SlideShare uma empresa Scribd logo
ARTIGO ORIGINAL

Comportamento temporal da velocidade de condução
de potenciais de ação de unidades motoras sob
condições de fadiga muscular
Marco Antonio Cavalcanti Garcia1, José Magalhães1 e Luís Aureliano Imbiriba1




RESUMO                                                                    Palavras-chave: Eletromiografia. Fadiga muscular. Potencial de ação da fibra mus-
                                                                                          cular.
   A fadiga muscular, definida como a incapacidade na manuten-
                                                                          Palabras-clave: Eletromiografia. Fatiga muscular. Potencial de acción de la fibra
ção de um nível esperado de força, tem sido amplamente investi-                           muscular.
gada nas áreas clínica e desportiva. Na investigação dos efeitos da
fadiga sobre a regulação da contração, a eletromiografia de super-
fície (SEMG) tem sido uma importante ferramenta eletrodiagnósti-          importante en este tipo de evaluación, a pesar de que comunmen-
ca, pois diferentes parâmetros de análise podem ser extraídos a           te es detectada a través de técnicas invasivas, mediante electro-
partir do sinal de EMG. Dentre estes parâmetros, a velocidade de          dos de borne o aguja. Asi mismo, el objetivo de este trabajo fue
condução dos potenciais de ação das unidades motoras (VCPAUMs)            estimar la VCPAUM a través de la SEMG, evaluando su comporta-
tem sido uma variável importante neste tipo de avaliação, apesar          miento temporal, en contracciones isométricas realizadas hasta la
de comumente ser detectada através de técnicas invasivas, me-             extenuación. Dieciocho voluntarios (nueve hombres y nueve mu-
diante eletrodos de arame ou agulha. Assim, o objetivo deste tra-         jeres; de edades entre 25,6 ± 6,8 años), alumnos de la EEFD/UFRJ,
balho foi estimar a VCPAUM através da SEMG, avaliando o seu               aceptaron de participar en el estudio. Las señales de EMG se to-
comportamento temporal, em contrações isométricas realizadas              maron a partir del músculo bíceps braquial derecho en tres dife-
até a exaustão. Dezoito voluntários (nove homens e nove mulhe-            rentes niveles (25%, 50 e 75% de la carga máxima (CM)), siendo,
res; idade de 25,6 ± 6,8 anos), alunos da EEFD/UFRJ, consentiram          entonces, divididos en 3 trechos, correspondientes al tiempo total
em participar do estudo. Os sinais de EMG foram colhidos a partir         de gasto de la tarea, denominados: início (T1), medio (T2) y fin (T3).
do músculo bíceps braquial direito em três diferentes níveis (25%,        La VCPAUM presentó redución temporal durante el pasaje por los
50 e 75% da carga máxima (CM)), sendo, então, divididos em três           trechos (p < 0,0001), comparando todas las cargas. Entre tanto, se
trechos, correspondentes ao tempo total gasto na tarefa, assim            observó una queda abrupta de la VCPAUM en T3, principalmente
denominados: início (T1), meio (T2) e fim (T3). A VCPAUM apre-            en 50 e 75% de la CM (p < 0,05), cuando comparadas las cargas
sentou redução temporal durante a passagem pelos trechos (p <             de 25% de la CM. Los resultados apuntan que la VCPAUM sufre
0,0001), comparando todas as cargas. Entretanto, foi observada            modificaciones en la medida en que halla una reducción en el pH
uma queda abrupta da VCPAUM em T3, principalmente em 50 e                 intracelular, fundamental en la permeabilidad de la membrana ce-
75% da CM (p < 0,05), quando comparadas com a carga de 25%                lular y que puede ser consecuencia de una diminución en el aporte
da CM. Os resultados apontam que a VCPAUM sofre modifica-                 sanguíneo, por el aumento en el tiempo y en el nivel de contrac-
ções na medida em que há uma redução no pH intracelular, funda-           ción. Además de eso, la adaptación del uso de la SEMG para la
mental na permeabilidade da membrana celular e que pode ser               estimativa de la VCPAUM mostró una viabilidad en el uso del mé-
decorrente de uma diminuição no aporte sanguíneo, pelo aumento            todo como herramienta diagnóstica.
no tempo e no nível de contração. Além disso, a adaptação no uso
da SEMG para a estimativa da VCPAUM mostrou a viabilidade no
uso do método como ferramenta diagnóstica.                                INTRODUÇÃO
                                                                             A fadiga muscular, definida como a incapacidade na manuten-
RESUMEN                                                                   ção de um nível esperado de força(1-3), tem sido amplamente inves-
                                                                          tigada nas áreas clínica e desportiva. Compreender os mecanis-
Comportamiento temporal de la velocidad de conducción de                  mos que envolvem a regulação da contração muscular sob
potencias de acción de las unidades motoras sobre condicio-               condições de fadiga é de fundamental importância, na medida em
nes de fatiga muscular                                                    que é desencadeada por uma série de fatores, tais como o tipo de
   La fatiga muscular, definida como la capacidad del mantenimiento       músculo envolvido, duração da contração, nível de sobrecarga e
de un nivel esperado de fuerza, viene siendo ampliamente investi-         tipo de tarefa executada(3,4).
gada en las áreas tanto clínica como deportiva. La investigación de          Na investigação dos efeitos da fadiga sobre o padrão de contro-
los efectos de la fatiga sobre la regulación de la contracción, la        le da contração muscular, a eletromiografia (EMG) tem sido a téc-
electromiografía de superficie (SEMG) tiene una importancia como          nica eletrodiagnóstica mais utilizada e dentre as informações ex-
herramienta electrodiagnóstica por que los diferentes parámetros          traídas a partir do sinal mioelétrico há o comportamento temporal
de análisis pueden ser extraídos de la señal de la EMG. Dentro de         da amplitude, através de sua raiz média quadrática (valor RMS), e,
estos parámetros la velocidad de conducción de las potencias de           no domínio da freqüência, as freqüências média (FME) e mediana
acción de las unidades motoras (VCPAUMs) ha sido una variable             (FMD), havendo maior destaque para a segunda, em função de
                                                                          suas características estatísticas(5). Além destas variáveis, a veloci-
1. Laboratório de Biomecânica da EEFD/UFRJ.                               dade de propagação dos potenciais de ação das fibras musculares
Recebido em 3/9/03. 2a versão recebida em 1/5/04. Aceito em 6/5/04.       (VCPAFM) também tem permitido a realização de inúmeras obser-
Endereço para correspondência: Rua Maranhão, 305, casa 5 – 20720-         vações acerca das mudanças na permeabilidade do sarcolema em
230 – Rio de Janeiro, RJ. E-mail: garcia@eefd.ufrj.br; marcoacg@unisys.   função do acúmulo de metabólitos e, conseqüentemente, nas suas
com.br                                                                    propriedades em relação à propagação dos PAFM(2,6).
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004                                                                                                 299
Na investigação do comportamento da VCPAFM, eletrodos de              um sistema de dinamometria, com capacidade para regulagem in-
agulha são introduzidos no músculo, um método invasivo que traz          dividual de altura e distância em relação à articulação do ombro
maior precisão na monitoração das alterações decorrentes da fadi-        direito (figura 1). Durante a realização dos testes, cada voluntário
ga(7-10). Entretanto, apesar do método invasivo trazer maior qualida-    permanecia sentado, com as articulações do joelho e quadril fle-
de metodológica no procedimento e maior segurança nas informa-           xionadas em aproximadamente 90o e membro superior posiciona-
ções colhidas, eletrodos de agulha ou arame também trazem maior          do segundo a figura 1.
desconforto ao paciente e/ou atleta na etapa de colocação, além             O protocolo experimental constou de um teste de carga máxi-
de um encarecimento e de uma maior complexidade do exame.                ma (CM) com duração de 5s, que precedeu a etapa de coleta de
Com o objetivo de contornar tais problemas, diferentes propostas         sinais. A partir da carga máxima alcançada foram calculadas as
são apresentadas na literatura para a estimativa da velocidade de        cargas percentuais administradas durante os testes de fadiga. Fo-
condução de potenciais de ação de unidades motoras (VCPAUM)              ram elas: 25%, 50% e 75% da CM. Os testes foram realizados em
através da eletromiografia de superfície (SEMG), em que são utili-       três diferentes dias e com um intervalo mínimo de 48 horas. Cada
zados eletrodos de superfície adaptados para tal finalidade(6,11,12).    teste consistiu de contrações isométricas mantidas até a exaus-
Sugere-se, no entanto, que estes eletrodos, definidos a partir de        tão, mediante feedback visual, com o auxílio de um monitor de
um grande número de pequenas barras compostas de prata, e cujas          computador (figura 1), para cada uma das cargas administradas
dimensões podem alcançar até 1mm de espessura e 5mm de com-              em ordem aleatória. O monitor de computador permanecia a uma
primento, estejam configurados em série e embutidos em placas            distância de aproximadamente 75cm do voluntário, sendo apenas
especialmente construídas para esta tarefa(5).                           regulado verticalmente.
   A principal justificativa quanto ao uso deste tipo especial de ele-
trodo é definida por uma menor captação de ruído, além de uma
melhor resolução espacial do sinal de EMG(5,11). Logo, há a neces-
sidade de utilizar eletrodos construídos e adaptados para este tipo
de medida, normalmente comercializados, o que, ainda assim,
encarece e dificulta o acesso ao uso desta técnica.
   Apesar do caráter não-invasivo, a SEMG demanda, na estimati-
va da VCPAFM, um maior processamento computacional, dado que
os eletrodos estarão captando a soma algébrica dos potenciais de
ação das fibras musculares, representando, assim, o sinal bruto de
EMG(13). Mesmo assim, tem-se demonstrado, através da utilização
de eletrodos configurados para este propósito, como discutido
anteriormente, a efetividade na estimativa da VCPAUM através da
SEMG em diferentes condições de aplicação, excetuando-se aque-
las que demandam contrações dinâmicas(11).
   Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi estimar a velocida-
de de condução dos potenciais de ação das unidades motoras
(VCPAUMs), determinando o seu comportamento temporal sob
diferentes níveis de contração muscular e até a instalação da fadi-
ga, mediante a adaptação desta técnica, ou seja, através de eletro-
dos de superfície adesivos simples.


MATERIAIS E MÉTODOS
   A amostra foi composta por 18 voluntários, alunos do curso de
graduação da EEFD/UFRJ, sendo nove do sexo masculino e nove
do sexo feminino (idade de 25,6 ± 6,8 anos), destros, praticantes
de atividade física regular e sem histórico de lesões do sistema
músculo-esquelético de membros superiores. Todos os voluntá-
rios receberam orientação sobre os procedimentos adotados e as-
                                                                         Fig. 1 – Posição adotada pelos sujeitos durante a etapa de coleta do sinal
sinaram termo de consentimento de participação no estudo (proje-
                                                                         de EMG. No monitor de computador são fornecidos a marca da carga alvo
to cadastrado sob no 125/03), submetido e aprovado pelo Comitê           e o traçado do nível de força atingido pelo voluntário.
de Ética do HUCFF/UFRJ.
   O sistema de aquisição foi composto de um computador (Pen-
tium – 200MHz), um conversor analógico-digital (DaqPad 1200 –               A aquisição dos sinais de força e EMG foi definida a partir do
NATIONAL INSTRUMENTS, EUA) de 12 bits e faixa dinâmica de                momento do início da contração e interrompida quando a força
± 5V. Para captação dos sinais, foi utilizado um sistema de cabos        não era mais capaz de ser mantida em aproximadamente 30% da
com amplificadores, desenvolvido no Laboratório de Biomecânica           carga predeterminada.
da EEFD/UFRJ, com banda de freqüência limitada entre 10 e 500Hz             Antes da colocação dos eletrodos, foi realizada tricotomia com
e ganho total de 1.000, segundo normas da European Recommen-             lâmina e limpeza com sabão neutro. Os eletrodos foram colocados
dations for Surface Electromyography (5). Os programas de aquisi-        sobre a região ventral do músculo bíceps braquial direito, seguindo
ção e processamento dos sinais, assim como o desenvolvido para           protocolo sugerido por Hermens et al.(5). Entretanto, para o cálculo
a realização dos testes de força, foram elaborados em LabVIEW            da VCPAUM, o protocolo sofreu uma modificação para a colocação
(NATIONAL INSTRUMENTS, EUA). Eletrodos de superfície de Ag-              de um terceiro eletrodo. A distância entre o acrômio e a fossa cubital
AgCl (Meditrace® 200 – KENDALL, Canadá) foram utilizados para a          foi tomada e o primeiro eletrodo colocado a 1/3 desta última. Os
aquisição dos sinais de EMG. A freqüência de amostragem adota-           outros dois eletrodos foram colocados sobre a projeção da linha
da foi de 2kHz.                                                          entre os pontos anatômicos utilizados como referência (figura 2).
   Para a realização dos testes de fadiga foi desenvolvido um apa-       O eletrodo de referência foi colocado sobre o epicôndilo medial do
rato mecânico para apoio do membro superior direito e utilizado          úmero.
300                                                                                                      Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004
comparações entre os trechos (início (T1), meio (T2) e fim (T3)) e
                                                                             entre as cargas (25%, 50% e 75% da CM) através da aplicação da
                                                                             ANOVA two-way, para medidas repetidas, e teste post hoc de Tukey,
                                                                             com nível de significância (α) igual a 0,05. A análise dos dados foi
                                                                             realizada através do pacote estatístico STATISTICA® 6.0 (StatSoft,
                                                                             USA).




                                                       (dois canais)




Fig. 2 – Esquema simplificado da disposição dos eletrodos de superfície
sobre o ventre muscular do músculo bíceps braquial direito


   Para a estimação da VCPAUM através de eletrodos de superfí-               Fig. 3 – A defasagem apresentada pelos sinais 1 e 2, colhidos pelos dois
cie foi utilizado o método sugerido por Nishizono et al.(11). Ao ser         pares de eletrodos, e de tamanhos iguais a 500 amostras (L), é de aproxi-
                                                                             madamente 100 amostras. Como a soma das duas janelas totaliza 1.000
realizado o teste de correlação cruzada entre os dois sinais capta-
                                                                             amostras e a defasagem é igual a 100, o valor de correlação mais alto se
dos (canais 1 e 2) a partir de janelas de comprimento L, arbitraria-         aproxima da amostra de número 600, sendo possível, então, estimar a
mente definidas como iguais a 2000 amostras e equivalentes a um              VCPAUM através da equação 1. A distância entre os eletrodos adotada
segundo de sinal, e identificando o índice do elemento do vetor de           para o cálculo foi de 3cm e a freqüência de amostragem de 2.000Hz.
correlação cruzada que possui o valor máximo de ICmáx, é possível
calcular a VCPAUM através da equação 1.
                                       D
                         VCPAUM =               x TA                   (1)
                          VCPAUM = (ICmáx – L) x TA
Onde,
D é a distância entre os eletrodos, igual a 3cm;
TA é a taxa de amostragem, igual a 2.000 amostras/s;
L é a janela de 2.000 amostras.
   Para um melhor entendimento do procedimento adotado, a es-
timativa da VCPAUM é apresentada na figura 3 através de sinais
simulados e de uma janela L de tamanho igual a 500 amostras.
   Como discutido anteriormente, a VCPAUM foi calculada a partir
de cada segundo de sinal, resultando em uma série temporal de
dados cujos tamanhos apresentaram diferenças entre os sujeitos.
Estas diferenças ocorreram em função dos tempos gastos na ma-
                                                                             Fig. 4 – Exemplo do comportamento temporal das variáveis VCPAUM (m/
nutenção da contração em cada uma das situações testadas até a
                                                                             s) e força (kg) de um dos sujeitos da amostra, nos trechos selecionados
exaustão. Portanto, para efeito de tratamento estatístico e apre-            (T1, T2 e T3) a partir da mediana, durante a manutenção de uma contração
sentação dos resultados optou-se, arbitrariamente, por subdividir            em 75% da CM. Os trechos destacados da VCPAUM representam aqueles
cada série temporal válida em três diferentes trechos eqüidistan-            extraídos para análise estatística. Observa-se que os trechos foram extraí-
tes e com duração de cinco segundos cada. Definiu-se como série              dos do sinal colhido a partir da força mantida até, no máximo, 15% abaixo
temporal válida todo o trecho de sinal referente à manutenção da             da CM (linha tracejada).
contração, ou seja, sobre a manutenção da força até, no máximo,
15% abaixo da carga alvo (figura 4). Deste modo, cada teste resul-
tou em três trechos que se aproximariam de uma representação
                                                                             RESULTADOS
do comportamento inicial (T1), intermediário (T2) e final (T3) de
todo o experimento (figura 4). Para a seleção dos trechos foi ado-              A tabela 1 apresenta os tempos médios gastos em cada uma
tado o seguinte método: T1 foi definido como os cinco segundos               das cargas aplicadas nos testes de fadiga, refletindo a intensidade
iniciais; T2 definido como os dois segundos anteriores e posterio-           do esforço.
res à mediana, também incluída, do trecho válido da série tempo-                Ao compararmos os trechos T1, T2 e T3 entre os diferentes
ral; e T3 definido como os cinco segundos finais. Posteriormente,            níveis percentuais da CVM, não foi observada diferença significati-
a média de cada trecho foi calculada, havendo apenas, para cada              va para o fator “carga” (F(2,51) = 0,804; p = 0,45), mas houve dife-
um dos sujeitos, três valores de referência da VCPAUM para cada              rença entre os trechos (F(2,102) = 34,36; p < 0,0001) e uma interação
uma das cargas analisadas. Na análise dos dados, foram efetuadas             significativa entre estes dois fatores (F(4,102) = 2,63; p = 0,03). A
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004                                                                                              301
análise post hoc de Tukey mostrou que, quando comparado o tre-                 que poderia justificar o comportamento da VCPAUM nos trechos
cho T3 entre as cargas, houve diferenças significativas entre 25%              T1 e T2, isoladamente, onde não foram observadas diferenças es-
e 50% (p = 0,04) e 25% e 75% (p = 0,01) da CM, resultando em                   tatísticas significativas entre as cargas (figura 5). Neste caso, su-
queda acentuada da VCPAUM nas fases finais nestas cargas. Este                 põe-se que a variável TMC, entre os trechos T1 e T2, tenha sido
tipo de comportamento é corroborado por alguns resultados en-                  suficiente para modificar, apenas parcialmente e, portanto, não sig-
contrados na literatura(3,12,15). Alguns destes trabalhos apóiam a idéia       nificativamente, as propriedades de permeabilidade da membrana
de que a taxa na queda da VCPAUM é fundamentalmente determi-                   da fibra muscular.
nada pelo nível da carga (NC) aplicada e pelo tempo de manuten-                   Quanto ao comportamento da VCPAUM em 50 e 75% da CM,
ção da contração (TMC) (tabela 1), variáveis importante nas condi-             os resultados apontam para uma acentuação no quadro decorren-
ções de controle da permeabilidade da membrana da fibra muscular               te das alterações de pH, discutidas anteriormente, em função do
e que interferirão na propagação dos potenciais de ação(3,16), como            aumento de NC, restringindo ainda mais o fluxo sanguíneo e, por-
discutido a seguir. Por outro lado, quando foram comparadas as                 tanto, o controle no acúmulo de metabólitos(17,18). A literatura tam-
cargas de 50% e 75% da CM, neste mesmo trecho (T3), não foi                    bém reforça a hipótese de que estas alterações, em cascata, pro-
observada diferença significativa (p > 0,05) (figura 5).                       vocariam mudanças no processo de acoplamento entre os
                                                                               miofilamentos, pela incapacidade do retículo sarcoplasmático de
                               TABELA 1
                                                                               liberar íons Ca2+ no interior da fibra muscular, comprometendo,
        Resultados médios e desvios padrões dos tempos gastos na               também, a mecânica contrátil e levando a uma queda na capacida-
       manutenção das contrações em cada uma das cargas aplicadas              de de produção de força(17,19).
                                                                                  Outra hipótese estabelece que com um aumento em NC e TMC,
   Cargas percentuais          25% da CM          50% da CM      75% da CM
                                                                               menor será a capacidade de perfusão sanguínea que até, aproxi-
    TMC (média ± DP)           213s (± 113s)       91s (± 55s)   56s (± 33s)   madamente, 30% da CM, é ainda suficiente para impedir o surgi-
CM = carga máxima; TMC = tempo de manutenção da contração.                     mento rápido de um quadro isquêmico no tecido. Sendo assim,
                                                                               ainda seria possível estabelecer um equilíbrio, mesmo que não
                                                                               prolongado, no nível do pH intracelular(15,20). Esta teoria vai ao en-
                                                                               contro do observado em 25% da CM, em que não foi constatada
                                                                               diferença significativa entre os trechos, não apresentando queda
                                                                               temporal significativa na VCPAUM. Por outro lado, Farina et al.(11),
                                                                               ao estimar a VCPAUM do músculo tibial anterior, encontraram de-
                                                                               clínio temporal desta variável com a manutenção de contrações
                                                                               isométricas em cargas de 25% da CM. Sugere-se, então, que a
                                                                               diferença esteja no fato de que, apesar da utilização de estímulo
                                                                               verbal, parte dos voluntários não tenha atingido TMCs superiores
                                                                               aos alcançados por alguns dos sujeitos (acima de três minutos e
                                                                               meio), resultado também refletido no alto desvio padrão, igual a
                                                                               113 segundos. Acredita-se que a alta variabilidade no TMC em 25%
                                                                               da CM possa ter ocorrido em função da posição sugerida para a
                                                                               execução dos testes que, para alguns dos voluntários, foi definida
                                                                               como desconfortável e que, portanto, interromperam o teste não
                                                                               por terem atingido um quadro de exaustão, mas sim por descon-
Fig. 5 – Comportamento médio da VCPAUM (m/s) entre os trechos (T1, T2          forto à posição adotada (figura 1).
e T3) e entre as cargas (25%, 50% e 75% da CM) administradas durante              Outra variável considerada importante, mas não avaliada, é a
os testes                                                                      motivação. Importante na realização de diferentes tarefas, princi-
                                                                               palmente em testes de longa duração, não foi descartada a hipóte-
                                                                               se de que tenha interferido nos resultados encontrados em 25%
DISCUSSÃO
                                                                               da CM. Estudos envolvendo aspectos motivacionais têm sido rea-
   O método proposto, baseado no uso de eletrodos de superfície                lizados no intuito de melhor se compreender os mecanismos pe-
adesivos simples para a estimativa da VCPAUM, permitiu distin-                 los quais agem sobre tarefas de endurance, semelhantes aos dis-
guir, de modo satisfatório, o comportamento temporal desta variá-              cutidos neste trabalho(2,3).
vel sob diferentes níveis de contração muscular até a exaustão.
Respeitando normas quanto à colocação de eletrodos, o método                   CONCLUSÃO
sugerido apresentou vantagens e uma simplicidade que permite a
sua reprodução sem grandes custos, além da aplicação de um                        Alguns trabalhos têm relatado a importância da VCPAUM como
método para cálculo da VCPAUM bem descrito pela literatura e                   indicador de fadiga muscular quando estão envolvidos mecanis-
factível do ponto de vista computacional. No entanto, por não se               mos de ordem periférica(11) e que é possível mensurá-la através de
tratar de um método invasivo e que recorre à adaptação de um                   eletrodos de superfície especialmente desenvolvidos para esta
método conhecido, o experimentador deverá assumir um rigor                     tarefa. Neste trabalho foi apresentada uma adaptação no uso de
quanto ao protocolo de colocação dos eletrodos, respeitando, prin-             eletrodos de superfície adesivos simples para a estimativa da
cipalmente, a distância entre eles.                                            VCPAUM. Estes demonstraram ser de fácil manuseio, baixo custo
   O comportamento temporal decrescente entre os trechos T1,                   e os resultados alcançados no cálculo da VCPAUM foram consis-
T2 e T3 pode ser atribuído às mudanças decorrentes de uma mu-                  tentes com aqueles encontrados na literatura(2,14,21,22). Pode-se afir-
dança no pH intracelular pelo acúmulo de íons H+, o que interferiria           mar que esta metodologia é prática e simples na estimação desta
no funcionamento das bombas Na+-K+ e, conseqüentemente, na                     variável, importante no diagnóstico e no acompanhamento de pro-
permeabilidade da membrana da célula muscular. Este processo                   cessos, patológicos ou não, que conduzam o músculo a condições
provocaria, por sua vez, um desequilíbrio na concentração destes               de fadiga.
mesmos íons, o que reduziria a VCPAUM(3,16). A literatura também
                                                                               Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito
destaca que a variável TMC contribuiria para a instalação da fadiga,
                                                                               de interesses referente a este artigo.
principalmente, após a metade do tempo total gasto na tarefa(15), o
302                                                                                                           Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004
REFERÊNCIAS
 1. Dimitrova NA, Dimitrov GV. Interpretation of EMG changes with fatigue: facts,        12. Lowery M, Nolan P, O’Malley MJ. Electromyogram median frequency, spectral
    pitfalls, and fallacies. J Electromyogr Kinesiol 2003;13:13-36.                          compression and muscle fibre conduction velocity during sustained sub-maxi-
 2. Mccomas AJ. Fatigue. In: Skeletal Muscle – Form and function. Human Kinet-               mal contraction of brachioradialis muscle. J Electromyogr Kinesiol 2002;12:111-
    ics, 1996.                                                                               8.
 3. Enoka RM, Stuart DG. Neurobiology of muscle fatigue. J Appl Physiol 1992;72:         13. Masuda T, Sadoyama T, Shiraishi M. Dependence of average muscle fibre con-
    1631-48.                                                                                 duction velocity on voluntary contraction force. J Electromyogr Kinesiol 1996;6:
                                                                                             267-76.
 4. Latash ML. Fatigue. In: Neurophysiological basis of movement. Human Kinet-
    ics, 1998.                                                                           14. Nishizono H, Saito Y, Miyashita M. The estimation of conduction velocity in hu-
                                                                                             man skeletal muscle in situ with surface electrodes. Electroenceph Clin Neuro-
 5. Hermens HJ, Freriks B, Merletti R, Stegeman D, Blok J, Rau G, et al. European
                                                                                             physiol 1979;46:659-64.
    Recommendations for Surface Electromyography – SENIAM, n. 8, 1999.
                                                                                         15. Christova P, Kossev A, Kristev I, Chichov V. Surface EMG recorded by branched
 6. Broman H, Bilotto G, De Luca CJ. Myoelectric signal conduction velocity and
                                                                                             electrodes during sustained muscle activity. J Electromyogr Kinesiol 1999;9:263-
    spectral parameters: influence of force and time. J Appl Physiol 1985;58:1428-37.
                                                                                             76.
 7. Zennaro D, Läubli T, Krebs D, Klipstein A, Krueger H. Continuous, intermitted
                                                                                         16. Fitts RH. Cellular mechanisms of muscle fatigue. Physiol Rev 1994;74:49-74.
    and sporadic motor unit activity in the trapezius muscle during prolonged com-
    puter work. J Electromyogr Kinesiol 2003;13:113-24.                                  17. V∅llestad NK. Measurement of human fatigue. J Neurosci Methods 1997;74:
                                                                                             219-27.
 8. Zijdewind I, Zwarts MJ, Kernell D. Fatigue-associated changes in the electromyo-
    gram of the human first dorsal interosseous muscle. Muscle Nerve 1999;22:            18. Brody LR, Pollock MT, Roy SH, De Luca CJ, Celli B. pH-induced effects on me-
    1432-6.                                                                                  dian frequency and conduction velocity of the myoelectric signal. J Appl Physiol
                                                                                             1991;71:1878-85.
 9. Gantchev N, Kossev A, Gydikov A, Gerasimenko Y. Relation between the motor
    units recruitment threshold and their potentials propagation velocity at isomet-     19. Murthy G, Hargens AR, Lehman S, Rempel DM. Ischemia causes muscle fa-
    ric activity. Electromyogr Clin Neurophysiol 1992;32:221-8.                              tigue. J Orthop Res 2001;19;436-40.
10. Tokunaga T. Muscle fiber conduction velocity and frequency parameters of sur-        20. Seals DR, Enoka RM. Sympathetic activation is associated with increases in
    face EMG during fatigue of the human masseter muscle. 1. Muscle fiber con-               EMG during fatiguing exercise. J Appl Physiol 1989;66:88-95.
    duction velocity. Nippon Hotetsu Shika Gakkai Zasshi 1989;33:696-709.                21. Winter DA. Biomechanics and motor control of human movement. 2nd ed. Ed:
11. Farina D, Arendt-Nielsen L, Merletti R, Graven-Nielsen T. Assessment of single           John Wiley & Sons, Inc., 1990.
    motor unit conduction velocity during sustained contractions of the tibialis ante-   22. Gydikov A, Dimitrova N, Kosarov D, Dimitrov G. Influence of frequency and du-
    rior muscle with advanced spike triggered averaging. J Neurosci Methods 2002;            ration of firing on the shape of potentials from different types of motor units in
    115:1-12.                                                                                human muscles. Exp Neurol 1976;52:345-55.




Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004                                                                                                                    303

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Treinamento aeróbico em pacientes neurológicos
Treinamento aeróbico em pacientes neurológicos Treinamento aeróbico em pacientes neurológicos
Treinamento aeróbico em pacientes neurológicos
Gilmar Roberto Batista
 
Balbino lizardo, 2008
Balbino lizardo, 2008Balbino lizardo, 2008
Balbino lizardo, 2008
Florr Verasay
 
Crioterapia força e potencia
Crioterapia força e potenciaCrioterapia força e potencia
Crioterapia força e potencia
Fernando Farias
 
ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA E DINAMOMÉTRICA DOS EFEITOS DO REPOUSO E DA CRIOTERA...
ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA E DINAMOMÉTRICA DOS EFEITOS DO REPOUSO E DA CRIOTERA...ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA E DINAMOMÉTRICA DOS EFEITOS DO REPOUSO E DA CRIOTERA...
ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA E DINAMOMÉTRICA DOS EFEITOS DO REPOUSO E DA CRIOTERA...
Fernando S. S. Barbosa
 
Materia de treinamento parte 4
Materia de treinamento parte 4Materia de treinamento parte 4
Materia de treinamento parte 4
Tiago Pereiras
 
Métodos de avaliação física
Métodos de avaliação físicaMétodos de avaliação física
Métodos de avaliação física
Joao P. Dubas
 
Treinamento neuromuscular1
Treinamento neuromuscular1Treinamento neuromuscular1
Treinamento neuromuscular1
Junior Ribeiro
 
A Comparação do VO2Max. e Antropometria no Futebol.Revista Cientifica de Ciên...
A Comparação do VO2Max. e Antropometria no Futebol.Revista Cientifica de Ciên...A Comparação do VO2Max. e Antropometria no Futebol.Revista Cientifica de Ciên...
A Comparação do VO2Max. e Antropometria no Futebol.Revista Cientifica de Ciên...
LUCIANO SOUSA FISIOLOGISTA
 
ANÁLISE DA FORÇA EM ATLETAS JUVENIS DE PUNHOBOL
ANÁLISE DA FORÇA EM ATLETAS JUVENIS DE PUNHOBOLANÁLISE DA FORÇA EM ATLETAS JUVENIS DE PUNHOBOL
ANÁLISE DA FORÇA EM ATLETAS JUVENIS DE PUNHOBOL
Keith Sato Urbinati Urbinati
 
Metodos de treinamento neuromuscular
Metodos de treinamento neuromuscularMetodos de treinamento neuromuscular
Metodos de treinamento neuromuscular
washington carlos vieira
 
Forca e torq rot int e ext ombro
Forca e torq rot int e ext ombroForca e torq rot int e ext ombro
Forca e torq rot int e ext ombro
RODRIGO Aristides
 
Musculação bases metodológicas
Musculação   bases metodológicasMusculação   bases metodológicas
Musculação bases metodológicas
washington carlos vieira
 
treinamento neuromuscular
treinamento neuromusculartreinamento neuromuscular
treinamento neuromuscular
Claudio Pereira
 
Santos et al[1]. por - supl creatina - 2004
Santos et al[1].   por - supl creatina - 2004Santos et al[1].   por - supl creatina - 2004
Santos et al[1]. por - supl creatina - 2004
Muryllo Sirqueira Lopes Dos Santos
 
Artigo 1
Artigo 1Artigo 1
Relação eletromiográfica integrada dos músculos VMO e VL
Relação eletromiográfica integrada dos músculos VMO e VLRelação eletromiográfica integrada dos músculos VMO e VL
Relação eletromiográfica integrada dos músculos VMO e VL
FUAD HAZIME
 
ATIVAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA EM EXERCÍCIOS SOBRE A PRANCHA DE EQUILÍBRIO
ATIVAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA EM EXERCÍCIOS SOBRE A PRANCHA DE EQUILÍBRIOATIVAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA EM EXERCÍCIOS SOBRE A PRANCHA DE EQUILÍBRIO
ATIVAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA EM EXERCÍCIOS SOBRE A PRANCHA DE EQUILÍBRIO
Tayane Correa
 
Espondilólise e es pondilolistese em ginastas jovens
Espondilólise e es pondilolistese em ginastas jovensEspondilólise e es pondilolistese em ginastas jovens
Espondilólise e es pondilolistese em ginastas jovens
adrianomedico
 
Curso Musculação de Alta Intensidade
Curso Musculação de Alta IntensidadeCurso Musculação de Alta Intensidade
Curso Musculação de Alta Intensidade
marcelosilveirazero1
 
Treinamento e aperfeiçoamento das capacidades físicas
Treinamento e aperfeiçoamento das capacidades físicasTreinamento e aperfeiçoamento das capacidades físicas
Treinamento e aperfeiçoamento das capacidades físicas
Rafael Laurindo
 

Mais procurados (20)

Treinamento aeróbico em pacientes neurológicos
Treinamento aeróbico em pacientes neurológicos Treinamento aeróbico em pacientes neurológicos
Treinamento aeróbico em pacientes neurológicos
 
Balbino lizardo, 2008
Balbino lizardo, 2008Balbino lizardo, 2008
Balbino lizardo, 2008
 
Crioterapia força e potencia
Crioterapia força e potenciaCrioterapia força e potencia
Crioterapia força e potencia
 
ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA E DINAMOMÉTRICA DOS EFEITOS DO REPOUSO E DA CRIOTERA...
ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA E DINAMOMÉTRICA DOS EFEITOS DO REPOUSO E DA CRIOTERA...ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA E DINAMOMÉTRICA DOS EFEITOS DO REPOUSO E DA CRIOTERA...
ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA E DINAMOMÉTRICA DOS EFEITOS DO REPOUSO E DA CRIOTERA...
 
Materia de treinamento parte 4
Materia de treinamento parte 4Materia de treinamento parte 4
Materia de treinamento parte 4
 
Métodos de avaliação física
Métodos de avaliação físicaMétodos de avaliação física
Métodos de avaliação física
 
Treinamento neuromuscular1
Treinamento neuromuscular1Treinamento neuromuscular1
Treinamento neuromuscular1
 
A Comparação do VO2Max. e Antropometria no Futebol.Revista Cientifica de Ciên...
A Comparação do VO2Max. e Antropometria no Futebol.Revista Cientifica de Ciên...A Comparação do VO2Max. e Antropometria no Futebol.Revista Cientifica de Ciên...
A Comparação do VO2Max. e Antropometria no Futebol.Revista Cientifica de Ciên...
 
ANÁLISE DA FORÇA EM ATLETAS JUVENIS DE PUNHOBOL
ANÁLISE DA FORÇA EM ATLETAS JUVENIS DE PUNHOBOLANÁLISE DA FORÇA EM ATLETAS JUVENIS DE PUNHOBOL
ANÁLISE DA FORÇA EM ATLETAS JUVENIS DE PUNHOBOL
 
Metodos de treinamento neuromuscular
Metodos de treinamento neuromuscularMetodos de treinamento neuromuscular
Metodos de treinamento neuromuscular
 
Forca e torq rot int e ext ombro
Forca e torq rot int e ext ombroForca e torq rot int e ext ombro
Forca e torq rot int e ext ombro
 
Musculação bases metodológicas
Musculação   bases metodológicasMusculação   bases metodológicas
Musculação bases metodológicas
 
treinamento neuromuscular
treinamento neuromusculartreinamento neuromuscular
treinamento neuromuscular
 
Santos et al[1]. por - supl creatina - 2004
Santos et al[1].   por - supl creatina - 2004Santos et al[1].   por - supl creatina - 2004
Santos et al[1]. por - supl creatina - 2004
 
Artigo 1
Artigo 1Artigo 1
Artigo 1
 
Relação eletromiográfica integrada dos músculos VMO e VL
Relação eletromiográfica integrada dos músculos VMO e VLRelação eletromiográfica integrada dos músculos VMO e VL
Relação eletromiográfica integrada dos músculos VMO e VL
 
ATIVAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA EM EXERCÍCIOS SOBRE A PRANCHA DE EQUILÍBRIO
ATIVAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA EM EXERCÍCIOS SOBRE A PRANCHA DE EQUILÍBRIOATIVAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA EM EXERCÍCIOS SOBRE A PRANCHA DE EQUILÍBRIO
ATIVAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA EM EXERCÍCIOS SOBRE A PRANCHA DE EQUILÍBRIO
 
Espondilólise e es pondilolistese em ginastas jovens
Espondilólise e es pondilolistese em ginastas jovensEspondilólise e es pondilolistese em ginastas jovens
Espondilólise e es pondilolistese em ginastas jovens
 
Curso Musculação de Alta Intensidade
Curso Musculação de Alta IntensidadeCurso Musculação de Alta Intensidade
Curso Musculação de Alta Intensidade
 
Treinamento e aperfeiçoamento das capacidades físicas
Treinamento e aperfeiçoamento das capacidades físicasTreinamento e aperfeiçoamento das capacidades físicas
Treinamento e aperfeiçoamento das capacidades físicas
 

Destaque

Creatina quinase
Creatina quinaseCreatina quinase
Creatina quinase
TBQ-RLORC
 
Fisiologia do exercício e pressão arterial
Fisiologia do exercício e pressão arterialFisiologia do exercício e pressão arterial
Fisiologia do exercício e pressão arterial
Luana Santos
 
Conversões de Unidades de medidas (Volume, Pressões, Massa e Temperatura )
Conversões de Unidades de medidas (Volume, Pressões, Massa e Temperatura )Conversões de Unidades de medidas (Volume, Pressões, Massa e Temperatura )
Conversões de Unidades de medidas (Volume, Pressões, Massa e Temperatura )
Janielson Lima
 
Aula 1 unidade i fundamentos de cinesiologia
Aula 1 unidade i fundamentos de cinesiologiaAula 1 unidade i fundamentos de cinesiologia
Aula 1 unidade i fundamentos de cinesiologia
Secretaria Municipal da Cidade do Rio de Janeiro
 
Fisiologia do exercício 03
Fisiologia do exercício 03Fisiologia do exercício 03
Fisiologia do exercício 03
washington carlos vieira
 
Aula 2 - Bioenergetica - Fisiologia do exercício
Aula 2   - Bioenergetica - Fisiologia do exercícioAula 2   - Bioenergetica - Fisiologia do exercício
Aula 2 - Bioenergetica - Fisiologia do exercício
Felipe P Carpes - Universidade Federal do Pampa
 
Sistema de Numeração Decimal, Unidade, dezena e centena
Sistema de Numeração Decimal, Unidade, dezena e centenaSistema de Numeração Decimal, Unidade, dezena e centena
Sistema de Numeração Decimal, Unidade, dezena e centena
Aline Manzini
 

Destaque (7)

Creatina quinase
Creatina quinaseCreatina quinase
Creatina quinase
 
Fisiologia do exercício e pressão arterial
Fisiologia do exercício e pressão arterialFisiologia do exercício e pressão arterial
Fisiologia do exercício e pressão arterial
 
Conversões de Unidades de medidas (Volume, Pressões, Massa e Temperatura )
Conversões de Unidades de medidas (Volume, Pressões, Massa e Temperatura )Conversões de Unidades de medidas (Volume, Pressões, Massa e Temperatura )
Conversões de Unidades de medidas (Volume, Pressões, Massa e Temperatura )
 
Aula 1 unidade i fundamentos de cinesiologia
Aula 1 unidade i fundamentos de cinesiologiaAula 1 unidade i fundamentos de cinesiologia
Aula 1 unidade i fundamentos de cinesiologia
 
Fisiologia do exercício 03
Fisiologia do exercício 03Fisiologia do exercício 03
Fisiologia do exercício 03
 
Aula 2 - Bioenergetica - Fisiologia do exercício
Aula 2   - Bioenergetica - Fisiologia do exercícioAula 2   - Bioenergetica - Fisiologia do exercício
Aula 2 - Bioenergetica - Fisiologia do exercício
 
Sistema de Numeração Decimal, Unidade, dezena e centena
Sistema de Numeração Decimal, Unidade, dezena e centenaSistema de Numeração Decimal, Unidade, dezena e centena
Sistema de Numeração Decimal, Unidade, dezena e centena
 

Semelhante a 22046

TREINAMENTO DE POTENCIA MUSCULAR
TREINAMENTO DE POTENCIA MUSCULARTREINAMENTO DE POTENCIA MUSCULAR
TREINAMENTO DE POTENCIA MUSCULAR
www.personalalexandre.com.br
 
Atividade Eletromiográfica de Músculos Lombares Durante Contrações Isométrica...
Atividade Eletromiográfica de Músculos Lombares Durante Contrações Isométrica...Atividade Eletromiográfica de Músculos Lombares Durante Contrações Isométrica...
Atividade Eletromiográfica de Músculos Lombares Durante Contrações Isométrica...
Fernando S. S. Barbosa
 
Reconstrução do ligamento patelofemoral medial pela técnica anatômica do dupl...
Reconstrução do ligamento patelofemoral medial pela técnica anatômica do dupl...Reconstrução do ligamento patelofemoral medial pela técnica anatômica do dupl...
Reconstrução do ligamento patelofemoral medial pela técnica anatômica do dupl...
David Sadigursky
 
Desempenho motor em séries múltiplas até a falha concêntrica
Desempenho motor em séries múltiplas até a falha concêntricaDesempenho motor em séries múltiplas até a falha concêntrica
Desempenho motor em séries múltiplas até a falha concêntrica
Fernando Farias
 
Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento – Encurtamento: Revisão Persp...
Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento – Encurtamento: Revisão Persp...Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento – Encurtamento: Revisão Persp...
Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento – Encurtamento: Revisão Persp...
Fernando Farias
 
Avaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadores
Avaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadoresAvaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadores
Avaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadores
FUAD HAZIME
 
Simpósio internacional métodos avançados us
Simpósio internacional métodos avançados usSimpósio internacional métodos avançados us
Simpósio internacional métodos avançados us
Cibele Carvalho
 
Estudo de eletro estimulação como auxiliar na marcha de pessoas com lesão med...
Estudo de eletro estimulação como auxiliar na marcha de pessoas com lesão med...Estudo de eletro estimulação como auxiliar na marcha de pessoas com lesão med...
Estudo de eletro estimulação como auxiliar na marcha de pessoas com lesão med...
Ana Oliveira
 
Métodos de medição todos
Métodos de medição   todosMétodos de medição   todos
Métodos de medição todos
jorge luiz dos santos de souza
 
Ativação muscular estabilizadora da patela e do quadril durante exercícios d ...
Ativação muscular estabilizadora da patela e do quadril durante exercícios d ...Ativação muscular estabilizadora da patela e do quadril durante exercícios d ...
Ativação muscular estabilizadora da patela e do quadril durante exercícios d ...
Fernanda Emikaele
 
Escala de fugl meyer (brasil)
Escala de fugl meyer (brasil)Escala de fugl meyer (brasil)
Escala de fugl meyer (brasil)
juuliacarolina
 
DEFICIÊNCIA MUSCULAR E OBESIDADE VISCERAL
DEFICIÊNCIA MUSCULAR E OBESIDADE VISCERALDEFICIÊNCIA MUSCULAR E OBESIDADE VISCERAL
DEFICIÊNCIA MUSCULAR E OBESIDADE VISCERAL
Van Der Häägen Brazil
 
Fisiologia neuromuscular 02
Fisiologia neuromuscular 02Fisiologia neuromuscular 02
Fisiologia neuromuscular 02
washington carlos vieira
 
Dimensão funcional da af ligada à saúde prof daniela
Dimensão funcional da af ligada à saúde   prof danielaDimensão funcional da af ligada à saúde   prof daniela
Dimensão funcional da af ligada à saúde prof daniela
jorge luiz dos santos de souza
 
Artigo atividade física e envelhecimento
Artigo atividade física e envelhecimentoArtigo atividade física e envelhecimento
Artigo atividade física e envelhecimento
Evitom de Sousa
 
Artigos mais saude avaliação da segurança do teste de caminhada dos 6 minut...
Artigos mais saude   avaliação da segurança do teste de caminhada dos 6 minut...Artigos mais saude   avaliação da segurança do teste de caminhada dos 6 minut...
Artigos mais saude avaliação da segurança do teste de caminhada dos 6 minut...
gvirtual
 
Influência do nível de força máxima na produção e manutenção da potência mu...
Influência do nível de força  máxima na produção e  manutenção da potência mu...Influência do nível de força  máxima na produção e  manutenção da potência mu...
Influência do nível de força máxima na produção e manutenção da potência mu...
Fernando Farias
 
Artigo Cientifico - Exercício físico, dano muscular e dor tardia (2007)
Artigo Cientifico - Exercício físico, dano muscular e dor tardia (2007)Artigo Cientifico - Exercício físico, dano muscular e dor tardia (2007)
Artigo Cientifico - Exercício físico, dano muscular e dor tardia (2007)
Rodrigo Monginho
 
Eletroneuromiografia (ENMG)
Eletroneuromiografia (ENMG)Eletroneuromiografia (ENMG)
Eletroneuromiografia (ENMG)
Welisson Porto
 
Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da força máxima e da...
Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da força máxima e da...Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da força máxima e da...
Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da força máxima e da...
Fernando Farias
 

Semelhante a 22046 (20)

TREINAMENTO DE POTENCIA MUSCULAR
TREINAMENTO DE POTENCIA MUSCULARTREINAMENTO DE POTENCIA MUSCULAR
TREINAMENTO DE POTENCIA MUSCULAR
 
Atividade Eletromiográfica de Músculos Lombares Durante Contrações Isométrica...
Atividade Eletromiográfica de Músculos Lombares Durante Contrações Isométrica...Atividade Eletromiográfica de Músculos Lombares Durante Contrações Isométrica...
Atividade Eletromiográfica de Músculos Lombares Durante Contrações Isométrica...
 
Reconstrução do ligamento patelofemoral medial pela técnica anatômica do dupl...
Reconstrução do ligamento patelofemoral medial pela técnica anatômica do dupl...Reconstrução do ligamento patelofemoral medial pela técnica anatômica do dupl...
Reconstrução do ligamento patelofemoral medial pela técnica anatômica do dupl...
 
Desempenho motor em séries múltiplas até a falha concêntrica
Desempenho motor em séries múltiplas até a falha concêntricaDesempenho motor em séries múltiplas até a falha concêntrica
Desempenho motor em séries múltiplas até a falha concêntrica
 
Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento – Encurtamento: Revisão Persp...
Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento – Encurtamento: Revisão Persp...Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento – Encurtamento: Revisão Persp...
Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento – Encurtamento: Revisão Persp...
 
Avaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadores
Avaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadoresAvaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadores
Avaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadores
 
Simpósio internacional métodos avançados us
Simpósio internacional métodos avançados usSimpósio internacional métodos avançados us
Simpósio internacional métodos avançados us
 
Estudo de eletro estimulação como auxiliar na marcha de pessoas com lesão med...
Estudo de eletro estimulação como auxiliar na marcha de pessoas com lesão med...Estudo de eletro estimulação como auxiliar na marcha de pessoas com lesão med...
Estudo de eletro estimulação como auxiliar na marcha de pessoas com lesão med...
 
Métodos de medição todos
Métodos de medição   todosMétodos de medição   todos
Métodos de medição todos
 
Ativação muscular estabilizadora da patela e do quadril durante exercícios d ...
Ativação muscular estabilizadora da patela e do quadril durante exercícios d ...Ativação muscular estabilizadora da patela e do quadril durante exercícios d ...
Ativação muscular estabilizadora da patela e do quadril durante exercícios d ...
 
Escala de fugl meyer (brasil)
Escala de fugl meyer (brasil)Escala de fugl meyer (brasil)
Escala de fugl meyer (brasil)
 
DEFICIÊNCIA MUSCULAR E OBESIDADE VISCERAL
DEFICIÊNCIA MUSCULAR E OBESIDADE VISCERALDEFICIÊNCIA MUSCULAR E OBESIDADE VISCERAL
DEFICIÊNCIA MUSCULAR E OBESIDADE VISCERAL
 
Fisiologia neuromuscular 02
Fisiologia neuromuscular 02Fisiologia neuromuscular 02
Fisiologia neuromuscular 02
 
Dimensão funcional da af ligada à saúde prof daniela
Dimensão funcional da af ligada à saúde   prof danielaDimensão funcional da af ligada à saúde   prof daniela
Dimensão funcional da af ligada à saúde prof daniela
 
Artigo atividade física e envelhecimento
Artigo atividade física e envelhecimentoArtigo atividade física e envelhecimento
Artigo atividade física e envelhecimento
 
Artigos mais saude avaliação da segurança do teste de caminhada dos 6 minut...
Artigos mais saude   avaliação da segurança do teste de caminhada dos 6 minut...Artigos mais saude   avaliação da segurança do teste de caminhada dos 6 minut...
Artigos mais saude avaliação da segurança do teste de caminhada dos 6 minut...
 
Influência do nível de força máxima na produção e manutenção da potência mu...
Influência do nível de força  máxima na produção e  manutenção da potência mu...Influência do nível de força  máxima na produção e  manutenção da potência mu...
Influência do nível de força máxima na produção e manutenção da potência mu...
 
Artigo Cientifico - Exercício físico, dano muscular e dor tardia (2007)
Artigo Cientifico - Exercício físico, dano muscular e dor tardia (2007)Artigo Cientifico - Exercício físico, dano muscular e dor tardia (2007)
Artigo Cientifico - Exercício físico, dano muscular e dor tardia (2007)
 
Eletroneuromiografia (ENMG)
Eletroneuromiografia (ENMG)Eletroneuromiografia (ENMG)
Eletroneuromiografia (ENMG)
 
Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da força máxima e da...
Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da força máxima e da...Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da força máxima e da...
Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da força máxima e da...
 

22046

  • 1. ARTIGO ORIGINAL Comportamento temporal da velocidade de condução de potenciais de ação de unidades motoras sob condições de fadiga muscular Marco Antonio Cavalcanti Garcia1, José Magalhães1 e Luís Aureliano Imbiriba1 RESUMO Palavras-chave: Eletromiografia. Fadiga muscular. Potencial de ação da fibra mus- cular. A fadiga muscular, definida como a incapacidade na manuten- Palabras-clave: Eletromiografia. Fatiga muscular. Potencial de acción de la fibra ção de um nível esperado de força, tem sido amplamente investi- muscular. gada nas áreas clínica e desportiva. Na investigação dos efeitos da fadiga sobre a regulação da contração, a eletromiografia de super- fície (SEMG) tem sido uma importante ferramenta eletrodiagnósti- importante en este tipo de evaluación, a pesar de que comunmen- ca, pois diferentes parâmetros de análise podem ser extraídos a te es detectada a través de técnicas invasivas, mediante electro- partir do sinal de EMG. Dentre estes parâmetros, a velocidade de dos de borne o aguja. Asi mismo, el objetivo de este trabajo fue condução dos potenciais de ação das unidades motoras (VCPAUMs) estimar la VCPAUM a través de la SEMG, evaluando su comporta- tem sido uma variável importante neste tipo de avaliação, apesar miento temporal, en contracciones isométricas realizadas hasta la de comumente ser detectada através de técnicas invasivas, me- extenuación. Dieciocho voluntarios (nueve hombres y nueve mu- diante eletrodos de arame ou agulha. Assim, o objetivo deste tra- jeres; de edades entre 25,6 ± 6,8 años), alumnos de la EEFD/UFRJ, balho foi estimar a VCPAUM através da SEMG, avaliando o seu aceptaron de participar en el estudio. Las señales de EMG se to- comportamento temporal, em contrações isométricas realizadas maron a partir del músculo bíceps braquial derecho en tres dife- até a exaustão. Dezoito voluntários (nove homens e nove mulhe- rentes niveles (25%, 50 e 75% de la carga máxima (CM)), siendo, res; idade de 25,6 ± 6,8 anos), alunos da EEFD/UFRJ, consentiram entonces, divididos en 3 trechos, correspondientes al tiempo total em participar do estudo. Os sinais de EMG foram colhidos a partir de gasto de la tarea, denominados: início (T1), medio (T2) y fin (T3). do músculo bíceps braquial direito em três diferentes níveis (25%, La VCPAUM presentó redución temporal durante el pasaje por los 50 e 75% da carga máxima (CM)), sendo, então, divididos em três trechos (p < 0,0001), comparando todas las cargas. Entre tanto, se trechos, correspondentes ao tempo total gasto na tarefa, assim observó una queda abrupta de la VCPAUM en T3, principalmente denominados: início (T1), meio (T2) e fim (T3). A VCPAUM apre- en 50 e 75% de la CM (p < 0,05), cuando comparadas las cargas sentou redução temporal durante a passagem pelos trechos (p < de 25% de la CM. Los resultados apuntan que la VCPAUM sufre 0,0001), comparando todas as cargas. Entretanto, foi observada modificaciones en la medida en que halla una reducción en el pH uma queda abrupta da VCPAUM em T3, principalmente em 50 e intracelular, fundamental en la permeabilidad de la membrana ce- 75% da CM (p < 0,05), quando comparadas com a carga de 25% lular y que puede ser consecuencia de una diminución en el aporte da CM. Os resultados apontam que a VCPAUM sofre modifica- sanguíneo, por el aumento en el tiempo y en el nivel de contrac- ções na medida em que há uma redução no pH intracelular, funda- ción. Además de eso, la adaptación del uso de la SEMG para la mental na permeabilidade da membrana celular e que pode ser estimativa de la VCPAUM mostró una viabilidad en el uso del mé- decorrente de uma diminuição no aporte sanguíneo, pelo aumento todo como herramienta diagnóstica. no tempo e no nível de contração. Além disso, a adaptação no uso da SEMG para a estimativa da VCPAUM mostrou a viabilidade no uso do método como ferramenta diagnóstica. INTRODUÇÃO A fadiga muscular, definida como a incapacidade na manuten- RESUMEN ção de um nível esperado de força(1-3), tem sido amplamente inves- tigada nas áreas clínica e desportiva. Compreender os mecanis- Comportamiento temporal de la velocidad de conducción de mos que envolvem a regulação da contração muscular sob potencias de acción de las unidades motoras sobre condicio- condições de fadiga é de fundamental importância, na medida em nes de fatiga muscular que é desencadeada por uma série de fatores, tais como o tipo de La fatiga muscular, definida como la capacidad del mantenimiento músculo envolvido, duração da contração, nível de sobrecarga e de un nivel esperado de fuerza, viene siendo ampliamente investi- tipo de tarefa executada(3,4). gada en las áreas tanto clínica como deportiva. La investigación de Na investigação dos efeitos da fadiga sobre o padrão de contro- los efectos de la fatiga sobre la regulación de la contracción, la le da contração muscular, a eletromiografia (EMG) tem sido a téc- electromiografía de superficie (SEMG) tiene una importancia como nica eletrodiagnóstica mais utilizada e dentre as informações ex- herramienta electrodiagnóstica por que los diferentes parámetros traídas a partir do sinal mioelétrico há o comportamento temporal de análisis pueden ser extraídos de la señal de la EMG. Dentro de da amplitude, através de sua raiz média quadrática (valor RMS), e, estos parámetros la velocidad de conducción de las potencias de no domínio da freqüência, as freqüências média (FME) e mediana acción de las unidades motoras (VCPAUMs) ha sido una variable (FMD), havendo maior destaque para a segunda, em função de suas características estatísticas(5). Além destas variáveis, a veloci- 1. Laboratório de Biomecânica da EEFD/UFRJ. dade de propagação dos potenciais de ação das fibras musculares Recebido em 3/9/03. 2a versão recebida em 1/5/04. Aceito em 6/5/04. (VCPAFM) também tem permitido a realização de inúmeras obser- Endereço para correspondência: Rua Maranhão, 305, casa 5 – 20720- vações acerca das mudanças na permeabilidade do sarcolema em 230 – Rio de Janeiro, RJ. E-mail: garcia@eefd.ufrj.br; marcoacg@unisys. função do acúmulo de metabólitos e, conseqüentemente, nas suas com.br propriedades em relação à propagação dos PAFM(2,6). Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004 299
  • 2. Na investigação do comportamento da VCPAFM, eletrodos de um sistema de dinamometria, com capacidade para regulagem in- agulha são introduzidos no músculo, um método invasivo que traz dividual de altura e distância em relação à articulação do ombro maior precisão na monitoração das alterações decorrentes da fadi- direito (figura 1). Durante a realização dos testes, cada voluntário ga(7-10). Entretanto, apesar do método invasivo trazer maior qualida- permanecia sentado, com as articulações do joelho e quadril fle- de metodológica no procedimento e maior segurança nas informa- xionadas em aproximadamente 90o e membro superior posiciona- ções colhidas, eletrodos de agulha ou arame também trazem maior do segundo a figura 1. desconforto ao paciente e/ou atleta na etapa de colocação, além O protocolo experimental constou de um teste de carga máxi- de um encarecimento e de uma maior complexidade do exame. ma (CM) com duração de 5s, que precedeu a etapa de coleta de Com o objetivo de contornar tais problemas, diferentes propostas sinais. A partir da carga máxima alcançada foram calculadas as são apresentadas na literatura para a estimativa da velocidade de cargas percentuais administradas durante os testes de fadiga. Fo- condução de potenciais de ação de unidades motoras (VCPAUM) ram elas: 25%, 50% e 75% da CM. Os testes foram realizados em através da eletromiografia de superfície (SEMG), em que são utili- três diferentes dias e com um intervalo mínimo de 48 horas. Cada zados eletrodos de superfície adaptados para tal finalidade(6,11,12). teste consistiu de contrações isométricas mantidas até a exaus- Sugere-se, no entanto, que estes eletrodos, definidos a partir de tão, mediante feedback visual, com o auxílio de um monitor de um grande número de pequenas barras compostas de prata, e cujas computador (figura 1), para cada uma das cargas administradas dimensões podem alcançar até 1mm de espessura e 5mm de com- em ordem aleatória. O monitor de computador permanecia a uma primento, estejam configurados em série e embutidos em placas distância de aproximadamente 75cm do voluntário, sendo apenas especialmente construídas para esta tarefa(5). regulado verticalmente. A principal justificativa quanto ao uso deste tipo especial de ele- trodo é definida por uma menor captação de ruído, além de uma melhor resolução espacial do sinal de EMG(5,11). Logo, há a neces- sidade de utilizar eletrodos construídos e adaptados para este tipo de medida, normalmente comercializados, o que, ainda assim, encarece e dificulta o acesso ao uso desta técnica. Apesar do caráter não-invasivo, a SEMG demanda, na estimati- va da VCPAFM, um maior processamento computacional, dado que os eletrodos estarão captando a soma algébrica dos potenciais de ação das fibras musculares, representando, assim, o sinal bruto de EMG(13). Mesmo assim, tem-se demonstrado, através da utilização de eletrodos configurados para este propósito, como discutido anteriormente, a efetividade na estimativa da VCPAUM através da SEMG em diferentes condições de aplicação, excetuando-se aque- las que demandam contrações dinâmicas(11). Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi estimar a velocida- de de condução dos potenciais de ação das unidades motoras (VCPAUMs), determinando o seu comportamento temporal sob diferentes níveis de contração muscular e até a instalação da fadi- ga, mediante a adaptação desta técnica, ou seja, através de eletro- dos de superfície adesivos simples. MATERIAIS E MÉTODOS A amostra foi composta por 18 voluntários, alunos do curso de graduação da EEFD/UFRJ, sendo nove do sexo masculino e nove do sexo feminino (idade de 25,6 ± 6,8 anos), destros, praticantes de atividade física regular e sem histórico de lesões do sistema músculo-esquelético de membros superiores. Todos os voluntá- rios receberam orientação sobre os procedimentos adotados e as- Fig. 1 – Posição adotada pelos sujeitos durante a etapa de coleta do sinal sinaram termo de consentimento de participação no estudo (proje- de EMG. No monitor de computador são fornecidos a marca da carga alvo to cadastrado sob no 125/03), submetido e aprovado pelo Comitê e o traçado do nível de força atingido pelo voluntário. de Ética do HUCFF/UFRJ. O sistema de aquisição foi composto de um computador (Pen- tium – 200MHz), um conversor analógico-digital (DaqPad 1200 – A aquisição dos sinais de força e EMG foi definida a partir do NATIONAL INSTRUMENTS, EUA) de 12 bits e faixa dinâmica de momento do início da contração e interrompida quando a força ± 5V. Para captação dos sinais, foi utilizado um sistema de cabos não era mais capaz de ser mantida em aproximadamente 30% da com amplificadores, desenvolvido no Laboratório de Biomecânica carga predeterminada. da EEFD/UFRJ, com banda de freqüência limitada entre 10 e 500Hz Antes da colocação dos eletrodos, foi realizada tricotomia com e ganho total de 1.000, segundo normas da European Recommen- lâmina e limpeza com sabão neutro. Os eletrodos foram colocados dations for Surface Electromyography (5). Os programas de aquisi- sobre a região ventral do músculo bíceps braquial direito, seguindo ção e processamento dos sinais, assim como o desenvolvido para protocolo sugerido por Hermens et al.(5). Entretanto, para o cálculo a realização dos testes de força, foram elaborados em LabVIEW da VCPAUM, o protocolo sofreu uma modificação para a colocação (NATIONAL INSTRUMENTS, EUA). Eletrodos de superfície de Ag- de um terceiro eletrodo. A distância entre o acrômio e a fossa cubital AgCl (Meditrace® 200 – KENDALL, Canadá) foram utilizados para a foi tomada e o primeiro eletrodo colocado a 1/3 desta última. Os aquisição dos sinais de EMG. A freqüência de amostragem adota- outros dois eletrodos foram colocados sobre a projeção da linha da foi de 2kHz. entre os pontos anatômicos utilizados como referência (figura 2). Para a realização dos testes de fadiga foi desenvolvido um apa- O eletrodo de referência foi colocado sobre o epicôndilo medial do rato mecânico para apoio do membro superior direito e utilizado úmero. 300 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004
  • 3. comparações entre os trechos (início (T1), meio (T2) e fim (T3)) e entre as cargas (25%, 50% e 75% da CM) através da aplicação da ANOVA two-way, para medidas repetidas, e teste post hoc de Tukey, com nível de significância (α) igual a 0,05. A análise dos dados foi realizada através do pacote estatístico STATISTICA® 6.0 (StatSoft, USA). (dois canais) Fig. 2 – Esquema simplificado da disposição dos eletrodos de superfície sobre o ventre muscular do músculo bíceps braquial direito Para a estimação da VCPAUM através de eletrodos de superfí- Fig. 3 – A defasagem apresentada pelos sinais 1 e 2, colhidos pelos dois cie foi utilizado o método sugerido por Nishizono et al.(11). Ao ser pares de eletrodos, e de tamanhos iguais a 500 amostras (L), é de aproxi- madamente 100 amostras. Como a soma das duas janelas totaliza 1.000 realizado o teste de correlação cruzada entre os dois sinais capta- amostras e a defasagem é igual a 100, o valor de correlação mais alto se dos (canais 1 e 2) a partir de janelas de comprimento L, arbitraria- aproxima da amostra de número 600, sendo possível, então, estimar a mente definidas como iguais a 2000 amostras e equivalentes a um VCPAUM através da equação 1. A distância entre os eletrodos adotada segundo de sinal, e identificando o índice do elemento do vetor de para o cálculo foi de 3cm e a freqüência de amostragem de 2.000Hz. correlação cruzada que possui o valor máximo de ICmáx, é possível calcular a VCPAUM através da equação 1. D VCPAUM = x TA (1) VCPAUM = (ICmáx – L) x TA Onde, D é a distância entre os eletrodos, igual a 3cm; TA é a taxa de amostragem, igual a 2.000 amostras/s; L é a janela de 2.000 amostras. Para um melhor entendimento do procedimento adotado, a es- timativa da VCPAUM é apresentada na figura 3 através de sinais simulados e de uma janela L de tamanho igual a 500 amostras. Como discutido anteriormente, a VCPAUM foi calculada a partir de cada segundo de sinal, resultando em uma série temporal de dados cujos tamanhos apresentaram diferenças entre os sujeitos. Estas diferenças ocorreram em função dos tempos gastos na ma- Fig. 4 – Exemplo do comportamento temporal das variáveis VCPAUM (m/ nutenção da contração em cada uma das situações testadas até a s) e força (kg) de um dos sujeitos da amostra, nos trechos selecionados exaustão. Portanto, para efeito de tratamento estatístico e apre- (T1, T2 e T3) a partir da mediana, durante a manutenção de uma contração sentação dos resultados optou-se, arbitrariamente, por subdividir em 75% da CM. Os trechos destacados da VCPAUM representam aqueles cada série temporal válida em três diferentes trechos eqüidistan- extraídos para análise estatística. Observa-se que os trechos foram extraí- tes e com duração de cinco segundos cada. Definiu-se como série dos do sinal colhido a partir da força mantida até, no máximo, 15% abaixo temporal válida todo o trecho de sinal referente à manutenção da da CM (linha tracejada). contração, ou seja, sobre a manutenção da força até, no máximo, 15% abaixo da carga alvo (figura 4). Deste modo, cada teste resul- tou em três trechos que se aproximariam de uma representação RESULTADOS do comportamento inicial (T1), intermediário (T2) e final (T3) de todo o experimento (figura 4). Para a seleção dos trechos foi ado- A tabela 1 apresenta os tempos médios gastos em cada uma tado o seguinte método: T1 foi definido como os cinco segundos das cargas aplicadas nos testes de fadiga, refletindo a intensidade iniciais; T2 definido como os dois segundos anteriores e posterio- do esforço. res à mediana, também incluída, do trecho válido da série tempo- Ao compararmos os trechos T1, T2 e T3 entre os diferentes ral; e T3 definido como os cinco segundos finais. Posteriormente, níveis percentuais da CVM, não foi observada diferença significati- a média de cada trecho foi calculada, havendo apenas, para cada va para o fator “carga” (F(2,51) = 0,804; p = 0,45), mas houve dife- um dos sujeitos, três valores de referência da VCPAUM para cada rença entre os trechos (F(2,102) = 34,36; p < 0,0001) e uma interação uma das cargas analisadas. Na análise dos dados, foram efetuadas significativa entre estes dois fatores (F(4,102) = 2,63; p = 0,03). A Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004 301
  • 4. análise post hoc de Tukey mostrou que, quando comparado o tre- que poderia justificar o comportamento da VCPAUM nos trechos cho T3 entre as cargas, houve diferenças significativas entre 25% T1 e T2, isoladamente, onde não foram observadas diferenças es- e 50% (p = 0,04) e 25% e 75% (p = 0,01) da CM, resultando em tatísticas significativas entre as cargas (figura 5). Neste caso, su- queda acentuada da VCPAUM nas fases finais nestas cargas. Este põe-se que a variável TMC, entre os trechos T1 e T2, tenha sido tipo de comportamento é corroborado por alguns resultados en- suficiente para modificar, apenas parcialmente e, portanto, não sig- contrados na literatura(3,12,15). Alguns destes trabalhos apóiam a idéia nificativamente, as propriedades de permeabilidade da membrana de que a taxa na queda da VCPAUM é fundamentalmente determi- da fibra muscular. nada pelo nível da carga (NC) aplicada e pelo tempo de manuten- Quanto ao comportamento da VCPAUM em 50 e 75% da CM, ção da contração (TMC) (tabela 1), variáveis importante nas condi- os resultados apontam para uma acentuação no quadro decorren- ções de controle da permeabilidade da membrana da fibra muscular te das alterações de pH, discutidas anteriormente, em função do e que interferirão na propagação dos potenciais de ação(3,16), como aumento de NC, restringindo ainda mais o fluxo sanguíneo e, por- discutido a seguir. Por outro lado, quando foram comparadas as tanto, o controle no acúmulo de metabólitos(17,18). A literatura tam- cargas de 50% e 75% da CM, neste mesmo trecho (T3), não foi bém reforça a hipótese de que estas alterações, em cascata, pro- observada diferença significativa (p > 0,05) (figura 5). vocariam mudanças no processo de acoplamento entre os miofilamentos, pela incapacidade do retículo sarcoplasmático de TABELA 1 liberar íons Ca2+ no interior da fibra muscular, comprometendo, Resultados médios e desvios padrões dos tempos gastos na também, a mecânica contrátil e levando a uma queda na capacida- manutenção das contrações em cada uma das cargas aplicadas de de produção de força(17,19). Outra hipótese estabelece que com um aumento em NC e TMC, Cargas percentuais 25% da CM 50% da CM 75% da CM menor será a capacidade de perfusão sanguínea que até, aproxi- TMC (média ± DP) 213s (± 113s) 91s (± 55s) 56s (± 33s) madamente, 30% da CM, é ainda suficiente para impedir o surgi- CM = carga máxima; TMC = tempo de manutenção da contração. mento rápido de um quadro isquêmico no tecido. Sendo assim, ainda seria possível estabelecer um equilíbrio, mesmo que não prolongado, no nível do pH intracelular(15,20). Esta teoria vai ao en- contro do observado em 25% da CM, em que não foi constatada diferença significativa entre os trechos, não apresentando queda temporal significativa na VCPAUM. Por outro lado, Farina et al.(11), ao estimar a VCPAUM do músculo tibial anterior, encontraram de- clínio temporal desta variável com a manutenção de contrações isométricas em cargas de 25% da CM. Sugere-se, então, que a diferença esteja no fato de que, apesar da utilização de estímulo verbal, parte dos voluntários não tenha atingido TMCs superiores aos alcançados por alguns dos sujeitos (acima de três minutos e meio), resultado também refletido no alto desvio padrão, igual a 113 segundos. Acredita-se que a alta variabilidade no TMC em 25% da CM possa ter ocorrido em função da posição sugerida para a execução dos testes que, para alguns dos voluntários, foi definida como desconfortável e que, portanto, interromperam o teste não por terem atingido um quadro de exaustão, mas sim por descon- Fig. 5 – Comportamento médio da VCPAUM (m/s) entre os trechos (T1, T2 forto à posição adotada (figura 1). e T3) e entre as cargas (25%, 50% e 75% da CM) administradas durante Outra variável considerada importante, mas não avaliada, é a os testes motivação. Importante na realização de diferentes tarefas, princi- palmente em testes de longa duração, não foi descartada a hipóte- se de que tenha interferido nos resultados encontrados em 25% DISCUSSÃO da CM. Estudos envolvendo aspectos motivacionais têm sido rea- O método proposto, baseado no uso de eletrodos de superfície lizados no intuito de melhor se compreender os mecanismos pe- adesivos simples para a estimativa da VCPAUM, permitiu distin- los quais agem sobre tarefas de endurance, semelhantes aos dis- guir, de modo satisfatório, o comportamento temporal desta variá- cutidos neste trabalho(2,3). vel sob diferentes níveis de contração muscular até a exaustão. Respeitando normas quanto à colocação de eletrodos, o método CONCLUSÃO sugerido apresentou vantagens e uma simplicidade que permite a sua reprodução sem grandes custos, além da aplicação de um Alguns trabalhos têm relatado a importância da VCPAUM como método para cálculo da VCPAUM bem descrito pela literatura e indicador de fadiga muscular quando estão envolvidos mecanis- factível do ponto de vista computacional. No entanto, por não se mos de ordem periférica(11) e que é possível mensurá-la através de tratar de um método invasivo e que recorre à adaptação de um eletrodos de superfície especialmente desenvolvidos para esta método conhecido, o experimentador deverá assumir um rigor tarefa. Neste trabalho foi apresentada uma adaptação no uso de quanto ao protocolo de colocação dos eletrodos, respeitando, prin- eletrodos de superfície adesivos simples para a estimativa da cipalmente, a distância entre eles. VCPAUM. Estes demonstraram ser de fácil manuseio, baixo custo O comportamento temporal decrescente entre os trechos T1, e os resultados alcançados no cálculo da VCPAUM foram consis- T2 e T3 pode ser atribuído às mudanças decorrentes de uma mu- tentes com aqueles encontrados na literatura(2,14,21,22). Pode-se afir- dança no pH intracelular pelo acúmulo de íons H+, o que interferiria mar que esta metodologia é prática e simples na estimação desta no funcionamento das bombas Na+-K+ e, conseqüentemente, na variável, importante no diagnóstico e no acompanhamento de pro- permeabilidade da membrana da célula muscular. Este processo cessos, patológicos ou não, que conduzam o músculo a condições provocaria, por sua vez, um desequilíbrio na concentração destes de fadiga. mesmos íons, o que reduziria a VCPAUM(3,16). A literatura também Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito destaca que a variável TMC contribuiria para a instalação da fadiga, de interesses referente a este artigo. principalmente, após a metade do tempo total gasto na tarefa(15), o 302 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004
  • 5. REFERÊNCIAS 1. Dimitrova NA, Dimitrov GV. Interpretation of EMG changes with fatigue: facts, 12. Lowery M, Nolan P, O’Malley MJ. Electromyogram median frequency, spectral pitfalls, and fallacies. J Electromyogr Kinesiol 2003;13:13-36. compression and muscle fibre conduction velocity during sustained sub-maxi- 2. Mccomas AJ. Fatigue. In: Skeletal Muscle – Form and function. Human Kinet- mal contraction of brachioradialis muscle. J Electromyogr Kinesiol 2002;12:111- ics, 1996. 8. 3. Enoka RM, Stuart DG. Neurobiology of muscle fatigue. J Appl Physiol 1992;72: 13. Masuda T, Sadoyama T, Shiraishi M. Dependence of average muscle fibre con- 1631-48. duction velocity on voluntary contraction force. J Electromyogr Kinesiol 1996;6: 267-76. 4. Latash ML. Fatigue. In: Neurophysiological basis of movement. Human Kinet- ics, 1998. 14. Nishizono H, Saito Y, Miyashita M. The estimation of conduction velocity in hu- man skeletal muscle in situ with surface electrodes. Electroenceph Clin Neuro- 5. Hermens HJ, Freriks B, Merletti R, Stegeman D, Blok J, Rau G, et al. European physiol 1979;46:659-64. Recommendations for Surface Electromyography – SENIAM, n. 8, 1999. 15. Christova P, Kossev A, Kristev I, Chichov V. Surface EMG recorded by branched 6. Broman H, Bilotto G, De Luca CJ. Myoelectric signal conduction velocity and electrodes during sustained muscle activity. J Electromyogr Kinesiol 1999;9:263- spectral parameters: influence of force and time. J Appl Physiol 1985;58:1428-37. 76. 7. Zennaro D, Läubli T, Krebs D, Klipstein A, Krueger H. Continuous, intermitted 16. Fitts RH. Cellular mechanisms of muscle fatigue. Physiol Rev 1994;74:49-74. and sporadic motor unit activity in the trapezius muscle during prolonged com- puter work. J Electromyogr Kinesiol 2003;13:113-24. 17. V∅llestad NK. Measurement of human fatigue. J Neurosci Methods 1997;74: 219-27. 8. Zijdewind I, Zwarts MJ, Kernell D. Fatigue-associated changes in the electromyo- gram of the human first dorsal interosseous muscle. Muscle Nerve 1999;22: 18. Brody LR, Pollock MT, Roy SH, De Luca CJ, Celli B. pH-induced effects on me- 1432-6. dian frequency and conduction velocity of the myoelectric signal. J Appl Physiol 1991;71:1878-85. 9. Gantchev N, Kossev A, Gydikov A, Gerasimenko Y. Relation between the motor units recruitment threshold and their potentials propagation velocity at isomet- 19. Murthy G, Hargens AR, Lehman S, Rempel DM. Ischemia causes muscle fa- ric activity. Electromyogr Clin Neurophysiol 1992;32:221-8. tigue. J Orthop Res 2001;19;436-40. 10. Tokunaga T. Muscle fiber conduction velocity and frequency parameters of sur- 20. Seals DR, Enoka RM. Sympathetic activation is associated with increases in face EMG during fatigue of the human masseter muscle. 1. Muscle fiber con- EMG during fatiguing exercise. J Appl Physiol 1989;66:88-95. duction velocity. Nippon Hotetsu Shika Gakkai Zasshi 1989;33:696-709. 21. Winter DA. Biomechanics and motor control of human movement. 2nd ed. Ed: 11. Farina D, Arendt-Nielsen L, Merletti R, Graven-Nielsen T. Assessment of single John Wiley & Sons, Inc., 1990. motor unit conduction velocity during sustained contractions of the tibialis ante- 22. Gydikov A, Dimitrova N, Kosarov D, Dimitrov G. Influence of frequency and du- rior muscle with advanced spike triggered averaging. J Neurosci Methods 2002; ration of firing on the shape of potentials from different types of motor units in 115:1-12. human muscles. Exp Neurol 1976;52:345-55. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004 303