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COMUNICADO
TÉCNICO
242
Santo Antônio de Goias, GO
Março, 2018
Adriano Pereira de Castro
Paulo Hideo Nakano Rangel
Mabio Chrisley Lacerda
Isabela Volpi Furtini
Daniel de Brito Fragoso
Antônio Carlos Centeno Cordeiro
Nara Regina Gervini Sousa
Orlando Peixoto de Morais
Roni de Azevedo
Marley Marico Utumi
José de Almeida Pereira
Inocêncio Junior de Oliveira
Daniel Pettersen Custódio
Bernardo Mendes dos Santos
BRS A501 CL: Cultivar
de Arroz de Terras Altas
Resistente a Herbicida
ISSN 1678-961X
Foto:SebastiãoJosédeAraújo
2
BRS A501 CL: Cultivar de Arroz de
Terras Altas Resistente a Herbicida1
1	
Adriano Pereira de Castro, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas,
pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Paulo Hideo Nakano Rangel,
Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa
Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Mabio Chrisley Lacerda, Engenheiro-agrônomo, doutor em
Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Isabela Volpi Furtini,
Engenheira-agrônoma, doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisadora da Embrapa
Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Daniel de Brito Fragoso, Engenheiro-agrônomo, doutor
em Entomologia, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Antônio Carlos
Centeno Cordeiro, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador
da Embrapa Roraima, Boa Vista, RR. Nara Regina Gervini Sousa, Engenheira-agrônoma, mestre em
Fitomelhoramento, pesquisadora da Empaer-MT, Cáceres, MT. Orlando Peixoto de Morais (in memoriam),
Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Arroz
e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Roni de Azevedo, Engenheiro-agrônomo, doutor em Entomologia,
pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA. Marley Marico Utumi, Engenheira-agrônoma,
doutora em Fitotecnia, pesquisadora da Embrapa Rondônia, Porto Velho, RO. José Almeida Pereira,
Engenheiro-agrônomo, mestre em Produção Vegetal, pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina,
PI. Inocêncio Junior de Oliveira, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas,
pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. Daniel Pettersen Custódio, Engenheiro-
agrônomo, mestre em Fitotecnia, analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO.
Bernardo Mendes dos Santos, Engenheiro-agrônomo, especialista em Proteção de Plantas, analista da
Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO.
A BRS A501 CL, desenvolvida pela
Embrapa e pela BASF, é a primeira
cultivar de arroz de terras altas com re-
sistência ao herbicida de amplo espectro
Kifix®. Essa cultivar apresenta ciclo mé-
dio, elevada estabilidade no rendimento
de grãos inteiros no beneficiamento, boa
sanidade geral a doenças e alta produti-
vidade média de grãos.
Introdução
A produção de arroz de terras altas
está dispersa no Brasil, sendo os princi-
pais estados produtores, Mato Grosso,
Maranhão, Pará, Piauí e Rondônia
(CONAB, 2017). O Brasil é um dos únicos
países do mundo onde o arroz de terras
altas desempenha papel fundamental
no abastecimento interno do cereal para
a população. Esse sistema de cultivo
atua como um regulador de preços, fa-
vorecendo uma melhor distribuição da
produção do arroz no país, aproximando
a produção das regiões consumidoras.
Além disso, constitui-se numa alternati-
va de renda para os produtores, como
no Estado do Maranhão, onde a grande
maioria da produção provém de peque-
nos agricultores.
Para esse sistema de cultivo, a ocor-
rência de plantas daninhas tem sido um
dos principais entraves na consolidação
de um cultivo sustentável para os agri-
cultores. No sistema plantio direto, as
cultivares de terras altas apresentam
baixo vigor inicial da planta, resultando
em menor capacidade de competição
3
com plantas daninhas e, consequente-
mente, possíveis frustrações de safra.
Herbicidas eficientes, no sistema irriga-
do (anaeróbico), normalmente oferecem
resultados pouco satisfatórios no siste-
ma aeróbico, sendo comum a ocorrência
de fitotoxidez e a reinfestação da área.
Esse problema pode ser reduzido com
o plantio de cultivares de arroz, resisten-
tes a herbicidas de largo espectro.
A cultivar BRS A501 CL foi desenvol-
vida pela Embrapa e pela BASF, pos-
suindo tolerância ao herbicida de amplo
espectro Kifix®, sendo a primeira cultivar
de arroz de terras altas da Embrapa com
esta característica, além do ciclo médio
e a elevada estabilidade no rendimento
de grãos inteiros no beneficiamento.
A BRS A501 CL encontra-se re-
gistrada junto ao Registro Nacional
de Cultivares (RNC) do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
sob o nº 34462, para cultivo em dez es-
tados: Acre, Amapá, Amazonas, Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará,
Rondônia, Roraima e Tocantins, além do
Distrito Federal.
Histórico
A cultivar BRS A501 CL foi desen-
volvida com o objetivo de combinar as
boas características agronômicas da
linhagem elite BRA01545 com a tolerân-
cia ao herbicida de largo espectro Kifix®,
do grupo químico das imidazolinonas. O
programa de obtenção da cultivar foi de-
senvolvido pela Embrapa Arroz e Feijão,
no Município de Santo Antônio de Goiás,
GO. Na obtenção da BRS A501 CL, foi
utilizado o método de melhoramento por
retrocruzamentos, com seleção de plan-
tas individuais resistentes a cada gera-
ção (Rangel et al., 2010), utilizando-se
como genitor recorrente a linhagem elite
BRA01545, e como genitor doador do
gene de tolerância, a cultivar Cypress CL.
Foram realizados três retrocruzamentos,
com seleção de plantas individuais a
cada geração. Nas gerações segregan-
tes, utilizou-se o Kifix® para seleção
das plantas resistentes. Após os testes
de progênies, realizados na geração
RC3
F3
, a então linhagem AB112092CL,
foi avaliada nos ensaios preliminares
de rendimento, por três anos agrícolas,
2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011,
para analisar a sua performance agro-
nômica em vários ambientes. Nos anos
agrícolas 2011/2012 e 2012/2013, essa
linhagem, juntamente com as testemu-
nhas BRS Esmeralda e AN Cambará,
foram avaliadas nos Ensaios de Valor de
Cultivo e Uso (VCU) nas regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste. A cultivar BRS
A501 CL, além de tolerante ao herbici-
da Kifix®, destaca-se por apresentar
ciclo médio, com a floração média aos
77 dias, boa sanidade geral a doenças,
elevada estabilidade de grãos inteiros
no beneficiamento e produtividade mé-
dia de grãos em torno de 4.000 kg ha-1
,
podendo atingir até 8.000 kg ha-1
.
Adicionalmente, a BRS A501 CL foi
avaliada em ensaios específicos, para
distinguibilidade, homogeneidade e
estabilidade (DHE). Encontram-se na
Tabela 1 algumas características da
4
Características
agronômicas
A BRS A501 CL foi avaliada em 48
ensaios de VCU, conduzidos nas safras
2011/2012e2012/2013nasregiõesNorte,
Nordeste e Centro-Oeste. A Tabela 2
mostra as principais características agro-
nômicas da cultivar, comparadas com
as das testemunhas, BRS Esmeralda e
AN Cambará. A produtividade média de
grãos (4.017 kg ha-1
), floração média (77
dias) e altura de planta (107 cm), foram
semelhantes às testemunhas. Quanto ao
acamamento (nota 2,4), a cultivar se mos-
trou mais suscetível que as testemunhas.
Tabela 1. Principais descritores da cultivar
BRS A501 CL, obtidos em Santo Antônio de
Goiás, GO, safras 2011/2012 e 2012/2013.
Descritor
Expressão
fenotípica
Cor da folha Verde
Ângulo da folha bandeira Ereto
Pubescência do limbo foliar Ausente
Folha: cor da aurícula Verde-claro
Folha: cor da lígula Incolor a verde
Comprimento do colmo Longo (96 cm)
Comprimento da panícula Curta (18 cm)
Presença de aristas Curta
Espiguetas: cor do estigma Púrpura-claro
Espiguetas: cor das glumelas Palha/dourada
Espiguetas: cor do apículo
(maturação)
Preto
Grãos descascados,
comprimento
Longo (8 mm)
Massa de mil grãos 27,1 - 28,5 g
Tabela 2. Produtividade média de grãos
(PROD), número de dias para a floração
média (FLO), altura média de planta (ALT)
e incidência de acamamento (ACA), da BRS
A501 CL e das testemunhas, nos ensaios
de VCU conduzidos nos anos agrícolas de
2011/2012 e 2012/2013.
Cultivares
PROD1
(kg ha-1
)
FLO
(dia)
ALT
(cm)
ACA2
Notas
(1-9)
BRS A501 CL 4.017 77 107 2,4
AN Cambará 3.965 76 105 1,6
BRS Esmeralda 3.979 76 106 1,7
Média 4.013 75 105
CV% 16,94 4,49 6,12
1
Dados de 48 ensaios conduzidos nos anos agrícolas de 2011/2012
e 2012/2013.
2
Notas de 1 a 9, sendo 1 ausência de acamamento e 9 plantas
totalmente acamadas
Fonte: Pinheiro et al. (2009).
Resistência a doenças
A nova cultivar apresentou baixa
incidência de brusone, nas folhas e
nas panículas, de escaldadura das
folhas, de mancha parda e de mancha
de grãos, em condições de campo,
com notas ≤ 3, classificando-se como
resistente (Tabela  3). Entretanto, em
canteiros de brusone, as notas foram
mais elevadas, sendo 5,0 para a BRS
A501 CL; 8,0 para a AN Cambará; e
6,0 para a BRS Esmeralda. Esses re-
sultados evidenciam a necessidade da
aplicação de fungicidas como estratégia
complementar de controle dessa doen-
ça, protegendo o potencial produtivo da
cultivar. Recomenda-se pulverizações
preventivas com fungicidas: uma na fase
vegetativa, dependendo da identificação
de sintomas nas plantas (lesões aber-
tas), até 45 dias após o plantio; duas
cultivar BRS A501 CL, obtidas nos en-
saios de DHE.
5
na fase reprodutiva, sendo a primeira
no final do emborrachamento, antes
da emissão das panículas, e a segun-
da dez a 15 dias após, dependendo do
fungicida utilizado. Essas pulverizações
evitam o estabelecimento de epidemias
nas lavouras e contribuemparaoprolon-
gamento da resistência à brusone das
cultivares (Filippi et al., 2015).
BRS A501 CL apresenta elevado rendi-
mento de grãos inteiros (65%) e renda
total (73%), aspectos muito importantes
na comercialização do produto colhido
(Tabela 4).
Tabela 3. Brusone nas folhas (BF) e nas
panículas (BP), escaldadura das folhas
(ESC), mancha parda (MP), mancha nos
grãos (MG) e brusone nas folhas em canteiro
(BFC) da BRS A501 CL e das testemunhas,
nos ensaios de VCU conduzidos nos anos
agrícolas de 2011/2012 e 2012/2013.
Cultivares
BF1
(1-9)
BP1
(1-9)
ESC1
(1-9)
MP1
(1-9)
MG1
(1-9)
BFC1
(1-9)
BRS A501 CL 2,2 2,7 3,3 3,1 2,3 5,0
AN Cambará 2,1 3,2 2,9 2,9 2,2 8,0
BRS Esmeralda 1,8 2,3 2,5 2,7 1,9 6,0
1
Dados de 48 ensaios conduzidos nos anos agrícolas de 2011/2012
e 2012/2013.
2
Notas de 1 a 9, sendo 1 para parcelas com ausência de sintoma e
9 para parcelas com sintomas de doenças em mais de 50% da área
foliar ou da panícula.
Fonte: Pinheiro et al. (2009).
Tabela 4. Rendimento de grãos inteiros (GI),
grãos quebrados (GQ), renda total (RT) e
grãos gessados (GS) no beneficiamento,
comprimento (C), largura (L), relação C/L,
teor de amilose (TA) e temperatura de gelati-
nização (TG) dos grãos da cultivar BRS A501
CL e das testemunhas, nos ensaios de VCU
conduzidos nos anos agrícolas de 2011/2012
e 2012/2013.
Cultivares
GI
%
GQ
%
RT
%
GS
(%)
C
(mm)
L
(mm)
C/L TA1
TG2
BRS A501
CL
67 6 73 1,50 6,50 1,90 3,40 18,2 3,5
AN
Cambará
61 10 71 1,30 6,20 1,80 3,40 17,5 3,6
BRS
Esmeralda
55 15 70 1,90 6,50 1,80 3,50 17,7 3,4
1
Os valores obtidos indicam baixo teor de amilose.
2
Os valores obtidos indicam temperatura de gelatinização alta a
intermediária.
Os grãos beneficiados são da classe
longo fino, como preferido pelo mercado
brasileiro, com média de comprimento
(C) de 6,50 mm e 1,90 mm de largura
(L), com uma relação C/L de 3,40, além
de aparência translúcida, com baixa
intensidade de grãos gessados (1,50%).
Apresenta teor intermediário de amilose
(18,2%) e alta temperatura de gelatiniza-
ção (3,5 ºC).
Uma característica de grande impor-
tância para o produtor é a estabilidade
de rendimento de grãos inteiros, em
razão da época de colheita. A cultivar
BRS A501 CL apresentou rendimento
de grãos inteiros nunca inferior a 60%,
É importante frisar a obrigatoriedade
de utilizar, para o controle das doenças,
defensivos químicos recomendados e
registrados nos estados onde a cultivar
for plantada.
Qualidade de grãos
As qualidades industrial e culinária
dos grãos são características funda-
mentais que devem ser consideradas no
lançamento de uma cultivar de arroz. A
6
quando realizadas as colheitas em cinco
épocas, espaçadas uma da outra em
sete dias, entre 25 e 53 dias após a flo-
ração média (Figura 1). Isto permite que
a cultivar seja colhida com diferentes
teores de umidade nos grãos, sem afe-
tar substancialmente o rendimento dos
grãos inteiros, aumentando a janela de
colheita para o agricultor.
Tabela 5. Recomendações de semeadura
da cultivar BRS A501 CL.
Item Indicação Observações
BRS A501
CL
25 a 35
cm entre
linhas
Em espaçamentos menores (< 20 cm entre
linhas), pode favorecer o acamamento das
plantas; em espaçamentos maiores (> 35
cm entre linhas), a cultivar produz bem,
mas há queda da produtividade, à medida
que se distancia do espaçamento de 35 cm
entre linhas. Essa indicação pode sofrer
alterações de acordo com o maquinário da
propriedade.
Densidade
de semen-
tes
70 a 90
kg ha-1
Com 25 cm entre linhas, utilizar 90 kg ha-1
de sementes. Para 35 cm entre linhas,
70 kg ha-1
.
Adubação
nitroge-
nada
40 a 80
kg ha-1
de N
Aplicar até 20 kg ha-1
de N na base, no
momento da semeadura; aplicar o restante
em adubação de cobertura, até 40 dias
após a semeadura do arroz. A dose de N
dependerá do teor de matéria orgânica
do solo. A cultura do arroz em solos com
baixo teor de matéria orgânica exige
maior quantidade de N. Cuidado para não
aplicar o nutriente em demasia, pois pode
favorecer o acamamento e a disseminação
de doenças.
Sistemas
de plantio
Direto ou
coven-
cional
Tem bom desenvolvimento em ambos
os sistemas. No sistema plantio direto,
observa-se menor altura da planta e,
consequentemente, maior tolerância ao
acamamento.
Fertilidade
do solo
-
Tem bom desenvolvimento em solos de
alta saturação por bases.
Figura 1. Rendimento de grãos inteiros (%)
das cultivares BRS A501 CL, BRS Esmeralda
e AN Cambará em cinco épocas de colheita
realizadas após a floração média.
Rendimentodegrãos
inteiros(%)
Dias após a floração
BRS Esmeralda AN Cambará BRS A501 CL
80
70
60
50
40
30
20
25 32 39 46 53
10
0
Manejo da Cultivar
A BRS A501 CL foi desenvolvida para
o ambiente de terras altas seguindo os
preceitos de boa qualidade de grãos e
demais características agronômicas,
como resistência a doenças e adapta-
bilidade aos sistemas produtivos, com
destaque para os sistemas plantio direto
e integrados.
A principal característica dessa culti-
var é a sua tolerância ao herbicida Kifix®,
do grupo químico das imidazolinonas
(525 g kg-1
de imazapir + 175 g kg-1
de
imazapique). Esse herbicida possui am-
plo espectro de ação e controla quase
a totalidade das plantas daninhas na
cultura do arroz de terras altas. Dessa
maneira, com essa facilidade de con-
trole, espera-se que a BRS A501 CL
possa ser cultivada em áreas reconhe-
cidamente infestadas com plantas da-
ninhas resistentes a outros herbicidas,
tornando-se uma importante ferramenta
de seu manejo no agrossistema. As
recomendações para a semeadura da
cultivar BRS A501 CL estão na Tabela 5.
Manejo do herbicida Kifix®
O Kifix® é o herbicida recomendado
para o manejo de plantas daninhas no
cultivo da BRS A501 CL para o sistema
7
Clearfield®
(CL). De maneira prática,
esse herbicida pode ser aplicado em
qualquer fase da cultura do arroz CL,
ou seja, desde a semeadura até a fase
final de perfilhamento, por ser altamente
seletivo à cultura. Além disso, possui
efeito residual sobre a germinação de
sementes de algumas plantas dani-
nhas, o que lhe confere a característica
tanto em pré-emergência quanto em
pós-emergência. O importante é que
seja respeitado o período crítico de in-
terferência das plantas daninhas com o
arroz, visando manter a cultura no limpo
até, aproximadamente, 30 dias após a
emergência.
Para o manejo desse herbicida, é
recomendável verificar o grau de infes-
tação de plantas daninhas na área, de
acordo com as situações:
1ª Situação: Se a área estiver com
alta infestação ou o banco de semen-
tes de plantas daninhas for muito alto,
recomenda-se realizar a aplicação se-
quencial, com a primeira aplicação dez
a 15 dias após a emergência da cultura
e a segunda, dez a 15 dias após a pri-
meira. Ambas as doses de 70 g ha-1
a
100 g ha-1
de Kifix® cada.
2ª Situação: Baixa infestação de
plantas daninhas e banco de sementes
reduzido. Nesse caso, pode-se realizar
apenas uma aplicação, na dose de
70 g ha-1
a 140 g ha-1
de Kifix®, dez a
15 dias após a emergência.
Em ambas as situações, deve-se
aplicar o herbicida com as plantas dani-
nhas em fase inicial de desenvolvimen-
to, ou seja, entre duas a quatro folhas.
Quanto ao efeito residual do herbici-
da no solo, é recomendável que se es-
tabeleça um período mínimo de 60 dias
da última aplicação até a instalação de
outra cultura subsequente, para evitar
danos por fitotoxidez. Estudos prelimina-
res indicam que, em solo argiloso, não
há mais resquícios desse herbicida no
solo após 90 dias de sua aplicação.
Limitações de uso
do herbicida Kifix®,
conforme o fabricante
Seletividade: O herbicida Kifix®
é específico para uso no sistema de
produção da cultura do arroz no siste-
ma Clearfield®. Em hipótese alguma,
poderá ser utilizado em cultivares sem a
tecnologia Clearfield®
.
Precaução: Sempre, ao adquirir as
sementes, certificar-se que as mesmas
estejam identificadas para o sistema de
produção Clearfield®
- arroz.
Manejo da resistência: Como práti-
ca de manejo de resistência de plantas
daninhas ao Kifix®, é recomendável não
semear o arroz Clearfield® por mais de
duas safras consecutivas na mesma
área.
Colheita
A colheita dos grãos é uma das eta-
pas mais importantes do processo de
produção do arroz, pois, tanto colheitas
antecipadas como tardias afetam a
qualidade do produto. Recomenda-se
8
realizar a colheita da BRS A501 CL
quando a umidade dos grãos estiver
entre 19% e 22%.
Conclusão
Por apresentar produtividade de
grãos semelhante às testemunhas, ciclo
médio, boa qualidade industrial e culiná-
ria dos grãos, elevada estabilidade de
rendimento de grãos inteiros no benefi-
ciamento e tolerância genética ao herbi-
cida Kifix®, a BRS A501 CL constitui-se
em uma excelente alternativa para o cul-
tivo em sistema de produção Clearfield®
de arroz de terras altas para os estados
do Acre, Amapá, Amazonas, Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará,
Rondônia, Roraima e Tocantins, além do
Distrito Federal.
Referências
CONAB. Séries históricas de produção: safras
1976/1977 a 2016/2017. Disponível em: <http://
www.conab.gov.br>. Acesso em: 15 jan. 2017.
FILIPPI, M. C. C. de; SILVA-LOBO, V. L.; NUNES,
C. D. M.; OGOSHI, C. Brusone no arroz. Santo
Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2015.
24 p.
PINHEIRO, P. V.; LOPES JÚNIOR, S.; OLIVEIRA,
J. P. de; GUIMARÃES, C. M.; STONE, L. F.;
MADARI, B. E.; FILIPPI, M. C. C. de; PEREIRA,
H. S.; EIFERT, E. da C.; SILVA, J. F. A. e;
WENDLAND, A.; LOBO JUNIOR, M.; FERREIRA,
E. P. de B. Variáveis experimentais da Embrapa
Arroz e Feijão. Santo Antônio de Goiás: Embrapa
Arroz e Feijão, 2009. 80 p. (Embrapa Arroz e
Feijão. Documentos, 250).
RANGEL, P. H. N.; MOURA NETO, F. P.;
FAGUNDES, P. R. R.; MAGALHÃES JUNIOR,
A. M. de; MORAIS, O. P. de; SCHMIDT, A. B.;
MENDONÇA, J. A.; SANTIAGO, C. M.; RANGEL,
P. N.; CUTRIM, V. dos A.; FERREIRA, M. E.
Development of herbicide-tolerant irrigated rice
cultivars. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v.  45, n. 7, p. 701-708, jul. 2010.
CGPE14383
Exemplares desta edição
podem ser adquiridos na:
Embrapa Arroz e Feijão
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Caixa Postal 179
CEP 75375-000,
Santo Antônio de Goiás, GO
Fone: (62) 3533 2105
Fax: (62) 3533 2100
www.embrapa.br
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1ª impressão (2018): 1.000 exemplares
Impressão e acabamento
Gráfica e Editora Sete
Comitê Local de Publicações
da Embrapa Arroz e Feijão
Presidente
Lineu Alberto Domiti
Secretário-Executivo
Pedro Marques da Silveira
Membros
Aluísio Goulart Silva, Ana Lúcia Delalibera
de Faria, Élcio Perpétuo Guimarães, Luciene
Fróes Camarano de Oliveira, Luís Fernando
Stone, Márcia Gonzaga de Castro Oliveira,
Roselene de Queiroz Chaves
Supervisão editorial
Luiz Roberto R. da Silva
Revisão de texto
Rodrigo Peixoto de Barros
Luiz Roberto R. da Silva
Normalização bibliográfica
Ana Lúcia Delalibera de Faria
Tratamento das ilustrações
Fabiano Severino
Editoração eletrônica
Fabiano Severino
Foto da capa
Sebastião José de Araújo

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  • 1. COMUNICADO TÉCNICO 242 Santo Antônio de Goias, GO Março, 2018 Adriano Pereira de Castro Paulo Hideo Nakano Rangel Mabio Chrisley Lacerda Isabela Volpi Furtini Daniel de Brito Fragoso Antônio Carlos Centeno Cordeiro Nara Regina Gervini Sousa Orlando Peixoto de Morais Roni de Azevedo Marley Marico Utumi José de Almeida Pereira Inocêncio Junior de Oliveira Daniel Pettersen Custódio Bernardo Mendes dos Santos BRS A501 CL: Cultivar de Arroz de Terras Altas Resistente a Herbicida ISSN 1678-961X Foto:SebastiãoJosédeAraújo
  • 2. 2 BRS A501 CL: Cultivar de Arroz de Terras Altas Resistente a Herbicida1 1 Adriano Pereira de Castro, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Paulo Hideo Nakano Rangel, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Mabio Chrisley Lacerda, Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Isabela Volpi Furtini, Engenheira-agrônoma, doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Daniel de Brito Fragoso, Engenheiro-agrônomo, doutor em Entomologia, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Antônio Carlos Centeno Cordeiro, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Roraima, Boa Vista, RR. Nara Regina Gervini Sousa, Engenheira-agrônoma, mestre em Fitomelhoramento, pesquisadora da Empaer-MT, Cáceres, MT. Orlando Peixoto de Morais (in memoriam), Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Roni de Azevedo, Engenheiro-agrônomo, doutor em Entomologia, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA. Marley Marico Utumi, Engenheira-agrônoma, doutora em Fitotecnia, pesquisadora da Embrapa Rondônia, Porto Velho, RO. José Almeida Pereira, Engenheiro-agrônomo, mestre em Produção Vegetal, pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI. Inocêncio Junior de Oliveira, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. Daniel Pettersen Custódio, Engenheiro- agrônomo, mestre em Fitotecnia, analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Bernardo Mendes dos Santos, Engenheiro-agrônomo, especialista em Proteção de Plantas, analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. A BRS A501 CL, desenvolvida pela Embrapa e pela BASF, é a primeira cultivar de arroz de terras altas com re- sistência ao herbicida de amplo espectro Kifix®. Essa cultivar apresenta ciclo mé- dio, elevada estabilidade no rendimento de grãos inteiros no beneficiamento, boa sanidade geral a doenças e alta produti- vidade média de grãos. Introdução A produção de arroz de terras altas está dispersa no Brasil, sendo os princi- pais estados produtores, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Piauí e Rondônia (CONAB, 2017). O Brasil é um dos únicos países do mundo onde o arroz de terras altas desempenha papel fundamental no abastecimento interno do cereal para a população. Esse sistema de cultivo atua como um regulador de preços, fa- vorecendo uma melhor distribuição da produção do arroz no país, aproximando a produção das regiões consumidoras. Além disso, constitui-se numa alternati- va de renda para os produtores, como no Estado do Maranhão, onde a grande maioria da produção provém de peque- nos agricultores. Para esse sistema de cultivo, a ocor- rência de plantas daninhas tem sido um dos principais entraves na consolidação de um cultivo sustentável para os agri- cultores. No sistema plantio direto, as cultivares de terras altas apresentam baixo vigor inicial da planta, resultando em menor capacidade de competição
  • 3. 3 com plantas daninhas e, consequente- mente, possíveis frustrações de safra. Herbicidas eficientes, no sistema irriga- do (anaeróbico), normalmente oferecem resultados pouco satisfatórios no siste- ma aeróbico, sendo comum a ocorrência de fitotoxidez e a reinfestação da área. Esse problema pode ser reduzido com o plantio de cultivares de arroz, resisten- tes a herbicidas de largo espectro. A cultivar BRS A501 CL foi desenvol- vida pela Embrapa e pela BASF, pos- suindo tolerância ao herbicida de amplo espectro Kifix®, sendo a primeira cultivar de arroz de terras altas da Embrapa com esta característica, além do ciclo médio e a elevada estabilidade no rendimento de grãos inteiros no beneficiamento. A BRS A501 CL encontra-se re- gistrada junto ao Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sob o nº 34462, para cultivo em dez es- tados: Acre, Amapá, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além do Distrito Federal. Histórico A cultivar BRS A501 CL foi desen- volvida com o objetivo de combinar as boas características agronômicas da linhagem elite BRA01545 com a tolerân- cia ao herbicida de largo espectro Kifix®, do grupo químico das imidazolinonas. O programa de obtenção da cultivar foi de- senvolvido pela Embrapa Arroz e Feijão, no Município de Santo Antônio de Goiás, GO. Na obtenção da BRS A501 CL, foi utilizado o método de melhoramento por retrocruzamentos, com seleção de plan- tas individuais resistentes a cada gera- ção (Rangel et al., 2010), utilizando-se como genitor recorrente a linhagem elite BRA01545, e como genitor doador do gene de tolerância, a cultivar Cypress CL. Foram realizados três retrocruzamentos, com seleção de plantas individuais a cada geração. Nas gerações segregan- tes, utilizou-se o Kifix® para seleção das plantas resistentes. Após os testes de progênies, realizados na geração RC3 F3 , a então linhagem AB112092CL, foi avaliada nos ensaios preliminares de rendimento, por três anos agrícolas, 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011, para analisar a sua performance agro- nômica em vários ambientes. Nos anos agrícolas 2011/2012 e 2012/2013, essa linhagem, juntamente com as testemu- nhas BRS Esmeralda e AN Cambará, foram avaliadas nos Ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A cultivar BRS A501 CL, além de tolerante ao herbici- da Kifix®, destaca-se por apresentar ciclo médio, com a floração média aos 77 dias, boa sanidade geral a doenças, elevada estabilidade de grãos inteiros no beneficiamento e produtividade mé- dia de grãos em torno de 4.000 kg ha-1 , podendo atingir até 8.000 kg ha-1 . Adicionalmente, a BRS A501 CL foi avaliada em ensaios específicos, para distinguibilidade, homogeneidade e estabilidade (DHE). Encontram-se na Tabela 1 algumas características da
  • 4. 4 Características agronômicas A BRS A501 CL foi avaliada em 48 ensaios de VCU, conduzidos nas safras 2011/2012e2012/2013nasregiõesNorte, Nordeste e Centro-Oeste. A Tabela 2 mostra as principais características agro- nômicas da cultivar, comparadas com as das testemunhas, BRS Esmeralda e AN Cambará. A produtividade média de grãos (4.017 kg ha-1 ), floração média (77 dias) e altura de planta (107 cm), foram semelhantes às testemunhas. Quanto ao acamamento (nota 2,4), a cultivar se mos- trou mais suscetível que as testemunhas. Tabela 1. Principais descritores da cultivar BRS A501 CL, obtidos em Santo Antônio de Goiás, GO, safras 2011/2012 e 2012/2013. Descritor Expressão fenotípica Cor da folha Verde Ângulo da folha bandeira Ereto Pubescência do limbo foliar Ausente Folha: cor da aurícula Verde-claro Folha: cor da lígula Incolor a verde Comprimento do colmo Longo (96 cm) Comprimento da panícula Curta (18 cm) Presença de aristas Curta Espiguetas: cor do estigma Púrpura-claro Espiguetas: cor das glumelas Palha/dourada Espiguetas: cor do apículo (maturação) Preto Grãos descascados, comprimento Longo (8 mm) Massa de mil grãos 27,1 - 28,5 g Tabela 2. Produtividade média de grãos (PROD), número de dias para a floração média (FLO), altura média de planta (ALT) e incidência de acamamento (ACA), da BRS A501 CL e das testemunhas, nos ensaios de VCU conduzidos nos anos agrícolas de 2011/2012 e 2012/2013. Cultivares PROD1 (kg ha-1 ) FLO (dia) ALT (cm) ACA2 Notas (1-9) BRS A501 CL 4.017 77 107 2,4 AN Cambará 3.965 76 105 1,6 BRS Esmeralda 3.979 76 106 1,7 Média 4.013 75 105 CV% 16,94 4,49 6,12 1 Dados de 48 ensaios conduzidos nos anos agrícolas de 2011/2012 e 2012/2013. 2 Notas de 1 a 9, sendo 1 ausência de acamamento e 9 plantas totalmente acamadas Fonte: Pinheiro et al. (2009). Resistência a doenças A nova cultivar apresentou baixa incidência de brusone, nas folhas e nas panículas, de escaldadura das folhas, de mancha parda e de mancha de grãos, em condições de campo, com notas ≤ 3, classificando-se como resistente (Tabela  3). Entretanto, em canteiros de brusone, as notas foram mais elevadas, sendo 5,0 para a BRS A501 CL; 8,0 para a AN Cambará; e 6,0 para a BRS Esmeralda. Esses re- sultados evidenciam a necessidade da aplicação de fungicidas como estratégia complementar de controle dessa doen- ça, protegendo o potencial produtivo da cultivar. Recomenda-se pulverizações preventivas com fungicidas: uma na fase vegetativa, dependendo da identificação de sintomas nas plantas (lesões aber- tas), até 45 dias após o plantio; duas cultivar BRS A501 CL, obtidas nos en- saios de DHE.
  • 5. 5 na fase reprodutiva, sendo a primeira no final do emborrachamento, antes da emissão das panículas, e a segun- da dez a 15 dias após, dependendo do fungicida utilizado. Essas pulverizações evitam o estabelecimento de epidemias nas lavouras e contribuemparaoprolon- gamento da resistência à brusone das cultivares (Filippi et al., 2015). BRS A501 CL apresenta elevado rendi- mento de grãos inteiros (65%) e renda total (73%), aspectos muito importantes na comercialização do produto colhido (Tabela 4). Tabela 3. Brusone nas folhas (BF) e nas panículas (BP), escaldadura das folhas (ESC), mancha parda (MP), mancha nos grãos (MG) e brusone nas folhas em canteiro (BFC) da BRS A501 CL e das testemunhas, nos ensaios de VCU conduzidos nos anos agrícolas de 2011/2012 e 2012/2013. Cultivares BF1 (1-9) BP1 (1-9) ESC1 (1-9) MP1 (1-9) MG1 (1-9) BFC1 (1-9) BRS A501 CL 2,2 2,7 3,3 3,1 2,3 5,0 AN Cambará 2,1 3,2 2,9 2,9 2,2 8,0 BRS Esmeralda 1,8 2,3 2,5 2,7 1,9 6,0 1 Dados de 48 ensaios conduzidos nos anos agrícolas de 2011/2012 e 2012/2013. 2 Notas de 1 a 9, sendo 1 para parcelas com ausência de sintoma e 9 para parcelas com sintomas de doenças em mais de 50% da área foliar ou da panícula. Fonte: Pinheiro et al. (2009). Tabela 4. Rendimento de grãos inteiros (GI), grãos quebrados (GQ), renda total (RT) e grãos gessados (GS) no beneficiamento, comprimento (C), largura (L), relação C/L, teor de amilose (TA) e temperatura de gelati- nização (TG) dos grãos da cultivar BRS A501 CL e das testemunhas, nos ensaios de VCU conduzidos nos anos agrícolas de 2011/2012 e 2012/2013. Cultivares GI % GQ % RT % GS (%) C (mm) L (mm) C/L TA1 TG2 BRS A501 CL 67 6 73 1,50 6,50 1,90 3,40 18,2 3,5 AN Cambará 61 10 71 1,30 6,20 1,80 3,40 17,5 3,6 BRS Esmeralda 55 15 70 1,90 6,50 1,80 3,50 17,7 3,4 1 Os valores obtidos indicam baixo teor de amilose. 2 Os valores obtidos indicam temperatura de gelatinização alta a intermediária. Os grãos beneficiados são da classe longo fino, como preferido pelo mercado brasileiro, com média de comprimento (C) de 6,50 mm e 1,90 mm de largura (L), com uma relação C/L de 3,40, além de aparência translúcida, com baixa intensidade de grãos gessados (1,50%). Apresenta teor intermediário de amilose (18,2%) e alta temperatura de gelatiniza- ção (3,5 ºC). Uma característica de grande impor- tância para o produtor é a estabilidade de rendimento de grãos inteiros, em razão da época de colheita. A cultivar BRS A501 CL apresentou rendimento de grãos inteiros nunca inferior a 60%, É importante frisar a obrigatoriedade de utilizar, para o controle das doenças, defensivos químicos recomendados e registrados nos estados onde a cultivar for plantada. Qualidade de grãos As qualidades industrial e culinária dos grãos são características funda- mentais que devem ser consideradas no lançamento de uma cultivar de arroz. A
  • 6. 6 quando realizadas as colheitas em cinco épocas, espaçadas uma da outra em sete dias, entre 25 e 53 dias após a flo- ração média (Figura 1). Isto permite que a cultivar seja colhida com diferentes teores de umidade nos grãos, sem afe- tar substancialmente o rendimento dos grãos inteiros, aumentando a janela de colheita para o agricultor. Tabela 5. Recomendações de semeadura da cultivar BRS A501 CL. Item Indicação Observações BRS A501 CL 25 a 35 cm entre linhas Em espaçamentos menores (< 20 cm entre linhas), pode favorecer o acamamento das plantas; em espaçamentos maiores (> 35 cm entre linhas), a cultivar produz bem, mas há queda da produtividade, à medida que se distancia do espaçamento de 35 cm entre linhas. Essa indicação pode sofrer alterações de acordo com o maquinário da propriedade. Densidade de semen- tes 70 a 90 kg ha-1 Com 25 cm entre linhas, utilizar 90 kg ha-1 de sementes. Para 35 cm entre linhas, 70 kg ha-1 . Adubação nitroge- nada 40 a 80 kg ha-1 de N Aplicar até 20 kg ha-1 de N na base, no momento da semeadura; aplicar o restante em adubação de cobertura, até 40 dias após a semeadura do arroz. A dose de N dependerá do teor de matéria orgânica do solo. A cultura do arroz em solos com baixo teor de matéria orgânica exige maior quantidade de N. Cuidado para não aplicar o nutriente em demasia, pois pode favorecer o acamamento e a disseminação de doenças. Sistemas de plantio Direto ou coven- cional Tem bom desenvolvimento em ambos os sistemas. No sistema plantio direto, observa-se menor altura da planta e, consequentemente, maior tolerância ao acamamento. Fertilidade do solo - Tem bom desenvolvimento em solos de alta saturação por bases. Figura 1. Rendimento de grãos inteiros (%) das cultivares BRS A501 CL, BRS Esmeralda e AN Cambará em cinco épocas de colheita realizadas após a floração média. Rendimentodegrãos inteiros(%) Dias após a floração BRS Esmeralda AN Cambará BRS A501 CL 80 70 60 50 40 30 20 25 32 39 46 53 10 0 Manejo da Cultivar A BRS A501 CL foi desenvolvida para o ambiente de terras altas seguindo os preceitos de boa qualidade de grãos e demais características agronômicas, como resistência a doenças e adapta- bilidade aos sistemas produtivos, com destaque para os sistemas plantio direto e integrados. A principal característica dessa culti- var é a sua tolerância ao herbicida Kifix®, do grupo químico das imidazolinonas (525 g kg-1 de imazapir + 175 g kg-1 de imazapique). Esse herbicida possui am- plo espectro de ação e controla quase a totalidade das plantas daninhas na cultura do arroz de terras altas. Dessa maneira, com essa facilidade de con- trole, espera-se que a BRS A501 CL possa ser cultivada em áreas reconhe- cidamente infestadas com plantas da- ninhas resistentes a outros herbicidas, tornando-se uma importante ferramenta de seu manejo no agrossistema. As recomendações para a semeadura da cultivar BRS A501 CL estão na Tabela 5. Manejo do herbicida Kifix® O Kifix® é o herbicida recomendado para o manejo de plantas daninhas no cultivo da BRS A501 CL para o sistema
  • 7. 7 Clearfield® (CL). De maneira prática, esse herbicida pode ser aplicado em qualquer fase da cultura do arroz CL, ou seja, desde a semeadura até a fase final de perfilhamento, por ser altamente seletivo à cultura. Além disso, possui efeito residual sobre a germinação de sementes de algumas plantas dani- nhas, o que lhe confere a característica tanto em pré-emergência quanto em pós-emergência. O importante é que seja respeitado o período crítico de in- terferência das plantas daninhas com o arroz, visando manter a cultura no limpo até, aproximadamente, 30 dias após a emergência. Para o manejo desse herbicida, é recomendável verificar o grau de infes- tação de plantas daninhas na área, de acordo com as situações: 1ª Situação: Se a área estiver com alta infestação ou o banco de semen- tes de plantas daninhas for muito alto, recomenda-se realizar a aplicação se- quencial, com a primeira aplicação dez a 15 dias após a emergência da cultura e a segunda, dez a 15 dias após a pri- meira. Ambas as doses de 70 g ha-1 a 100 g ha-1 de Kifix® cada. 2ª Situação: Baixa infestação de plantas daninhas e banco de sementes reduzido. Nesse caso, pode-se realizar apenas uma aplicação, na dose de 70 g ha-1 a 140 g ha-1 de Kifix®, dez a 15 dias após a emergência. Em ambas as situações, deve-se aplicar o herbicida com as plantas dani- nhas em fase inicial de desenvolvimen- to, ou seja, entre duas a quatro folhas. Quanto ao efeito residual do herbici- da no solo, é recomendável que se es- tabeleça um período mínimo de 60 dias da última aplicação até a instalação de outra cultura subsequente, para evitar danos por fitotoxidez. Estudos prelimina- res indicam que, em solo argiloso, não há mais resquícios desse herbicida no solo após 90 dias de sua aplicação. Limitações de uso do herbicida Kifix®, conforme o fabricante Seletividade: O herbicida Kifix® é específico para uso no sistema de produção da cultura do arroz no siste- ma Clearfield®. Em hipótese alguma, poderá ser utilizado em cultivares sem a tecnologia Clearfield® . Precaução: Sempre, ao adquirir as sementes, certificar-se que as mesmas estejam identificadas para o sistema de produção Clearfield® - arroz. Manejo da resistência: Como práti- ca de manejo de resistência de plantas daninhas ao Kifix®, é recomendável não semear o arroz Clearfield® por mais de duas safras consecutivas na mesma área. Colheita A colheita dos grãos é uma das eta- pas mais importantes do processo de produção do arroz, pois, tanto colheitas antecipadas como tardias afetam a qualidade do produto. Recomenda-se
  • 8. 8 realizar a colheita da BRS A501 CL quando a umidade dos grãos estiver entre 19% e 22%. Conclusão Por apresentar produtividade de grãos semelhante às testemunhas, ciclo médio, boa qualidade industrial e culiná- ria dos grãos, elevada estabilidade de rendimento de grãos inteiros no benefi- ciamento e tolerância genética ao herbi- cida Kifix®, a BRS A501 CL constitui-se em uma excelente alternativa para o cul- tivo em sistema de produção Clearfield® de arroz de terras altas para os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além do Distrito Federal. Referências CONAB. Séries históricas de produção: safras 1976/1977 a 2016/2017. Disponível em: <http:// www.conab.gov.br>. Acesso em: 15 jan. 2017. FILIPPI, M. C. C. de; SILVA-LOBO, V. L.; NUNES, C. D. M.; OGOSHI, C. Brusone no arroz. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2015. 24 p. PINHEIRO, P. V.; LOPES JÚNIOR, S.; OLIVEIRA, J. P. de; GUIMARÃES, C. M.; STONE, L. F.; MADARI, B. E.; FILIPPI, M. C. C. de; PEREIRA, H. S.; EIFERT, E. da C.; SILVA, J. F. A. e; WENDLAND, A.; LOBO JUNIOR, M.; FERREIRA, E. P. de B. Variáveis experimentais da Embrapa Arroz e Feijão. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2009. 80 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Documentos, 250). RANGEL, P. H. N.; MOURA NETO, F. P.; FAGUNDES, P. R. R.; MAGALHÃES JUNIOR, A. M. de; MORAIS, O. P. de; SCHMIDT, A. B.; MENDONÇA, J. A.; SANTIAGO, C. M.; RANGEL, P. N.; CUTRIM, V. dos A.; FERREIRA, M. E. Development of herbicide-tolerant irrigated rice cultivars. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.  45, n. 7, p. 701-708, jul. 2010. CGPE14383 Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Arroz e Feijão Rod. GO 462 Km 12 Zona Rural, Caixa Postal 179 CEP 75375-000, Santo Antônio de Goiás, GO Fone: (62) 3533 2105 Fax: (62) 3533 2100 www.embrapa.br www.embrapa.br/fale-conosco/sac 1ª edição 1ª impressão (2018): 1.000 exemplares Impressão e acabamento Gráfica e Editora Sete Comitê Local de Publicações da Embrapa Arroz e Feijão Presidente Lineu Alberto Domiti Secretário-Executivo Pedro Marques da Silveira Membros Aluísio Goulart Silva, Ana Lúcia Delalibera de Faria, Élcio Perpétuo Guimarães, Luciene Fróes Camarano de Oliveira, Luís Fernando Stone, Márcia Gonzaga de Castro Oliveira, Roselene de Queiroz Chaves Supervisão editorial Luiz Roberto R. da Silva Revisão de texto Rodrigo Peixoto de Barros Luiz Roberto R. da Silva Normalização bibliográfica Ana Lúcia Delalibera de Faria Tratamento das ilustrações Fabiano Severino Editoração eletrônica Fabiano Severino Foto da capa Sebastião José de Araújo