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Faculdades Integradas IESGO
               Curso Normal Superior




ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA
                   ESCRITA


              MARIA NILMA DE PAIVA




          FORMOSA-GO, DEZEMBRO DE 2006
MARIA NILMA DE PAIVA




ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA




                       Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
                       ao Curso de Graduação em Normal Superior
                       como requisito parcial à obtenção do grau de
                       Licenciado em Normal Superior, com
                       habilitação para as séries iniciais das
                       FACULDADES Integradas IESGO.

                       Orientadora: Profª. Sandra Zanetti Moreira




             FORMOSA, DEZEMBRO DE 2006
MARIA NILMA DE PAIVA




      ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA




     Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado à obtenção do grau

de Licenciatura em Normal Superior com habilitação para as séries iniciais e

aprovada em sua forma final pelo Curso de Graduação em Normal Superior das

Faculdades Integradas IESGO.

     Formosa-GO, 12 de dezembro de 2006.



___________________________________________________________________

      Prof. MSC. Venâncio de Souza Junior – Faculdades Integradas IESGO



___________________________________________________________________

   Profª. Sandra Zanetti Moreira – Orientadora – Faculdades Integradas IESGO
Dedico    o   resultado   desse
trabalho ao meu esposo Nadir José de Paiva,
e aos filhos Poliane, Wander, Advo e Bruno,
ao meu genro Mauro e aos netinhos Samuel
Filipe e Tiago Emanuel, e ao meu irmão Noel
pela contribuição nesse período de estudos.
Agradeço primeiramente a Deus
e aos mestres Venâncio   e Sandra pela
enorme    contribuição     para   minha
aprendizagem.
Tudo que existe antes, dentro e depois do oficio de educar,
existe no interior de relações de trocas vivas
Onde o trabalho sobre o mundo e entre os homens
É o único poder que tem o dom de a tudo transformar.
Pensar nossa própria prática como um trabalho entre os outros,
recria-la e fazê-la,
Transformar-se em cada uma das suas esferas a da sala de
aula, a da escola, a do sistema, a do lugar do sistema,
Entre outros de nosso mundo agora,
Imaginar que a educação existe muito mais imensa do que a
escola,
Que os educadores somos todos os que temos
O olhar dirigido ao horizonte de um mundo de homens livres,
Mas com as mãos e coração metidos nas questões e nos
caminhos de agora,
De que devemos ser, mais do que mestres
Muito mais do que meros mediadores de um poder supremo:
Irmãos e companheiros da lição humana de um mesmo
caminhar”


       Última estrofe de “Avôs e netos no meio da noite”
                                    Carlos Rodrigues Brandão.
RESUMO




       Pesquisas de como se processa a Psicogênese da Escrita nas crianças na
alfabetização tem sido objeto de vários estudos, por parte de estudiosos e de
educadores, tendo como objetivo averiguar como se desenvolve a seqüência de
elaboração e resolução dos conflitos gerados pelos desafios que os alunos
enfrentam para passarem de um nível para outro dentro desse processo. O objetivo
desse trabalho de final de curso foi averiguar, na realidade do cotidiano de sala de
aula como o professor desenvolve esse trabalho, e comparar os níveis que as
crianças da turma do 2º ano do ensino fundamental, de uma escola pública da
cidade de Cabeceiras vem participando e em quais níveis da construção da escrita
elas se encontram através da análise dos dados coletados: atividades avaliativas. O
resultado que se espera é detectar exatamente quantos alunos se encontram em
cada um dos 04 (quatro) níveis descritos nos estudos de Ferreiro (1979), e tendo
como referência as pesquisas de Grossi (1990), Smolka (1993) Weisz (2002), para
tanto foi feito, após a coleta de dados o confronto entre teoria e prática, analisando
cada um dos itens propostos para avaliação e classificação das atividades, os
resultados alcançados foram: dos 23 (vinte e três) alunos que participaram da
pesquisa: 06 (seis) são pré-silábicos; 06(seis) são silábicos; 07 (sete) são silábico-
alfabéticos e 03(três) são alfabéticos.


Palavras-chave: Alfabetização – Psicogênese – Escrita – Desafios – Níveis
ABSTRACT




        Researches of as Psicogênese of the Writing is processed in the children in
the literacy it has been object of several studies, on the part of specialists and of
educators, tends as objective discovers as he/she grows the elaboration sequence
and resolution of the conflicts generated by the challenges that the students face for
us to pass inside of a level for other of that process. The objective of that work of
course end was to discover, in reality of the daily of class room as the teacher
develops that work, and to compare the levels that the children of the group of the
2end year of the fundamental teaching, of a public school of the city of Headboards
are participating and in which level of the construction of the writing they meet
through it analyzes her/it of the collected data: activities avaliativas. The result that
one wait is to wait is to detect exactly how many student they are in each one of the
04 (four) levels described in Blacksmith’s studies (1979), and tends as reference the
researches of Grossi (1990), Smolka (1993), Weisz (2002), for so much it was done,
after the collection of data the confrontation between theory and practive, analyzing
each on the items proposed for evaluation and classification of the activities, the
reached results were: of the 23 (twenty-three) students that participated in the
research: 06 (six) they are pré-syllabic; 07 (seven) they are syllabic-alphabetical and
03 (three)they are alphabetical.



Keywords: Literacy – Psicogênese – Writing – Challenges - Levels
LISTA DE TABELAS




Tabela 01 – Processo de construção da escrita: fases e características ........... 22
Tabela 02 – Análise dos dados coletados........................................................... 35
SUMÁRIO




INTRODUÇÃO...............................................................................................           11
CAPÍTULO I. PERSPECTIVA HISTÓRICA ....................................................                              13
CAPÍTULO II. PSICOGÊNESE DA ALFABETIZAÇÃO...................................                                        20
CAPÍTULO III. ALFABETIZAÇÃO; A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA ..........                                                     25
CAPÍTULO IV. METODOLOGIA....................................................................                        34
  4.1. Participantes .....................................................................................          34
  4.2. Instrumento........................................................................................          35
  4.3. Análise dos dados coletados ............................................................                     35
  4.4. Relatório de análise dos dados coletados ........................................                            35
  4.2. Relatório de análise dos dados coletados............................................                         35
CONCLUSÃO..................................................................................................         39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................                          41
ANEXO............................................................................................................   43
  Anexo – Modelo Atividade Avaliativa.........................................................                      44
INTRODUÇÃO




      A alfabetização tem sido, através dos tempos, motivo de estudos e pesquisas.

Nas últimas três décadas maior atenção foi dedicada à construção do processo da

escrita, a psicogênese da escrita e da leitura, baseado nos estudos de Emilia

Ferreiro e Ana Teberosky (1979). Após essa pesquisa e baseado nos resultados

apresentados, mudou-se a concepção sobre o processo de alfabetização e

construção da escrita, através da comprovação das fases que a criança atravessa

no processo de aquisição da escrita, as perspectivas e características de cada uma

delas. A partir dessa constatação, passa-se a perceber que vários são os fatores

que podem influenciar os avanços e retrocessos dos alunos nesse processo.

      Esse trabalho apresenta algumas reflexões sobre a Psicogênese da

Alfabetização, como ela vem sendo desenvolvida numa perspectiva histórica, nas

crianças das séries iniciais do ensino fundamental, das escolas públicas da cidade

de Cabeceiras, em Goiás, cenário escolhido para coleta de dados para análise e

discussão sobre o tema.

      Na busca de fundamentar teoricamente para embasar esse trabalho de

pesquisa, apoiei-me nos estudos de Piaget, Vigotsky e Wallon, sobre a criança, seu

desenvolvimento e o processo de construção da escrita, isto é na Psicogênese da

escrita e sobre as influências exercidas nas crianças, no período da alfabetização.

      Foi precisamente a necessidade de analisar como acontece a construção da

escrita nas séries iniciais do ensino fundamental, que foi escolhida a turma de 2º

ano, com faixa etária entre 6-7 anos. A escolha justifica-se, visto que nas escolas

públicas os alunos estão tendo acesso à leitura escrita nessa faixa etária, e a partir
da análise dessas atividades pode-se perceber o quanto o aluno teve de contato

com a escrita e a leitura fora da escola, compreendendo sobretudo que fatores

internos e externos podem contribuir para o sucesso da alfabetização.

      A análise dos dados coletados nos leva a considerar que se o índice de

alunos nos níveis alfabético e silábico alfabético, forem número igual ou superior a

60% da turma, os objetivos pré-estabelecidos da alfabetização para a série foram

alcançados, conforme informação da professora-regente. E, que as informações que

foram possíveis coletar tornaram a compreensão e o enriquecimento do trabalho

maior, e passíveis de avaliação para classificação em níveis, principal objetivo desse

Trabalho de Conclusão de Curso.
CAPÍTULO I
                             PERSPECTIVA HISTÓRICA




      A leitura e escrita foram surgindo historicamente a partir do momento em que

o homem aprendeu a comunicar seus pensamentos e sentimentos. Daí houve a

necessidade em registrar as idéias sobre como funciona o sistema de comunicação.

(BARBOSA, 1994).

      Esse processo de registro teve início de maneira prática

                      ... com a pintura nas cavernas do período paleolítico; transformou-se na
                      pictografia (registro de idéias por desenhos copiados da natureza com
                      relativo realismo); aperfeiçoou-se com a simplificação desses desenhos,
                      transformando-os em ideogramas (sinais simplificados de desenhos, já
                      sem a preocupação de faze-los cópias fiéis da natureza) e resultou na
                      criação dos fonogramas (sinais que representam os sons da língua falada),
                      invenção essa atribuída ao povo semita, que habitava a Ásia Menor.
                      ( RIZZO, 2005, p.13)


      A escrita que temos hoje, o alfabeto com o qual (re)construímos graficamente

nosso olhar, com o qual podemos dizer das coisas e dos outros, é resultante “de

longos anos de história da escrita e decorrente de sua necessidade de registrar

fatos, idéias e pensamentos”. ( RIZZO, 2005,p.13)

      Nota-se na realidade que o desenvolvimento da escrita evoluiu devido às

observações nas mudanças de governo, nos fatores geográficos, sociais, culturais e

econômicos, portanto os registros históricos se fizeram necessários, para garantir às

gerações futuras os conhecimentos dos fatos passados.

      Ao criar-se código de sinais para fixação do conhecimento, precisou de

compreensão para dominá-lo, isso para que os que quisessem ter acesso à

informação escrita.
Em muitas culturas históricas, a linguagem escrita era dominada por uma

casta de funcionários ou sacerdotes, o que assegurava o poder através do controle

da referente linguagem. Os escribas, sacerdotes do antigo Egito ou Eclesiásticos da

Idade Média européia desfrutavam desse privilégio.

        Na Antiguidade, na Grécia e Roma Antiga, o ensino da leitura e da escrita

                       ... enfatizava de tal forma o domínio do alfabeto (ensino do nome e das
                       formas das letras), a ponto de o processo iniciar-se pela caligrafia e pelo
                       reconhecimento oral do nome de cada sinal (letra). Esse  procedimento era
                       bastante repetitivo e demorado e transformava-se, numa fase posterior, na
                       conjugação de dois, depois três sinais para serem “lidos” juntos, formando
                       assim novos sons, sem qualquer preocupação de ligação destes a
                       significados. ( RIZZO,2005, p.14)




        A respeito do processo de ensino da leitura e da escrita, RIZZO (2005, p.14),

iniciava com exercícios de domínio de todas as possíveis combinações de letras e

sons, assim passavam para a etapa posterior, na qual somente depois de “os

alunos já estarem manobrando bem penas e tintas na caligrafia das letras, estes

eram, então, levados a formarem palavras, que, depois, reunidas, formavam frases

e, finalmente, textos”.

        A origem do termo alfabetizar1deve-se ao ensino do alfabeto e “ ao primeiro

método de ensino, que conhecemos pelo nome de alfabético2. ( RIZZO, 2005,p.15)

        Como já foi enfatizado, saber ler e escrever era sinal de status, e somente as

classes da elite tinham acesso, o que persistiu até muito recentemente.

        O ensino na Grécia

                          ... era sempre individual e cabia aos escravos (pessoas cultas retidas como
                          prisioneiras de guerra) faze-lo.Em Roma, em época posterior, os filhos dos
                          ricos já iam à escola. Os professores eram, geralmente, gregos, na sua
                          maioria, escravos dos romanos. Ensinavam a poucos alunos, em cada
                          classe, que podia ser de meninos ou de meninas, separadamente. As aulas
                          eram sempre na parte da manhã. ( RIZZO, 2005, p.15)
1
    Grifo da autora.
2
    Grifo da autora
Com o passar dos anos, na Antiguidade, o método alfabético passou a ser

questionado pelos pedagogos frente as dificuldades dos alunos em “ enunciar sons

resultantes de combinações de consoantes com vogais, tendo aquelas nomes

diferentes dos sons que deveriam evocar”. (RIZZO, 2005, p. 15) Devido a esse

fracasso, substituíram “por uma simplificação, que era semelhante em tudo ao

primeiro, porém não ensinava mais o nome das letras e sim o seu respectivo som.

Assim foi crido o método fônico ou fonético3. ( Id, Ibidem)

        Por volta do séc. XV foi inventada a imprensa móvel4 que veio ao mundo

europeu romper com os modos antigos, porém reservados a poucos. A partir do

Renascimento a quantidade de indivíduos que dominavam a leitura e escrita veio a

aumentar. A Reforma Protestante insistiu em que os fiéis lessem a Bíblia, o que

motivou o aumento do interesse pelo domínio do alfabeto. Mais tarde surgiu o

iluminismo      a   desempenhar        no    desenvolvimento        da    alfabetização,     sentiu

necessidade em alfabetizar a sociedade, para contar com um povo alfabetizado no

seu conjunto. No inicio do séc. XIX os estados liberais europeus providenciaram

planejamentos de alfabetização para escolarização de crianças obrigatoriamente.

(CENED, 2002).

        No Brasil os portugueses encontraram povos primitivos quando chegaram às

costas da Bahia no ano de 1.500. Dividiam-se em tribos mediante tradição oral,

passaram as sucessivas gerações os valores de seus antepassados. Estes povos

eram muitas tribos indígenas existentes no Brasil acolheram os europeus, em anos

seguintes foram submetidos à catequese cristã por várias ordens religiosas. Os


3
     Grifo do autor.
4
     Atribui-se a Gutenberg a invenção da imprensa em 1450. Pelo menos foi ele um dos primeiros
    impressores que se serviram de tipos móveis”. -- Enciclopédia Delta Júnior, Volume 7, Editora
    Delta.S. A., Rio de Janeiro, p. 993)
Jesuítas, com a finalidade catequética, implantaram a primeira escola no Brasil,

assim :

                     A educação jesuítica, nos chamados “tempos heróicos” (primeiros 21 anos
                     – 1549-1570), comandados pelo Padre Manuel da Nóbrega, era organizada
                     em recolhimentos onde eram educados mamelucos, os órfãos, os
                     indígenas (especialmente os filhos dos caciques) e os filhos dos colonos
                     brancos dos povoados.




      A partir de 1556, Anchieta recolheu a língua falada no Brasil, na região sul e

elaborou uma Gramática da Língua-Guarani, e as primeiras peças educacionais

compostas a partir da matriz européia.

             Quando as tropas napoleônicas se aproximaram de Lisboa, a família

real veio para o Brasil, ensinou-se uma nova Educação brasileira no Reinado de D.

João VI com novos e exigiram novas posturas da antiga e pobre colônia nos

aspectos cultural e industrial. Alguns que já haviam estudado tiveram acesso ao

ensino superior, e a comunidade permaneceu analfabeta.

      Com a proclamação da Independência do Brasil, continuou a mesma linha de

pensamento do tempo de D. João VI, implantaram curso de direito em Pernambuco

e São Paulo. A alfabetização permaneceu esquecida, nessa época o acesso à

alfabetização era restrito aos padres, freiras e aos descendestes das famílias que

tinham condições financeiras, pagavam o ensino particular, o catolicismo arcava

com os estudos para aqueles que optavam por ser padre ou freira.

      O Decreto Imperial de 15 de outubro de 1827

                     ... foi a primeira lei de instrução elementar, no Brasil, durante o Império e
                     única até 1946. Por esses dados já se pode ter uma idéia do descaso com
                     que foi tratada a educação elementar. A             tradição das camadas
                     privilegiadas de tratar a instrução elementar como tarefa da família, por
                     meio de perceptores, dispensava a reivindicação de escolas. Quando o
                     faziam era apenas para confirmar o discurso demagógico que permeou
                     todas as ações da elite ante as necessidades da população. ( ZOTTI, 2004.
                     P.39)
O segundo imperador do Brasil. D. Pedro II, não implantou sequer um curso

superior e não se preocupou com a questão do analfabetismo, ainda porque toda a

produção agrícola era suportada pela mão-de-obra escrava.

      Ainda no decorrer do Segundo Império começaram a surgir, por todo o Brasil,

escolas geradas pelos trabalhos de pregação de missionários evangélicos

presbiterianos vindos dos Estados Unidos da América. Os presbiterianos fundaram

escola fundamental que restringia apenas aos protestantes e maçons situação que a

comunidade continuava sem estudar.

      Durante a República velha, copiaram-se a constituição do Estados Unidos,

deram seguimentos ao ensino particular e proibiram o ensino público. No Estado

Novo impediram o processo educativo pelos estrangeiros existentes no Brasil, em

virtude à imigração européias e Asiáticas, que começaram a ignorar a Língua

Portuguesa. Foi barrada pelo o governo que ignorou também o Ensino público e

básico.

      Durante República, o período da Primeira República, “produziu uma farta

legislação sobre o ensino superior em todo o país e os ensinos secundários e

primário” que se tornaram inoperantes com a Constituição de 1891 e a vitória do

federalismo, “que deferiu aos estados a atribuição do ensino primário, dando-lhes o

direito de organizar os seus sistemas escolares, sem fixar as diretrizes de uma

política de educação nacional”. (ZOTTI, 2004. p.68)

      Na década de 70 iniciou ações do movimento brasileiro de alfabetização

(MOBRAL), que atingiu 30 milhões de jovens e adultos nos 3.953 municípios em que

penetrou. Extinto em 25.11.1985 deu origem a Fundação Educar.
O MOBRAL, no Brasil, emergiu enquanto luta pela educação popular e assim

como:

                      ... nos países dependentes, pode ser analisada sob dois ângulos: a)
                      política externa, b) política interna. No Brasil o primeiro nos conduz ao
                      MOBRAL que tem como objetivo a adaptação, a preparação da mão-de-
                      obra para o mercado de trabalho. Para isso o indivíduo deve ser
                      alfabetizado a fim de receber duma forma mais fácil as informações e o
                      treinamento que lhe permitirão desenvolver o trabalho que lhe está
                      reservado no desenvolvimento do país, ou seja: o indivíduo é condicionado
                      e instrumentalizado. (BORBA, 1984, p.22)


        Também no inicio dos anos 80, com o objetivo fundamental de promover a

participação comunitária, entraram em ação o Programa Nacional de Ações Sócio -

Educativos para o Meio Rural (PRONASEC) e o Programa de Ações Sócio-

Educativos e Culturais (PRODASEC), centrado nas zonas urbanizadas.

        No entanto, essas iniciativas não resolveram o problema de expandir

efetivamente a alfabetização.      No Brasil hoje, os atuais governantes brasileiros

têm despendido grandes esforços para afastar o analfabetismo e para oferecer

educação em todos os níveis à sociedade.

        Atualmente a principal motivação, de vários autores que pesquisam sobre o

processo de construção da escrita, na perspectiva da teoria desenvolvida por Emília

Ferreiro, deve-se ao fato dessa abordagem enfocar a origem e a evolução das

funções a psicogênese da escrita da criança em relação à alfabetização.

        Para FERREIRO (1989, p.24):

                      A desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente
                      social. Mas as práticas sociais, assim como as informações sociais, não
                      são recebidas passivamente pelas crianças. Quando tentam compreender,
                      elas necessariamente transformam o conteúdo recebido. Além do mais, a
                      fim de registrarem a informação, elas a transformam. Este é o significado
                      profundo da noção de assimilação5que Piaget coloca no âmago de sua
                      teoria. (1986,p.24)




5
    Grifo do autor
Em decorrência das conclusões obtidas por Emilia Ferreiro, as estudiosas

nessa abordagem sentem a necessidade de uma reestruturação nos conceitos, nas

práticas e nas posturas didáticas, repensando a função do professor alfabetizador e,

principalmente, considerando a criança como o sujeito que está se desenvolvendo

num ambiente social cuja alfabetização se realiza num processo de construção de

conhecimento referente ao sistema alfabético da escrita. Neste sentido, a criança

não está sendo alfabetizada por alguém, mas sim está alfabetizando-se ao interagir

com o meio e com as pessoas que a cercam. O principal objetivo deste trabalho é

levar–nos, enquanto educadoras e alfabetizadoras, que somos, a rever nossa

postura, refletir e definir nossa prática numa postura construtivista e esclarecer os

principais pontos da obra de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, sobre as questões

que envolvem a Psicogênese da Língua Escrita.
CAPÍTULO II

                      PSICOGÊNESE DA ALFABETIZAÇÃO




      A psicogênese da língua escrita constitui-se por uma seqüência crescente de

níveis de complexidade da compreensão da criança em relação à leitura e a escrita.

A construção do objeto conceitual “ler e escrever”, faz-se, portanto, durante vários

anos, através de um processo progressivo de elaboração pessoal. Sobre a

psicogênese da escrita, Weisz, (2002, p. 20) afirma que:

                     Segundo mostrou a psicogênese da língua escrita, em uma sociedade
                     letrada as crianças constroem conhecimentos sobre a escrita desde de
                     muito cedo, a partir do que podem observar e das reflexões que fazem a
                     esse respeito. Em busca de uma lógica que explique o que não
                     compreendem quando ainda não se alfabetizaram, as crianças elaboram
                     hipóteses muito interessantes sobre o funcionamento da escrita. (2002, p.
                     20)


      A psicogênese da língua escrita, formulada por Emilia Ferreiro e

colaboradores, é uma teoria. A teoria consiste em um modelo explicativo do real.

Uma tentativa de descrever coerentemente o que é comum a todos os processos

individuais de alfabetização. A psicogênese da língua escrita mostra que o processo

de aprendizagem não é dirigido pelo processo de ensino. Nesse aspecto que existe

o diferencial da teoria, ao invés de questionar como o professor deve alfabetizar,

Emilia Ferreiro enfoca como o aluno se alfabetiza.

      Silva (1994, p. 17), concorda com Vygotsky (1984) que as crianças não

aprendem a escrita, complexo sistema de signos, através de atividades mecânicas e

externas aprendidas apenas na escola. O seu domínio da escrita resulta de um

longo processo de desenvolvimento de funções comportamentais complexas, na

qual participa e atua. Cita, ainda, Ferreiro e Teberosky (1979) que afirma que a
criança já elaborou uma concepção acerca da escrita muito antes de receber

instrução formal escolar.

      Vygostsky considera as primeiras manifestações gráficas como precursoras

da escrita. Na verdade, para esse autor tanto esses rabiscos como as brincadeiras

de faz de conta e o desenho “devem ser vistos como momentos diferentes de um

processo essencialmente unificado de desenvolvimento da linguagem escrita.”

( 1984) apud SILVA 1994, P. 18).

      De acordo com Silva (1994, p. 18), no que diz respeito à relação

desenho/escrita, Ferreiro e Teberosky analisaram a postura da criança diante de

uma gravura com legenda e verificaram que, para a criança diante de uma gravura

com legenda e verificaram que, para a criança, o que está escrito é sempre

predizível a partir do desenho e que, numa primeira etapa de conceitualização, o

desenho e o texto constituem uma única unidade.

       A partir dessa constatação é desenvolvida toda a concepção das fases de

desenvolvimento da relação da criança com a escrita, a passagem do desenho

(símbolos/desenhos) até a escrita ortográfica, vai depender da fase pela qual a

criança está passando.

      Ferreiro (1986), defende que “esse processo de construção cognitiva se

caracteriza por estruturações e sucessivas reestruturações, geradas pelos

desequilíbrios originários nas contradições entre esquemas diferentes”, afirmando,

ainda que, é possível destingir três grandes períodos:

                    a) O primeiro período caracteriza-se pela distinção entre o modo de
                    representação figurativo e o não-figurativo, ou seja, o sujeito é capaz de fazer
                    a distinção entre "desenhar" e "escrever"; começa a utilizar sinais gráficos
                    diversos (linhas, bolinhas, letras e números) com determinada repetição para
                    representar a escrita. Ou seja, nesse período sujeito consegue diferenciar o
                    sistema de representação da escrita de outros sistemas de representação:
                    fundamentalmente diferencia o desenho da escrita. Os sujeitos começam a
utilizar marcas figurativas quando desenham e não figurativas quando
                      escrevem.
                      b) No segundo período, verifica-se a construção de formas de diferenciação
                      entre os sinais gráficos que se manifestam pelo controle progressivo das
                      variações, tanto sobre o eixo quantitativo (o sujeito estabelece quantidades
                      diferentes de grafias para representar diferentes palavras), como sob o eixo
                      qualitativo (o sujeito varia o repertório e a posição das grafias para obter
                      escritas diferentes). Essas variações realizadas nesse período correspondem
                      à fase pré-silábica, sendo que uma das características da escrita é a
                      correspondência da quantidade de sinais gráficos ao tamanho do objeto e
                      não ainda, aos sons da fala.
                      c) No terceiro período, verifica-se a fonetização da escrita pela atenção que
                      o sujeito começa a dar às propriedades sonoras dos significantes, ou seja,
                      dá-se à descoberta de que as partes da escrita (letras) podem corresponder
                      a outras tantas partes da palavra. Nesse período a pessoa chega a
                      diferenciar as escrituras, relacionando-as com a pauta sonora da fala.



      Segundo Silva (1994, p.19), Ferreiro e Teberosky (1979), constataram ao

analisar como as crianças escrevem sem a ajuda escolar, que elas consideram

letras, símbolos e desenhos como forma de escrita. Os resultados obtidos dessa

análise definiram cinco etapas evolutivas no longo caminho para a aquisição e

domínio do sistema alfabético. Isto é entre a representação inicial, constituída por

simples rabiscos, até a final, na qual a criança já descobriu que cada letra de uma

palavra representa corresponde a um som da fala (fonema), há uma longa distância

a ser percorrida.

      As cinco etapas evolutivas a serem percorridas até chegar ao domínio da

escrita alfabética podem ser representado, ou os níveis da psicogênese escrita no

quadro abaixo, como o processo da construção da escrita:

TABELA 01: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA ESCRITA: Fases e características




FASES               CARACTERÍSTICAS
                    início dessa construção, as tentativas das crianças dão-se no
                    sentido da reprodução dos traços básicos da escrita com que elas
                    se deparam no cotidiano. O que vale é a intenção, pois, embora o
                    traçado seja semelhante, cada um "lê" em seus rabiscos aquilo
que quis escrever. Desta maneira, cada um só pode interpretar a
FASE 01
          sua própria escrita, e não a dos outros. Nesta fase, a criança
          elabora a hipótese de que a escrita dos nomes é proporcional ao
          tamanho do objeto ou ser a que está se referindo.
          a hipótese central é de que para ler coisas diferentes é preciso
          usar formas diferentes. A criança procura combinar de várias
FASE 02
          maneiras as poucas formas de letras que é capaz de
          reproduzir.Nesta fase, ao tentar escrever, a criança respeita duas
          exigências básicas: a quantidade de letras (nunca inferior a três) e
          a variedade entre elas, (não podem ser repetidas).
          são feitas tentativas de dar um valor sonoro a cada uma das letras
          que compõem a palavra. Surge a chamada hipótese silábica,
          isto é, cada grafia traçada corresponde a uma sílaba pronunciada,
          podendo ser usadas letras ou outro tipo de grafia. Há, neste

FASE 03   momento, um conflito entre a hipótese silábica e a quantidade
          mínima de letras exigida para que a escrita possa ser lida.A
          criança, neste nível, trabalhando com a hipótese silábica, precisa
          usar duas formas gráficas para escrever palavras com duas
          sílabas, o que vai de encontro às suas idéias iniciais de que são
          necessários, pelo menos três caracteres. Este conflito a faz
          caminhar para outra fase.
          ocorre, então a transição da hipótese silábica para a alfabética. O
          conflito que se estabeleceu - entre uma exigência interna da
FASE 04
          própria criança ( o número mínimo de grafias ) e a realidade das
          formas que o meio lhe oferece, faz com que ela procure
          soluções.Ela, então, começa a perceber que escrever é
          representar progressivamente as partes sonoras das palavras,
          ainda que não o faça corretamente.
          finalmente, é atingido o estágio da escrita alfabética, pela
          compreensão de que a cada um dos caracteres da escrita
          corresponde valores menores que a sílaba, e que uma palavra, se
FASE 05   tiver duas sílabas, exigindo, portanto, dois movimentos para ser
          pronunciada, necessitará mais do que duas letras para ser escrita
          e a existência de uma regra produtiva que lhes permite, a partir
          desses elementos simples, formar a representação de inúmeras
sílabas, mesmo aquelas sobre as quais não se tenham
                    exercitado.



      Telma Weisz, consultora do Ministério da Educação autora de tese de

doutorado orientada por Emilia Ferreiro, faz um alerta muito importante aos

professores alfabetizadores: “não é porque o aluno participa de forma direta da

construção do seu conhecimento que o professor não precisa ensiná-lo.” (CENED,

2003, p.72). Ainda segundo a autora, “Faz-se necessário que o professor organizar

atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita, porque é pensando

que ela aprende.”

      De acordo com Grossi (1990, p.11), estudos sobre alfabetização, dentre

outros desdobramentos mostra necessidade de enfatizar a trilogia das Didáticas dos

Níveis Pré Silábico, Silábico e Alfabético não representa momentos distintos do

trabalho   de   alfabetização     mas,   ao   contrário,   devem   ser   operacionadas

simultaneamente, atendendo a benéfica heterogeneidade dos níveis dos alunos

numa mesma sala de aula e a interferência de outros fatores na leitura e na escrita.




                                     CAPÍTULO III

                ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA
“A identificação e análise no momento de interações e ações conjuntas, o

processo de internalização, isto é, a transformação de um processo interpessoal e

intrapessoal.”(VYGOTSKY, 1978, p. 57).

      Relacionam-se e se articulam discurso interior e discurso escrito, no período

egocêntrico manifesta-se à proximidade entre três a sete anos, e o seu fim coincide

com o inicio da escolaridade, quando tem inicio sobre informações da escrita. A

linguagem escrita faz parte do discurso social no contexto da sociedade letrada e da

industria cultural. Levando em conta o próprio processo de elaboração socio-

histórico-cultural da escrita e suas condições e funções hoje, discurso interior e

linguagem escrita interagem, que implicações tem isso no processo inicial da leitura

e como se dá a relação na gênese da produção escrita. O contato com a escrita

transforma a elaboração interior.

                      O discurso interior é a linguagem completamente desabrochada em
                      toda a sua dimensão, é uma linguagem mais completa do que a
                      falada. O discurso interior é quase completamente predicativo
                      porque a situação, o assunto pensado é sempre conhecido de quem
                      pensa. A linguagem escrita, pelo contrario, tem que explicar
                      completamente a situação para ser intelegível. A transformação do
                      discurso interior, condensado ao máximo, em linguagem escrita,
                      pormenorizada ao máximo, a exige o que poderíamos designar por
                      semântica deliberada do fluir do =significado. (VYGOTSKY, 1975,
                      p.100).

      Sabe-se que o conhecimento teórico do professor a respeito de como a

criança aprende é fundamental na organização de ensino-aprendizagem. Não o

conhecimento explicativo no discurso, mas aqueles presentes nas posturas e,

principalmente, na sua prática. Conhecer os discursos que circulam no universo a

respeito da escrita, a importância da construção deste conhecimento pela criança

explicitando ter informações, leituras, e conhecer alguns princípios metodológicos

acerca da teoria construtivista e da psicogênese da língua escrita. Faz reconhecer
que a leitura e a escrita dá-se através de um processo de construção e que no grupo

de aprendizagem há níveis diferenciados.

      Porém diz-se que o aspecto a ser considerado, no processo de ensino seja o

desejo da criança de apropriar-se da aprendizagem diante de situações prazerosas,

porém a capacidade de desejar e a inteligência não se caracterizam como dons

inatos, mas como resultados de uma construção, cabendo ao educador o desafio de

estimular no sujeito o desenvolvimento dessas capacidades, e o desejo de interagir

com a leitura e escrita, é algo a ser construído a partir dessa preparação.

      Dentre os sistemas de comunicação desenvolvidos pelos seres humanos, a

escrita que é uma notação da língua falada por meio de signos gráficos.

      A linguagem oral possui marcantes qualidades rítmicas, enteracionais,

expressivas e paralinguistica, advindas de necessidades imediatas da situação

interacional, na qual papéis sociais e atos de significação são imediatamente pelos

interlocutores, sem nenhum caminho, preestabelecido. Na lingugame escrita, isso

não acontece, surge de necessidades e situações mais abstratas nas quais, faz com

que a interação seja mediada pela própria escrita. (SILVA, 1994, p. 13).

      Para Gody (1978), a linguagem escrita é duradoura e permite a comunicação

no tempo e espaço, ou seja, sua finalidade principal é a leitura.

      Percebe-se que escrever é uma forma de linguagem com o                  qual pode

expressar, comunicar com as demais pessoas que convivem. E que a criança se

apropria desse conhecimento no dia-a-dia, precisa partir do seu cotidiano de vida.

E o professor    assume o papel de mediador, a nortear a criança percorrer um

caminho da sua própria construção. Não abrir mão de ouvir, falar, ler e escrever

sobre a realidade, as emoções e o mundo da fantasia.
Segundo as teorias desenvolvidas por Emília Ferreiro (1985) deixam de

fundamentar-se o ensino mecanizado sobre o processo de alfabetização para seguir

os pressupostos construtivistas/interacionais de Vygotsky e Piaget (1988). Da ação

de ensinar o processo parte para o ato de aprender por meio da construção de um

conhecimento a ser realizado pelo educando, que passará a ser visto como um

agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que lhe ensinado.

      É importante destacar Santos & Sanson (2005, p. 7) sobre as contribuições

de Paulo Freire e Emilia Ferreiro foram decisivas para a mudança de paradigma

sobre o que significa alfabetizar, Freire destaca que para se chegar à consciência

crítica, que é ao mesmo tempo desafiadora e transformadora, são imprescindíveis o

diálogo crítico, a fala e a convivência. Portanto, percebe-se que não basta seguir

uma seqüência lógica de dificuldades na leitura e na escrita, é necessário que o

processo esteja relacionado à vivência e o contexto do aluno, levando-o a

compreensão de mundo mais crítico e reflexiva.

      Para Santos & Sanson (2005, p. 7), é importante frisar que Ana Teberosky,

em seus estudos, apresenta duas contribuições para a educação da língua

portuguesa nas séries iniciais: a primeira destaca que escrita, leitura e linguagem

oral se desenvolvem de maneira interdependentes desde a mais tenra idade; a

segunda considera como a criança é influenciada pelos contextos sociais em que

está inserida e como esses contextos determinados influenciam também a

alfabetização inicial, facilitando a aprendizagem da leitura e da escrita.

      Santos & Sanson (2005), fazem importantes considerações sobre o ambiente

alfabetizador e as contribuições do contexto para o processo de alfabetização:

primeiro que para poder adquirir conhecimentos sobre a escrita, a criança irá

procurar assimilar as informações que o meio lhe fornece, então formulará hipóteses
procurando descobrir e organizar seus conhecimentos. E, que o professor que

entendem o papel de mediador em todo esse processo costumam organizar um

ambiente rico em elementos escritos, utilizando diferentes materiais, não apenas os

escolares,    mas os de uso social, enriquecendo a cultura o contexto da cultura

escrita a que as crianças já têm acesso.

      Baseado em Silva (1994), de acordo com Ferreiro e Teberosky (1979), ao

analisar como as     crianças escrevem sem ajuda escolar. Os resultados obtidos

dessa análise definiram cinco etapas evolutivas no longo caminho para aquisição e

domínio do sistema alfabético. Quer dize, entre a representação inicial, constituída

de simples rabiscos que cada letra de uma palavra corresponde a um fonema, há

uma longa distância e a ser percorrida.

      Num período, as autoras constataram que, para a criança, a escrita deveria

refletir algumas características do objeto representado. Já num segundo nível, a

escrita deveria apresentar diferenças objetivas, para poder representar significados

diferentes.

      Num terceiro estágio, a criança representaria a sílaba falada por um símbolo

gráfico (hipótese silábica), ou seja, para ela cada letra valeria por uma sílaba. Ao

passar para esse nível a criança deixaria de lado a correspondência global entre as

formas escrita e a informação oral atribuída, para operar com relação entre as partes

do texto (cada letra) e partes oral (recorte silábico da palavra), ou seja, ela notaria

um fato muito importante – a escrita representa partes da fala. Na passagem da

hipótese silábica para a alfabética, há um período em que as propostas de escrita

das crianças penderiam entre o silábico e o alfabético. A hipótese alfabética é o

ultimo estagio dessa trajetória. Ao formulá-la, a criança descobriria que cada letra de
uma palavra deveria corresponder a um som da fala (fonema), portanto a valores

menor que a sílaba.

      Cabe ressaltar Grossi (1990, p.11), quando afirma que:

                      (...) é importante enfatizar que a triologia das Didáticas dos Níveis Pré-
                      silábico, silábico e alfabético não representam momentos distintos do
                      trabalho do alfabetizador mas, ao contrario, devem se operacionalizadas
                      simultaneamente, atendendo a benéfica heterogeneidade dos níveis dos
                      alunos numa mesma sala de aula e a interferência de outros fatores na
                      leitura e na escrita.



      Segundo Ferreiro (1985), a quantidade de letras com que se vai escrever uma

palavra corresponde com a quantidade de partes que se reconhece na emissão oral.

Essas “partes” da palavra são inicialmente as suas silabas. Inicia-se assim o período

silábico, que evolui para compreensão de uma silaba por letra. Esta hipótese silábica

é da maior importância, por duas razões: permite obter um critério geral para regular

as variações na quantidade de letras que devem ser escritas, e centra a atenção da

criança nas variações sonoras entre as palavras. No entanto a hipótese silábica cria

suas próprias condições de contradição entre o controle silábica e a quantidade

mínima de letras que uma escrita deve possuir para ser interpretável.

      No mesmo período as letras podem começar a adquirir valores sonoros

(silábicos) relativamente estáveis, o que leva a estabelecer correspondência com o

eixo quantitativo, as partes sonoras semelhantes entre as palavras começam a se

exprimir por letras semelhantes.

      Ferreiro desenvolveu trabalhos revolucionários no campo da aquisição da

escrita, fundamentado na teoria de Piaget e definiu quatro níveis pelos quais o

alfabetizando passa na psicogênese da escrita: pré-silábico, silábico, silábico-

alfabético e alfabético. (GROSSI, 1990, p.19).
Inicialmente a criança começa por diferenciar o que é a escrita do que é

desenho e perceber que o texto escrito tem significado próprio. Passa por várias

hipóteses, as crianças utilizam as letras do repertório que conhecem ou criam

símbolos para escrever.

         De acordo com Ferreiro (1985), a definição do nível é constituído por um

conjunto de condutas determinadas pela forma como o individuo vivencia os

problemas em cada etapa do processo de aprendizagem da escrita, essas são

divididas em categorias e subcategorias.

         Nível pré-silábico, a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência

entre grafia e os sons, ou seja, não apresenta nenhum tipo de correspondência

sonora. Esse processo representa a escrita de um período longo do processo de

alfabetização. Ainda não é claro para o individuo o relacionamento entre a escrita e

o pensamento. Suas dúvidas podem se situar no nível dos aspectos gráficos podem

se situar no nível dos aspectos gráficos da forma e da função das letras e números.

Ele começa fazer questionamentos sobre os sinais gráficos. Risco sobre o papel

representa a escrita, algumas vezes, as letras podem estar associadas a palavras

inteiras, uma paginas inteiras de letras podem corresponder a uma só palavra.

         As categorias e subcategorias do nível pré-silábico. Grafismos, classificados

em três tipos: primitivos e escrita gráfica. Escrita fixa: a mesma série de letras na

mesma ordem para diferentes nomes. O nome próprio geralmente é valido para

todas as palavras. Escritas diferenciadas – grafia na mesma ordem diferentes

quantidades de grafias. Quantidade de repertório para diferenciar uma escrita da

outra.
De acordo com Grossi (1990, p.16), silábico é o período em que estes alunos

acrescentam letras, sobretudo às suas escritas de palavras dissílabas e

monossílabas, como meio de transformá-las em “verdadeiras escritas´.

      O nível silábico:     quando o aluno      compreende que as diferenças das

representações escritas se relacionam com as diferenças na pauta sonora das

palavras. De acordo com Gossi (1990, p. 19), “ é importante assinalar que, no nível

silábico, leitura e escrita começam a ser vistas como duas ações com certo tipo de

interligação coerente”.

      Grossi (1990, p.19), aponta para a importância, para o professor

alfabetizador, das duplas de Wallon, formadas pelos alunos na relação leitura e

escrita: “ os sujeitos que se alfabetizam tratam os elementos presentes no campo

conceitual da leitura e escrita, formando duplas, como por exemplo:

a) (desenho, escrita) (letra, algarismo)

b) (palavra, número) (quantidade de letras, tamanho do referente)

c) (leitura, escrita) leitura, desenho) (escrever, movimento da escrita)

d) (palavra, muitas letras) (ler, postura de alguém que lê)

e) (ler, falar em voz alta olhando um papel escrito ou não).

      Estas e outras duplas constituem o sistema de base que vai dar origem à

compreensão de nossa língua escrita.

      Geralmente, nesse nível o aluno faz corresponder uma grafia a cada silaba e

também a letra pode servir para qualquer nome. O aluno pode associar cada silaba,

vogal ou consoante. Por exemplo: PATO poderá ser escrito com PT ao AO = PTAO.
No nível silábico poderá ocorrer que, quando lhe é proposto a escrever uma

frase, o aluno utiliza uma letra para cada palavra ao invés de uma letra para cada

silaba. O aluno do nível silábico resolve temporariamente o problema da leitura,

porque consegue ler o que escreve. Isso constata o processo de alfabetização, qual

seja, o da vinculação leitura-escrita até então independentes. Saber escrever mas

não poder ler o que foi escrito é o fato gerador de conflito da passagem para outro

nível.   No nível silábico-alfabético coexistem duas formas de fazer corresponder

sons e grafias: a silábica e alfabética. Cada grafia corresponde a um som.

         O nível alfabético, trata-se de um estágio significativo na escrita, a

constituição alfabética de silabas. Sabe-se entretanto, que a fonetização das silabas

não é instantânea e definitiva. O aluno começa a escrever alfabeticamente algumas

sílabas e para a escrita de outras, permanece silábico. A passagem de um nível

para outro faz-se trabalhando o conhecimento de cada um.

         De acordo com Ferreiro (1985, p.27), o período silábico-alfabético marca a

transição entre os esquemas prévios em via de serem abandonados e os esquemas

futuros em vias de serem construídos. Visto que, quando a criança descobre que a

silaba não pode ser considerada como uma unidade, mas que ela é, por sua vez,

reanalisável em elementos menores. É a partir daí, que descobre novos problemas:

pelo lado quantitativo, que se por um lado não basta uma letra por silaba, também

não se pode estabelecer nenhuma regularidade duplicando a quantidade de letras

por silabas, esse é o grande desafio gerado por conflitos no inicio do processo de

alfabetização.

         Esse período entre o nível silábico-alfabético e o alfabético é quando a

criança já internalizou a necessidade de resolver os conflitos gerados pela
representação do som pela letra, e sobretudo abstrair a idéia de palavras maiores ou

menores (em número de letras ou sílabas) e a simbologia do objeto.
CAPÍTULO IV
                                  METODOLOGIA




      A presente pesquisa, de natureza qualitativa, que utilizou como instrumentos

atividades avaliativas, onde se procurou identificar através das produções escritas

os níveis de alfabetização que os alunos pertenciam. Foram participantes desta

pesquisa uma turma de 2º ano do ensino fundamental de uma escola pública da

cidade de Cabeceiras-GO.



      4.1. Participantes



       A turma composta de 29 alunos, distribuídas entre 10 (dez) alunos do sexo

feminino e 19 (dezenove) do sexo masculino, na faixa etária entre e 6 (seis) e 7

(sete) anos, sendo que a maioria já tem os sete anos completos. Do total de alunos

somente 23 (vinte e três) participaram das atividades. O índice de abstenção deve

ao fato dos alunos não estar freqüente por ocasião da aplicação do instrumento.



      4.2. Instrumento



      O instrumento usado foi a Atividade Avaliativa composta de 10 itens,

referentes a compreensão da fase, que o aluno se encontra, dentro do processo de

construção da escrita e da leitura, Psicogênese da escrita, baseado na relação entre

teoria Ferreiro (1985), Grossi (1990), Smolka (1993) e Silva (1994), dentre outros e a

prática observada no cotidiano de sala de aula.
4.3.Análise dos dados coletados



            Os dados coletados fazem parte de atividades avaliativas aplicadas em de 23

(vinte e três), alunos presente na turma, nos dias pré-fixados para desenvolver a

atividade proposta. Os resultados           serão apresentados na forma de relatório, onde

será estabelecido o confronto entre teoria e prática. Isto é, cada dos itens analisados

será baseado na revisão da literatura para a devida classificação.



            4.4.Relatório de análise dos dados coletados



            A seguir será feita a análise dos exemplos de escrita dos alfabetizandos que
participaram da pesquisa, usando como referência os 10 itens analisados, para
classificação, fundamentados da revisão da literatura.


TABELA 02 : ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS



Questões                      Resultados observados
01. Faça um desenho           18 (dezoito) crianças conseguiram fazer o desenho, mas não
e escreva o nome ao           conseguiram colocar o nome do desenho. Do total de alunos
lado:                         somente 05 (cinco) crianças conseguiram desenhar e escrever o
                              nome dos desenhos.
 02.: Escreva o nome          11 (onze) crianças utilizaram vários tipos de letras para dar nomes
dos desenhos                  aos desenhos; 01 (uma) criança não escreveu nada e outra
                              preencheu o espaço com rabiscos; 05 (cinco) crianças utilizaram
                              uma letra para cada sílaba em dar nomes aos desenhos; 10
                              crianças escreveram as sílabas corretas porém trocando algumas
                              letras; somente 05 (cinco) crianças escreveram corretamente os
                              nomes.


03      e    04:   Qual   a   01 (um) não respondeu; 10 (dez) responderam que é boi porque
palavra maior boi ou          ele é grande;     06 (seis) crianças disseram que é formiga,
formiga? Porque?              demonstrando ter noção que a palavra têm mais letras ou sílabas,
07 (sete) crianças disseram que é a formiga, porém não
                             conseguiram distinguir o porquê.
05: Leia as palavras e       09 (nove) crianças leram corretamente e desenharam; 09 (nove)
desenhe ao lado.             leram em partes; 05 (cinco) não leram nenhuma palavra.
06: Leia as palavras e       05 (cinco) crianças escreveram corretamente relacionando o
desenhe ao lado              desenho com a palavra; 02 (dois) confundiram uma talha de
                             melancia com queijo; outra disse que talha de melancia era uma
                             estrela; 10 (dez) crianças disseram o nome dos desenhos
                             inventando letras e 05 (cinco) escreveram corretamente com as
                             letras certas, reconhecendo o desenho de forma coerente.
07:     Produção        de   04 (quatro) alunos emendaram bastante as letras, 02 (dois)
Texto      à   vista    de   fizeram rabiscos, 11 (onze) alunos inventaram letras e fizeram
gravura:                     pequenas palavras dizendo que era histórias. 03 (três) alunas
                             escreveram pequeno texto, utilizando colocações corretas; 02
                             (duas) não fizeram nada.
08: A palavra cachorro       10 (dez) alunos acham que a palavra maior é cachorro; 08 (oito)
é maior que a palavra        tiveram noção de mais letras ou sílabas; 02 (dois) disseram: que
casa? Por que?               é desse jeito porque sim.
  09: Escreva          uma   11(onze) crianças escreveram para palavra grande: várias letras
palavra grande: e            emendadas até ficar enorme, e para as pequenas poucas letras;
10:     Escreva        uma   porém todas fora de ordem de formar sílabas. 02 (dois) alunos
palavra pequena:             fizeram rabiscos para as duas questões. 01 (um) aluno não fez
                             nada e 02 (dois) fizeram com pequeno erro, faltando alguma letra
                             para a palavra; 06 (seis) alunos escreveram tendo noção das
                             palavras grandes e a palavra pequena e com sílabas corretas.


Fonte: da própria autora (2006)



        Considera-se como resultado da análise dos dados coletados que 06 (seis)

alunos estão no nível pré-silábico, visto que nesse nível, a escrita é alheia a

qualquer busca de correspondência entre grafia e sons,                   as crianças fazem

experiência de ler a realidade em desenhos, gravuras, ou seja em imagens gráficas.

“ (...) a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência entre grafia e os sons,

ou seja, não apresenta nenhum tipo de correspondência sonora. Esse processo
representa a escrita de um período longo do processo de alfabetização.”

(FERREIRO, 1999).

      Dos trabalhos analisados, nota-se que 06 (seis) alunos estão no nível

silábico” nesse nível, o sujeito formula a hipótese de que para cada sílaba oral deve

corresponder uma letra (sinal gráfico) e qualquer letra pode servir para qualquer

som” (FERREIRO, 1999), conforme a análise de Weisz (2002) e Smolka (1993),

por exemplo a palavra ABACATE, pode ser escrita: ABRAU, ABA, ABACAE.

      A partir da análise das atividades avaliativas conclui-se que: 07 (sete)

crianças estão no nível silábico-alfabético, “ Nesse nível a pessoa ouve a pronúncia

de cada sílaba e começa a fazer a correspondência entre sons e letras. Consiste

ainda em uma escrita bastante fonética, pois a tendência da criança é escrever

exatamente como ela ouve. “ (FERREIRO, 1999). De acordo com a referencia de

Weisz (2002) e Smolka (1993), ainda há uma forte ligação com a oralidade, não

havendo domínio da ortografia: MELAIA – MELECIA – MALASIA – (MELANCIA)

      Dos 23 (vinte e três) alunos que fizeram parte da atividade somente 03 (três)

alunos podem ser considerados no nível alfabético: “trata-se de um estágio

significativo na escrita, a constituição alfabética de silabas. Sabe-se entretanto, que

a fonetização das silabas não é instantânea e definitiva. O aluno começa a escrever

alfabeticamente algumas sílabas e para a escrita de outras, permanece silábico. A

passagem de um nível para outro faz-se trabalhando o conhecimento de cada um.”

(FERREIRO, 1985). De acordo com as considerações feitas por Grossi (1999) e

Smolka (1993), este nível é evidenciado quando a criança começa a fonetizar a

sílaba; iniciando um processo de correspondência entre fonemas e grafemas, a

criança começa a compreender que uma sílaba pode ser formada por uma, duas ou

três letras. Ex. FOMIGA – FUMIGA – BANANA N – BOBOLETA.
Nessa fase eles já são capazes de explicar que a palavra FORMIGA é maior

por que tem mais letras, ou mais sílabas, já tem a concepção exata para

exemplificar palavras grande e pequena       pelo número de letras ou sílabas:

ÁRVORE      e CASA. Sabe exemplificar: representando graficamente os nomes dos

desenhos. Nota-se também uma significativa mudança na produção do texto, onde

as palavras podem estar escritas no nível silábico-alfabético, mas o aluno já tem

noção de seqüência de fatos e idéias, elaborando frases e orações com sentido

completo.

      Cabe ressaltar que se o professor alfabetizador não será capaz de

desenvolver um bom trabalho, se ele não tiver o conhecimento da Psicogênese da

Escrita e do processo de construção que a criança executa, através da resolução de

conflitos pela transpossição de cada um dos desafios que ela vai resolvendo no

decorrer do processo, e sobretudo compreender o importante papel do professor

alfabetizador como mediador nesse processo, estimulando o aluno através da

colaboração, oferecendo um ambiente rico e propício capaz de motivar os alunos

para novas aprendizagens.




                            CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de alfabetização pelo qual todas as crianças vão passar, algumas

de forma mais harmoniosa, outras porém enfrentando maiores desafios, isso

dependendo do ritmo de cada aluno para a aprendizagem. Os conflitos que geram

os desafios, processo relevante para que a aprendizagem aconteça, podem ser

compreendidas como etapas, estágios ou níveis, sucessivas que a criança vai

assimilando e com isso aumentando o grau de dificuldades que o aluno vai

vencendo.

      A mudança de um nível para outro depende de um processo de assimilação

de grau de dificuldades, gerada por um conflito interno, mediante estímulos

recebidos. Esses níveis não são inflexíveis, ao contrário, vários são os fatores que

podem interferir para que esse processo seja mais rápido em cada um dos

indivíduos, portanto, não estão diretamente ligados à faixa etária, mas sim a outros,

tais como maturidade, leitura de mundo, contato com a leitura e a escrita.

      Estudos apontam, também, para o fato de que o meio é um fator de influência

no processo de aprendizagem. No decorrer da revisão da literatura, comprova-se

que os fatores que interferem de forma positiva ou negativa, podem ser intrínseco ou

extrínseco. E, ainda que o professor tem um importante papel no ensino-

aprendizagem do aluno.

      A pesquisa de campo cujo objetivo foi averiguar como está o rendimento dos

alunos da turma, tendo em vista os avanços obtidos, enfim, em que estágio se

encontra esses alunos no que se refere à aquisição da leitura e da escrita. Os

resultados apontam para o fato de que: dos 23 (vinte e três) alunos participantes: 06

(seis) são pré-silábicos; 07 (sete) são silábico-alfabéticos e 03 (três) são alfabéticos.
Considera-se que os objetivos foram alcançados, visto que através de subsídios da

revisão da literatura, oportunizou a capacitação para analisar, classificar e concluir

os estágios que cada um dos alunos se encontram.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. ª ed. rev – São Paulo: Cortez,
1994.



CENED. Alfabetização: um processo em construção/Centro de Educação a
Distância. Brasília-DF: CENED, 2003.



FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização/Emilia Ferreiro: tradução Horacio
Gonzalez...(et.al.) – São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1985.



FERREIRO, Emilia. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas,
1999.



________________. Alfabetização em Processo. São Paulo: Cortez, 1986.



GROSSI. Esther Pillar. Didática da Alfabetização. Vol. 2 – Didática do Nível Silábico.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.



RIZZO, Gilda. Alfabetização Natural. 3ª edição- Rio de Janeiro: Editora Bertrand
Brasil, 2005.



SANTOS, C.M.C. dos & J.M.de S. SANSON. Descobertas & Relações –
Alfabetização/Cibele Mendes Curto dos Santos e Josiane Maria de Souza Sanson.
2ª ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2005



SILVA, Ademar. Alfabetização: a escrita espontânea/ Ademar Silva – 2ª edição . São
Paulo: Contexto, 1994 – (Repensando a Língua Portuguesa).
SMOLKA, Ana Luiza B. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como
processo discursivo/ Ana Maria Bustamante Smolka - 6ª ed.- São Paulo: Cortez,
1993 (Coleção passando a limpo).



WEISZ, Telma. O dialogo entre o ensino e a aprendizagem. Com Ana Sanchez – 2ª
ed. São Paulo: Ática, 2002.



ZOTTI, Solange Aparecida. Sociedade, Educação e Currículo no Brasil: dos Jesuítas
aos anos de 1980. Campinas, SP: Autores Associados, Brasília, DF: Editora Plano,
2004.
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  • 1. Faculdades Integradas IESGO Curso Normal Superior ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA MARIA NILMA DE PAIVA FORMOSA-GO, DEZEMBRO DE 2006
  • 2. MARIA NILMA DE PAIVA ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Normal Superior como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciado em Normal Superior, com habilitação para as séries iniciais das FACULDADES Integradas IESGO. Orientadora: Profª. Sandra Zanetti Moreira FORMOSA, DEZEMBRO DE 2006
  • 3. MARIA NILMA DE PAIVA ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado à obtenção do grau de Licenciatura em Normal Superior com habilitação para as séries iniciais e aprovada em sua forma final pelo Curso de Graduação em Normal Superior das Faculdades Integradas IESGO. Formosa-GO, 12 de dezembro de 2006. ___________________________________________________________________ Prof. MSC. Venâncio de Souza Junior – Faculdades Integradas IESGO ___________________________________________________________________ Profª. Sandra Zanetti Moreira – Orientadora – Faculdades Integradas IESGO
  • 4. Dedico o resultado desse trabalho ao meu esposo Nadir José de Paiva, e aos filhos Poliane, Wander, Advo e Bruno, ao meu genro Mauro e aos netinhos Samuel Filipe e Tiago Emanuel, e ao meu irmão Noel pela contribuição nesse período de estudos.
  • 5. Agradeço primeiramente a Deus e aos mestres Venâncio e Sandra pela enorme contribuição para minha aprendizagem.
  • 6. Tudo que existe antes, dentro e depois do oficio de educar, existe no interior de relações de trocas vivas Onde o trabalho sobre o mundo e entre os homens É o único poder que tem o dom de a tudo transformar. Pensar nossa própria prática como um trabalho entre os outros, recria-la e fazê-la, Transformar-se em cada uma das suas esferas a da sala de aula, a da escola, a do sistema, a do lugar do sistema, Entre outros de nosso mundo agora, Imaginar que a educação existe muito mais imensa do que a escola, Que os educadores somos todos os que temos O olhar dirigido ao horizonte de um mundo de homens livres, Mas com as mãos e coração metidos nas questões e nos caminhos de agora, De que devemos ser, mais do que mestres Muito mais do que meros mediadores de um poder supremo: Irmãos e companheiros da lição humana de um mesmo caminhar” Última estrofe de “Avôs e netos no meio da noite” Carlos Rodrigues Brandão.
  • 7. RESUMO Pesquisas de como se processa a Psicogênese da Escrita nas crianças na alfabetização tem sido objeto de vários estudos, por parte de estudiosos e de educadores, tendo como objetivo averiguar como se desenvolve a seqüência de elaboração e resolução dos conflitos gerados pelos desafios que os alunos enfrentam para passarem de um nível para outro dentro desse processo. O objetivo desse trabalho de final de curso foi averiguar, na realidade do cotidiano de sala de aula como o professor desenvolve esse trabalho, e comparar os níveis que as crianças da turma do 2º ano do ensino fundamental, de uma escola pública da cidade de Cabeceiras vem participando e em quais níveis da construção da escrita elas se encontram através da análise dos dados coletados: atividades avaliativas. O resultado que se espera é detectar exatamente quantos alunos se encontram em cada um dos 04 (quatro) níveis descritos nos estudos de Ferreiro (1979), e tendo como referência as pesquisas de Grossi (1990), Smolka (1993) Weisz (2002), para tanto foi feito, após a coleta de dados o confronto entre teoria e prática, analisando cada um dos itens propostos para avaliação e classificação das atividades, os resultados alcançados foram: dos 23 (vinte e três) alunos que participaram da pesquisa: 06 (seis) são pré-silábicos; 06(seis) são silábicos; 07 (sete) são silábico- alfabéticos e 03(três) são alfabéticos. Palavras-chave: Alfabetização – Psicogênese – Escrita – Desafios – Níveis
  • 8. ABSTRACT Researches of as Psicogênese of the Writing is processed in the children in the literacy it has been object of several studies, on the part of specialists and of educators, tends as objective discovers as he/she grows the elaboration sequence and resolution of the conflicts generated by the challenges that the students face for us to pass inside of a level for other of that process. The objective of that work of course end was to discover, in reality of the daily of class room as the teacher develops that work, and to compare the levels that the children of the group of the 2end year of the fundamental teaching, of a public school of the city of Headboards are participating and in which level of the construction of the writing they meet through it analyzes her/it of the collected data: activities avaliativas. The result that one wait is to wait is to detect exactly how many student they are in each one of the 04 (four) levels described in Blacksmith’s studies (1979), and tends as reference the researches of Grossi (1990), Smolka (1993), Weisz (2002), for so much it was done, after the collection of data the confrontation between theory and practive, analyzing each on the items proposed for evaluation and classification of the activities, the reached results were: of the 23 (twenty-three) students that participated in the research: 06 (six) they are pré-syllabic; 07 (seven) they are syllabic-alphabetical and 03 (three)they are alphabetical. Keywords: Literacy – Psicogênese – Writing – Challenges - Levels
  • 9. LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Processo de construção da escrita: fases e características ........... 22 Tabela 02 – Análise dos dados coletados........................................................... 35
  • 10. SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................... 11 CAPÍTULO I. PERSPECTIVA HISTÓRICA .................................................... 13 CAPÍTULO II. PSICOGÊNESE DA ALFABETIZAÇÃO................................... 20 CAPÍTULO III. ALFABETIZAÇÃO; A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA .......... 25 CAPÍTULO IV. METODOLOGIA.................................................................... 34 4.1. Participantes ..................................................................................... 34 4.2. Instrumento........................................................................................ 35 4.3. Análise dos dados coletados ............................................................ 35 4.4. Relatório de análise dos dados coletados ........................................ 35 4.2. Relatório de análise dos dados coletados............................................ 35 CONCLUSÃO.................................................................................................. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 41 ANEXO............................................................................................................ 43 Anexo – Modelo Atividade Avaliativa......................................................... 44
  • 11. INTRODUÇÃO A alfabetização tem sido, através dos tempos, motivo de estudos e pesquisas. Nas últimas três décadas maior atenção foi dedicada à construção do processo da escrita, a psicogênese da escrita e da leitura, baseado nos estudos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1979). Após essa pesquisa e baseado nos resultados apresentados, mudou-se a concepção sobre o processo de alfabetização e construção da escrita, através da comprovação das fases que a criança atravessa no processo de aquisição da escrita, as perspectivas e características de cada uma delas. A partir dessa constatação, passa-se a perceber que vários são os fatores que podem influenciar os avanços e retrocessos dos alunos nesse processo. Esse trabalho apresenta algumas reflexões sobre a Psicogênese da Alfabetização, como ela vem sendo desenvolvida numa perspectiva histórica, nas crianças das séries iniciais do ensino fundamental, das escolas públicas da cidade de Cabeceiras, em Goiás, cenário escolhido para coleta de dados para análise e discussão sobre o tema. Na busca de fundamentar teoricamente para embasar esse trabalho de pesquisa, apoiei-me nos estudos de Piaget, Vigotsky e Wallon, sobre a criança, seu desenvolvimento e o processo de construção da escrita, isto é na Psicogênese da escrita e sobre as influências exercidas nas crianças, no período da alfabetização. Foi precisamente a necessidade de analisar como acontece a construção da escrita nas séries iniciais do ensino fundamental, que foi escolhida a turma de 2º ano, com faixa etária entre 6-7 anos. A escolha justifica-se, visto que nas escolas públicas os alunos estão tendo acesso à leitura escrita nessa faixa etária, e a partir
  • 12. da análise dessas atividades pode-se perceber o quanto o aluno teve de contato com a escrita e a leitura fora da escola, compreendendo sobretudo que fatores internos e externos podem contribuir para o sucesso da alfabetização. A análise dos dados coletados nos leva a considerar que se o índice de alunos nos níveis alfabético e silábico alfabético, forem número igual ou superior a 60% da turma, os objetivos pré-estabelecidos da alfabetização para a série foram alcançados, conforme informação da professora-regente. E, que as informações que foram possíveis coletar tornaram a compreensão e o enriquecimento do trabalho maior, e passíveis de avaliação para classificação em níveis, principal objetivo desse Trabalho de Conclusão de Curso.
  • 13. CAPÍTULO I PERSPECTIVA HISTÓRICA A leitura e escrita foram surgindo historicamente a partir do momento em que o homem aprendeu a comunicar seus pensamentos e sentimentos. Daí houve a necessidade em registrar as idéias sobre como funciona o sistema de comunicação. (BARBOSA, 1994). Esse processo de registro teve início de maneira prática ... com a pintura nas cavernas do período paleolítico; transformou-se na pictografia (registro de idéias por desenhos copiados da natureza com relativo realismo); aperfeiçoou-se com a simplificação desses desenhos, transformando-os em ideogramas (sinais simplificados de desenhos, já sem a preocupação de faze-los cópias fiéis da natureza) e resultou na criação dos fonogramas (sinais que representam os sons da língua falada), invenção essa atribuída ao povo semita, que habitava a Ásia Menor. ( RIZZO, 2005, p.13) A escrita que temos hoje, o alfabeto com o qual (re)construímos graficamente nosso olhar, com o qual podemos dizer das coisas e dos outros, é resultante “de longos anos de história da escrita e decorrente de sua necessidade de registrar fatos, idéias e pensamentos”. ( RIZZO, 2005,p.13) Nota-se na realidade que o desenvolvimento da escrita evoluiu devido às observações nas mudanças de governo, nos fatores geográficos, sociais, culturais e econômicos, portanto os registros históricos se fizeram necessários, para garantir às gerações futuras os conhecimentos dos fatos passados. Ao criar-se código de sinais para fixação do conhecimento, precisou de compreensão para dominá-lo, isso para que os que quisessem ter acesso à informação escrita.
  • 14. Em muitas culturas históricas, a linguagem escrita era dominada por uma casta de funcionários ou sacerdotes, o que assegurava o poder através do controle da referente linguagem. Os escribas, sacerdotes do antigo Egito ou Eclesiásticos da Idade Média européia desfrutavam desse privilégio. Na Antiguidade, na Grécia e Roma Antiga, o ensino da leitura e da escrita ... enfatizava de tal forma o domínio do alfabeto (ensino do nome e das formas das letras), a ponto de o processo iniciar-se pela caligrafia e pelo reconhecimento oral do nome de cada sinal (letra). Esse procedimento era bastante repetitivo e demorado e transformava-se, numa fase posterior, na conjugação de dois, depois três sinais para serem “lidos” juntos, formando assim novos sons, sem qualquer preocupação de ligação destes a significados. ( RIZZO,2005, p.14) A respeito do processo de ensino da leitura e da escrita, RIZZO (2005, p.14), iniciava com exercícios de domínio de todas as possíveis combinações de letras e sons, assim passavam para a etapa posterior, na qual somente depois de “os alunos já estarem manobrando bem penas e tintas na caligrafia das letras, estes eram, então, levados a formarem palavras, que, depois, reunidas, formavam frases e, finalmente, textos”. A origem do termo alfabetizar1deve-se ao ensino do alfabeto e “ ao primeiro método de ensino, que conhecemos pelo nome de alfabético2. ( RIZZO, 2005,p.15) Como já foi enfatizado, saber ler e escrever era sinal de status, e somente as classes da elite tinham acesso, o que persistiu até muito recentemente. O ensino na Grécia ... era sempre individual e cabia aos escravos (pessoas cultas retidas como prisioneiras de guerra) faze-lo.Em Roma, em época posterior, os filhos dos ricos já iam à escola. Os professores eram, geralmente, gregos, na sua maioria, escravos dos romanos. Ensinavam a poucos alunos, em cada classe, que podia ser de meninos ou de meninas, separadamente. As aulas eram sempre na parte da manhã. ( RIZZO, 2005, p.15) 1 Grifo da autora. 2 Grifo da autora
  • 15. Com o passar dos anos, na Antiguidade, o método alfabético passou a ser questionado pelos pedagogos frente as dificuldades dos alunos em “ enunciar sons resultantes de combinações de consoantes com vogais, tendo aquelas nomes diferentes dos sons que deveriam evocar”. (RIZZO, 2005, p. 15) Devido a esse fracasso, substituíram “por uma simplificação, que era semelhante em tudo ao primeiro, porém não ensinava mais o nome das letras e sim o seu respectivo som. Assim foi crido o método fônico ou fonético3. ( Id, Ibidem) Por volta do séc. XV foi inventada a imprensa móvel4 que veio ao mundo europeu romper com os modos antigos, porém reservados a poucos. A partir do Renascimento a quantidade de indivíduos que dominavam a leitura e escrita veio a aumentar. A Reforma Protestante insistiu em que os fiéis lessem a Bíblia, o que motivou o aumento do interesse pelo domínio do alfabeto. Mais tarde surgiu o iluminismo a desempenhar no desenvolvimento da alfabetização, sentiu necessidade em alfabetizar a sociedade, para contar com um povo alfabetizado no seu conjunto. No inicio do séc. XIX os estados liberais europeus providenciaram planejamentos de alfabetização para escolarização de crianças obrigatoriamente. (CENED, 2002). No Brasil os portugueses encontraram povos primitivos quando chegaram às costas da Bahia no ano de 1.500. Dividiam-se em tribos mediante tradição oral, passaram as sucessivas gerações os valores de seus antepassados. Estes povos eram muitas tribos indígenas existentes no Brasil acolheram os europeus, em anos seguintes foram submetidos à catequese cristã por várias ordens religiosas. Os 3 Grifo do autor. 4 Atribui-se a Gutenberg a invenção da imprensa em 1450. Pelo menos foi ele um dos primeiros impressores que se serviram de tipos móveis”. -- Enciclopédia Delta Júnior, Volume 7, Editora Delta.S. A., Rio de Janeiro, p. 993)
  • 16. Jesuítas, com a finalidade catequética, implantaram a primeira escola no Brasil, assim : A educação jesuítica, nos chamados “tempos heróicos” (primeiros 21 anos – 1549-1570), comandados pelo Padre Manuel da Nóbrega, era organizada em recolhimentos onde eram educados mamelucos, os órfãos, os indígenas (especialmente os filhos dos caciques) e os filhos dos colonos brancos dos povoados. A partir de 1556, Anchieta recolheu a língua falada no Brasil, na região sul e elaborou uma Gramática da Língua-Guarani, e as primeiras peças educacionais compostas a partir da matriz européia. Quando as tropas napoleônicas se aproximaram de Lisboa, a família real veio para o Brasil, ensinou-se uma nova Educação brasileira no Reinado de D. João VI com novos e exigiram novas posturas da antiga e pobre colônia nos aspectos cultural e industrial. Alguns que já haviam estudado tiveram acesso ao ensino superior, e a comunidade permaneceu analfabeta. Com a proclamação da Independência do Brasil, continuou a mesma linha de pensamento do tempo de D. João VI, implantaram curso de direito em Pernambuco e São Paulo. A alfabetização permaneceu esquecida, nessa época o acesso à alfabetização era restrito aos padres, freiras e aos descendestes das famílias que tinham condições financeiras, pagavam o ensino particular, o catolicismo arcava com os estudos para aqueles que optavam por ser padre ou freira. O Decreto Imperial de 15 de outubro de 1827 ... foi a primeira lei de instrução elementar, no Brasil, durante o Império e única até 1946. Por esses dados já se pode ter uma idéia do descaso com que foi tratada a educação elementar. A tradição das camadas privilegiadas de tratar a instrução elementar como tarefa da família, por meio de perceptores, dispensava a reivindicação de escolas. Quando o faziam era apenas para confirmar o discurso demagógico que permeou todas as ações da elite ante as necessidades da população. ( ZOTTI, 2004. P.39)
  • 17. O segundo imperador do Brasil. D. Pedro II, não implantou sequer um curso superior e não se preocupou com a questão do analfabetismo, ainda porque toda a produção agrícola era suportada pela mão-de-obra escrava. Ainda no decorrer do Segundo Império começaram a surgir, por todo o Brasil, escolas geradas pelos trabalhos de pregação de missionários evangélicos presbiterianos vindos dos Estados Unidos da América. Os presbiterianos fundaram escola fundamental que restringia apenas aos protestantes e maçons situação que a comunidade continuava sem estudar. Durante a República velha, copiaram-se a constituição do Estados Unidos, deram seguimentos ao ensino particular e proibiram o ensino público. No Estado Novo impediram o processo educativo pelos estrangeiros existentes no Brasil, em virtude à imigração européias e Asiáticas, que começaram a ignorar a Língua Portuguesa. Foi barrada pelo o governo que ignorou também o Ensino público e básico. Durante República, o período da Primeira República, “produziu uma farta legislação sobre o ensino superior em todo o país e os ensinos secundários e primário” que se tornaram inoperantes com a Constituição de 1891 e a vitória do federalismo, “que deferiu aos estados a atribuição do ensino primário, dando-lhes o direito de organizar os seus sistemas escolares, sem fixar as diretrizes de uma política de educação nacional”. (ZOTTI, 2004. p.68) Na década de 70 iniciou ações do movimento brasileiro de alfabetização (MOBRAL), que atingiu 30 milhões de jovens e adultos nos 3.953 municípios em que penetrou. Extinto em 25.11.1985 deu origem a Fundação Educar.
  • 18. O MOBRAL, no Brasil, emergiu enquanto luta pela educação popular e assim como: ... nos países dependentes, pode ser analisada sob dois ângulos: a) política externa, b) política interna. No Brasil o primeiro nos conduz ao MOBRAL que tem como objetivo a adaptação, a preparação da mão-de- obra para o mercado de trabalho. Para isso o indivíduo deve ser alfabetizado a fim de receber duma forma mais fácil as informações e o treinamento que lhe permitirão desenvolver o trabalho que lhe está reservado no desenvolvimento do país, ou seja: o indivíduo é condicionado e instrumentalizado. (BORBA, 1984, p.22) Também no inicio dos anos 80, com o objetivo fundamental de promover a participação comunitária, entraram em ação o Programa Nacional de Ações Sócio - Educativos para o Meio Rural (PRONASEC) e o Programa de Ações Sócio- Educativos e Culturais (PRODASEC), centrado nas zonas urbanizadas. No entanto, essas iniciativas não resolveram o problema de expandir efetivamente a alfabetização. No Brasil hoje, os atuais governantes brasileiros têm despendido grandes esforços para afastar o analfabetismo e para oferecer educação em todos os níveis à sociedade. Atualmente a principal motivação, de vários autores que pesquisam sobre o processo de construção da escrita, na perspectiva da teoria desenvolvida por Emília Ferreiro, deve-se ao fato dessa abordagem enfocar a origem e a evolução das funções a psicogênese da escrita da criança em relação à alfabetização. Para FERREIRO (1989, p.24): A desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais, assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças. Quando tentam compreender, elas necessariamente transformam o conteúdo recebido. Além do mais, a fim de registrarem a informação, elas a transformam. Este é o significado profundo da noção de assimilação5que Piaget coloca no âmago de sua teoria. (1986,p.24) 5 Grifo do autor
  • 19. Em decorrência das conclusões obtidas por Emilia Ferreiro, as estudiosas nessa abordagem sentem a necessidade de uma reestruturação nos conceitos, nas práticas e nas posturas didáticas, repensando a função do professor alfabetizador e, principalmente, considerando a criança como o sujeito que está se desenvolvendo num ambiente social cuja alfabetização se realiza num processo de construção de conhecimento referente ao sistema alfabético da escrita. Neste sentido, a criança não está sendo alfabetizada por alguém, mas sim está alfabetizando-se ao interagir com o meio e com as pessoas que a cercam. O principal objetivo deste trabalho é levar–nos, enquanto educadoras e alfabetizadoras, que somos, a rever nossa postura, refletir e definir nossa prática numa postura construtivista e esclarecer os principais pontos da obra de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, sobre as questões que envolvem a Psicogênese da Língua Escrita.
  • 20. CAPÍTULO II PSICOGÊNESE DA ALFABETIZAÇÃO A psicogênese da língua escrita constitui-se por uma seqüência crescente de níveis de complexidade da compreensão da criança em relação à leitura e a escrita. A construção do objeto conceitual “ler e escrever”, faz-se, portanto, durante vários anos, através de um processo progressivo de elaboração pessoal. Sobre a psicogênese da escrita, Weisz, (2002, p. 20) afirma que: Segundo mostrou a psicogênese da língua escrita, em uma sociedade letrada as crianças constroem conhecimentos sobre a escrita desde de muito cedo, a partir do que podem observar e das reflexões que fazem a esse respeito. Em busca de uma lógica que explique o que não compreendem quando ainda não se alfabetizaram, as crianças elaboram hipóteses muito interessantes sobre o funcionamento da escrita. (2002, p. 20) A psicogênese da língua escrita, formulada por Emilia Ferreiro e colaboradores, é uma teoria. A teoria consiste em um modelo explicativo do real. Uma tentativa de descrever coerentemente o que é comum a todos os processos individuais de alfabetização. A psicogênese da língua escrita mostra que o processo de aprendizagem não é dirigido pelo processo de ensino. Nesse aspecto que existe o diferencial da teoria, ao invés de questionar como o professor deve alfabetizar, Emilia Ferreiro enfoca como o aluno se alfabetiza. Silva (1994, p. 17), concorda com Vygotsky (1984) que as crianças não aprendem a escrita, complexo sistema de signos, através de atividades mecânicas e externas aprendidas apenas na escola. O seu domínio da escrita resulta de um longo processo de desenvolvimento de funções comportamentais complexas, na qual participa e atua. Cita, ainda, Ferreiro e Teberosky (1979) que afirma que a
  • 21. criança já elaborou uma concepção acerca da escrita muito antes de receber instrução formal escolar. Vygostsky considera as primeiras manifestações gráficas como precursoras da escrita. Na verdade, para esse autor tanto esses rabiscos como as brincadeiras de faz de conta e o desenho “devem ser vistos como momentos diferentes de um processo essencialmente unificado de desenvolvimento da linguagem escrita.” ( 1984) apud SILVA 1994, P. 18). De acordo com Silva (1994, p. 18), no que diz respeito à relação desenho/escrita, Ferreiro e Teberosky analisaram a postura da criança diante de uma gravura com legenda e verificaram que, para a criança diante de uma gravura com legenda e verificaram que, para a criança, o que está escrito é sempre predizível a partir do desenho e que, numa primeira etapa de conceitualização, o desenho e o texto constituem uma única unidade. A partir dessa constatação é desenvolvida toda a concepção das fases de desenvolvimento da relação da criança com a escrita, a passagem do desenho (símbolos/desenhos) até a escrita ortográfica, vai depender da fase pela qual a criança está passando. Ferreiro (1986), defende que “esse processo de construção cognitiva se caracteriza por estruturações e sucessivas reestruturações, geradas pelos desequilíbrios originários nas contradições entre esquemas diferentes”, afirmando, ainda que, é possível destingir três grandes períodos: a) O primeiro período caracteriza-se pela distinção entre o modo de representação figurativo e o não-figurativo, ou seja, o sujeito é capaz de fazer a distinção entre "desenhar" e "escrever"; começa a utilizar sinais gráficos diversos (linhas, bolinhas, letras e números) com determinada repetição para representar a escrita. Ou seja, nesse período sujeito consegue diferenciar o sistema de representação da escrita de outros sistemas de representação: fundamentalmente diferencia o desenho da escrita. Os sujeitos começam a
  • 22. utilizar marcas figurativas quando desenham e não figurativas quando escrevem. b) No segundo período, verifica-se a construção de formas de diferenciação entre os sinais gráficos que se manifestam pelo controle progressivo das variações, tanto sobre o eixo quantitativo (o sujeito estabelece quantidades diferentes de grafias para representar diferentes palavras), como sob o eixo qualitativo (o sujeito varia o repertório e a posição das grafias para obter escritas diferentes). Essas variações realizadas nesse período correspondem à fase pré-silábica, sendo que uma das características da escrita é a correspondência da quantidade de sinais gráficos ao tamanho do objeto e não ainda, aos sons da fala. c) No terceiro período, verifica-se a fonetização da escrita pela atenção que o sujeito começa a dar às propriedades sonoras dos significantes, ou seja, dá-se à descoberta de que as partes da escrita (letras) podem corresponder a outras tantas partes da palavra. Nesse período a pessoa chega a diferenciar as escrituras, relacionando-as com a pauta sonora da fala. Segundo Silva (1994, p.19), Ferreiro e Teberosky (1979), constataram ao analisar como as crianças escrevem sem a ajuda escolar, que elas consideram letras, símbolos e desenhos como forma de escrita. Os resultados obtidos dessa análise definiram cinco etapas evolutivas no longo caminho para a aquisição e domínio do sistema alfabético. Isto é entre a representação inicial, constituída por simples rabiscos, até a final, na qual a criança já descobriu que cada letra de uma palavra representa corresponde a um som da fala (fonema), há uma longa distância a ser percorrida. As cinco etapas evolutivas a serem percorridas até chegar ao domínio da escrita alfabética podem ser representado, ou os níveis da psicogênese escrita no quadro abaixo, como o processo da construção da escrita: TABELA 01: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA ESCRITA: Fases e características FASES CARACTERÍSTICAS início dessa construção, as tentativas das crianças dão-se no sentido da reprodução dos traços básicos da escrita com que elas se deparam no cotidiano. O que vale é a intenção, pois, embora o traçado seja semelhante, cada um "lê" em seus rabiscos aquilo
  • 23. que quis escrever. Desta maneira, cada um só pode interpretar a FASE 01 sua própria escrita, e não a dos outros. Nesta fase, a criança elabora a hipótese de que a escrita dos nomes é proporcional ao tamanho do objeto ou ser a que está se referindo. a hipótese central é de que para ler coisas diferentes é preciso usar formas diferentes. A criança procura combinar de várias FASE 02 maneiras as poucas formas de letras que é capaz de reproduzir.Nesta fase, ao tentar escrever, a criança respeita duas exigências básicas: a quantidade de letras (nunca inferior a três) e a variedade entre elas, (não podem ser repetidas). são feitas tentativas de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem a palavra. Surge a chamada hipótese silábica, isto é, cada grafia traçada corresponde a uma sílaba pronunciada, podendo ser usadas letras ou outro tipo de grafia. Há, neste FASE 03 momento, um conflito entre a hipótese silábica e a quantidade mínima de letras exigida para que a escrita possa ser lida.A criança, neste nível, trabalhando com a hipótese silábica, precisa usar duas formas gráficas para escrever palavras com duas sílabas, o que vai de encontro às suas idéias iniciais de que são necessários, pelo menos três caracteres. Este conflito a faz caminhar para outra fase. ocorre, então a transição da hipótese silábica para a alfabética. O conflito que se estabeleceu - entre uma exigência interna da FASE 04 própria criança ( o número mínimo de grafias ) e a realidade das formas que o meio lhe oferece, faz com que ela procure soluções.Ela, então, começa a perceber que escrever é representar progressivamente as partes sonoras das palavras, ainda que não o faça corretamente. finalmente, é atingido o estágio da escrita alfabética, pela compreensão de que a cada um dos caracteres da escrita corresponde valores menores que a sílaba, e que uma palavra, se FASE 05 tiver duas sílabas, exigindo, portanto, dois movimentos para ser pronunciada, necessitará mais do que duas letras para ser escrita e a existência de uma regra produtiva que lhes permite, a partir desses elementos simples, formar a representação de inúmeras
  • 24. sílabas, mesmo aquelas sobre as quais não se tenham exercitado. Telma Weisz, consultora do Ministério da Educação autora de tese de doutorado orientada por Emilia Ferreiro, faz um alerta muito importante aos professores alfabetizadores: “não é porque o aluno participa de forma direta da construção do seu conhecimento que o professor não precisa ensiná-lo.” (CENED, 2003, p.72). Ainda segundo a autora, “Faz-se necessário que o professor organizar atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita, porque é pensando que ela aprende.” De acordo com Grossi (1990, p.11), estudos sobre alfabetização, dentre outros desdobramentos mostra necessidade de enfatizar a trilogia das Didáticas dos Níveis Pré Silábico, Silábico e Alfabético não representa momentos distintos do trabalho de alfabetização mas, ao contrário, devem ser operacionadas simultaneamente, atendendo a benéfica heterogeneidade dos níveis dos alunos numa mesma sala de aula e a interferência de outros fatores na leitura e na escrita. CAPÍTULO III ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA
  • 25. “A identificação e análise no momento de interações e ações conjuntas, o processo de internalização, isto é, a transformação de um processo interpessoal e intrapessoal.”(VYGOTSKY, 1978, p. 57). Relacionam-se e se articulam discurso interior e discurso escrito, no período egocêntrico manifesta-se à proximidade entre três a sete anos, e o seu fim coincide com o inicio da escolaridade, quando tem inicio sobre informações da escrita. A linguagem escrita faz parte do discurso social no contexto da sociedade letrada e da industria cultural. Levando em conta o próprio processo de elaboração socio- histórico-cultural da escrita e suas condições e funções hoje, discurso interior e linguagem escrita interagem, que implicações tem isso no processo inicial da leitura e como se dá a relação na gênese da produção escrita. O contato com a escrita transforma a elaboração interior. O discurso interior é a linguagem completamente desabrochada em toda a sua dimensão, é uma linguagem mais completa do que a falada. O discurso interior é quase completamente predicativo porque a situação, o assunto pensado é sempre conhecido de quem pensa. A linguagem escrita, pelo contrario, tem que explicar completamente a situação para ser intelegível. A transformação do discurso interior, condensado ao máximo, em linguagem escrita, pormenorizada ao máximo, a exige o que poderíamos designar por semântica deliberada do fluir do =significado. (VYGOTSKY, 1975, p.100). Sabe-se que o conhecimento teórico do professor a respeito de como a criança aprende é fundamental na organização de ensino-aprendizagem. Não o conhecimento explicativo no discurso, mas aqueles presentes nas posturas e, principalmente, na sua prática. Conhecer os discursos que circulam no universo a respeito da escrita, a importância da construção deste conhecimento pela criança explicitando ter informações, leituras, e conhecer alguns princípios metodológicos acerca da teoria construtivista e da psicogênese da língua escrita. Faz reconhecer
  • 26. que a leitura e a escrita dá-se através de um processo de construção e que no grupo de aprendizagem há níveis diferenciados. Porém diz-se que o aspecto a ser considerado, no processo de ensino seja o desejo da criança de apropriar-se da aprendizagem diante de situações prazerosas, porém a capacidade de desejar e a inteligência não se caracterizam como dons inatos, mas como resultados de uma construção, cabendo ao educador o desafio de estimular no sujeito o desenvolvimento dessas capacidades, e o desejo de interagir com a leitura e escrita, é algo a ser construído a partir dessa preparação. Dentre os sistemas de comunicação desenvolvidos pelos seres humanos, a escrita que é uma notação da língua falada por meio de signos gráficos. A linguagem oral possui marcantes qualidades rítmicas, enteracionais, expressivas e paralinguistica, advindas de necessidades imediatas da situação interacional, na qual papéis sociais e atos de significação são imediatamente pelos interlocutores, sem nenhum caminho, preestabelecido. Na lingugame escrita, isso não acontece, surge de necessidades e situações mais abstratas nas quais, faz com que a interação seja mediada pela própria escrita. (SILVA, 1994, p. 13). Para Gody (1978), a linguagem escrita é duradoura e permite a comunicação no tempo e espaço, ou seja, sua finalidade principal é a leitura. Percebe-se que escrever é uma forma de linguagem com o qual pode expressar, comunicar com as demais pessoas que convivem. E que a criança se apropria desse conhecimento no dia-a-dia, precisa partir do seu cotidiano de vida. E o professor assume o papel de mediador, a nortear a criança percorrer um caminho da sua própria construção. Não abrir mão de ouvir, falar, ler e escrever sobre a realidade, as emoções e o mundo da fantasia.
  • 27. Segundo as teorias desenvolvidas por Emília Ferreiro (1985) deixam de fundamentar-se o ensino mecanizado sobre o processo de alfabetização para seguir os pressupostos construtivistas/interacionais de Vygotsky e Piaget (1988). Da ação de ensinar o processo parte para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento a ser realizado pelo educando, que passará a ser visto como um agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que lhe ensinado. É importante destacar Santos & Sanson (2005, p. 7) sobre as contribuições de Paulo Freire e Emilia Ferreiro foram decisivas para a mudança de paradigma sobre o que significa alfabetizar, Freire destaca que para se chegar à consciência crítica, que é ao mesmo tempo desafiadora e transformadora, são imprescindíveis o diálogo crítico, a fala e a convivência. Portanto, percebe-se que não basta seguir uma seqüência lógica de dificuldades na leitura e na escrita, é necessário que o processo esteja relacionado à vivência e o contexto do aluno, levando-o a compreensão de mundo mais crítico e reflexiva. Para Santos & Sanson (2005, p. 7), é importante frisar que Ana Teberosky, em seus estudos, apresenta duas contribuições para a educação da língua portuguesa nas séries iniciais: a primeira destaca que escrita, leitura e linguagem oral se desenvolvem de maneira interdependentes desde a mais tenra idade; a segunda considera como a criança é influenciada pelos contextos sociais em que está inserida e como esses contextos determinados influenciam também a alfabetização inicial, facilitando a aprendizagem da leitura e da escrita. Santos & Sanson (2005), fazem importantes considerações sobre o ambiente alfabetizador e as contribuições do contexto para o processo de alfabetização: primeiro que para poder adquirir conhecimentos sobre a escrita, a criança irá procurar assimilar as informações que o meio lhe fornece, então formulará hipóteses
  • 28. procurando descobrir e organizar seus conhecimentos. E, que o professor que entendem o papel de mediador em todo esse processo costumam organizar um ambiente rico em elementos escritos, utilizando diferentes materiais, não apenas os escolares, mas os de uso social, enriquecendo a cultura o contexto da cultura escrita a que as crianças já têm acesso. Baseado em Silva (1994), de acordo com Ferreiro e Teberosky (1979), ao analisar como as crianças escrevem sem ajuda escolar. Os resultados obtidos dessa análise definiram cinco etapas evolutivas no longo caminho para aquisição e domínio do sistema alfabético. Quer dize, entre a representação inicial, constituída de simples rabiscos que cada letra de uma palavra corresponde a um fonema, há uma longa distância e a ser percorrida. Num período, as autoras constataram que, para a criança, a escrita deveria refletir algumas características do objeto representado. Já num segundo nível, a escrita deveria apresentar diferenças objetivas, para poder representar significados diferentes. Num terceiro estágio, a criança representaria a sílaba falada por um símbolo gráfico (hipótese silábica), ou seja, para ela cada letra valeria por uma sílaba. Ao passar para esse nível a criança deixaria de lado a correspondência global entre as formas escrita e a informação oral atribuída, para operar com relação entre as partes do texto (cada letra) e partes oral (recorte silábico da palavra), ou seja, ela notaria um fato muito importante – a escrita representa partes da fala. Na passagem da hipótese silábica para a alfabética, há um período em que as propostas de escrita das crianças penderiam entre o silábico e o alfabético. A hipótese alfabética é o ultimo estagio dessa trajetória. Ao formulá-la, a criança descobriria que cada letra de
  • 29. uma palavra deveria corresponder a um som da fala (fonema), portanto a valores menor que a sílaba. Cabe ressaltar Grossi (1990, p.11), quando afirma que: (...) é importante enfatizar que a triologia das Didáticas dos Níveis Pré- silábico, silábico e alfabético não representam momentos distintos do trabalho do alfabetizador mas, ao contrario, devem se operacionalizadas simultaneamente, atendendo a benéfica heterogeneidade dos níveis dos alunos numa mesma sala de aula e a interferência de outros fatores na leitura e na escrita. Segundo Ferreiro (1985), a quantidade de letras com que se vai escrever uma palavra corresponde com a quantidade de partes que se reconhece na emissão oral. Essas “partes” da palavra são inicialmente as suas silabas. Inicia-se assim o período silábico, que evolui para compreensão de uma silaba por letra. Esta hipótese silábica é da maior importância, por duas razões: permite obter um critério geral para regular as variações na quantidade de letras que devem ser escritas, e centra a atenção da criança nas variações sonoras entre as palavras. No entanto a hipótese silábica cria suas próprias condições de contradição entre o controle silábica e a quantidade mínima de letras que uma escrita deve possuir para ser interpretável. No mesmo período as letras podem começar a adquirir valores sonoros (silábicos) relativamente estáveis, o que leva a estabelecer correspondência com o eixo quantitativo, as partes sonoras semelhantes entre as palavras começam a se exprimir por letras semelhantes. Ferreiro desenvolveu trabalhos revolucionários no campo da aquisição da escrita, fundamentado na teoria de Piaget e definiu quatro níveis pelos quais o alfabetizando passa na psicogênese da escrita: pré-silábico, silábico, silábico- alfabético e alfabético. (GROSSI, 1990, p.19).
  • 30. Inicialmente a criança começa por diferenciar o que é a escrita do que é desenho e perceber que o texto escrito tem significado próprio. Passa por várias hipóteses, as crianças utilizam as letras do repertório que conhecem ou criam símbolos para escrever. De acordo com Ferreiro (1985), a definição do nível é constituído por um conjunto de condutas determinadas pela forma como o individuo vivencia os problemas em cada etapa do processo de aprendizagem da escrita, essas são divididas em categorias e subcategorias. Nível pré-silábico, a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência entre grafia e os sons, ou seja, não apresenta nenhum tipo de correspondência sonora. Esse processo representa a escrita de um período longo do processo de alfabetização. Ainda não é claro para o individuo o relacionamento entre a escrita e o pensamento. Suas dúvidas podem se situar no nível dos aspectos gráficos podem se situar no nível dos aspectos gráficos da forma e da função das letras e números. Ele começa fazer questionamentos sobre os sinais gráficos. Risco sobre o papel representa a escrita, algumas vezes, as letras podem estar associadas a palavras inteiras, uma paginas inteiras de letras podem corresponder a uma só palavra. As categorias e subcategorias do nível pré-silábico. Grafismos, classificados em três tipos: primitivos e escrita gráfica. Escrita fixa: a mesma série de letras na mesma ordem para diferentes nomes. O nome próprio geralmente é valido para todas as palavras. Escritas diferenciadas – grafia na mesma ordem diferentes quantidades de grafias. Quantidade de repertório para diferenciar uma escrita da outra.
  • 31. De acordo com Grossi (1990, p.16), silábico é o período em que estes alunos acrescentam letras, sobretudo às suas escritas de palavras dissílabas e monossílabas, como meio de transformá-las em “verdadeiras escritas´. O nível silábico: quando o aluno compreende que as diferenças das representações escritas se relacionam com as diferenças na pauta sonora das palavras. De acordo com Gossi (1990, p. 19), “ é importante assinalar que, no nível silábico, leitura e escrita começam a ser vistas como duas ações com certo tipo de interligação coerente”. Grossi (1990, p.19), aponta para a importância, para o professor alfabetizador, das duplas de Wallon, formadas pelos alunos na relação leitura e escrita: “ os sujeitos que se alfabetizam tratam os elementos presentes no campo conceitual da leitura e escrita, formando duplas, como por exemplo: a) (desenho, escrita) (letra, algarismo) b) (palavra, número) (quantidade de letras, tamanho do referente) c) (leitura, escrita) leitura, desenho) (escrever, movimento da escrita) d) (palavra, muitas letras) (ler, postura de alguém que lê) e) (ler, falar em voz alta olhando um papel escrito ou não). Estas e outras duplas constituem o sistema de base que vai dar origem à compreensão de nossa língua escrita. Geralmente, nesse nível o aluno faz corresponder uma grafia a cada silaba e também a letra pode servir para qualquer nome. O aluno pode associar cada silaba, vogal ou consoante. Por exemplo: PATO poderá ser escrito com PT ao AO = PTAO.
  • 32. No nível silábico poderá ocorrer que, quando lhe é proposto a escrever uma frase, o aluno utiliza uma letra para cada palavra ao invés de uma letra para cada silaba. O aluno do nível silábico resolve temporariamente o problema da leitura, porque consegue ler o que escreve. Isso constata o processo de alfabetização, qual seja, o da vinculação leitura-escrita até então independentes. Saber escrever mas não poder ler o que foi escrito é o fato gerador de conflito da passagem para outro nível. No nível silábico-alfabético coexistem duas formas de fazer corresponder sons e grafias: a silábica e alfabética. Cada grafia corresponde a um som. O nível alfabético, trata-se de um estágio significativo na escrita, a constituição alfabética de silabas. Sabe-se entretanto, que a fonetização das silabas não é instantânea e definitiva. O aluno começa a escrever alfabeticamente algumas sílabas e para a escrita de outras, permanece silábico. A passagem de um nível para outro faz-se trabalhando o conhecimento de cada um. De acordo com Ferreiro (1985, p.27), o período silábico-alfabético marca a transição entre os esquemas prévios em via de serem abandonados e os esquemas futuros em vias de serem construídos. Visto que, quando a criança descobre que a silaba não pode ser considerada como uma unidade, mas que ela é, por sua vez, reanalisável em elementos menores. É a partir daí, que descobre novos problemas: pelo lado quantitativo, que se por um lado não basta uma letra por silaba, também não se pode estabelecer nenhuma regularidade duplicando a quantidade de letras por silabas, esse é o grande desafio gerado por conflitos no inicio do processo de alfabetização. Esse período entre o nível silábico-alfabético e o alfabético é quando a criança já internalizou a necessidade de resolver os conflitos gerados pela
  • 33. representação do som pela letra, e sobretudo abstrair a idéia de palavras maiores ou menores (em número de letras ou sílabas) e a simbologia do objeto.
  • 34. CAPÍTULO IV METODOLOGIA A presente pesquisa, de natureza qualitativa, que utilizou como instrumentos atividades avaliativas, onde se procurou identificar através das produções escritas os níveis de alfabetização que os alunos pertenciam. Foram participantes desta pesquisa uma turma de 2º ano do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de Cabeceiras-GO. 4.1. Participantes A turma composta de 29 alunos, distribuídas entre 10 (dez) alunos do sexo feminino e 19 (dezenove) do sexo masculino, na faixa etária entre e 6 (seis) e 7 (sete) anos, sendo que a maioria já tem os sete anos completos. Do total de alunos somente 23 (vinte e três) participaram das atividades. O índice de abstenção deve ao fato dos alunos não estar freqüente por ocasião da aplicação do instrumento. 4.2. Instrumento O instrumento usado foi a Atividade Avaliativa composta de 10 itens, referentes a compreensão da fase, que o aluno se encontra, dentro do processo de construção da escrita e da leitura, Psicogênese da escrita, baseado na relação entre teoria Ferreiro (1985), Grossi (1990), Smolka (1993) e Silva (1994), dentre outros e a prática observada no cotidiano de sala de aula.
  • 35. 4.3.Análise dos dados coletados Os dados coletados fazem parte de atividades avaliativas aplicadas em de 23 (vinte e três), alunos presente na turma, nos dias pré-fixados para desenvolver a atividade proposta. Os resultados serão apresentados na forma de relatório, onde será estabelecido o confronto entre teoria e prática. Isto é, cada dos itens analisados será baseado na revisão da literatura para a devida classificação. 4.4.Relatório de análise dos dados coletados A seguir será feita a análise dos exemplos de escrita dos alfabetizandos que participaram da pesquisa, usando como referência os 10 itens analisados, para classificação, fundamentados da revisão da literatura. TABELA 02 : ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS Questões Resultados observados 01. Faça um desenho 18 (dezoito) crianças conseguiram fazer o desenho, mas não e escreva o nome ao conseguiram colocar o nome do desenho. Do total de alunos lado: somente 05 (cinco) crianças conseguiram desenhar e escrever o nome dos desenhos. 02.: Escreva o nome 11 (onze) crianças utilizaram vários tipos de letras para dar nomes dos desenhos aos desenhos; 01 (uma) criança não escreveu nada e outra preencheu o espaço com rabiscos; 05 (cinco) crianças utilizaram uma letra para cada sílaba em dar nomes aos desenhos; 10 crianças escreveram as sílabas corretas porém trocando algumas letras; somente 05 (cinco) crianças escreveram corretamente os nomes. 03 e 04: Qual a 01 (um) não respondeu; 10 (dez) responderam que é boi porque palavra maior boi ou ele é grande; 06 (seis) crianças disseram que é formiga, formiga? Porque? demonstrando ter noção que a palavra têm mais letras ou sílabas,
  • 36. 07 (sete) crianças disseram que é a formiga, porém não conseguiram distinguir o porquê. 05: Leia as palavras e 09 (nove) crianças leram corretamente e desenharam; 09 (nove) desenhe ao lado. leram em partes; 05 (cinco) não leram nenhuma palavra. 06: Leia as palavras e 05 (cinco) crianças escreveram corretamente relacionando o desenhe ao lado desenho com a palavra; 02 (dois) confundiram uma talha de melancia com queijo; outra disse que talha de melancia era uma estrela; 10 (dez) crianças disseram o nome dos desenhos inventando letras e 05 (cinco) escreveram corretamente com as letras certas, reconhecendo o desenho de forma coerente. 07: Produção de 04 (quatro) alunos emendaram bastante as letras, 02 (dois) Texto à vista de fizeram rabiscos, 11 (onze) alunos inventaram letras e fizeram gravura: pequenas palavras dizendo que era histórias. 03 (três) alunas escreveram pequeno texto, utilizando colocações corretas; 02 (duas) não fizeram nada. 08: A palavra cachorro 10 (dez) alunos acham que a palavra maior é cachorro; 08 (oito) é maior que a palavra tiveram noção de mais letras ou sílabas; 02 (dois) disseram: que casa? Por que? é desse jeito porque sim. 09: Escreva uma 11(onze) crianças escreveram para palavra grande: várias letras palavra grande: e emendadas até ficar enorme, e para as pequenas poucas letras; 10: Escreva uma porém todas fora de ordem de formar sílabas. 02 (dois) alunos palavra pequena: fizeram rabiscos para as duas questões. 01 (um) aluno não fez nada e 02 (dois) fizeram com pequeno erro, faltando alguma letra para a palavra; 06 (seis) alunos escreveram tendo noção das palavras grandes e a palavra pequena e com sílabas corretas. Fonte: da própria autora (2006) Considera-se como resultado da análise dos dados coletados que 06 (seis) alunos estão no nível pré-silábico, visto que nesse nível, a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência entre grafia e sons, as crianças fazem experiência de ler a realidade em desenhos, gravuras, ou seja em imagens gráficas. “ (...) a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência entre grafia e os sons, ou seja, não apresenta nenhum tipo de correspondência sonora. Esse processo
  • 37. representa a escrita de um período longo do processo de alfabetização.” (FERREIRO, 1999). Dos trabalhos analisados, nota-se que 06 (seis) alunos estão no nível silábico” nesse nível, o sujeito formula a hipótese de que para cada sílaba oral deve corresponder uma letra (sinal gráfico) e qualquer letra pode servir para qualquer som” (FERREIRO, 1999), conforme a análise de Weisz (2002) e Smolka (1993), por exemplo a palavra ABACATE, pode ser escrita: ABRAU, ABA, ABACAE. A partir da análise das atividades avaliativas conclui-se que: 07 (sete) crianças estão no nível silábico-alfabético, “ Nesse nível a pessoa ouve a pronúncia de cada sílaba e começa a fazer a correspondência entre sons e letras. Consiste ainda em uma escrita bastante fonética, pois a tendência da criança é escrever exatamente como ela ouve. “ (FERREIRO, 1999). De acordo com a referencia de Weisz (2002) e Smolka (1993), ainda há uma forte ligação com a oralidade, não havendo domínio da ortografia: MELAIA – MELECIA – MALASIA – (MELANCIA) Dos 23 (vinte e três) alunos que fizeram parte da atividade somente 03 (três) alunos podem ser considerados no nível alfabético: “trata-se de um estágio significativo na escrita, a constituição alfabética de silabas. Sabe-se entretanto, que a fonetização das silabas não é instantânea e definitiva. O aluno começa a escrever alfabeticamente algumas sílabas e para a escrita de outras, permanece silábico. A passagem de um nível para outro faz-se trabalhando o conhecimento de cada um.” (FERREIRO, 1985). De acordo com as considerações feitas por Grossi (1999) e Smolka (1993), este nível é evidenciado quando a criança começa a fonetizar a sílaba; iniciando um processo de correspondência entre fonemas e grafemas, a criança começa a compreender que uma sílaba pode ser formada por uma, duas ou três letras. Ex. FOMIGA – FUMIGA – BANANA N – BOBOLETA.
  • 38. Nessa fase eles já são capazes de explicar que a palavra FORMIGA é maior por que tem mais letras, ou mais sílabas, já tem a concepção exata para exemplificar palavras grande e pequena pelo número de letras ou sílabas: ÁRVORE e CASA. Sabe exemplificar: representando graficamente os nomes dos desenhos. Nota-se também uma significativa mudança na produção do texto, onde as palavras podem estar escritas no nível silábico-alfabético, mas o aluno já tem noção de seqüência de fatos e idéias, elaborando frases e orações com sentido completo. Cabe ressaltar que se o professor alfabetizador não será capaz de desenvolver um bom trabalho, se ele não tiver o conhecimento da Psicogênese da Escrita e do processo de construção que a criança executa, através da resolução de conflitos pela transpossição de cada um dos desafios que ela vai resolvendo no decorrer do processo, e sobretudo compreender o importante papel do professor alfabetizador como mediador nesse processo, estimulando o aluno através da colaboração, oferecendo um ambiente rico e propício capaz de motivar os alunos para novas aprendizagens. CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 39. O processo de alfabetização pelo qual todas as crianças vão passar, algumas de forma mais harmoniosa, outras porém enfrentando maiores desafios, isso dependendo do ritmo de cada aluno para a aprendizagem. Os conflitos que geram os desafios, processo relevante para que a aprendizagem aconteça, podem ser compreendidas como etapas, estágios ou níveis, sucessivas que a criança vai assimilando e com isso aumentando o grau de dificuldades que o aluno vai vencendo. A mudança de um nível para outro depende de um processo de assimilação de grau de dificuldades, gerada por um conflito interno, mediante estímulos recebidos. Esses níveis não são inflexíveis, ao contrário, vários são os fatores que podem interferir para que esse processo seja mais rápido em cada um dos indivíduos, portanto, não estão diretamente ligados à faixa etária, mas sim a outros, tais como maturidade, leitura de mundo, contato com a leitura e a escrita. Estudos apontam, também, para o fato de que o meio é um fator de influência no processo de aprendizagem. No decorrer da revisão da literatura, comprova-se que os fatores que interferem de forma positiva ou negativa, podem ser intrínseco ou extrínseco. E, ainda que o professor tem um importante papel no ensino- aprendizagem do aluno. A pesquisa de campo cujo objetivo foi averiguar como está o rendimento dos alunos da turma, tendo em vista os avanços obtidos, enfim, em que estágio se encontra esses alunos no que se refere à aquisição da leitura e da escrita. Os resultados apontam para o fato de que: dos 23 (vinte e três) alunos participantes: 06 (seis) são pré-silábicos; 07 (sete) são silábico-alfabéticos e 03 (três) são alfabéticos.
  • 40. Considera-se que os objetivos foram alcançados, visto que através de subsídios da revisão da literatura, oportunizou a capacitação para analisar, classificar e concluir os estágios que cada um dos alunos se encontram. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • 41. BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. ª ed. rev – São Paulo: Cortez, 1994. CENED. Alfabetização: um processo em construção/Centro de Educação a Distância. Brasília-DF: CENED, 2003. FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização/Emilia Ferreiro: tradução Horacio Gonzalez...(et.al.) – São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1985. FERREIRO, Emilia. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. ________________. Alfabetização em Processo. São Paulo: Cortez, 1986. GROSSI. Esther Pillar. Didática da Alfabetização. Vol. 2 – Didática do Nível Silábico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. RIZZO, Gilda. Alfabetização Natural. 3ª edição- Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2005. SANTOS, C.M.C. dos & J.M.de S. SANSON. Descobertas & Relações – Alfabetização/Cibele Mendes Curto dos Santos e Josiane Maria de Souza Sanson. 2ª ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2005 SILVA, Ademar. Alfabetização: a escrita espontânea/ Ademar Silva – 2ª edição . São Paulo: Contexto, 1994 – (Repensando a Língua Portuguesa).
  • 42. SMOLKA, Ana Luiza B. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo/ Ana Maria Bustamante Smolka - 6ª ed.- São Paulo: Cortez, 1993 (Coleção passando a limpo). WEISZ, Telma. O dialogo entre o ensino e a aprendizagem. Com Ana Sanchez – 2ª ed. São Paulo: Ática, 2002. ZOTTI, Solange Aparecida. Sociedade, Educação e Currículo no Brasil: dos Jesuítas aos anos de 1980. Campinas, SP: Autores Associados, Brasília, DF: Editora Plano, 2004.