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3 - Ligação Interatômica
Prof. Carlos Angelo Nunes
Disciplina : Ciência dos Materiais
LOM 3013 – 2015M1
Ligação Atômica nos Sólidos
Sólidos  atração entre átomos; íons; moléculas
• Ferro • Alumina
• Diamante e grafite
Forças e Energias de Ligação
• Como dois átomos isolados interagem conforme aproximam um do outro a partir
de uma distância de separação infinita?
• A força atrativa depende do tipo de ligação particular que existe entre os dois átomos. A
força repulsiva surge de interações entre as nuvens eletrônicas carregadas negativamente
dos dois átomos e são importantes apenas para pequenos valores de r.
R
A F
F
F 

Na posição de equilíbrio:
R
A F
F 

0
Os centros dos dois átomos permanecerão separados pela
distância de equilíbrio r0. (r0~ 0,3 nm)

 Fdr
E
Trabalhando com energia:
Força resultante da interação:
• Na figura anterior, o mínimo da curva de energia resultante corresponde
ao valor de r0.
 
 




r r
R
A
R
A E
E
dr
F
dr
F
E
• A energia de ligação para esses dois átomos (E0) corresponde à energia
nesse ponto de mínimo. Ela represente a energia necessária para
separar esses dois átomos até uma distância infinita.
• Inúmeras propriedades dos materiais dependem do valor de E0, da
forma da curva e do tipo de ligação.
Quais características da curva (E vs r) estão associadas a alto
ponto de fusão; alta rigidez mecânica; alta expansão térmica?
Ligações interatômicas primárias: Ligação Iônica
• Ligação entre elementos metálicos (cedem elétrons) e não metálicos
(recebem elétrons) => átomos se transformam em íons. Ex. NaCl
• As forças de ligação atrativas são do tipo Coulomb; isto é, íons positivos
e negativos, em virtude de suas cargas elétricas resultantes, atraem-se
mutuamente.
• A ligação iônica é não-direcional; isto é, a magnitude da ligação é igual
em todas as direções ao redor do íon. Os íons positivos são rodeados
por íons negativos e vice-versa.
• É a ligação predominante em materiais cerâmicos. Materiais
normalmente duros e frágeis e isolantes elétricos e térmicos.
r
A
EA 

• Nas expressões acima, A, B e n são constantes cujos valores dependem
de cada sistema iônico particular. O valor de n é aproximadamente 8.
n
R
r
B
E 
Ligações interatômicas primárias: Ligação Covalente
• Ligação onde a configuração eletrônica estável é adquirida pelo
compartilhamento de elétrons entre átomos adjacentes.
• A ligação covalente é direcional; isto é, ela ocorre entre átomos
específicos e pode existir apenas na direção entre um átomo e o outro
que participa do compartilhamento dos elétrons.
• Esse tipo de ligação é encontrado em sólidos elementares, tais como o
diamante (carbono),´silício, germânio. Assim como em compostos tais
como arseneto de gálio (GaAs), antimoneto de índio (InSb).
Diamante Grafite
Fulereno Nanotubo de carbono
• A ligação covalente pode ser muito forte como no diamante
(Tf > 3550oC), ou muito fraca, como no bismuto (Tf ~ 270oC)
• Os materiais poliméricos são típicos deste tipo de ligação, sendo a
estrutura molecular básica composta por uma longa cadeia de átomos de
carbono que estão ligados covalentemente uns aos outros por meio de
duas das quatro ligações disponíveis em cada átomo.
• Os materiais poliméricos são tipicamente isolantes elétricos e térmicos.
• Nylon
• PVC
• É possível a existência de ligações interatômicas que são parcialmente
iônica e parcialmente covalentes.
 100
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0 B
A X
X
e
CI 



Onde:
%CI - % de caráter iônico de uma ligação entre dois elementos A e B;
XA e XB são as eletronegatividades dos respectivos elementos.
Ligações interatômicas primárias: Ligação Metálica
• Ligação encontrada nos metais e nas suas ligas.
• Os materiais metálicos possuem um, dois ou no máximo três elétrons de
valência. Em um modelo simples, assume-se que esses elétrons não
estão ligados a qualquer átomo em particular no sólido.
• Esses elétrons estão então livres para se movimentar ao longo de todo o
material, como se formassem uma nuvem de elétrons.
• A ligação pode ser fraca ou forte. Veja na tabela abaixo dados para o
mercúrio e o tungstênio e compare.
• A boa condução de eletricidade e calor pelos metais é explicada em parte
pela presença dos elétrons livres
Ligações interatômicas secundárias ou Ligações de Van der Waals
• São ligações fracas quando comparadas às ligações primárias;
• A ligação secundária fica evidente nos gases inertes e ainda entre
moléculas em estruturas moleculares que são ligadas covalentemente.
• As forças de ligação secundárias surgem a partir de dipolos atômicos ou
moleculares. Essencialmente, um dipolo elétrico existe sempre que há
alguma separação entre as partes positiva e negativa de um átomo ou
molécula.
• A ligação resulta da atração de Coulomb entre a extremidade positiva de
um dipolo e a região negativa de um dipolo adjacente.
• As interações de dipolo ocorrem entre dipolos induzidos; entre dipolos
induzidos e moléculas polares (dipolos permanentes) e entre moléculas
polares.
Ligações de dipolo induzido flutuantes
• O dipolo flutuante aparece devido a distorções instantâneas e de curta
duração na simetria elétrica em alguns átomos ou moléculas. E isto pode
induzir a formação de dipolo em um átomo/molécula vizinho (a).
• Ex. liquefação e, em
alguns casos, a
solidificação dos gases
inertes e de outras
moléculas eletricamente
neutras e simétricas
como o H2 e o Cl2
Ligações entre moléculas polares e dipolos induzidos
• Dipolo Permanente
Ligações de dipolos permanentes
• As energias de ligação associadas são significativamente maiores que
para as ligações que envolvem dipolos induzidos.
• O tipo mais forte de ligação secundária, a ligação de hidrogênio, é um
caso especial de ligação entre moléculas polares. Ex: H2O, HF, NH3
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  • 1. 3 - Ligação Interatômica Prof. Carlos Angelo Nunes Disciplina : Ciência dos Materiais LOM 3013 – 2015M1
  • 2. Ligação Atômica nos Sólidos Sólidos  atração entre átomos; íons; moléculas
  • 3. • Ferro • Alumina • Diamante e grafite
  • 4. Forças e Energias de Ligação • Como dois átomos isolados interagem conforme aproximam um do outro a partir de uma distância de separação infinita? • A força atrativa depende do tipo de ligação particular que existe entre os dois átomos. A força repulsiva surge de interações entre as nuvens eletrônicas carregadas negativamente dos dois átomos e são importantes apenas para pequenos valores de r.
  • 5. R A F F F   Na posição de equilíbrio: R A F F   0 Os centros dos dois átomos permanecerão separados pela distância de equilíbrio r0. (r0~ 0,3 nm)   Fdr E Trabalhando com energia: Força resultante da interação:
  • 6. • Na figura anterior, o mínimo da curva de energia resultante corresponde ao valor de r0.         r r R A R A E E dr F dr F E • A energia de ligação para esses dois átomos (E0) corresponde à energia nesse ponto de mínimo. Ela represente a energia necessária para separar esses dois átomos até uma distância infinita. • Inúmeras propriedades dos materiais dependem do valor de E0, da forma da curva e do tipo de ligação. Quais características da curva (E vs r) estão associadas a alto ponto de fusão; alta rigidez mecânica; alta expansão térmica?
  • 7. Ligações interatômicas primárias: Ligação Iônica • Ligação entre elementos metálicos (cedem elétrons) e não metálicos (recebem elétrons) => átomos se transformam em íons. Ex. NaCl • As forças de ligação atrativas são do tipo Coulomb; isto é, íons positivos e negativos, em virtude de suas cargas elétricas resultantes, atraem-se mutuamente. • A ligação iônica é não-direcional; isto é, a magnitude da ligação é igual em todas as direções ao redor do íon. Os íons positivos são rodeados por íons negativos e vice-versa. • É a ligação predominante em materiais cerâmicos. Materiais normalmente duros e frágeis e isolantes elétricos e térmicos.
  • 8.
  • 9. r A EA   • Nas expressões acima, A, B e n são constantes cujos valores dependem de cada sistema iônico particular. O valor de n é aproximadamente 8. n R r B E 
  • 10. Ligações interatômicas primárias: Ligação Covalente • Ligação onde a configuração eletrônica estável é adquirida pelo compartilhamento de elétrons entre átomos adjacentes. • A ligação covalente é direcional; isto é, ela ocorre entre átomos específicos e pode existir apenas na direção entre um átomo e o outro que participa do compartilhamento dos elétrons. • Esse tipo de ligação é encontrado em sólidos elementares, tais como o diamante (carbono),´silício, germânio. Assim como em compostos tais como arseneto de gálio (GaAs), antimoneto de índio (InSb).
  • 12. • A ligação covalente pode ser muito forte como no diamante (Tf > 3550oC), ou muito fraca, como no bismuto (Tf ~ 270oC) • Os materiais poliméricos são típicos deste tipo de ligação, sendo a estrutura molecular básica composta por uma longa cadeia de átomos de carbono que estão ligados covalentemente uns aos outros por meio de duas das quatro ligações disponíveis em cada átomo. • Os materiais poliméricos são tipicamente isolantes elétricos e térmicos. • Nylon • PVC
  • 13. • É possível a existência de ligações interatômicas que são parcialmente iônica e parcialmente covalentes.  100 . 1 % 2 ) ( 25 , 0 B A X X e CI     Onde: %CI - % de caráter iônico de uma ligação entre dois elementos A e B; XA e XB são as eletronegatividades dos respectivos elementos.
  • 14. Ligações interatômicas primárias: Ligação Metálica • Ligação encontrada nos metais e nas suas ligas. • Os materiais metálicos possuem um, dois ou no máximo três elétrons de valência. Em um modelo simples, assume-se que esses elétrons não estão ligados a qualquer átomo em particular no sólido. • Esses elétrons estão então livres para se movimentar ao longo de todo o material, como se formassem uma nuvem de elétrons.
  • 15. • A ligação pode ser fraca ou forte. Veja na tabela abaixo dados para o mercúrio e o tungstênio e compare. • A boa condução de eletricidade e calor pelos metais é explicada em parte pela presença dos elétrons livres
  • 16. Ligações interatômicas secundárias ou Ligações de Van der Waals • São ligações fracas quando comparadas às ligações primárias; • A ligação secundária fica evidente nos gases inertes e ainda entre moléculas em estruturas moleculares que são ligadas covalentemente. • As forças de ligação secundárias surgem a partir de dipolos atômicos ou moleculares. Essencialmente, um dipolo elétrico existe sempre que há alguma separação entre as partes positiva e negativa de um átomo ou molécula. • A ligação resulta da atração de Coulomb entre a extremidade positiva de um dipolo e a região negativa de um dipolo adjacente. • As interações de dipolo ocorrem entre dipolos induzidos; entre dipolos induzidos e moléculas polares (dipolos permanentes) e entre moléculas polares.
  • 17. Ligações de dipolo induzido flutuantes • O dipolo flutuante aparece devido a distorções instantâneas e de curta duração na simetria elétrica em alguns átomos ou moléculas. E isto pode induzir a formação de dipolo em um átomo/molécula vizinho (a).
  • 18. • Ex. liquefação e, em alguns casos, a solidificação dos gases inertes e de outras moléculas eletricamente neutras e simétricas como o H2 e o Cl2
  • 19. Ligações entre moléculas polares e dipolos induzidos • Dipolo Permanente
  • 20. Ligações de dipolos permanentes • As energias de ligação associadas são significativamente maiores que para as ligações que envolvem dipolos induzidos. • O tipo mais forte de ligação secundária, a ligação de hidrogênio, é um caso especial de ligação entre moléculas polares. Ex: H2O, HF, NH3