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553
Ideal, saudável e submisso: o corpo feminino em capas de revistas
Monise Viana Abranches1
, Luana Maria Silva Santos1
, Donizete Aparecido Batista2
,
Tatiana Coura Oliveira1
e Raquel Ferreira Miranda1
1 Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde Universidade Federal de Viçosa campus de Rio Paranaíba,
Brasil. monisevianaufv@hotmail.com; luana.maria@ufv.br; contato.tatiana@gmail.com;
raquelmirandaufv@gmail.com
2 Instituto de Ciências Humanas e Sociais Universidade Federal de Viçosa campus de Rio Paranaíba,
Brasil. donizeteb@ufv.br
Resumo. O presente artigo teve como finalidade identificar, descrever e analisar os conteúdos presentes em
capas de revistas femininas. Ambas as publicações veiculam textos que tematizam questões relacionadas ao
corpo, beleza e saúde. Os dados retirados das capas foram analisados pela perspectiva da análise de
conteúdo em conformidade aos critérios de leitura e interpretação indicados por Bardin. As inferências
resultantes dessa análise conduziram às seguintes conclusões: o conjunto de semioses presentes nas capas
(os sentidos atribuídos às chamadas das matérias, as fontes utilizadas para atrair a atenção do leitor, bem
como as imagens) demonstra repúdio ao corpo gordo, enquanto estabelece como único padrão socialmente
aceito o corpo magro e definido. Esse corpo idealizado é distante e irreal para muitas leitoras. A saúde é
reduzida à obediência às estratégias para obtenção desse corpo estandardizado, sem levar em consideração
os riscos que essas prescrições podem trazer à saúde.
Palavras-chave: Corpo; beleza; saúde; revistas femininas; análise de conteúdo.
Ideal, healthy and submissive: the female body in magazine covers
Abstract. The purpose of this article was to identify, describe and analyze the contents on the covers of
women’s magazines. Both publications convey texts that focus on issues related to body, beauty and health.
The data taken from the covers were analyzed from the content analysis perspective, in accordance with
reading and interpretation criteria proposed by Bardin. The inferences resulting from this analysis led to the
following conclusions: the semiosis set present on the covers (the meanings attributed to the calls of the
articles, the writing used to attract the reader’s attention, as well as the images), demonstrate repudiation
of the fat body, while establishing a lean and defined body as the only socially accepted standard. This
idealized body is distant and unreal for many readers. Health is reduced to obeying the strategies for
obtaining this standardized body, without taking into consideration the risks that these prescriptions can
bring to health.
Keywords: Body; identification; body image; women's magazine.
1 Introdução
O corpo magro, definido e sem gordura é um dos padrões a ser seguido, mesmo que para isso seja
necessário se sujeitar a práticas não seguras como: adesão a modismos alimentares restritivos e a
práticas esportivas extenuantes, e submissão a procedimentos estéticos/cirúrgicos (Brum, & Roso,
2015). A adequação corporal, além de ser um dever social, se tornou um compromisso moral (Souza,
Oliveira, Nascimento, & Carvalho, 2013).
O segmento midiático é uma importante ferramenta social que expressa como a aparência das
mulheres deve ser (Fernandez, & Pritchard, 2012). Dentro desse contexto, as revistas disseminam
informações sobre beleza e saúde, principalmente as voltadas ao público feminino. As informações
ali veiculadas compõe parte do processo de criação das representações sociais, que são instituídas e
construídas a partir dos discursos que circulam coletivamente. Esses discursos se estabelecem
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porque o ser humano necessita atribuir sentido ao que vivencia, alicerçando e justificando seus
pensamentos e ações (Rocha, 2014). Contudo, comumente as estratégias publicitárias utilizadas nas
revistas desconsideram a individualidade de quem as leem (Campos, Cecílio, & Penaforte, 2016).
Na pós-modernidade, as culturas das sociedades tradicionais foram dissolvidas culminando com a
demanda e o consumo dos conhecimentos perito-científicos (Giddens, 2002). Uma vez considerados
verdades, os veículos de comunicação divulgam esses conhecimentos, com emprego de uma
linguagem coloquial, aumentado o interesse sobre os assuntos abordados e atingindo um número
considerável de leitores, mas a simplificação dos textos pode acarretar uma leitura superficial e, ou
equivocada dos resultados das pesquisas.
No presente estudo, buscou-se suscitar os principais temas veiculados em capas de revistas voltadas
para mulheres e desvendar os sentidos que se escondem sob a realidade manifesta de um padrão
idealizado de corpo feminino. Balizada por duas fronteiras - a literalidade das palavras e os índices
sociais que regulam seus significados -, buscou-se compreender a produção de sentidos a partir dos
fragmentos de mensagens analisados. Elegeu-se como objeto de estudo capas de revistas femininas
que tem como tema central o “corpo”. Isso porque a palavra “corpo” e os sentidos que dela advém,
contextualizados numa revista destinada ao público feminino, possuem significados diferentes do
que, por exemplo, se essa palavra estivesse em uma publicação de natureza médico científica. Há
uma face visível de sentido, mas há também uma face oculta que deve ser investigada e que pode
indicar um aspecto social relevante.
A hipótese aqui levantada é a de que os discursos produzidos nas revistas promove um controle
regulador do corpo feminino. O que dizer da construção e da representação desse corpo no
momento atual e em que esse processo é pautado? A proposição desse tema é justificada pela
“inquietação” que ele traz aos membros do Núcleo de Estudos em Relacionamento Interpessoal,
Saúde e Sociedade (NERISS), grupo instituído na Universidade Federal de Viçosa campus de Rio
Paranaíba, Brasil. As discussões em torno desse tema se ampliaram mediante a leitura da obra “A
Sociedade dos Indivíduos” de Nobert Elias, e de textos que abordam a representação do corpo
feminino ao longo da história, assunto que alicerça os livros “Corpo a Corpo com a Mulher – Pequena
história das transformações do corpo feminino no Brasil” e “Histórias Íntimas – Sexualidade e
Erotismo na História do Brasil” escritos por Mary del Priori, dentre outros, os quais revelam o quão
subjugado, passivo e reprimido foi e ainda é o corpo da mulher. Adjetivos esses justificados pelo
processo civilizador que faz do corpo feminino um palco de conflito de poder: seduzir e ser seduzida.
O objetivo desse trabalho foi identificar, descrever e analisar os conteúdos em destaque nas capas de
revistas femininas de circulação nacional no Brasil, buscando compreender como as estratégias de
marketing são utilizadas para o controle regulador do corpo feminino e como o discurso da saúde é
empregado nesse contexto.
2 Metodologia
Tendo em vista a natureza da temática abordada, realizou-se uma investigação de natureza
qualitativa, levada a cabo por meio da análise documental de revistas femininas, considerando
perspectivas contemporâneas que cercam a temática do corpo presentes nas áreas da Nutrição, da
Psicologia e da Linguística. Optou-se pela análise de conteúdo (AC) para o desenvolvimento do
trabalho, uma vez que se constitui como abordagem metodológica por meio da qual se busca
compreender o conteúdo emitido no processo de comunicação, tomando o texto como unidade
interpretativa. A AC desconfia da literalidade das palavras que compõem os textos e, por essa razão,
investe em gestos interpretativos que buscam o que está implícito, ou seja, busca a parte dos
sentidos que se encontram no “não-dito”. Em virtude dessa natureza, trata-se de uma metodologia
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que se distingue das demais perspectivas no que diz respeito à leitura e interpretação de dados, por
ser constituída de procedimentos singulares. De acordo com Bardin (2016, pp. 49-50) “a análise de
conteúdo leva em consideração as significações (conteúdo), eventualmente a sua forma e a
distribuição desses conteúdos e formas (índices formais e análise de coocorrência) (...). A análise de
conteúdo é uma busca de outras realidades por meio das mensagens”.
Outra peculiaridade da AC diz respeito ao corpus de análise que não precisa prender-se a textos
canônicos, podendo a perspectiva abarcar diferentes gêneros discursivos verbais e não verbais
(peças publicitárias, filmes, cartas, revistas, etc.). Para Moraes (1999), “os dados advindos dessas
diversificadas fontes chegam ao investigador em estado bruto, necessitando, então ser processados
para, dessa maneira, facilitar o trabalho de compreensão, interpretação e inferência a que aspira a
análise de conteúdo”.
Nesse estudo, dois títulos de revistas femininas comercializados no Brasil no formato impresso foram
selecionados, sendo eles: Boa Forma (BF) e Corpo a Corpo (CC). Essas revistas foram escolhidas por
serem veículos de transmissão de informações dirigidas ao público feminino; terem ampla
distribuição territorial; contemplarem discursos, conceitos, valores, representações e ações que
perpassam o universo da construção do corpo da mulher e sua relação com a saúde na atualidade e;
serem os líderes de mercado no segmento “corpo e estética”. Ambas as revistas tem periodicidade
mensal e se destinam a consumidoras de maior poder aquisitivo, classe A/B, público que compõe
mais de 50% dos leitores finais das revistas. Com ampla distribuição e tiragem, a revista BF conta com
1,4 milhões de leitores (considerando material impresso e virtual) e a CC com 120 mil leitores por
mês, são destinadas a mulheres na faixa etária de 20 a 40 anos (Mídia Kit Boa Forma, 2017; Mídia Kit
2016 Corpo a Corpo, 2016). Os valores de mercado das revistas analisadas variaram de R$ 9,00 a R$
13,00 (aproximadamente US$ 3,33 a US$ 4,81) no período em que se instituiu a coleta de dados.
Nesse primeiro momento, optou-se por analisar o gênero textual “Capa de revista”, por ele ser o
primeiro contato da leitora com o conteúdo veiculado e cuja interpretação pode ser feita de maneira
dissociada do conteúdo presente no seu interior. Ao todo, foram analisados os conteúdos das capas
de 26 edições (13 edições de cada revista) publicadas entre janeiro de 2015 a janeiro de 2016. O
período de um ano foi considerado, uma vez que se buscou apreender o quanto pode variar, durante
esse tempo, o conteúdo emitido pelos veículos analisados, tendo em vista as variações sazonais,
sempre acompanhadas e demarcadas pela indústria da moda e da beleza.
Operacionalmente, a AC das capas desdobrou-se nas seguintes etapas: pré-análise, exploração do
material ou codificação e tratamento dos resultados obtidos/interpretação (Bardin, 2016).
1) pré-análise: foi constituída pela leitura de todo o conteúdo apresentado nas capas, o que tem por
denominação leitura flutuante. Esta primeira etapa exigiu contato direto e intenso com o material de
análise, permitindo que as primeiras impressões, pressupostos e hipóteses relacionadas ao tema
surgissem. A constituição do corpus de análise está relacionada à delimitação do material que
constitui o universo de estudo, sendo imprescindível o esgotamento da totalidade do texto,
separação entre os temas trabalhados; bem como exclusividade, objetividade e pertinência. 2)
exploração do material: pautou-se na análise aprofundada do conteúdo a partir da qual foram
identificadas e selecionadas as estruturas de relevância que se repetiam nos trechos analisados.
Nesta etapa, realizou-se a categorização do material analisado e sua classificação em temas por meio
da transcrição das chamadas de forma a ser o mais semelhante possível do original. Por essa razão,
justifica-se a utilização ora de fontes no estilo caixa alta e ora no estilo imprensa. As categorias de
análise criadas estavam intimamente conectadas às teorias nas quais se apoiam a investigação
(Giddens, 2002; Elias, 1994; Bauman, 2001; Del Priore, 2000; Del Priore, 2011), sendo elas: a)
atividade física, b) alimentação, c) beleza e corpo. Cada categoria foi subdividida nos seguintes
temas: a) incentivo à prática de atividade física, definição muscular da estrutura corporal; b) dietas,
receitas, alimentos milagrosos; c) cabelo, moda, produtos e imagens veiculadas nas capas, nas quais
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se analisou as silhuetas dos corpos apresentados nas publicações, incluindo vestimentas e grau de
prestigio social com o objetivo de identificar os modelos sociais disseminados pelas revistas, que
reforçam o imaginário de ideal de corpo do seu público-alvo. Isso porque, segundo Bardin (2016, p.
57), “(...) estereótipo é a representação de um objeto (coisas, pessoas, ideias) mais ou menos
desligada da sua realidade objetiva, partilhada pelos membros de um grupo social com alguma
estabilidade. Corresponde a uma medida de economia na percepção da realidade, visto que uma
composição semântica preexistente, geralmente muito concreta e imagética, organizada em redor de
alguns elementos simbólicos simples, substitui ou orienta imediatamente a informação objetiva ou a
percepção real”. 3) tratamento dos resultados e interpretação: etapa em que realizou-se inferências
e interpretações, correlacionando os achados ao quadro teórico proposto inicialmente, mas também
abrindo espaço para novas dimensões teóricas e interpretativas.
Em suma, foram imprescindíveis a organização, a categorização e a contextualização dos recortes
retirados das capas das revistas para a elaboração de um texto final, resultado de uma “análise
provisória”. Tudo isso tendo em vista possibilitar a objetivação dos dados analisados (Gaskell, 2002;
Moreira, 2005; Minayo, 2012).
3 Resultados e Discussão
Os mais diversos recursos são utilizados nas capas de ambas as revistas analisadas para atrair a
atenção do leitor, destacando-se a presença de fotografias de pessoas reconhecidas na mídia,
magras e aparentemente felizes. Observou-se que muitos títulos de reportagens eram apresentados
em destaque, com emprego de fontes coloridas, letras maiúsculas, palavras em inglês e expressões
imperativas. As expressões empregadas vão ao encontro com a linguagem do público consumidor, o
que dá ao texto um tom descontraído e jovial. Pode-se notar o uso recorrente de termos em inglês
como fitness, pop-up, fun, looks, sexy, power, free, light, express, top “CURVAS SEXY, JÁ! Confira qual
o melhor exercício para seu tipo de corpo e comece sua série hoje mesmo” CC/2015/ed.323; “FUN
FITNESS - DEFINIDA E FELIZ COM SKATE” CC/2015/ed.320. A utilização dessas palavras desperta a
curiosidade da leitora (Khun et al., 2012), induzindo-o ao desejo de ler o conteúdo contido na revista.
Quando traduzidos para a língua portuguesa, os termos se associam à sensualidade, felicidade,
moda, agilidade, emagrecimento, definição e a possibilidade de ter o corpo desejado. Assim, dominar
essa linguagem dá a ilusão de pertencimento ao grupo social exaltado nas revistas.
3.1 Atividade Física: a Busca pelo Corpo Ideal e Pelo ser Saudável
Assim como estimulado no final do século XIX, momento em que o discurso da beleza passa a
permear o da saúde e o da força (Del Priore, 2000), observa-se que ainda hoje ele permanece e vem
ganhando mais adeptos. Do total de títulos analisados, 35% fazia menção a atividades que visam a
definição do corpo, destacando que o leitor poderia esculpi-lo com os “instrumentos” utilizados nas
academias “MODELE O CORPO TODO COM HALTER” BF/2015/ed.341. Nesse contexto, o corpo é um
cenário de conflitos, em que o indivíduo se defronta com sua individualidade, percebe-se como
diferente e procura modelar-se com o intuito de se legitimar (Novaes, & Vilhena, 2003; Santos,
2008). O corpo torna-se a representação de uma obra de arte (Novaes, & Vilhena, 2003), hoje
apresentada como imagem. No entanto, “fabricado como imagem, o corpo deixa de pertencer aos
homens (...) porque é próprio da crueldade da imagem apoderar-se dos corpos a partir de dentro,
escavando-os até que haja apenas uma casca (...)” (Rosa, 2011). Segundo Rosa (2011), a imagem não
é uma confirmação da natureza do homem, mas somente uma indicação do que “existe de vazio e
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negativo na morfologia humana (...) isto porque o homem é imagem daquilo que não tem imagem”.
Pode-se inferir que ao buscar o corpo padrão, a mulher tenta melhorar a sua imagem captada pelo
olhar do outro, no entanto, deixa de revelar a sua essência, o que a faz humana. Isso é confirmado
nos títulos das notícias que não trazem todas as dimensões que compõem a mulher, mas a reduz
apenas a aparência física e simbolicamente esquarteja o corpo, deixando o mesmo de ser um todo
para ser um somatório de partes “BUMBUM SENSAÇÃO - 12 exercícios funcionais que modelam e
empinam” CC/2015/ed.315; “(...) TRINQUE A BARRIGA COM NOSSA SÉRIE DE PRANCHAS”
BF/2015/ed.348.
Observa-se uma discrepância entre a relação de tempo gasto com exercícios e a quantidade de
calorias consumidas, ou seja, reverbera a ideia de investimento de pouco tempo e esforço físico para
se alcançar elevado consumo calórico e consequente redução do peso “AULA POWER - 30 minutos
de puro suor e menos 500 cal” BF/2015/ed.342; “TORRE CALORIAS O DIA INTEIRO - E detone 15
quilos em um ano (sem esforço)” CC/2015/ed.313. Possivelmente, esta relação desperta no leitor a
ilusão de que o tempo necessário para atingir o corpo ideal é pequeno e não requer esforço, uma vez
que o gasto calórico é alto. Esse discurso seduz o leitor, uma vez que o imediatismo é uma
característica da sociedade atual. Ao tratar da liquidez da sociedade pós-moderna, Bauman (2001)
destaca a diferença entre ter saúde e estar apto. Para o autor, estar apto é ter o corpo flexível,
ajustável e hábil para superar obstáculos e normas, vai além de ter saúde.
O emprego de palavras no diminutivo expressa o que ser “eliminado”, mas sem acarretar ofensa
“Novos aparelhos que derretem a gordurinha”. Esta estratégia ameniza o que hoje é motivo de
estigmatização, a gordura, a qual é associada diretamente à velhice (Del Priore, 2000). Dessa forma,
observa-se que as revistas destacam a desvalorização de algo que não é desejado na sociedade
contemporânea. O uso do diminutivo nessas chamadas ameniza o os custos físicos e emocionais
sobre o que de fato é veiculado nas frases e, também, estimula os anseios do leitor, atribuindo
aspectos afetivosentre o real e o ideal (Oliveira, 2009).
3.2 A Alimentação: uma Refém da Moda
Contrapondo-se ao aumento do excesso de peso da população, dietas para emagrecimento
ganharam espaço e são evidenciadas nas capas das revistas. Muitas dessas são modismos
alimentares que propõem grande restrição alimentar e, por consequência, são de difícil adesão
(Betoni, Zanardo, & Ceni, 2010). Em todas as capas foi observada a promessa de grande perda de
peso em um curto período de tempo, sendo privilegiado o imediatismo em conseguir o corpo
desejado e sem sofrimento, esse último traduzido em “ausência de fome” (“-3 KG EM 14 DIAS SEM
FOME COM A DIETA DAS FIBRAS DO ARROZ”, CC/2015/ed.313).
A alguns alimentos tradicionais e naturais têm sido atribuídas informações negativas com base em
princípios especulativos, reducionistas e descontextualizados (Azevedo, 2015). Foram encontradas
dietas que propagam modismos alimentares e pregam a restrição de alimentos como aqueles que
contêm glúten. Geralmente, essas restrições são popularmente justificadas pelo acúmulo de gordura
corporal sem, contudo, haver respaldo científico “GLÚTEN FREE – 4 kg em 15 dias” BF/2015/ed.339;
“(...) ZERO GLÚTEN, MAIS CURVAS E MAIS SAÚDE”, CC/2015/ed.319. O sentido atribuído à
alimentação nas capas perpassa o discurso da saúde, mas atrelado à intensa busca pela adequação
do corpo. Para isso, é necessário optar por práticas definidas como saudáveis, em que o estilo “light”
de viver deve ser adotado (Santos, 2008). Constatou-se que a publicação de receitas restritivas segue
um padrão de datas comemorativas, indicando que independentemente do período do ano, a
alimentação deve ser regrada. O uso de alimentos para a prevenção de doenças é colocado em
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último plano, apontando que o principal interesse não é divulgar esse tipo de informação: “abacate
aumenta os músculos, berinjela chapa a barriga, cogumelo evita gripe (...)” CC/2015/ed.319.
Ainda, as restrições alimentares são associadas ao uso de hormônios “DIETA DO GH -4 kg em 1 mês
com cardápio que estimula o hormônio do crescimento” BF/2015/ed.343. Isso permite inferir que os
conhecimentos da fisiologia humana vêm sendo utilizados para dar credibilidade às estratégias
apresentadas nas revistas. No caso exemplificado, o hormônio do crescimento (GH) atua no controle
da glicemia e, durante os exercícios físicos, dificultam a utilização da glicose nas células musculares
(Silva Junior et al., 2014), contribuindo para o aumento da metabolização de gordura. Essa estratégia
fortalece o uso de anabolizantes e suplementos alimentares para estimular a hipertrofia muscular,
comum entre homens e mulheres que buscam alcançar a plena satisfação corporal (de Souza, &
Vianna, 2016).
3.3 Ser e se Fazer Bela: os “Segredos” Contidos nas Capas
A indústria midiática da “corpolatria” produz o discurso de que beleza, saúde, sedução e sucesso são
indivisíveis e que não se pode viver sem esses elementos. Ser jovem, estar nos ritmos da moda,
frequentar academias são alguns ditames incentivados (Knoppi, 2008). Nas capas das revistas, beleza
é um dos principais assuntos e produtos que melhoram a aparência física são destacados: “O segredo
de make que toda mulher deveria saber” BF/2015/ed.342 e “BELEZA - O que está faltando para o seu
cabelo crescer forte e com brilho” BF/2015/ed.347. No Brasil do século XVIII substâncias, cores, e
cheiros já eram utilizados para disfarçar e apagar imperfeições. A pele, o físico e os cabelos eram alvo
de cuidados cosméticos ofertados pela indústria de bens e serviços, impulsionada pela cultura do ser
e do se fazer bela. Tais características eram marcas de feminilidade e sedução erótica. No entanto, a
aparência feminina era controlada pela igreja que associava o corpo da mulher ao pecado, à natureza
e às forças diabólicas (Del Priore, 2000). Ora, o que se pretendia era o controle do corpo. Uma vez
que a mulher era a responsável por manter o lar em harmonia, o controle social era preservado e a
ordem e o progresso do Estado estavam garantidos. À mulher cabia apenas as funções de esposa e
de mãe, em suma, de reproduzir (Dhoquois, 2003).
E o que mudou ao longo dos anos? O corpo ainda é visto como algo que pode ser aperfeiçoado e,
dessa forma, a indústria do consumo utiliza-o como vitrine para produtos e serviços (Campos, Cecílio,
& Penaforte, 2016). O consumo da estética é sinônimo de existir e ser moderno (Del Priore, 2000). A
busca pela perfeição fez com que o corpo se tornasse artificial, sem erros, projetado para o sucesso,
desta forma, produtos serão sempre consumidos, e a mídia sempre reinará em meio aos desejos
sociais (Freitas, Ferreira, Carvalho, & Prado, 2014; Villaça, 2007). Se isso é para todas? Sim, ou pelo
menos a possibilidade parece estar nas mãos de qualquer uma que deseja mudar, ou seja, que deseja
consumir, mesmo que o poder aquisitivo contraponha-se a isso. É essa a ideia veiculada: “46
COSMÉTICOS TOP - PARA ROSTO, CABELO, CORPO E UNHAS POR ATÉ R$ 50” CC/2015/ed.313. Dessa
forma, a mulher é velada como um objeto a ser controlado “trocamos a dominação de pais, maridos
e patrões por outra, invisível e, por isso mesmo, mais perigosa. A dominação da mídia e da
publicidade. (...) diariamente enfrentamos a tarefa de ter que ser eternamente jovens, belas e
sadias” (Del Priore, 2000, p. 99). Esse desejo de mudança é justificado pelo fato do corpo ser
considerado um fator diferenciador de pessoas e classes sociais. As mudanças corporais são vistas
como passaporte para abandonar classes populares inferiores e, por isso, alimentamo-nos do desejo
de “estar nos padrões” (Le Breton, 2007; Del Priore, 2000). Assim, os corpos, que são propriedades
individuais, desaparecem e passam a ser um modelo impessoal (Perrot, 2003).
A idealização do corpo nas capas culmina com a exposição de imagens femininas semidesnudas. Isso
porque ainda nos dias atuais, o desejo masculino deve ser mantido pelo mistério que as mulheres
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trazem em seus corpos (Del Priore, 2011). Ao mesmo tempo em que o corpo deve ter partes
privadas, o mesmo deve, quando exibido, ser adequado e munido de significação (Perrot, 2003). As
imagens veiculadas são representações de resultados corporais que parecem ser obtidos pela
obediência aos modismos veiculados nas revistas. Todo o conjunto de produtos e serviços colocado à
serventia da beleza parece “prometer a mulher a possibilidade de, em não sendo bela, tornar-se”
(Del Priore, 2011, p. 114). Mas o que dizer das edições de imagens? Trata-se de recursos digitais
utilizados para hipercorreção de corpos a serem exibidos ainda “mais perfeitos”. Então, é possível
verdadeiramente alcança-los? Esses segredos nem sempre são contados.
Em todas as capas, a imagem em destaque é de uma mulher em evidência na mídia. Essa estratégia
para alavancar a venda de revistas teve início nos anos 20 e 30, quando as mulheres passaram a
utilizar o discurso da aparência para transformar seus corpos em objetos de desejo sexual. A sedução
revelada pelas atrizes hollywoodianas começou a ser cultivada como modelo a ser seguido (Del
Priore, 2011). Hoje, o conceito de identidade foi alterado, o que vigora é o da identificação, ou seja, a
mudança de si mesma a partir da assimilação da qualidade de outra pessoa (Del Priore, 2000). E que
qualidades são essas? Ser jovem, magra e com curvas definidas. Evidencia-se principalmente o
abdome, as pernas e as nádegas. A idade igual ou superior a 30 anos é anunciada nas capas, mas
sempre com a prorrogativa de que é possível envelhecer linda, sexy e com o corpo definido “(...) 45
anos, dois filhos, barriga desenhada e pele de bebê com ioga e técnicas high tech” CC/2015/ed.317
“(...) linda e sexy aos 34 anos, mãezona e louca por pilates e coxinha” CC/2015/ed.324. No entanto,
segundo Del Priore (2000, pp. 99-100), “Não há prisão mais violenta do que aquela que não nos
permite mudar” (...) Como envelhecer se tudo que nos cerca, - o outdoor, a televisão, as fotos na
revista – é construído de forma a negar o envelhecimento (...) vivemos um terrível paradoxo: a
possibilidade de, enfim, prolongar seus dias é vivida como algo de negativo”.
3.4 Saúde: Assunto a Ser Discutido
Dentre as edições analisadas apenas uma trouxe a preocupação com a saúde em decorrência do uso
de estratégias para se alcançar a beleza “ALERTA DE SAÚDE - Será que você está correndo risco em
nome da beleza?” BF/2015/ed.340. A saúde, na verdade, é traduzida em seguir as inúmeras
estratégias que transmitem a sensação de poder atingir o ideal estético, sendo o resultado alcançado
merecimento de cada leitora. Todavia, as estratégias divulgadas reforçam o controle dos corpos, a
alimentação não considera o contexto social e os hábitos alimentares, e os corpos mostrados são
inalcançáveis. Em suma, as estratégias são construídas para não funcionarem (Campos, Cecílio, &
Penaforte, 2016).
Por que continuar nessa penosa busca pelo corpo perfeito? Possivelmente, porque há uma ligação
entre a fantasia e a realidade na mente humana e a habilidade do homem em controlar
circunstâncias de sua vida em que emergem essas concepções. A fantasia possibilita o controle de
processos que as pessoas não são capazes de intervir na realidade. Ela ajuda a suavizar situações
conflituosas não toleráveis. Quando a crença de eficácia da fantasia é compartilhada por um grupo
de pessoas, torna-se solidamente arraigada e removê-la é tarefa difícil (Elias, 1994). Ao fazer uso da
fantasia, a preocupação excessiva com a imagem pode desencadear desequilíbrios psíquicos (baixa
autoestima, depressão e transtornos alimentares). Por esse prisma, se percebe que a saúde é posta à
prova (Ribeiro, & Oliveira, 2011; Fernandes, 2007). Então, o que é ser saudável? Como alcançar a
saúde? Essas perguntas merecem ser discutidas e as respostas construídas porque o conceito de
saúde é amplo, o que difere do apresentado nas capas, onde saúde é associada apenas à beleza,
magreza, juventude e aptidão física. Esses termos se relacionam somente ao componente “estilo de
vida”, que corresponde aos padrões de consumo, atividades ocupacionais e às decisões tomadas que
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afetam a saúde. No entanto, saúde engloba as relações do indivíduo com o ambiente (aspectos
físicos, sociais e psicológicos) e suas características biológicas (Czeresnia, Maciel, & Oviedo, 2013).
4 Conclusões
As capas das revistas femininas possuem elementos verbais e não verbais significativos para leitura,
interpretação e construção de inferências que objetivam compreender os discursos sobre o corpo na
contemporaneidade, temas esses discutidos entre os membros do NERISS. O trabalho de discussão e
interpretação visa desconstruir junto aos discentes (futuros profissionais da saúde) os mitos de que a
linguagem é transparente e que os sentidos estão postos, quando na verdade, eles são regulados por
outras instâncias e historicamente constituídos.
Por privilegiar a análise e o aprofundamento da compreensão de fenômenos sociais, o uso da AC foi
uma estratégia metodológica imprescindível, para compreender como se realiza a propagação
midiática de uma imagem de beleza feminina globalizada. Foram identificadas diferentes estratégias
discursivas do “ser saudável”, que recomendam a prática de exercícios físicos, o consumo de
alimentos específicos e o uso de produtos, sem se atentar como estas recomendações são captadas
pelos leitores e quais são os impactos sobre a saúde.
A presença da tríade beleza, juventude e saúde no material analisado evidencia o quanto estas
dimensões se conectam ao projeto contemporâneo de autoidentidade, ligando-se diretamente aos
hábitos de vida e à preocupação com a aparência corporal. Às mulheres é atribuída a
responsabilidade pela “construção de seu corpo”. Nesse sentido, ela utiliza o corpo para tentar se
desvencilhar de um processo de dominação, uma vez que se percebe como algo que pode ser
valorizado pelo olhar do “outro”. No entanto, para seduzir utiliza artifícios estéticos que a torna
novamente submissa e prisioneira.
Pode-se dizer que a construção social da magreza, como um atributo da saúde, apoia-se nas
mensagens divulgadas, especialmente por meio dos estilos de vida associados às “celebridades”.
Ainda, são utilizados termos em inglês e diferentes recursos gráficos para atrair a atenção do leitor,
bem como verbos no imperativo, atribuindo o sentido de ordem para adesão às estratégias. Apesar
das mensagens veiculadas refletirem características próprias da sociedade pós-tradicional, a
polissemia dos discursos propicia a redução do conceito de saúde, promovendo a aproximação do
mesmo ao ideal estético, o que amplia o sofrimento e a objetificação do corpo feminino.
Referências
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  • 1. >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 553 Ideal, saudável e submisso: o corpo feminino em capas de revistas Monise Viana Abranches1 , Luana Maria Silva Santos1 , Donizete Aparecido Batista2 , Tatiana Coura Oliveira1 e Raquel Ferreira Miranda1 1 Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde Universidade Federal de Viçosa campus de Rio Paranaíba, Brasil. monisevianaufv@hotmail.com; luana.maria@ufv.br; contato.tatiana@gmail.com; raquelmirandaufv@gmail.com 2 Instituto de Ciências Humanas e Sociais Universidade Federal de Viçosa campus de Rio Paranaíba, Brasil. donizeteb@ufv.br Resumo. O presente artigo teve como finalidade identificar, descrever e analisar os conteúdos presentes em capas de revistas femininas. Ambas as publicações veiculam textos que tematizam questões relacionadas ao corpo, beleza e saúde. Os dados retirados das capas foram analisados pela perspectiva da análise de conteúdo em conformidade aos critérios de leitura e interpretação indicados por Bardin. As inferências resultantes dessa análise conduziram às seguintes conclusões: o conjunto de semioses presentes nas capas (os sentidos atribuídos às chamadas das matérias, as fontes utilizadas para atrair a atenção do leitor, bem como as imagens) demonstra repúdio ao corpo gordo, enquanto estabelece como único padrão socialmente aceito o corpo magro e definido. Esse corpo idealizado é distante e irreal para muitas leitoras. A saúde é reduzida à obediência às estratégias para obtenção desse corpo estandardizado, sem levar em consideração os riscos que essas prescrições podem trazer à saúde. Palavras-chave: Corpo; beleza; saúde; revistas femininas; análise de conteúdo. Ideal, healthy and submissive: the female body in magazine covers Abstract. The purpose of this article was to identify, describe and analyze the contents on the covers of women’s magazines. Both publications convey texts that focus on issues related to body, beauty and health. The data taken from the covers were analyzed from the content analysis perspective, in accordance with reading and interpretation criteria proposed by Bardin. The inferences resulting from this analysis led to the following conclusions: the semiosis set present on the covers (the meanings attributed to the calls of the articles, the writing used to attract the reader’s attention, as well as the images), demonstrate repudiation of the fat body, while establishing a lean and defined body as the only socially accepted standard. This idealized body is distant and unreal for many readers. Health is reduced to obeying the strategies for obtaining this standardized body, without taking into consideration the risks that these prescriptions can bring to health. Keywords: Body; identification; body image; women's magazine. 1 Introdução O corpo magro, definido e sem gordura é um dos padrões a ser seguido, mesmo que para isso seja necessário se sujeitar a práticas não seguras como: adesão a modismos alimentares restritivos e a práticas esportivas extenuantes, e submissão a procedimentos estéticos/cirúrgicos (Brum, & Roso, 2015). A adequação corporal, além de ser um dever social, se tornou um compromisso moral (Souza, Oliveira, Nascimento, & Carvalho, 2013). O segmento midiático é uma importante ferramenta social que expressa como a aparência das mulheres deve ser (Fernandez, & Pritchard, 2012). Dentro desse contexto, as revistas disseminam informações sobre beleza e saúde, principalmente as voltadas ao público feminino. As informações ali veiculadas compõe parte do processo de criação das representações sociais, que são instituídas e construídas a partir dos discursos que circulam coletivamente. Esses discursos se estabelecem
  • 2. >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 554 porque o ser humano necessita atribuir sentido ao que vivencia, alicerçando e justificando seus pensamentos e ações (Rocha, 2014). Contudo, comumente as estratégias publicitárias utilizadas nas revistas desconsideram a individualidade de quem as leem (Campos, Cecílio, & Penaforte, 2016). Na pós-modernidade, as culturas das sociedades tradicionais foram dissolvidas culminando com a demanda e o consumo dos conhecimentos perito-científicos (Giddens, 2002). Uma vez considerados verdades, os veículos de comunicação divulgam esses conhecimentos, com emprego de uma linguagem coloquial, aumentado o interesse sobre os assuntos abordados e atingindo um número considerável de leitores, mas a simplificação dos textos pode acarretar uma leitura superficial e, ou equivocada dos resultados das pesquisas. No presente estudo, buscou-se suscitar os principais temas veiculados em capas de revistas voltadas para mulheres e desvendar os sentidos que se escondem sob a realidade manifesta de um padrão idealizado de corpo feminino. Balizada por duas fronteiras - a literalidade das palavras e os índices sociais que regulam seus significados -, buscou-se compreender a produção de sentidos a partir dos fragmentos de mensagens analisados. Elegeu-se como objeto de estudo capas de revistas femininas que tem como tema central o “corpo”. Isso porque a palavra “corpo” e os sentidos que dela advém, contextualizados numa revista destinada ao público feminino, possuem significados diferentes do que, por exemplo, se essa palavra estivesse em uma publicação de natureza médico científica. Há uma face visível de sentido, mas há também uma face oculta que deve ser investigada e que pode indicar um aspecto social relevante. A hipótese aqui levantada é a de que os discursos produzidos nas revistas promove um controle regulador do corpo feminino. O que dizer da construção e da representação desse corpo no momento atual e em que esse processo é pautado? A proposição desse tema é justificada pela “inquietação” que ele traz aos membros do Núcleo de Estudos em Relacionamento Interpessoal, Saúde e Sociedade (NERISS), grupo instituído na Universidade Federal de Viçosa campus de Rio Paranaíba, Brasil. As discussões em torno desse tema se ampliaram mediante a leitura da obra “A Sociedade dos Indivíduos” de Nobert Elias, e de textos que abordam a representação do corpo feminino ao longo da história, assunto que alicerça os livros “Corpo a Corpo com a Mulher – Pequena história das transformações do corpo feminino no Brasil” e “Histórias Íntimas – Sexualidade e Erotismo na História do Brasil” escritos por Mary del Priori, dentre outros, os quais revelam o quão subjugado, passivo e reprimido foi e ainda é o corpo da mulher. Adjetivos esses justificados pelo processo civilizador que faz do corpo feminino um palco de conflito de poder: seduzir e ser seduzida. O objetivo desse trabalho foi identificar, descrever e analisar os conteúdos em destaque nas capas de revistas femininas de circulação nacional no Brasil, buscando compreender como as estratégias de marketing são utilizadas para o controle regulador do corpo feminino e como o discurso da saúde é empregado nesse contexto. 2 Metodologia Tendo em vista a natureza da temática abordada, realizou-se uma investigação de natureza qualitativa, levada a cabo por meio da análise documental de revistas femininas, considerando perspectivas contemporâneas que cercam a temática do corpo presentes nas áreas da Nutrição, da Psicologia e da Linguística. Optou-se pela análise de conteúdo (AC) para o desenvolvimento do trabalho, uma vez que se constitui como abordagem metodológica por meio da qual se busca compreender o conteúdo emitido no processo de comunicação, tomando o texto como unidade interpretativa. A AC desconfia da literalidade das palavras que compõem os textos e, por essa razão, investe em gestos interpretativos que buscam o que está implícito, ou seja, busca a parte dos sentidos que se encontram no “não-dito”. Em virtude dessa natureza, trata-se de uma metodologia
  • 3. >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 555 que se distingue das demais perspectivas no que diz respeito à leitura e interpretação de dados, por ser constituída de procedimentos singulares. De acordo com Bardin (2016, pp. 49-50) “a análise de conteúdo leva em consideração as significações (conteúdo), eventualmente a sua forma e a distribuição desses conteúdos e formas (índices formais e análise de coocorrência) (...). A análise de conteúdo é uma busca de outras realidades por meio das mensagens”. Outra peculiaridade da AC diz respeito ao corpus de análise que não precisa prender-se a textos canônicos, podendo a perspectiva abarcar diferentes gêneros discursivos verbais e não verbais (peças publicitárias, filmes, cartas, revistas, etc.). Para Moraes (1999), “os dados advindos dessas diversificadas fontes chegam ao investigador em estado bruto, necessitando, então ser processados para, dessa maneira, facilitar o trabalho de compreensão, interpretação e inferência a que aspira a análise de conteúdo”. Nesse estudo, dois títulos de revistas femininas comercializados no Brasil no formato impresso foram selecionados, sendo eles: Boa Forma (BF) e Corpo a Corpo (CC). Essas revistas foram escolhidas por serem veículos de transmissão de informações dirigidas ao público feminino; terem ampla distribuição territorial; contemplarem discursos, conceitos, valores, representações e ações que perpassam o universo da construção do corpo da mulher e sua relação com a saúde na atualidade e; serem os líderes de mercado no segmento “corpo e estética”. Ambas as revistas tem periodicidade mensal e se destinam a consumidoras de maior poder aquisitivo, classe A/B, público que compõe mais de 50% dos leitores finais das revistas. Com ampla distribuição e tiragem, a revista BF conta com 1,4 milhões de leitores (considerando material impresso e virtual) e a CC com 120 mil leitores por mês, são destinadas a mulheres na faixa etária de 20 a 40 anos (Mídia Kit Boa Forma, 2017; Mídia Kit 2016 Corpo a Corpo, 2016). Os valores de mercado das revistas analisadas variaram de R$ 9,00 a R$ 13,00 (aproximadamente US$ 3,33 a US$ 4,81) no período em que se instituiu a coleta de dados. Nesse primeiro momento, optou-se por analisar o gênero textual “Capa de revista”, por ele ser o primeiro contato da leitora com o conteúdo veiculado e cuja interpretação pode ser feita de maneira dissociada do conteúdo presente no seu interior. Ao todo, foram analisados os conteúdos das capas de 26 edições (13 edições de cada revista) publicadas entre janeiro de 2015 a janeiro de 2016. O período de um ano foi considerado, uma vez que se buscou apreender o quanto pode variar, durante esse tempo, o conteúdo emitido pelos veículos analisados, tendo em vista as variações sazonais, sempre acompanhadas e demarcadas pela indústria da moda e da beleza. Operacionalmente, a AC das capas desdobrou-se nas seguintes etapas: pré-análise, exploração do material ou codificação e tratamento dos resultados obtidos/interpretação (Bardin, 2016). 1) pré-análise: foi constituída pela leitura de todo o conteúdo apresentado nas capas, o que tem por denominação leitura flutuante. Esta primeira etapa exigiu contato direto e intenso com o material de análise, permitindo que as primeiras impressões, pressupostos e hipóteses relacionadas ao tema surgissem. A constituição do corpus de análise está relacionada à delimitação do material que constitui o universo de estudo, sendo imprescindível o esgotamento da totalidade do texto, separação entre os temas trabalhados; bem como exclusividade, objetividade e pertinência. 2) exploração do material: pautou-se na análise aprofundada do conteúdo a partir da qual foram identificadas e selecionadas as estruturas de relevância que se repetiam nos trechos analisados. Nesta etapa, realizou-se a categorização do material analisado e sua classificação em temas por meio da transcrição das chamadas de forma a ser o mais semelhante possível do original. Por essa razão, justifica-se a utilização ora de fontes no estilo caixa alta e ora no estilo imprensa. As categorias de análise criadas estavam intimamente conectadas às teorias nas quais se apoiam a investigação (Giddens, 2002; Elias, 1994; Bauman, 2001; Del Priore, 2000; Del Priore, 2011), sendo elas: a) atividade física, b) alimentação, c) beleza e corpo. Cada categoria foi subdividida nos seguintes temas: a) incentivo à prática de atividade física, definição muscular da estrutura corporal; b) dietas, receitas, alimentos milagrosos; c) cabelo, moda, produtos e imagens veiculadas nas capas, nas quais
  • 4. >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 556 se analisou as silhuetas dos corpos apresentados nas publicações, incluindo vestimentas e grau de prestigio social com o objetivo de identificar os modelos sociais disseminados pelas revistas, que reforçam o imaginário de ideal de corpo do seu público-alvo. Isso porque, segundo Bardin (2016, p. 57), “(...) estereótipo é a representação de um objeto (coisas, pessoas, ideias) mais ou menos desligada da sua realidade objetiva, partilhada pelos membros de um grupo social com alguma estabilidade. Corresponde a uma medida de economia na percepção da realidade, visto que uma composição semântica preexistente, geralmente muito concreta e imagética, organizada em redor de alguns elementos simbólicos simples, substitui ou orienta imediatamente a informação objetiva ou a percepção real”. 3) tratamento dos resultados e interpretação: etapa em que realizou-se inferências e interpretações, correlacionando os achados ao quadro teórico proposto inicialmente, mas também abrindo espaço para novas dimensões teóricas e interpretativas. Em suma, foram imprescindíveis a organização, a categorização e a contextualização dos recortes retirados das capas das revistas para a elaboração de um texto final, resultado de uma “análise provisória”. Tudo isso tendo em vista possibilitar a objetivação dos dados analisados (Gaskell, 2002; Moreira, 2005; Minayo, 2012). 3 Resultados e Discussão Os mais diversos recursos são utilizados nas capas de ambas as revistas analisadas para atrair a atenção do leitor, destacando-se a presença de fotografias de pessoas reconhecidas na mídia, magras e aparentemente felizes. Observou-se que muitos títulos de reportagens eram apresentados em destaque, com emprego de fontes coloridas, letras maiúsculas, palavras em inglês e expressões imperativas. As expressões empregadas vão ao encontro com a linguagem do público consumidor, o que dá ao texto um tom descontraído e jovial. Pode-se notar o uso recorrente de termos em inglês como fitness, pop-up, fun, looks, sexy, power, free, light, express, top “CURVAS SEXY, JÁ! Confira qual o melhor exercício para seu tipo de corpo e comece sua série hoje mesmo” CC/2015/ed.323; “FUN FITNESS - DEFINIDA E FELIZ COM SKATE” CC/2015/ed.320. A utilização dessas palavras desperta a curiosidade da leitora (Khun et al., 2012), induzindo-o ao desejo de ler o conteúdo contido na revista. Quando traduzidos para a língua portuguesa, os termos se associam à sensualidade, felicidade, moda, agilidade, emagrecimento, definição e a possibilidade de ter o corpo desejado. Assim, dominar essa linguagem dá a ilusão de pertencimento ao grupo social exaltado nas revistas. 3.1 Atividade Física: a Busca pelo Corpo Ideal e Pelo ser Saudável Assim como estimulado no final do século XIX, momento em que o discurso da beleza passa a permear o da saúde e o da força (Del Priore, 2000), observa-se que ainda hoje ele permanece e vem ganhando mais adeptos. Do total de títulos analisados, 35% fazia menção a atividades que visam a definição do corpo, destacando que o leitor poderia esculpi-lo com os “instrumentos” utilizados nas academias “MODELE O CORPO TODO COM HALTER” BF/2015/ed.341. Nesse contexto, o corpo é um cenário de conflitos, em que o indivíduo se defronta com sua individualidade, percebe-se como diferente e procura modelar-se com o intuito de se legitimar (Novaes, & Vilhena, 2003; Santos, 2008). O corpo torna-se a representação de uma obra de arte (Novaes, & Vilhena, 2003), hoje apresentada como imagem. No entanto, “fabricado como imagem, o corpo deixa de pertencer aos homens (...) porque é próprio da crueldade da imagem apoderar-se dos corpos a partir de dentro, escavando-os até que haja apenas uma casca (...)” (Rosa, 2011). Segundo Rosa (2011), a imagem não é uma confirmação da natureza do homem, mas somente uma indicação do que “existe de vazio e
  • 5. >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 557 negativo na morfologia humana (...) isto porque o homem é imagem daquilo que não tem imagem”. Pode-se inferir que ao buscar o corpo padrão, a mulher tenta melhorar a sua imagem captada pelo olhar do outro, no entanto, deixa de revelar a sua essência, o que a faz humana. Isso é confirmado nos títulos das notícias que não trazem todas as dimensões que compõem a mulher, mas a reduz apenas a aparência física e simbolicamente esquarteja o corpo, deixando o mesmo de ser um todo para ser um somatório de partes “BUMBUM SENSAÇÃO - 12 exercícios funcionais que modelam e empinam” CC/2015/ed.315; “(...) TRINQUE A BARRIGA COM NOSSA SÉRIE DE PRANCHAS” BF/2015/ed.348. Observa-se uma discrepância entre a relação de tempo gasto com exercícios e a quantidade de calorias consumidas, ou seja, reverbera a ideia de investimento de pouco tempo e esforço físico para se alcançar elevado consumo calórico e consequente redução do peso “AULA POWER - 30 minutos de puro suor e menos 500 cal” BF/2015/ed.342; “TORRE CALORIAS O DIA INTEIRO - E detone 15 quilos em um ano (sem esforço)” CC/2015/ed.313. Possivelmente, esta relação desperta no leitor a ilusão de que o tempo necessário para atingir o corpo ideal é pequeno e não requer esforço, uma vez que o gasto calórico é alto. Esse discurso seduz o leitor, uma vez que o imediatismo é uma característica da sociedade atual. Ao tratar da liquidez da sociedade pós-moderna, Bauman (2001) destaca a diferença entre ter saúde e estar apto. Para o autor, estar apto é ter o corpo flexível, ajustável e hábil para superar obstáculos e normas, vai além de ter saúde. O emprego de palavras no diminutivo expressa o que ser “eliminado”, mas sem acarretar ofensa “Novos aparelhos que derretem a gordurinha”. Esta estratégia ameniza o que hoje é motivo de estigmatização, a gordura, a qual é associada diretamente à velhice (Del Priore, 2000). Dessa forma, observa-se que as revistas destacam a desvalorização de algo que não é desejado na sociedade contemporânea. O uso do diminutivo nessas chamadas ameniza o os custos físicos e emocionais sobre o que de fato é veiculado nas frases e, também, estimula os anseios do leitor, atribuindo aspectos afetivosentre o real e o ideal (Oliveira, 2009). 3.2 A Alimentação: uma Refém da Moda Contrapondo-se ao aumento do excesso de peso da população, dietas para emagrecimento ganharam espaço e são evidenciadas nas capas das revistas. Muitas dessas são modismos alimentares que propõem grande restrição alimentar e, por consequência, são de difícil adesão (Betoni, Zanardo, & Ceni, 2010). Em todas as capas foi observada a promessa de grande perda de peso em um curto período de tempo, sendo privilegiado o imediatismo em conseguir o corpo desejado e sem sofrimento, esse último traduzido em “ausência de fome” (“-3 KG EM 14 DIAS SEM FOME COM A DIETA DAS FIBRAS DO ARROZ”, CC/2015/ed.313). A alguns alimentos tradicionais e naturais têm sido atribuídas informações negativas com base em princípios especulativos, reducionistas e descontextualizados (Azevedo, 2015). Foram encontradas dietas que propagam modismos alimentares e pregam a restrição de alimentos como aqueles que contêm glúten. Geralmente, essas restrições são popularmente justificadas pelo acúmulo de gordura corporal sem, contudo, haver respaldo científico “GLÚTEN FREE – 4 kg em 15 dias” BF/2015/ed.339; “(...) ZERO GLÚTEN, MAIS CURVAS E MAIS SAÚDE”, CC/2015/ed.319. O sentido atribuído à alimentação nas capas perpassa o discurso da saúde, mas atrelado à intensa busca pela adequação do corpo. Para isso, é necessário optar por práticas definidas como saudáveis, em que o estilo “light” de viver deve ser adotado (Santos, 2008). Constatou-se que a publicação de receitas restritivas segue um padrão de datas comemorativas, indicando que independentemente do período do ano, a alimentação deve ser regrada. O uso de alimentos para a prevenção de doenças é colocado em
  • 6. >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 558 último plano, apontando que o principal interesse não é divulgar esse tipo de informação: “abacate aumenta os músculos, berinjela chapa a barriga, cogumelo evita gripe (...)” CC/2015/ed.319. Ainda, as restrições alimentares são associadas ao uso de hormônios “DIETA DO GH -4 kg em 1 mês com cardápio que estimula o hormônio do crescimento” BF/2015/ed.343. Isso permite inferir que os conhecimentos da fisiologia humana vêm sendo utilizados para dar credibilidade às estratégias apresentadas nas revistas. No caso exemplificado, o hormônio do crescimento (GH) atua no controle da glicemia e, durante os exercícios físicos, dificultam a utilização da glicose nas células musculares (Silva Junior et al., 2014), contribuindo para o aumento da metabolização de gordura. Essa estratégia fortalece o uso de anabolizantes e suplementos alimentares para estimular a hipertrofia muscular, comum entre homens e mulheres que buscam alcançar a plena satisfação corporal (de Souza, & Vianna, 2016). 3.3 Ser e se Fazer Bela: os “Segredos” Contidos nas Capas A indústria midiática da “corpolatria” produz o discurso de que beleza, saúde, sedução e sucesso são indivisíveis e que não se pode viver sem esses elementos. Ser jovem, estar nos ritmos da moda, frequentar academias são alguns ditames incentivados (Knoppi, 2008). Nas capas das revistas, beleza é um dos principais assuntos e produtos que melhoram a aparência física são destacados: “O segredo de make que toda mulher deveria saber” BF/2015/ed.342 e “BELEZA - O que está faltando para o seu cabelo crescer forte e com brilho” BF/2015/ed.347. No Brasil do século XVIII substâncias, cores, e cheiros já eram utilizados para disfarçar e apagar imperfeições. A pele, o físico e os cabelos eram alvo de cuidados cosméticos ofertados pela indústria de bens e serviços, impulsionada pela cultura do ser e do se fazer bela. Tais características eram marcas de feminilidade e sedução erótica. No entanto, a aparência feminina era controlada pela igreja que associava o corpo da mulher ao pecado, à natureza e às forças diabólicas (Del Priore, 2000). Ora, o que se pretendia era o controle do corpo. Uma vez que a mulher era a responsável por manter o lar em harmonia, o controle social era preservado e a ordem e o progresso do Estado estavam garantidos. À mulher cabia apenas as funções de esposa e de mãe, em suma, de reproduzir (Dhoquois, 2003). E o que mudou ao longo dos anos? O corpo ainda é visto como algo que pode ser aperfeiçoado e, dessa forma, a indústria do consumo utiliza-o como vitrine para produtos e serviços (Campos, Cecílio, & Penaforte, 2016). O consumo da estética é sinônimo de existir e ser moderno (Del Priore, 2000). A busca pela perfeição fez com que o corpo se tornasse artificial, sem erros, projetado para o sucesso, desta forma, produtos serão sempre consumidos, e a mídia sempre reinará em meio aos desejos sociais (Freitas, Ferreira, Carvalho, & Prado, 2014; Villaça, 2007). Se isso é para todas? Sim, ou pelo menos a possibilidade parece estar nas mãos de qualquer uma que deseja mudar, ou seja, que deseja consumir, mesmo que o poder aquisitivo contraponha-se a isso. É essa a ideia veiculada: “46 COSMÉTICOS TOP - PARA ROSTO, CABELO, CORPO E UNHAS POR ATÉ R$ 50” CC/2015/ed.313. Dessa forma, a mulher é velada como um objeto a ser controlado “trocamos a dominação de pais, maridos e patrões por outra, invisível e, por isso mesmo, mais perigosa. A dominação da mídia e da publicidade. (...) diariamente enfrentamos a tarefa de ter que ser eternamente jovens, belas e sadias” (Del Priore, 2000, p. 99). Esse desejo de mudança é justificado pelo fato do corpo ser considerado um fator diferenciador de pessoas e classes sociais. As mudanças corporais são vistas como passaporte para abandonar classes populares inferiores e, por isso, alimentamo-nos do desejo de “estar nos padrões” (Le Breton, 2007; Del Priore, 2000). Assim, os corpos, que são propriedades individuais, desaparecem e passam a ser um modelo impessoal (Perrot, 2003). A idealização do corpo nas capas culmina com a exposição de imagens femininas semidesnudas. Isso porque ainda nos dias atuais, o desejo masculino deve ser mantido pelo mistério que as mulheres
  • 7. >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 559 trazem em seus corpos (Del Priore, 2011). Ao mesmo tempo em que o corpo deve ter partes privadas, o mesmo deve, quando exibido, ser adequado e munido de significação (Perrot, 2003). As imagens veiculadas são representações de resultados corporais que parecem ser obtidos pela obediência aos modismos veiculados nas revistas. Todo o conjunto de produtos e serviços colocado à serventia da beleza parece “prometer a mulher a possibilidade de, em não sendo bela, tornar-se” (Del Priore, 2011, p. 114). Mas o que dizer das edições de imagens? Trata-se de recursos digitais utilizados para hipercorreção de corpos a serem exibidos ainda “mais perfeitos”. Então, é possível verdadeiramente alcança-los? Esses segredos nem sempre são contados. Em todas as capas, a imagem em destaque é de uma mulher em evidência na mídia. Essa estratégia para alavancar a venda de revistas teve início nos anos 20 e 30, quando as mulheres passaram a utilizar o discurso da aparência para transformar seus corpos em objetos de desejo sexual. A sedução revelada pelas atrizes hollywoodianas começou a ser cultivada como modelo a ser seguido (Del Priore, 2011). Hoje, o conceito de identidade foi alterado, o que vigora é o da identificação, ou seja, a mudança de si mesma a partir da assimilação da qualidade de outra pessoa (Del Priore, 2000). E que qualidades são essas? Ser jovem, magra e com curvas definidas. Evidencia-se principalmente o abdome, as pernas e as nádegas. A idade igual ou superior a 30 anos é anunciada nas capas, mas sempre com a prorrogativa de que é possível envelhecer linda, sexy e com o corpo definido “(...) 45 anos, dois filhos, barriga desenhada e pele de bebê com ioga e técnicas high tech” CC/2015/ed.317 “(...) linda e sexy aos 34 anos, mãezona e louca por pilates e coxinha” CC/2015/ed.324. No entanto, segundo Del Priore (2000, pp. 99-100), “Não há prisão mais violenta do que aquela que não nos permite mudar” (...) Como envelhecer se tudo que nos cerca, - o outdoor, a televisão, as fotos na revista – é construído de forma a negar o envelhecimento (...) vivemos um terrível paradoxo: a possibilidade de, enfim, prolongar seus dias é vivida como algo de negativo”. 3.4 Saúde: Assunto a Ser Discutido Dentre as edições analisadas apenas uma trouxe a preocupação com a saúde em decorrência do uso de estratégias para se alcançar a beleza “ALERTA DE SAÚDE - Será que você está correndo risco em nome da beleza?” BF/2015/ed.340. A saúde, na verdade, é traduzida em seguir as inúmeras estratégias que transmitem a sensação de poder atingir o ideal estético, sendo o resultado alcançado merecimento de cada leitora. Todavia, as estratégias divulgadas reforçam o controle dos corpos, a alimentação não considera o contexto social e os hábitos alimentares, e os corpos mostrados são inalcançáveis. Em suma, as estratégias são construídas para não funcionarem (Campos, Cecílio, & Penaforte, 2016). Por que continuar nessa penosa busca pelo corpo perfeito? Possivelmente, porque há uma ligação entre a fantasia e a realidade na mente humana e a habilidade do homem em controlar circunstâncias de sua vida em que emergem essas concepções. A fantasia possibilita o controle de processos que as pessoas não são capazes de intervir na realidade. Ela ajuda a suavizar situações conflituosas não toleráveis. Quando a crença de eficácia da fantasia é compartilhada por um grupo de pessoas, torna-se solidamente arraigada e removê-la é tarefa difícil (Elias, 1994). Ao fazer uso da fantasia, a preocupação excessiva com a imagem pode desencadear desequilíbrios psíquicos (baixa autoestima, depressão e transtornos alimentares). Por esse prisma, se percebe que a saúde é posta à prova (Ribeiro, & Oliveira, 2011; Fernandes, 2007). Então, o que é ser saudável? Como alcançar a saúde? Essas perguntas merecem ser discutidas e as respostas construídas porque o conceito de saúde é amplo, o que difere do apresentado nas capas, onde saúde é associada apenas à beleza, magreza, juventude e aptidão física. Esses termos se relacionam somente ao componente “estilo de vida”, que corresponde aos padrões de consumo, atividades ocupacionais e às decisões tomadas que
  • 8. >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 560 afetam a saúde. No entanto, saúde engloba as relações do indivíduo com o ambiente (aspectos físicos, sociais e psicológicos) e suas características biológicas (Czeresnia, Maciel, & Oviedo, 2013). 4 Conclusões As capas das revistas femininas possuem elementos verbais e não verbais significativos para leitura, interpretação e construção de inferências que objetivam compreender os discursos sobre o corpo na contemporaneidade, temas esses discutidos entre os membros do NERISS. O trabalho de discussão e interpretação visa desconstruir junto aos discentes (futuros profissionais da saúde) os mitos de que a linguagem é transparente e que os sentidos estão postos, quando na verdade, eles são regulados por outras instâncias e historicamente constituídos. Por privilegiar a análise e o aprofundamento da compreensão de fenômenos sociais, o uso da AC foi uma estratégia metodológica imprescindível, para compreender como se realiza a propagação midiática de uma imagem de beleza feminina globalizada. Foram identificadas diferentes estratégias discursivas do “ser saudável”, que recomendam a prática de exercícios físicos, o consumo de alimentos específicos e o uso de produtos, sem se atentar como estas recomendações são captadas pelos leitores e quais são os impactos sobre a saúde. A presença da tríade beleza, juventude e saúde no material analisado evidencia o quanto estas dimensões se conectam ao projeto contemporâneo de autoidentidade, ligando-se diretamente aos hábitos de vida e à preocupação com a aparência corporal. Às mulheres é atribuída a responsabilidade pela “construção de seu corpo”. Nesse sentido, ela utiliza o corpo para tentar se desvencilhar de um processo de dominação, uma vez que se percebe como algo que pode ser valorizado pelo olhar do “outro”. No entanto, para seduzir utiliza artifícios estéticos que a torna novamente submissa e prisioneira. Pode-se dizer que a construção social da magreza, como um atributo da saúde, apoia-se nas mensagens divulgadas, especialmente por meio dos estilos de vida associados às “celebridades”. Ainda, são utilizados termos em inglês e diferentes recursos gráficos para atrair a atenção do leitor, bem como verbos no imperativo, atribuindo o sentido de ordem para adesão às estratégias. Apesar das mensagens veiculadas refletirem características próprias da sociedade pós-tradicional, a polissemia dos discursos propicia a redução do conceito de saúde, promovendo a aproximação do mesmo ao ideal estético, o que amplia o sofrimento e a objetificação do corpo feminino. Referências Azevedo, E. (2015). Liberem a dieta. Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, 10(3), 717-727. Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70. Bauman, Z. (2001). Modernidade líquida. Rio de Janeiro: ZAHAR. Betoni, F., Zanardo, V. P. S., & Ceni, G. C. (2010). Avaliação de utilização de dietas da moda por pacientes de um ambulatório de especialidades em nutrição e suas implicações no metabolismo. ConScientia e Saúde, 9(3), 430-440. Brum, L. M., & Roso, A. (2015). Discurso na (Ciber) mídia, representações e subjetividades: Cultuando o corpo magro. In Anais da Jornada em Pesquisa em Psicologia. Universidade de Santa Cruz do Sul, Brasil.
  • 9. >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 561 Campos, M., Cecílio, M., & Penaforte, F. (2016). Corpo-vitrine, ser mulher e saúde: produção de sentidos nas capas da revista boa forma. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 11(3), 611- 628. Czeresnia, D., Maciel, E. M. G. S, & Oviedo, R. A. M. (2013). Os sentidos da saúde e da doença. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. de Souza, E. O. R., Vianna, D. M. (2016). O caso Mulher Hulk: corpo e identidade em quadrinhos. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 11(3); 763-771. Del Priore, M. (2000). Corpo a corpo com a mulher: pequena história das transformações do corpo feminino no Brasil. São Paulo: Editora SENAC São Paulo. Del Priore, M. (2011). Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil. Dhoquois, R. (2003). O direito do trabalho e o corpo da mulher (França: séculos XIX e XX) Proteção da produtora ou da reprodutora? In Matos, M. I. S., & Soihet, R. (Org.). O corpo feminino em debate. São Paulo: Editora UNESP. Elias, N. (1994). A sociedade dos indivíduos. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Zahar. Fernandes, A. E. R. (2007). Avaliação da imagem corporal, hábitos de via e alimentares em crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares de Belo Horizonte. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil. Fernandez, S., & Pritchard, M. (2012). Relationships between self-esteem, media influence and drive for thinness. Eating Behaviors, 13, 321–325. Freitas, R. F., Ferreira, F. R., Carvalho, M. C. V. S, & Prado, S. D. (2014). Corpo e consumo nas cidades. Curitiba: CRV. Gaskell, G. (2002). Entrevistas individuais e grupais. In Bauer, M. W., & Gaskell, G. (Org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes. Giddens, A. (2002). Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Editora Zahar. Khun, A. L., Dadda, D., Bossle, E. A., Monteiro, G., Silva, V. I., & Soares, A. (2012). As palavras estrangeiras inseridas na língua portuguesa. Revista EnsiQlopedia, 9(1), 28-35. Knoppi, G. C. (2008). A influência da mídia e da indústria na cultura de corpolatria e na moral da aparência na sociedade contemporânea. Anais do Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Salvador, BA, Brasil. Recuperado em 21 fevereiro, 2017, de http://www.cult.ufba.br/enecult2008/14415.pdf Le Breton, D. (2007). A sociologia do corpo. Petropolis: Vozes. Mídia Kit 2016. (2016). Corpo a Corpo. Recuperado em 24 fevereiro, 2017, de http://midiakit.escala.com.br/wp-content/uploads/2016/07/CORPO_A_CORPO-2016.pdf Mídia Kit (2017). Boa Forma #atitudeboaforma. Recuperado em 24 fevereiro, 2017, de
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