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A ANTROPOLOG
NO BRAS
É A INTERDISCIPLINARID
POSSÍ
13
GIA
SIL:
DADE
ÍVEL?
A Antropologia
no Brasil:
É a Interdisciplinaridade
Possível?
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
F r a n c i s c o M. S a l z a n o1
  14
Resumo
A história da Antropologia no Brasil foi dividida em três fases:
1) Os pioneiros, 2) Período formativo, e 3) Fase contemporânea.
Os principais eventos e exemplos de figuras paradigmáticas foram
apresentados com relação aos dois primeiros períodos, enquanto
para o terceiro foi fornecida uma lista de todos os presidentes da
Associação Brasileira de Antropologia. A seguir desenvolveu-se
abordagem similar para as quatro subáreas em que a Antropologia
é tradicionalmente subdividida: Antropologia Social/Cultural, Ar-
queologia, Linguística, e Antropologia Física/Biológica. A pergunta
feita no final é se a interação entre essas subáreas é possível. A res-
posta é de que uma abordagem verdadeiramente interdisciplinar é
difícil, mas parece ser o melhor caminho para pesquisas de ponta.
Sugere-se, portanto, uma abertura maior dos Programas de Pós-
Graduação em Antropologia brasileiros à contratação de especialis-
tas nas quatro subáreas, através de montagens de projetos de cunho
nitidamente interdisciplinares.
Palavras-chave: História da Antropologia, Antropologia no Brasil,
Interdisciplinaridade.
Abstract
The history of Anthropology in Brazil was divided in three
phases: 1) The pioneers, 2) Formative period, and 3) Contempo-
raneous phase. The main events and examples of paradigmatic
persons were presented for the two first periods, while for the
third a list of all the presidents of the Brazilian Association of
Anthropology was provided. A similar approach was followed
in relation to the subareas in which Anthropology is tradition-
ally subdivided: Social/Cultural Anthropology, Archaeology,
Linguistics, and Physical/Biological Anthropology. The ques-
tion asked at the end was whether the interaction among these
subareas is possible. The answer is that a really interdisciplinary
approach is difficult, but seems to be the best way for frontier
research. Therefore, a suggestion is made that Brazilian Post-
graduate Programs in Anthropology should seek specialists in
the four subareas, through the establishment of clearly interdis-
ciplinary projects.
Keywords: History of Anthropology, Anthropology in Brazil,
Interdisciplinarity.
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
Salzano, F. M.
15
Resumen
La historia de Antropología en Brasil fue dividida en tres etapas:
1) Los pioneros, 2) Período formativo, y 3) Fase contemporánea.
Los principales eventos y ejemplos de figuras paradigmáticas
fueran presentados con relación a los dos primeros períodos,
mientras cuanto al tercer fue presentada una lista de todos los
presidentes de la Asociación Brasileña de Antropología. Después
un abordaje similar fue hecho para las cuatro subáreas en que
la Antropología es tradicionalmente subdividida: Antropología
Social/Cultural, Arqueología, Lingüística, y Antropología Física/
Biológica. La pregunta hecha al final fue si la interacción entre
esas subáreas es posible. La respuesta es que un abordaje verdad-
eramente interdisciplinario es difícil, pero ese parece ser el mejor
camino para investigaciones de punta. Se hace una sugerencia,
por lo tanto, para una mayor apertura de los Programas de Pos-
grado en Antropología brasileños para la contratación de espe-
cialistas en las cuatro subáreas, por medio de proyectos netamente
interdisciplinarios.
Palabras claves: Historia de la Antropología, Antropología en Bra-
sil, Interdisciplinaridad.
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível?
  16
MORIBUNDA OU PLENA DE VIDA?
Etimologicamente Antropologia sig-
nifica o estudo do homem (ou da es-
pécie humana) e em seu sentido lato
envolve a análise comparativa tanto de
sua biologia quanto de manifestações
culturais no que se refere ao tempo,
variedade, lugar e condição (Comas
1966). Devido a essa amplitude não
têm faltado críticos à disciplina ou
seus cultores, e Gustavo Lins Ribei-
ro, presidente da Associação Brasilei-
ra de Antropologia (ABA) na gestão
2002-2004 declarou que “A Antro-
pologia pode ser pensada como uma
fênix, cuja morte ou agonia prolon-
gada tem sido anunciada várias vezes,
ao menos desde a década de 1920”
(Ribeiro 2006:107). No entanto, esse
mesmo autor salientou que dos dois
mil antropólogos calculados por Kro-
eber (1953) existirem em sua época,
chega-se atualmente a uma estimativa
conservadora de pelo menos 30 mil.
Durham (2006) salientou que a Antro-
pologia de hoje, como a de ontem, é
relevante porque teve e tem um pro-
fundo sentido revolucionário em ter-
mos da visão de mundo que esteve e
ainda está se construindo em nossa so-
ciedade. Ela enfatizou a relação dialé-
tica do reconhecimento das diferenças
como um requisito para a interpreta-
ção correta do conceito de humani-
dade comum. Outros aspectos abor-
dados por ela e muitos outros autores
é o do grau com que a atividade an-
tropológica deve estar vinculada com
as reivindicações sociais dos grupos
que estuda. Essas implicações éticas,
quando se consideram grupos tribais,
foram avaliadas de maneira ampla em
Salzano & Hurtado (2004).
CARACTERÍSTICAS
No seu sentido estrito o termo Antro-
pologia refere-se ao estudo da história
natural da espécie humana, isto é, da
Antropologia Física ou Biológica. Já
no seu sentido lato, indicado na seção
anterior, a palavra tem um âmbito mais
abrangente, que inclui a Antropologia
Cultural ou Social, a Arqueologia e a
Linguística, além da Antropologia Bio-
lógica. Esse é o chamado enfoque dos
quatro campos, particularmente ado-
tado nos Estados Unidos da América
(Spencer 1997:ix). Tradicionalmente a
Antropologia no Brasil tem seguido
um rumo diverso, os Departamentos
de Antropologia concentrando pri-
mariamente cultores da Antropologia
Cultural, com grupos geralmente me-
nores de arqueólogos. A participação
de linguistas e antropólogos biológicos
nessas unidades é praticamente nula.
A proposta de um novo Programa de
Pós-Graduação nessa área, a ser de-
senvolvido na Universidade Federal
do Pará, é a de justamente modificar
este panorama, com uma abordagem
interdisciplinar que contemple essas
quatro subdisciplinas. É dentro deste
contexto que apresentarei, nas seções
seguintes, um panorama muito geral
sobre a História da Antropologia no
Brasil. Deve ficar claro que, como a
minha formação é basicamente na área
biológica, haverá um inevitável viés
na minha versão dessa história. Mas
como sou associado da ABA há quase
meio século, e as pesquisas que desen-
Salzano, F. M.
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
17
volvo em populações indígenas e não-
indígenas da América do Sul envolvem
sempre abordagens que incluem a cul-
tura, a arqueologia e a linguística, creio
que a abordagem não será muito ina-
propriada. Ela está focada em figuras
e eventos paradigmáticos; portanto,
peço de antemão desculpas pela even-
tual omissão de fatos ou figuras que
seriam considerados essenciais em ou-
tros contextos.
HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA
NO BRASIL – OS PIONEIROS
A Primeira Fase da História da Antropo-
logia no Brasil pode ser convenientemen-
te delimitada entre 1835, com a descober-
ta por Peter W. Lund (1801-1880) do
material ósseo de Lagoa Santa e 1933
(imediatamente antes da fundação da
Universidade de São Paulo, em 1934).
Os nove nomes listados no Quadro 1
correspondem à figura clássica do an-
tropólogo da época, que investigava
todos os aspectos da Antropologia em
seu sentido lato. Desses, apenas cinco
eram brasileiros ou tinham residência
permanente no Brasil: Barbosa Ro-
drigues e Curt Nimuendaju no norte,
Nina Rodrigues na Bahia, e von Ihe-
ring e Roquete Pinto respectivamente
em São Paulo e Rio de Janeiro. Ehren-
reich, Ranke e Koch-Grünberg, de na-
cionalidade alemã, realizaram expedi-
ções de estudos, de caráter temporário,
de nossos indígenas.
Personagens Datas Natureza do estudo
P.W. Lund 1835-1844 Estudos paleoantropológicos em Lagoa Santa
J. Barbosa Rodrigues 1872-1899 Etnologia e arqueologia
P. Ehrenreich 1887-1897 Expedições de estudo de indígenas brasileiros
R. Nina Rodrigues 1890-1904 Estudos africanistas
K.E. Ranke 1898-1907 Expedições de estudo de indígenas brasileiros
H. von Ihering 1898-1914 Investigações de caráter geral
T. Koch-Grünberg 1903-1904 Etnologia indígena
Curt Nimenendaju 1914-1933 Etnologia e arqueologia
E. Roquete Pinto 1917-1942 Investigações de caráter geral
Quadro 1
História da Antropologia no Brasil. Fase 1: Os pioneiros (1835-1933)
Fonte: Castro Farias (1952); Salzano (1997).
HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA
NO BRASIL – PERÍODO FORMATIVO
Todos os historiadores de ciência con-
cordam em que a fundação da Univer-
sidade de São Paulo (USP) foi marco
decisivo para a institucionalização da
pesquisa científica no Brasil. Schwart-
zman (1979) descreveu em detalhe
como surgiu e se concretizou a idéia,
que envolvia como ponto fundamen-
tal a criação da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras, destinada a formar
A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível?
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  18
a elite nacional. O trabalho de estru-
turação da USP e as decisões cruciais
relativas à mesma foram obra basica-
mente de três pessoas: Julio de Mes-
quita Filho, diretor do jornal Estado de
São Paulo; Armando Salles de Oliveira,
interventor federal; e Paulo Duarte, in-
telectual e político.
Desde seu início a nova instituição es-
tabeleceu um critério de valorização da
excelência que permanece até hoje. Foi
realizado ativo recrutamento de inte-
lectuais, especialmente na Europa, e o
exemplo foi seguido, pelo menos par-
cialmente, em outras regiões do país.
O Quadro 2 lista, por ordem alfabéti-
ca, algumas figuras paradigmáticas que
desenvolveram estudos entre 1934 e
1954, antes da fundação da ABA. A
contribuição estrangeira é exemplifica-
da pela presença de dois antropólogos
franceses (Alfred Métraux, Roger Bas-
tide) e dois norte-americanos (Charles
Wagley, Donald Pierson). Entre os bra-
sileiros ou com residência permanente
no país a maioria, naturalmente, é de
São Paulo (Schaden, Willems, Fernan-
des, Mussolini, Schultz, Baldus), mas
há também representantes do Rio de
Janeiro (Ramos, D. Ribeiro), Rio Gran-
de do Sul (Laytano), nordeste (Cascu-
do, R. Ribeiro, Azevedo) e norte (Gal-
vão, Arnaux) do Brasil. As referências
bibliográficas indicadas no Quadro
nem sempre indicam a obra mais im-
portante das personagens listadas, ser-
vindo apenas como exemplos de traba-
lhos aos quais tive acesso. Entretanto,
o livro de Arnaud (1989) documenta
bem sua trajetória de 50 anos de estu-
dos em populações indígenas; e o de
Corrêa (1987) fornece uma sinopse do
período 1930-1960, com testemunhos
e bibliografias de Donald Pierson e
Emílio Willems.
Algumas figuras paradigmáticas listadas em ordem alfabética
1. Alfred Métraux 10. Expedito Arnaux
2. Arthur Ramos 11. Florestan Fernandes
3. Charles Wagley 12. Gioconda Mussolini
4. Dante de Laytano 13. Harald Schultz
5. Darcy Ribeiro 14. Herbert Baldus
6. Donald Pierson 15. Luís da Câmara Cascudo
7. Eduardo Galvão 16. René Ribeiro
8. Egon Schaden 17. Roger Bastide
9. Emilio Willems 18. Thales de Azevedo
Quadro 2
História da Antropologia no Brasil. Fase 2: Período Formativo (1934-1954)
Fonte: Ramos (1943/47); Métraux (1946); Fernandes (1949); Laytano (1956); Ribeiro (1957); Galvão (1960);
Schultz (1963); Schaden (1965); Mussolini (1969); Waglevy (1971); Azevedo (1975); Corrêa (1987); Arnaud
(1989).
Salzano, F. M.
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
19
HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA NO
BRASIL – FASE CONTEMPORÂNEA
Seria impossível, no espaço disponí-
vel, cobrir de maneira adequada o que
ocorreu na Antropologia do país neste
último meio século. Decidi, portanto,
listar (Quadro 3) todos os presidentes
da ABA, que sem dúvida fornecem uma
amostra adequada de personagens im-
portantes na área. Os dois períodos in-
dicados na tabela relacionam-se à trans-
formação da ABA de uma instituição
fundamentalmente elitista, com fortes
exigências de ingresso, para uma asso-
ciação mais democrática em que os es-
tudantes de graduação e pós-graduação
também teriam espaço. A distribuição
das instituições às quais os presiden-
tes estão ou estavam vinculados reflete
o que ocorre na ciência brasileira em
geral; cerca da metade das instituições
(11/24 gestões, 46%) localiza-se no su-
deste, cinco no Distrito Federal, cinco
no sul e três no nordeste. Quase a tota-
lidade dos presidentes da ABA podem
ser classificados como antropólogos so-
ciais/culturais; as exceções são três, que
pelo menos parcialmente podem ser
categorizados como antropólogos físi-
cos/biológicos (Castro Faria, Loureiro
Fernandes, Thales de Azevedo) e uma
que é lingüista (Yonne Leite).
Quadro 3
História da Antropologia no Brasil. Fase 3: Contemporânea (1955-Presente)
Os presidentes da Associação Brasileira de Antropologia1
I. Na estrutura clássica
1955 Luiz de Castro Faria (MN)
1958 José Loureiro Fernandes (UFPR)
1959 Darcy Ribeiro (UFRJ)
1961 Herbert Baldus (MP)
1963 Eduardo Galvão (UnB)
1966 Manuel Diégues Jr. (UFPR)
1974 Thales de Azevedo (UFBA)
1976 René Ribeiro (UFPE)
II. Pós-revolução dos jovens
1978 Luis de Castro Faria (MN)
1980 Eunice Durham (USP)
1982 Gilberto C. Alves Velho (MN)
1984 Roberto Cardoso de Oliveira (UnB)
1986 Manuela Carneiro da Cunha (USP)
1988 Antonio A. Arantes (UNICAMP)
1990 Roque de Barros Laraia (UnB)
1992 Silvio Coelho dos Santos (UFSC)
1994 João Pacheco de Oliveira (MN)
A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível?
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  20
1
Chave para as siglas: MN: Museu Nacional; MP: Museu Paulista; UFBA: Universidade Federal da Bahia;
UFPE: Universidade Federal de Pernambuco; UFPR: Universidade Federal do Paraná; UFRGS: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul; UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro; UFSC: Universidade Federal de
Santa Catarina; UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas; UnB: Universidade de Brasília; USP: Univer-
sidade de São Paulo.
Fonte: Corrêa (2003); Eckert & Godoi (2006); Trajano Filho & Ribeiro (2004) apresentaram um panorama muito
abrangente desta fase, com ênfase nos Programas de Pós-Graduação em Antropologia, iniciados em 1971.
1996 Mariza Corrêa (UNICAMP)
1998 Yonne Leite (MN)
2000 Ruben Oliven (UFRGS)
2002 Gustavo Lins Ribeiro (UnB)
2004 Miriam Pillar Grossi (UFSC)
2006 Luís R. Cardoso de Oliveira (UnB)
2008 Carlos Caroso (UFBA)
AS SUBÁREAS – ANTROPOLOGIA
SOCIAL/CULTURAL
O Quadro 4 fornece nove exemplos
selecionados de obras importantes de-
senvolvidas na subárea da Antropologia
Social/Cultural. Três delas (as de Ra-
mos, Baldus e Ribeiro) são de caráter
geral, considerando tanto o panorama
brasileiro quanto uma tentativa de inter-
pretação de todo o processo civilizató-
rio; o estudo do contato interétnico está
muito bem representado com quatro
contribuições (Pierson, Cardoso, Car-
doso de Oliveira, Santos); enquanto que
Galvão e Maybury-Lewis concentra-
ram-se em populações indígenas.
Ano Autor Título
1942 Donald Pierson Negroes in Brazil: A Study of Race Contact at Bahia
1943/ 1947 Arthur Ramos Introdução à Antropologia Brasileira
1954, 1968 Herbert Baldus Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira
1960 Eduardo Galvão Áreas Culturais Indígenas do Brasil - 1900-1959
1962 Fernando H. Cardoso Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional
1964 Roberto C. de Oliveira O Índio e o Mundo dos Brancos
1967 David Maybury-Lewis Akwê-Shavante Society
1968 Darcy Ribeiro O Processo Civilizatório
1973 Silvio C. dos Santos Índios e Brancos no Sul do Brasil
Quadro 4
Exemplos selecionados de obras importantes em Antropologia Social/Cultural no Brasil1
1
Informações completas sobre as obras são fornecidas na bibliografia. Ver também Amorim (2001) e Sampaio
Silva (2007), que descrevem as vidas e as obras de respectivamente Roberto Cardoso de Oliveira e Eduardo
Galvão
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Salzano, F. M.
21
AS SUBÁREAS – ARQUEOLOGIA
Exemplos selecionados de eventos e per-
sonagens importantes para a Arqueolo-
gia no Brasil estão listados no Quadro 5.
Os estudos têm um passado respeitável,
que pode retroagir a 1870. Mas o pri-
meiro programa nacional ocorreu ape-
nas na década de 1960, através de uma
interação muito profícua entre Mário
Simões, do Museu Paraense Emílio Go-
eldi, e Clifford Evans e Betty Meggers,
da Smithsonian Institution (Washington,
DC, EUA), com o apoio do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científi-
co e Tecnológico (CNPq). Os estudos
abrangeram todo o país e forneceram
uma base preciosa de informações que
posteriormente foram ampliadas com
pesquisas especialmente do casal Em-
peraire, Pedro I. Schmitz, André Prous
e Oldemar Blasi no centro-oeste, sudeste
e sul do Brasil. Mais recentemente Anna
Roosevelt vem desenvolvendo pesquisa
muito abrangente na Amazônia.
AS SUBÁREAS – LINGUÍSTICA
As cerca de 180 línguas indígenas fala-
das no Brasil, metade das quais conta
com população de até 500 indivíduos
(quatro etnias têm população superior
a 20 mil) são a principal ponte entre
linguistas e antropólogos. Listas de
palavras das mesmas foram coletadas
desde praticamente a época do desco-
brimento do país pelos europeus, mas
o estudo científico detalhado dessas
línguas é ainda escasso. Como indica-
do no Quadro 6, a principal figura na
área é Arion Rodrigues, que há cerca
de meio século vem estudando, siste-
matizando, e incentivando a pesquisa
das línguas dos indígenas brasileiros.
Ano Autor Título
1870 Arqueologia na Ilha de Marajó Ferreira Penna e J.B. Steere
1879-1892 Antiguidades do Amazonas João Barbosa Rodrigues
1950-1952 Teses na Universidade da Columbia
sobre a arqueologia do Território do
Amapá e Ilha do Marajó
Clifford Evans e Betty J. Meggers
1962-1969 Escavações em sambaquis Paulo Duarte (1899-1984)
1965-1970 Programa Nacional de Pesquisas
Arqueológicas (PRONAPA)
C. Evans, B.J. Meggers, Mario Simões
1950-1970 Estudos em Lagoa Santa e outros sítios
Joseph Emperaire (falec.: 1955)
e Annete Laming-Emperaire (1917-1977)
1972 Programa Arqueológico de Goiás Pedro I. Schmitz
1960-1990 Pesquisas diversas sobre a Arqueologia
no sudeste e sul
André Prous, José P. Brochado, Oldemar
Blasi, Ondemar Ferreira Dias Jr.
1990-2000 Arqueologia amazônica Anna C. Roosevelt
Quadro 5
Eventos e personagens importantes para a Arqueologia no Brasil
Fonte: Simões (1967,1974); Duarte (1968, 1970); Mendes (1970); Penteado (1978); Schmitz et al. (1986);
Carvalho (1987); Prous (1992); Roosevelt et al. (2002).
A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível?
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  22
Quadro 6
Aspectos relacionados com a Lingüística e sua relação com a Antropologia no Brasil
Fonte: Rodrigues (1986); Grimes (1992): Cabral & Rodrigues (2007).
1. A princial conexão entre a Lingüística e a Antropologia envolve, no Brasil, o estudo das
línguas indígenas.
2. Elementos do Summer Institute of Linguistics, em sua ação doutrinadora, têm trabalhado
com grande número de línguas indígenas, e informações a respeito podem ser obtidas no
livro Ethnologue, organizado por Barbara F. Grimes.
3. A principal figura desta área no Brasil é, sem dúvida, Aryon D’All’Igna Rodrigues, que há
cerca de meio século vem estudando, sistematizando, e incentivando o estudo das línguas
de nossos indígenas.
4. Outras personagens importantes, listadas por ordem alfabética são: Ana Suelly A.C. Cabral,
Denny Moore, Ernesto Magliazza, Greg Urban, Lucy Seki e Yonne Leite.
Personagens Datas Natureza do estudo
J.B. Lacerda, 1875-1893 Morfologia de indígenas brasileiros
J.R. Peixoto (vivos e extintos)
A. Bovero, R. Locchi, 1914-1940 Anatomia étnica, São Paulo e Rio de Janeiro
A. Fróes da Fonseca
Olympio Fonseca Filho 1924-1970 Parasitologia étnica
J. Bastos de Ávila, 1931-1983 Antropometria comparada, crescimento físico
M.J. Pourchet
Quadro 7
A Antropologia Biológica no Brasil. Fase 1: Os pioneiros (1835-1933)
Fonte: Castro Farias (1952); Salzano (1997).
Salzano, F. M.
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
23
Personagens Datas Natureza do estudo
O. Machado de Souza 1934-1943 Estudos anatômicos, classificação tipológica
Gioconda Mussolini 1944-1969 Etnomedicina, aculturação
Ernani M. da Silva 1945-1949 Grupos sanguíneos e siclemia em indígenas
e neo-brasileiros
Noel Nutels,
J.A.N. Miranda
1947-1997 Epiemiologia e efeitos da turbeculose
em indígenas brasileiros
Newton Freire-Maia,
O. Frota-Pessoa
1952-1989 Estrutura populacional em neo-brasileiros
Quadro 8
A Antropologia Biológica no Brasil. Fase 2: Período Formativo (1934-1954)
Fonte: Castro Farias (1952); Salzano & Freire-Maia (1970); Salzano (1997).
Quadro 9
A Antropologia Biológica no Brasil. Fase 3: Contemporânea (1955-Presente)
Fonte: Castro Farias (1952); Salzano & Freire-Maia (1970); Salzano (1997).
Personagens Datas Natureza do estudo
F.M. Salzano e equipe 1958-presente Estrutura populacional, marcadores genéticos,
mistura interétnica
M.C. Mello e Alvim 1962-1997 Antropologia física pré-histórica
R.G. Baruzzi,
J.P.B Vieira Filho
1970-presente Investigações médicas em indígenas brasileiros
Luiz F. Ferreira,
Adauto G. Araujo
1980-presente Parasitologia de grupos pré-históricos
H. Schneider,
M.P.C. Schneider,
S.E.B. Santos,
J.F. Guerreiro,
A.K.C. Ribeiro-dos-Santos
1981-presente Estrutura populacional, marcadores genéticos,
mistura interétnica na Amazônia
Walter A. Neves e equipe 1981-presente Antropologia física pré-histórica, biologia óssea,
adaptação
M.A. Zago,
M.L. Petzl-Erler,
S.D.J. Pena
1983-presente Marcadores genéticos em indígenas
e neo-brasileiros
A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível?
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  24
AS SUBÁREAS – ANTROPOLOGIA
FÍSICA/BIOLÓGICA
Os Quadros 7 a 9 listam, nas três fases
já estabelecidas para a Antropologia
em geral, exemplos selecionados de es-
tudos nessa subárea. É importante sa-
lientar que todas essas pesquisas (com
exceção das desenvolvidas no Museu
Nacional e dos trabalhos de Giocon-
da Mussolini) foram realizadas fora
dos Departamentos de Antropologia,
como decorrência da estrutura institu-
cional atualmente vigente no país. Ini-
ciadas por estudos morfológicos, elas
incluíram posteriormente a variação
protéica, e mais recentemente o estudo
do DNA, o material genético, em in-
divíduos sadios, indígenas, e neobrasi-
leiros. Porém, também existem estudos
importantes de paleoantropologia e de
antropologia médica, tanto de popula-
ções atuais quanto pré-históricas.
É A INTERDISCIPLINARIDADE
POSSÍVEL?
É a interdisciplinaridade possível? Car-
doso de Oliveira (2006), comparando
os Programas de Pós-Graduação em
Antropologia e em Ciências Sociais,
sugeriu que a interdisciplinaridade pa-
recia ter perdido o encantamento dos
primeiros tempos. E ele apresentou
duas hipóteses para explicar isso: (a)
O “atavismo” disciplinar, a dificuldade
em superar as barreiras da formação
especializada; e (b) O caráter interven-
cionista das políticas públicas brasilei-
ras, que atualmente favorecem estudos
com metas muito definidas. O mesmo
autor diferenciou multidisciplinaridade
de interdisciplinaridade. No primeiro
caso o que há é a convivência paralela
em um espaço físico ou intelectual de
áreas diversas; no segundo a atuação
em um espaço marcado pela tensão
epistêmica, onde as diferentes discipli-
nas convivem em diálogo permanente.
Segundo Cardoso de Oliveira, é neste
segundo caminho que se desenvolvem
mais facilmente pesquisas de ponta.
Se existe estudo no qual a interdiscipli-
naridade é considerada essencial, este
é o da evolução biológica, e mais es-
pecificamente o da evolução humana.
Devido ao seu caráter essencialmente
sintetizador de fatos diversos, essas
investigações se contrapõem à ten-
dência reducionista que predomina na
biologia hoje. Especialmente na nossa
espécie as influências de fatores sócio-
culturais, médico-epidemiológicos e de
estrutura demográfica necessariamente
devem ser consideradas em qualquer
interpretação do nosso processo gené-
tico-evolucionário.
CONCLUSÃO
A Antropologia, em seus primórdios, foi
basicamente interdisciplinar e integradora.
Com o acúmulo de novas informa-
ções, de caráter diverso, tem havido
uma tendência cada vez maior para a
especialização em determinada sub-
área. No caso do Brasil, os Programas
de Pós-Graduação em Antropologia
estão muito mais voltados à Antropo-
logia Social ou Cultural do que às ou-
tras subdisciplinas. Não está na hora de
revertermos esta tendência?
NOTAS
1
As pesquisas do autor são financiadas pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Salzano, F. M.
Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
25
Científico e Tecnológico, Programas Insti-
tutos do Milênio e Apoio a Grupos de Ex-
celência e Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Rio Grande do Sul.
Referências
Amorim, M.S. 2001. Roberto Cardoso de Oli-
veira um artífice da antropologia. Brasília: Para-
lelo 15 e Coordenação de Aperfeiçoamen-
to de Pessoal de Nível Superior.
Araújo, A.J.G. & L.F. Ferreira (Orgs.).
1992. Paleopatologia, paleoepidemiologia. Estu-
dos multidisciplinares. Rio de Janeiro: Escola
Nacional de Saúde Pública.
Arnaud, E. 1989. O índio e a expansão nacio-
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  • 1.   12 A ANTROPOLOG NO BRAS É A INTERDISCIPLINARID POSSÍ
  • 2. 13 GIA SIL: DADE ÍVEL? A Antropologia no Brasil: É a Interdisciplinaridade Possível? Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil F r a n c i s c o M. S a l z a n o1
  • 3.   14 Resumo A história da Antropologia no Brasil foi dividida em três fases: 1) Os pioneiros, 2) Período formativo, e 3) Fase contemporânea. Os principais eventos e exemplos de figuras paradigmáticas foram apresentados com relação aos dois primeiros períodos, enquanto para o terceiro foi fornecida uma lista de todos os presidentes da Associação Brasileira de Antropologia. A seguir desenvolveu-se abordagem similar para as quatro subáreas em que a Antropologia é tradicionalmente subdividida: Antropologia Social/Cultural, Ar- queologia, Linguística, e Antropologia Física/Biológica. A pergunta feita no final é se a interação entre essas subáreas é possível. A res- posta é de que uma abordagem verdadeiramente interdisciplinar é difícil, mas parece ser o melhor caminho para pesquisas de ponta. Sugere-se, portanto, uma abertura maior dos Programas de Pós- Graduação em Antropologia brasileiros à contratação de especialis- tas nas quatro subáreas, através de montagens de projetos de cunho nitidamente interdisciplinares. Palavras-chave: História da Antropologia, Antropologia no Brasil, Interdisciplinaridade. Abstract The history of Anthropology in Brazil was divided in three phases: 1) The pioneers, 2) Formative period, and 3) Contempo- raneous phase. The main events and examples of paradigmatic persons were presented for the two first periods, while for the third a list of all the presidents of the Brazilian Association of Anthropology was provided. A similar approach was followed in relation to the subareas in which Anthropology is tradition- ally subdivided: Social/Cultural Anthropology, Archaeology, Linguistics, and Physical/Biological Anthropology. The ques- tion asked at the end was whether the interaction among these subareas is possible. The answer is that a really interdisciplinary approach is difficult, but seems to be the best way for frontier research. Therefore, a suggestion is made that Brazilian Post- graduate Programs in Anthropology should seek specialists in the four subareas, through the establishment of clearly interdis- ciplinary projects. Keywords: History of Anthropology, Anthropology in Brazil, Interdisciplinarity. Amazônica 1 (1): 12-27, 2009 Salzano, F. M.
  • 4. 15 Resumen La historia de Antropología en Brasil fue dividida en tres etapas: 1) Los pioneros, 2) Período formativo, y 3) Fase contemporánea. Los principales eventos y ejemplos de figuras paradigmáticas fueran presentados con relación a los dos primeros períodos, mientras cuanto al tercer fue presentada una lista de todos los presidentes de la Asociación Brasileña de Antropología. Después un abordaje similar fue hecho para las cuatro subáreas en que la Antropología es tradicionalmente subdividida: Antropología Social/Cultural, Arqueología, Lingüística, y Antropología Física/ Biológica. La pregunta hecha al final fue si la interacción entre esas subáreas es posible. La respuesta es que un abordaje verdad- eramente interdisciplinario es difícil, pero ese parece ser el mejor camino para investigaciones de punta. Se hace una sugerencia, por lo tanto, para una mayor apertura de los Programas de Pos- grado en Antropología brasileños para la contratación de espe- cialistas en las cuatro subáreas, por medio de proyectos netamente interdisciplinarios. Palabras claves: Historia de la Antropología, Antropología en Bra- sil, Interdisciplinaridad. Amazônica 1 (1): 12-27, 2009 A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível?
  • 5.   16 MORIBUNDA OU PLENA DE VIDA? Etimologicamente Antropologia sig- nifica o estudo do homem (ou da es- pécie humana) e em seu sentido lato envolve a análise comparativa tanto de sua biologia quanto de manifestações culturais no que se refere ao tempo, variedade, lugar e condição (Comas 1966). Devido a essa amplitude não têm faltado críticos à disciplina ou seus cultores, e Gustavo Lins Ribei- ro, presidente da Associação Brasilei- ra de Antropologia (ABA) na gestão 2002-2004 declarou que “A Antro- pologia pode ser pensada como uma fênix, cuja morte ou agonia prolon- gada tem sido anunciada várias vezes, ao menos desde a década de 1920” (Ribeiro 2006:107). No entanto, esse mesmo autor salientou que dos dois mil antropólogos calculados por Kro- eber (1953) existirem em sua época, chega-se atualmente a uma estimativa conservadora de pelo menos 30 mil. Durham (2006) salientou que a Antro- pologia de hoje, como a de ontem, é relevante porque teve e tem um pro- fundo sentido revolucionário em ter- mos da visão de mundo que esteve e ainda está se construindo em nossa so- ciedade. Ela enfatizou a relação dialé- tica do reconhecimento das diferenças como um requisito para a interpreta- ção correta do conceito de humani- dade comum. Outros aspectos abor- dados por ela e muitos outros autores é o do grau com que a atividade an- tropológica deve estar vinculada com as reivindicações sociais dos grupos que estuda. Essas implicações éticas, quando se consideram grupos tribais, foram avaliadas de maneira ampla em Salzano & Hurtado (2004). CARACTERÍSTICAS No seu sentido estrito o termo Antro- pologia refere-se ao estudo da história natural da espécie humana, isto é, da Antropologia Física ou Biológica. Já no seu sentido lato, indicado na seção anterior, a palavra tem um âmbito mais abrangente, que inclui a Antropologia Cultural ou Social, a Arqueologia e a Linguística, além da Antropologia Bio- lógica. Esse é o chamado enfoque dos quatro campos, particularmente ado- tado nos Estados Unidos da América (Spencer 1997:ix). Tradicionalmente a Antropologia no Brasil tem seguido um rumo diverso, os Departamentos de Antropologia concentrando pri- mariamente cultores da Antropologia Cultural, com grupos geralmente me- nores de arqueólogos. A participação de linguistas e antropólogos biológicos nessas unidades é praticamente nula. A proposta de um novo Programa de Pós-Graduação nessa área, a ser de- senvolvido na Universidade Federal do Pará, é a de justamente modificar este panorama, com uma abordagem interdisciplinar que contemple essas quatro subdisciplinas. É dentro deste contexto que apresentarei, nas seções seguintes, um panorama muito geral sobre a História da Antropologia no Brasil. Deve ficar claro que, como a minha formação é basicamente na área biológica, haverá um inevitável viés na minha versão dessa história. Mas como sou associado da ABA há quase meio século, e as pesquisas que desen- Salzano, F. M. Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  • 6. 17 volvo em populações indígenas e não- indígenas da América do Sul envolvem sempre abordagens que incluem a cul- tura, a arqueologia e a linguística, creio que a abordagem não será muito ina- propriada. Ela está focada em figuras e eventos paradigmáticos; portanto, peço de antemão desculpas pela even- tual omissão de fatos ou figuras que seriam considerados essenciais em ou- tros contextos. HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA NO BRASIL – OS PIONEIROS A Primeira Fase da História da Antropo- logia no Brasil pode ser convenientemen- te delimitada entre 1835, com a descober- ta por Peter W. Lund (1801-1880) do material ósseo de Lagoa Santa e 1933 (imediatamente antes da fundação da Universidade de São Paulo, em 1934). Os nove nomes listados no Quadro 1 correspondem à figura clássica do an- tropólogo da época, que investigava todos os aspectos da Antropologia em seu sentido lato. Desses, apenas cinco eram brasileiros ou tinham residência permanente no Brasil: Barbosa Ro- drigues e Curt Nimuendaju no norte, Nina Rodrigues na Bahia, e von Ihe- ring e Roquete Pinto respectivamente em São Paulo e Rio de Janeiro. Ehren- reich, Ranke e Koch-Grünberg, de na- cionalidade alemã, realizaram expedi- ções de estudos, de caráter temporário, de nossos indígenas. Personagens Datas Natureza do estudo P.W. Lund 1835-1844 Estudos paleoantropológicos em Lagoa Santa J. Barbosa Rodrigues 1872-1899 Etnologia e arqueologia P. Ehrenreich 1887-1897 Expedições de estudo de indígenas brasileiros R. Nina Rodrigues 1890-1904 Estudos africanistas K.E. Ranke 1898-1907 Expedições de estudo de indígenas brasileiros H. von Ihering 1898-1914 Investigações de caráter geral T. Koch-Grünberg 1903-1904 Etnologia indígena Curt Nimenendaju 1914-1933 Etnologia e arqueologia E. Roquete Pinto 1917-1942 Investigações de caráter geral Quadro 1 História da Antropologia no Brasil. Fase 1: Os pioneiros (1835-1933) Fonte: Castro Farias (1952); Salzano (1997). HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA NO BRASIL – PERÍODO FORMATIVO Todos os historiadores de ciência con- cordam em que a fundação da Univer- sidade de São Paulo (USP) foi marco decisivo para a institucionalização da pesquisa científica no Brasil. Schwart- zman (1979) descreveu em detalhe como surgiu e se concretizou a idéia, que envolvia como ponto fundamen- tal a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, destinada a formar A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível? Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  • 7.   18 a elite nacional. O trabalho de estru- turação da USP e as decisões cruciais relativas à mesma foram obra basica- mente de três pessoas: Julio de Mes- quita Filho, diretor do jornal Estado de São Paulo; Armando Salles de Oliveira, interventor federal; e Paulo Duarte, in- telectual e político. Desde seu início a nova instituição es- tabeleceu um critério de valorização da excelência que permanece até hoje. Foi realizado ativo recrutamento de inte- lectuais, especialmente na Europa, e o exemplo foi seguido, pelo menos par- cialmente, em outras regiões do país. O Quadro 2 lista, por ordem alfabéti- ca, algumas figuras paradigmáticas que desenvolveram estudos entre 1934 e 1954, antes da fundação da ABA. A contribuição estrangeira é exemplifica- da pela presença de dois antropólogos franceses (Alfred Métraux, Roger Bas- tide) e dois norte-americanos (Charles Wagley, Donald Pierson). Entre os bra- sileiros ou com residência permanente no país a maioria, naturalmente, é de São Paulo (Schaden, Willems, Fernan- des, Mussolini, Schultz, Baldus), mas há também representantes do Rio de Janeiro (Ramos, D. Ribeiro), Rio Gran- de do Sul (Laytano), nordeste (Cascu- do, R. Ribeiro, Azevedo) e norte (Gal- vão, Arnaux) do Brasil. As referências bibliográficas indicadas no Quadro nem sempre indicam a obra mais im- portante das personagens listadas, ser- vindo apenas como exemplos de traba- lhos aos quais tive acesso. Entretanto, o livro de Arnaud (1989) documenta bem sua trajetória de 50 anos de estu- dos em populações indígenas; e o de Corrêa (1987) fornece uma sinopse do período 1930-1960, com testemunhos e bibliografias de Donald Pierson e Emílio Willems. Algumas figuras paradigmáticas listadas em ordem alfabética 1. Alfred Métraux 10. Expedito Arnaux 2. Arthur Ramos 11. Florestan Fernandes 3. Charles Wagley 12. Gioconda Mussolini 4. Dante de Laytano 13. Harald Schultz 5. Darcy Ribeiro 14. Herbert Baldus 6. Donald Pierson 15. Luís da Câmara Cascudo 7. Eduardo Galvão 16. René Ribeiro 8. Egon Schaden 17. Roger Bastide 9. Emilio Willems 18. Thales de Azevedo Quadro 2 História da Antropologia no Brasil. Fase 2: Período Formativo (1934-1954) Fonte: Ramos (1943/47); Métraux (1946); Fernandes (1949); Laytano (1956); Ribeiro (1957); Galvão (1960); Schultz (1963); Schaden (1965); Mussolini (1969); Waglevy (1971); Azevedo (1975); Corrêa (1987); Arnaud (1989). Salzano, F. M. Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  • 8. 19 HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA NO BRASIL – FASE CONTEMPORÂNEA Seria impossível, no espaço disponí- vel, cobrir de maneira adequada o que ocorreu na Antropologia do país neste último meio século. Decidi, portanto, listar (Quadro 3) todos os presidentes da ABA, que sem dúvida fornecem uma amostra adequada de personagens im- portantes na área. Os dois períodos in- dicados na tabela relacionam-se à trans- formação da ABA de uma instituição fundamentalmente elitista, com fortes exigências de ingresso, para uma asso- ciação mais democrática em que os es- tudantes de graduação e pós-graduação também teriam espaço. A distribuição das instituições às quais os presiden- tes estão ou estavam vinculados reflete o que ocorre na ciência brasileira em geral; cerca da metade das instituições (11/24 gestões, 46%) localiza-se no su- deste, cinco no Distrito Federal, cinco no sul e três no nordeste. Quase a tota- lidade dos presidentes da ABA podem ser classificados como antropólogos so- ciais/culturais; as exceções são três, que pelo menos parcialmente podem ser categorizados como antropólogos físi- cos/biológicos (Castro Faria, Loureiro Fernandes, Thales de Azevedo) e uma que é lingüista (Yonne Leite). Quadro 3 História da Antropologia no Brasil. Fase 3: Contemporânea (1955-Presente) Os presidentes da Associação Brasileira de Antropologia1 I. Na estrutura clássica 1955 Luiz de Castro Faria (MN) 1958 José Loureiro Fernandes (UFPR) 1959 Darcy Ribeiro (UFRJ) 1961 Herbert Baldus (MP) 1963 Eduardo Galvão (UnB) 1966 Manuel Diégues Jr. (UFPR) 1974 Thales de Azevedo (UFBA) 1976 René Ribeiro (UFPE) II. Pós-revolução dos jovens 1978 Luis de Castro Faria (MN) 1980 Eunice Durham (USP) 1982 Gilberto C. Alves Velho (MN) 1984 Roberto Cardoso de Oliveira (UnB) 1986 Manuela Carneiro da Cunha (USP) 1988 Antonio A. Arantes (UNICAMP) 1990 Roque de Barros Laraia (UnB) 1992 Silvio Coelho dos Santos (UFSC) 1994 João Pacheco de Oliveira (MN) A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível? Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  • 9.   20 1 Chave para as siglas: MN: Museu Nacional; MP: Museu Paulista; UFBA: Universidade Federal da Bahia; UFPE: Universidade Federal de Pernambuco; UFPR: Universidade Federal do Paraná; UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro; UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina; UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas; UnB: Universidade de Brasília; USP: Univer- sidade de São Paulo. Fonte: Corrêa (2003); Eckert & Godoi (2006); Trajano Filho & Ribeiro (2004) apresentaram um panorama muito abrangente desta fase, com ênfase nos Programas de Pós-Graduação em Antropologia, iniciados em 1971. 1996 Mariza Corrêa (UNICAMP) 1998 Yonne Leite (MN) 2000 Ruben Oliven (UFRGS) 2002 Gustavo Lins Ribeiro (UnB) 2004 Miriam Pillar Grossi (UFSC) 2006 Luís R. Cardoso de Oliveira (UnB) 2008 Carlos Caroso (UFBA) AS SUBÁREAS – ANTROPOLOGIA SOCIAL/CULTURAL O Quadro 4 fornece nove exemplos selecionados de obras importantes de- senvolvidas na subárea da Antropologia Social/Cultural. Três delas (as de Ra- mos, Baldus e Ribeiro) são de caráter geral, considerando tanto o panorama brasileiro quanto uma tentativa de inter- pretação de todo o processo civilizató- rio; o estudo do contato interétnico está muito bem representado com quatro contribuições (Pierson, Cardoso, Car- doso de Oliveira, Santos); enquanto que Galvão e Maybury-Lewis concentra- ram-se em populações indígenas. Ano Autor Título 1942 Donald Pierson Negroes in Brazil: A Study of Race Contact at Bahia 1943/ 1947 Arthur Ramos Introdução à Antropologia Brasileira 1954, 1968 Herbert Baldus Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira 1960 Eduardo Galvão Áreas Culturais Indígenas do Brasil - 1900-1959 1962 Fernando H. Cardoso Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional 1964 Roberto C. de Oliveira O Índio e o Mundo dos Brancos 1967 David Maybury-Lewis Akwê-Shavante Society 1968 Darcy Ribeiro O Processo Civilizatório 1973 Silvio C. dos Santos Índios e Brancos no Sul do Brasil Quadro 4 Exemplos selecionados de obras importantes em Antropologia Social/Cultural no Brasil1 1 Informações completas sobre as obras são fornecidas na bibliografia. Ver também Amorim (2001) e Sampaio Silva (2007), que descrevem as vidas e as obras de respectivamente Roberto Cardoso de Oliveira e Eduardo Galvão Amazônica 1 (1): 12-27, 2009 Salzano, F. M.
  • 10. 21 AS SUBÁREAS – ARQUEOLOGIA Exemplos selecionados de eventos e per- sonagens importantes para a Arqueolo- gia no Brasil estão listados no Quadro 5. Os estudos têm um passado respeitável, que pode retroagir a 1870. Mas o pri- meiro programa nacional ocorreu ape- nas na década de 1960, através de uma interação muito profícua entre Mário Simões, do Museu Paraense Emílio Go- eldi, e Clifford Evans e Betty Meggers, da Smithsonian Institution (Washington, DC, EUA), com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi- co e Tecnológico (CNPq). Os estudos abrangeram todo o país e forneceram uma base preciosa de informações que posteriormente foram ampliadas com pesquisas especialmente do casal Em- peraire, Pedro I. Schmitz, André Prous e Oldemar Blasi no centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. Mais recentemente Anna Roosevelt vem desenvolvendo pesquisa muito abrangente na Amazônia. AS SUBÁREAS – LINGUÍSTICA As cerca de 180 línguas indígenas fala- das no Brasil, metade das quais conta com população de até 500 indivíduos (quatro etnias têm população superior a 20 mil) são a principal ponte entre linguistas e antropólogos. Listas de palavras das mesmas foram coletadas desde praticamente a época do desco- brimento do país pelos europeus, mas o estudo científico detalhado dessas línguas é ainda escasso. Como indica- do no Quadro 6, a principal figura na área é Arion Rodrigues, que há cerca de meio século vem estudando, siste- matizando, e incentivando a pesquisa das línguas dos indígenas brasileiros. Ano Autor Título 1870 Arqueologia na Ilha de Marajó Ferreira Penna e J.B. Steere 1879-1892 Antiguidades do Amazonas João Barbosa Rodrigues 1950-1952 Teses na Universidade da Columbia sobre a arqueologia do Território do Amapá e Ilha do Marajó Clifford Evans e Betty J. Meggers 1962-1969 Escavações em sambaquis Paulo Duarte (1899-1984) 1965-1970 Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA) C. Evans, B.J. Meggers, Mario Simões 1950-1970 Estudos em Lagoa Santa e outros sítios Joseph Emperaire (falec.: 1955) e Annete Laming-Emperaire (1917-1977) 1972 Programa Arqueológico de Goiás Pedro I. Schmitz 1960-1990 Pesquisas diversas sobre a Arqueologia no sudeste e sul André Prous, José P. Brochado, Oldemar Blasi, Ondemar Ferreira Dias Jr. 1990-2000 Arqueologia amazônica Anna C. Roosevelt Quadro 5 Eventos e personagens importantes para a Arqueologia no Brasil Fonte: Simões (1967,1974); Duarte (1968, 1970); Mendes (1970); Penteado (1978); Schmitz et al. (1986); Carvalho (1987); Prous (1992); Roosevelt et al. (2002). A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível? Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  • 11.   22 Quadro 6 Aspectos relacionados com a Lingüística e sua relação com a Antropologia no Brasil Fonte: Rodrigues (1986); Grimes (1992): Cabral & Rodrigues (2007). 1. A princial conexão entre a Lingüística e a Antropologia envolve, no Brasil, o estudo das línguas indígenas. 2. Elementos do Summer Institute of Linguistics, em sua ação doutrinadora, têm trabalhado com grande número de línguas indígenas, e informações a respeito podem ser obtidas no livro Ethnologue, organizado por Barbara F. Grimes. 3. A principal figura desta área no Brasil é, sem dúvida, Aryon D’All’Igna Rodrigues, que há cerca de meio século vem estudando, sistematizando, e incentivando o estudo das línguas de nossos indígenas. 4. Outras personagens importantes, listadas por ordem alfabética são: Ana Suelly A.C. Cabral, Denny Moore, Ernesto Magliazza, Greg Urban, Lucy Seki e Yonne Leite. Personagens Datas Natureza do estudo J.B. Lacerda, 1875-1893 Morfologia de indígenas brasileiros J.R. Peixoto (vivos e extintos) A. Bovero, R. Locchi, 1914-1940 Anatomia étnica, São Paulo e Rio de Janeiro A. Fróes da Fonseca Olympio Fonseca Filho 1924-1970 Parasitologia étnica J. Bastos de Ávila, 1931-1983 Antropometria comparada, crescimento físico M.J. Pourchet Quadro 7 A Antropologia Biológica no Brasil. Fase 1: Os pioneiros (1835-1933) Fonte: Castro Farias (1952); Salzano (1997). Salzano, F. M. Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  • 12. 23 Personagens Datas Natureza do estudo O. Machado de Souza 1934-1943 Estudos anatômicos, classificação tipológica Gioconda Mussolini 1944-1969 Etnomedicina, aculturação Ernani M. da Silva 1945-1949 Grupos sanguíneos e siclemia em indígenas e neo-brasileiros Noel Nutels, J.A.N. Miranda 1947-1997 Epiemiologia e efeitos da turbeculose em indígenas brasileiros Newton Freire-Maia, O. Frota-Pessoa 1952-1989 Estrutura populacional em neo-brasileiros Quadro 8 A Antropologia Biológica no Brasil. Fase 2: Período Formativo (1934-1954) Fonte: Castro Farias (1952); Salzano & Freire-Maia (1970); Salzano (1997). Quadro 9 A Antropologia Biológica no Brasil. Fase 3: Contemporânea (1955-Presente) Fonte: Castro Farias (1952); Salzano & Freire-Maia (1970); Salzano (1997). Personagens Datas Natureza do estudo F.M. Salzano e equipe 1958-presente Estrutura populacional, marcadores genéticos, mistura interétnica M.C. Mello e Alvim 1962-1997 Antropologia física pré-histórica R.G. Baruzzi, J.P.B Vieira Filho 1970-presente Investigações médicas em indígenas brasileiros Luiz F. Ferreira, Adauto G. Araujo 1980-presente Parasitologia de grupos pré-históricos H. Schneider, M.P.C. Schneider, S.E.B. Santos, J.F. Guerreiro, A.K.C. Ribeiro-dos-Santos 1981-presente Estrutura populacional, marcadores genéticos, mistura interétnica na Amazônia Walter A. Neves e equipe 1981-presente Antropologia física pré-histórica, biologia óssea, adaptação M.A. Zago, M.L. Petzl-Erler, S.D.J. Pena 1983-presente Marcadores genéticos em indígenas e neo-brasileiros A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível? Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  • 13.   24 AS SUBÁREAS – ANTROPOLOGIA FÍSICA/BIOLÓGICA Os Quadros 7 a 9 listam, nas três fases já estabelecidas para a Antropologia em geral, exemplos selecionados de es- tudos nessa subárea. É importante sa- lientar que todas essas pesquisas (com exceção das desenvolvidas no Museu Nacional e dos trabalhos de Giocon- da Mussolini) foram realizadas fora dos Departamentos de Antropologia, como decorrência da estrutura institu- cional atualmente vigente no país. Ini- ciadas por estudos morfológicos, elas incluíram posteriormente a variação protéica, e mais recentemente o estudo do DNA, o material genético, em in- divíduos sadios, indígenas, e neobrasi- leiros. Porém, também existem estudos importantes de paleoantropologia e de antropologia médica, tanto de popula- ções atuais quanto pré-históricas. É A INTERDISCIPLINARIDADE POSSÍVEL? É a interdisciplinaridade possível? Car- doso de Oliveira (2006), comparando os Programas de Pós-Graduação em Antropologia e em Ciências Sociais, sugeriu que a interdisciplinaridade pa- recia ter perdido o encantamento dos primeiros tempos. E ele apresentou duas hipóteses para explicar isso: (a) O “atavismo” disciplinar, a dificuldade em superar as barreiras da formação especializada; e (b) O caráter interven- cionista das políticas públicas brasilei- ras, que atualmente favorecem estudos com metas muito definidas. O mesmo autor diferenciou multidisciplinaridade de interdisciplinaridade. No primeiro caso o que há é a convivência paralela em um espaço físico ou intelectual de áreas diversas; no segundo a atuação em um espaço marcado pela tensão epistêmica, onde as diferentes discipli- nas convivem em diálogo permanente. Segundo Cardoso de Oliveira, é neste segundo caminho que se desenvolvem mais facilmente pesquisas de ponta. Se existe estudo no qual a interdiscipli- naridade é considerada essencial, este é o da evolução biológica, e mais es- pecificamente o da evolução humana. Devido ao seu caráter essencialmente sintetizador de fatos diversos, essas investigações se contrapõem à ten- dência reducionista que predomina na biologia hoje. Especialmente na nossa espécie as influências de fatores sócio- culturais, médico-epidemiológicos e de estrutura demográfica necessariamente devem ser consideradas em qualquer interpretação do nosso processo gené- tico-evolucionário. CONCLUSÃO A Antropologia, em seus primórdios, foi basicamente interdisciplinar e integradora. Com o acúmulo de novas informa- ções, de caráter diverso, tem havido uma tendência cada vez maior para a especialização em determinada sub- área. No caso do Brasil, os Programas de Pós-Graduação em Antropologia estão muito mais voltados à Antropo- logia Social ou Cultural do que às ou- tras subdisciplinas. Não está na hora de revertermos esta tendência? NOTAS 1 As pesquisas do autor são financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Salzano, F. M. Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  • 14. 25 Científico e Tecnológico, Programas Insti- tutos do Milênio e Apoio a Grupos de Ex- celência e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul. Referências Amorim, M.S. 2001. Roberto Cardoso de Oli- veira um artífice da antropologia. Brasília: Para- lelo 15 e Coordenação de Aperfeiçoamen- to de Pessoal de Nível Superior. Araújo, A.J.G. & L.F. Ferreira (Orgs.). 1992. Paleopatologia, paleoepidemiologia. Estu- dos multidisciplinares. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública. Arnaud, E. 1989. O índio e a expansão nacio- nal. Belém: CEJUP. Azevedo, T. 1975. Democracia racial. Ideologia e realidade. Petrópolis: Vozes. Baldus, H. 1954. Bibliografia crítica da etnologia brasileira. Volume I. São Paulo: XXXI. Con- gresso Internacional de Americanistas. Baldus, H. 1968. Bibliografia crítica da etnolo- gia brasileira. Volume II. Hannover: Müns- termann – Druck. Baruzzi, R.G., L.F. Marcopito, M.L.C. Ser- ra, F.A.A. Souza & C. Stabile. 1977. The Kren-Akorore: a recently contacted indi- genous tribe, in Health and disease in tribal societies. Editado por P. Hugh-Jones, pp. 179-211. Amsterdam: Elsevier. Cabral, A.S.A.C. & A.D. Rodrigues (Orgs.). 2007. Línguas e culturas Tupi. Campinas: Edi- tora Curt Nimuendajú e Laboratório de Lín- guas Indígenas, Universidade de Brasília. Cardoso, F.H. 1977. Capitalismo e escravidão no Brasil meridional. O negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Paz e Terra. Cardoso de Oliveira, R. 1964. O índio e o mundo dos brancos. A situação dos Tukúna do Alto Solimões. São Paulo: Difusão Eu- ropéia do Livro. Cardoso de Oliveira, R. 2006. Antropolo- gia e interdisciplinaridade, in Homenagens. Associação Brasileira de Antropologia 50 anos. Organizado por C. Eckert & E.P. Godoi, pp. 51-56. Florianópolis: Nova Letra. Carvalho, E. (Org.). 1987. A pesquisa do pas- sado. Arqueologia no Brasil. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Castro Faria, L. 1952. Pesquisas de Antro- pologia Física no Brasil. Boletim do Museu Nacional, Antropologia 13:1-106. Comas, J. 1996. Manual de Antropología Fí- sica. México, D.F: Universidad Autónoma de México. Corrêa, M. 1987. História da Antropologia no Brasil (1930-1960). Campinas: Vértice, Edi- tora dos Tribunais. Corrêa, M. 2003. As reuniões brasileiras de An- tropologia: cinquenta anos (1953-2003). Brasília: Associação Brasileira de Antropologia. Duarte, P. (Org.). 1968. Pré-história brasilei- ra. São Paulo: Instituto de Pré-História da Universidade de São Paulo. ____. 1970. Estudos de pré-história geral e bra- sileira. São Paulo: Instituto de Pré-História da Universidade de São Paulo. Durham, E.R. 2006. A relevância da An- tropologia, in Homenagens. Associação Brasi- leira de Antropologia 50 anos. Organizado por C. Eckert & E.P. Godoi, pp. 85-94. Floria- nópolis: Nova Letra. Eckert, C. & E.P. Godoi. (Orgs.). 2006. Ho- menagens. Associação Brasileira de Antropologia 50 anos. Florianópolis: Nova Letra. Fernandes, F. 1949. A organização social dos Tupinambá. São Paulo: Instituto Progresso Editorial. Galvão, E. 1960. Áreas culturais indígenas do Brasil – 1900-1959. Boletim do Museu Para- ense Emílio Goeldi, Antropologia 8:1-41. Grimas, B.F. (Ed.). 1992. Ethnologue. Lan- guages of the world. Dallas: Summer Institute of Linguistics. A Antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade possível? Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
  • 15.   26 Kroeber, A.L. 1953. Introduction, in Anthro- pology today. Editado por A.L. Kroeber, pp. xiiixv. Chicago: University of Chicago Press. Laytano, D. 1956. Populações indígenas. Estudo histórico de suas condições atuais no Rio Grande do Sul – Caingang. Revista do Museu Júlio de Castilhos e Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul 5(6):201-246. Maybury-Lewis, D. 1967. Akw-Shavante so- ciety. Oxford: Clarendon Press. Mendes, J.C. 1970. Conheça a pré-história brasileira. São Paulo: Polígono e Editora da Universidade de São Paulo. Métraux, A. 1946. The Caingang, in Han- dbook of South American Indians, volume 1. Editado por J.H. Steward, pp. 445-475. Wa- shington, D.C.: Smithsonian Institution. Mussolini, G. Organizadora. 1969. Evolu- ção, raça e cultura. São Paulo: Companhia Editora Nacional. Neves, W.A., A.G.M. Araujo, R. Kipnis & L.B. Piló. 2007. O projeto Origens e micro- evolução do homem na América: uma abor- dagem paleoantropológica, in Arqueologia e Patrimônio de Minas Gerais. Organizado por A.P.P.L. Oliveira, pp.73-90. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora. Penteado, A.R. 1978. Coletânea de estudos em ho- menagem a Annette Laming-Emperaire. São Paulo: Museu Paulista, Universidade de São Paulo. Pierson, D. 1942. Negroes in Brazil: a study of race contact at Bahia. Chicago: Chicago Uni- versity Press. Prous, A. 1992. Arqueologia brasileira. Brasí- lia: Editora da Universidade de Brasília. Ramos, A. 1943/1947. Introdução à Antropo- logia brasileira. Rio de Janeiro: Editora Casa do Estudante do Brasil. Ribeiro, D. 1957. Culturas e línguas indígenas do Brasil. Educação e Ciências Sociais 2:5-102. ____. 1968. Estudos de Antropologia da civi- lização. I. O processo civilizatório. Etapas da evolução sociocultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. Ribeiro, G.L. 2006. Pós-imperialismo, an- tropologias mundiais e a tensão provin- cianismo metropolitano/cosmopolitismo provinciano, in Homenagens. Associação Bra- sileira de Antropologia 50 anos. Organizado por C. Eckert & E.P. Godoi, pp. 107-113. Florianópolis: Nova Letra. Rodrigues, A.D. 1986. Línguas brasileiras. Para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Edições Loyola. Roosevelt, A., J. Douglas & L. Brown. 2002. The migrations and adaptations of the first Americans. Clovis and pre-Clovis viewed from South America, in The first Americans. The Pleistocene colonization of the New World. Editado por N.G. Jablonski, pp. 159-235. San Francisco: Ca-lifornia Acade- my of Sciences. Salzano, F.M. 1997. Brazil, in History of phy- sical anthropology. An encyclopedia, volume 1. Editado por F. Spencer, pp. 207-213. New York: Garland. Salzano, F.M. & M.C. Bortolini. 2002. The evo- lution and genetics of Latin American populations. Cambridge: Cambridge University Press. Salzano, F.M. & N. Freire-Maia. 1970. Proble- ms in Human Biology. A study of Brazilian popu- lations. Detroit: Wayne State University Press. Salzano, F.M. & A.M. Hurtado. 2004. Lost paradises and the ethics of research and publica- tion. New York: Oxford University Press. Sampaio Silva, O. 2007. Eduardo Galvão: ín- dios e caboclos. São Paulo: Annablume. Santos, S.C. 1973. Índios e brancos no sul do Brasil – a dramática experiência dos Xokleng. Florianópolis: EDEME, Indústria Edito- rial e Gráfica. Schaden, E. 1965. Aculturação indígena. Revista de Antropologia 13:1-315. Schmitz, P.I., M.B. Ribeiro, A.S. Barbosa, M.O. Barbosa & A.F. Miranda. 1986. Caia- pônia. Arqueologia nos cerrados do Brasil Cen- Salzano, F. M. Amazônica 1 (1): 12-27, 2009
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