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A queda do diploma: O efeito nos cozinheiros conquistenses e na sociedade



                                                          Cauê Marque
                                                         Enrique Escudero
                                                             Ígor Luz
                                                          Wilson Júnior
                                             Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia




                                                          Resumo

A proposta desse trabalho é analisar o efeito que a queda do diploma de jornalismo
surtiu nos profissionais de Vitória da Conquista e na sociedade. Apesar de parecer uma
coisa demasiadamente importante no cenário do jornalismo brasileiro, parece que o
efeito da decisão do Supremo Tribunal Federal teve um efeito praticamente nulo.
Através de pesquisa de campo, enquetes e entrevistas, constatamos que o jornalismo
cresceu, a área cresceu, a demanda cresceu. O que não cresceu, aparentemente, foi a
perceptividade da sociedade para discernir um bom jornalismo.
Palavras-chave: jornalismo; diploma; sociedade; Vitória da Conquista.




                                                          Abstract

The proposal of this piece of work is to analyze the effect that the desregulamentation of
this professional journalism degree to exercise the profession has developed in the
counscientiousness of Vitória da Conquista’s professionals and society. Although it
seems a very important subject in Brazilian journalism nowadays, in fact of the decision
of the Supremo Tribunal Federal (Brazilian Supreme Court) had an almost null effect.
Through field research, poll and interviews we could find out that the journalism, the
area and the demand had developed. What apparently hasn’t developed is the society
observation to identify a quality journalism.

Key Words: journalism, degree, society, Vitória da Conquista.
Introdução



        O fato aconteceu em junho do ano passado. O Supremo Tribunal Federal
derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista.
Foram 8 votos contra 1. Gilmar Mendes, presidente do STF e relator do caso, avaliou
que o decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da
profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a
regulamentação de profissões.

       A exigência do diploma vinha de um decreto baixado pela Junta Militar que
governava o Brasil em 1969, no auge da ditadura. Na época, tratava-se de uma tentativa
de dificultar a vida de jornalistas sem o diploma que se manifestavam contra o regime.
A perspectiva - felizmente, frustrada - de controlar as escolas de jornalismo também
fazia parte do plano. Com isso, criou-se a enganosa ideia de que a exigência do diploma
seria um atentado a liberdade de expressão.

       De encontro a isso, países com uma democracia mais avançada que o Brasil não
têm a exigência do diploma universitário de jornalista para o exercício da profissão.
Entretanto, possuem um nível superior em jornalismo de excelência. Nesse ponto há de
se considerar alguns fatores: não só o ensino superior de países desenvolvidos é de
excelência; o ensino fundamental e médio também é. No Brasil existe uma deficiência
grave na educação básica que atrapalha a construção de bons profissionais. É bom
ressaltar que o STF ainda considera o diploma, mas com a não exigência do mesmo, as
faculdades de jornalismo correm o risco de enfraquecimento.

       Como reagiu o mercado de trabalho diante de tudo isso? Indignou-se? Revoltou-
se? Não. A maioria dos meios comunicacionais acredita que nada muda no mercado. Os
diplomados continuarão sendo contratados para exercer funções jornalísticas pelas
empresas que acreditam que uma faculdade fornece melhores técnicas para o exercício
da profissão nos diferentes tipos de mídia e dão a seus estudantes a formação humanista
essencial para esse papel de interlocução com a sociedade. Por outro lado, as empresas
que sempre desprezaram a boa técnica aprendida na academia, valendo-se de uma
liminar que desobrigava as empresas jornalísticas de contratarem exclusivamente os
formados em escolas de jornalismo, mesmo antes da decisão do STF, continuarão a agir
dessa forma. Como vaticinou o apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional da Rede
Globo, William Bonner, “o fato de não precisar mais de diploma não muda nada no
mercado profissional”.

       Em Vitória da Conquista, terceira maior cidade do estado da Bahia, também não
houve grandes mudanças. Além de uma faculdade de jornalismo (lotada na
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), a cidade possui uma TV pública e uma
comercial, sete rádios regulamentadas pela Dentel (comerciais, religiosas, pública), três
jornais impressos, muitos sites e blogs e ainda uma infinidade de agência de
comunicação. Pesquisando esses veículos, percebe- se que a queda do diploma teve
efeito praticamente nulo nos modelos de gestão.

       Os profissionais responsáveis pelos principais meios de comunicação da cidade,
jornalistas diplomados, acreditam que o ensino superior é de suma importância para se
fazer um bom jornalismo. Evidente que nem todos os jornalistas que trabalham e tem
destaque na cidade possuem formação acadêmica na área. Sobre estes, foi constatado
que alguns conseguem exercer a função com qualidade. Outros, entretanto, ferem a
ética, a técnica e o bom senso que estabelece o bom jornalismo que a sociedade, como
consumidora interessada, deveria exigir.

       Partindo dessa teoria, resolvemos analisar a opinião da sociedade sobre a queda
do diploma do jornalismo, os meios de comunicação da cidade e seus respectivos
jornalistas. Foi utilizada a metodologia de pesquisa de campo, considerando todos os
tipos de consumidores de notícia como fonte: diferentes classes sociais, idades variadas,
áreas de habitação diferenciadas, distintas profissões e gênero. Coletamos dados com o
intuito de analisar, interpretar e retratar a figura daquele que consome a informação
noticiada.

       O presidente do STF, no seu discurso de quase um ano atrás, comparou
jornalistas a cozinheiros. Enfim, fomos conhecer os vários tipos de culinárias
produzidas em Conquista e a opinião de quem as consome.
Os consumidores

       Em Vitória da Conquista, a mobilização dos acadêmicos e jornalistas formados a
favor da obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão foi rápida: uma passeata
que percorreu as principais ruas do centro da cidade foi realizada logo após a decisão do
Supremo Tribunal Federal de permitir que qualquer cidadão, mesmo sem formação
específica, estivesse apto para realizar a função. Mas, de acordo com os dados
recolhidos para este artigo, a passeata não conquistou o seu principal objetivo: a adesão
da população em favor da graduação obrigatória para se exercer o jornalismo
profissionalmente.


       Os dados recolhidos apresentam um cenário ainda pior: 60% dos nossos
entrevistados nem sequer sabiam que uma pessoa que não tem diploma de jornalismo
pode atuar na área. Ou seja, não haviam sido informados sobre a decisão do STF ou se
sensibilizado com a mobilização subseqüente dos jornalistas da região. Pode-se então
dizer que a comunicação dos profissionais formados, principais defensores da
necessidade de reconhecimento obrigatório do diploma de jornalismo, não alcançou os
efeitos esperados neste caso específico. Cabe, portanto, aqui, a pergunta: como
profissionais que ganham a vida informando à população sobre os principais
acontecimentos da nossa realidade não conseguiram informar sobre um assunto que
tanto lhes interessava, a desregulamentação do diploma de Jornalismo?


       Na verdade, o ponto de vista da maioria dos nossos entrevistados vai diretamente
de encontro com o ponto de vista dos acadêmicos. Dos 250 entrevistados, 98%
acreditam que o jornalismo é importante para a sociedade. Mas 73% desses mesmos
entrevistados concordam que uma pessoa que não possua diploma de jornalista pode
exercer esta atividade profissional. O que se entende disso é que o jornalismo pode até
ser importante para a sociedade, mas a necessidade de se ter jornalistas formados
exercendo a profissão não é levada em conta por grande parte da população.


       Em questionário distribuído aos principais profissionais da comunicação na
região, Fabrício Gama, coordenador de programação da TV Uesb, uma emissora de TV
pública local ligada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, concorda com este
ponto de vista: “Não vejo nenhuma movimentação da população pedindo algo melhor
ou reclamando dos não-formados. Acredito assim que, para a população, o que o
mercado hoje apresenta está de bom tamanho”.


       A população, inclusive, aprova o modelo de jornalismo regional vigente em
Vitória da Conquista e nas cidades mais próximas: 54% dos entrevistados
caracterizaram o jornalismo regional como ótimo ou bom e 32% como regular. Isso
significa que a população concorda com a forma como se faz jornalismo na região, e a
forma que se faz jornalismo na região visivelmente mescla jornalistas formados ou em
formação (principalmente nas redes de televisão) e não formados (principalmente em
rádios, jornais e blogs). Tal dado prova mais uma vez que a sociedade conquistense não
consegue diferir o trabalho de um profissional formado ou provisionado, mas, em sua
maioria, concorda com o trabalho que está sendo feito. A jornalista Michele do Carmo,
uma das sócias da AGTM Comunicação, inovadora agência de comunicação integrada
local, justifica o motivo:


               É difícil a população se posicionar diante de algo que ela não pode comparar.
               O jornalismo passou muito tempo sendo feito APENAS por não-formados. Essa
               realidade muda aos poucos agora, com a entrada dos diplomados. Talvez
               somente agora ela [a população] tenha a possibilidade de enxergar a diferença.
               No entanto, a concepção de jornalismo regional com qualidade se dá em um
               processo prolongado e constante. Aos poucos o reconhecimento do que “é bom
               de verdade” vai aparecendo. [grifo no original, resposta a questionário enviado
               por e-mail]



       Mais um dado que representa a indiferença da população em relação à
necessidade de jornalistas formados é que, quando perguntados sobre quais jornalistas
de Vitória da Conquista eles se lembram (técnica quantitativa de avaliação de
popularidade que na comunicação social é conhecida como recall), há um exato
equilíbrio entre nomes de graduados e não-graduados em sua área de atuação: o
radialista graduado em Direito e pós-graduado em Comunicação Social Herzem
Gusmão (com 90% de recall entre os entrevistados) e o âncora televisivo graduado em
Comunicação Social Daniel Silva (com 12% de recall) representam os graduados mais
lembrados pelos entrevistados enquanto o radialista Zenon Barbosa (18%) e a âncora
televisiva Cíntia Garcia (8%) são os mais lembrados do time dos não-graduados. Com
68% de recall, temos também Judson Almeida, âncora televisivo da TV Sudoeste que,
atualmente, ainda termina a graduação de Comunicação Social.


       O recall de três âncoras televisivos e dois radialistas como os mais lembrados da
população comprovam o hábito dos conquistenses de não consumirem muita
informação por jornais e revistas. O diretor do A Semana, principal semanário da
cidade, José Pinheiro Soares, é o jornalista de atuação em meios impressos da região
mais citado dentro da nossa pesquisa. Mesmo assim, foi lembrado pouco mais de 3%
das vezes pelos entrevistados. Assim como ele, alguns outros jornalistas, mesmo que
lembrados por poucas pessoas, foram citados pela população: 12% dos entrevistados se
lembraram de outros nomes além dos cinco apresentados acima, mas em quantidade
muito pequena para ser discriminada.


       Ao serem perguntados sobre que meios utilizam para se informar, os
entrevistados confirmam que a leitura de publicações impressas não é o hábito mais
comum dos conquistenses: apenas 28% afirmaram se utilizar de jornais e/ou revistas, o
que faz com que ambos sejam o meio de informação menos procurado pela população,
atrás mesmo de blogs e sítios eletrônicos informativos (28%). A televisão e o rádio, no
entanto, são os preferidos da sociedade: 72% dos entrevistados afirmaram que utilizam
a televisão como meio de informação e 63% afirmaram utilizar não só a televisão, mas
também o rádio. Importante enfatizar que nenhum dos entrevistados afirmou utilizar o
rádio como a única forma de se buscar notícias. Todos que ouvem o rádio para se
manterem informados utilizam também a televisão, sem exceções.


       A pesquisa mostra, portanto, uma postura mais independente do consumidor da
informação nos meios virtuais. Dos 28% dos entrevistados que utilizam blogs e sítios
eletrônicos para se informarem, 10% não utilizam nenhum outro meio além deste. Dos
18% restantes, todos utilizam a televisão, 14% utilizam o rádio e 1% também utiliza os
meios impressos. Isso prova a força que o rádio e a televisão possuem na região de
Vitória da Conquista: mesmo se informando por outros meios, o conquistense tem a
tendência de complementar o que sabe sobre a notícia com os meios televisivos e
radiofônicos.
Os Cozinheiros

       Em Vitória da Conquista, muitos jornalistas diplomados exercem a função que
aprenderam na academia. Entrevistamos alguns deles, responsáveis por veículos de
comunicação de grande, médio e pequeno porte. Constatamos, como era de esperar, que
a maioria deles não acredita que as funções jornalísticas podem ser exercidas por
pessoas sem formação. Fabrício Cabral Gama procura desconsiderar, no nosso
questionário, o conhecimento pela prática:

              Existem conhecimentos que são necessários para a efetiva execução do trabalho
              de um jornalista. Esses conjuntos de teorias não são abordados no dia-a-dia da
              profissão e, por isso, apenas o conhecimento adquirido na prática é insuficiente
              para a plena execução da profissão. [grifo no original, resposta ao questionário
              respondido]



       Fabrício Gama combate um dos principais argumentos do Supremo Tribunal
Federal para a desnecessidade do diploma: a restrição constitucional sobre a
regulamentação profissional refere-se somente a determinadas profissões, nas quais se
exige conhecimentos técnicos específicos, como é o caso dos profissionais da área de
saúde, dentre alguns outros. Esta restrição não se aplicaria à prática do jornalismo, uma
vez que os requisitos, segundo o Ministério Público Federal, para se ser um bom
jornalista são: bom caráter, ética e conhecimento sobre o assunto abordado. Ou seja,
matérias que não são apreendidas na faculdade, mas no cotidiano de cada individuo, nas
suas relações intersubjetivas, de forma que o exercício desta profissão prescinde de
formação acadêmica especifica.

       A Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj – argumentou a favor do diploma.
O advogado João Roberto Egydio Piza Fontes considerou “equivocada” a tese sobre a
não exigência de formação profissional específica, porque

              esta profissão requer, não apenas leitura, mas igualmente o conhecimento de
              legislação e preceitos técnicos específicos. (...) Para ser jornalista é necessário
              além do hábito de leitura, conforme alegado, o aprendizado de matérias
              especificas estudadas nas faculdades de jornalismo, entre elas a redação e
              edição jornalística, pesquisa e teoria da comunicação, relações públicas e
              sociologia, dentre muitas outras, todas elas essenciais ao bom exercício da
              profissão de jornalista. Para ser jornalista é preciso bem mais do que simples
              hábito de leitura e o exercício da prática profissional pois, acima de tudo, esta
              profissão, além de exigir amplo conhecimento sobre cultura, legislação e
economia, requer que o profissional jornalista adquira preceitos técnicos e
               éticos, necessários para entrevistar, reportar, editar e pesquisar. Ou seja, os
               conhecimentos específicos à profissão vão muito além da mera cultura e
               erudição, pois o papel de jornalista no Brasil não é o de qualquer cidadão
               inapto, uma vez que, para o exercício da profissão, é ainda necessária a reflexão
               sobre a informação, a constituição e definição dos fenômenos sociais, tarefa
               difícil no cotidiano das relações e cuja aprendizagem, de modo adequado e
               intransferível, ainda é adquirida no curso superior de jornalismo, do qual não se
               pode abrir mão.



       Michele do Carmo concorda com os fundamentos acima: “todas as técnicas
aprendidas na academia, mostraram-se totalmente necessárias no mercado de trabalho”.

       A AGTM Comunicação, assim como a TV Uesb, só trabalha com jornalistas
diplomados ou estudantes da área. Para Michele do Carmo, o custo/benefício é
totalmente satisfatório:

               Os atributos de um trabalho produzido por quem possui os conhecimentos
               acadêmicos das diversas ciências sociais (antropologia, sociologia), dos
               princípios éticos, da história da comunicação para compreender o presente, das
               técnicas dos procedimentos comuns da profissão (para segui-las ou para saber
               burlá-las), são importantes para o resultado final satisfatório. Vale a pena
               investir num profissional diplomado com todos esses adjetivos, porque ele irá
               render mais do que outro.



       Na TV Sudoeste nem todos os profissionais são jornalistas diplomados. O diretor de
jornalismo, Eduardo Lins, acredita que isso é por uma inevitabilidade histórica. “Temos
profissionais que estão conosco desde o início da construção de uma TV comercial que
surgiu diante da necessidade de uma emissora importante numa região importante”, diz.
À época do surgimento da TV Sudoeste, 20 anos atrás, o Curso de Comunicação Social /
Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Uesb – ainda não existia.
Então, para suprir a necessidade de profissionais, a TV contratou graduandos em Letras
para escrever as matérias jornalísticas. “No início, todo mundo era inexperiente e houve
alguns erros e falhas, mas com o tempo se vai melhorando, aperfeiçoando. Todo
começo é difícil, mas deve haver um ideal e, principalmente, profissionalismo”, diz
Lins. “Hoje, entretanto, já temos vários estudantes de jornalismo e jornalistas
diplomados exercendo funções de produção, reportagem e edição”, completa.
Apesar disso, a demanda por profissionais especializados em comunicação não
conseguem ser totalmente supridas pelos profissionais da região. Os profissionais, por
vezes, ficam estagnados e não procuram se atualizar. É cediço que defendemos a
obrigatoriedade do diploma, mas também acreditamos que existem profissionais que
saíram da academia sem preparo algum, não colhendo o que ela oferece. A busca pelo
aprimoramento deve ser contínua. Serviços como diagramação e edição, que precisa de
uma preparação tecnológica de qualidade, ficam a desejar. Em Vitória da Conquista, são
raros os profissionais que conseguem ser completos.

       Eliezer Neto, sócio-diretor administrativo da Mutamba Comunicação Inteligente,
acredita que a demanda por jornalistas competentes na cidade é grande e que o
profissional deve buscar o seu espaço:

              Existe a demanda e ela ainda pode ser criada pelos profissionais da região, basta
              entender as dificuldades do mercado. Necessidade de bons profissionais sempre
              vai existir, ainda mais na área de comunicação onde as possibilidades de
              exploração são grandes, basta o jornalista enxergar onde está essa demanda e
              aprender a desenvolvê-la. Há muitas empresas de comunicação por aí que busca
              e precisa, cada uma com sua particularidade.



       Isso acontece muito nas rádios. Mesmo com a vasta quantidade de rádios na em
VCA, poucos jornalistas estão trabalhando por lá. Jacqueline Silva, radialista da 96 FM
e estudante de jornalismo, diz que as rádios não se interessam por jornalistas
diplomados ou estudantes, mas o inverso também não acontece. “Sou apaixonada por
rádio e por jornalismo e para conseguir unir as duas coisas, precisei correr atrás, bater
na porta. Os problemas são a desvalorização em todos os sentidos”, diz. Constatamos
que no setor de radiojornalismo, a atuação do jornalista profissional é quase nula. “As
notícias no rádio são lidas por um locutor que tira a informação da internet. Para eles,
basta ter uma boa voz para exercer essa função”.

       Isso é o que chamam de democratização da comunicação? Para Jacqueline Silva,
não. “É a desmoralização de uma profissão”, conclui.
Conclusão

       A queda do diploma de jornalismo trouxe certa indignação da área de
jornalismo, principalmente dos estudantes universitários. No início, a figura do
jornalista ficou um pouco desacreditada. Mas passado algum tempo, percebeu-se que
tudo continua do jeito que estava antes da decisão conturbada do Supremo Tribunal
Federal, com seus problemas evidenciados e suas soluções visíveis.

       As opiniões dos profissionais ligados a área jornalística retratou bem o rumo que
a comunicação social, especificamente o jornalismo, pode tomar num futuro recente.
Por isso que, mesmo no Brasil, onde a educação é extremamente deficiente, a formação
acadêmica específica é essencial para o exercício de qualquer profissão, inclusive a de
jornalista, mesmo que não haja de imediato um reconhecimento popular.

       O público mostrou, através dos questionários, que não está inteiramente ligado
se quem passa as informações possuiu ou não um diploma na área. O interessante para
os consumidores é que os jornalistas passem as notícias com a credibilidade necessária
para que se crie um vínculo de confiança entre as duas partes. E é exatamente essa a
função social do jornalista: prestar serviço a população.

       A realidade que o mercado regional nos apresenta é diferente do que se poderia
supor logo após a decisão do STF estabelecendo a não obrigatoriedade do diploma
específico para o exercício da profissão de jornalista. Em Vitória da Conquista, o
mercado continua abrindo muitas vagas para quem sai da universidade com formação
em jornalismo em detrimento de quem queira exercer a função sem ter nenhum
conhecimento técnico na área. Isso, com certeza, irá ajudar que a comunicação local e
regional seja feita por bons profissionais, resultando em uma maior qualidade nos
serviços prestados.

       O mais interessante dado que foi constatado nos questionários dos cidadãos foi a
tamanha falta de informação da população com relação a regulamentação da profissão
de jornalista, o que pode ser uma crítica implícita ao trabalho que vem sendo exercido
pelos profissionais que estão no mercado ou, simplesmente, é um dado que não
interessa a maioria dos consumidores de informação.
Dentre os meios de comunicação, deve-se dar uma prioridade quanto a avaliação
da qualidade de informação na televisão. Mesmo porque 72% dos conquistenses
utilizam a TV para se informar. Felizmente é uma mídia que respeita o consumidor com
informações apuradas e apresentadas de forma extremamente satisfatória, sempre sendo
feita com qualidade pelos profissionais. Contudo não só de TV o público vive, e é nas
mídias inferiores que o problema se agrava consideravelmente. Os blogs, por exemplo,
é um tipo de mídia muito democrático, já que qualquer pessoa pode veicular
informações por lá, e por conta disso não há uma preocupação na apuração e construção
de notícias, o que pode causar uma confusão ao público que consome esse tipo de
mídia. Por coincidência ou não, é na internet que se concentra o maior número de
jornalistas sem formação acadêmica específica para área. Já o rádio, é um espaço que
não é explorado consideravelmente pelos jornalistas ou estudantes de jornalismo. No
rádio, é preferível a presença de radialistas ou simplesmente de pessoas que possuem
boa dicção e voz, e as notícias, em sua maioria, são releases dos mesmos blogs feitos
por profissionais sem técnica. Os jornais impressos em Vitória da Conquista são
deficientes ao extremo, o que atrapalha no ingresso de profissionais formados em
jornalismo. Sem falar que na cidade não há o hábito de leitura desses veículos
impressos. Contudo, há estagiários e profissionais com formação específica trabalhando
na área.

       Nos mais diversos tipos de mídia, em Vitória da Conquista, os profissionais com
formação específica em jornalismo se destacam pela qualidade dos serviços. Ainda há
uma pequena desvalorização por parte da população, pois, muitas vezes, não sabe diferir
os tipos de trabalhos. Por isso, o bom jornalismo precisa continuar sendo feito por gente
qualificada para que essa impressão do público se modifique. E mesmo sem a
obrigatoriedade do diploma, os diplomados precisam justificar com qualidade sua
superioridade sobre os que não têm formação de jornalismo.

       Em tempo: qualquer um pode cozinhar. Mas para produzir culinária de
qualidade, a técnica é essencial, sim. Independentemente do que pensa o Presidente do
Supremo Tribunal Federal.
Referências

http://www.observatoriodaimprensa.com.br

http://www.versoereverso.unisinos.br

http://www.saladeprensa.org/art881.pdf

http://www.bocc.uff.br/pag/abreu-ana-carolina-Conselho-federal-jornalismo.pdf

http://www.fazendomedia.com.br

http://www.meioemensagem.com.br

http://www.g1.com

http://www.uol.com.br

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O efeito da queda do diploma de jornalismo em Vitória da Conquista

  • 1. A queda do diploma: O efeito nos cozinheiros conquistenses e na sociedade Cauê Marque Enrique Escudero Ígor Luz Wilson Júnior Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Resumo A proposta desse trabalho é analisar o efeito que a queda do diploma de jornalismo surtiu nos profissionais de Vitória da Conquista e na sociedade. Apesar de parecer uma coisa demasiadamente importante no cenário do jornalismo brasileiro, parece que o efeito da decisão do Supremo Tribunal Federal teve um efeito praticamente nulo. Através de pesquisa de campo, enquetes e entrevistas, constatamos que o jornalismo cresceu, a área cresceu, a demanda cresceu. O que não cresceu, aparentemente, foi a perceptividade da sociedade para discernir um bom jornalismo. Palavras-chave: jornalismo; diploma; sociedade; Vitória da Conquista. Abstract The proposal of this piece of work is to analyze the effect that the desregulamentation of this professional journalism degree to exercise the profession has developed in the counscientiousness of Vitória da Conquista’s professionals and society. Although it seems a very important subject in Brazilian journalism nowadays, in fact of the decision of the Supremo Tribunal Federal (Brazilian Supreme Court) had an almost null effect. Through field research, poll and interviews we could find out that the journalism, the area and the demand had developed. What apparently hasn’t developed is the society observation to identify a quality journalism. Key Words: journalism, degree, society, Vitória da Conquista.
  • 2. Introdução O fato aconteceu em junho do ano passado. O Supremo Tribunal Federal derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Foram 8 votos contra 1. Gilmar Mendes, presidente do STF e relator do caso, avaliou que o decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões. A exigência do diploma vinha de um decreto baixado pela Junta Militar que governava o Brasil em 1969, no auge da ditadura. Na época, tratava-se de uma tentativa de dificultar a vida de jornalistas sem o diploma que se manifestavam contra o regime. A perspectiva - felizmente, frustrada - de controlar as escolas de jornalismo também fazia parte do plano. Com isso, criou-se a enganosa ideia de que a exigência do diploma seria um atentado a liberdade de expressão. De encontro a isso, países com uma democracia mais avançada que o Brasil não têm a exigência do diploma universitário de jornalista para o exercício da profissão. Entretanto, possuem um nível superior em jornalismo de excelência. Nesse ponto há de se considerar alguns fatores: não só o ensino superior de países desenvolvidos é de excelência; o ensino fundamental e médio também é. No Brasil existe uma deficiência grave na educação básica que atrapalha a construção de bons profissionais. É bom ressaltar que o STF ainda considera o diploma, mas com a não exigência do mesmo, as faculdades de jornalismo correm o risco de enfraquecimento. Como reagiu o mercado de trabalho diante de tudo isso? Indignou-se? Revoltou- se? Não. A maioria dos meios comunicacionais acredita que nada muda no mercado. Os diplomados continuarão sendo contratados para exercer funções jornalísticas pelas empresas que acreditam que uma faculdade fornece melhores técnicas para o exercício da profissão nos diferentes tipos de mídia e dão a seus estudantes a formação humanista essencial para esse papel de interlocução com a sociedade. Por outro lado, as empresas que sempre desprezaram a boa técnica aprendida na academia, valendo-se de uma liminar que desobrigava as empresas jornalísticas de contratarem exclusivamente os formados em escolas de jornalismo, mesmo antes da decisão do STF, continuarão a agir
  • 3. dessa forma. Como vaticinou o apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional da Rede Globo, William Bonner, “o fato de não precisar mais de diploma não muda nada no mercado profissional”. Em Vitória da Conquista, terceira maior cidade do estado da Bahia, também não houve grandes mudanças. Além de uma faculdade de jornalismo (lotada na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), a cidade possui uma TV pública e uma comercial, sete rádios regulamentadas pela Dentel (comerciais, religiosas, pública), três jornais impressos, muitos sites e blogs e ainda uma infinidade de agência de comunicação. Pesquisando esses veículos, percebe- se que a queda do diploma teve efeito praticamente nulo nos modelos de gestão. Os profissionais responsáveis pelos principais meios de comunicação da cidade, jornalistas diplomados, acreditam que o ensino superior é de suma importância para se fazer um bom jornalismo. Evidente que nem todos os jornalistas que trabalham e tem destaque na cidade possuem formação acadêmica na área. Sobre estes, foi constatado que alguns conseguem exercer a função com qualidade. Outros, entretanto, ferem a ética, a técnica e o bom senso que estabelece o bom jornalismo que a sociedade, como consumidora interessada, deveria exigir. Partindo dessa teoria, resolvemos analisar a opinião da sociedade sobre a queda do diploma do jornalismo, os meios de comunicação da cidade e seus respectivos jornalistas. Foi utilizada a metodologia de pesquisa de campo, considerando todos os tipos de consumidores de notícia como fonte: diferentes classes sociais, idades variadas, áreas de habitação diferenciadas, distintas profissões e gênero. Coletamos dados com o intuito de analisar, interpretar e retratar a figura daquele que consome a informação noticiada. O presidente do STF, no seu discurso de quase um ano atrás, comparou jornalistas a cozinheiros. Enfim, fomos conhecer os vários tipos de culinárias produzidas em Conquista e a opinião de quem as consome.
  • 4. Os consumidores Em Vitória da Conquista, a mobilização dos acadêmicos e jornalistas formados a favor da obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão foi rápida: uma passeata que percorreu as principais ruas do centro da cidade foi realizada logo após a decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir que qualquer cidadão, mesmo sem formação específica, estivesse apto para realizar a função. Mas, de acordo com os dados recolhidos para este artigo, a passeata não conquistou o seu principal objetivo: a adesão da população em favor da graduação obrigatória para se exercer o jornalismo profissionalmente. Os dados recolhidos apresentam um cenário ainda pior: 60% dos nossos entrevistados nem sequer sabiam que uma pessoa que não tem diploma de jornalismo pode atuar na área. Ou seja, não haviam sido informados sobre a decisão do STF ou se sensibilizado com a mobilização subseqüente dos jornalistas da região. Pode-se então dizer que a comunicação dos profissionais formados, principais defensores da necessidade de reconhecimento obrigatório do diploma de jornalismo, não alcançou os efeitos esperados neste caso específico. Cabe, portanto, aqui, a pergunta: como profissionais que ganham a vida informando à população sobre os principais acontecimentos da nossa realidade não conseguiram informar sobre um assunto que tanto lhes interessava, a desregulamentação do diploma de Jornalismo? Na verdade, o ponto de vista da maioria dos nossos entrevistados vai diretamente de encontro com o ponto de vista dos acadêmicos. Dos 250 entrevistados, 98% acreditam que o jornalismo é importante para a sociedade. Mas 73% desses mesmos entrevistados concordam que uma pessoa que não possua diploma de jornalista pode exercer esta atividade profissional. O que se entende disso é que o jornalismo pode até ser importante para a sociedade, mas a necessidade de se ter jornalistas formados exercendo a profissão não é levada em conta por grande parte da população. Em questionário distribuído aos principais profissionais da comunicação na região, Fabrício Gama, coordenador de programação da TV Uesb, uma emissora de TV pública local ligada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, concorda com este ponto de vista: “Não vejo nenhuma movimentação da população pedindo algo melhor
  • 5. ou reclamando dos não-formados. Acredito assim que, para a população, o que o mercado hoje apresenta está de bom tamanho”. A população, inclusive, aprova o modelo de jornalismo regional vigente em Vitória da Conquista e nas cidades mais próximas: 54% dos entrevistados caracterizaram o jornalismo regional como ótimo ou bom e 32% como regular. Isso significa que a população concorda com a forma como se faz jornalismo na região, e a forma que se faz jornalismo na região visivelmente mescla jornalistas formados ou em formação (principalmente nas redes de televisão) e não formados (principalmente em rádios, jornais e blogs). Tal dado prova mais uma vez que a sociedade conquistense não consegue diferir o trabalho de um profissional formado ou provisionado, mas, em sua maioria, concorda com o trabalho que está sendo feito. A jornalista Michele do Carmo, uma das sócias da AGTM Comunicação, inovadora agência de comunicação integrada local, justifica o motivo: É difícil a população se posicionar diante de algo que ela não pode comparar. O jornalismo passou muito tempo sendo feito APENAS por não-formados. Essa realidade muda aos poucos agora, com a entrada dos diplomados. Talvez somente agora ela [a população] tenha a possibilidade de enxergar a diferença. No entanto, a concepção de jornalismo regional com qualidade se dá em um processo prolongado e constante. Aos poucos o reconhecimento do que “é bom de verdade” vai aparecendo. [grifo no original, resposta a questionário enviado por e-mail] Mais um dado que representa a indiferença da população em relação à necessidade de jornalistas formados é que, quando perguntados sobre quais jornalistas de Vitória da Conquista eles se lembram (técnica quantitativa de avaliação de popularidade que na comunicação social é conhecida como recall), há um exato equilíbrio entre nomes de graduados e não-graduados em sua área de atuação: o radialista graduado em Direito e pós-graduado em Comunicação Social Herzem Gusmão (com 90% de recall entre os entrevistados) e o âncora televisivo graduado em Comunicação Social Daniel Silva (com 12% de recall) representam os graduados mais lembrados pelos entrevistados enquanto o radialista Zenon Barbosa (18%) e a âncora televisiva Cíntia Garcia (8%) são os mais lembrados do time dos não-graduados. Com
  • 6. 68% de recall, temos também Judson Almeida, âncora televisivo da TV Sudoeste que, atualmente, ainda termina a graduação de Comunicação Social. O recall de três âncoras televisivos e dois radialistas como os mais lembrados da população comprovam o hábito dos conquistenses de não consumirem muita informação por jornais e revistas. O diretor do A Semana, principal semanário da cidade, José Pinheiro Soares, é o jornalista de atuação em meios impressos da região mais citado dentro da nossa pesquisa. Mesmo assim, foi lembrado pouco mais de 3% das vezes pelos entrevistados. Assim como ele, alguns outros jornalistas, mesmo que lembrados por poucas pessoas, foram citados pela população: 12% dos entrevistados se lembraram de outros nomes além dos cinco apresentados acima, mas em quantidade muito pequena para ser discriminada. Ao serem perguntados sobre que meios utilizam para se informar, os entrevistados confirmam que a leitura de publicações impressas não é o hábito mais comum dos conquistenses: apenas 28% afirmaram se utilizar de jornais e/ou revistas, o que faz com que ambos sejam o meio de informação menos procurado pela população, atrás mesmo de blogs e sítios eletrônicos informativos (28%). A televisão e o rádio, no entanto, são os preferidos da sociedade: 72% dos entrevistados afirmaram que utilizam a televisão como meio de informação e 63% afirmaram utilizar não só a televisão, mas também o rádio. Importante enfatizar que nenhum dos entrevistados afirmou utilizar o rádio como a única forma de se buscar notícias. Todos que ouvem o rádio para se manterem informados utilizam também a televisão, sem exceções. A pesquisa mostra, portanto, uma postura mais independente do consumidor da informação nos meios virtuais. Dos 28% dos entrevistados que utilizam blogs e sítios eletrônicos para se informarem, 10% não utilizam nenhum outro meio além deste. Dos 18% restantes, todos utilizam a televisão, 14% utilizam o rádio e 1% também utiliza os meios impressos. Isso prova a força que o rádio e a televisão possuem na região de Vitória da Conquista: mesmo se informando por outros meios, o conquistense tem a tendência de complementar o que sabe sobre a notícia com os meios televisivos e radiofônicos.
  • 7. Os Cozinheiros Em Vitória da Conquista, muitos jornalistas diplomados exercem a função que aprenderam na academia. Entrevistamos alguns deles, responsáveis por veículos de comunicação de grande, médio e pequeno porte. Constatamos, como era de esperar, que a maioria deles não acredita que as funções jornalísticas podem ser exercidas por pessoas sem formação. Fabrício Cabral Gama procura desconsiderar, no nosso questionário, o conhecimento pela prática: Existem conhecimentos que são necessários para a efetiva execução do trabalho de um jornalista. Esses conjuntos de teorias não são abordados no dia-a-dia da profissão e, por isso, apenas o conhecimento adquirido na prática é insuficiente para a plena execução da profissão. [grifo no original, resposta ao questionário respondido] Fabrício Gama combate um dos principais argumentos do Supremo Tribunal Federal para a desnecessidade do diploma: a restrição constitucional sobre a regulamentação profissional refere-se somente a determinadas profissões, nas quais se exige conhecimentos técnicos específicos, como é o caso dos profissionais da área de saúde, dentre alguns outros. Esta restrição não se aplicaria à prática do jornalismo, uma vez que os requisitos, segundo o Ministério Público Federal, para se ser um bom jornalista são: bom caráter, ética e conhecimento sobre o assunto abordado. Ou seja, matérias que não são apreendidas na faculdade, mas no cotidiano de cada individuo, nas suas relações intersubjetivas, de forma que o exercício desta profissão prescinde de formação acadêmica especifica. A Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj – argumentou a favor do diploma. O advogado João Roberto Egydio Piza Fontes considerou “equivocada” a tese sobre a não exigência de formação profissional específica, porque esta profissão requer, não apenas leitura, mas igualmente o conhecimento de legislação e preceitos técnicos específicos. (...) Para ser jornalista é necessário além do hábito de leitura, conforme alegado, o aprendizado de matérias especificas estudadas nas faculdades de jornalismo, entre elas a redação e edição jornalística, pesquisa e teoria da comunicação, relações públicas e sociologia, dentre muitas outras, todas elas essenciais ao bom exercício da profissão de jornalista. Para ser jornalista é preciso bem mais do que simples hábito de leitura e o exercício da prática profissional pois, acima de tudo, esta profissão, além de exigir amplo conhecimento sobre cultura, legislação e
  • 8. economia, requer que o profissional jornalista adquira preceitos técnicos e éticos, necessários para entrevistar, reportar, editar e pesquisar. Ou seja, os conhecimentos específicos à profissão vão muito além da mera cultura e erudição, pois o papel de jornalista no Brasil não é o de qualquer cidadão inapto, uma vez que, para o exercício da profissão, é ainda necessária a reflexão sobre a informação, a constituição e definição dos fenômenos sociais, tarefa difícil no cotidiano das relações e cuja aprendizagem, de modo adequado e intransferível, ainda é adquirida no curso superior de jornalismo, do qual não se pode abrir mão. Michele do Carmo concorda com os fundamentos acima: “todas as técnicas aprendidas na academia, mostraram-se totalmente necessárias no mercado de trabalho”. A AGTM Comunicação, assim como a TV Uesb, só trabalha com jornalistas diplomados ou estudantes da área. Para Michele do Carmo, o custo/benefício é totalmente satisfatório: Os atributos de um trabalho produzido por quem possui os conhecimentos acadêmicos das diversas ciências sociais (antropologia, sociologia), dos princípios éticos, da história da comunicação para compreender o presente, das técnicas dos procedimentos comuns da profissão (para segui-las ou para saber burlá-las), são importantes para o resultado final satisfatório. Vale a pena investir num profissional diplomado com todos esses adjetivos, porque ele irá render mais do que outro. Na TV Sudoeste nem todos os profissionais são jornalistas diplomados. O diretor de jornalismo, Eduardo Lins, acredita que isso é por uma inevitabilidade histórica. “Temos profissionais que estão conosco desde o início da construção de uma TV comercial que surgiu diante da necessidade de uma emissora importante numa região importante”, diz. À época do surgimento da TV Sudoeste, 20 anos atrás, o Curso de Comunicação Social / Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Uesb – ainda não existia. Então, para suprir a necessidade de profissionais, a TV contratou graduandos em Letras para escrever as matérias jornalísticas. “No início, todo mundo era inexperiente e houve alguns erros e falhas, mas com o tempo se vai melhorando, aperfeiçoando. Todo começo é difícil, mas deve haver um ideal e, principalmente, profissionalismo”, diz Lins. “Hoje, entretanto, já temos vários estudantes de jornalismo e jornalistas diplomados exercendo funções de produção, reportagem e edição”, completa.
  • 9. Apesar disso, a demanda por profissionais especializados em comunicação não conseguem ser totalmente supridas pelos profissionais da região. Os profissionais, por vezes, ficam estagnados e não procuram se atualizar. É cediço que defendemos a obrigatoriedade do diploma, mas também acreditamos que existem profissionais que saíram da academia sem preparo algum, não colhendo o que ela oferece. A busca pelo aprimoramento deve ser contínua. Serviços como diagramação e edição, que precisa de uma preparação tecnológica de qualidade, ficam a desejar. Em Vitória da Conquista, são raros os profissionais que conseguem ser completos. Eliezer Neto, sócio-diretor administrativo da Mutamba Comunicação Inteligente, acredita que a demanda por jornalistas competentes na cidade é grande e que o profissional deve buscar o seu espaço: Existe a demanda e ela ainda pode ser criada pelos profissionais da região, basta entender as dificuldades do mercado. Necessidade de bons profissionais sempre vai existir, ainda mais na área de comunicação onde as possibilidades de exploração são grandes, basta o jornalista enxergar onde está essa demanda e aprender a desenvolvê-la. Há muitas empresas de comunicação por aí que busca e precisa, cada uma com sua particularidade. Isso acontece muito nas rádios. Mesmo com a vasta quantidade de rádios na em VCA, poucos jornalistas estão trabalhando por lá. Jacqueline Silva, radialista da 96 FM e estudante de jornalismo, diz que as rádios não se interessam por jornalistas diplomados ou estudantes, mas o inverso também não acontece. “Sou apaixonada por rádio e por jornalismo e para conseguir unir as duas coisas, precisei correr atrás, bater na porta. Os problemas são a desvalorização em todos os sentidos”, diz. Constatamos que no setor de radiojornalismo, a atuação do jornalista profissional é quase nula. “As notícias no rádio são lidas por um locutor que tira a informação da internet. Para eles, basta ter uma boa voz para exercer essa função”. Isso é o que chamam de democratização da comunicação? Para Jacqueline Silva, não. “É a desmoralização de uma profissão”, conclui.
  • 10. Conclusão A queda do diploma de jornalismo trouxe certa indignação da área de jornalismo, principalmente dos estudantes universitários. No início, a figura do jornalista ficou um pouco desacreditada. Mas passado algum tempo, percebeu-se que tudo continua do jeito que estava antes da decisão conturbada do Supremo Tribunal Federal, com seus problemas evidenciados e suas soluções visíveis. As opiniões dos profissionais ligados a área jornalística retratou bem o rumo que a comunicação social, especificamente o jornalismo, pode tomar num futuro recente. Por isso que, mesmo no Brasil, onde a educação é extremamente deficiente, a formação acadêmica específica é essencial para o exercício de qualquer profissão, inclusive a de jornalista, mesmo que não haja de imediato um reconhecimento popular. O público mostrou, através dos questionários, que não está inteiramente ligado se quem passa as informações possuiu ou não um diploma na área. O interessante para os consumidores é que os jornalistas passem as notícias com a credibilidade necessária para que se crie um vínculo de confiança entre as duas partes. E é exatamente essa a função social do jornalista: prestar serviço a população. A realidade que o mercado regional nos apresenta é diferente do que se poderia supor logo após a decisão do STF estabelecendo a não obrigatoriedade do diploma específico para o exercício da profissão de jornalista. Em Vitória da Conquista, o mercado continua abrindo muitas vagas para quem sai da universidade com formação em jornalismo em detrimento de quem queira exercer a função sem ter nenhum conhecimento técnico na área. Isso, com certeza, irá ajudar que a comunicação local e regional seja feita por bons profissionais, resultando em uma maior qualidade nos serviços prestados. O mais interessante dado que foi constatado nos questionários dos cidadãos foi a tamanha falta de informação da população com relação a regulamentação da profissão de jornalista, o que pode ser uma crítica implícita ao trabalho que vem sendo exercido pelos profissionais que estão no mercado ou, simplesmente, é um dado que não interessa a maioria dos consumidores de informação.
  • 11. Dentre os meios de comunicação, deve-se dar uma prioridade quanto a avaliação da qualidade de informação na televisão. Mesmo porque 72% dos conquistenses utilizam a TV para se informar. Felizmente é uma mídia que respeita o consumidor com informações apuradas e apresentadas de forma extremamente satisfatória, sempre sendo feita com qualidade pelos profissionais. Contudo não só de TV o público vive, e é nas mídias inferiores que o problema se agrava consideravelmente. Os blogs, por exemplo, é um tipo de mídia muito democrático, já que qualquer pessoa pode veicular informações por lá, e por conta disso não há uma preocupação na apuração e construção de notícias, o que pode causar uma confusão ao público que consome esse tipo de mídia. Por coincidência ou não, é na internet que se concentra o maior número de jornalistas sem formação acadêmica específica para área. Já o rádio, é um espaço que não é explorado consideravelmente pelos jornalistas ou estudantes de jornalismo. No rádio, é preferível a presença de radialistas ou simplesmente de pessoas que possuem boa dicção e voz, e as notícias, em sua maioria, são releases dos mesmos blogs feitos por profissionais sem técnica. Os jornais impressos em Vitória da Conquista são deficientes ao extremo, o que atrapalha no ingresso de profissionais formados em jornalismo. Sem falar que na cidade não há o hábito de leitura desses veículos impressos. Contudo, há estagiários e profissionais com formação específica trabalhando na área. Nos mais diversos tipos de mídia, em Vitória da Conquista, os profissionais com formação específica em jornalismo se destacam pela qualidade dos serviços. Ainda há uma pequena desvalorização por parte da população, pois, muitas vezes, não sabe diferir os tipos de trabalhos. Por isso, o bom jornalismo precisa continuar sendo feito por gente qualificada para que essa impressão do público se modifique. E mesmo sem a obrigatoriedade do diploma, os diplomados precisam justificar com qualidade sua superioridade sobre os que não têm formação de jornalismo. Em tempo: qualquer um pode cozinhar. Mas para produzir culinária de qualidade, a técnica é essencial, sim. Independentemente do que pensa o Presidente do Supremo Tribunal Federal.