.
O documento discute a importância da matemática no dia-a-dia, explicando que ela é usada para contar, adicionar, subtrair, multiplicar e dividir em atividades cotidianas como ir à feira. Além disso, a matemática é essencial para a construção de edifícios, pontes, linhas elétricas e outros itens tecnológicos. Embora invisível, a matemática desempenha um papel cada vez mais significativo em nossas vidas diárias.
O documento descreve uma atividade de coordenação motora para crianças que envolve recortar, colorir e brincar usando tesoura e giz de cera ou lápis de cor.
This document contains a multiplication table listing the multiplication facts for numbers 1 through 10. It shows the result of multiplying each number from 1 to 10 by the numbers 1 through 10 in a table format. The table is identified as being part of the website http://www.tabuadas.com.br, which provides multiplication tables.
O documento apresenta um baralho educativo com operações matemáticas para ser usado em jogos. Ele contém cartas com problemas de adição, subtração, multiplicação e divisão. As instruções explicam como embaralhar as cartas e distribuí-las igualmente entre os jogadores para que verifiquem os resultados uns dos outros e avancem no jogo.
Este documento fornece informações sobre áreas de figuras planas, múltiplos de números, mínimo múltiplo comum (MMC), números primos e divisores de números. Aborda também frações, sistemas monetários, números decimais, porcentagem e expressões numéricas.
O documento apresenta uma série de operações matemáticas com números inteiros. O objetivo é resolver as operações e identificar os resultados pares para ajudar um personagem a encontrar o caminho para a casa de uma amiga, pintando apenas as casas correspondentes aos resultados pares.
O documento é uma folha de exercícios de matemática para alunos do 5o ano. A folha contém operações matemáticas básicas como adição, subtração, multiplicação e divisão para serem calculadas e marcadas na coluna correspondente.
O documento discute a importância da matemática no dia-a-dia, explicando que ela é usada para contar, adicionar, subtrair, multiplicar e dividir em atividades cotidianas como ir à feira. Além disso, a matemática é essencial para a construção de edifícios, pontes, linhas elétricas e outros itens tecnológicos. Embora invisível, a matemática desempenha um papel cada vez mais significativo em nossas vidas diárias.
O documento descreve uma atividade de coordenação motora para crianças que envolve recortar, colorir e brincar usando tesoura e giz de cera ou lápis de cor.
This document contains a multiplication table listing the multiplication facts for numbers 1 through 10. It shows the result of multiplying each number from 1 to 10 by the numbers 1 through 10 in a table format. The table is identified as being part of the website http://www.tabuadas.com.br, which provides multiplication tables.
Area e perimetro exercicio de aprendizagem - com respostasbluesky659
Este documento fornece métodos para calcular áreas e perímetros de várias figuras geométricas, incluindo retângulos, quadrados, triângulos, losangos, paralelogramos, trapézios e hexágonos. Ele também contém exercícios resolvidos para ajudar os leitores a praticar esses métodos de cálculo.
Este documento descreve um jogo de tabuada para crianças aprenderem multiplicação de forma lúdica. O jogo envolve a construção individual de uma cartela 4x4 com números aleatórios e um aluno que canta a tabuada correspondente aos números na cartela. O objetivo é formar sequências de 4 números na linha, coluna ou diagonal.
1) O documento apresenta uma série de operações matemáticas de adição e subtração feitas por alunos da Escola Santa Maria sob a orientação da professora Mary Alvarenga.
2) As operações foram realizadas de forma lúdica e divertida para que as crianças aprendessem matemática brincando e jogando.
3) No final, a professora assina confirmando que os alunos estavam aprendendo matemática de forma prazerosa.
O documento é uma lista de exercícios matemáticos para alunos resolvere e marcarem as respostas nas colunas correspondentes. Os exercícios envolvem cálculos com números inteiros e fracionários relacionados a situações do cotidiano como compras, distribuição de itens, diferenças de temperatura.
Seguindo a trilha - Multiplicação e divisão.Mary Alvarenga
O documento é uma lista de problemas matemáticos de multiplicação e divisão feitos por alunos da Escola Santa Maria sob a supervisão da professora Mary Alvarenga. Os alunos resolveram problemas como 6 x 6 = 36 ÷ 4 = 9 e 8 ÷ 32 = 16 x 2 = 14 ÷ 28 = 4.
The document contains a math worksheet with division problems for students to solve and paint the answers on a board. There are over 20 division calculations with numbers ranging from 12 to 84 being divided by numbers between 2 to 13. The purpose is for students to practice division skills while playing and learning mathematics.
A professora Mary Alvarenga apresenta uma atividade de multiplicação para seus alunos na forma de uma cruzadinha. A cruzadinha contém vários problemas de multiplicação com respostas que formam palavras.
This document contains a word search puzzle in Portuguese with words that characterize mothers hidden within it. It also contains a 3 sentence blurb at the bottom summarizing that mothers are beautiful gifts from God in our lives, that they have the responsibility to raise, teach and protect children, and that being a mother is not an easy task so they should be loved, respected and honored.
O documento contém uma lista de operações matemáticas em formato de cartas. As instruções para jogar são embaralhar as cartas, distribuí-las igualmente entre os participantes e na vez de cada um lançar uma carta para o próximo verificar se o resultado está correto. Se estiver, pega a carta; se não, passa a vez. Vence quem se livrar primeiro das cartas.
1) O documento descreve as regras de um jogo educativo para crianças do 1o ao 3o ano sobre contagem e agrupamento.
2) O objetivo do jogo é formar um "grupão" de 100 palitos agrupando 10 grupos de 10 palitos cada através de lançamentos de dados.
3) As crianças posicionam palitos soltos e grupos de 10 em campos diferentes de um tapete, usando fichas numéricas para registro.
Que Bom Que Você Chegou de Bruna Karla - Análise e entendimento da música Mary Alvarenga
A música fala sobre o amor entre um casal, descrevendo como a chegada da pessoa amada trouxe alegria, cura das dores e realização de sonhos. A música exalta o amor como um presente de Deus.
Este documento apresenta um resumo da história da numeração e dos números, desde os primórdios da contagem até o desenvolvimento do sistema de numeração decimal e dos algarismos indo-arábicos. Aprender a contar foi um longo processo que envolveu diversas civilizações ao longo de milhares de anos, desde as primeiras formas rudimentares usando objetos até chegar aos símbolos matemáticos atuais.
1) O documento é um simulado com 15 questões sobre frações para alunos do 5o ano do ensino fundamental. As questões abordam diferentes contextos para representar frações como parte de um todo ou resultado de uma divisão.
2) As questões variam em grau de dificuldade e incluem cálculos com frações em situações como tempo de jogos, pedaços de pizza, alunos em uma classe, ovos quebrados e mais.
3) O objetivo é avaliar a habilidade dos alunos em identificar e representar frações em diversos contextos
O documento discute sequências numéricas. Ele fornece exemplos de sequências com termos definidos por uma regra e pede aos alunos para completar termos faltantes ou calcular termos gerais. Também pede para determinar o número de cadeiras necessárias para um certo número de mesas de acordo com uma fórmula de sequência dada.
O documento apresenta uma série de operações matemáticas de divisão e adição. As operações envolvem dividir números de dois dígitos e somar os resultados parciais. No final, há uma mensagem sobre aprender matemática de forma lúdica.
Este documento apresenta um livro didático de matemática para o 3o ano do ensino fundamental. O livro contém 8 blocos com conteúdos sobre números naturais, sistema de numeração decimal, operações matemáticas básicas e geometria. Inclui também exercícios para fixação dos conceitos apresentados.
Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio que ocorre no mês de setembro, escolhido por ser o mês do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio em 10 de setembro. A campanha promove eventos e ilumina locais públicos de amarelo para debater o suicídio e alertar a população sobre a importância de discutir o tema.
Este documento apresenta um quebra-cabeça matemático de adicionar 6 aos números em quadrados para encontrar a saída. A professora Mary Alvarenga criou o quebra-cabeça para ensinar matemática de forma lúdica.
1. O documento apresenta um livro didático de matemática para o 6o ano do ensino fundamental.
2. O livro contém 8 capítulos que abordam noções básicas de números naturais, operações com números naturais, potenciação e radiciação, múltiplos e divisores, frações, números decimais, noções de geometria e medidas.
3. Cada capítulo apresenta exercícios e atividades para ajudar os alunos a aprender os conceitos matemáticos de forma lúdica e
Este documento discute como as tecnologias da informação e comunicação (TIC) estão sendo usadas para reconfigurar o trabalho e formação docente de acordo com a ideologia da "sociedade da informação". Primeiramente, analisa como as TIC são vistas como elemento central nos discursos educacionais atuais, embora com sentidos diversos. Em seguida, critica a concepção de "sociedade da informação" por simplificar as tecnologias e ignorar seus aspectos sociais. Por fim, examina como os discursos atuais usam termos como "
Este documento discute como as tecnologias da informação e comunicação (TIC) estão sendo usadas para reconfigurar o trabalho e formação docente de acordo com a ideologia da "sociedade da informação". Primeiramente, analisa como as TIC são vistas como elemento central dos discursos pedagógicos atuais, embora com sentidos diversos. Em seguida, critica a concepção determinista da "sociedade da informação" e como isso afeta o trabalho docente. Por fim, examina como os discursos atuais usam termos como "competências",
Area e perimetro exercicio de aprendizagem - com respostasbluesky659
Este documento fornece métodos para calcular áreas e perímetros de várias figuras geométricas, incluindo retângulos, quadrados, triângulos, losangos, paralelogramos, trapézios e hexágonos. Ele também contém exercícios resolvidos para ajudar os leitores a praticar esses métodos de cálculo.
Este documento descreve um jogo de tabuada para crianças aprenderem multiplicação de forma lúdica. O jogo envolve a construção individual de uma cartela 4x4 com números aleatórios e um aluno que canta a tabuada correspondente aos números na cartela. O objetivo é formar sequências de 4 números na linha, coluna ou diagonal.
1) O documento apresenta uma série de operações matemáticas de adição e subtração feitas por alunos da Escola Santa Maria sob a orientação da professora Mary Alvarenga.
2) As operações foram realizadas de forma lúdica e divertida para que as crianças aprendessem matemática brincando e jogando.
3) No final, a professora assina confirmando que os alunos estavam aprendendo matemática de forma prazerosa.
O documento é uma lista de exercícios matemáticos para alunos resolvere e marcarem as respostas nas colunas correspondentes. Os exercícios envolvem cálculos com números inteiros e fracionários relacionados a situações do cotidiano como compras, distribuição de itens, diferenças de temperatura.
Seguindo a trilha - Multiplicação e divisão.Mary Alvarenga
O documento é uma lista de problemas matemáticos de multiplicação e divisão feitos por alunos da Escola Santa Maria sob a supervisão da professora Mary Alvarenga. Os alunos resolveram problemas como 6 x 6 = 36 ÷ 4 = 9 e 8 ÷ 32 = 16 x 2 = 14 ÷ 28 = 4.
The document contains a math worksheet with division problems for students to solve and paint the answers on a board. There are over 20 division calculations with numbers ranging from 12 to 84 being divided by numbers between 2 to 13. The purpose is for students to practice division skills while playing and learning mathematics.
A professora Mary Alvarenga apresenta uma atividade de multiplicação para seus alunos na forma de uma cruzadinha. A cruzadinha contém vários problemas de multiplicação com respostas que formam palavras.
This document contains a word search puzzle in Portuguese with words that characterize mothers hidden within it. It also contains a 3 sentence blurb at the bottom summarizing that mothers are beautiful gifts from God in our lives, that they have the responsibility to raise, teach and protect children, and that being a mother is not an easy task so they should be loved, respected and honored.
O documento contém uma lista de operações matemáticas em formato de cartas. As instruções para jogar são embaralhar as cartas, distribuí-las igualmente entre os participantes e na vez de cada um lançar uma carta para o próximo verificar se o resultado está correto. Se estiver, pega a carta; se não, passa a vez. Vence quem se livrar primeiro das cartas.
1) O documento descreve as regras de um jogo educativo para crianças do 1o ao 3o ano sobre contagem e agrupamento.
2) O objetivo do jogo é formar um "grupão" de 100 palitos agrupando 10 grupos de 10 palitos cada através de lançamentos de dados.
3) As crianças posicionam palitos soltos e grupos de 10 em campos diferentes de um tapete, usando fichas numéricas para registro.
Que Bom Que Você Chegou de Bruna Karla - Análise e entendimento da música Mary Alvarenga
A música fala sobre o amor entre um casal, descrevendo como a chegada da pessoa amada trouxe alegria, cura das dores e realização de sonhos. A música exalta o amor como um presente de Deus.
Este documento apresenta um resumo da história da numeração e dos números, desde os primórdios da contagem até o desenvolvimento do sistema de numeração decimal e dos algarismos indo-arábicos. Aprender a contar foi um longo processo que envolveu diversas civilizações ao longo de milhares de anos, desde as primeiras formas rudimentares usando objetos até chegar aos símbolos matemáticos atuais.
1) O documento é um simulado com 15 questões sobre frações para alunos do 5o ano do ensino fundamental. As questões abordam diferentes contextos para representar frações como parte de um todo ou resultado de uma divisão.
2) As questões variam em grau de dificuldade e incluem cálculos com frações em situações como tempo de jogos, pedaços de pizza, alunos em uma classe, ovos quebrados e mais.
3) O objetivo é avaliar a habilidade dos alunos em identificar e representar frações em diversos contextos
O documento discute sequências numéricas. Ele fornece exemplos de sequências com termos definidos por uma regra e pede aos alunos para completar termos faltantes ou calcular termos gerais. Também pede para determinar o número de cadeiras necessárias para um certo número de mesas de acordo com uma fórmula de sequência dada.
O documento apresenta uma série de operações matemáticas de divisão e adição. As operações envolvem dividir números de dois dígitos e somar os resultados parciais. No final, há uma mensagem sobre aprender matemática de forma lúdica.
Este documento apresenta um livro didático de matemática para o 3o ano do ensino fundamental. O livro contém 8 blocos com conteúdos sobre números naturais, sistema de numeração decimal, operações matemáticas básicas e geometria. Inclui também exercícios para fixação dos conceitos apresentados.
Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio que ocorre no mês de setembro, escolhido por ser o mês do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio em 10 de setembro. A campanha promove eventos e ilumina locais públicos de amarelo para debater o suicídio e alertar a população sobre a importância de discutir o tema.
Este documento apresenta um quebra-cabeça matemático de adicionar 6 aos números em quadrados para encontrar a saída. A professora Mary Alvarenga criou o quebra-cabeça para ensinar matemática de forma lúdica.
1. O documento apresenta um livro didático de matemática para o 6o ano do ensino fundamental.
2. O livro contém 8 capítulos que abordam noções básicas de números naturais, operações com números naturais, potenciação e radiciação, múltiplos e divisores, frações, números decimais, noções de geometria e medidas.
3. Cada capítulo apresenta exercícios e atividades para ajudar os alunos a aprender os conceitos matemáticos de forma lúdica e
Este documento discute como as tecnologias da informação e comunicação (TIC) estão sendo usadas para reconfigurar o trabalho e formação docente de acordo com a ideologia da "sociedade da informação". Primeiramente, analisa como as TIC são vistas como elemento central nos discursos educacionais atuais, embora com sentidos diversos. Em seguida, critica a concepção de "sociedade da informação" por simplificar as tecnologias e ignorar seus aspectos sociais. Por fim, examina como os discursos atuais usam termos como "
Este documento discute como as tecnologias da informação e comunicação (TIC) estão sendo usadas para reconfigurar o trabalho e formação docente de acordo com a ideologia da "sociedade da informação". Primeiramente, analisa como as TIC são vistas como elemento central dos discursos pedagógicos atuais, embora com sentidos diversos. Em seguida, critica a concepção determinista da "sociedade da informação" e como isso afeta o trabalho docente. Por fim, examina como os discursos atuais usam termos como "competências",
Citelli, a. o.inflexoes educomu desconhecidoETEC Piedade
O documento discute as relações entre comunicação e educação e como novas tecnologias vêm influenciando os espaços escolares. Apresenta breve biografia de Adilson Citelli e resumo do artigo. Debate visões sobre a entrada de novas tecnologias na educação e a necessidade de equilíbrio entre inovações e melhorias na estrutura escolar.
- A entrevista discute como as tecnologias, além de computadores e internet, influenciam a sociedade e a educação de forma complexa, dependendo do contexto social e dos interesses de cada grupo. A história mostra a relação entre sistemas educacionais e produtivos, com modelos escolares influenciados pelo trabalho, como o taylorismo e fordismo. As novas tecnologias não determinam as mudanças, mas sim novas formas de poder econômico e visões de mundo que enfraquecem a construção social da modernidade.
Este documento discute a educação e tecnologia em uma perspectiva histórico-cultural. Ele explica que as tecnologias são construções sociais que evoluem ao longo do tempo e são influenciadas por fatores econômicos e culturais. Também discute como as novas tecnologias podem ser usadas na educação para melhorar a qualidade do ensino, desde que sejam compreendidas em seu contexto histórico e usem uma abordagem crítica e não competitiva.
Educação, mídia e tecnologia: reflexões críticas e sugestões de intervenções ...Giseli Fregolente
1) O documento discute a educação, mídia e tecnologia na educação física escolar, com ênfase na importância de uma abordagem crítica do uso das TIC e mídia.
2) É destacada a necessidade de políticas públicas para a formação digital de professores e alunos para promover a inclusão digital.
3) Vários autores ressaltam que as TIC devem ser integradas de forma crítica e criativa na educação, levando em conta seus impactos sociais e culturais.
Texto 1 a sociedade da informação e seus desafiosvicente nunes
O documento discute a sociedade da informação, definindo o conceito, características e desafios. Apresenta que a sociedade da informação substitui a industrial como novo paradigma técnico-econômico com informação como insumo-chave. Discute também as promessas da sociedade da informação como avanços na vida individual e coletiva através do conhecimento e aprendizagem, mas reconhece desafios como desigualdades no acesso global à informação.
Este documento discute a necessidade de reengenharia do modelo educacional tradicional devido à emergência da cultura digital no século 21. A integração da tecnologia no processo educacional requer adaptações para corresponder ao novo "habitus tecnológico" da sociedade. No entanto, existem resistências a essa mudança associadas aos processos cognitivos de assimilação digital. A plataforma digital pode ser um recurso complementar ao formato presencial tradicional se for usada de forma inclusiva e facilitadora.
Educação Online e Formação Contínua em MedicinaMAURILIO LUIELE
O documento discute a educação online e a formação contínua em medicina. Apresenta como a sociedade está passando por uma transformação devido às novas tecnologias, levando ao surgimento da cibercultura. Isso representa um desafio para a educação, que deve capacitar as pessoas a lidarem com a incerteza através do desenvolvimento do pensamento crítico. Neste contexto, a educação a distância, especialmente a educação online, cresce em importância por possibilitar a aprendizagem ao longo da vida.
O objetivo deste trabalho é destacar uma das teorias pedagógicas citadas no texto no Libâneo no contexto da Cibercultura, ou seja, como essas tecnologias podem ser utilizadas na educação segundo a teorias pedagógicas Contemporâneas, mais precisamente a corrente racional-tecnológica. Curso de Pós da UFF em NOVAS TECNOLOGIA PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA
Tic a logica_instrumental_do_acesso_rosilene_tavaresMarcia Gomes
1) O documento analisa as políticas de democratização das tecnologias da informação na educação que tentam ocultar a intenção de acentuar a acumulação de capital.
2) Apresenta como as TIC são usadas na educação sob uma lógica instrumental para maximizar a produtividade e reduzir custos.
3) Discute como a ideia de sociedade da informação foi construída ideologicamente para legitimar as escolhas do regime capitalista atual.
O documento discute como as tecnologias da informação e comunicação (TIC) estão transformando os documentos históricos e o ensino de História. As TIC permitiram o acesso digitalizado a fontes históricas e museus online, porém o acesso ainda é desigual e existe o risco de disseminação de informações não confiáveis. As TIC também impactaram o trabalho docente, exigindo novas habilidades, porém a relação entre professores e tecnologia nem sempre é amigável.
Este documento discute os desafios das tecnologias da informação e comunicação na educação, incluindo a necessidade de torná-las acessíveis a todos para evitar exclusão social, capacitar educadores em seu uso, e ensinar uma ética digital que respeite limites. As ciências sociais podem ajudar os alunos a compreender suas responsabilidades sociais e pensar criticamente sobre esses temas.
O documento discute a importância da inserção de recursos tecnológicos na sala de aula para preparar os alunos para a sociedade da informação. Ele analisa o desenvolvimento tecnológico na sociedade atual e a necessidade da escola acompanhar esse desenvolvimento. Também apresenta uma breve linha do tempo com iniciativas do governo brasileiro para inserir a informática na educação.
O documento discute a importância da inserção de recursos tecnológicos na sala de aula para preparar os alunos para a sociedade da informação. Ele analisa o desenvolvimento tecnológico na sociedade atual e as necessidades da educação escolar neste contexto. O texto também apresenta uma breve linha do tempo com iniciativas do governo brasileiro para inserir a informática na educação.
[1] O documento discute a integração das tecnologias da informação e comunicação (TIC) nos processos educacionais. [2] Ele aborda como as TIC interferem na percepção do mundo e na expressão e como demandam novas metodologias de ensino diferentes das tradicionais. [3] Também analisa como as TIC refletem demandas sociais por novas habilidades e como a educação precisa se adaptar a essas mudanças.
Publicado na 3ª Conferência de Comunicação e Tecnologias Digitais (UnB, 2009), o artigo trata de como qualquer tecnologia traz em si pressupostos sociais intrínsecos, que são agenciados pela
sociedade conforme suas necessidades ambientais e históricas específicas. Esses usos podem resultar em configurações bastante diversas das inicialmente imaginadas ou que serviram de inspiração ás técnicas. O artigo aborda tais aspectos, indicando resistências e riscos a um projeto mais democrático de uso das novas tecnologias, por um lado, e a expansão, por outro,
da lógica própria dos meios digitais, que busca chegar até mesmo aos meios de produção,
abrindo oportunidades para uma superação do modelo capitalista, ao menos em sua formulação
contemporânea. Uma versão preliminar foi apresentada em disciplina da UnB.
TRUQUENOLOGIA – ELEMENTOS PARA SE PENSAR UMA TEORIA DA GAMBIARRA TECNOLÓGICAmarketinghacker
1) O documento discute as relações entre tecnologia e sociedade, refutando a visão de neutralidade tecnológica. Aponta que fatores sociais influenciam o desenvolvimento tecnológico.
2) Apresenta diferentes teorias sobre como a tecnologia é socialmente construída, como a Teoria do Construtivismo Social.
3) Discutem autores como Marx, Gandhi e a Teoria Crítica da Tecnologia que enfatizam o caráter não neutro da tecnologia e seu impacto social.
1) O documento discute as relações entre tecnologia e sociedade, refutando a ideia de neutralidade tecnológica. 2) Aborda teóricos como Marx, Gandhi e a Teoria da Tecnologia Apropriada, que enfatizaram fatores sociais na produção tecnológica. 3) A sociologia da tecnologia construtivista mostra que a tecnologia é socialmente construída e influenciada por grupos relevantes.
Discutindo raça/racismo na sala de aula de língua Inglesa - Revista SUPERUni,...Edilson A. Souza
Este trabalho tem objetivo de mostrar uma experiência
de Letramento Crítico na sala de aula de língua
inglesa, considerando-a como um espaço
questionador das relações de poder e das ideologias
disfarçadas sobre raça e racismo. Para tanto, foram
feitas análises dos resultados de discussões e de questionários aplicados no 8º Ano de uma escola municipal
de Senador Canedo-GO.
Semelhante a Artigo belloni 2002 - ensaio sobre a educação a distância no brasil (20)
A cross-national study of teacher’s perceptions of online -2016.pdfJackeline Ferreira
This study examines perceptions of success factors in online learning from instructors' perspectives across four universities in different countries. It uses a model that considers input factors related to students, process factors regarding institutional support, and output factors such as knowledge gained. A survey of 322 online instructors identified that: (1) Instructors from Chinese and Mexican universities saw student characteristics as most important. (2) Instructors from an American university perceived institutional support as key. (3) Instructors from a Spanish university reported that learning outcomes mattered most. In general, instructors valued course content, social interaction, instruction quality over technological issues.
Artigo estudo de caso uma reflexão sobre a aplicabilidade emJackeline Ferreira
Este documento discute o método de estudo de caso como estratégia de pesquisa nas ciências sociais no Brasil. Aponta que muitas pesquisas brasileiras que usam este método apresentam deficiências como análises pouco aprofundadas e falta de rigor metodológico. Também destaca que o modelo proposto por Robert Yin para estudos de caso foi desenvolvido com base na realidade de pesquisadores nos EUA e pode não se aplicar perfeitamente à realidade brasileira com menos recursos e infraestrutura.
O documento discute como o isomorfismo institucional leva à homogeneização das organizações em um campo organizacional. O isomorfismo pode ocorrer de forma coercitiva, mimética ou normativa e é influenciado por fatores como dependência de recursos, incerteza, profissionalização e estruturação do campo. Embora as organizações se tornem mais similares, isso não necessariamente as torna mais eficientes.
Brazilian science has increased fast during the last decades. An example is the
increasing in the country’s share in the world’s scientific publication within the main
international databases. But what is the actual weight of international publications to the
whole Brazilian productivity? In order to respond this question, we have elaborated a new
indicator, the International Publication Ratio (IPR). The data source was Lattes Database, a
database organized by one of the main Brazilian S&T funding agency, which encompasses
publication data from 1997 to 2004 of about 51,000 Brazilian researchers. Influences of
distinct parameters, such as sectors, fields, career age and gender, are analyzed. We hope
the data presented may help S&T managers and other S&T interests to better understand
the complexity under the concept scientific productivity, especially in peripheral countries
in science, such as Brazil.
Artigo comunicação científica uma revisão de seus elementos básicosJackeline Ferreira
1) O documento discute aspectos genéricos da ciência como conceituação, desenvolvimento e importância da informação.
2) Aborda a comunicação científica, distinguindo comunicação formal, informal, semiformal, superformal e eletrônica.
3) Explora os desafios em medir o crescimento da ciência usando indicadores como número de pesquisadores, verbas e produção científica.
Este documento discute a educação em valores no currículo escolar brasileiro. Desde a origem da escola moderna, há o objetivo de educar moralmente os estudantes, porém essa educação moral costuma ser reduzida à disciplina e prescrição moralista. O autor defende que a educação em valores deve ir além da prescrição, situando-se no nível da ética e sendo um trabalho coletivo na escola.
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)Centro Jacques Delors
Estrutura de apresentação:
- Apresentação do Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD);
- Documentação;
- Informação;
- Atividade editorial;
- Atividades pedagógicas, formativas e conteúdos;
- O CIEJD Digital;
- Contactos.
Para mais informações, consulte o portal Eurocid:
- https://eurocid.mne.gov.pt/quem-somos
Autor: Centro de Informação Europeia Jacques Delors
Fonte: https://infoeuropa.mne.gov.pt/Nyron/Library/Catalog/winlibimg.aspx?doc=48197&img=9267
Versão em inglês [EN] também disponível em:
https://infoeuropa.mne.gov.pt/Nyron/Library/Catalog/winlibimg.aspx?doc=48197&img=9266
Data de conceção: setembro/2019.
Data de atualização: maio-junho 2024.
O Que é Um Ménage à Trois?
A sociedade contemporânea está passando por grandes mudanças comportamentais no âmbito da sexualidade humana, tendo inversão de valores indescritíveis, que assusta as famílias tradicionais instituídas na Palavra de Deus.
Artigo belloni 2002 - ensaio sobre a educação a distância no brasil
1. 117Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
ENSAIO SOBRE A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
MARIA LUIZA BELLONI*
RESUMO: O texto analisa a educação a distância no Brasil, buscando estabe-
lecer os nexos teóricos e práticos entre duas dimensões essenciais da questão: as
injunções políticas que determinam as práticas experimentadas nas diversas
experiências realizadas e as questões econômicas que se revelam nas tecnologias
utilizadas e nas formas como estas se articulam com as condições reais de
implementação. A análise está baseada em dados de pesquisas empíricas reali-
zadas em diferentes momentos da história recente do Brasil, com destaque em
experiências de formação de professores, no estudo das quais a ênfase é dada na
análise das formas de apropriação e de aproveitamento das propostas de educa-
ção a distância pelos usuários e nas contradições entre as promessas de um
discurso tecnocrático que prioriza a técnica e a realidade dos sistemas de ensino
que não conseguem assegurar condições mínimas de realização das propostas.
Palavras-chave: Comunicação educacional. Educação a distância.
Tecnologia educacional. Tecnologias de informação e co-
municação. Formação de professores.
ESSAY ABOUT DISTANCE EDUCATION IN BRAZIL
ABSTRACT: This text analyzes distance education in Brazil in order to establish
the theoretical and practical links between two of its essential dimensions: The
political injunctions that determine the practices tested in various experiments
under way; and the economical issues that emerge from the technologies used
and how they articulate to the real conditions of implementation. The analysis
is based on data from empirical research conducted at different moments of
Brazilian recent history, with an emphasis on teacher training experiments.
Emphasis is given to the analysis of the forms of appropriation and use of the
distance education proposals by users. The contradictions between the promises
of a technocratic discourse, which gives priority to technique, and the reality
of the teaching systems, which are not able to guarantee the basic conditions
to accomplish the proposals, is also highlighted.
Key words: Educational communication. Distance education. Educational
technology. Information and communication technologies.
Teacher training.
* Professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E-mail: malu@intergate.com.br
2. 118 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
1. Inovações tecnológicas e processos educacionais
edagogia e tecnologia (entendidas como processos sociais) sempre
andaram de mãos dadas: o processo de socialização das novas
gerações inclui necessária e logicamente a preparação dos jovens
indivíduos para o uso dos meios técnicos disponíveis na sociedade, seja o
arado seja o computador. O que diferencia uma sociedade de outra e
diferentes momentos históricos são as finalidades, as formas e as
instituições sociais envolvidas nessa preparação, que a sociologia chama
“processo de socialização”.
Neste início do século 21, quando o futuro já chegou, observamos
novos modos de socialização e mediações inéditas, decorrentes de artefatos
técnicos extremamente sofisticados (como por exemplo a realidade virtual)
que subvertem radicalmente as formas e as instituições de socialização
estabelecidas: as crianças aprendem sozinhas (“autodidaxia”), lidando
com máquinas “inteligentes” e “interativas”, conteúdos, formas e normas
que a instituição escolar, despreparada, mal equipada e desprestigiada,
nem sempre aprova e raramente desenvolve. Do ponto de vista da
sociologia, não há mais como contestar que as diferentes mídias eletrônicas
assumem um papel cada vez mais importante no processo de socialização,
ao passo que a escola (principalmente a pública) não consegue atender
minimamente a demandas cada vez maiores e mais exigentes e a
“academia” entrincheira-se em concepções idealistas, negligenciando os
recursos técnicos, considerados como meramente instrumentais. No setor
privado, as escolas respondem “naturalmente” aos apelos sedutores do
mercado e se entregam de corpo e alma à inovação tecnológica, sem
muita reflexão crítica e bem pouca criatividade, formando não o usuário
competente e criativo, como seria desejável, mas o consumidor
deslumbrado.
Cabe lembrar o óbvio, como meio de sinalizar a perspectiva desta
análise: as inovações educacionais decorrentes da utilização dos mais
avançados recursos técnicos para a educação (o que inclui as Tecnologias
de Informação e Comunicação, TIC, mas também as técnicas de
planejamento inspiradas nas teorias de sistemas, por exemplo) constituem
um fenômeno social que transcende o campo da educação propriamente
dita, para situar-se no nível mais geral do papel da ciência e da técnica
nas sociedades industriais modernas. No capitalismo triunfante da
segunda metade do século 20, o avanço tecnológico permitiu não apenas
a expansão mundial do industrialismo como também a difusão planetária
de uma cultura mínima (ou “básica”), que serve de linguagem comum
P
3. 119Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
para a “comunicação publicitária”, difusora de um discurso tecnocrático
que vende ilusões com argumentos científicos. A ciência e o
desenvolvimento tecnológico, cujas relações ambíguas poderíamos
classificar como incestuosas, adquirem em nossas sociedades
contemporâneas um grau de autonomia muito importante, tornando-se
as principais forças produtivas da atual fase do capitalismo (Marcuse,
1968; Lasch, 1983; Habermas, 1973; Benakouche, 2000; Belloni,1994
e 2001b).
Nos países subdesenvolvidos porém industrializados e altamente
urbanizados; pobres e atrasados cultural e politicamente, mas com
“bolsões tecnificados” e globalizados; nesses países as contradições e as
desigualdades sociais tendem a ser agravadas pelo avanço tecnológico.
São aqueles países que, tendo sido compelidos a importar os piores
malefícios do desenvolvimento (poluição, devastação ecológica,
concentração urbana), não puderam exigir ao mesmo tempo os benefícios
(o avanço social e político) e continuam sofrendo os problemas típicos
de sua situação tradicional (estrutura agrária arcaica, política oligárquica,
desemprego estrutural, ignorância, exclusão e miséria), agravados de modo
inédito na história pela eficácia tecnológica. Para ilustrar este agravamento
pensemos, numa metáfora, na motosserra e no machado em ação na
Amazônia.
As transformações na estrutura produtiva das sociedades
capitalistas contemporâneas (estrutura que se convencionou descrever
com base em conceitos como: “fordismo” e “pós-fordismo”, “globalização”
e “deslocalização”, “flexibilização” [ou precarização do trabalho], “estado
mínimo”, entre outros), impulsionadas pelo avanço técnico, especialmente
em informática e telecomunicações, criaram novos contextos culturais
(“cibercultura”, “culturas híbridas” ou simplesmente “paisagem
audiovisual”, sem esquecer a “internacional publicitária”), caracterizados
por um hibridismo perverso e redutor, que alguns autores consideram
como uma espécie de pós-modernidade “avant la lettre”, observável em
alguns países da América Latina, especialmente o México (Canclini, 1998;
Yúdice, 1991; Mattelart, 1994; Belloni, 1998).
A mediatização generalizada da informação tende a vulgarizar a
ciência, vender gadgets tecnológicos, estabelecer e divulgar a agenda
política, além de construir o imaginário coletivo com seus rituais
planetários: os sucessos dos heróis esportivos e das modelos
deslumbrantes, o casamento e a morte da princesa, a morte do campeão
de Fórmula 1, os fiascos do presidente dos EUA, a truculência do líder
árabe, entre tantos outros. A generalização do acesso à informação
4. 120 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
midiática tende a transformar o indivíduo em um ser mais racional e
menos intuitivo, isto é, mais reflexivo. Esta reflexividade, característica
típica das sociedades contemporâneas, radicalmente modernas, consiste,
segundo Giddens, “no fato de que as práticas sociais são constantemente
examinadas e reformadas à luz de informação renovada sobre essas próprias
práticas, alterando assim constitutivamente seu caráter”. Ou seja, as
práticas locais, cotidianas, tradicionais são permanentemente influenciadas
pelas informações globais, baseadas numa cultura pseudocientífica.
A publicidade comercial e política constrói suas mensagens com
base nesta cultura mundializada, que ela ajuda a criar e recriar constan-
temente, e destina-as ao indivíduo “reflexivo”, típico destas sociedades
globalizadas, radicalmente modernas (Giddens, 1994 e 1998; Mattelart,
1994; Belloni, 1994).
Tais transformações técnicas, econômicas e culturais geram
necessariamente novos modos de perceber e de compreender o mundo:
o local é reinterpretado à luz do global, o afetivo é sublimado no espetáculo
e transformaram-se os modos de aprender das novas gerações, bem como
suas representações sobre, e suas relações com, a instituição escolar
(Debord, 1967; Lasch, 1979; Belloni, 2001a e 2001b). Tudo isso coloca,
para o campo da educação, desafios imensos, tanto teóricos quanto
práticos. As novas gerações estão desenvolvendo novos modos de perceber
(sintéticos e “gestaltianos” em contraposição aos modos analíticos e
seqüenciais trabalhados na escola), novos modos de aprender mais
autônomos e assistemáticos (“autodidaxia”), voltados para a construção
de um conhecimento mais ligado com a experiência concreta (real ou
virtual), em contraposição à transmissão “bancária” de conhecimentos
pontuais abstratos, freqüentemente praticada na escola. Se isso é verdade,
então a instituição escolar corre o risco não apenas de perder terreno
para os sistemas de mídias eletrônicas, como agência de socialização,
mas de perder também o contato, a capacidade de se comunicar, com as
novas gerações que ela deve educar (Babin, 1989; Porcher, 1974; Perriault,
1996; Belloni, 1995a; Jacquinot, 1990; Fusari, 1994).
No contexto atual do capitalismo, sobretudo com o sucesso
incontestável dos sistemas midiáticos de vocação mundial (televisão e
internet), o campo educacional aparece como uma nova fatia de mercado
extremamente promissora, na qual o avanço técnico em telecomunicações
permite uma expansão globalizada e altas taxas de retorno para
investimentos privados transnacionais. Evidentemente, o modelo
neoliberal selvagem, aplicado aos países periféricos segundo receitas das
agências internacionais, só vem favorecer a expansão de iniciativas
5. 121Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
mercadológicas de larga escala, colocando nos mercados periféricos, a
exemplo do que ocorre há muito no campo da comunicação, produtos
educacionais de baixa qualidade a preços nem tão baixos. É aí que se
abre o mercado da educação a distância, no qual o uso intensivo das TIC
se combina com as técnicas de gestão e marketing, gerando formas
inéditas de ensino que podem até resultar, às vezes e com sorte, em
efetiva aprendizagem.
Grandes empresas transnacionais tendem a ampliar suas atividades
tentando acaparar todos os setores deste mercado florescente que pode
ser definido muito frouxamente como “educação latíssimo sensu”, no
qual se incluem produtos muito diversificados, que vão desde o
entretenimento cultural e educativo (documentários, por exemplo) até
cursos formais, oferecidos em vários suportes e modalidades, passando
por artigos à la carte, que atendem a demandas sofisticadas, como o
atendimento pedagógico oferecido a pais e professores pelo site
educação.com, portal educativo muito sofisticado, do grupo francês
Vivendi. Esta empresa, aliás, é um ótimo exemplo deste tipo de expansão
típica do capitalismo desta passagem de século. Originalmente uma
empresa privada tradicional, mas com negócios com o poder público,
atuando no fornecimento de água (Lyonnaise des Eaux) este grupo foi
ampliando seus ramos de atividades, investindo sistematicamente em
alguns novos setores promissores da economia: publicidade e edição nos
anos 70, televisão comercial nos anos 80, quando o fim do monopólio
estatal na França abriu grandes possibilidades de expansão. Atualmente
(2001) a Vivendi acaba de se tornar o segundo maior grupo de
comunicação do mundo, tendo comprado a grande produtora Universal,
de Hollywood, distribuidora de filmes, discos e toda a gama de produtos
do show business americano. Maior que a Vivendi, hoje, só a America On
Line, AOL, dona da CNN, Time Warner, Cartoon Network e outras
gigantes das mídias.
Neste quadro de dificuldades para os países periféricos como o
Brasil, as possibilidades de mudança, no sentido da democratização do
acesso aos meios técnicos disponíveis na sociedade e da diminuição das
desigualdades sociais, situam-se no nível das escolhas políticas da
sociedade, ou seja, da capacidade de a escola e os cidadãos acreditarem –
e agirem conseqüentemente – em uma concepção dos processos de
educação e comunicação como meios de emancipação e não apenas de
dominação e exclusão (Belloni, 1995b e 2001a).
Acreditar que o usuário tem grande margem de escolha e de
autonomia ante as tecnologias de informação e comunicação, como faz o
6. 122 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
discurso tecnocrático neoliberal do pós-fordismo, faz mais sentido como
uma proposta de ação pedagógica do que como uma análise da realidade.
Buscarenfocaraspossibilidadesdeautonomiadocidadãoconsumidoréválido
numa perspectiva de mudança, de educação para o exercício dessa autonomia.
Essas possibilidades, porém, não são oferecidas pelas novas potencialidades
técnicas, que a sociotécnica tende a enfatizar, mas situam-se na capacidade
política de os grupos sociais se organizarem em projetos educativos de mudan-
ça, de modo a assegurar que os sistemas educacionais de todos os níveis e
modalidades sejam capazes de oferecer oportunidades de acesso a estas
tecnologias, a todas as crianças e jovens. Não é a natureza mais suave e mais
amigável das máquinas que permitirá a apropriação criativa dessas tecnologias,
muitoantespelocontrário,estascaracterísticastécnicasaumentamseupoderde
sedução ante o usuário desprevenido. (Belloni, 2001b)
2. Integração das TIC na educação
Há muito venho trabalhando com a tese de que para entender o
conceito e a prática da educação a distância é preciso refletir sobre o
conceito mais amplo, que é o uso das (novas) tecnologias de informação
e comunicação na educação. Pois vivemos num mundo saturado de
máquinas, muitas delas fascinantes, especialmente aquelas que
trabalham com as estruturas simbólicas da sociedade, produzindo
mercadorias imateriais (privilégio até há pouco reservado às igrejas e a
alguns artistas), que podem ser teletransportadas, sob uma forma
genérica chamada “informação”. Nicholas Negroponte, o diretor de
um dos laboratórios de mídias mais avançados do mundo (Media Lab
do MIT – Massachusetts Institute of Technology), defende, em seu
livro A sociedade digital (1995), a tese de que o mundo se divide em
átomos e bits, aqueles carregados de materialidade, estes símbolos do
novo elemento imaterial que tenderia a predominar no futuro: a
informação eletrônica.
Como já foi dito, todas as mídias, as novas como as “velhas”,
fazem parte do universo de socialização das crianças, participando, de
modo ativo e inédito na história da humanidade, da socialização das
novas gerações, este processo tão complexo que transforma a criança em
ser social, capaz de viver de modo competente, isto é, “sociável”, em
sociedade. Novos “textos” surgem na paisagem audiovisual que os jovens
contemplam e aprendem, sozinhos ou com outros jovens, a ler e a
interpretar. Imagens coloridas fixas e em movimento, sons ambientes,
música, linguagem oral e escrita, teatro, todas estas formas de expressão
7. 123Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
– “linguagens” – estão mixadas numa mesma mensagem, construindo
significados, carregando representações, difundindo símbolos.
Deste ponto de vista, de mixagem de linguagens novas e velhas,
veiculadas em novos meios de comunicação, o eixo da discussão sobre
educação a distância se desloca, passando a ser a mediatização técnica da
mensagem educacional e não mais a distância física entre o sujeito
aprendente e o sistema ensinante (Carmo, 1998; Trindade, 1992). A
mediatização técnica, isto é, a concepção, a fabricação e o uso pedagógico
de materiais multimídia, gera novos desafios para os atores envolvidos
nestes processos de criação (professores, realizadores, informatas etc.),
independentemente das formas de uso: o fato de que esses materiais
possam vir a ser utilizados por estudantes em grupo, com professor em
situação presencial (no laboratório da universidade, por exemplo), ou a
distância por um estudante solitário, em qualquer lugar e em qualquer
tempo, só aumenta a complexidade desses desafios. Há que considerar,
como fundamento dessa mediatização, os contextos, as características e
demandas diferenciadas dos estudantes que vão gerar leituras e
aproveitamentos fortemente diversificados.
Aliás, o próprio conceito de distância está se transformando, como
as relações de tempo e espaço, em virtude das incríveis possibilidades de
comunicação a distância que as tecnologias de telecomunicações oferecem.
Também o conceito de interatividade carrega em si grande ambigüidade,
oscilando entre um sentido mais preciso de virtualidade técnica e um
sentido mais amplo de interação entre sujeitos, mediatizada pelas
máquinas. Cabe perguntar que espécie de interação pode existir entre o
sistema complexo que produz o jogo na internet e seus milhões de usuários
jovens espalhados pelo mundo, ou mesmo entre estes últimos?
Dentro dos limites deste trabalho não é possível aprofundar estas
questões, colocadas como marcos teóricos de análise que não podemos
perder de vista se quisermos compreender o fenômeno educação a
distância, aqui entendido como parte de um processo de inovação
educacional mais amplo que é a integração das novas tecnologias de
informaçãoecomunicaçãonosprocessoseducacionais.
Essa integração, como eixo pedagógico central, pode ser uma
estratégia de grande valia, desde que se considere estas técnicas como
meios e não como finalidades educacionais, e que elas sejam utilizadas
em suas duas dimensões indissociáveis: ao mesmo tempo como
ferramentas pedagógicasextremamentericaseproveitosasparaamelhoria
e a expansão do ensino e como objeto de estudo complexo e multi-
8. 124 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
facetado, exigindo abordagens criativas, críticas e interdisciplinares, e
podendo ser um “tema transversal” de grande potencial aglutinador e
mobilizador (Belloni, 2001a).
Por que é urgente integrar as TIC nos processos educacionais? A
razão mais geral e a mais importante de todas é também óbvia: porque
elas já estão presentes e influentes em todas as esferas da vida social,
cabendo à escola, especialmente à escola pública, atuar no sentido de
compensar as terríveis desigualdades sociais e regionais que o acesso
desigual a estas máquinas está gerando.
Quanto à educação a distância, o conceito tende a se transformar,
pois uma das macrotendências que se pode vislumbrar no futuro próximo
do campo educacional é uma “convergência de paradigmas” que unificará
o ensino presencial e a distância, em formas novas e diversificadas que
incluirão um uso muito mais intensificado das TIC.
Neste contexto, “educação a distância” deixa de ser apenas mais
uma modalidade de educação para se tornar sinônimo de uma nova fatia
de mercado, muito rentável, para a indústria da comunicação e o setor
privado da educação. Considerar o ensino a distância como solução para
carências educacionais e/ou rejeitá-lo por qualidade insuficiente é colocar
mal a questão, porque disfarça as questões mais importantes para a
compreensão do fenômeno: seu caráter econômico, que determina muitas
práticas, e suas características técnicas, que apontam para aquela
“convergência de paradigmas”, isto é, para a mediatização técnica dos
processos educacionais, como, aliás é sempre bom lembrar, já ocorreu
com os processos de comunicação.
3. Educação a distância no Brasil
Embora não seja o único fator determinante, a tecnologia está
fortemente associada ao desenvolvimento da educação a distância: dos
trens americanos avançando para o oeste selvagem, levando a civilização,
ao ciberespaço invadindo nossas casas e cativando nossa atenção e nossas
crianças, o avanço técnico nos meios de comunicação sempre
impulsionou o desenvolvimento de experiências de ensino a distância
(Carmo, 1998).
No Brasil (país historicamente dado a grandes experimentos
tecnológicos inovadores na educação, que acabam por se tornar
“elefantes brancos”, pela incúria do poder público e visão tacanha do
setor privado), tem havido experiências de educação a distância nas
9. 125Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
quais se pode observar algumas características estruturais recorrentes:
as políticas públicas do setor têm um caráter tecnocrático, autoritário
e centralizador que as destina necessariamente a resultados medíocres,
senão ao fracasso, ao passo que a iniciativa privada vai ganhando terreno,
construindo competência e obtendo verbas públicas. No Brasil, é difícil
pesquisar sobre os aspectos propriamente técnicos ou pedagógicos das
experiências de uso educativo de tecnologias como a televisão, o
computador, a telemática, ou mesmo o rádio, porque esbarramos sempre
nas determinações econômicas e políticas. As propostas são tecnocráticas
no sentido em que, às vezes válidas do ponto de vista puramente técnico,
não levam em consideração as condições (sociais e políticas,
micropolíticas) de realização, o “chão social” de que fala Santos em sua
tese sobre o projeto Saci, exemplo emblemático da consciência
tecnocrática:
Portanto a razão do fracasso de muitos projetos de educação para o desenvol-
vimento deve ser buscada lá mesmo onde se encontram bloqueadas as velei-
dades da escola nos países subdesenvolvidos, isto é, no conjunto dos fatores
sócio-econômicos e culturais, no chão social sobre o qual os projetos são
construídos. Ora, o que importa aqui é que, freqüentemente, o chão social
compromete não só as experiências, mas com elas, a intenção de avaliá-las. (San-
tos, 1981, p. 169, meu grifo)
A última afirmação do autor é extremamente importante e merece
ser destacada. As condições concretas de implementação das políticas
propostas, aí incluídos os interesses políticos em jogo, não apenas
prejudicam sua efetividade como obnubilam a compreensão do processo
de inovação tecnológica na educação, mascaram as avaliações, escondendo
fracassos e canalizando os eventuais sucessos da ação educacional como
dividendos para interesses políticos eleitorais. O caso do projeto Viva
Educação do governo do Maranhão, referido a seguir, que propõe a
expansão do ensino médio por meio da educação a distância, parece ser
um exemplo bem atual do uso político do discurso tecnocrático:
exatamente como fez seu pai há mais de 30 anos (Belloni, 1984), a
governadora escolhe não recrutar e formar professores e propõe a expansão
do ensino médio via televisão, sem professores especializados. A associação
com a Fundação Roberto Marinho, com repasse de gordas verbas públicas,
destinadas à educação, para que a empresa aplique seu já ultrapassado
curso supletivo, Telecurso 2000, remete a nebulosos negócios de
marketing político da família Sarney em campanha pela presidência da
república (ver hipertexto 2).
10. 126 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
A questão é complexa e envolve aspectos políticos e econômicos
que muitas vezes dificultam a compreensão dos aspectos conceituais,
propriamente educacionais e técnicos. Buscando maior clareza na análise
do fenômeno, podemos tentar uma classificação provisória, num
panorama rápido da história da educação brasileira da segunda metade
do século 20, das principais experiências de educação a distância em
quatro grandes tipos, segundo dois critérios essenciais: objetivos
pedagógicos e públicos prioritários.
3.1. Formação de professores
Neste tipo se incluem programas de grande porte dos governos
federal ou estaduais destinados à formação de professores, dentre os quais
se destacam as iniciativas mais recentes do MEC, com os programas de
formação continuada Um Salto para o Futuro (1991) e TV Escola (1996)
eaprimeiraexperiênciadeformaçãoinicialdeprofessoresdoensino
básico feita a distância no Brasil,alicenciaturadepedagogiadesenvolvida
no estado de Mato Grosso (Licenciatura Plena em Educação Básica: 1ª à
4ª série do 1º grau).
Essa experiência, realizada pela Universidade Federal do Mato
Grosso, em parceria com os governos do estado e dos municípios, merece
destaque por seu caráter duplamente inovador: inova na proposta
curricular, totalmente voltada para as séries iniciais do ensino fundamental
e não para a formação do especialista em pedagogia; e na metodologia,
baseada em técnicas de educação a distância, combinadas com atividades
presenciais e um sistema descentralizado de acompanhamento do
estudante. Graças a estas estratégias – que combinam técnicas de ensino
a distância, uso diversificado de tecnologias de informação e comunicação
(materiais impressos e audiovisuais; tutoria via fax, telefone e rede
telemática) e sistema de acompanhamento (tutoria) individual e coletivo,
presencial e a distância – a experiência do Mato Grosso conseguiu titular
sua primeira turma de 300 alunas, em quatro anos (1999), com índices
de evasão muito baixos. Para tal sucesso concorreram também, muito
provavelmente, políticas de valorização e formação de professores por
parte das autoridades estaduais e municipais, que asseguraram condições
satisfatórias de auto-estudo individual e coletivo nas escolas (local de
trabalho), viabilizando a participação efetiva das professoras no curso,
estimulando a motivação sem a qual não há aprendizagem (Alonso, 1999).
Motivação e políticas mais efetivas de valorização do magistério
parecem ser justamente o que falta para uma maior participação dos
11. 127Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
professores na experiência de implantação da TV Escola no estado de
Santa Catarina, objeto de nossa pesquisa, realizada em 1999/2000, e
que revelou os mesmos problemas já encontrados em pesquisa anterior
sobre a experiência semelhante da implantação do Programa Um Salto
para o Futuro, em 1996 (hipertexto 1).
Hipertexto 1: Formação continuada de Professores via televisão.
A TV Escola é um programa de grande porte do Ministério da Educação
(Secretaria de Educação a Distância – SEED) cujo objetivo é oferecer, aos pro-
fessores da educação básica, oportunidades de formação continuada, na moda-
lidade a distância, buscando contribuir de forma aberta, flexível e informal
(não-regular,semavaliaçãonemcertificação)paraamelhoriadaquelaformação.
Embora seja apresentada como novidade pela SEED/MEC, a TV Escola se
baseia e amplia a proposta e a estrutura básica do Programa Um Salto para o
Futuro, criado pela TVE do Rio no início da década de 90. Os objetivos do
Programa Um Salto para o Futuro, como os da TV Escola, referem-se à
formação continuada (isto é, de cunho permanente e em serviço) de professo-
res do ensino fundamental. O programa foi iniciado em 1992 e era baseado
na difusão televisual diária e ao vivo com uma comunicadora e dois especia-
listas que apresentavam o assunto do dia e respondiam às questões dos teles-
pectadores. Do ponto de vista das técnicas de comunicação e das estratégias
de recepção, os dois programas diferem bastante: enquanto o primeiro ia ao ar
ao vivo, com recepção organizada e com possibilidades de participação direta
de alguns cursistas via telefone ou fax, a TV Escola transmite três vezes ao dia
o mesmo bloco de programação, e baseia sua estratégia na gravação e organi-
zação para posterior uso dos programas pelos professores.
O Programa TV Escola, criado em 1996 pela Secretaria de Educação a Dis-
tância/MEC, pretende disseminar de forma mais rápida, ampla e democráti-
ca uma programação que desenvolva e estimule a interação e o intercâmbio de
informações entre professores. Com isso visa a formar, aperfeiçoar e valorizar
os professores para melhorar o ensino e reduzir as taxas de evasão e repetência
nasescolas.
O programa destina-se a professores, diretores, funcionários e alunos das
escolas públicas de educação básica. Beneficia escolas com mais de 100 alu-
nos, num total de 900 mil professores e 23 milhões de alunos – cerca de 85%
dos estudantes do ensino fundamental. Tal programa espera atingir também
a comunidade associada à escola, sendo uma nova fonte de acesso à cultura e
ao conhecimento, por intermédio do programa Escola Aberta, que é transmi-
tido aos sábados e conta com programas voltados para o lazer.
Originalmente criada para atender prioritariamente aos professores das séries
iniciais do ensino fundamental, cuja formação de nível médio exige uma
decisiva complementação, a TV Escola foi ampliando sua abrangência e hoje
se dirige para professores de todos os níveis da educação básica. Ao mesmo
12. 128 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
tempo em que foi ampliando sua clientela-alvo, a TV Escola foi também
mudando de enfoque quanto à natureza de seus objetivos prioritários, pas-
sando a oferecer cada vez mais materiais didáticos para os professores utiliza-
rem com seus alunos em sala de aula. Nossa pesquisa mostrou que os profes-
sores que mais utilizam os programas da TV Escola são os professores especi-
alistas das diferentes disciplinas das séries finais do ensino fundamental e
médio, e que a grande maioria os utiliza como materiais didáticos em suas
disciplinas específicas, em sala de aula com os estudantes. O uso desses pro-
gramas para sua própria formação é muito minoritário entre os professores.
Essa mudança de enfoque, de público prioritário e de tipo de utilização revela
mais uma vez um epifenômeno (efeito não desejado?) recorrente em muitas
experiências de formação de professores no Brasil: os profissionais que aca-
bam se beneficiando mais destes programas são justamente aqueles que deles
necessitam menos (os que já têm uma melhor formação) e não aqueles que
precisam mais e que são o público prioritário das ações de formação. Este
fenômeno ocorre de modo freqüente e explica muito da pequena eficácia de
programas de formação continuada de professores e o baixo efeito
multiplicador desses programas: os professores com melhor formação estão
mais aptos a aproveitarem melhor as oportunidades abertas de formação, ao
passo que aqueles que mais necessitam reforços em sua formação não têm as
condições mínimas para aproveitá-las (não têm hábitos de auto-estudo, têm
jornadas de trabalho duplas ou triplas, são mal remunerados e moram longe).
Em que pesem suas boas intenções e a qualidade quase sempre bastante boa
da programação oferecida, o sucesso da TV Escola esbarra nos problemas
estruturais dos sistemas de ensino público no Brasil, que não estão prepara-
dos para assegurar sua parte na estratégia proposta: os equipamentos em
geral não funcionam satisfatoriamente (por problemas relacionados aos
mecanismos oficiais descentralizados de compra e manutenção), e não há
pessoal minimamente disponível e preparado para gravar os programas e
organizar as videotecas escolares. Além destes problemas operacionais, ex-
tremamente importantes pois impedem a utilização efetiva da TV Escola, é
preciso ressaltar duas questões principais que explicam os baixos índices de
uso dos programas para a formação continuada de professores: a ausência
de tempo para formação, previsto dentro da jornada de trabalho, e a
inexistência de ações de formação coletiva integradas aos projetos pedagó-
gicos das próprias escolas, e patrocinadas e incentivadas pelas autoridades
locais e regionais de educação. Na falta deste tipo de ação, a formação
continuada dos professores passa a ser uma responsabilidade individual,
exatamente nos moldes do modelo pós-fordista: as oportunidades estão
dadas, os programas chegam até as escolas, o estado cumpriu sua função, os
professores é que não sabem (ou não querem aproveitar). A característica
recorrente das políticas de ensino a distância no Brasil, a ênfase quase exclu-
siva nos sistemas ensinantes, toma aqui uma dimensão extrema, com a
preocupação única de produção de materiais, para distribuição totalmente
aberta, como é próprio do mercado.
13. 129Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
3.2. Educação popular
Correspondem a este tipo experiências de televisão educativa muito
variadas visando à educação popular, não-formal, tanto no sentido lato,
de informação e divulgação do conhecimento e (teoricamente) de
formação da cidadania, quanto no sentido estrito de educação supletiva.
Dentre estas últimas, as mais conhecidas (além dos pioneiros MEB –
Movimento de Educação de Base – e Projeto Minerva) são os cursos de
alfabetização de adultos do Mobral e os “telecursos” produzidos pela
Rede Globo em parceria com órgãos públicos e para-oficiais:Telecurso
de 2º grau, 1979, Fundação Padre Anchieta/TV Cultura de São Paulo;
Telecurso de 1º grau, 1984, Funteve/TV Educativa do Rio; Telecurso
2000, 1995, Sesi/SP. Em geral trata-se de iniciativas oficiais em parceria
com instituições privadas.
A matriz comunicacional das propostas pedagógicas desses
programas, como de muitos outros no Brasil ainda hoje, é a telenovela,
e o programa que transpôs a proposta estética e a estrutura narrativa da
telenovela brasileira para o discurso didático foi a novela João da Silva,
experiência pioneira e inovadora de ensino supletivo a distância,
produzida nos anos 60 por uma equipe da TVE do RJ, composta de
pedagogos, professores e comunicadores. Faz parte também desta
categoria, sendo talvez seu melhor exemplar e, sem dúvida, seu maior
sucesso de público, a série infantil O Sítio do Pica-Pau Amarelo, cuja
concepção foi fruto de pesquisas de equipes da TV Educativa do Rio de
Janeiro. Esta emissora pública (criada em 1969 e vinculada ao MEC)
assegurou também o primeiro ano de produção, em parceria com a TV
Globo que “cedia” seus astros, levando, em contrapartida, todos os direitos
sobre o produto, que ela reproduziu com grande sucesso comercial
durante vários anos (Belloni, 1984, hipertexto 2).
Hipertexto 2: A TV Globo na educação a distância.
Outro exemplo do tipo educação popular lato sensu foi o remake brasileiro da
sérieamericanaSesameStreet,queaTVGloboproduziuemparceriacomaTV
CulturadeSãoPaulo.EstafoiaprimeiragrandeexperiênciaeducativanoBrasil
e da TV Globo: o programa foi totalmente reproduzido no Brasil, utilizando
somenteosroteirosdooriginalamericano.Paraestarealização,foramespecial-
mente equipados os estúdios da TV Cultura de São Paulo, que forneceu tam-
bémamaiorpartedosequipamentoseacoordenaçãopedagógica;ATVGlobo
entrou com os atores e pessoal técnico. Essa série, produzida em 1970, foi a
primeiragrandeexperiênciabrasileiradeusoefetivamentepedagógicodomeio
televisual de massa e foi um grande sucesso tanto em termos de público e de
14. 130 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
continuidade (132 programas de 55 minutos) como em qualidade pedagógica.
Este sucesso contribuiu significativamente para o aumento das audiências em
todasasemissorasdaredeGlobodetelevisão.Mecanismoseficientesdemarketing
foramacionadoseoslucrosdaíresultantesemmuitocontribuíramparaaexpan-
sãoeconômicadasOrganizaçõesGlobo,quejánessaépocaeraomaisimportante
sistemadecomunicaçãonoBrasil.ATVCulturatransmitiuVilaSésamoduran-
te algum tempo, atingindo um público reduzido, na cidade de São Paulo.
Esta primeira experiência já apresenta o traço essencial que marcará a atuação
da Rede Globo no setor educacional, a associação com um órgão público que
lhe oferece três vantagens significativas: (i) custeia grande parte da produção;
(ii) confere qualidade pedagógica ao produto; (iii) e credibilidade à emissora
que se autopromove como benfeitora da educação do povo. Tudo isto favore-
cendo a exploração comercial do programa com grandes benefícios para a
empresa.
Em 1976, a TV Globo decide realizar outra programação infantil educativa
parasubstituirVilaSésamo,“saturado”apóstantosanosdedifusão.Foiescolhi-
do um tema bem brasileiro: a inesgotável obra de Monteiro Lobato, cujas
histórias tinham povoado a infância dos brasileiros desde os anos 30, cujos
direitosaTVGlobojáhaviacomprado.ParaaproduçãodeOSítiodoPica-Pau
Amarelo, a TV Globo busca de novo um parceiro no setor público: a TV
Educativa do Rio de Janeiro, com o apoio direto do Departamento de Ensino
Fundamental (DEF) do MEC. Os respectivos papéis destas instituições foram
explicitados no acordo assinado, cabendo à Globo as decisões e a responsabili-
daderelativasàprodução;àTVEducativa,atarefadeprestarassistênciatécnica
e pedagógica e de fornecer os estúdios e equipamentos (ou seja, toda a infra-
estrutura de produção); e ao DEF/MEC a função de legitimar o projeto, inclu-
indo o programa na estrutura da educação infantil.
Oacordoeraperfeitoparaosinteressesdainstituiçãoprivada:atelevisãopúbli-
caforneciainstalaçõeseequipamentos,eaindaasseguravaotrabalhopedagógi-
co,semnoentantoteracoordenaçãopedagógica,reservadaàGlobo.Talacordo
tornava impossível qualquer outra realização da emissora pública, cuja capaci-
dade de produção era bastante limitada. A TV Globo assegurava assim duas
vantagens: de um lado, economizava custos de produção, e de outro, eliminava
aconcorrênciadaemissorapública,reduzidaaparceiromenornessaprodução.
OSítiodoPica-PauAmarelofoiinicialmenteconcebidocomomaterialpedagó-
gico de preparação do público infantil à entrada na escola, especialmente à
alfabetização. Esta proposta pedagógica todavia será abandonada quando a
produção da série passa totalmente para a Globo que, uma vez o programa
testado e com sucesso garantido, monta um estúdio especialmente preparado
para sua produção, e o explora durante vários anos acumulando lucros signifi-
cativos. As vantagens comerciais derivadas deste tipo de produção são enormes
e as necessidades de ampliação da faixa etária do público-alvo (de pré-escolar a
infanto-juvenil, segundo as regras técnicas da comunicação) fizeram pratica-
mente desaparecer do programa os conteúdos didáticos e a abordagem pedagó-
gica, o que o transformou em mais uma telenovela global.
15. 131Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
Em 1977, as Organizações Globo criam uma nova instituição, a Fundação
RobertoMarinho,comoobjetivode“promoveredifundiratividadesligadasà
educação, de caráter científico, cultural, educativo e esportivo”. Essa fundação
evidentemente não tem fins lucrativos, o que a habilita para receber outros
recursos públicos, além dos impostos que as empresas do grupo Globo deixam
de recolher para aplicar na FRM. A partir de então, a FRM vai assegurar a
entradaemgrandeestilodaGlobonomercadodaeducaçãoadistânciapropri-
amente dito, associando-se em 1978 com a TV Cultura de São Paulo (Telecurso
de 2º grau) e com a Universidade de Brasília, em 1980, para a produção de um
outro telecurso para o ensino supletivo, dessa vez de 1º grau (Belloni, 1984).
3.3. Televisão escolar substitutiva
Exemplos deste tipo são as experiências de televisão escolar, de
caráter compensatório, visando a sanar carências no ensino básico regular
e viabilizar rapidamente a expansão da oferta de ensino básico, demandas
decorrentes de reformas educacionais (por exemplo, o ensino de 1º grau,
criado pela reforma de 1971, especialmente para as séries finais, carentes
de professores qualificados e, nos anos 90, o ensino médio, idem). A
estratégia desse tipo de experiências, ocorridas em vários países do Terceiro
Mundo nos anos 70, baseia-se no uso intensivo de um meio tecnológico
(no caso, a televisão), que possibilitaria substituir rápida e efetivamente,
não a função pedagógica do professor (muitas vezes entendida como
simplesmente disciplinar), mas sua formação especializada.
No Brasil, três estados do Nordeste desenvolvem até hoje
experiências de televisão escolares (Ceará, Rio Grande do Norte e
Maranhão), herança dos planos mirabolantes da então chamada
“tecnoestrutura” no poder durante o regime militar. A experiência mais
desastrosa desse tipo foi o famoso Projeto Saci, que propunha difundir ao
mesmotempoparatodasasescolasbrasileiras,portelevisãoviasatélite,as
mesmas aulas, com qualidade “didática” garantida pela produção
centralizada de programas e dispensando assim a formação especializada
dos professores locais , transformados em “monitores polivalentes”. A
produção era localizada no Inpe, Instituto de Pesquisas Espaciais, em São
Paulo, instituição responsável pelo projeto, desde sua concepção inicial
por engenheiros e militares americanos e brasileiros. A própria localização
institucional revela claramente o caráter tecnocrático e a perspectiva
estritamente técnica do Projeto Saci, cuja prioridade era experimentar as
potencialidades do satélite de comunicação, sendo a educação mero pretexto.
Tal proposta absurda, típica do discurso tecnocrático que ainda
assola o país, correspondia, evidentemente, aos interesses da indústria
16. 132 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
americana que na época precisava testar e vender sua novíssima tecnologia
de telecomunicação, o satélite (Santos, 1981; Belloni, 1984). Esta mesma
reflexão pode ser feita hoje, sobre a videoconferência que, não tendo
encontrado a aceitação prevista pelos fabricantes entre as empresas, foi
transposta para a educação a distância, e aí apresentada como a grande
solução para o problema da comunicação unívoca e diferida dos meios
anteriores (TV, impresso). Não tendo alcançado os resultados esperados,
este recurso técnico high tech, após poucos anos de uso, já está sendo
considerado pesado e obsoleto, embora continue a ser usado especialmente
em experiências do tipo quatro, que veremos a seguir.
O exemplo mais recente deste tipo de experiência de televisão
escolar substitutiva é a proposta do governo do Maranhão de substituir
o ensino médio regular por um ensino supletivo a distância, sob pretexto
de queimar etapas, atingir rapidamente os milhares de jovens da faixa
etária que estão fora da escola e alcançar índices mais aceitáveis pelos
organismos internacionais de fomento, e pela opinião pública nacional
importante para as pretensões eleitorais da governadora (hipertexto 3).
Hipertexto 3: Projeto Viva Educação: ensino médio para todos via TV.
Em novembro de 2000 o governo do Estado do Maranhão e a Fundação
RobertoMarinhofirmaramumconvêniomilionário(osnúmerosvariamentre
102 e 114 milhões de reais por ano!!) para a implantação do Projeto Viva
Educação, que pretende atingir, em dois anos, mais de 150.000 mil alunos,
oferecendoensinodenívelmédionamodalidadeadistância,commateriaisdo
Telecurso 2000 da FRM e montagem de mais de 3.000 telessalas. As justifica-
tivas para tal investimento referem-se à necessidade de expansão rápida e com
qualidade do ensino médio no estado, visando a incluir aqueles milhares de
jovens que não tiveram acesso ou que estão atrasados em sua escolaridade.
A governadora admite, após seis longos anos no poder (e quantos mais de
influência de sua família), que o governo do estado mantém escolas de ensino
médio em apenas 60 dos 217 municípios do estado! O Projeto Viva Educa-
ção viria agora, via televisão, melhorar os índices de oferta de educação públi-
ca, e possibilitar a melhoria da qualidade do ensino ofertado. De fato, a
proposta significa substituir a oferta de ensino regular em nível médio por
um ensino supletivo utilizando materiais do Telecurso 2000 e, o que é o pior
problema desta proposta, substituindo os professores especializados, forma-
dos pelas universidades, por monitores formados pelo próprio projeto.
Embora a cargo da FRM, o projeto poderá ser “terceirizado”, já que a FRM
pretende entregar a gestão e execução do programa no Maranhão a uma outra
Fundação,aFundaçãoGetúlioVargas,ambasinstituiçõescomótimocurrículo
emoutrasáreas,masnenhumaexperiênciacomensinomédiooucomoEstado
17. 133Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
do Maranhão. O que explica a escolha de tais instituições, alheias ao estado, ao
invésdemobilizarinstituiçõeslocais,como,porexemplo,asuniversidadesoua
própria TV Educativa do Maranhão, herança do governo Sarney pai?
Os educadores maranhenses protestam apontando para as evidentes falhas da
proposta, não só no que se refere à qualidade do ensino oferecido, que preten-
de substituir o ensino médio regular de três anos por um curso supletivo de
15 meses, mas também no que isto significa em termos de política de pessoal
no setor educacional: o governo deixou de realizar um concurso público
previsto para recrutar professores para o ensino fundamental e médio para
investir neste projeto mirabolante de ensino a distância.
O governo busca legitimar tal escolha por meio de um discurso modernizante
etecnocráticoqueafirmaaprimaziadatécnica,erigidaemestratégiasalvadora.
Na prática, porém, a política de educação da governadora Sarney está atrelada
e é resultado do jogo de interesses políticos vinculados à sucessão presidencial
de 2001: ao mesmo tempo que garante a amizade e a boa vontade midiática
da Rede Globo, Roseana Sarney precariza as condições de trabalho dos edu-
cadores maranhenses, fragilizando uma possível fonte de oposição, inclusive
nas universidades formadoras de professores, que estão completamente à
margem deste processo.
O que é mais interessante ressaltar neste episódio é a incrível semelhança com
a criação, há mais de 30 anos, nesse mesmo pobre estado, da TV Educativa
do Maranhão, concebida e implantada pelo então governador José Sarney.
Também naqueles tempos de hegemonia do discurso que o campo da educa-
çãoconvencionoumaistardechamar“tecnicista”,asjustificativaseosobjetivos
referiam-se à possibilidade de resolver rapidamente problemas educacionais,
carências e déficits acumulados por anos de incúria e desleixo do poder com
a educação pública, com o uso intensivo de tecnologias importadas, caras e
estrangeiras aos costumes da população. População esta que, aliás, nunca é
chamada a dar sua opinião, a não ser nas grandes datas eleitorais, quando é
embalada pelo canto de sereia do marketing político.
O que este acordo do governo do Maranhão com a Fundação Roberto Mari-
nhoindicaéarecorrênciadeumacaracterísticaestruturaldapolíticaeducacio-
nalnoBrasil:opoderpúblicopareceinvestirnapermanênciaenoagravamento
das carências – deixando os sistemas públicos de ensino morrerem à míngua –
para, a cada evento eleitoral, poder surgir com soluções milagrosas e de curto
prazo, que permitem canalizar recursos públicos para campanhas políticas pri-
vadasepodemcriaraimpressãomomentâneadequeogovernoestáinteressado
em resolver os problemas da população (Jornal Pequeno, 22/11/2000).
3.4. Formação continuada ou educação ao longo da vida
Classificamos nesta categoria experiências muito variadas de
formação continuada, principalmente em nível de pós-graduação,
desenvolvidas por empresas privadas das áreas de educação e/ou
18. 134 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
comunicação, mas também por universidades públicas. Abrangem uma
variedade muito grande de cursos de formação pós-graduada, de
atualização profissional, reconversão e outros tipos, dirigindo-se a um
mercado consumidor muito amplo. Esse tipo de oferta, cuja lógica é a
de mercado, não difere muito, na essência, de antigas experiências de
ensino por correspondência, do tipo do Instituto Universal Brasileiro, e
tende a gerar produtos de qualidade duvidosa.
Cabe contextualizar esse tipo de experiência, que é representativa
de um novo “nicho” de mercado muito promissor no capitalismo
globalizado deste início de século. As mudanças sociais ocorridas nas
últimas décadas – no modo de produção econômica, na organização e
gestão do trabalho, no acesso ao mercado de trabalho e nos processos
culturais cada vez mais mundializados e mediatizados pelas técnicas –
estão a exigir transformações radicais nos sistemas educacionais que, para
adaptar-se às novas demandas, vão assumindo novas funções e enfrentando
desafios.
Neste quadro de mudanças do capitalismo tardio, a educação a
distância aparece como um novo filão do mercado educacional, que tende
a ser extremamente promissor do ponto de vista econômico,
principalmente com as possibilidades de multiplicação derivadas do uso
intenso das tecnologias de informação e comunicação (Belloni, 1999 e
2001a). Em breve teremos oferta de cursos de praticamente todas as
grandes universidades do mundo (especialmente as americanas), que
estarão disponíveis no mercado mundial, por intermédio dos mais diversos
meios. Os exemplos mais conhecidos desse tipo são os inúmeros cursos
de atualização oferecidos por empresas, associações profissionais ou
universidades, aproveitados de modo flexível e individual por diferentes
categorias profissionais (médicos, engenheiros etc.). Outro tipo de
exemplo se refere a cursos de pós-graduação stricto sensu oferecidos por
instituições de ensino superior e que tendem a reproduzir de modo
“aligeirado” o ensino convencional (hipertexto 4).
Novos formatos para esse tipo de educação a distância vão
aparecendo, relacionados com as novas tecnologias de informação e
comunicação, cujas potencialidades comunicacionais apontam para novos
tipos de aprendizagem mais abertas e mais flexíveis. Aprendizagem aberta
e flexível é justamente a proposta dos “portais” direcionados à educação.
Os limites entre educação, informação e entretenimento tendem a perder
nitidez nas sociedades contemporâneas, onde o indivíduo consome
quantidades crescentes de informação, aplicando-as tanto ao trabalho
quanto à vida afetiva e ao lazer.
19. 135Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
Hipertexto 4: Educação ao longo da vida como novo nicho de mercado.
Um exemplo deste tipo, desenvolvido por uma universidade pública, é o
Laboratório de Educação a Distância – LED/UFSC, que oferece cursos em
convênio com diferentes tipos de empresa, especialmente com faculdades par-
ticulares de vários pontos do país. Criado em 1995, pelo Departamento de
Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, o LED
objetivavaatenderàsdemandasempresariais,setorcomoqualoDepartamento
já mantinha contatos e parcerias. Para as empresas, a vantagem da educação a
distância é evidente: poder qualificar seu pessoal sem ter que abrir mão de seu
tempo de trabalho. A infra-estrutura técnica, baseada principalmente na
videoconferência, foi montada graças a financiamentos públicos, especialmen-
te do governo do estado.
Com base em suas primeiras experiências, o LED foi se ampliando, oferecendo
novos cursos, incorporando novas técnicas, buscando novos mercados. Tendo
realizado, no início de suas atividades, uma experiência local de formação de
professores em convênio com a Secretaria estadual de Educação, o LED, partir
de 1998, passou a atender um novo segmento de mercado, em grande expan-
são: os professores do ensino superior, básico e/ou técnico, necessitados não só
de titulação compatível com as exigências legais (LDB/1996) como de uma
formação científica e pedagógica adequada. Para atender a esta demanda, o
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP) criou uma
área de concentração específica: Mídia e Conhecimento, que oferece uma for-
mação em tecnologias da educação, a distância, em parceria com instituições
públicas e privadas de ensino superior e técnico.
Uma avaliação impressionista de um desses cursos de formação de professores,
para o ensino superior, em nível de mestrado (resultado de uma “observação
participante” como professora orientadora), permite dizer que esse tipo de
formação de professores tende a atuar de modo bastante perverso, podendo
agravar os problemas de qualidade do ensino superior privado, já bastante
comprometida. Isso porque tende a criar uma espécie de “rede de mediocrida-
de” porque professores de todas as áreas do conhecimento obtêm sua titulação
numa mesma área de concentração – Mídia e Conhecimento – que nada tem
avercomoconteúdodeseuensinooucomoavançocientíficoemsuadiscipli-
na.Trata-se da reprodução da baixa qualidade a preços ao consumidor nem tão
baixos: esses professores são em sua maioria egressos de pequenas instituições
privadasdeensinosuperior,enuncativeramacessoaoambienteacadêmicoeao
ensino de melhor qualidade das grandes universidades, e encaram esses cursos
como representativos daquele ambiente, pagando caro por eles.
Os meios técnicos utilizados são as diferentes aplicações da rede telemática,
principalmenteavideoconferência,comomododeensino,eocorreioeletrônico,
como forma de contato ou interação do estudante com a instituição. A
videoconferência, técnica considerada de ponta poucos anos atrás, posta no
mercado visando às empresas (parecia perfeita para reuniões a distância de
executivos muito ocupados), acabou não fazendo o sucesso esperado e sendo
desviada para um novo nicho de mercado das TIC, a educação a distância.
20. 136 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
Apresentacertasvantagensnosentidodainteraçãosíncronacomosestudantes
e da utilização de documentos gráficos. Do ponto de vista pedagógico, no
entanto,avideoconferênciatendeareforçarosvelhosmétodosdaaulaexpositiva,
centrados na figura do magister, acrescentando-lhes uma rigidez técnica que
exige muito dos professores e não melhora a motivação dos alunos.
4. Conclusões provisórias
Embora parcial e imperfeita, a rápida “tomada panorâmica”
apresentada acima permite ter uma idéia das questões mais gerais do
ensino a distância no Brasil, embora de um modo um tanto impreciso,
como num retrato impressionista, no qual se percebem os contornos
mas não os detalhes dos objetos. Com efeito, encontramos as mesmas
contradições, que caracterizam a história da educação no Brasil: de um
lado, a contradição entre a teoria das custosas propostas tecnocráticas
concebidas nos gabinetes e a prática da falta de condições reais de sua
efetivação; e de outro, o (aparente) conflito entre o setor público com
suas políticas equivocadas que criam um mercado florescente, livre de
restrições para o lucro do setor privado. Estas características, eviden-
temente, não são típicas somente do Brasil, mas inserem-se num contexto
maior do capitalismo mundialem que ocupamos um lugar preciso de
mercado consumidor e no qual as políticas públicas dos países periféricos
obedecem às regras e seguem os modelos das agências financiadoras
internacionais.
Também de um ponto de vista técnico, podemos observar
algumas recorrências encontradas tanto em relatos de pesquisas (inclusive
as nossas) como em reportagens jornalísticas: os problemas destas
experiências de EaD não se situam tanto no lado da oferta, ou seja, do
ensino, no qual a qualidade varia muito, mas de modo geral não é
totalmente ruim, sendo possível aproveitá-las com resultados satisfatórios.
Os problemas estão no lado da demanda, ou seja, da aprendizagem, na
qual não há tradição nem condições de auto-estudo, em que a recepção
(seja TV, seja internet, seja impresso) dos materiais é tecnicamente ruim
e a motivação para a aprendizagem é muitas vezes inexistente (onde uma
professora do ensino fundamental, que teve uma péssima formação inicial,
ganha um salário mínimo e trabalha em condições miseráveis, irá buscar
motivação para estudar a distância em suas horas livres?).
Pesquisas empíricas com professores usuários da TV Escola, por
exemplo, têm mostrado a recorrência de dois tipos de problemas
dificultadores do uso da TV Escola pelos professores, seja para sua
21. 137Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
formação, seja como material didático: os problemas técnicos ligados à
qualidade e manutenção dos equipamentos; e o problema do tempo,
tanto em sua dimensão física, ligada à jornada de trabalho, quanto em
sua dimensão simbólica, relacionada com os materiais e as novas
possibilidades de comunicação simultânea ou diferida (Neto, 2001;
Belloni, 2001c).
A questão do tempo tem sido o nó górdio dos programas de EaD, juntamente
com o material didático utilizado. Não tem sido diferente com a TV Escola.
Enquantoadimensãodoespaçopodeserresolvidacommateriaisinterativose/
ouusodetecnologiascomootelefone,ofaxeoe-mailquefacilitamacomuni-
cação entre o professor e o aprendente, a questão do tempo é mais complexa,
uma vez que possui, em seu interior, dimensões e aspectos que interferem no
processo educativo. (Toschi, 2000)
Os problemas relacionados com o tempo são fundamentais em
EaD, não apenas em suas dimensões física, institucional e imaginária,
que formam a base das relações temporais concebidas por cada indivíduo
e estabelecidas na sociedade, mas também em sua dimensão econômica,
de medida do tempo de trabalho, definidora das condições de trabalho
e de formação dos trabalhadores. A ausência de um tempo para a formação
continuada, previsto especificamente para este fim, dentro da jornada
de trabalho dos professores, é provavelmente a causa principal da baixa
efetividade do Programa.
Do ponto de vista sociológico, e a partir do exposto acima, a
questão pode ser assim resumida: políticas públicas tecnocráticas geram
propostas educacionais centradas nos processos de ensino (estrutura
organizacional, planejamento, concepção, produção e distribuição de
materiais etc.), que correspondem mais a interesses políticos e econômicos
do que a demandas e necessidades, e não nos processos de aprendizagem
(características e necessidades dos estudantes, modos e condições de
estudo, níveis de motivação etc.), o que, em educação a distância, é fatal.
Ou seja, os modelos de educação a distância vigentes no país,
especialmente os de formação de professores e particularmente a TV
Escola, referem-se muito mais aos “sistemas ensinantes” do que aos
“sistemas aprendentes” (Carmo, 1998; Belloni, 1999).
Do ponto de vista pedagógico, podemos dizer que, mesmo quando
são fundamentadas em teorias psicopedagógicas inovadoras (cons-
trutivismo, sociointeracionismo, interculturalismo), como por exemplo
a proposta pedagógica da TV Escola, a maioria das experiências não
consegue romper tendências enraizadas na instituição escolar – incluindo
22. 138 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
aí a formação inicial e continuada de professores – de compartimentar o
saber nas grandes áreas do conhecimento, de enfatizar os conteúdos em
detrimento da capacidade de aprender e de resistir à integração de novas
tecnologias. Tendências que ainda permanecem na formação inicial de
professores em nossas melhores universidades, apesar das mudanças
ocorridas recentemente com a definição de novos parâmetros curriculares
para a educação nacional.
As intenções inovadoras e de interdisciplinaridade, presentes nos
materiais da TV Escola e do Programa Um Salto para o Futuro não
atingem seus objetivos, e os resultados no lado da utilização – as formas
como os usuários se apropriam deste conhecimento – não mostram esta
integração pedagógica entre as disciplinas, e menos ainda uma prática
mais ativa e centrada no aluno. Ao contrário, nem professores, nem escolas
costumam abrir espaços em suas agendas carregadas de conteúdos para
desenvolver atividades “extracurriculares” de discussão de temas
extremamente importantes para os jovens (e, portanto, com alto potencial
de motivação) tais como sexualidade, violência, mídias, meio-ambiente,
profissões. Torna-se mais uma vez evidente que os programas de formação
continuada e mesmo as propostas curriculares mais inovadoras não têm
conseguido romper a barreira entre a teoria inovadora e a prática
convencional nem entre políticas tecnocráticas e “propagandeiras” e as
condições precárias de realização efetiva dessas políticas.
É preciso lembrar que as determinações político-administrativas
interferem na concepção e implementação de ações educacionais de grande
porte como a TV Escola e antes dela o Programa Um Salto para o Futuro,
fragilizando suas propostas e resultados. Um exemplo disso pode ser visto
no fato de a Fundação Roquette Pinto, que desde sua criação, em 1969,
pertenceu ao Ministério da Educação, ter sido transferida, em 1996,
para a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, cuja atri-
buição é a propaganda do governo federal, incluindo a gestão das gordas
verbas publicitárias. Esta medida se integra à política do Ministério da
Educação de modo assaz contraditório: ao mesmo tempo em que cria a
Secretaria de Educação a Distância e a TV Escola, que produz e distribui
programas televisuais, o MEC se desfaz da infra-estrutura técnica de
produção e distribuição desse tipo de programa. Evidentemente esta
política é coerente com o ideário liberal de terceirização de serviços técnicos,
mas esta explicação não é suficiente, outras podem ser buscadas nas
políticas de comunicação do governo federal.
Chegamos então a uma conclusão provisória e um tanto óbvia que
talvez pudesse ajudar a compreender melhor o fenômeno em estudo: a
23. 139Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
questão fundamental não está tanto na modalidade do ensino oferecido –
se em presença ou a distância, a convergência dos dois paradigmas sendo a
tendência mais evidente – mas sobretudo na capacidade de os sistemas
ensinantes inovarem quanto aos conteúdos e às metodologias de ensino,
de inventarem novas soluções para os problemas antigos e também para
aqueles problemas novíssimos gerados pelo avanço técnico nos processos
de informação e comunicação, especialmente aqueles relacionados com as
novas formas de aprender (Perriault, 1996; Carmo, 1998).
A educação está se transformando tanto em termos de finalidades
sociais quanto no que diz respeito a estratégias e modalidades, notadamente
com a introdução de meios técnicos e com a tendência a uma maior
flexibilidade de acesso, currículos e metodologias. A educação a distância
surge neste quadro de mudanças como mais um modo regular de oferta
de ensino, perdendo seu caráter supletivo, paliativo ou emergencial, e
assumindo funções de crescente importância, principalmente no ensino
pós-secundário, seja na formação inicial (ensino superior regular), seja na
formação continuada, cuja demanda tende a crescer de modo exponencial,
em virtude da obsolescência acelerada da tecnologia e do conhecimento.
Nas sociedades contemporâneas, “do conhecimento” ou “da informação”,
a formação inicial torna-se rapidamente insuficiente e as tendências mais
fortes apontam para uma “educação ao longo da vida” (lifelong education)
mais integrada aos locais de trabalho e às necessidades e expectativas dos
indivíduos. São estes dois grandes desafios que os sistemas de ensino
superior enfrentam agora e para os quais a educação a distância pode
contribuir: expansão significativa e diversificação da oferta de formação
inicial, para atender à demanda decorrente da expansão do ensino
secundário; criação de novos modos de formação continuada adequada às
demandas do mercado de trabalho “pós-fordista” (Belloni, 1999). Tudo
isto sem perder de vista os ideais humanistas de formação do cidadão
crítico e criativo, capaz de pensar e de mudar o mundo.
Do ponto de vista institucional e político, é preciso saudar com
otimismo a criação da Unirede, consórcio que congrega todas as grandes
universidades públicas do país, com o objetivo de integrar e otimizar
esforços de educação a distância, prioritariamente para a formação de
professores em todos os níveis de ensino. A proposta institucional da
Unirede, baseada na parceria entre instituições iguais, foi resultado da
iniciativa de instituições de ensino e pesquisa e não de uma política
imposta pelos organismos oficiais, e talvez por isso apresente maiores
possibilidades de assegurar a oferta de atividades efetivas de educação a
distância de melhor qualidade com menor custo.
24. 140 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002
Recebido em julho de 2001.
Aprovado em dezembro de 2001.
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