Este documento descreve as metodologias para implementar o Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares. Apresenta o domínio da Leitura e Literacia que será avaliado, incluindo indicadores de processo e impacto. Também fornece detalhes sobre os métodos de avaliação, evidências, intervenientes e um plano de avaliação com calendarização.
1. Metodologias de Operacionalização do Modelo de Auto-
Avaliação
O Modelo de Auto-Avaliação das
Bibliotecas Escolares: metodologias
de operacionalização (Parte I)
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2. Metodologias de Operacionalização do Modelo de Auto-
Avaliação
INTRODUÇÃO
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A aplicação e o sucesso do modelo de auto-avaliação da Biblioteca Escolar
depende não só da motivação e empenho da equipa que o vai implementar, assim como
também do envolvimento do órgão de gestão da Escola/Agrupamento e da comunidade
educativa.
Assim, é fundamental comunicar ao Conselho Pedagógico, de acordo com uma
calendarização adequada, quer o processo em si e o modo como cada agente educativo
será nele envolvido, quer os resultados e respectivas implicações. A avaliação envolve
toda a comunidade escolar, permitindo uma reflexão e planificação que permitem
validar todo o trabalho da Biblioteca. Forma-se uma consciência colectiva sobre a
situação da mesma, em função da partilha dos resultados e da relação que tem com a
avaliação da própria escola (interna e externa).
O enfoque na acção, na diferença que a biblioteca escolar faz na escola, nas
aprendizagens e no sucesso educativo convoca, também, a necessária percepção de que
essa diferença acontece através da mudança de práticas mais centradas nos outcomes
(resultados) que essas práticas comportam e menos nos processos que seguimos para a
obtenção desses resultados. Cram (1999) descreve esse processo:
“(…) as bibliotecas não possuem um valor objectivo intrínseco. O valor é uma
atribuição subjectiva e está relacionado com as percepções relativamente a um benefício
real ou esperado. De um certo modo, as bibliotecas criam valor através da transformação
de recursos atingíveis num processo multidisciplinar de benefícios. Elas não gerem
valor, antes gerem processos e actividades, tomando as decisões condutoras à criação de
valor para os seus utilizadores e para a organização onde se integram.”
O Modelo de Auto-Avaliação das BEs deve estar sujeito à Mudança.
Os principais desafios colocados residem na avaliação dos Impactos sobre os
utilizadores. Derivam da necessidade de:
• Clarificar adequadamente os objectivos da BE.
• Esclarecer os objectivos de aprendizagem dos alunos.
• Estabelecer os indicadores adequados para essa aprendizagem.
• Recolher evidências apropriadas à quantidade e qualidade.
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Avaliação
• Assegurar a realização do processo de recolha, tratamento, análise e
comunicação dos dados.
Uma vez mais refiro que não possuo qualquer tipo de experiência na
implementação do Modelo. Graças à formação que estou a realizar, tenho a
oportunidade de me familiarizar com novos conceitos e terminologias, de adquirir
documentação específica, de vivenciar experiências alheias e diversificadas de colegas e
reflectir sobre as minhas práticas reorganizando, reformulando e repensando as minhas
actividades para que possam ser levadas a bom termo dentro do contexto do novo
Modelo de Avaliação.
Domínio escolhido para a realização da tarefa
B. Leitura e Literacia
Indicadores
B.1 Trabalho da BE ao serviço da promoção da leitura na escola/agrupamento
(indicador de Processo- actividades e serviços). Este indicador exige uma planificação
prévia para ir de encontro aos interesses dos utilizadores e modificar atitudes e
comportamentos.
B.3 Impacto do trabalho da BE nas atitudes e competências dos alunos, no âmbito das
leituras e das literacias. (indicador de Impactos-até que ponto o trabalho realizado
transformou hábitos e melhorou competências). Este indicador incide sobre a recolha de
evidências que permitem verificar os efeitos do trabalho realizado nas aprendizagens
dos alunos.
Motivo da escolha
O termo literacia é uma preocupação recente e exprime um conceito abrangente,
não estando associado à prática escolar, mas às capacidades de ler e escrever dos
indivíduos que frequentam o sistema escolar. Pretende-se que os alunos saibam usar as
competências e não as adquiram apenas.
Ler, na actual sociedade do conhecimento, implica saber fazê-lo,
independentemente do seu suporte.
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Conforme Isabel Alçada (actual ministra da Educação), as bibliotecas escolares
têm um papel essencial uma vez que contribuem para a mudança das representações dos
professores, dos alunos e dos pais, da importância da leitura e do modo como esta deve
ser ensinada e incentivada (Alçada, 2004).
A escolha deste domínio foi motivada por considerar prioritário e de grande
importância transmitir às crianças e aos jovens gosto/interesse pela leitura, competências
da leitura e meios para a disponibilização dos saberes.
É fundamental ter o cuidado de não derrotar o imaginário da criança/adolescente,
deixando brotar a sua criatividade para que se torne um bom leitor. Neste sentido, e em
torno da leitura dirigida e/ou orientada, desenvolvem-se actividades culturais,
mantendo-se o leitor motivado.
Uma escola de qualidade deve estar dimensionada para o sucesso educativo,
visando fins de preparação para a vida. Os jovens precisam de ser preparados para o
futuro, para a inserção social e a vida activa, como cidadãos realizados e intervenientes.
Assim sendo, a leitura assume uma relevância inquestionável.
A comunicação diária, com a diversidade de contextos que envolve, exige que
saibamos ler, aprendamos a ler, ganhemos hábitos de competência de leitura e literacia
sob pena de virmos a sofrer com isso, na nossa realização pessoal, na nossa interacção
com os outros, na nossa integração na sociedade e participação nos destinos do mundo.
A BE onde eu desempenho as minhas funções, tem vindo a desenvolver diversas
actividades de promoção da leitura. Verifica-se um número de leitores que fica aquém
do desejado.
Importa, pois, saber o impacto dessas actividades e se elas contribuem para
aumentar o número de leitores.
Constrangimentos
- O tempo
- A sobrecarga de trabalho que a aplicação do modelo acarreta
-Dificuldade em envolver todos os intervenientes para aplicação dos inquéritos
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- Dificuldade em recolher algumas evidências pois nem tudo se regista (apesar
de tudo se dever registar)
PLANO DE AVALIAÇÃO
DOMÍNIO B. LEITURA E LITERACIA
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• A colecção
Objecto de • Actividades de promoção da leitura
Avaliação • Clubes de leitura
• Encontro com escritor
• Articulação da BE com outras instituições
• Articulação com actividades orientadas pelo PNL
Métodos • Análise do Plano de Acção da BE
de • Divulgação atempada das acções pretendidas
Avaliação • Nível de consecução de objectivos
• Aspectos a melhorar
• Questionário aos professores
• Questionário aos alunos
• Estatística de ocupação para leitura informal (ao
longo do ano)
• Estatística de requisição (ao longo do ano)
Evidências • Plano Anual de Actividades (ao longo do 1º
IndicadorB1(de processo) período)
Trabalho da BE ao serviço
da promoção da leitura • Actas
• Contactos com professores e coordenadores para
elaboração de projectos
• Registo de actividades
• Actividades da “Hora do Conto”
• Encontros de (En)canto
• Semana da Leitura
• Feira do Livro
• Professor bibliotecário
• Equipa da BE
Intervenientes • Alunos
• Professores
• Comunidade Educativa
• Direcção Executiva
• Questionários
Análise das • Grelhas de observação
evidências • Estatística
recolhidas • Documentos
• Contactos
• Conselho pedagógico
• Conselho de Directores de Turma
Divulgação dos • Placard da sala de professores
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8. Metodologias de Operacionalização do Modelo de Auto-
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• Leitura recreativa.
• Desenvolvimento de competências nos alunos
Objecto de ao nível da leitura.
avaliação
• Progressos dos alunos em diversos ambientes.
• Participação dos alunos em actividades de
promoção da leitura (clubes, fóruns,..).
• Análise do PA da BE
• Registos/materiais de apoio produzidos pela BE
Métodos
de • Observação de utilização da BE (O2)
Avaliação
• Estatística de participação nas actividades
Indicador B.3 (de impacto)
Impacto do trabalho da BE • Levantamento de dúvidas
nas atitudes e competências
dos alunos, no âmbito das
leituras e das literacias • Aspectos a melhorar
• Estatísticas de utilização da BE para actividades
de leitura
• Estatística de requisição domiciliária
• Registo de actividades
Evidências • Observação da utilização da BE (O2)
• Trabalhos realizados pelos alunos nas
actividades desenvolvidas pela BE na promoção
da leitura
• “Encontros de (En)canto”- actividades
desenvolvidas nesta rubrica articuladas entre a
BE e professores dos diferentes departamentos
• QD2 e QA2
• Equipa da BE
Intervenientes • Alunos
• Professores
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9. Metodologias de Operacionalização do Modelo de Auto-
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Calendarização
Tratamento dos dados
1º- Constituição de uma equipa constituída pela coordenadora da BE e outros
professores (1º período)
2º - Elaboração de instrumentos de tratamento de dados
(1º e 2º períodos)
3º - Tratamento e análise dos dados
(Julho)
Registo da auto-avaliação
1º - Reflexão sobre os resultados
(Setembro)
2º - Identificação do nível de desempenho
(Setembro)
3º - Preenchimento do relatório
(Setembro)
Comunicação dos resultados
Apresentação do relatório ao Conselho Pedagógico, assim como do plano de melhoria
(Setembro).
.
Conclusão
O relatório final de avaliação é um instrumento de descrição e análise dos
resultados da auto-avaliação, de identificação do conjunto de acções a ter em conta no
planeamento futuro e de difusão desses resultados e acções junto dos órgãos de gestão e
de decisão pedagógica. Deve integrar o relatório anual de actividades do Agrupamento e
o relatório da avaliação interna do mesmo.
É através dos resultados da avaliação e a sua divulgação que são definidos rumos
estratégicos e acções para a melhoria, sempre em conformidade com o Projecto
Educativo da Escola/Agrupamento e a missão e objectivos da BE.
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10. Metodologias de Operacionalização do Modelo de Auto-
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É cada vez mais importante que as bibliotecas escolares demonstrem o seu
contributo para a aprendizagem e o sucesso educativo das crianças e jovens que servem.
Por esse motivo, a avaliação deve ser encarada como uma componente natural da
actividade da gestão da biblioteca, usando os seus resultados para a melhoria contínua,
de acordo com um processo cíclico de planeamento, execução e avaliação.
Remato com um pensamento pertinente “os obstáculos da vida são proporcionais
às capacidades que as pessoas têm de lhe fazer frente”.
Bibliografia consultada:
• Texto da sessão
• Basic Guide to Program Evaluation, disponível em linha, em
http://www.managementhelp.org/evaluatn/fnl_eval.htm#anchor1585345
• Modelo de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares, disponível em linha, em
http://www.rbe.min-edu.pt/np4/?
newsId=31&fileName=Modelo_de_avaliacao.pdf
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