Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Aribé bar dos bichos
1. Jorge Marcos de Oliveira, Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe.
Professor da Rede Pública e Particular de Ensino e Técnico em Assuntos Historiográfico
(Prefeitura de Aracaju/FUNCAJU/Arquivo da Cidade de Aracaju/Biblioteca “Clodomir
Silva”.
ARIBÉ
MEU REFUGIO OU BAR DOS BICHOS1
No dia 31 de março de 1970, foi inaugurado o Restaurante Típico que a
prefeitura mandou construir na Avenida Rio de Janeiro. Segundo a imprensa da época, o
Bar dos Bichos, nome pelo qual ficou conhecido inicialmente o Bar Meu Refúgio, “deverá
se constituir num ponto turístico dos mais procurados em razão do original cardápio a ser
apresentado diariamente”.2
No momento em que a Prefeitura de Aracaju decidiu construir o novo
empreendimento, “o Prefeito Aloísio Campos determinou a abertura de concorrência
pública”. Por se tratar de “de uma casa que se especializará na venda de pratos típicos de
caça, pesca, aves e répteis, poderão participar da concorrência os que tenham tempo de
experiência em serviços de restaurante deste tipo, sendo imprescindível a apresentação de
declaração de estar explorando atividade comercial igual ou afim, há mais de cinco anos” 3.
O objetivo da municipalidade era de promover e difundir, em caráter turístico, os pratos
típicos regionais de Aracaju.
As obras foram contratadas a ENCORSEL e estão sendo supervisionadas pelo
Departamento de Obras e Urbanismo. O Projeto do Restaurante Típico elaborado pela
Divisão de Estudos e Projetos tem execução orçada em vinte e sete mil cruzeiros novos. 4
No restaurante será servido “saborosos pratos, como PITU NO TUCUPI, além
de ovos de codorna cozidos, galinha ao molho pardo, fritada de siri, e mais, cobras,
lagartos, teiú, rãs, coelhos, guinés e uma inigualável sopa mão-de-vaca”.
A direção do Restaurante Típico ficou sob a responsabilidade de “Gerson, é o
tradicional Mestre Cuca da cozinha regional, que granjeou a confiança e a admiração de
pratos típicos e que durante muitos anos vinha servido aos seus incontáveis fregueses em
instalações reconhecidamente precárias, improvisadas em sua residência”5.
As pessoas que desejarem concorrer deverão requerer até o dia 7 de janeiro de
1970, no expediente das 9 às 12 horas e das 14 às 17 horas, a inscrição respectiva, ao
1
Texto produzido por Jorge Marcos de Oliveira, Professor de História e Técnico em Assuntos
Historiográfico
2
Gazeta de Sergipe, 29 de março de 1970, p.3.
3
Gazeta de Sergipe, 06 de dezembro de 1969, p.1. Ver Lei n. 114/69, de 30 de outubro de 1969, publicada no
Diário Oficial do Estado de 5 de novembro de 1969.
4
Gazeta de Sergipe, 07 de outubro de 1969, p. 6.
5
Gazeta de Sergipe, 29 de março de 1970, p.3.
2. Jorge Marcos de Oliveira, Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe.
Professor da Rede Pública e Particular de Ensino e Técnico em Assuntos Historiográfico
(Prefeitura de Aracaju/FUNCAJU/Arquivo da Cidade de Aracaju/Biblioteca “Clodomir
Silva”.
Secretário do Gabinete do Prefeito, instruído o pedido com a prova de recolhimento da
ocupação no valor de cem cruzeiros novos, que garantirá a apresentação da proposta da
mesma, até a assinatura do contrato 6. Gerson candidatou-se, levando como trunfo a sua
grande experiência no setor e obteve o direito de explorar o restaurante típico durante dez
anos 7.
No momento do julgamento da concorrência seriam levados em consideração
os “preços apresentados, antecedentes comerciais e tempo de experiência em serviços de
Restaurantes com vendo de pratos típicos de caça, de pesca, de aves e de répteis” 8.
Dentre as credenciais dos postulantes estavam: ser de nacionalidade brasileira;
ter no mínimo 21 anos; provar de inexistência de débitos ficais no município e de
inexistência de protestos de títulos e ações executivas e, por fim atestado de idoneidade
financeira fornecidas por dois estabelecimentos bancários.9
Entre as exigências do vencedor da concorrência podem ser destacadas: manter
permanentemente no cardápio: caça, pesca, aves e répteis; manter o Restaurante aberto nos
horários fixados pelas autoridades competentes; manter visível tabela de preços de todos os
produtos à venda; zelar pela conservação e limpeza do prédio e pelo bom nome e reputação
do Restaurante e somente realizar benfeitorias ou necessárias com autorização prévia e
expressa da Prefeitura 10.
A concessão para a exploração do Restaurante dos Bichos “será por dez anos,
podendo, ao fim do prazo ser prorrogado independentemente de uma nova concorrência,
por despacho fundamentado do chefe do executivo municipal, após audiência do órgão de
Turismo do Município ou Estado, se assim a legislação da época o permitir” 11.
Dentro da programação de inauguração, o Departamento de Turismo, setor
gerenciador das políticas turísticas de Aracaju, prever para o dia 31 de março, quando será
inaugurado o restaurante, um coquetel à imprensa e às autoridades, quando mostrará suas
instalações.
Segundo a Gazeta, as instalações do novo restaurante “são simples, mas
plenamente satisfatória, com ampla área para o restaurante propriamente dito, boa
6
Gazeta de Sergipe, 6 de dezembro de 1969, p. 1.
Gazeta de Sergipe, 29 de março de 1970, p.3.
8
Gazeta de Sergipe, 6 de dezembro de 1969, p. 1.
9
Gazeta de Sergipe, 6 de dezembro de 1969, p. 4.
10
Gazeta de Sergipe, 6 de dezembro de 1969, p. 4.
11
Gazeta de Sergipe, 6 de dezembro de 1969, p. 1.
7
3. Jorge Marcos de Oliveira, Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe.
Professor da Rede Pública e Particular de Ensino e Técnico em Assuntos Historiográfico
(Prefeitura de Aracaju/FUNCAJU/Arquivo da Cidade de Aracaju/Biblioteca “Clodomir
Silva”.
ventilação natural, cozinha funcional, com reservado para o abatedouro, frigorífico para a
conservação de animais abatidos e instalações sanitárias completas”. 12
Depois de um mês de funcionamento, noticia a Gazeta de Sergipe, que o
referido restaurante “está funcionando plenamente na Avenida Rio de Janeiro, com grade
afluência de pessoa da sociedade, de turistas, de trabalhadores, que levam seus familiares
para experimentarem os deliciosos e inigualáveis pratos preparados pela culinária original,
à base de aves e animais exóticos” 13.
São servidos os mais diversos pratos. Já imaginaram comer “um teiú
gostoso, como um filé, um tatu-peba, uma rã, uma seriema, um jacú, um guiné, uma cotia
ou mesmo uma codorna. Estes “típicos pratos”, são comumente solicitado pelos
“habituês” do Bar dos Bichos. Se não bastasse, o freguês, não obstante, pode escolher
outros pratos interessantes, como “Boi nos Ares”14 e uma “Buchada de Bode” que dá
gosto.
Segundo Gerson, “o Meu Refúgio está á disposição da família sergipana,
que encontrará nele um lugar de repasto simples, mas asseado e atraente”.
Passados dois anos de funcionamento, surgem os primeiros problemas.
Vejamos. A Prefeitura construiu um restaurante típico visando ao turista e entregou a um
particular para explorá-lo, passando depois o patrimônio para a Emsetur.
Segundo uma crítica da imprensa da época, “o cardápio era variado e por
isto mesmo despertava maior interesse dos visitantes. Violeiros e outros artistas do povo se
apresentavam e agradavam igualmente aos turistas, fazendo crer que a atitude do
administrador municipal tinha sido a mais acerta, e os frutos estavam ali, a olhos vistos, a
casa cheia de uma freguesia de fora” 15.
12
Gazeta de Sergipe, 29 de março de 1970, p.3.
Gazeta de Sergipe, 11de abril de 1970, p. 3.
14
Segundo explicação do “Chef” Gerson, “Boi nos Ares” é um prato bem simples, mas altamente alimentício
feito à base- de testículos de boi cozidos. In Gazeta de Sergipe, 11de abril de 1970, p. 3.
15
Gazeta de Sergipe, 29 de agosto de 1972, p. 3.
13