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Anotações sobre os Eixos
Estruturadores do Pólo de Confecção
do Agreste e o Desenvolvimento
MARCOS COSTA LIMA
PROCONDEL
Caruaru
1 de Setembro 2015
Quadro geral
 2º maior pólo de confecções do Brasil;
 Faturamento anual bruto estimado em 1
bilhão de reais;
 19 mil unidades produtivas que empregam
130 mil pessoas em 10 cidades de
Pernambuco;
 70% em Caruaru, Toritama e Stª Cruz do
Capibaribe
Localização
A Família Silva – pequena Empresa
 A família Silva ilustra bem como as coisas funcionam por lá.
Jane, uma das três filhas, é dona de uma facção num pequeno
galpão no município de Taquaritinga. Semanalmente, ela
recebe 2 mil peças de um empresário que comercializa os
produtos acabados numa das mais de 10 mil operações do
Moda Center Santa Cruz do Capibaribe, a poucos quilômetros
dali. O tecido chega à casa dos Silva apenas cortado no formato
da peça (geralmente camisas). A mãe fica responsável por
colocar a abertura. Uma das irmãs, a gola. E a outra, unir a
frente às costas. Daí a peça, que rende R$ 1,20, segue para ser
acabada na facção. No Moda Center, é vendida a R$ 10
(adulto) e R$ 7,90 (infantil). É graças à confecção que a família
tem casa, comida e TV com DVD na sala.
Tecnologia
Condições de trabalho majoritárias
São pessoas que ainda não contam com folga semanal e férias
remuneradas, 13º, aposentadoria, FGTS, licença-maternidade.
A informalidade atinge 93% das facções e 66% das empresas.
Os maiores compradores do Pólo continuam sendo sacoleiros
e pequenos e médios lojistas. Por lá, ninguém acha muito
vantajoso fechar negócio com grandes magazines, que pedem
exclusividade e não dão garantia de renovação de contrato.
Gargalos da pequena e Média Empresa
 Quando a empresa não é competitiva, alguns fatores
impulsionam sua entrada e permanência na
informalidade, onde os custos para estarem
adequados às leis é o principal fator.
 As barreiras para o desenvolvimento das micro e
pequenas empresas: acesso a linhas de crédito,
qualificar microempresários, agilizar canais de
comercialização, criar regimes especiais fiscais, etc.
As organizações informais assemelhem-se quanto à
escassez de capital, quanto ao uso de tecnologias
obsoletas, mão de obra de baixa qualificação
(CACCIAMALI; SILVA, 2003).
A Grande Empresa
 O diretor presidente da Rota do Mar, Arnaldo Xavier é
dono da considerada a maior de confecções do Estado e
uma das maiores do Brasil. Com 18 anos no negócio,
uma estrutura que também nasceu no quintal de casa,
produz 1,4 milhão de peças por ano e emprega 1,2 mil
pessoas. Focada em surf, casual e street wear e esportes
de aventura, a Rota do Mar também contrata pequenas
facções, todas formalizadas, e orienta processos
produtivos e relações trabalhistas. A empresa deve fechar
2014 com um faturamento de cerca de R$ 40 milhões, um
crescimento perto de 10% ante 2013. “Em 2015, vamos
entrar no e-commerce e abrir duas lojas-conceito, em
Pipa e Porto”, diz Xavier.
O SENAI
 Desde 2010, os Senais de Caruaru e Santa
Cruz formaram quase 63 mil pessoas na área
têxtil e de vestuário, com índice de ocupação,
nos últimos anos, de 60% e média salarial
entre R$ 800 e R$ 1,1 mil.
 O Sebrae anunciou que irá investir R$ 15
milhões entre 2015 e 2018 no Agreste, entre
consultorias e cursos de formação gerencial.
Objetivos do SEBRAE nos Pólos
 criar um ambiente favorável ao desenvolvimento dos
pequenos negócios;reduzir a informalidade e
mortalidade das micro e pequenas empresas;
incrementara participação das micro e pequenas
empresas - MPE nos mercados interno e externo;
promover o acesso às tecnologias necessárias ao
desenvolvimento desses empreendimentos;
incentivar o empreendedorismo; viabilizar o acesso
às linhas de crédito; implantar o sistema de gestão do
conhecimento (consultoria na elaboração, gestão e
acompanhamento de projetos); criar e aprimorar os
mecanismos de apoio à comercialização de produtos
(Lima, 2011, p. 13).
O SEBRAE
 Entre os condôminos do Parque das Feiras (donos de
boxes e lojas) formou-se a Associação Logística
Parque das Feiras (ALPF), que tem o objetivo de
gerir administrativamente o centro comercial.Foi
necessário criar parcerias com o SEBRAE para
promover cursos de qualificação profissional dentro
do Parque das Feiras, ao mesmo tempo em que, de
vez em quando, se fazia a circular. Muitos deles não
sabiam nem escrever o nome, para assinar os
cheques, e foram criadas turmas de alfabetização
O Governo
O governo do estado criou, em 2012, o Núcleo
Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções, uma
organização social (O.S.) com contrato de três anos,
no valor de R$ 6,16 milhões. O objetivo é fomentar
novos negócios, explorar novos mercados e elaborar
estudos e pesquisas. Atualmente, dois projetos estão
em foco: o Marco Pernambucano da Moda, no
Recife Antigo, e o Programa de Inteligência
Mercadológica. O núcleo patrocina eventos como a
Rodada de Negócios da Moda Pernambucana, que
ocorre semestralmente em Caruaru
Governo Municipal
 O poder público municipal passou a ter uma atuação
marcante no território comercial de Toritama,
principalmente na Feira da Sulanca. Seu objetivo é o
de regular a inserção do comércio de confecções no
espaço público urbano e normatizar a própria
atividade comercial e os serviços a ela associados
(delimitando as áreas destinadas às atividades,
instituindo taxas, fornecendo infraestrutura e
serviços, fornecendo alvarás etc.).
Transformações no Pólo
O crescimento nos volumes de produção e comercialização, sua
projeção regional e nacional, a entrada em cena de grandes
atacadistas, a maior exposição à concorrência frente a outras
regiões produtoras (a China), uma maior presença do Estado
(com ações de fiscalização, de orientação, de institucionalização,
de investimento em infraestrutura e serviços), entre outros
fatores, vêm atuando para alterar sua configuração, inclusive no
que se refere à dinâmica formal-informal.
Isso, não apenas no sentido do simples avanço de um termo em
detrimento do outro, mas, sobretudo por estabelecer novos
processos envolvendo essa dualidade de situações, o que
podemos tratar como novas formas e dinâmicas de
informalização-formalização (Véras de Oliveira, 2013, p. 233).
 Em 2001, foi construído em Toritama, por
iniciativa de um grupo de investidores
privados, contando com o apoio do poder
público municipal, o primeiro centro
comercial dedicado aos produtos de
confecção da região, denominado Parque das
Feiras. Anos mais tarde, foi inaugurado o
Polo Comercial, em Caruaru, e o Moda
Center, em Santa Cruz do Capibaribe.
 Novos espaços de comercialização, em meio a uma
intensa especulação imobiliária, começaram a se
constituir no entorno: lojas, restaurantes, hotéis e
lanchonetes. Um destaque são lojas de grande porte
(de produtos de grife), instaladas em mais de uma
dezena . O Parque das Feiras, as grandes lojas e a
Feira da Sulanca não sendo suficientes para abrigar
todo o potencial comercial da região, constituiu-se a
Feira da Invasão. Esta, com características
próximas da Feira da Sulanca, dela difere
principalmente por não ser beneficiária de qualquer
reconhecimento e não estar submetida a nenhuma
regulação públicos.
Vista panorâmica do Parque das Feiras, da
Feira da Sulanca (ao lado) e das grandes lojas
Salários
 Dentre os contratados (formais e informais),
predomina o salário por comissão, sendo que
a renda semanal dos trabalhadores gira em
torno de R$ 200,00 a R$ 500,00. Os
entrevistados relataram que, em períodos de
alta nas vendas, a renda semanal dos
sulanqueiros alcança de R$ 800,00 a R$
1000,00, com as mercadorias sendo vendidas
antes mesmo da feira se encerrar.
Os 3 municípios
 Os municípios de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e
Toritama são integrantes do Arranjo Produtivo Local (APL)
de Confecções e de Lavanderia do Agreste de Pernambuco.
Juntos formam um dos maiores pólos de confecção de
vestuário do País. Ao todo são mais de 3 mil empresas
formais e 8 mil informais, que produzem em torno de 600
milhões de peças ao ano, gerando 75 mil empregos diretos e
15 mil indiretos. Enquanto que o pólo de lavanderias do
Agreste formado pela cidade: Toritama, Caruaru, Brejo da
Madre de Deus e Riacho das Almas somam mais de 250
lavanderias. Apresentando-se como uma das maiores
concentração de lavanderias do País (RECICLAGEM, 2006).
Toritama
 Toritama tem o segundo maior pólo de confecções
do Brasil, sobretudo na produção de jeans, sendo
conhecida nacionalmente como a cidade do jeans. A
170 km de Recife, sendo um município pequeno,
possui como atividade principal a indústria de
confecções e lavanderias industriais.Possui mais de
12 mil indústrias e é responsável por 14% da
produção de jeans no País, produzindo cerca de dois
milhões de peças/ano, o município apresenta taxas
de desemprego próximas de zero (COSTA, 2008;
SILVA, 2006).
Questões
 Sustentabilidade dos Pólos: 1. manutenção das
atividades no tempo e 2. sustentabilidade
ambiental;
 O apoio dos Governos: federal/estadual e
municipal
 Melhoria da Infra-estrutura;
 Problema do inchaço das cidades;
 A alta informalidade;
 A precarização do Trabalho;
Questões
 Qualificação da mão-de-obra;
 Nível de organização dos empreendedores;
 Impedir o trabalho infantil;
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internacional e abertura de Mercados;
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Anotações sobre os Eixos Estruturadores do Pólo de Confecção do Agreste e o Desenvolvimento

  • 1. Anotações sobre os Eixos Estruturadores do Pólo de Confecção do Agreste e o Desenvolvimento MARCOS COSTA LIMA PROCONDEL Caruaru 1 de Setembro 2015
  • 2.
  • 3. Quadro geral  2º maior pólo de confecções do Brasil;  Faturamento anual bruto estimado em 1 bilhão de reais;  19 mil unidades produtivas que empregam 130 mil pessoas em 10 cidades de Pernambuco;  70% em Caruaru, Toritama e Stª Cruz do Capibaribe
  • 4.
  • 6. A Família Silva – pequena Empresa  A família Silva ilustra bem como as coisas funcionam por lá. Jane, uma das três filhas, é dona de uma facção num pequeno galpão no município de Taquaritinga. Semanalmente, ela recebe 2 mil peças de um empresário que comercializa os produtos acabados numa das mais de 10 mil operações do Moda Center Santa Cruz do Capibaribe, a poucos quilômetros dali. O tecido chega à casa dos Silva apenas cortado no formato da peça (geralmente camisas). A mãe fica responsável por colocar a abertura. Uma das irmãs, a gola. E a outra, unir a frente às costas. Daí a peça, que rende R$ 1,20, segue para ser acabada na facção. No Moda Center, é vendida a R$ 10 (adulto) e R$ 7,90 (infantil). É graças à confecção que a família tem casa, comida e TV com DVD na sala.
  • 8. Condições de trabalho majoritárias São pessoas que ainda não contam com folga semanal e férias remuneradas, 13º, aposentadoria, FGTS, licença-maternidade. A informalidade atinge 93% das facções e 66% das empresas. Os maiores compradores do Pólo continuam sendo sacoleiros e pequenos e médios lojistas. Por lá, ninguém acha muito vantajoso fechar negócio com grandes magazines, que pedem exclusividade e não dão garantia de renovação de contrato.
  • 9.
  • 10. Gargalos da pequena e Média Empresa  Quando a empresa não é competitiva, alguns fatores impulsionam sua entrada e permanência na informalidade, onde os custos para estarem adequados às leis é o principal fator.  As barreiras para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas: acesso a linhas de crédito, qualificar microempresários, agilizar canais de comercialização, criar regimes especiais fiscais, etc. As organizações informais assemelhem-se quanto à escassez de capital, quanto ao uso de tecnologias obsoletas, mão de obra de baixa qualificação (CACCIAMALI; SILVA, 2003).
  • 11.
  • 12. A Grande Empresa  O diretor presidente da Rota do Mar, Arnaldo Xavier é dono da considerada a maior de confecções do Estado e uma das maiores do Brasil. Com 18 anos no negócio, uma estrutura que também nasceu no quintal de casa, produz 1,4 milhão de peças por ano e emprega 1,2 mil pessoas. Focada em surf, casual e street wear e esportes de aventura, a Rota do Mar também contrata pequenas facções, todas formalizadas, e orienta processos produtivos e relações trabalhistas. A empresa deve fechar 2014 com um faturamento de cerca de R$ 40 milhões, um crescimento perto de 10% ante 2013. “Em 2015, vamos entrar no e-commerce e abrir duas lojas-conceito, em Pipa e Porto”, diz Xavier.
  • 13.
  • 14. O SENAI  Desde 2010, os Senais de Caruaru e Santa Cruz formaram quase 63 mil pessoas na área têxtil e de vestuário, com índice de ocupação, nos últimos anos, de 60% e média salarial entre R$ 800 e R$ 1,1 mil.  O Sebrae anunciou que irá investir R$ 15 milhões entre 2015 e 2018 no Agreste, entre consultorias e cursos de formação gerencial.
  • 15.
  • 16. Objetivos do SEBRAE nos Pólos  criar um ambiente favorável ao desenvolvimento dos pequenos negócios;reduzir a informalidade e mortalidade das micro e pequenas empresas; incrementara participação das micro e pequenas empresas - MPE nos mercados interno e externo; promover o acesso às tecnologias necessárias ao desenvolvimento desses empreendimentos; incentivar o empreendedorismo; viabilizar o acesso às linhas de crédito; implantar o sistema de gestão do conhecimento (consultoria na elaboração, gestão e acompanhamento de projetos); criar e aprimorar os mecanismos de apoio à comercialização de produtos (Lima, 2011, p. 13).
  • 17.
  • 18. O SEBRAE  Entre os condôminos do Parque das Feiras (donos de boxes e lojas) formou-se a Associação Logística Parque das Feiras (ALPF), que tem o objetivo de gerir administrativamente o centro comercial.Foi necessário criar parcerias com o SEBRAE para promover cursos de qualificação profissional dentro do Parque das Feiras, ao mesmo tempo em que, de vez em quando, se fazia a circular. Muitos deles não sabiam nem escrever o nome, para assinar os cheques, e foram criadas turmas de alfabetização
  • 19. O Governo O governo do estado criou, em 2012, o Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções, uma organização social (O.S.) com contrato de três anos, no valor de R$ 6,16 milhões. O objetivo é fomentar novos negócios, explorar novos mercados e elaborar estudos e pesquisas. Atualmente, dois projetos estão em foco: o Marco Pernambucano da Moda, no Recife Antigo, e o Programa de Inteligência Mercadológica. O núcleo patrocina eventos como a Rodada de Negócios da Moda Pernambucana, que ocorre semestralmente em Caruaru
  • 20.
  • 21. Governo Municipal  O poder público municipal passou a ter uma atuação marcante no território comercial de Toritama, principalmente na Feira da Sulanca. Seu objetivo é o de regular a inserção do comércio de confecções no espaço público urbano e normatizar a própria atividade comercial e os serviços a ela associados (delimitando as áreas destinadas às atividades, instituindo taxas, fornecendo infraestrutura e serviços, fornecendo alvarás etc.).
  • 22. Transformações no Pólo O crescimento nos volumes de produção e comercialização, sua projeção regional e nacional, a entrada em cena de grandes atacadistas, a maior exposição à concorrência frente a outras regiões produtoras (a China), uma maior presença do Estado (com ações de fiscalização, de orientação, de institucionalização, de investimento em infraestrutura e serviços), entre outros fatores, vêm atuando para alterar sua configuração, inclusive no que se refere à dinâmica formal-informal. Isso, não apenas no sentido do simples avanço de um termo em detrimento do outro, mas, sobretudo por estabelecer novos processos envolvendo essa dualidade de situações, o que podemos tratar como novas formas e dinâmicas de informalização-formalização (Véras de Oliveira, 2013, p. 233).
  • 23.  Em 2001, foi construído em Toritama, por iniciativa de um grupo de investidores privados, contando com o apoio do poder público municipal, o primeiro centro comercial dedicado aos produtos de confecção da região, denominado Parque das Feiras. Anos mais tarde, foi inaugurado o Polo Comercial, em Caruaru, e o Moda Center, em Santa Cruz do Capibaribe.
  • 24.  Novos espaços de comercialização, em meio a uma intensa especulação imobiliária, começaram a se constituir no entorno: lojas, restaurantes, hotéis e lanchonetes. Um destaque são lojas de grande porte (de produtos de grife), instaladas em mais de uma dezena . O Parque das Feiras, as grandes lojas e a Feira da Sulanca não sendo suficientes para abrigar todo o potencial comercial da região, constituiu-se a Feira da Invasão. Esta, com características próximas da Feira da Sulanca, dela difere principalmente por não ser beneficiária de qualquer reconhecimento e não estar submetida a nenhuma regulação públicos.
  • 25. Vista panorâmica do Parque das Feiras, da Feira da Sulanca (ao lado) e das grandes lojas
  • 26. Salários  Dentre os contratados (formais e informais), predomina o salário por comissão, sendo que a renda semanal dos trabalhadores gira em torno de R$ 200,00 a R$ 500,00. Os entrevistados relataram que, em períodos de alta nas vendas, a renda semanal dos sulanqueiros alcança de R$ 800,00 a R$ 1000,00, com as mercadorias sendo vendidas antes mesmo da feira se encerrar.
  • 27. Os 3 municípios  Os municípios de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama são integrantes do Arranjo Produtivo Local (APL) de Confecções e de Lavanderia do Agreste de Pernambuco. Juntos formam um dos maiores pólos de confecção de vestuário do País. Ao todo são mais de 3 mil empresas formais e 8 mil informais, que produzem em torno de 600 milhões de peças ao ano, gerando 75 mil empregos diretos e 15 mil indiretos. Enquanto que o pólo de lavanderias do Agreste formado pela cidade: Toritama, Caruaru, Brejo da Madre de Deus e Riacho das Almas somam mais de 250 lavanderias. Apresentando-se como uma das maiores concentração de lavanderias do País (RECICLAGEM, 2006).
  • 28. Toritama  Toritama tem o segundo maior pólo de confecções do Brasil, sobretudo na produção de jeans, sendo conhecida nacionalmente como a cidade do jeans. A 170 km de Recife, sendo um município pequeno, possui como atividade principal a indústria de confecções e lavanderias industriais.Possui mais de 12 mil indústrias e é responsável por 14% da produção de jeans no País, produzindo cerca de dois milhões de peças/ano, o município apresenta taxas de desemprego próximas de zero (COSTA, 2008; SILVA, 2006).
  • 29. Questões  Sustentabilidade dos Pólos: 1. manutenção das atividades no tempo e 2. sustentabilidade ambiental;  O apoio dos Governos: federal/estadual e municipal  Melhoria da Infra-estrutura;  Problema do inchaço das cidades;  A alta informalidade;  A precarização do Trabalho;
  • 30. Questões  Qualificação da mão-de-obra;  Nível de organização dos empreendedores;  Impedir o trabalho infantil;  Estudos e pesquisas sobre Concorrência internacional e abertura de Mercados;  Perspectivas de Futuro