Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa etnográfica sobre as práticas participativas orientadas para causas cívicas de duas comunidades de prática no contexto da cultura participativa. O conceito de cultura de participação cívica é proposto para evidenciar práticas relacionadas a questões e causas cívicas com base em narrativas midiáticas ficcionais e no movimento maker. A metodologia analisa as formas de agência comunicativa presencial e virtual dos membros das comunidades. Propõe uma categorização das pr
É com muita satisfação que a GVcasos traz a público esta sua primeira Edição Especial Temática. Ela é resultado da chamada de trabalhos que publicamos no final de 2021, convidando autores a produzirem casos que enfocassem tecnologias sociais, um tema tão relevante para a sociedade, mas ainda pouco explorado no ensino de Administração.
A convergência midiática não é apenas um processo tecnológico; é antes de tudo um fenômeno cultural que envolve novas relações entre os produtores e os usuários da mídia. Esse é um dos temas centrais em Cultura da Convergência, livro de Henry Jenkins que discute a maneira como a informação viaja por diferentes plataformas midiáticas e examina o papel dos consumidores nesse processo. A convergência, segundo Jenkins, acontece “dentro dos cérebros” dos consumidores e “por meio de suas interações sociais com os outros”. Assim como a informação, nosso trabalho, nossas vidas, fantasias e relações pessoais também fluem por diferentes canais midiáticos. Em Cultura da Convergência, Jenkins explora esssas idéias em análises que incluem os programas de televisão Survivor e American Idol, a franquia do filme Matrix, os fãs de Harry Potter e Guerra nas Estrelas, bem como a campanha presidencial americana de 2004.
É com muita satisfação que a GVcasos traz a público esta sua primeira Edição Especial Temática. Ela é resultado da chamada de trabalhos que publicamos no final de 2021, convidando autores a produzirem casos que enfocassem tecnologias sociais, um tema tão relevante para a sociedade, mas ainda pouco explorado no ensino de Administração.
A convergência midiática não é apenas um processo tecnológico; é antes de tudo um fenômeno cultural que envolve novas relações entre os produtores e os usuários da mídia. Esse é um dos temas centrais em Cultura da Convergência, livro de Henry Jenkins que discute a maneira como a informação viaja por diferentes plataformas midiáticas e examina o papel dos consumidores nesse processo. A convergência, segundo Jenkins, acontece “dentro dos cérebros” dos consumidores e “por meio de suas interações sociais com os outros”. Assim como a informação, nosso trabalho, nossas vidas, fantasias e relações pessoais também fluem por diferentes canais midiáticos. Em Cultura da Convergência, Jenkins explora esssas idéias em análises que incluem os programas de televisão Survivor e American Idol, a franquia do filme Matrix, os fãs de Harry Potter e Guerra nas Estrelas, bem como a campanha presidencial americana de 2004.
Pesquisa da Fundação Telefônica Vivo em parceria com o IBOPE Inteligência, Instituto Paulo Montenegro e Escola do Futuro – USP que visa entender o comportamento do jovem brasileiro na era digital.
O poder do consumidor na cultura de convergência. A importância das interações das empresas com os novos consumidores sociais. por Vera Lúcia Vieira, professora universitária, trabalho apresentado no Congresso Sincult 2015 em Salvador BA
Ambientes interativos e os impactos nos usuários (Aula 1)Andre de Abreu
Conteúdo da disciplina "Ambientes interativos e os impactos nos usuários", ministrada na pós-graduação em comunicação digital da USP (www.digicorpecausp.net). Na primeira aula, o conceito de interatividade e como as interações humanas são potencializadas pelas internet e pelas rede sociais digitais.
Pesquisa da Fundação Telefônica Vivo em parceria com o IBOPE Inteligência, Instituto Paulo Montenegro e Escola do Futuro – USP que visa entender o comportamento do jovem brasileiro na era digital.
O poder do consumidor na cultura de convergência. A importância das interações das empresas com os novos consumidores sociais. por Vera Lúcia Vieira, professora universitária, trabalho apresentado no Congresso Sincult 2015 em Salvador BA
Ambientes interativos e os impactos nos usuários (Aula 1)Andre de Abreu
Conteúdo da disciplina "Ambientes interativos e os impactos nos usuários", ministrada na pós-graduação em comunicação digital da USP (www.digicorpecausp.net). Na primeira aula, o conceito de interatividade e como as interações humanas são potencializadas pelas internet e pelas rede sociais digitais.
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Palavraschave
Culturadeparticipaçãocívica:mobilizaçãotransmédiaehacktivismoemcomunidadesdeprática(casosdefãsecriadores)
culturadeparticipação;mobilizaçãotransmédia;hacktivismo;fãs;comunidades
Culturadeparticipaçãocívica:mobilizaçãotransmédiaehacktivismoemcomunidadesde
prática(casosdecriadorese fãs)
Resumo
Esteartigo apresentaos resultadosdeumestudoetnográficosobreas práticasparticipativas (orientadaspara causas
cívicas)levadasacaboporduascomunidadesdepráticanocontextodaculturaparticipativa.Oconceitode culturade
participação cívica épropostocomoformadedemonstraras práticasdeparticipaçãorelacionadascom questõesecausas
cívicas,combaseemnarrativasediscursosficcionaisdosmediaenomovimentomaker.A metodologiadesenvolveuma
estratégiaquerecuperaasformasdeagênciacomunicativapresencialevirtualdos membrosdeduascomunidadesde
prática. Éfeitaumapropostadecategorizaçãodaspráticasobservadascombasena mobilizaçãotransmédiaqueincorpora
referentesdaculturapopularaoenvolvimentocívicodosparticipantes,enuma formadehacktivismodefãscaracterizada
pelousocriativoealternativodatecnologiadigitaleanalógicapara resolverproblemassociais.
Palavras-chave
culturaparticipativa;mobilizaçãotransmédia;hacktivismo;fãs;comunidades
Introdução
Estetextodocumentaumainvestigaçãosobreduas comunidadesde
prática(umadefãs1
eoutrademakers2
),combasenaanálise dassuas formas
decomunicaçãoeorganizaçãoemrelaçãoaproblemassociais com
umaorientaçãocívica,paraaqualsãoutilizadasepropostasas
categoriasdeanálise:mobilizaçãotransmédiaehacktivismodefãs.
Comopartedaargumentação,sãodescritase analisadas as
práticasobservadasdascomunidadeseaformacomoestãoligadas a
formasdeparticipaçãorelacionadascomcausascívicas.Na perspetiva
damobilizaçãotransmédia(Costanza-Chock 2010), trabalhamoso
envolvimentodeumgrupodepessoaspertencentesaum movimento
socialnacriaçãodemensagenseprodutos comunicativosque
promovemascausas,osobjectivosouas posiçõesdaquelequedá
sentidoeapoioapráticaspartilhadascom basenaculturapopularou
comoresultadodainteraçãocom
narrativase
narrativasmediáticas.
Ohacktivismo(Avogadro2014,Coleman2014)procura
demonstrarodesenvolvimentodeumtipodeativismobaseadona
utilizaçãodo
tecnologia e/ou no questionamento crítico dos sistemas técnicos
hegemónicos. Epropõea existência de umtipo de hacktivismo de fãs
entendidocomoumamodalidadealternativademobilização transmédia,
caracterizada pelo uso e apropriação criativa da tecnologia (tanto digital
como analógica) para a resolução, visibilidade ou intermediação de
problemassociais específicos.
O contexto geral em que este texto se situa problematiza as
constantestransformaçõestecnológicaseculturaisquetêm i n f l u e n c
i a d o a evoluçãodacomunicação edaeducação3
comoduasdisciplinas
quesetêmtransformadosignificativamente nosúltimos anos4.
1.Culturasepráticasdeparticipação
Cultura participativa (Aparici e Osuna-Acedo 2013) ou cultura
participativaéumconceitopopularizadonosúltimos anosnos estudos
decomunicação,especialmentenosdebatessobreas transformações
nos tipos de produção e consumo realizados pelas pessoas após o
adventoeestabelecimentodaconvergênciadaUnião Europeia.
1
. Oconceitodefãséentendidocomoumenvolvimentoprofundocomumahistória,produto,conteúdoousistemadevalores,etc.Aligaçãodossujeitoscomoobjetodoseupassatempobaseia-seno interesse
pessoalepartilhadodecontinuaraconhecereaaprendersobreoquelhesinteressa.
2. Temorigemnomovimentomaker,queserefereaumconjuntodeacçõeseatitudesbaseadasnatransformação,fabricoecriaçãodeobjectosmateriais,atravésdadesintermediaçãoedautilizaçãode
tecnologiaseferramentasdigitaisouanalógicas.
3. Estetextoéoresultadodotrabalhorealizadopeloautornoâmbitodasuainvestigaçãodedoutoramento,quedecorreuatéfevereirode2020.
Artnodes,n.º29(janeirode2022)I ISSN1695-5951
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Culturadeparticipaçãocívica:mobilizaçãotransmédiaehacktivismoemcomunidadesdeprática(casosdefãsecriadores)
gência (Jenkins 2014), caracterizada pela integração de múltiplos
meios de comunicação e discursos na transformação dos papéis dos
meiosdecomunicação,dasindústriasdecomunicação,daspessoas e
das plataformas tecnológicas, e pelo uso crescente de dados de massa
(Mejías e Couldry 2019). Popularizada em grande parte pelo trabalho de
Henry Jenkins (2008), a cultura participativa ou participativa significa
uma transformação nas condições técnicas, económicas e culturais
quepermitemqueaspessoasseenvolvamnacriaçãoenãoapenas no
consumodeprodutos mediáticos.
É verdade que, pelo menos ao longo da última década, têm sido
várias as críticas ao conceito de cultura participativa, uma vezque se
tem assumido que as formas de participação ocorrem
independentemente das condições económicas, tecnológicas ou
educacionais das pessoas que acedem, produzem ou consomem
informação.Umadascríticas maisapontadasfoi adeCouldry(2011), que
sugere que, para se falar de uma verdadeira cultura de participação,
seria preciso considerar as diferenças em termos de estratificação da
sociedade e a problematização da ideia de cultura como um conceito
complexo que dissemina o significado e os símbolos que são
referência para as pessoas. Outras questões sobre as formas de
participaçãocentram-senadimensãoeconómicasubjacenteàs interacções
que são possíveis através dos espaços virtuais e sociodigitais; um
exemploclaroéapropostacontraofreemium(Evans 2015,Hamari,Hanner
eKoivisto2020),queconsistenummodelode negóciobaseadonaofertade
serviçosbásicosgratuitos,quedepoisse traduzememtaxasparaserviços
avançadosouexclusivos.
Uma definição adequada da cultura de participação seria
aquela que considera não uma única cultura, mas muitas formas
culturais nas quais a agência individual se manifesta e ocorre,
considerandosempreascondiçõesestruturaisexternasdas indústrias,
domercadoedopapeldosEstados.Nestaperspetiva,e s e g u i n d
o os resultados desta investigação, propomos a existência de uma
cultura departicipação cívica, orientada parapráticas comunicativas que
procuraminfluenciararesoluçãodeumproblema social.
Com base na proposta de Jenkins (2009), assumimos a cultura
participativacombasenasseguintes características
a) A existência de condições para a expressão e o envolvimento
social.
b) As circunstâncias sócio-afectivas da criação e da partilha das
produções.
c) A coexistência de pessoas dispostas a partilhar os seus
conhecimentos e experiências para que outros menos
experientespossamintegrar-seemgrupossociais.
d) Membros de comunidades que se consideram relevantes num
grupoequepodemcontribuirpara ele.
e) O estabelecimento de laços emocionais e intelectuais entre
os membros para a realização e/ou definição de objectivos
comuns.
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Comoextensãodaconcetualizaçãoacima,propomos
considerara culturadeparticipação cívicacomoum tipo de
participação em que os objectivos centrais dos
indivíduos/comunidades estãoorientados para:
a) Uma procura livre, diversificada, crítica e igualitária, que
permitedefinir umaorientação política face a problemas ou
questões socioculturais que motivam ou congregam uma
comunidade.
b) Aconstituiçãocomopartedeumrepertórioparaadefinição de
uma identidade partilhada que recupera referentes da cultura
pop e dos media para criar e dar sentido a acções e
discursos.
A cultura da participação permitiu que o debate sobre consumo e
produção revisitasse questões sobre quais são as verdadeiras
capacidades de agência das pessoas e como é que as suas práticas
implicam efeitos que vão para além delas próprias ou dos contextos
locais em que se desenvolvem. Esta discussão precisa de ser
analisada criticamente, especialmente face à influência excessiva das
empresastecnológicas,queatravésdocapitalismodeplataforma (Srnicek
2017)levantamincertezassobrealiberdadeeaagênciadas pessoas.
Issoéespecialmenterelevantediantedosdesafioscolocados p e l a
vigilância excessiva (Van Dijck, Poell e De Waal 2018, Zuboff 2019)
tantodeEstadosquantodecorporações,enaslógicas docolonialismo
de dados (Mejías e Couldry 2019), que questiona como as lógicas
colonialistas são reproduzidas em áreas e territórios do mundo que
historicamenteforam vulnerabilizadosporatores internacionaisa t r a
v é s d a extração de valor e dalegitimação da exploração (Corbel,
Newman e Farrell 2022). Neste sentido, o legado do pensamento
marxistaaindaestápresenteeévistocomo necessáriocomoresposta
crítica ao sistema capitalista dependente de lógicas extractivas,
principalmente os conglomeradosmediáticos e tecno-lógicos. Autores
como Fuchs (2017), Srnicek (2017) e Zuboff (2019) têm levantado
críticasatuaiserelevantesparaentendercomo funcionamos sistemas
tecnológicos e quais são os desafios que enfrentamos diante da
influência excessiva de conglomerados que privilegiam uma lógica
extrativista, colonialistaebaseadanoconsumoexcessivo.
2.Comunidadesdeprática:participação
colectivae comunitária
As comunidades de prática são um grupo de pessoas que se
reúnem com base em interesses, problemas, paixões ou objectivos,
através dos quais aprofundam os seus conhecimentos sobre umaárea
de interesse comum. Estes grupos sociais são geralmente informais e
fazemcircularinformaçãoentreosseusmembrosdeformaauniformizar ou
igualaros seusconhecimentos,experiênciaseinteresses,como
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Culturadeparticipaçãocívica:mobilizaçãotransmédiaehacktivismoemcomunidadesdeprática(casosdefãsecriadores)
Referir-se às comunidades de prática como conceito teórico implica
reconhecê-las como organizações sociais que não dependem
necessariamente de uma lógica estrutural hierárquica, mas de uma
lógica relacional. Isto significa que os grupos não são entendidos em
termosdeformasdeautoridadeoudeexercíciodepoder,mascom base
nas motivações, conhecimentos, afinidades e interesses dos seus
participantes, oquese verifica através dosignificado quedãoàs acçõese
objectivos quedesenvolvem(Wenger2001);embora,naturalmente, nem
sempresejaassim,umavezqueosgrupossociaistendemacomportar- se
deformainesperada.
Seguimos a proposta de Wenger, McDermotty e Snyder (2002) ao
identificar três aspectos fundamentais que podem caraterizar uma
comunidadedeprática.Odomínio,queéoconjuntodetemase objectos
de interesse da comunidade, refere-se aos recursos humanos que
compõem uma rede social dinâmica que se define por práticas,
entendidas comoos modose procedimentos socialmente definidos para
fazerascoisas.
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3.Compromissoetnográficocomas
práticaspresenciaise virtuais
Esta secção descreve os argumentos metodológicos relevantes e
oferecetambémumadescriçãogeralecomparativadas comunidades
investigadas,afim decompreenderocontextoeas circunstânciasem
queassuaspráticaseactividades têmorigem.
A abordagem, as reflexões e os resultados apresentados neste
documentofazem partedeumprojetodeinvestigaçãoemqueo autor
se interrogou sobre as tipologias de participação em duas
comunidadesdeprática:fãsemakers.Ocorpusanalisadoresultou da
realizaçãodeumaetnografiadaspráticasdascomunidades atravésda
implementação de um desenho de ferramentas metodológicas que
incluiuaobservaçãovirtualepresencial, entrevistasemprofundidadee
aformulaçãodecategoriasdeanálise baseadasnasistematizaçãode
códigosatravésdautilização do software informático Atlas.ti, tudo isto
sob os postulados da grounded theory (Strauss e Corbin 2002). O
quadro seguinte apresenta o esquema analítico através do qual foi
seguido o processo de categorização das práticas participativas das
comunidades investigadas.
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Histórico
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media/tecn
o logias
Práticasvisíveis nasinteracçõescomasinterfaces
esistemasdecomunicaçãotemporariamente.
Estruturais
Institucional /
económic
o
Práticasdeconsumo,venda,mercado,apropriação,
público-privado e ética hacker-fã.
Comunidad
e
Organizacional/op
er acional
Práticasdecolaboração,filiação,trabalhoemrede,
negociação,liderança,regrase valores.
Individual
Atrajetória/
cognitivo-experiencial
Práticasdesentido,expressão,lazer,formação,
aspirações, emoçõese sentimentos.
Tabela1.EsquemaanalíticodaspráticasparticipativasFonte:
Elaboradopelosautores.
A abordagemdeCharmaz(2001)foiutilizadaparaformular perguntas
que facilitassem o processo de codificação. Estas perguntas eram: O
queestáaacontecer,oqueéqueaspessoasestãoafazer,o queéqueo
sujeitoestáadizer,oqueéqueestasacçõeseafirmações implicam,ecomo
équeaestruturaeocontextoajudam a compreenderestas acçõese
afirmações?
Oprocesso decodificaçãoenvolveuum exercíciopormenorizado de
questionamentodosdados,reconhecendoqueoscódigostêmorigem tanto
nos referentes teóricos como nos dados empíricos analisados. Este
processo relacional de estabelecimento de ligações entre as suas
propriedadesedimensõessemelhantesédesignadopor
codificaçãoaxial(Gibbs2007)epermitiuageraçãodecódigose
relações.
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áudio,audiovisuais, áudioe textuais.
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O CodificaçãomanualatravésdoAtlas.ti - -
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O CategorizaçãomanualatravésdoAtlas.ti - -
Quadro2.EstratégiaefasesdainvestigaçãoFonte:
elaboraçãoprópria
Como se pode ver, além disso, a estratégia metodológica acima
delineada implicou umacontribuição para os debates (Estalella eArdèvol
2007) sobre os limites da etnografia enquanto abordagem epistémica que
levanta novas questões sobre como assumir a noção de acesso,
campo,observação,registo,informadoreentrevista,numa investigação
que se interroga sobre as formasde agência das pessoas paraalém
dos limites tradicionais de espaço/tempo. Neste sentido, acreditamos
que esta experiência metodológica pode ser útil para a investigação
orientadaparaascomunidadesde prática.
Metodologicamente, este trabalho apresenta uma estratégia que
combina o estudo de espaços e dinâmicas que ocorrem online e
offline, o que motivou o desenvolvimento de uma estratégia de
construçãodedadosàmedida,atravésdaobservaçãoparticipante em
ambasas modalidades edarealizaçãodeentrevistasem profundidade
com informantes-chave. Para tanto, foi necessário implantar um
aparato interpretativo capaz de mediar a variedade dos dados
reconstruídos e a configuração espaço-temporal das experiências.
Neste sentido, a estratégia desenvolvida motivou uma revisão
epistemológica constante das dimensões éticas, para a qual se
tomaramcomoreferênciaas dificuldadeséticasdescritasna literatura
(Estalella eArdèvol 2007)eseprivilegiou aperspetivados sujeitos da
investigação,bem comoasexpectativasdeprivacidade. Nestesentido,o
carácterprivadooupúbliconãofoidecididoaprioriou apenascombase
emdisposiçõestécnicas.
(software,porexemplo),massim,atravésdeumexercíciosituacional e
dialógico, foi possível encontrar o significado que os indivíduos
atribuem a um determinado contexto e conteúdo. Oconhecimento e a
compreensão da perspetiva dos sujeitos investigados foram
fundamentais para a construção de uma ética que tivesse em conta as
propriedadesdocontextoeas escolhasdaspessoas sobreasua agência
eosseusdiscursos.5
A Tabela 3 apresenta um exercício comparativo das duas
comunidades, deformaaevidenciaralgumasdassuas características,
contextosepontosdeconvergência.Podetambém servistacomouma
tabela que dá uma visão geral de algumas das semelhanças mais
relevantes em cada comunidade, e como as suas práticas são
semelhantes entre si, e as formas de participação que são
desenvolvidas deacordocomasquestõesoucausasque motivamas
formasdeparticipação cívica.
Embora exista um vasto conhecimento sobre as práticas
desenvolvidas tanto pelas comunidades de fãs como pelas
comunidades maker, é importante descrevê-las sobretudo em
termos das questões e/ou causas que motivam as suas formas de
participação hacktivista. Ou seja, enquanto os fãs de Star Wars
centram as suas actividades na construção de identidades e no
altruísmo dirigido a grupos vulneráveis, os makers procuram juntar-se a
causascolectivasdenaturezamuitomaisinternacional,comoo movimento
OpenSource,oucausasbaseadasnaliberdade da Internet e afavor da
neutralidadedaWeb.
5.Deumpontodevistaético,todososparticipantesnasfasesdeobservaçãoedeentrevistaestavamplenamenteconscienteseaceitaramparticiparnesteestudo.
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Guadalajara,Monterrey,CDMX,Nova
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Facebook,WhatsApp,Messenger(Facebook),
Instagram, sítio Web.
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Festas,palestras,contactos,feirase
conferências.
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colecções,memórias,compilaçõese
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Vídeostutoriais,infografias,manuais,GIFs,
memes e críticas.
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narrativos (armas), pinturas e livros.
Códigodeprogramação,
carpintaria/mobiliário,robótica,ferramentas,
metalurgia,componenteselectrónicos,
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• Sensibilizaçãoparaoautismoeasíndrome
deAsperger.
• ApoioàRedNose(umaorganização
para crianças com cancro).
• Dádivadesangue.
• Entregadebrinquedosàscrianças.
• Aulaseatelierspara crianças.
• MovimentoOpenSource.
• Afavordocopyleftedaslicençasabertas.
• Movimentoanti-censurana Internet.
• Afavordaneutralidadedarede.
• Contraoconsumismo excessivo.
• Formaçãonautilizaçãodastecnologias.
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Tabela3:CaracterísticasgeraiseaspectoscomparativosdascomunidadesFonte:
Elaboradopelosautores.
4.Resultados
1.Mobilizaçãotransmédiaatravésdohacktivismo e
do altruísmo
Aspráticasparticipativasdascomunidadesdepráticatêm implicações
cívicas e políticas visíveis sob a forma de hacktivismo e altruísmo. A
dimensão comunicativa e mediática é fundamental para ligar o
posicionamentopolítico/cívicodosparticipantesaopúblicoemgeral.
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Culturadeparticipaçãocívica:mobilizaçãotransmédiaehacktivismoemcomunidadesdeprática(casosdefãsecriadores)
Nestesentido,amobilizaçãoétransmédiaporque:
a) Elementos narrativos ficcionais, uma diversidade de meios de
comunicaçãoelinguagenssãoutilizados paracomunicare evocar
emoçõesparaumacausaouquestãoespecífica.
b) A participação das pessoas expande os significados dos
mediaepermiteacriaçãocolectivademembros.
c) Facilita a resolução de questões sociais de interesse para as
comunidades através de referências mediáticas que evocam o
interesseatravésdas emoções.
Estas formas de mobilização têm duas variantes: a primeira é o
hacktivismo(Coleman2014),desenvolvido porambasas comunidades,
baseado na ética hacker (Himanen 2011), que procura ter um
impacto social baseado na defesados direitos digitais, no direito aser
esquecido,àprivacidadeeaumaredeneutra, etc.;etambémnaprocurade
reconhecimento que torna visível a importância do acesso a
ferramentas de construção e fabrico para democratizar ainvenção e a
produçãodevalor,influenciandoascadeiasdeprodução estabelecidas.
Ohacktivismoobservadonestainvestigaçãomaterializou-se através
dadimensãoeducativaemtermosdeacessos,hierarquias, produções e
formasde validação da informação. Comotem sido documentadoem
váriasocasiões(BurgosPino2014,Sorell2015,Fitri 2020),ohacktivismo
éentendidocomoumamodalidadedeativismo,na qualousodatecnologiaé
determinantepara açõesderesistência, protestoouaçãopolítica (López
Rod, Martín eMartínez2020). Esta modalidadedeativismo nãodepende
apenasdastecnologiasdigitais, masdocompromissosocialedacapacidade
depromoveracolaboração em rede, paraaqualosusosalternativosdas
redes sociodigitais e das plataformas tecnológicas são fundamentais.6
Os
seus efeitos podem ser observados na vida pública (através da
diversificação da participação), atravésdatransformaçãodoacessoe
da produção de informação e na formação de comunidades, e como
base dos movimentos sociais (ao facilitar a reunião de interesses,
vontades e paixões). Isto também é relevante em termos educativos,
especialmentenadimensãodaaprendizagem aolongodavida (Aubert,
García eRacionero2009),ouseja,aaprendizagemqueocorre fora das
instituiçõesescolares.7
Asegundadimensãodamobilizaçãotransmédiaéoaltruísmo. ficcional,
quesebaseianaconcretizaçãodelaçossociais parao
estabelecimentoeparticipaçãoemredesdeapoioecolaboraçãopara causas
sociaisougrupos vulneráveis.Avertentenarrativaeficcional destetipode
altruísmo é utilizada para fomentar um ambiente de confiança que
facilitaoacessoaumaparticipaçãoecooperação plenaesignificativa.
altruísmo ficcional. Ambas as dimensões, hacktivismo e altruísmo
ficcional, são duas categorias que emergiram da análise das
comunidades investigadas edas diferenças entre elas, especialmente
em termos da sua capacidade de agência comunicativa e
organizacional,bemcomodasquestõesqueas convocam.
Amobilizaçãotransmédiaconsideraostiposeníveisde participação,
especialmente em termos geracionais, estéticos, educativos e políticos,
porque nos permite compreenderas disposições, atitudes e valores da
literaciatecnológicaquesãoimplementadosemcada comunidadee com
baseem cadatipodediscursomediático ficcional.
Isto é evidente em ambas as comunidades porque os adeptos da
cultura makerestãoconstantementeàprocuradepontosdeentrada e
saída para diversificar as suas formas de produção e comunicação,
enquanto os fãs estão gradualmente a ousar propor novas utilizações
dasredessociaiseaproduçãoalternativadeobrasmediáticase peças
físicasbaseadasemnarrativasficcionaisparaseremmais eficazesnas
suas estratégias de apoio a grupos vulneráveis. Isto pôde ser
observadorepetidamente,especialmentequandotantoos fãscomoos
criadores participaram em eventos especiais organizados por eles
própriosouporoutrascomunidades,taiscomomarchasparaa comunidade
LGBT,apoioapessoasnoespetrodeaspergerouoapelo àneutralidade
da rede.
Umaformadediferenciarascomunidadesinvestigadaspodeserfeita
combasenasferramentasqueutilizam paraproduzirosobjectos ou
discursosdoseuinteresse. Osmembrosdacomunidademaker estão
constantementeaexperimentarnovasformasdeproduzir e comunicar
os seus resultados e experiências. Desta forma, a diferença geracional
acentua-se porque os adeptos não apresentam o mesmo
desenvolvimento de competências e valores que apostam na
experimentação, na investigação e na transformação de usos e
significados estabelecidos. Outra causa resultante desta diferença
residetambémnosperfisdosmembrosdecada comunidade; enquanto
nocasodacomunidadedefãs deStarWars(SW)osmembros sãomais
especializadosecomumaorientaçãomaisartísticaou humanista,osmakers
provêm de formações universitárias e carreiras orientadas para as
engenhariasouprofissõesSTEAM8
(HoneyeKanter 2013).
Comose podeobservarnaTabela3,nocritériorelativoàs causas
ouquestões paraaparticipaçãocívica, emambasas comunidadeshá
um interesse emenvolver-se emquestões problemáticas ou urgentes
que exigem cidadania para serem resolvidas. Participam emcausas que
podem ser agrupadas em duas grandes categorias: numa forma de
altruísmo que recorre a referências mediáticas para ser facilmente
acessívelecriarempatia paracomo exteriordascomunidadese,poroutro
lado,numaformadehacktivismoqueconcentratodososseusesforçosem
6. Váriasabordagensdesenvolveramohacktivismo,sejanumaperspetivaartística(FernándezCastrillo2021),comunicativa(Torres-Soriano,2018),política(BurgosPino2014),de
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Culturadeparticipaçãocívica:mobilizaçãotransmédiaehacktivismoemcomunidadesdeprática(casosdefãsecriadores)
resolver problemas exacerbados pela utilização excessiva (ou acrítica) da
tecnologia digital interactiva. Nomeadamente, o altruísmo e o
hacktivismo são duas faces da mesma moeda. A secção seguinte
desenvolveaformacomoohacktivismoéproduzidoatravésde acções
comunicativasedaimplementação deligaçõescomgrupos sociaisforada
comunidade.
4.2.Comunidadesdefãsecriadores:estudosdecasosde
culturaparticipativa
As comunidades de prática investigadas dedicam constantemente as
suas actividades à construção e manutenção da confiança e da
credibilidade, a fim de desenvolverem uma voz que as posicione num
determinadolugardelegitimidadebaseadonoconhecimento,nas relaçõese
nainteligência colectiva (Rheingold 2002, Atlee 2003, Lévy 2004), para
serem ouvidas e exercerem influência sobre os outros. Isto ajuda a
transformar a sua realidade social com base na empatia e na
capacidade de compreender as condições de vida de outras pessoas
quenãotêmacessoàtecnologia,àinformação,e nãopodem entregar-
seaointelecto,àreflexão,àsemoçõeseà construçãodeummododevida
baseadonasactividadesetemas que canalizam a sua paixão (seja ela
qualfor).
Atravésdohacktivismoedoaltruísmo,amobilizaçãotransmédia
dascomunidadesenvolveformasderepresentardesejosdeum
lugar/tempomelhor,eumaconstantedefazerassuaspróprias
posiçõespolíticas,ideológicas,educativasedevalorquedãosentido
àssuaspráticasquotidianas.UmdosfundadoresdacomunidadeStar
Warscoloca-onosseguintestermos:"colaborarcomcomunidadese
organizaçõescivisserveparatrazeràtonaasprópriaspreocupações
[...]comofomosconvidados,motivamososmembrosaaprendero
valordeoutrascoisasparaalémdeSW"(Carla,S.9
Comunicação
pessoal,21deagostode2019).Umareflexãoquepermiterelacionar
aspráticascolaborativasdacomunidadecomasatividadesqueoutros
gruposeassociaçõesdesenvolvemnoseuquotidianoemproldecausas
altruístasecooperativas,deformaaassumiremasuaresponsabilidade
individualegrupalperanteasociedade.
Ohacktivismoobservadoaconteceuatravésdautilizaçãoe apropriaçãode
algoritmos,códigos elinguagens informáticas, mas sobretudoatravés
deacçõessociaiseculturaispartilhadasembusca deuma
transformaçãooumelhoriadasociedade.Emambasas comunidades,
foramobservadaspráticasparticipativas tanto hacktivistasquanto
altruístas.Defacto,acreditamosqueestasduasdimensõesdasua
agênciaocorremcomopartede um mesmo impulsocoletivopara
alcançarrelevânciasocialedarvazãoàssuas preocupações ou
questões de interesse. Nesta perspetiva, é
importanteassumir que
Uma parte essencial das motivações para a participação situa-se na
esferadarecreaçãoedolazer,oqueimplicaaentregaaquestõesquenãose
traduzemnecessariamenteembenefícioseconómicos,massim numaforma
de fruição partilhada, que reconhece, direta ou indiretamente, a
importânciadeviveremsociedadeedecontribuir paraaresoluçãodos
problemasdasociedadenumaperspetivade corresponsabilidade.
Comosepodevernatabela4,asdiferençasentreas comunidades
pesquisadas emtermosdehacktivismoealtruísmo podem ser vistas
especialmentenostópicosdeseuinteressee naformacomoesses
interesses são traduzidos em ações e discursos que ajudam o
funcionamento de cada comunidade de prática e que também
procuramcontribuirparaoexterior dessas comunidades.
Comose pode ver, umadiferença notável éo facto deos fãs deS
W
desenvolverem mais práticas numa perspetiva altruísta, enquanto a
comunidade maker o faz numaperspetiva hacktivista. Este facto pode
ser explicado pela formação dos seus membros, por diferenças
geracionaisoumesmopelaformacomodecidemparticipar na sociedade.
No caso dos fãs, a adesão a causas altruístas é uma forma de
aspirar à empatia eà compreensãodooutro (diferente-distinto), quena
ficçãodeecrã(enosdiscursosmediáticos)époucorepresentado,mas que
os fãs interpretam de uma dupla forma: ou como algo ausente que
precisa de ser representado, ou como um reflexo implícito na luta
constante entre o bem e o mal que se manifesta nas narrativas que
resumem.
Nodiscursoutilizadoenasacçõesrecorrenteslevadasacabo pelos
criadores, é constantemente reflectida uma crítica ao sistema
educativo de que fizeram parte (e que muitas vezes replicam
involuntariamente),comoobjetivodetornarclaroàopiniãopública(ea eles
próprios) que há conhecimentos e experiências de aprendizagem que
(segundoeles)nãopodemserconstruídosnaescola.
Esta ideia é uma forma de posicionamento político-ideológico que
procura manter a comunidade à margem das estruturas de poder
institucionais, de modo a permanecer diferente e marginalizada. Também
podeserinterpretadacomoumaaçãohacktivistaemsimesma,umavezque
procura a transformação social através da utilização crítica das
tecnologias.
As estratégias para alcançar o acima exposto têm uma
componente comunicacionalbaseadanaapropriação tecnológica, na
propostadenovasconfiguraçõesapartirdacriaçãodesoftwaree interfaces
capazes de evidenciar as falhas das metodologias tradicionais de
aprendizagem, transmissão de informação e validação de
conhecimento.Eassentenaexperimentaçãoconstantedautilização de
plataformas e sistemas que alarguem o seu raio de influência e
redimensionemasuavoze perspetiva.
9.Todososnomesdosentrevistadossãopseudónimos.
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Culturadeparticipaçãocívica:mobilizaçãotransmédiaehacktivismoemcomunidadesdeprática(casosdefãsecriadores)
HA
CKT
IV
IS
MOS A
L
T
RU
I
S
M
O
F
Ã
SD
ES
W
• Distribuiçãodigitaldemateriaiseconteúdos
narrativos de SW.
• Criaçãoderepositóriosebasesdedadosde
conteúdoseprodutosmediáticosrelacionados
comaficção eoutrosassuntos da
atualidade.
• Acçõespararegularomercadodepeçase
produtosde coleção.
• Entregadepresentesacriançasdoentes.
• Campanhasdedoaçãodesangue.
• ApoioacriançasdoespetrodeAsperger.
• Eventosecaminhadaspelosdireitosda
criança.
• Recolhaeentregadematerialescolar.
• ConviteparafunçõesdeSWauma
variedadede pessoas.
FABRI
CAN
T
E
S
• Promoverareparaçãodematerialinformático.
• Campanhasparaobservaremelhorara
mobilidadena cidade.
• Promoverautilizaçãoeaimplementação de
acçõesamigasdoambiente,comoa
compostagemeareciclagem doméstica.
• Contributostécnicos,baseadosnaanálise de
dados,paraincentivarautilizaçãodeveículos
não motorizados.
• Criaçãodeobjectosatravésdetecnologias
facilmente acessíveis.
• Aulasdeciênciase matemáticaparacrianças.
• Aberturadeespaçosfísicosparaqueoutras
comunidadespossamofereceractividades
educativasourecreativas.
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Quadro4:TiposdehacktivismoealtruísmodesenvolvidospelascomunidadesFonte:
elaboraçãoprópria.
Conclusões:culturade participaçãocívica
através do hacktivismo
Nocontextodaculturaparticipativa,atravésdadinâmica transmédia
da comunicação e da cultura, outras categorias emergem como
possibilidades de condensar a diversidade da participação, do
envolvimento e da agência. A imaginação cívica (Jenkins et al. 2016)
define a capacidade de vislumbrar alternativas para melhorar o
momento atual (e futuro) das instituições políticas, educativas,
económicaseculturais.Assim,estaformadeimaginação permitea gestão
de esperanças e paixões, uma vez que, através das práticas
quotidianas, procura dar contributos para melhorar o que não está a
funcionar, o que está errado ou o que deveria funcionar melhor (na
perspetivadascomunidades).
No caso dos makers, esta imaginação cívica e gestão da
esperança, à primeira vista, parece estar orientada para o uso da
tecnologia;mas,pelocontrário,adimensãotecnológicaéumaforma de
concretizar essa imaginação, e o veículo que permite (muitas vezes
baseado exclusivamente num sentido lúdico e numa atitude rebelde)
experimentar outras alternativas de fazer as coisas. Neste sentido, a
imaginaçãocívicapassapelareformulaçãodohacktivismo, atravésde
uma ética de participação que tenha efeitos materiais, tangíveis e
observáveisnavidapública,napolíticaenaculturacomo possibilidades
defazersentirasuaexistênciaeconquistaro seulugar no mundo.
O hacktivismo de fãs é uma forma de mobilização transmédia que
promoveademocratizaçãodainformaçãoedacomunicaçãoatravés do
usoedaapropriaçãodealgoritmos,códigoselinguagens informáticas,
massobretudoatravésdepadrõessociaiseculturais quenormalizame
popularizampráticasdeconsumoe,sobretudo, práticasdeprodução que
oferecem novos significados aos problemas sociais. Nesta perspetiva, o
hacktivismodefãséumaformade participaçãoqueestáamoldaracultura
atravésdautilizaçãoeapropriaçãodetecnologiadigitaleanalógica.
Umaformadeavaliar aeficácia das práticas activistas e altruístas
defãsecriadoreséoprópriofactodasua constante agênciafaceaos
váriosdesafiosqueenfrentamouàsquestõesque lhesinteressam.Neste
sentido, podemos tomar como referência o constante crescimento de
ambas as comunidades, quer na sua dimensão virtual, quer na sua
agência presencial. Para além disso, é de salientar que a sua
capacidade de influência social tem conseguido estabelecer ligações
relevantescomoutrascomunidades eatécomalgumasautoridades.
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Culturadeparticipaçãocívica:mobilizaçãotransmédiaehacktivismoemcomunidadesdeprática(casosdefãsecriadores)
Aeficáciadaspráticasparticipativastemdeseranalisadaem contexto,
especialmente porque implica uma procura de transformação dos
ambientes pessoais, familiares e comunitários. Neste sentido, um
membro da comunidade maker explica: "... trabalhar em projectos é
interessante porque é uma forma de testar o que sabemos [...] e o
que podemos aprender ao trabalhar com os nossos pares, que são
especialistasemassuntosdiferentesdosnossos" (Lorenzo,R.Comunicação
pessoal,2desetembrode2019).
Do exposto, pode também derivar uma crítica à educação
tradicional, que pode adotar algumas das abordagens da ética e da
cultura hacker, especialmente a partir de uma autocrítica que
evidencieas coisasquenãofuncionamàluzdoquemudouna culturae
navidadaspessoas,especialmentedos jovens.
Imaginar soluções alternativas para os problemas sociais é uma
tarefa pendente que tentamos resolver com umaconstante expetativa do
futuro representado nas ficções, não só como uma aspiração, mas
tambémcomoumhorizontequedelineiaparaondeépossívelir,paramelhor
ouparapior. Sejaporserumfuturo promissoremaisjusto paratodos,
sejaporse tornarumarealidadequenãopermite diferentesformasde
ser,dizer efazer as coisas.
Quando as comunidades de prática recuperam os seus referentes
nacionais-rativos-mediáticos para elaborar as suas próprias
produções,estãoadesenvolveraimaginaçãocívica,poisissopermite- lhes
envolver-secom(ereproduzir)umaideiadomundoeda sociedadede
quefazemparte.Nestaperspetiva,avidaemcomunidade adquireumnovo
significado se for vista como uma oportunidade para aprender a ser
cidadãoapartirdeumconjuntodeaspirações partilhadasqueenvolvemum
constantevaivém entreficção, sociedade,tecnologiae atualidade.
Isto favorece o desenvolvimento de uma literacia cívica que
visualizaosproblemasdasociedadeatravésdasquestõesdeinteresse para
as comunidades, permitindo que os membros escolham quais as
particularidades da questão (que os convoca e reúne) que se
relacionamcomassuaspaixõesenecessidadespessoais.
A cultura da participação e a mobilização transmediática, através do
hacktivismo e do altruísmo, implicam a configuração de espaços e
dinâmicas partilhadas emque são possíveis acrítica, odebatee a
expressão pública, que, embora tenham origem em temas
específicos, têm influências e componentes sociais e culturais
relevantes para a construção do espaço público e do debate. Ainda há
muitapesquisaaserfeitasobreotemaemuitasperguntasaseremfeitas
sobreasculturasdeparticipaçãoeosdiferentesgrupossociaisque as
praticam, especialmente considerando as complexas discussões que
ocorremsobrequestõesfundamentais comoa
propagação de notícias falsas (Riva-Casas 2019), o colonialismo de
dados(MejíaseCouldry2019),avigilância(Zuboff2019)eo capitalismo
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18. UniversidadeAbertada
Catalunha
nós de
arte
https://artnodes.uoc.edu
CV
Culturadeparticipaçãocívica:mobilizaçãotransmédiaehacktivismoemcomunidadesdeprática(casosdefãsecriadores)
JoséManuelCorona-Rodríguez
Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de Monterrey
manuel.corona@tec.mxu
Doutor em Educação e Mestre em Comunicação pela Universidade de
Guadalajara, México. Licenciada em Ciências da Comunicação pela
Benemérita Universidad Autónoma de Puebla. Investigador membro do
Sistema Nacional de Investigadores Nível C do CONACYT. Professor
convidadodaFaculdadedeComunicaçãodaUniversidadePompeuFabra em
2017. Coordenadorexecutivo e investigador daCátedra UNESCO- AMIDI
UDGdesde 2016. Professor e investigador com interesse e experiência em:
comunicaçãopública,teorias dacomunicação,literacia mediática,narrativas
transmédia,estudosdeaudiênciaeculturadigital. Membrodogrupode
investigação internacional do Global Kids Online Project, queinvestiga o
estado atual dos direitos digitais das crianças em diferentes países do
mundo. Henry Jenkins, Tessa Jolls e Carolyn Wilson, entre outros,
colaboramnesteprojetodeinvestigação. Atualmente,émembrodogrupo de
investigaçãoresponsávelpeloprojeto Contentanalysisof therepresentation
ofpeopleofsexualdiversity in
audiovisual content, financiado pelo Instituto Federal de
Telecomunicações.
https://orcid.org/0000-0001-7394-5230
Artnodes,n.º29(janeirode2022)I ISSN1695-5951
2022,JoséManuelCorona-Rodríguez 2022, desta edição FUOC
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