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A Europa nos séculos XVII e XVIII
Durante o século XVIII, ocorreu uma crise demográfica na Europa (período em que o
número de óbitos ultrapassa o número de nascimentos, e as taxas de natalidade e
fecundidade diminuem, resultando na estagnação ou declínio da população).
A crise foi provocada:
- Pela escassez de alimento: a economia praticada era a pré-industrial, caracterizada pela
forte dependência das condições climáticas (esta época foi especialmente marcada pelo
mau clima, o que naturalmente prejudicou fortemente a agricultura) e da mão-de-obra
(que estava em falta, porque muitos homens estavam na guerra), e pelo usa de técnicas e
instrumentos arcaicos. Isto originou a subida dos preços dos cereais e das crises de
subsistência;
- Pelas guerras
Por consequência:
- Fome;
- Epidemias, falta de higiene
- Rutura familiar, abandono de crianças, vagabundagem, errância, cataclismo
A morte tornou-se extremamente comum e um pensamento frequente entre todos, por
isso foi considerada por muitos “O centro da vida”.
Apesar da elevada taxa de mortalidade, a recuperação era alta, devido aos níveis de
natalidade altos: cada mulher dava, em média, à luz 6 a 7 vezes. Daí o saldo
fisiológico/taxa de substituição (diferença entre a mortalidade e a natalidade) se situar
perto da unidade.
Alta taxa de mortalidade infantil (malformações genéticas/ à nascença, desnutrição,
falta de cuidados médicos/higiene)
Esperança de vida à nascença baixa - Baixa EMV (30-35)
Nova tendência demográfica
No decorrer do século XVIII, verificou-se uma melhoria nos indicadores populacionais
devido às Inovações da agricultura, progressos da indústria, melhoria dos cuidados
infantis, fim das guerras, desenvolvimento dos transportes (o que melhorou o transporte
dos alimentos), conquistas da medicina, melhores condições de vida materiais (casas) e
a nível da saúde (invenção da vacina da varíola). Mas, o motivo principal para esta nova
tendência demográfica foi o clima: as boas colheitas acabaram, naturalmente, com a
fome e as epidemias.
Os campos da obstetrícia e da maternidade conheceram diversas inovações. Formaram-
se parteiras (até aí as que existiam não eram qualificadas nem capazes de compreender
como realizar os partos), deu-se fim a prática de enfaixamento, e houve uma mudança
na mentalidade das pessoas em relação aos seus filhos (o hábito das mães entregarem os
bebés a amas de leite por não querem amamentá-los por questões estéticas reduziu-se).
Até porque com a redução da mortalidade infantil, os pais começaram a dar mais valor e
a preocuparem-se com os seus filhos.
Thomas Malthus considerava este aumento negativo, pois os recursos alimentares não
aumentavam proporcionalmente à população (alta taxa de nascimento - muitas bocas
para alimentar - falta de alimento). Ivan Possochov considera este aumento positivo,
pois com os nascimentos há um aumento dos trabalhadores.
ANTIGO REGIME
Antigo regime - Período de tempo marcado pelo absolutismo de direito divino e pela
centralização do poder nas mãos do rei
A sociedade de Antigo regime organizava-se em três ordens (definidas pelo nascimento/
função social que desempenham), o clero, a nobreza, e o terceiro estado (¾ da
população)
1º ordem - Clero
Era responsável pelo culto divino, regia-se pelo direito próprio (canônico - leis
específicas), a justiça era aplicada em tribunais eclesiásticos (próprios), está isento de
impostos, da prestação de serviço militar, podiam conceder asilo aos fugitivos (pois os
locais onde moravam eram sagrados e a polícia não podia lá entrar; ao conceder asilo a
criminosos, podiam conseguir bens em troca ou convertê-los ao cristianismo), e não
eram obrigados a franquear as suas casas aos soldados do rei.
O clero era a única ordem que não se definia pelo nascimento, mas sim pela tonsura
(corte de cabelo dos eclesiásticos, que representava a entrada na ordem social),
aglutinando assim elementos de todos os grupos sociais, desde príncipes de sangue a
humildes camponeses. Mas no fundo, cada um acabava por ocupar um lugar na
hierarquia social compatível com a sua origem social.
Recebiam a dízima (1/10 da colheita)
ALTO CLERO
- Filhos-segundos da nobreza, cardeais, bispos, arcebispos, séquitos, abades dos
mosteiros mais ricos
BAIXO CLERO
- Vida simples e rural, junto dos mais desfavorecidos
CLERO RURAL
- Sujeito a regra de uma ordem religiosa (ordem de São Bento)
- Vivem em conventos ou mosteiros
2º ordem Nobreza
É a ordem de maior prestígio. Cede ao clero os membros mais destacados, têm a função
militar e de defesa, e ocupa os mais altos cargos de poder. Desfruta de um regime
jurídico próprio, e isento de impostos, senão em caso de guerra.
NOBREZA DE SANGUE / DE ESPADA
- Desde sempre dedicada a carreira de armas
- O seu símbolo é a espada
Subdividem-se em categorias diferentes
- Príncipes, duques, e os que vivem perto do monarca na corte
- Nobreza rural - vida rural cujo lucro provém dos seus senhorios
NOBREZA DE TOGA / ADMINISTRATIVA
- Funções administrativas e judiciais
- Burgueses que ascenderam (não são nobres de nascença)
3º ordem Terceiro Estado
Ordem mais heterogênea - os seus membros tanto podem aspirar as dignidades mais
elevadas, como vegetar na miséria mais extrema
Burguesia
1- Homens de letras
2- Financeiros, advogados, mercadores, negociantes
Não-burguesia
3- Artesãos
4- Camponeses (8/10 da população)
5- Mendigos, vagabundos, indigentes
AMBOS A NOBREZA E O CLERO estavam isentos de penas vis como o
enforcamento e o açoite. Em compensação, eram punidos com altas multas ou eram
decapitados (pois morrer pela espada é menos aviltante do que morrer na corda)
Mobilidade social
Podia-se ascender socialmente (principalmente os membros do terceiro estado,
maioritariamente os burgueses) através da aquisição de cargos públicos que lhes são
atribuídos devido a sua educação/capacidades (favor do rei na corte), pela compra de
cargos, ou através do casamento entre a nobreza e a burguesia.
Burguesia vs nobreza
Os nobres não procuravam obter conhecimento e eram ignorantes perante os assuntos
com que lidavam (como os interesses dos príncipes, dos negócios públicos, economia e
negócios). Para além disso, desprezavam a burguesia e consideravam-se altamente
superiores a eles. Por outro lado, os burgueses procuravam instruir-se sobre o reino,
governo, e o estrangeiro, educavam-se e conseguiam ascender graças aos seus
conhecimentos. Esses nobres que menosprezavam os burgueses, ao vê-los a ascender e a
ter sucesso, já se interessavam e davam-lhes a mão de suas filhas em casamento.
ABSOLUTISMO DE LUÍS XIV
A monarquia absoluta já presente em França há algumas décadas, assumiu a sua
plenitude no reinado de Luís XIV (reinou de 1643/1661 a 1715). A instabilidade social
da altura (as guerras) foi essencial no reforço da ideia da monarquia absoluta.
Monarquia absoluta - Forma de governo na qual o rei, como representante de Deus na
Terra, detinha a totalidade dos poderes, sobre o Estado e sobre os seus súbditos.
Símbolos do poder- Cetro, coroa, espada, trono, mão da justiça
Culto à figura do rei- Retratos, bustos, estátuas, e ações de dia-a-dia do rei (como
assistir ao acordar e ao deitar)
Segundo Bossuet:
- O rei apenas prestava contas a Deus;
- A autoridade do monarca era inquestionável (porque isso seria como questionar a
autoridade de Deus);
- Qualquer forma de revolta/contestação contra o Rei era um crime/pecado
Segundo Bossuet, o poder do rei:
- É sagrado (porque provém de Deus)
- É paternal (o rei governa para o bem do seu povo, luta por ele, defende-o e governa
brandamente, cultivando a imagem de “pai do povo”)
- É absoluto (o rei deve tomar as suas decisões com a total liberdade, apesar do seu
poder não ser arbitrário, pois é limitado)
- Está submetido à razão (sabedoria) (Deus dotou os reis de bondade, firmeza, força de
caráter, prudência, capacidade de precisão)
Limitações teóricas do poder do Rei
- Os mandamentos da lei de Deus (o rei deveria governar de forma justa e bondosa, já
que o seu poder lhes foi dado por Deus)
- As leis naturais (o rei devia manter a ordem e a paz e reconhecer os direitos à
propriedade, à vida, à liberdade e à justiça, direitos inerentes à natureza humana)
- As leis fundamentais do Estado (o direito consuetudinário - não escrito, baseado na
tradição e nos costumes)
Contudo, na prática, estas limitações não passavam da teoria, já que não havia qualquer
fiscalização da ação governativa do rei e o rei interpretava o conceito de bem público
como entendia
Luís XIV e o Barroco
Luís XIV tomou a popularização da arte barroca a seu favor, ao apoiar as letras, o
teatro, a música e as artes plásticas (mecenato), o que se tornou numa propaganda e
numa exaltação à imagem do rei e à sua corte esplendorosa; o patrocínio régio das artes
e das ciências contribuiu para cultivar a majestade do monarca e difundir a imagem do
rei e da sua grandeza.
Comparação do Rei ao Sol e a Deus
Tal como o Sol e Deus, o Rei era:
- Essencial
- Imprescindível
Corte / Cortes
Corte - Onde vive o rei
Cortes - Assembleias (constituídas pelas três ordens) convocadas pelo rei com o
objetivo de o auxiliarem nas decisões do reino. Estas eram raramente convocadas pelos
reis absolutistas, pois eles tomavam as decisões sozinhos, mas nunca foram abolidas
devido à sua simbologia e importância histórica
O teatro permanente da Corte de Luís XIV
Durante o século XVII, Luís XIV elevou o cerimonial da corte a um grau de perfeição e
utilizou-o como um instrumento de poder. A vida na corte torna-se num ambiente
constante de encenação e ritualização.
Ritualiza-se os momentos desde o nascimento ao funeral dos elementos da família real e
cada momento da vida do rei, desde o seu acordar ao seu deitar, torna-se num
espetáculo.
A corte torna-se o principal vetor da propaganda real, pois era onde o rei mais se
mostrava, e onde exibia a sua importância, prestígio e poder. A corte inscreve-se num
mundo fechado de representação permanente: cada elemento da corte tem o seu “papel”;
o cortesão segue um horário rígido, tem de prestar constante assistência ao rei, perdendo
assim maior parte da sua liberdade e autonomia, tornando a sua vida totalmente
dependente do rei.
Enquanto isso, o cortesão participa num “jogo de luta e poder”, onde cada um tenta
obter o “papel principal”, ao se esforçar para ser o melhor cortesão: o mais dedicado, o
mais submisso ao rei, e eventualmente aquele que consegue chegar a intimidade do rei
ou dos príncipes (o cortesão perfeito).
“Cada gesto do monarca adquiria um significado social ou mesmo político e
diplomático. Todos estavam dependentes dele, de um sorriso, de um pequeno agrado, de
uma expressão mais dura.”
Na Corte era onde o rei controlava os altos cargos (aqueles que lhe podiam fazer frente),
tendo-os no seu palácio e oferecendo-lhes uma vida de luxo.
Instrumentos do poder absoluto
Poder Central - Poder Local
Problemas
- Venalidade (venda/arrendamento dos cargos)
- Pouco zelo e corrupção
- Dificuldade de comunicação entre os órgãos administrativos
SOCIEDADE E PODER EM PORTUGAL
Depois de restaurarmos a independência em 1640, a nobreza portuguesa tornou-se a
ordem de maior prestígio e poder, pois foi ela que mais contribuiu para a Restauração.
No fundo, a vaidade acaba por tornar as nobres pessoas mais preocupadas com a sua
aparência do que propriamente com os interesses do estado e as suas próprias
capacidades intelectuais. A nobreza torna-se assim arrogante, fútil e egocêntrica,
ganhando um pensamento de superioridade para com as outras ordens.
A nobreza mercantilizada (dedicada ao comércio) dá origem à figura do “cavaleiro
mercador”, o qual investe os lucros do comércio em terras e bens de luxo. Deste
fenómeno decorrem duas consequências:
- Uma difícil afirmação da burguesia portuguesa;
- O atraso económico de Portugal em relação a vários países da Europa.
Face à riqueza obtida dos lucros provenientes das nossas colónias, seria de esperar que
Portugal aproveitasse isso para investir no país e na nossa economia; mas tendo em
conta a situação atual do nosso país, tal não aconteceu.
Os responsáveis pela atividade comercial, os cavaleiros-mercadores e os burgueses,
limitavam- se a comprar diretamente as mercadorias aos estrangeiros, invés de as
importarem, o que era muito mais vantajoso para os estrangeiros. Para além disso, o
dinheiro que recebiam era gasto nos seus interesses pessoais (como em roupas) e nos do
rei, que o gastava em grandes e caríssimas construções, só para se exibir.
Assim, devido à incompetência, futilidade e vaidade dos portugueses, o lucro obtido das
nossas colónias foi todo gasto em assuntos puramente estéticos e superficiais.
Centralização do Poder de D. João V
- Reformou os órgãos políticos
- Realizava grandes bailes e festas; enviava embaixadas a outros países em luxuosos
coches; em uma ocasião, atirou moedas de ouro e prata as pessoas durante uma entrada
publica em Paris; comprava os mais ricos trajes de Paris - Demonstração do seu poder
- Promoveu as artes (mecenas), ao financiar grandes e caríssimas construções (Paço da
Ribeira, Patriarcal, Palácio-Convento de Mafra), importantes bibliotecas, ao promover a
impressão de variadas obras, e ao fundar a Real Academia de História (onde é elaborada
uma História de Portugal que glorifique o reino e os seus monarcas), chama para a corte
os melhores artistas plásticos estrangeiros, financia a aprendizagem dos mais dotados
pintores portugueses.
- Defendeu e povoou as colônias, principalmente o Brasil, pois as suas fronteiras
estavam ainda indefinidas (disputa entre Portugal e Espanha)
- Usou Luís XIV como inspiração: realçou a figura régia através do luxo e da etiqueta,
adotou a moda francesa (trajes/cerimónias), marcou o protocolo da corte numa rígida
hierarquização - nas audiências, na cerimônia do beija-mão, na assistência missa, nas
saídas e procissões, nos banquetes, nos espetáculos, todos ocupam um lugar definido de
acordo com o seu título ou cargo.
- Mostrou neutralidade face aos conflitos puramente europeus, desde que não
colocassem em causa o nosso Império e navegação. Apesar disso, quando a intervenção
armada lhe podia proporcionar prestígio internacional, não se deixava quieto: ao pedido
de auxílio do papa, enviou uma poderosa armada para combater os turcos. O papa
recompensou Portugal ao mandar construir a Patriarcal, uma prestigiosa e luxuosa
igreja.

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Europa 17-18: Crise e mudança

  • 1. A Europa nos séculos XVII e XVIII Durante o século XVIII, ocorreu uma crise demográfica na Europa (período em que o número de óbitos ultrapassa o número de nascimentos, e as taxas de natalidade e fecundidade diminuem, resultando na estagnação ou declínio da população). A crise foi provocada: - Pela escassez de alimento: a economia praticada era a pré-industrial, caracterizada pela forte dependência das condições climáticas (esta época foi especialmente marcada pelo mau clima, o que naturalmente prejudicou fortemente a agricultura) e da mão-de-obra (que estava em falta, porque muitos homens estavam na guerra), e pelo usa de técnicas e instrumentos arcaicos. Isto originou a subida dos preços dos cereais e das crises de subsistência; - Pelas guerras Por consequência: - Fome; - Epidemias, falta de higiene - Rutura familiar, abandono de crianças, vagabundagem, errância, cataclismo A morte tornou-se extremamente comum e um pensamento frequente entre todos, por isso foi considerada por muitos “O centro da vida”. Apesar da elevada taxa de mortalidade, a recuperação era alta, devido aos níveis de natalidade altos: cada mulher dava, em média, à luz 6 a 7 vezes. Daí o saldo fisiológico/taxa de substituição (diferença entre a mortalidade e a natalidade) se situar perto da unidade. Alta taxa de mortalidade infantil (malformações genéticas/ à nascença, desnutrição, falta de cuidados médicos/higiene) Esperança de vida à nascença baixa - Baixa EMV (30-35) Nova tendência demográfica No decorrer do século XVIII, verificou-se uma melhoria nos indicadores populacionais devido às Inovações da agricultura, progressos da indústria, melhoria dos cuidados infantis, fim das guerras, desenvolvimento dos transportes (o que melhorou o transporte dos alimentos), conquistas da medicina, melhores condições de vida materiais (casas) e a nível da saúde (invenção da vacina da varíola). Mas, o motivo principal para esta nova tendência demográfica foi o clima: as boas colheitas acabaram, naturalmente, com a fome e as epidemias. Os campos da obstetrícia e da maternidade conheceram diversas inovações. Formaram- se parteiras (até aí as que existiam não eram qualificadas nem capazes de compreender como realizar os partos), deu-se fim a prática de enfaixamento, e houve uma mudança na mentalidade das pessoas em relação aos seus filhos (o hábito das mães entregarem os bebés a amas de leite por não querem amamentá-los por questões estéticas reduziu-se). Até porque com a redução da mortalidade infantil, os pais começaram a dar mais valor e a preocuparem-se com os seus filhos.
  • 2. Thomas Malthus considerava este aumento negativo, pois os recursos alimentares não aumentavam proporcionalmente à população (alta taxa de nascimento - muitas bocas para alimentar - falta de alimento). Ivan Possochov considera este aumento positivo, pois com os nascimentos há um aumento dos trabalhadores. ANTIGO REGIME Antigo regime - Período de tempo marcado pelo absolutismo de direito divino e pela centralização do poder nas mãos do rei A sociedade de Antigo regime organizava-se em três ordens (definidas pelo nascimento/ função social que desempenham), o clero, a nobreza, e o terceiro estado (¾ da população) 1º ordem - Clero Era responsável pelo culto divino, regia-se pelo direito próprio (canônico - leis específicas), a justiça era aplicada em tribunais eclesiásticos (próprios), está isento de impostos, da prestação de serviço militar, podiam conceder asilo aos fugitivos (pois os locais onde moravam eram sagrados e a polícia não podia lá entrar; ao conceder asilo a criminosos, podiam conseguir bens em troca ou convertê-los ao cristianismo), e não eram obrigados a franquear as suas casas aos soldados do rei. O clero era a única ordem que não se definia pelo nascimento, mas sim pela tonsura (corte de cabelo dos eclesiásticos, que representava a entrada na ordem social), aglutinando assim elementos de todos os grupos sociais, desde príncipes de sangue a humildes camponeses. Mas no fundo, cada um acabava por ocupar um lugar na hierarquia social compatível com a sua origem social. Recebiam a dízima (1/10 da colheita) ALTO CLERO - Filhos-segundos da nobreza, cardeais, bispos, arcebispos, séquitos, abades dos mosteiros mais ricos BAIXO CLERO - Vida simples e rural, junto dos mais desfavorecidos CLERO RURAL - Sujeito a regra de uma ordem religiosa (ordem de São Bento) - Vivem em conventos ou mosteiros 2º ordem Nobreza É a ordem de maior prestígio. Cede ao clero os membros mais destacados, têm a função militar e de defesa, e ocupa os mais altos cargos de poder. Desfruta de um regime jurídico próprio, e isento de impostos, senão em caso de guerra.
  • 3. NOBREZA DE SANGUE / DE ESPADA - Desde sempre dedicada a carreira de armas - O seu símbolo é a espada Subdividem-se em categorias diferentes - Príncipes, duques, e os que vivem perto do monarca na corte - Nobreza rural - vida rural cujo lucro provém dos seus senhorios NOBREZA DE TOGA / ADMINISTRATIVA - Funções administrativas e judiciais - Burgueses que ascenderam (não são nobres de nascença) 3º ordem Terceiro Estado Ordem mais heterogênea - os seus membros tanto podem aspirar as dignidades mais elevadas, como vegetar na miséria mais extrema Burguesia 1- Homens de letras 2- Financeiros, advogados, mercadores, negociantes Não-burguesia 3- Artesãos 4- Camponeses (8/10 da população) 5- Mendigos, vagabundos, indigentes AMBOS A NOBREZA E O CLERO estavam isentos de penas vis como o enforcamento e o açoite. Em compensação, eram punidos com altas multas ou eram decapitados (pois morrer pela espada é menos aviltante do que morrer na corda) Mobilidade social Podia-se ascender socialmente (principalmente os membros do terceiro estado, maioritariamente os burgueses) através da aquisição de cargos públicos que lhes são atribuídos devido a sua educação/capacidades (favor do rei na corte), pela compra de cargos, ou através do casamento entre a nobreza e a burguesia. Burguesia vs nobreza Os nobres não procuravam obter conhecimento e eram ignorantes perante os assuntos com que lidavam (como os interesses dos príncipes, dos negócios públicos, economia e negócios). Para além disso, desprezavam a burguesia e consideravam-se altamente superiores a eles. Por outro lado, os burgueses procuravam instruir-se sobre o reino, governo, e o estrangeiro, educavam-se e conseguiam ascender graças aos seus conhecimentos. Esses nobres que menosprezavam os burgueses, ao vê-los a ascender e a ter sucesso, já se interessavam e davam-lhes a mão de suas filhas em casamento.
  • 4. ABSOLUTISMO DE LUÍS XIV A monarquia absoluta já presente em França há algumas décadas, assumiu a sua plenitude no reinado de Luís XIV (reinou de 1643/1661 a 1715). A instabilidade social da altura (as guerras) foi essencial no reforço da ideia da monarquia absoluta. Monarquia absoluta - Forma de governo na qual o rei, como representante de Deus na Terra, detinha a totalidade dos poderes, sobre o Estado e sobre os seus súbditos. Símbolos do poder- Cetro, coroa, espada, trono, mão da justiça Culto à figura do rei- Retratos, bustos, estátuas, e ações de dia-a-dia do rei (como assistir ao acordar e ao deitar) Segundo Bossuet: - O rei apenas prestava contas a Deus; - A autoridade do monarca era inquestionável (porque isso seria como questionar a autoridade de Deus); - Qualquer forma de revolta/contestação contra o Rei era um crime/pecado Segundo Bossuet, o poder do rei: - É sagrado (porque provém de Deus) - É paternal (o rei governa para o bem do seu povo, luta por ele, defende-o e governa brandamente, cultivando a imagem de “pai do povo”) - É absoluto (o rei deve tomar as suas decisões com a total liberdade, apesar do seu poder não ser arbitrário, pois é limitado) - Está submetido à razão (sabedoria) (Deus dotou os reis de bondade, firmeza, força de caráter, prudência, capacidade de precisão) Limitações teóricas do poder do Rei - Os mandamentos da lei de Deus (o rei deveria governar de forma justa e bondosa, já que o seu poder lhes foi dado por Deus) - As leis naturais (o rei devia manter a ordem e a paz e reconhecer os direitos à propriedade, à vida, à liberdade e à justiça, direitos inerentes à natureza humana) - As leis fundamentais do Estado (o direito consuetudinário - não escrito, baseado na tradição e nos costumes) Contudo, na prática, estas limitações não passavam da teoria, já que não havia qualquer fiscalização da ação governativa do rei e o rei interpretava o conceito de bem público como entendia
  • 5. Luís XIV e o Barroco Luís XIV tomou a popularização da arte barroca a seu favor, ao apoiar as letras, o teatro, a música e as artes plásticas (mecenato), o que se tornou numa propaganda e numa exaltação à imagem do rei e à sua corte esplendorosa; o patrocínio régio das artes e das ciências contribuiu para cultivar a majestade do monarca e difundir a imagem do rei e da sua grandeza. Comparação do Rei ao Sol e a Deus Tal como o Sol e Deus, o Rei era: - Essencial - Imprescindível Corte / Cortes Corte - Onde vive o rei Cortes - Assembleias (constituídas pelas três ordens) convocadas pelo rei com o objetivo de o auxiliarem nas decisões do reino. Estas eram raramente convocadas pelos reis absolutistas, pois eles tomavam as decisões sozinhos, mas nunca foram abolidas devido à sua simbologia e importância histórica O teatro permanente da Corte de Luís XIV Durante o século XVII, Luís XIV elevou o cerimonial da corte a um grau de perfeição e utilizou-o como um instrumento de poder. A vida na corte torna-se num ambiente constante de encenação e ritualização. Ritualiza-se os momentos desde o nascimento ao funeral dos elementos da família real e cada momento da vida do rei, desde o seu acordar ao seu deitar, torna-se num espetáculo. A corte torna-se o principal vetor da propaganda real, pois era onde o rei mais se mostrava, e onde exibia a sua importância, prestígio e poder. A corte inscreve-se num mundo fechado de representação permanente: cada elemento da corte tem o seu “papel”; o cortesão segue um horário rígido, tem de prestar constante assistência ao rei, perdendo assim maior parte da sua liberdade e autonomia, tornando a sua vida totalmente dependente do rei. Enquanto isso, o cortesão participa num “jogo de luta e poder”, onde cada um tenta obter o “papel principal”, ao se esforçar para ser o melhor cortesão: o mais dedicado, o mais submisso ao rei, e eventualmente aquele que consegue chegar a intimidade do rei ou dos príncipes (o cortesão perfeito). “Cada gesto do monarca adquiria um significado social ou mesmo político e diplomático. Todos estavam dependentes dele, de um sorriso, de um pequeno agrado, de uma expressão mais dura.” Na Corte era onde o rei controlava os altos cargos (aqueles que lhe podiam fazer frente), tendo-os no seu palácio e oferecendo-lhes uma vida de luxo.
  • 6. Instrumentos do poder absoluto Poder Central - Poder Local Problemas - Venalidade (venda/arrendamento dos cargos) - Pouco zelo e corrupção - Dificuldade de comunicação entre os órgãos administrativos SOCIEDADE E PODER EM PORTUGAL Depois de restaurarmos a independência em 1640, a nobreza portuguesa tornou-se a ordem de maior prestígio e poder, pois foi ela que mais contribuiu para a Restauração. No fundo, a vaidade acaba por tornar as nobres pessoas mais preocupadas com a sua aparência do que propriamente com os interesses do estado e as suas próprias capacidades intelectuais. A nobreza torna-se assim arrogante, fútil e egocêntrica, ganhando um pensamento de superioridade para com as outras ordens. A nobreza mercantilizada (dedicada ao comércio) dá origem à figura do “cavaleiro mercador”, o qual investe os lucros do comércio em terras e bens de luxo. Deste fenómeno decorrem duas consequências: - Uma difícil afirmação da burguesia portuguesa; - O atraso económico de Portugal em relação a vários países da Europa. Face à riqueza obtida dos lucros provenientes das nossas colónias, seria de esperar que Portugal aproveitasse isso para investir no país e na nossa economia; mas tendo em conta a situação atual do nosso país, tal não aconteceu. Os responsáveis pela atividade comercial, os cavaleiros-mercadores e os burgueses, limitavam- se a comprar diretamente as mercadorias aos estrangeiros, invés de as importarem, o que era muito mais vantajoso para os estrangeiros. Para além disso, o dinheiro que recebiam era gasto nos seus interesses pessoais (como em roupas) e nos do rei, que o gastava em grandes e caríssimas construções, só para se exibir. Assim, devido à incompetência, futilidade e vaidade dos portugueses, o lucro obtido das nossas colónias foi todo gasto em assuntos puramente estéticos e superficiais. Centralização do Poder de D. João V - Reformou os órgãos políticos - Realizava grandes bailes e festas; enviava embaixadas a outros países em luxuosos coches; em uma ocasião, atirou moedas de ouro e prata as pessoas durante uma entrada publica em Paris; comprava os mais ricos trajes de Paris - Demonstração do seu poder - Promoveu as artes (mecenas), ao financiar grandes e caríssimas construções (Paço da Ribeira, Patriarcal, Palácio-Convento de Mafra), importantes bibliotecas, ao promover a impressão de variadas obras, e ao fundar a Real Academia de História (onde é elaborada uma História de Portugal que glorifique o reino e os seus monarcas), chama para a corte os melhores artistas plásticos estrangeiros, financia a aprendizagem dos mais dotados pintores portugueses.
  • 7. - Defendeu e povoou as colônias, principalmente o Brasil, pois as suas fronteiras estavam ainda indefinidas (disputa entre Portugal e Espanha) - Usou Luís XIV como inspiração: realçou a figura régia através do luxo e da etiqueta, adotou a moda francesa (trajes/cerimónias), marcou o protocolo da corte numa rígida hierarquização - nas audiências, na cerimônia do beija-mão, na assistência missa, nas saídas e procissões, nos banquetes, nos espetáculos, todos ocupam um lugar definido de acordo com o seu título ou cargo. - Mostrou neutralidade face aos conflitos puramente europeus, desde que não colocassem em causa o nosso Império e navegação. Apesar disso, quando a intervenção armada lhe podia proporcionar prestígio internacional, não se deixava quieto: ao pedido de auxílio do papa, enviou uma poderosa armada para combater os turcos. O papa recompensou Portugal ao mandar construir a Patriarcal, uma prestigiosa e luxuosa igreja.