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| SUPLEMENTO ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 2009 | E1
PÁG. 1 CMYK
Em resposta à crise de 1908 Harvard institui o
MBA que hoje se consolida como um dos mais
prestigiados do mundo e projeta milhares de
executivos e empresários para o sucesso
MARCELLO D‘ANGELO
SÃO PAULO
“Os europeus acreditam que o
pânico mundial registrado no outo-
no passado foi causado pelo nosso
sistema bancário e não há garantia
de que outra convulsão possa ser
evitada sem uma reforma desse sis-
tema”, declarou ao New York Ti-
mes o presidente do First National
Bank, James B. Forgan. Publicada
em setembro de 1908 entre as aná-
lises do que foi chamado de “pânico
dos ricos”, essa frase caberia nova-
mente como resumo dos fatos que
teimam em desafiar a economia
mundial nos dias de hoje. Há 101,
anos como resposta à crise que
ameaçava a então economia emer-
gente do Estados Unidos, a institui-
ção de ensino superior mais antiga
daquele país, a Harvard University,
oferecia como resposta a criação do
primeiro programa de MBA (Mas-
ters in Business Administration) do
mundo. Começava a funcionar o
Harvard Graduate School Business
Administration, como era chamado
na época o departamento voltado
para estudos de administração de
empresas e que tinha o objetivo de
formar lideranças capazes de se des-
tacar em tempos de dificuldade e de
depressão. Apesar do pioneirismo
na área, naquele ano a universidade
ainda não imaginava que o curso
ganharia as proporções alcançadas
hoje, sendo considerado o melhor
do mundo e formando personalida-
des dos negócios como, por exem-
plo, Ann Moore, presidente da Ti-
me Inc.; e da política, como Michael
Bloomberg, prefeito de Nova York,
e o ex-presidente dos Estados Uni-
dos George W. Bush.
A cada ano, milhares de pessoas
de diferentes partes do mundo can-
didatam-se a uma vaga na Business
School. Muitas na esperança de
mudarem suas vidas — e até a de
seus países. Mas poucos chegam lá.
Quem não tem bolsa precisa pagar
— e muito. Um ano de estudos na
Harvard Business School pode cus-
tar US$ 80 mil, isso sem contar hos-
pedagem e alimentação.
Ali os alunos são exigidos, o
ritmo é puxado e os cronogra-
mas são, nas palavras dos pró-
prios alunos, “insanos”. Meg
Withman, ex CEO da e-Bay, que
se formou na Business School
em 1979, diz, ao lembrar-se de
seus dias de estudante, que “a
pressão era assustadora”. Ao fa-
lar sobre o que aguarda os re-
cém-chegados a HBS, o reitor da
instituição faz a seguinte com-
paração: “É como beber água de
uma mangueira”, diz, referindo-
se ao volume de informação e de
trabalho que os alunos irão re-
ceber. “São mais de 24 horas de
trabalho a ser feito em 24 ho-
ras”, conclui o reitor, ele próprio
um graduado da HBS.
Uma das principais caracterís-
ticas da Business School é o estu-
do de cases, método de ensino
instituído em 1924. São situações
reais, extraídas da vida real. Mi-
chael Dell, o fundador da Dell
Computers, nunca terminou a fa-
culdade, mas sua performance no
mundo dos negócios fez dele o ti-
po de herói que os alunos de Har-
vard cultuam. Todas as aulas são
baseadas em casos reais e, muitas
vezes, o presidente da empresa
que está sendo estudada senta-se
nos bancos escolares para debater
as dúvidas e soluções apresenta-
das pelos alunos.
Há 10 anos na HBS, Joe Las-
siter é um dos professores mais
populares da instituição. Ele re-
sume da seguinte forma sua fi-
losofia de trabalho: “Escolho os
melhores da classe para condu-
zir os outros, levando-os a se tor-
nar melhores do que jamais pen-
saram que poderiam ser”.
Entre as áreas escolhidas, fi-
nanças e consultoria são que
mais atraem os alunos. Dos for-
mandos de 2007, 45% passou a
atuar com finanças e 22% com
consultoria.
O empreendedor brasileiro Ri-
cardo Bellino engrossa os núme-
ros com o seu primeiro diploma,
logo um de Harvard. Aqui no Bra-
sil, abandonou dois cursos pela
metade. Economia na Candido
Mendes do Rio de Janeiro e Direi-
to na Faap em São Paulo. Nos
bancos escolares da HBS destaca
que o melhor foi aprender a an-
tecipar quando um negócio não
tem chances de decolar, pois não
passa mesmo de um sonho. Nos
pioneiros e famosos estudos de
casos de Harvard, Bellino enten-
deu que empreendedorismo é
transformar projetos em sonhos,
e não o contrário.
>> Entrevista
Ricardo Bellino refaz
planos após curso
Página E2
>> Galeria
O que brasileiros ilustres
aprenderam em Harvard
Página E3
>> Estrutura
A sala de aula que
prioriza o debate
Página E4
Paratransformarprojetosemsonhos
MICHAEL WEYMOUTH/HARVARD
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E2 | Quarta-feira, 8 de abril de 2009 | GAZETA MERCANTIL
PÁG. 2 CMYK
Comente estas reportagens no site gzm.com.br
A turma de 80 alunos tinha participantes de 30 paísesEMPREENDA HARVARD
ENTREVISTA Ricardo Bellino
O jeito Harvard de começar um negócio
O deal maker brasileiro diz que curso da Business
School sobre empreendedorismo já o levou a
refazer planos, e conta que o mais importante foi
aprender a abandonar ideias que não vão dar certo
LUIZ SILVEIRA
SÃO PAULO
Para um empresário que se
considera um “empreendedor
serial”, fazer um curso chamado
Launching New Ventures (Lan-
çando novos negócios) na mais
conceituada escola de negócios
do mundo pode soar como um
parque de diversões.
De fato, o deal maker Ricardo
Bellino, sócio da Gold&Bell, até
achou graça na teorização do
empreendedorismo que viu no
curso, concluído há cerca de
dois meses. Mas ficou encanta-
do com a troca de experiências e
o estudo de casos reais. “A capa-
cidade de desprendimento de
um projeto que dá indícios de
que não vai decolar muitas ve-
zes é mais importante do que a
capacidade de empreender uma
nova idéia”, diz ele, sobre uma
das principais lições que apren-
deu em Harvard. Ensinamento
que já está aplicando no dia-a-
dia à frente da Gold&Bell, em-
presa cujo nome é formado pelo
início dos sobrenomes dos só-
cios Ricardo Bellino e Samuel
Goldstein. Por coincidência, o
símbolo do centenário da HBS,
celebrado no ano passado, é um
sino dourado.
Gazeta Mercantil — O conteúdo
do curso vale o investimento de
US$ 8.500 para uma semana?
Mais do que os conteúdos em
si, o que mais me interessou foi
a forma como eles apresentam e
discutem os estudos de casos.
Esse, inclusive, é o grande dife-
rencial criado pela Harvard Bu-
siness School, desde a sua fun-
dação, há mais de 100 anos. A
cada dia são avaliados pelo me-
nos quatro estudos de casos, que
devem ser previamente discuti-
dos em grupos de trabalho de-
signados no começo do progra-
ma. Esses grupos funcionam co-
mo um conselho de administra-
ção, que avalia as decisões e re-
sultados da empresa, e princi-
palmente de seus sócios e execu-
tivos. Em sala de aula, essas dis-
cussões ganham maior dimen-
são com a participação de todos
os alunos, sempre sob a tutoria
de um professor, que discute em
mais profundidade todos os as-
pectos abordados no estudo de
caso. Outra importante contri-
buição são as ferramentas ofere-
cidas para a criação e avaliação
de modelos de negócios.
nossos planos e a forma como
fazemos negócios.
GZM — Os professores
pareceram teóricos demais?
Para um sujeito como eu, que
trilhou o caminho de autodida-
ta e se formou na “escola da vi-
da”, ouvir catedráticos teorizan-
do sobre fórmulas de como fazer
negócios chega a ser engraçado.
Mas tenho que reconhecer que,
ao vivenciar a experiência teóri-
ca, tive vários insights positivos,
que me levaram a repensar a for-
ma como vinha encarando os
meus negócios, e principalmen-
te o meu relacionamento com
investidores e colaboradores.
GZM — O que você achou
de mais valioso no curso,
que não se encontra no Brasil,
na forma como fazemos
negócios aqui?
O que mais me impressionou
em Harvard, além do fato de ter
acesso ao mais alto nível de en-
sino e informação empresarial
do mundo, é que, mais do que
uma escola de negócios, a HBS é
uma instituição que forma líde-
res empresariais e políticos. Di-
ferentemente da relação que os
alunos têm com as suas escolas
e universidades no Brasil, os for-
mados em Harvard passam a fa-
zer parte de uma rede que atua
ativamente no apoio e desen-
volvimento de seus colegas, co-
nhecidos como Alumnis, bem
como contribuem com doações
importantes para a manutenção
da instituição.
GZM — Saindo do curso, dá
vontade de começar um
negócio do zero para
experimentar as lições de
empreendedorismo?
Essa é uma pergunta perigosa
para um empreendedor serial co-
mo eu! Não precisei sair do curso
para ter vontade de começar um
negócio do zero.
Bellino (à direita), com o sócio na Gold&Bell Samuel Goldstein
RESENHA
RICARDO BELLINO
MIAMI (EUA)
Em 2004, o chefe da sucursal
do jornal londrino Daily Telegra-
ph em Paris, Phillip Delves
Broughton, decidiu que era hora
de dar outro rumo à sua vida.
Uma entrevista que fizera com
um magnata latinoamericano o
deixou com vontade de experi-
mentar o que ele supunha ser
uma existência privilegiada nas al-
tas esferas do mundo dos negó-
cios. Para trocar o modesto am-
biente de um escritório de sucur-
sal pela glamurosa sala de um
financista de Wall Street, ele deci-
diu que o melhor — e mais rápido
— caminho era o curso de MBA
da Harvard Business School (HBS).
Ao 31 anos, tendo em seu currí-
culo uma década de experiência
como jornalista, Broughton candi-
datou-se a uma vaga num dos
MBAs mais disputados do mundo.
E, para sua grande surpresa, a HBS
o aceitou como aluno. O relato
dos dois anos que ele passou em
Harvard está no livro “Ahead of
the Curve: Two Years at Harvard
Business School” (À frente da cur-
va: dois anos na Harvard Business
School, em tradução livre).
Broughton explica que, na
HBS, os alunos de MBA são ava-
liados numa curva que vai do me-
lhor ao pior. Sua sobrevivência
acadêmica, diz ele, depende da po-
sição que você ocupa nessa curva.
Longe de ficar deslumbrado com
a aura de poder que emana da ins-
tituição, com a sensação que mui-
tos de seus alunos têm de estarem
no topo do mundo – ou pelo me-
nos a caminho de lá – Broughton
argumenta que a obsessão em
ocupar uma posição de destaque
na tal curva é uma receita para a
infelicidade. Isso, contudo, não
impede os alunos de continuarem
tentando. “Meu livro”, diz o autor,
“descreve meus próprios esforços,
nem sempre bem-sucedidos, de
ignorar essas curvas enganadoras
e seguir meu próprio caminho”.
Broughton descreve a HBS co-
mo uma instituição extraordinária,
ambiciosa e com um ego mons-
truoso. O que ela tem de melhor,
diz o autor, é a educação fascinante
que oferece, um ímã para pessoas e
ideias interessantes. Já o que ela
tem de pior é, na visão de Brough-
ton, o comprometimento com
uma agenda corporativa que con-
duz os jovens a um trabalho “tedio-
so, ainda que bem remunerado”.
Em seus dois anos em Har-
vard, o autor nunca foi aprovado
em uma entrevista para emprego.
E talvez nunca tenha chegado a
dominar os rudimentos básicos
do mundo dos negócios – o fato
de considerar tediosa a vida dos
executivos provavelmente contri-
buiu para isso. Contudo, apesar
das críticas que tece à competição
acirrada e à pressão para se situar
à frente da curva, Broughton diz
que valeu a pena obter o seu di-
ploma de MBA. “Foi fantástico.
Foi um grande curso de imersão
num mundo do qual eu nada sa-
bia”, atesta ele. E mesmo afirman-
do que o MBA não é garantia de
sucesso, Broughton parece acredi-
tar que suas vantagens são inegá-
veis. “Foi uma chance de repensar
toda minha vida profissional. Foi
mais desafiador e difícil do que eu
pensei que seria, mas também foi
igualmente gratificante.”
Modelo da HBS não
é unanimidade
HISTÓRIA
REDAÇÃO
SÃO PAULO
Harvard ostenta uma lista cu-
riosa: a dos ex-alunos que aban-
donaram a faculdade, saíram
sem se diplomar e, mesmo as-
sim, tornaram-se empreendedo-
res de sucesso. Em inglês, eles
são chamados de “drop-outs” —
algo que em português colo-
quial poderia ser traduzido co-
mo “aqueles que caíram fora”.
O que leva alguém a decidir,
de livre e espontânea vontade,
abrir mão de um dos diplomas
mais prestigiados do mundo? Em
muitos casos, essa atitude pode
ser creditada ao descompasso en-
tre o ensino acadêmico e a vida
real. A sala de aula — mesmo
quando está situada numa das
melhores universidade do plane-
ta — não é páreo para a mente
veloz e o espírito empreendedor
de pessoas que parecem ter um
talento nato para os negócios.
O resultado é que algumas des-
sas pessoas acabam abandonando a
faculdade para se dedicar a seus em-
preendimentos. Elas fazem uma
aposta arriscada. Acreditam que te-
rão sucesso, mesmo sem diploma.
E, muitas vezes, estão certas.
Foi o que aconteceu com
aquele que é o mais célebre
drop-out de Harvard, Bill Gates,
recentemente reinstalado no
posto de homem mais rico do
mundo. Gates, que fundou a Mi-
crosoft antes de completar 20
anos, admite que não era um
bom aluno, pois faltava às aulas
com frequência — dizem que os
computadores de Harvard lhe
interessavam mais do que o en-
sino que recebia lá. Até que
abandonou a faculdade de vez
para cuidar de seus negócios. E a
vetusta instituição foi obrigada a
curvar-se ao sucesso de seu alu-
no mais famoso. Não faz muito
tempo, Harvard decidiu diplo-
mar Gates — apesar dele nunca
ter concluído a faculdade.
Outro drop-out de Harvard
que tornou-se uma estrela no
mundo virtual é Mark Zucker-
berg. Durante o tempo em que
frequentou a faculdade, sua
mais brilhante conquista não
ocorreu na sala de aula, mas no
dormitório. Foi lá que ele criou e
Grandes empresários
deixaram a faculdade
para tocar seus
negócios, e acertaram
O movimento dos sem diploma
lançou o Facebook, negócio que
o transformou no empreendedor
com menos de 25 anos mais rico
dos EUA. O Facebook é o site de
networking social que mais cres-
ce no mundo. E Zuckerberg já
não tem mais tempo — nem
motivos — para continuar fre-
quentando as aulas.
Mas Harvard não é a única fa-
culdade que tem de lidar com
seus famosos drop-outs. Steve
Jobs abandonou o Reed College
para fundar a Apple. Shawn
Fanning largou a Northeastern
University para se dedicar ao
Napster. E Larry Page e Sergey
Brin deixaram de lado o progra-
ma de Ph.D de Stanford para
criar o Google. Para todas essas
pessoas, o diploma da vida era o
que contava mais.
Bill Gates, o mais famoso “drop-out” de Harvard: aprender na prática às vezes vale mais a pena
Mais do que
os conteúdos, o
que interessou
foi a forma de
discutir estudos
de caso
“
”
A principal
lição que aprendi
e já aplico na
prática é colocar
foco na geração
de caixa
“
”
REPRODUÇÃO
JOCK FISTICK/BLOOMBERG NEWS
dança foi promover uma avalia-
ção profunda nos planos de ne-
gócios que estávamos desenvol-
vendo na Gold&Bell, e decidir-
mos quais deveríamos conti-
nuar perseguindo e quais deve-
ríamos encerrar imediatamente.
A capacidade de desprendimen-
to de um projeto que dá indí-
cios de que não vai decolar,
muitas vezes é mais importante
do que a capacidade de empre-
ender uma nova ideia. Temos
que estar sempre alertas e aten-
tos aos sinais que os nossos ra-
dares nos enviam, acerca dos
nossos planos de negócios, e
prontos para apertar o botão de
“eject” antes que seja tarde de-
mais para arremeter.
GZM — Como você pretende
aplicar no seu negócio os
conceitos aprendidos?
A principal lição que apren-
di em Harvard, e que já apli-
quei em meus negócios, foi a de
que o empreendedor tem que
colocar foco na geração de cai-
xa. Parece óbvio, mas não é! Es-
sa é uma disciplina que deve
ser exercitada diariamente na
vida de todo o empreendedor
de sucesso.
GZM — Por conta do curso, você
fez mudanças em um ou mais
planos de negócios que estava
desenvolvendo?
Com certeza. A principal mu-
GZM — Como foi a troca de
experiências com os colegas?
Na minha opinião pessoal, a
troca de experiências com os co-
legas que conhecemos durante o
programa foi mais importante
do que o conteúdo em si. A tur-
ma era composta de mais de 80
participantes, vindos de mais de
30 países. Apenas essa multitu-
de de culturas já faz com que a
experiência seja única. Não per-
di a oportunidade de trocar as
minhas experiências com os
meus colegas, distribuindo uma
cópia da edição americana do
meu livro: “You Have 3 Minu-
tes! Learn the Secrets of the Pit-
ch from Trump’s Original Ap-
prentice”, publicado nos Esta-
dos Unidos pela McGraw-Hill.
GZM — O que essa partilha
agregou ou mudou na sua forma
de fazer negócios?
Aprender a ouvir a opinião
de outras pessoas, principal-
mente daquelas que não tem ne-
nhuma relação direta com os
seus negócios, e muitas vezes
com a sua cultura, nos permite
criar uma nova visão sobre os
MICHAEL WEYMOUTH/HARVARD
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GAZETA MERCANTIL | Quarta-feira, 8 de abril de 2009 | E3
PÁG. 3 CMYK
Comente estas reportagens no site gzm.com.br
O seleto grupo de alunos formam uma comunidade mesmo após os cursosEMPREENDA HARVARD
NETWORKING
“No Brasil dizemos que 70%
dos empregos são preenchidos
por networking. Nos Estados
Unidos, falam em 90%. Assim
sendo, me pergunto: será que o
que sobra são as posições mais
interessantes?”, brinca Priscila
Zogbi, executiva que frequentou
a Harvard Business School entre
2002 e 2004, quando fez MBA, e
diz ter conseguido todos os em-
pregos pelos quais passou depois
disso via algum contato feito por
conta do curso.
“Quando eu estava na General
Mills, em Minneapolis, depois do
MBA, fui passar um fim de sema-
na em Nova York e durante um
jantar uma colega de Harvard pe-
diu meu currículo. Na mesma se-
mana a área de recursos huma-
nos da empresa em que ela traba-
lhava me ligou e fui trabalhar na
Bath & Body Works para geren-
ciar a marca líder deles, então ba-
tizada de Signature Collection”,
diz Priscila, relembrando apenas
um dos momentos de sua carrei-
ra em que a rede de contatos feito
em Harvard foi crucial na hora de
conseguir um bom emprego.
Muito além do conteúdo, das
discussões e dos estudos de caso
que marcam as aulas da Harvard
Business School, seus alunos par-
tilham uma identidade que levam
para a vida. “Um dos grandes va-
lores de Harvard é fazer parte de
um grupo que vai ter sucesso na
carreira e que costuma ser recep-
tivo com os colegas”, constata An-
dré Delben, sócio da Advisor As-
set Management, MBA na HBS.
Os contatos feitos por Priscila
durante o mestrado renderam
muitas outras propostas. Durante
o curso, quando estava buscando
estágio de verão, a executiva con-
tatou uma ex-aluna de Harvard
na Avon para conversar sobre a
indústria da beleza, na qual esta-
va interessada. O currículo da es-
tudante ficou com a executiva e,
após terem se passado anos, a em-
presa continuava ligando para sa-
ber onde e como ela estava, uma
prática comum nos Estados Uni-
dos. “Depois de muitas conversas
acabei vindo para a empresa por
meio desta porta aberta anos an-
tes”, conta Priscila, referindo-se ao
emprego em que está atualmente,
no cargo de diretora de marke-
ting da área de fragrâncias.
O peruano Martín Aspíllaga
chegou ao cargo de administra-
dor de fundos de private equity
da Enfoca Investments, a maior
empresa da área na região andina,
também por conta dos contatos
feitos durante o MBA na Harvard
Business School, na qual ingres-
sou em 2001. Na época trabalha-
va no Brasil, na empresa de con-
sultoria estratégica Bain&Co.,
mas tinha interesse em voltar pa-
ra sua terra natal. “Quando passei
pelo processo de entrevistas da
Enfoca Investments, foi muito
importante ter estudado em Har-
vard, já que um dos sócios da em-
presa também havia estudado lá
e me conhecia”, conta Aspílaga.
“Enquanto estive no Brasil, foi
importante o Harvard Business
School Club e as reuniões realiza-
das para manter contato com as
pessoas que conhecia, e também
fazer novos contatos profissionais
com pessoas formadas na mesma
escola”, diz o peruano, referindo-
se ao clube brasileiro de profissio-
nais que estudaram em Harvard,
que promove reuniões regulares.
Além disso, Aspílaga considera
extremamente importante ter os te-
lefones e datas de aniversário dos
amigos feitos em Harvard em dia e,
pra isso, usa ferramentas da inter-
net, como o Plaxo. “Se são pessoas
que não vejo com muita frequência,
sempre é bom manter nota do em-
prego atual, e dos nomes da famí-
lia”, diz. Priscila também destaca as
redes virtuais de relacionamento
como Plaxo, Linked in e Facebook
como ferramentas para acelerar co-
nexões entre os ex-estudantes. “Elas
avisam quando alguém foi promo-
vido ou quando é aniversário e, des-
sa forma, facilitam a oportunidade
de trocar uma mensagenzinha ce-
lebrando a vida dos outros”, diz.
Além de ajudar a conseguir boas
colocações no mercado, a rede de
contatos feita em Harvard auxilia
na tomada de decisões cotidianas
no trabalho, segundo Priscila, que
diz ter verdadeiros consultores em
quase todas as capitais do mundo.
“Não perco dois minutos pes-
quisando sobre determinado as-
sunto, ligo imediatamente para
alguém que conheço que tenha
experiência na área”, conta. “Se
queremos fazer um lançamento
‘viral’ de uma fragrância pelo
meio eletrônico, por exemplo, te-
nho uma grande amiga que lidera
o Google na Austrália, outro no
As teias sociais que se
formam entre os
harvardianos pesam na
hora da recolocação
Mais que conteúdo:
redes de contatos
Facebook e outro no LinkedIn.
Depois de três ligações já tenho
ideias vindas de quem faz bem fei-
to”, resume.
Mesmo durante o MBA que
cursou entre 2001 e 2003, Delben
já sentia a importância da troca de
experiências entre os alunos. “Um
terço dos alunos era de estrangei-
ros, e as diferenças culturas vi-
nham à tona, colaborando para
uma visão globalizada. E a diversi-
dade não está só na nacionalidade:
na minha turma havia um padre e
uma médica, que traziam pontos
de vista diferentes”, constata.
A partilha de conhecimentos
continuou após o curso, agora en-
tre ex-harvardianos brasileiros.
Delben é membro da diretoria do
Harvard Business School Club of
Brazil, que tem hoje cerca de 600
membros: 120 formados no MBA
e outros 480 em cursos executi-
vos de longa duração. Cursos rá-
pidos não credenciam o ex-aluno
a fazer parte do seleto grupo.
“O objetivo do clube é promo-
ver o networking. Fazemos um
almoço mensal com alguma figu-
ra do mundo dos negócios, por
exemplo, que agrega conheci-
mento para todos”.
C.P. e L.S.
André Delben, do HBS Club of Brazil: diferentes oportunidades de troca de experiências, anos depois de concluir os estudos
GALERIA
Uma boa parte do PIB
do País já passou por
Harvard — e assim
ajudou a aumentá-lo
Quando a elite brasileira vai à escola
CAROLINA PEREIRA E LUIZ SILVEIRA
SÃO PAULO
Entrar na Harvard Business
School é para poucos. Além dos
altos custos — um curso de uma
semana, com todas as despesas,
pode passar dos US$ 10 mil — é
preciso ser (realmente) fluente
em inglês e preencher pré-requi-
sitos específicos de idade e até de
experiência profissional.
Por isso, é seleto o grupo de
executivos e empresários brasi-
leiros que tiveram o privilégio
de se sentar nos bancos da mais
prestigiada escola de negócios
do mundo. Os ex-alunos de Har-
vard formam uma elite, que no
Brasil inclui nomes como Pedro
Moreira Salles, do Unibanco;
André Jakurski, ex-Pactual; Ma-
noel Amorim, presidente do
Ponto Frio, Amílcare Dallevo, da
RedeTV! e os sócios da InBev
Marcel Telles e Carlos Alberto
Sicupira. Jorge Paulo Lemann, o
terceiro do grupo, também é for-
mado em Harvard, mas não na
Business School.
De uma forma ou de outra,
esses nomes trouxeram para o
dia-a-dia empresarial brasileiro
os ensinamentos da escola ame-
ricana. Manoel Amorim, atual
presidente do gigante do varejo
Ponto Frio e executivo com lon-
ga experiência em empresas co-
mo America On Line e Vivo, por
exemplo, acredita que não teria
tido a mesma carreira de suces-
so se não tivesse frequentado as
salas de aula de Harvard.
Isso porque, segundo ele, o
MBA da instituição se baseia na
participação dos alunos em clas-
se e nos estudos de caso, por isso
“ensina a fazer as perguntas cer-
tas sobre os temas mais relevan-
tes. Saber perguntar sobre o que
é relevante é mais importante
do que saber sempre as respos-
tas”, avalia. O executivo, que
afirma aplicar diariamente os
ensinamentos que teve no cur-
so, diz que “ser o meu melhor é
a forma de retribuir o que recebi
da escola”, por isso busca a ex-
celência permanentemente.
Amorim relembra a rigidez
do sistema de avaliação do curso
para explicar que nem sempre os
alunos que eram reprovados ti-
nham baixo nível de excelência.
“Em todas as classes, 10% dos
alunos são reprovados — os 10%
com as piores notas, mesmo que
aquelas notas tenham sido mui-
to boas”. Ou seja, o aluno pode
não ser aprovado mesmo tendo
tido 95% de aproveitamento nos
testes. “Para que isso aconteça
basta que 90% dos alunos te-
nham tirado mais do que os seus
95%. Vencem os melhores em
uma escala relativa”.
Tanta rigidez rendeu a Amo-
rim, engenheiro químico forma-
do pelo Instituto Militar de En-
genharia do Rio de Janeiro, um
emprego em uma empresa líder
escolhida por ele, nos Estados
Unidos, fato que alavancou sua
carreira. “Teria sido impossível
sem a qualificação que obtive na
Harvard Business School”, diz.
O MBA de Harvard é concor-
rido, e sair dele também é difícil,
como ressalta Amorim. Para An-
dré Delben, sócio da Advisor As-
set Management que conclui o
curso em 2003, “conseguir en-
trar já diz que a pessoa tem po-
tencial. Ao sair, ela vai no míni-
mo ter mais confiança em suas
próprias decisões”.
Além disso, Amorim destaca a
importância do MBA também pa-
ra delinear os rumos de sua car-
reira. “Havia me formado quatro
anos antes, trabalhava na Petro-
bras e sabia que não era o que
queria fazer para o resto da mi-
nha vida. A ideia de ir para Har-
vard surgiu ao ler um artigo sobre
a escola e descobrir que muitos
alunos faziam o curso do MBA
para redirecionar a carreira e en-
contravam fácil colocação após a
conclusão. Pareceu cair como
uma luva para o momento que
eu vivia”, recorda.
Não é exatamente uma situa-
ção semelhante à de Delben,
que fez o MBA com bolsa da
empresa em que trabalhava, a
McKinsey. Mas, da mesma for-
ma, o curso da HBS mudou o
destino de sua carreira. “Em
Harvard, o incentivo a criar
uma empresa é muito grande.
O MBA tem um forte compo-
nente empreendedor”, diz Del-
ben, que um ano depois de vol-
tar ao Brasil decidiu abandonar
sua progressão na McKinsey e
se aventurar com um conheci-
do como sócio na Advisor, onde
está desde 2004.
Inovação
Amílcare Dallevo, presidente
da RedeTV!, receberá o diploma
na próxima semana pela partici-
pação no curso Owner/ President
Management da Harvard Busi-
ness School e acha que o conteú-
do do programa teve tudo a ver
com a empresa em que atua e re-
sume em poucas palavras o que
as necessidades do seu ramo exi-
gem e que a HBS oferece: “Estra-
tégia, negociação, finanças, políti-
ca internacional e, principalmen-
te, inovação. São apreendidas
técnicas de negociação que, na
minha opinião, na maioria das
vezes, ajudam”, diz o executivo,
que afirma sempre aplicar os co-
nhecimentos adquiridos em ta-
refas do dia-a-dia como a análise
do budget (orçamento) mensal,
por exemplo.
Alguns alunos ilustres que passaram pelos bancos da Harvard Business School
Manoel Amorim
Ponto Frio
Cursou o MBA da
instituição
Pedro Moreira Salles
ItaúUnibanco
Também cursou o
Owner/President
Manager
Peter Graber
Graber
Fez um MBA nos anos
70 e foi um ativo
organizador da
comunidade de
harvardianos
no Brasil
Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira
InBev
São formados em Administração por Harvard
Amilcare Dallevo
RedeTV!
Fez um curso rápido de
Finanças Estratégicas
e acaba de concluir o
programa OPM - Owner/
President Manager,
para donos de empresas
que gerem os negócios
GRANDES HARVARDIANOS BRASILEIROS
DANIEL TEIXEIRA/GAZETA MERCANTIL
Cyan MagentaYellow Black
GAZETA MERCANTIL | Quarta-feira, 8 de abril de 2009 | E4
PÁG. 4 CMYK
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EMPREENDA HARVARD Auditório facilita discussão de estudos de caso entre os alunos
INFRAESTRUTURA
Ibmec SP adapta
quatro salas de aula
aos moldes de Harvard
por R$ 500 mil cada
O formato que propicia o amplo debate
CAROLINA PEREIRA
SÃO PAULO
O modelo de ensino praticado
na Harvard Business School
(HBS) tem adeptos em institui-
ções brasileiras não só na parte
teórica, tão reconhecida e presti-
giada mundialmente. A parte fí-
sica das salas de aula, que tam-
bém faz parte do conceito aplica-
do na famosa escola de negócios,
da mesma forma já é importada
para instituições brasileiras, co-
mo o Ibmec São Paulo.
As tradicionais salas em forma-
to de auditório inspiradas na HBS
existem desde 2006 na universida-
de brasileira, época em que o Ib-
mec SP mudou para o campus de
10,5 mil metros quadrados locali-
zado na Vila Olímpia.
“O edifício foi totalmente cus-
tomizado para as nossas necessi-
dades, e uma das adaptações foi a
inclusão de quatro salas grandes
ao estilo de Harvard”, conta Ser-
gio Lazzarini, diretor da gradua-
ção do Ibmec São Paulo.
O modelo de sala de aula se fez
necessário por conta do convênio
que a universidade possui com a
Harvard Business School Pu-
blishing, por meio do qual dispo-
nibiliza a seus alunos — em espe-
cial da pós-graduação — estudos
de caso produzidos pela HBS como
parte da metodologia de ensino.
Para otimizar o aprendizado via ca-
sos reais é essencial, segundo Laz-
zarini, que o ambiente da aula pro-
picie a discussão e o debate. “O mé-
todo de Harvard é centrado no
aluno para estimular o debate, por
isso as salas são em ‘U‘ e não têm
cantos onde alguém possa não vi-
sualizar a lousa”, diz.
E por falar em lousa, o velho
quadro negro também ganhou
ares modernos nas quatro salas
de aula baseadas na metodologia
Harvardiana: são automáticas e se
movem. Para isso, basta que o
professor pressione um botão. A
cerâmica é importada e permite
um risco forte, que pode ser en-
xergado por todos, sem que o do-
cente precise se cansar.
Há também, em uma das salas,
um sistema eletrônico de votação
para que os alunos possam dar
suas opiniões sobre os mais diver-
sos assuntos discutidos e o profes-
sor possa computar os resultados
instantaneamente em seu com-
putador. A iluminação, bem co-
mo o sistema acústico, são com-
putadorizados e se adaptam con-
forme o local em que o professor
está na sala. No entanto, tanta
tecnologia tem preço: adaptar
uma sala convencional do Ibmec
SP para uma sala no estilo de Har-
vard não sai por menos de meio
milhão de reais, montante que só
é viabilizado por meio de patro-
cínio de alguns empreendedores.
As quatro salas existentes fo-
ram bancadas por alguns dos
grandes nomes do meio empre-
sarial brasileiro como Walther
Moreira Salles (Unibanco), José
Ermírio de Moraes Filho (Voto-
rantim), Olavo Setubal (Itaú) e
Jorge Paulo Lemann (Inbev).
Mesmo assim, novos patrocina-
dores são esperados. “Não quere-
mos propaganda de empresas,
isso desvirtua o ambiente da sa-
la de aula. Só aceitamos o patro-
cínio de empreendedores e espe-
ramos conseguir o suficiente pa-
ra termos pelo menos mais duas
novas salas nesse modelo até o
fim de 2010”, planeja Lazzarini.
Pedagogicamente, as vanta-
gens de tamanho investimento se
refletem no aproveitamento dos
alunos e em um melhor método
de avaliação, segundo o diretor.
“Como existem placas de identi-
ficação em todas as mesas, os pro-
fessores chamam os alunos pelo
nome e, uma vez que o formato
da aula estimula o debate, é pos-
sível atribuir nota de participação
a cada um. Além disso, uma aula
participativa é muito mais inte-
ressante”, resume.
O modelo de sala em auditório com formato em “U”, consagrado pela Harvard Business School, é reproduzido em todo o mundo
Uma das quatro salas do Ibmec São Paulo, inspirada em Harvard: placa de identificação dos alunos para facilitar avaliação
ÍNDICE
Harvard emitiu alertas sobre a crise
Wall Street absorveu
muitos alunos do MBA
da escola, indicando o
inchaço do mercado
Soifer, que hoje dirige sua Soifer
Consulting, explica a teoria por
trás do índice da seguinte forma:
quando os graduados de Harvard
se empilham em empregos em
Wall Street, o mercado está prova-
velmente superaquecido e pode es-
tar a caminho de uma queda.
Ele assume se tratar de um
indicador de longo prazo “um
tanto esotérico, mas não por is-
so menos pre-
ciso, em ge-
r a l ” , q u e
aponta a dire-
ção dos pre-
ços dos ativos
nos Estados
Unidos.
Se mais de
30% dos alu-
nos do MBA de Harvard acabam
no que Soifer define como “em-
pregos sensíveis ao mercado” —
uma subcategoria de serviços fi-
nanceiros que inclui bancos de
investimento, private equity e
hedge funds — trata-se de um si-
nal para vender os papéis a longo
prazo. Se esse número está abaixo
de 10%, é um sinal de longo pra-
zo para a compra.
No ano passado, 41% dos alu-
nos foram para empregos sensí-
veis. É ainda mais que os 40%
do ano anterior, que já tinha si-
do o recorde até então. O índice
MBA Harvard tem dado sinais
para a venda de ativos desde
2005, disse Soifer.
Cerca de 4% da última turma de
Harvard empregou-se em fundos de
hedge, e aproximadamente 9% foi
trabalhar em bancos de investimen-
to, mostram os números. Outros
17% foram para a indústria de pri-
vate equity ou aquisições alavanca-
das e 4% conseguiu posições no se-
tor de venture capital. Se todas essas
pessoas ainda mantêm — e man-
terão — seus empregos é uma
questão em aberto, obviamente.
ANDREW ROSS SORKIN
THE NEW YORK TIMES
NOVA YORK
Mesmo com os mercados em
convulsão e os bancos de inves-
timento em dificuldades, a últi-
ma safra de formandos do MBA
de Harvard seguiu em direção à
indústria de serviços financeiros
em um número maior do que a
turma anterior.
Essa é a imagem que emerge
dos dados de contratação da Har-
vard Business School para a clas-
se de 2008. Os números indicam
que 45% da turma arranjou em-
prego na indústria de serviços fi-
nanceiros — que na verdade re-
presenta um pequeno aumento
sobre o ano anterior, em que o ín-
dice foi de 44%.
A informação pode ser muito
interessante para quem acredita
no “Indicador MBA Harvard”,
uma espécie de termômetro do
mercado compilado anualmente
por Ray Soifer, um ex-analista do
mercado financeiro e ex-aluno da
Harvard Business School.
O índice é baseado em deci-
sões feitas muitos meses antes do
fim do ano estudantil.
E isso é algo que Soifer reco-
nhece rapidamente. “A maior par-
te dessas decisões de carreiras foi
tomada antes do recente declínio
do mercado — algumas tão cedo
quanto em 2007”, escreveu ele.
“Os dados da próxima turma se-
rão interessantes!”.
Voltando no tempo, em 1937,
apenas três formandos da Har-
vard Business School, ou cerca de
1% da turma, se arriscaram na in-
dústria financeira logo depois de
deixar a instituição.
Saiba como são os quatro espaços do Ibmec SP inspirados
no conceito utilizado em Harvard
A SALA DE AULA DE R$ 500 MIL
Fonte: Ibmec São Paulo
Principais características:
- Tamanho: 240 m2
- Formato: auditório em U (com degraus e sem canto)
- Lousas: de giz, feitas com cerâmica importada, automáticas
- Capacidade: 120 alunos
- Placas de identificação dos estudantes nas mesas
- Isolamento acústico
Alunos da Business School: desde 2005, contratações demais
DA TURMA
DE 2008,
45%
foi trabalhar
em serviços
financeiros
DIVULGAÇÃO
MICHAEL WEYMOUTH/HARVARD
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  • 1. Cyan MagentaYellow Black | SUPLEMENTO ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 2009 | E1 PÁG. 1 CMYK Em resposta à crise de 1908 Harvard institui o MBA que hoje se consolida como um dos mais prestigiados do mundo e projeta milhares de executivos e empresários para o sucesso MARCELLO D‘ANGELO SÃO PAULO “Os europeus acreditam que o pânico mundial registrado no outo- no passado foi causado pelo nosso sistema bancário e não há garantia de que outra convulsão possa ser evitada sem uma reforma desse sis- tema”, declarou ao New York Ti- mes o presidente do First National Bank, James B. Forgan. Publicada em setembro de 1908 entre as aná- lises do que foi chamado de “pânico dos ricos”, essa frase caberia nova- mente como resumo dos fatos que teimam em desafiar a economia mundial nos dias de hoje. Há 101, anos como resposta à crise que ameaçava a então economia emer- gente do Estados Unidos, a institui- ção de ensino superior mais antiga daquele país, a Harvard University, oferecia como resposta a criação do primeiro programa de MBA (Mas- ters in Business Administration) do mundo. Começava a funcionar o Harvard Graduate School Business Administration, como era chamado na época o departamento voltado para estudos de administração de empresas e que tinha o objetivo de formar lideranças capazes de se des- tacar em tempos de dificuldade e de depressão. Apesar do pioneirismo na área, naquele ano a universidade ainda não imaginava que o curso ganharia as proporções alcançadas hoje, sendo considerado o melhor do mundo e formando personalida- des dos negócios como, por exem- plo, Ann Moore, presidente da Ti- me Inc.; e da política, como Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, e o ex-presidente dos Estados Uni- dos George W. Bush. A cada ano, milhares de pessoas de diferentes partes do mundo can- didatam-se a uma vaga na Business School. Muitas na esperança de mudarem suas vidas — e até a de seus países. Mas poucos chegam lá. Quem não tem bolsa precisa pagar — e muito. Um ano de estudos na Harvard Business School pode cus- tar US$ 80 mil, isso sem contar hos- pedagem e alimentação. Ali os alunos são exigidos, o ritmo é puxado e os cronogra- mas são, nas palavras dos pró- prios alunos, “insanos”. Meg Withman, ex CEO da e-Bay, que se formou na Business School em 1979, diz, ao lembrar-se de seus dias de estudante, que “a pressão era assustadora”. Ao fa- lar sobre o que aguarda os re- cém-chegados a HBS, o reitor da instituição faz a seguinte com- paração: “É como beber água de uma mangueira”, diz, referindo- se ao volume de informação e de trabalho que os alunos irão re- ceber. “São mais de 24 horas de trabalho a ser feito em 24 ho- ras”, conclui o reitor, ele próprio um graduado da HBS. Uma das principais caracterís- ticas da Business School é o estu- do de cases, método de ensino instituído em 1924. São situações reais, extraídas da vida real. Mi- chael Dell, o fundador da Dell Computers, nunca terminou a fa- culdade, mas sua performance no mundo dos negócios fez dele o ti- po de herói que os alunos de Har- vard cultuam. Todas as aulas são baseadas em casos reais e, muitas vezes, o presidente da empresa que está sendo estudada senta-se nos bancos escolares para debater as dúvidas e soluções apresenta- das pelos alunos. Há 10 anos na HBS, Joe Las- siter é um dos professores mais populares da instituição. Ele re- sume da seguinte forma sua fi- losofia de trabalho: “Escolho os melhores da classe para condu- zir os outros, levando-os a se tor- nar melhores do que jamais pen- saram que poderiam ser”. Entre as áreas escolhidas, fi- nanças e consultoria são que mais atraem os alunos. Dos for- mandos de 2007, 45% passou a atuar com finanças e 22% com consultoria. O empreendedor brasileiro Ri- cardo Bellino engrossa os núme- ros com o seu primeiro diploma, logo um de Harvard. Aqui no Bra- sil, abandonou dois cursos pela metade. Economia na Candido Mendes do Rio de Janeiro e Direi- to na Faap em São Paulo. Nos bancos escolares da HBS destaca que o melhor foi aprender a an- tecipar quando um negócio não tem chances de decolar, pois não passa mesmo de um sonho. Nos pioneiros e famosos estudos de casos de Harvard, Bellino enten- deu que empreendedorismo é transformar projetos em sonhos, e não o contrário. >> Entrevista Ricardo Bellino refaz planos após curso Página E2 >> Galeria O que brasileiros ilustres aprenderam em Harvard Página E3 >> Estrutura A sala de aula que prioriza o debate Página E4 Paratransformarprojetosemsonhos MICHAEL WEYMOUTH/HARVARD
  • 2. Cyan MagentaYellow Black E2 | Quarta-feira, 8 de abril de 2009 | GAZETA MERCANTIL PÁG. 2 CMYK Comente estas reportagens no site gzm.com.br A turma de 80 alunos tinha participantes de 30 paísesEMPREENDA HARVARD ENTREVISTA Ricardo Bellino O jeito Harvard de começar um negócio O deal maker brasileiro diz que curso da Business School sobre empreendedorismo já o levou a refazer planos, e conta que o mais importante foi aprender a abandonar ideias que não vão dar certo LUIZ SILVEIRA SÃO PAULO Para um empresário que se considera um “empreendedor serial”, fazer um curso chamado Launching New Ventures (Lan- çando novos negócios) na mais conceituada escola de negócios do mundo pode soar como um parque de diversões. De fato, o deal maker Ricardo Bellino, sócio da Gold&Bell, até achou graça na teorização do empreendedorismo que viu no curso, concluído há cerca de dois meses. Mas ficou encanta- do com a troca de experiências e o estudo de casos reais. “A capa- cidade de desprendimento de um projeto que dá indícios de que não vai decolar muitas ve- zes é mais importante do que a capacidade de empreender uma nova idéia”, diz ele, sobre uma das principais lições que apren- deu em Harvard. Ensinamento que já está aplicando no dia-a- dia à frente da Gold&Bell, em- presa cujo nome é formado pelo início dos sobrenomes dos só- cios Ricardo Bellino e Samuel Goldstein. Por coincidência, o símbolo do centenário da HBS, celebrado no ano passado, é um sino dourado. Gazeta Mercantil — O conteúdo do curso vale o investimento de US$ 8.500 para uma semana? Mais do que os conteúdos em si, o que mais me interessou foi a forma como eles apresentam e discutem os estudos de casos. Esse, inclusive, é o grande dife- rencial criado pela Harvard Bu- siness School, desde a sua fun- dação, há mais de 100 anos. A cada dia são avaliados pelo me- nos quatro estudos de casos, que devem ser previamente discuti- dos em grupos de trabalho de- signados no começo do progra- ma. Esses grupos funcionam co- mo um conselho de administra- ção, que avalia as decisões e re- sultados da empresa, e princi- palmente de seus sócios e execu- tivos. Em sala de aula, essas dis- cussões ganham maior dimen- são com a participação de todos os alunos, sempre sob a tutoria de um professor, que discute em mais profundidade todos os as- pectos abordados no estudo de caso. Outra importante contri- buição são as ferramentas ofere- cidas para a criação e avaliação de modelos de negócios. nossos planos e a forma como fazemos negócios. GZM — Os professores pareceram teóricos demais? Para um sujeito como eu, que trilhou o caminho de autodida- ta e se formou na “escola da vi- da”, ouvir catedráticos teorizan- do sobre fórmulas de como fazer negócios chega a ser engraçado. Mas tenho que reconhecer que, ao vivenciar a experiência teóri- ca, tive vários insights positivos, que me levaram a repensar a for- ma como vinha encarando os meus negócios, e principalmen- te o meu relacionamento com investidores e colaboradores. GZM — O que você achou de mais valioso no curso, que não se encontra no Brasil, na forma como fazemos negócios aqui? O que mais me impressionou em Harvard, além do fato de ter acesso ao mais alto nível de en- sino e informação empresarial do mundo, é que, mais do que uma escola de negócios, a HBS é uma instituição que forma líde- res empresariais e políticos. Di- ferentemente da relação que os alunos têm com as suas escolas e universidades no Brasil, os for- mados em Harvard passam a fa- zer parte de uma rede que atua ativamente no apoio e desen- volvimento de seus colegas, co- nhecidos como Alumnis, bem como contribuem com doações importantes para a manutenção da instituição. GZM — Saindo do curso, dá vontade de começar um negócio do zero para experimentar as lições de empreendedorismo? Essa é uma pergunta perigosa para um empreendedor serial co- mo eu! Não precisei sair do curso para ter vontade de começar um negócio do zero. Bellino (à direita), com o sócio na Gold&Bell Samuel Goldstein RESENHA RICARDO BELLINO MIAMI (EUA) Em 2004, o chefe da sucursal do jornal londrino Daily Telegra- ph em Paris, Phillip Delves Broughton, decidiu que era hora de dar outro rumo à sua vida. Uma entrevista que fizera com um magnata latinoamericano o deixou com vontade de experi- mentar o que ele supunha ser uma existência privilegiada nas al- tas esferas do mundo dos negó- cios. Para trocar o modesto am- biente de um escritório de sucur- sal pela glamurosa sala de um financista de Wall Street, ele deci- diu que o melhor — e mais rápido — caminho era o curso de MBA da Harvard Business School (HBS). Ao 31 anos, tendo em seu currí- culo uma década de experiência como jornalista, Broughton candi- datou-se a uma vaga num dos MBAs mais disputados do mundo. E, para sua grande surpresa, a HBS o aceitou como aluno. O relato dos dois anos que ele passou em Harvard está no livro “Ahead of the Curve: Two Years at Harvard Business School” (À frente da cur- va: dois anos na Harvard Business School, em tradução livre). Broughton explica que, na HBS, os alunos de MBA são ava- liados numa curva que vai do me- lhor ao pior. Sua sobrevivência acadêmica, diz ele, depende da po- sição que você ocupa nessa curva. Longe de ficar deslumbrado com a aura de poder que emana da ins- tituição, com a sensação que mui- tos de seus alunos têm de estarem no topo do mundo – ou pelo me- nos a caminho de lá – Broughton argumenta que a obsessão em ocupar uma posição de destaque na tal curva é uma receita para a infelicidade. Isso, contudo, não impede os alunos de continuarem tentando. “Meu livro”, diz o autor, “descreve meus próprios esforços, nem sempre bem-sucedidos, de ignorar essas curvas enganadoras e seguir meu próprio caminho”. Broughton descreve a HBS co- mo uma instituição extraordinária, ambiciosa e com um ego mons- truoso. O que ela tem de melhor, diz o autor, é a educação fascinante que oferece, um ímã para pessoas e ideias interessantes. Já o que ela tem de pior é, na visão de Brough- ton, o comprometimento com uma agenda corporativa que con- duz os jovens a um trabalho “tedio- so, ainda que bem remunerado”. Em seus dois anos em Har- vard, o autor nunca foi aprovado em uma entrevista para emprego. E talvez nunca tenha chegado a dominar os rudimentos básicos do mundo dos negócios – o fato de considerar tediosa a vida dos executivos provavelmente contri- buiu para isso. Contudo, apesar das críticas que tece à competição acirrada e à pressão para se situar à frente da curva, Broughton diz que valeu a pena obter o seu di- ploma de MBA. “Foi fantástico. Foi um grande curso de imersão num mundo do qual eu nada sa- bia”, atesta ele. E mesmo afirman- do que o MBA não é garantia de sucesso, Broughton parece acredi- tar que suas vantagens são inegá- veis. “Foi uma chance de repensar toda minha vida profissional. Foi mais desafiador e difícil do que eu pensei que seria, mas também foi igualmente gratificante.” Modelo da HBS não é unanimidade HISTÓRIA REDAÇÃO SÃO PAULO Harvard ostenta uma lista cu- riosa: a dos ex-alunos que aban- donaram a faculdade, saíram sem se diplomar e, mesmo as- sim, tornaram-se empreendedo- res de sucesso. Em inglês, eles são chamados de “drop-outs” — algo que em português colo- quial poderia ser traduzido co- mo “aqueles que caíram fora”. O que leva alguém a decidir, de livre e espontânea vontade, abrir mão de um dos diplomas mais prestigiados do mundo? Em muitos casos, essa atitude pode ser creditada ao descompasso en- tre o ensino acadêmico e a vida real. A sala de aula — mesmo quando está situada numa das melhores universidade do plane- ta — não é páreo para a mente veloz e o espírito empreendedor de pessoas que parecem ter um talento nato para os negócios. O resultado é que algumas des- sas pessoas acabam abandonando a faculdade para se dedicar a seus em- preendimentos. Elas fazem uma aposta arriscada. Acreditam que te- rão sucesso, mesmo sem diploma. E, muitas vezes, estão certas. Foi o que aconteceu com aquele que é o mais célebre drop-out de Harvard, Bill Gates, recentemente reinstalado no posto de homem mais rico do mundo. Gates, que fundou a Mi- crosoft antes de completar 20 anos, admite que não era um bom aluno, pois faltava às aulas com frequência — dizem que os computadores de Harvard lhe interessavam mais do que o en- sino que recebia lá. Até que abandonou a faculdade de vez para cuidar de seus negócios. E a vetusta instituição foi obrigada a curvar-se ao sucesso de seu alu- no mais famoso. Não faz muito tempo, Harvard decidiu diplo- mar Gates — apesar dele nunca ter concluído a faculdade. Outro drop-out de Harvard que tornou-se uma estrela no mundo virtual é Mark Zucker- berg. Durante o tempo em que frequentou a faculdade, sua mais brilhante conquista não ocorreu na sala de aula, mas no dormitório. Foi lá que ele criou e Grandes empresários deixaram a faculdade para tocar seus negócios, e acertaram O movimento dos sem diploma lançou o Facebook, negócio que o transformou no empreendedor com menos de 25 anos mais rico dos EUA. O Facebook é o site de networking social que mais cres- ce no mundo. E Zuckerberg já não tem mais tempo — nem motivos — para continuar fre- quentando as aulas. Mas Harvard não é a única fa- culdade que tem de lidar com seus famosos drop-outs. Steve Jobs abandonou o Reed College para fundar a Apple. Shawn Fanning largou a Northeastern University para se dedicar ao Napster. E Larry Page e Sergey Brin deixaram de lado o progra- ma de Ph.D de Stanford para criar o Google. Para todas essas pessoas, o diploma da vida era o que contava mais. Bill Gates, o mais famoso “drop-out” de Harvard: aprender na prática às vezes vale mais a pena Mais do que os conteúdos, o que interessou foi a forma de discutir estudos de caso “ ” A principal lição que aprendi e já aplico na prática é colocar foco na geração de caixa “ ” REPRODUÇÃO JOCK FISTICK/BLOOMBERG NEWS dança foi promover uma avalia- ção profunda nos planos de ne- gócios que estávamos desenvol- vendo na Gold&Bell, e decidir- mos quais deveríamos conti- nuar perseguindo e quais deve- ríamos encerrar imediatamente. A capacidade de desprendimen- to de um projeto que dá indí- cios de que não vai decolar, muitas vezes é mais importante do que a capacidade de empre- ender uma nova ideia. Temos que estar sempre alertas e aten- tos aos sinais que os nossos ra- dares nos enviam, acerca dos nossos planos de negócios, e prontos para apertar o botão de “eject” antes que seja tarde de- mais para arremeter. GZM — Como você pretende aplicar no seu negócio os conceitos aprendidos? A principal lição que apren- di em Harvard, e que já apli- quei em meus negócios, foi a de que o empreendedor tem que colocar foco na geração de cai- xa. Parece óbvio, mas não é! Es- sa é uma disciplina que deve ser exercitada diariamente na vida de todo o empreendedor de sucesso. GZM — Por conta do curso, você fez mudanças em um ou mais planos de negócios que estava desenvolvendo? Com certeza. A principal mu- GZM — Como foi a troca de experiências com os colegas? Na minha opinião pessoal, a troca de experiências com os co- legas que conhecemos durante o programa foi mais importante do que o conteúdo em si. A tur- ma era composta de mais de 80 participantes, vindos de mais de 30 países. Apenas essa multitu- de de culturas já faz com que a experiência seja única. Não per- di a oportunidade de trocar as minhas experiências com os meus colegas, distribuindo uma cópia da edição americana do meu livro: “You Have 3 Minu- tes! Learn the Secrets of the Pit- ch from Trump’s Original Ap- prentice”, publicado nos Esta- dos Unidos pela McGraw-Hill. GZM — O que essa partilha agregou ou mudou na sua forma de fazer negócios? Aprender a ouvir a opinião de outras pessoas, principal- mente daquelas que não tem ne- nhuma relação direta com os seus negócios, e muitas vezes com a sua cultura, nos permite criar uma nova visão sobre os MICHAEL WEYMOUTH/HARVARD
  • 3. Cyan MagentaYellow Black GAZETA MERCANTIL | Quarta-feira, 8 de abril de 2009 | E3 PÁG. 3 CMYK Comente estas reportagens no site gzm.com.br O seleto grupo de alunos formam uma comunidade mesmo após os cursosEMPREENDA HARVARD NETWORKING “No Brasil dizemos que 70% dos empregos são preenchidos por networking. Nos Estados Unidos, falam em 90%. Assim sendo, me pergunto: será que o que sobra são as posições mais interessantes?”, brinca Priscila Zogbi, executiva que frequentou a Harvard Business School entre 2002 e 2004, quando fez MBA, e diz ter conseguido todos os em- pregos pelos quais passou depois disso via algum contato feito por conta do curso. “Quando eu estava na General Mills, em Minneapolis, depois do MBA, fui passar um fim de sema- na em Nova York e durante um jantar uma colega de Harvard pe- diu meu currículo. Na mesma se- mana a área de recursos huma- nos da empresa em que ela traba- lhava me ligou e fui trabalhar na Bath & Body Works para geren- ciar a marca líder deles, então ba- tizada de Signature Collection”, diz Priscila, relembrando apenas um dos momentos de sua carrei- ra em que a rede de contatos feito em Harvard foi crucial na hora de conseguir um bom emprego. Muito além do conteúdo, das discussões e dos estudos de caso que marcam as aulas da Harvard Business School, seus alunos par- tilham uma identidade que levam para a vida. “Um dos grandes va- lores de Harvard é fazer parte de um grupo que vai ter sucesso na carreira e que costuma ser recep- tivo com os colegas”, constata An- dré Delben, sócio da Advisor As- set Management, MBA na HBS. Os contatos feitos por Priscila durante o mestrado renderam muitas outras propostas. Durante o curso, quando estava buscando estágio de verão, a executiva con- tatou uma ex-aluna de Harvard na Avon para conversar sobre a indústria da beleza, na qual esta- va interessada. O currículo da es- tudante ficou com a executiva e, após terem se passado anos, a em- presa continuava ligando para sa- ber onde e como ela estava, uma prática comum nos Estados Uni- dos. “Depois de muitas conversas acabei vindo para a empresa por meio desta porta aberta anos an- tes”, conta Priscila, referindo-se ao emprego em que está atualmente, no cargo de diretora de marke- ting da área de fragrâncias. O peruano Martín Aspíllaga chegou ao cargo de administra- dor de fundos de private equity da Enfoca Investments, a maior empresa da área na região andina, também por conta dos contatos feitos durante o MBA na Harvard Business School, na qual ingres- sou em 2001. Na época trabalha- va no Brasil, na empresa de con- sultoria estratégica Bain&Co., mas tinha interesse em voltar pa- ra sua terra natal. “Quando passei pelo processo de entrevistas da Enfoca Investments, foi muito importante ter estudado em Har- vard, já que um dos sócios da em- presa também havia estudado lá e me conhecia”, conta Aspílaga. “Enquanto estive no Brasil, foi importante o Harvard Business School Club e as reuniões realiza- das para manter contato com as pessoas que conhecia, e também fazer novos contatos profissionais com pessoas formadas na mesma escola”, diz o peruano, referindo- se ao clube brasileiro de profissio- nais que estudaram em Harvard, que promove reuniões regulares. Além disso, Aspílaga considera extremamente importante ter os te- lefones e datas de aniversário dos amigos feitos em Harvard em dia e, pra isso, usa ferramentas da inter- net, como o Plaxo. “Se são pessoas que não vejo com muita frequência, sempre é bom manter nota do em- prego atual, e dos nomes da famí- lia”, diz. Priscila também destaca as redes virtuais de relacionamento como Plaxo, Linked in e Facebook como ferramentas para acelerar co- nexões entre os ex-estudantes. “Elas avisam quando alguém foi promo- vido ou quando é aniversário e, des- sa forma, facilitam a oportunidade de trocar uma mensagenzinha ce- lebrando a vida dos outros”, diz. Além de ajudar a conseguir boas colocações no mercado, a rede de contatos feita em Harvard auxilia na tomada de decisões cotidianas no trabalho, segundo Priscila, que diz ter verdadeiros consultores em quase todas as capitais do mundo. “Não perco dois minutos pes- quisando sobre determinado as- sunto, ligo imediatamente para alguém que conheço que tenha experiência na área”, conta. “Se queremos fazer um lançamento ‘viral’ de uma fragrância pelo meio eletrônico, por exemplo, te- nho uma grande amiga que lidera o Google na Austrália, outro no As teias sociais que se formam entre os harvardianos pesam na hora da recolocação Mais que conteúdo: redes de contatos Facebook e outro no LinkedIn. Depois de três ligações já tenho ideias vindas de quem faz bem fei- to”, resume. Mesmo durante o MBA que cursou entre 2001 e 2003, Delben já sentia a importância da troca de experiências entre os alunos. “Um terço dos alunos era de estrangei- ros, e as diferenças culturas vi- nham à tona, colaborando para uma visão globalizada. E a diversi- dade não está só na nacionalidade: na minha turma havia um padre e uma médica, que traziam pontos de vista diferentes”, constata. A partilha de conhecimentos continuou após o curso, agora en- tre ex-harvardianos brasileiros. Delben é membro da diretoria do Harvard Business School Club of Brazil, que tem hoje cerca de 600 membros: 120 formados no MBA e outros 480 em cursos executi- vos de longa duração. Cursos rá- pidos não credenciam o ex-aluno a fazer parte do seleto grupo. “O objetivo do clube é promo- ver o networking. Fazemos um almoço mensal com alguma figu- ra do mundo dos negócios, por exemplo, que agrega conheci- mento para todos”. C.P. e L.S. André Delben, do HBS Club of Brazil: diferentes oportunidades de troca de experiências, anos depois de concluir os estudos GALERIA Uma boa parte do PIB do País já passou por Harvard — e assim ajudou a aumentá-lo Quando a elite brasileira vai à escola CAROLINA PEREIRA E LUIZ SILVEIRA SÃO PAULO Entrar na Harvard Business School é para poucos. Além dos altos custos — um curso de uma semana, com todas as despesas, pode passar dos US$ 10 mil — é preciso ser (realmente) fluente em inglês e preencher pré-requi- sitos específicos de idade e até de experiência profissional. Por isso, é seleto o grupo de executivos e empresários brasi- leiros que tiveram o privilégio de se sentar nos bancos da mais prestigiada escola de negócios do mundo. Os ex-alunos de Har- vard formam uma elite, que no Brasil inclui nomes como Pedro Moreira Salles, do Unibanco; André Jakurski, ex-Pactual; Ma- noel Amorim, presidente do Ponto Frio, Amílcare Dallevo, da RedeTV! e os sócios da InBev Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Jorge Paulo Lemann, o terceiro do grupo, também é for- mado em Harvard, mas não na Business School. De uma forma ou de outra, esses nomes trouxeram para o dia-a-dia empresarial brasileiro os ensinamentos da escola ame- ricana. Manoel Amorim, atual presidente do gigante do varejo Ponto Frio e executivo com lon- ga experiência em empresas co- mo America On Line e Vivo, por exemplo, acredita que não teria tido a mesma carreira de suces- so se não tivesse frequentado as salas de aula de Harvard. Isso porque, segundo ele, o MBA da instituição se baseia na participação dos alunos em clas- se e nos estudos de caso, por isso “ensina a fazer as perguntas cer- tas sobre os temas mais relevan- tes. Saber perguntar sobre o que é relevante é mais importante do que saber sempre as respos- tas”, avalia. O executivo, que afirma aplicar diariamente os ensinamentos que teve no cur- so, diz que “ser o meu melhor é a forma de retribuir o que recebi da escola”, por isso busca a ex- celência permanentemente. Amorim relembra a rigidez do sistema de avaliação do curso para explicar que nem sempre os alunos que eram reprovados ti- nham baixo nível de excelência. “Em todas as classes, 10% dos alunos são reprovados — os 10% com as piores notas, mesmo que aquelas notas tenham sido mui- to boas”. Ou seja, o aluno pode não ser aprovado mesmo tendo tido 95% de aproveitamento nos testes. “Para que isso aconteça basta que 90% dos alunos te- nham tirado mais do que os seus 95%. Vencem os melhores em uma escala relativa”. Tanta rigidez rendeu a Amo- rim, engenheiro químico forma- do pelo Instituto Militar de En- genharia do Rio de Janeiro, um emprego em uma empresa líder escolhida por ele, nos Estados Unidos, fato que alavancou sua carreira. “Teria sido impossível sem a qualificação que obtive na Harvard Business School”, diz. O MBA de Harvard é concor- rido, e sair dele também é difícil, como ressalta Amorim. Para An- dré Delben, sócio da Advisor As- set Management que conclui o curso em 2003, “conseguir en- trar já diz que a pessoa tem po- tencial. Ao sair, ela vai no míni- mo ter mais confiança em suas próprias decisões”. Além disso, Amorim destaca a importância do MBA também pa- ra delinear os rumos de sua car- reira. “Havia me formado quatro anos antes, trabalhava na Petro- bras e sabia que não era o que queria fazer para o resto da mi- nha vida. A ideia de ir para Har- vard surgiu ao ler um artigo sobre a escola e descobrir que muitos alunos faziam o curso do MBA para redirecionar a carreira e en- contravam fácil colocação após a conclusão. Pareceu cair como uma luva para o momento que eu vivia”, recorda. Não é exatamente uma situa- ção semelhante à de Delben, que fez o MBA com bolsa da empresa em que trabalhava, a McKinsey. Mas, da mesma for- ma, o curso da HBS mudou o destino de sua carreira. “Em Harvard, o incentivo a criar uma empresa é muito grande. O MBA tem um forte compo- nente empreendedor”, diz Del- ben, que um ano depois de vol- tar ao Brasil decidiu abandonar sua progressão na McKinsey e se aventurar com um conheci- do como sócio na Advisor, onde está desde 2004. Inovação Amílcare Dallevo, presidente da RedeTV!, receberá o diploma na próxima semana pela partici- pação no curso Owner/ President Management da Harvard Busi- ness School e acha que o conteú- do do programa teve tudo a ver com a empresa em que atua e re- sume em poucas palavras o que as necessidades do seu ramo exi- gem e que a HBS oferece: “Estra- tégia, negociação, finanças, políti- ca internacional e, principalmen- te, inovação. São apreendidas técnicas de negociação que, na minha opinião, na maioria das vezes, ajudam”, diz o executivo, que afirma sempre aplicar os co- nhecimentos adquiridos em ta- refas do dia-a-dia como a análise do budget (orçamento) mensal, por exemplo. Alguns alunos ilustres que passaram pelos bancos da Harvard Business School Manoel Amorim Ponto Frio Cursou o MBA da instituição Pedro Moreira Salles ItaúUnibanco Também cursou o Owner/President Manager Peter Graber Graber Fez um MBA nos anos 70 e foi um ativo organizador da comunidade de harvardianos no Brasil Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira InBev São formados em Administração por Harvard Amilcare Dallevo RedeTV! Fez um curso rápido de Finanças Estratégicas e acaba de concluir o programa OPM - Owner/ President Manager, para donos de empresas que gerem os negócios GRANDES HARVARDIANOS BRASILEIROS DANIEL TEIXEIRA/GAZETA MERCANTIL
  • 4. Cyan MagentaYellow Black GAZETA MERCANTIL | Quarta-feira, 8 de abril de 2009 | E4 PÁG. 4 CMYK Comente estas reportagens no site gzm.com.br EMPREENDA HARVARD Auditório facilita discussão de estudos de caso entre os alunos INFRAESTRUTURA Ibmec SP adapta quatro salas de aula aos moldes de Harvard por R$ 500 mil cada O formato que propicia o amplo debate CAROLINA PEREIRA SÃO PAULO O modelo de ensino praticado na Harvard Business School (HBS) tem adeptos em institui- ções brasileiras não só na parte teórica, tão reconhecida e presti- giada mundialmente. A parte fí- sica das salas de aula, que tam- bém faz parte do conceito aplica- do na famosa escola de negócios, da mesma forma já é importada para instituições brasileiras, co- mo o Ibmec São Paulo. As tradicionais salas em forma- to de auditório inspiradas na HBS existem desde 2006 na universida- de brasileira, época em que o Ib- mec SP mudou para o campus de 10,5 mil metros quadrados locali- zado na Vila Olímpia. “O edifício foi totalmente cus- tomizado para as nossas necessi- dades, e uma das adaptações foi a inclusão de quatro salas grandes ao estilo de Harvard”, conta Ser- gio Lazzarini, diretor da gradua- ção do Ibmec São Paulo. O modelo de sala de aula se fez necessário por conta do convênio que a universidade possui com a Harvard Business School Pu- blishing, por meio do qual dispo- nibiliza a seus alunos — em espe- cial da pós-graduação — estudos de caso produzidos pela HBS como parte da metodologia de ensino. Para otimizar o aprendizado via ca- sos reais é essencial, segundo Laz- zarini, que o ambiente da aula pro- picie a discussão e o debate. “O mé- todo de Harvard é centrado no aluno para estimular o debate, por isso as salas são em ‘U‘ e não têm cantos onde alguém possa não vi- sualizar a lousa”, diz. E por falar em lousa, o velho quadro negro também ganhou ares modernos nas quatro salas de aula baseadas na metodologia Harvardiana: são automáticas e se movem. Para isso, basta que o professor pressione um botão. A cerâmica é importada e permite um risco forte, que pode ser en- xergado por todos, sem que o do- cente precise se cansar. Há também, em uma das salas, um sistema eletrônico de votação para que os alunos possam dar suas opiniões sobre os mais diver- sos assuntos discutidos e o profes- sor possa computar os resultados instantaneamente em seu com- putador. A iluminação, bem co- mo o sistema acústico, são com- putadorizados e se adaptam con- forme o local em que o professor está na sala. No entanto, tanta tecnologia tem preço: adaptar uma sala convencional do Ibmec SP para uma sala no estilo de Har- vard não sai por menos de meio milhão de reais, montante que só é viabilizado por meio de patro- cínio de alguns empreendedores. As quatro salas existentes fo- ram bancadas por alguns dos grandes nomes do meio empre- sarial brasileiro como Walther Moreira Salles (Unibanco), José Ermírio de Moraes Filho (Voto- rantim), Olavo Setubal (Itaú) e Jorge Paulo Lemann (Inbev). Mesmo assim, novos patrocina- dores são esperados. “Não quere- mos propaganda de empresas, isso desvirtua o ambiente da sa- la de aula. Só aceitamos o patro- cínio de empreendedores e espe- ramos conseguir o suficiente pa- ra termos pelo menos mais duas novas salas nesse modelo até o fim de 2010”, planeja Lazzarini. Pedagogicamente, as vanta- gens de tamanho investimento se refletem no aproveitamento dos alunos e em um melhor método de avaliação, segundo o diretor. “Como existem placas de identi- ficação em todas as mesas, os pro- fessores chamam os alunos pelo nome e, uma vez que o formato da aula estimula o debate, é pos- sível atribuir nota de participação a cada um. Além disso, uma aula participativa é muito mais inte- ressante”, resume. O modelo de sala em auditório com formato em “U”, consagrado pela Harvard Business School, é reproduzido em todo o mundo Uma das quatro salas do Ibmec São Paulo, inspirada em Harvard: placa de identificação dos alunos para facilitar avaliação ÍNDICE Harvard emitiu alertas sobre a crise Wall Street absorveu muitos alunos do MBA da escola, indicando o inchaço do mercado Soifer, que hoje dirige sua Soifer Consulting, explica a teoria por trás do índice da seguinte forma: quando os graduados de Harvard se empilham em empregos em Wall Street, o mercado está prova- velmente superaquecido e pode es- tar a caminho de uma queda. Ele assume se tratar de um indicador de longo prazo “um tanto esotérico, mas não por is- so menos pre- ciso, em ge- r a l ” , q u e aponta a dire- ção dos pre- ços dos ativos nos Estados Unidos. Se mais de 30% dos alu- nos do MBA de Harvard acabam no que Soifer define como “em- pregos sensíveis ao mercado” — uma subcategoria de serviços fi- nanceiros que inclui bancos de investimento, private equity e hedge funds — trata-se de um si- nal para vender os papéis a longo prazo. Se esse número está abaixo de 10%, é um sinal de longo pra- zo para a compra. No ano passado, 41% dos alu- nos foram para empregos sensí- veis. É ainda mais que os 40% do ano anterior, que já tinha si- do o recorde até então. O índice MBA Harvard tem dado sinais para a venda de ativos desde 2005, disse Soifer. Cerca de 4% da última turma de Harvard empregou-se em fundos de hedge, e aproximadamente 9% foi trabalhar em bancos de investimen- to, mostram os números. Outros 17% foram para a indústria de pri- vate equity ou aquisições alavanca- das e 4% conseguiu posições no se- tor de venture capital. Se todas essas pessoas ainda mantêm — e man- terão — seus empregos é uma questão em aberto, obviamente. ANDREW ROSS SORKIN THE NEW YORK TIMES NOVA YORK Mesmo com os mercados em convulsão e os bancos de inves- timento em dificuldades, a últi- ma safra de formandos do MBA de Harvard seguiu em direção à indústria de serviços financeiros em um número maior do que a turma anterior. Essa é a imagem que emerge dos dados de contratação da Har- vard Business School para a clas- se de 2008. Os números indicam que 45% da turma arranjou em- prego na indústria de serviços fi- nanceiros — que na verdade re- presenta um pequeno aumento sobre o ano anterior, em que o ín- dice foi de 44%. A informação pode ser muito interessante para quem acredita no “Indicador MBA Harvard”, uma espécie de termômetro do mercado compilado anualmente por Ray Soifer, um ex-analista do mercado financeiro e ex-aluno da Harvard Business School. O índice é baseado em deci- sões feitas muitos meses antes do fim do ano estudantil. E isso é algo que Soifer reco- nhece rapidamente. “A maior par- te dessas decisões de carreiras foi tomada antes do recente declínio do mercado — algumas tão cedo quanto em 2007”, escreveu ele. “Os dados da próxima turma se- rão interessantes!”. Voltando no tempo, em 1937, apenas três formandos da Har- vard Business School, ou cerca de 1% da turma, se arriscaram na in- dústria financeira logo depois de deixar a instituição. Saiba como são os quatro espaços do Ibmec SP inspirados no conceito utilizado em Harvard A SALA DE AULA DE R$ 500 MIL Fonte: Ibmec São Paulo Principais características: - Tamanho: 240 m2 - Formato: auditório em U (com degraus e sem canto) - Lousas: de giz, feitas com cerâmica importada, automáticas - Capacidade: 120 alunos - Placas de identificação dos estudantes nas mesas - Isolamento acústico Alunos da Business School: desde 2005, contratações demais DA TURMA DE 2008, 45% foi trabalhar em serviços financeiros DIVULGAÇÃO MICHAEL WEYMOUTH/HARVARD MICHAEL WEYMOUTH/HARVARD