O documento discute a importância da atividade empreendedora e gestão de pequenas e médias empresas. Apresenta os estágios de crescimento das empresas, desde a acumulação de recursos até a diversificação, e as estratégias de crescimento associadas a cada estágio, como identificar oportunidades e desenvolver negócios dominantes. Também destaca fatores que inibem o potencial empreendedor, como a imagem social negativa do empreendedorismo e a aversão a riscos.
1. G. de Pequenas e Médias Empresas
Prof. Ricardo B.
GESTÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
Introdução
A disciplina Novos Negócios, ou iniciação empresarial, foi desenvolvida com base em pesquisas com
empreendedores, realizadas pelo autor e ministradas por ele no período de 1981 a 1987 no Curso de
Especialização em Administração para Graduados (CEAG) da Escola de Administração de Empresas
de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
O grande êxito alcançado pela matéria – cujos indicadores mais patentes foram as classes sempre
lotadas e a gama de negócios iniciados pelos alunos a partir dos ensinamentos do curso, como ilustra a
Figura 1 – levou o autor a escrever este livro. Pretende com isso auxiliar os colegas professores na
adoção da disciplina em outras instituições de ensino superior, com a repetição do sucesso em favor da
livre iniciativa.
O autor pretende, também, incentivar leitores alheios ao contexto universitário a considerarem a
possibilidade de se tornarem empreendedores e abrir seu negócio como uma alternativa à profissão
como empregado em empresas.
As experiências contadas por empreendedores foram escritas, sob a coordenação do professor Álvaro
Augusto Araújo Mello, por Mônica Nogueira e Helton Haddad da Silva, da Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, contratados pela revista EXAME, da Editora
Abril e colocados à disposição dos autores.
A ATIVIDADE EMPREENDEDORA
O empreendedor é o agente do processo de destruição criativa que, de acordo com Joseph A.
Schumpeter é o impulso fundamental que aciona e mantêm em marcha o motor capitalista,
constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e,
implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros.
Atividade empreendedora como opção de carreira
O desenvolvimento de novos empreendimentos é fundamental, não só para aqueles que decidem viver
diretamente de seu trabalho como empreendedores, mas também para os executivos que atuam em
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empresas. Isto porque as empresas precisam manter sua vitalidade empreendedora desenvolvendo
novos negócios a fim de continuarem a crescer e não se tornarem obsoletas, como podemos ver nos
seus estágios de crescimento apresentados em seguida.
ESTÁGIOS DE CRESCIMENTO DA EMPRESA
As empresas, de acordo com pesquisas do autor, passam por uma sucessão de estágios no
desenvolvimento dos seus negócios, conforme mostra a Figura 2.
Nem todas evoluem igualmente, algumas saltam estágios, outras desenvolvem estágios paralelamente,
outras, ainda, param de crescer e pouquíssimas chegam a percorrer todos os estágios.
Como o objetivo não é analisar os estágios de crescimento das empresas, mas falar sobre novos
negócios vamo-nos limitar a dar, em seguida, uma breve descrição de cada um deles.
Acumulando Recursos
A maioria das empresas é iniciada por um ou mais empreendedores que acumulam recursos
financeiros e técnicos para iniciar um empreendimento e vencer as barreiras á entrada no negócio
escolhido.
Explorando Oportunidade
Todo negócio é iniciado explorando-se uma oportunidade identificada pelo empreendedor no mercado.
A habilidade em evitar o rápido esgotamento da oportunidade, promovendo sua ampliação até se obter
um negócio estabilizado, representa o sucesso neste estágio.
Explorando Nicho de Mercado
A maioria dos negócios começa explorando um nicho de mercado. Assim, para crescer, devem vencer
as barreiras do esgotamento do nicho, isto é, expandir-se para além dos limites dessas barreiras.
Explorando Mercado
Conforme o empreendimento se desenvolve, explorando todo o mercado, encontra a barreira imposta
pelo esgotamento do mercado. A empresa, então, para continuar a crescer, precisa diversificar.
Explorando Negócios com Sinergia
A maioria das empresas procura iniciar a diversificação explorando negócios com sinergia, podendo
continuar a crescer até o esgotamento dos negócios com sinergia.
Explorando Negócios sem Sinergia
A empresa que quiser crescer, depois do esgotamento dos negócios com sinergia, deve orientar sua
diversificação explorando negócios sem sinergia. A barreira a este tipo de crescimento é o
esgotamento da capacidade gerencial da empresa, assim como a perda de criatividade para identificar
novas oportunidades.
Cada estágio de crescimento tem duas fases consecutivas: a primeira é a fase administrativa e a
segunda, a fase empreendedora.
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Fase Administrativa de Baixo Risco
A fase administrativa começa com cada novo estágio, e é nela que a empresa cresce, explorando o
negócio definido no estágio anterior. O enfoque é otimizar a orientação estratégica básica, procurando
aumentar a eficiência da empresa.
Esta fase é considerada de baixo risco porque nela são feitos somente ajustes internos na organização e
operações da empresa, à procura da maior eficiência possível. Como os ajustes são internos, eles estão
inteiramente sob controle da empresa. Eventuais erros são difíceis de acontecer e podem ser corrigidos
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sem grandes conseqüências. O máximo que, normalmente, pode ocorrer é a perda do élan de
crescimento.
A fase administrativa termina com o esgotamento do potencial de crescimento do estágio e, se a
empresa pretende continuar a crescer, deve entrar na fase seguinte, que é a fase empreendedora.
Fase Empreendedora de Alto Risco
A fase empreendedora começará quando o potencial de crescimento do estágio estiver esgotado e a
empresa quiser continuar a crescer. Para isto, ela precisa redefinir seu negócio. O enfoque é mudar a
orientação estratégica básica, procurando aumentar a eficácia da empresa.
Esta fase é considerada de alto risco, uma vez que nela são feitos ajustes fundamentais na relação da
empresa com o seu ambiente, à procura de maior eficácia.
Como os ajustes são externos, eles não estão inteiramente sob controle da empresa, dependem da
aceitação dos consumidores, reação dos concorrentes etc. Com isto, é muito mais fácil a ocorrência de
eventuais erros e suas conseqüências são bem mais graves. Um erro na redefinição do negócio
geralmente acarreta grandes prejuízos e, não raro, risco para a própria sobrevivência da empresa.
A fase empreendedora termina com a definição de nova orientação estratégica básica para a empresa e,
conseqüentemente, com a entrada num novo estágio de crescimento. Cada estágio de conjunto de
estágios tem a sua estratégia de crescimento.
ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO DOMINANTES
Na parte inferior da Figura 2, estão representadas as estratégias de crescimento dominantes para o
desenvolvimento lógico da empresa nos diversos estágios:
Identificar Oportunidades
Os empreendedores, no primeiro estágio de crescimento, acumulam recursos e procuram identificar
oportunidades de negócios para iniciar um empreendimento.
Atender a uma Necessidade
Após identificar uma oportunidade e vencer as barreiras à entrada no negócio, a empresa se
desenvolve, realizando e atendendo a uma necessidade do mercado.
Desenvolver Negócio Dominante
A empresa se desenvolve enfocando todo potencial do negócio desde sua consolidação num nicho de
mercado, no terceiro estágio de crescimento, sua expansão para todo mercado, no quarto estágio, até a
diversificação para negócios com sinergia, no quinto estágio. Todo o crescimento da empresa nesses
estágios se desenvolve com um único negócio. Por isso, chamamos essa estratégia de crescimento de
desenvolver negócio dominante. Mesmo a diversificação para atividades com sinergia é uma
complementação do negócio dominante.
Diversificar
A última estratégia de crescimento é a diversificação. É a mais perigosa, porque tende a fazer com que
a empresa perca sua orientação estratégica básica, isto é, a cultura que orienta informalmente a
organização. Por isso, sua adoção só será recomendada quando a empresa esgotar o seu mercado, no
quarto estágio de crescimento, e tiver razões muito fortes para querer continuar a crescer. Mesmo
assim, recomenda-se que a empresa comece a diversificar para negócios com sinergia com o seu
original, a fim de preservar, durante o maior tempo possível, sua orientação estratégica básica e só
quando as razões superarem a prudência é que deve diversificar para negócios sem sinergia.
Descritos os estágios de desenvolvimento dos negócios de uma empresa e suas estratégias de
crescimento dominantes, alertamos os executivos para a importância de manterem a vitalidade
empreendedora, atualizando-se com os conceitos aqui expostos, a fim de conseguirem superar, sem
mais riscos do que os necessários, as fases empreendedoras de sua empresa.
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A IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDOR NA FORMAÇÃO DA RIQUEZA DO PAÍS
A riqueza de uma nação é medida por sua capacidade de produzir, em quantidade suficiente, os bens e
serviços necessários ao bem-estar da população. Por este motivo, acreditamos que o melhor recurso de
que dispomos para solucionar os graves problemas sócio-econômicos pelos quais o Brasil passa é a
liberação da criatividade dos empreendedores, através da livre iniciativa, para produzir esses bens e
serviços.
Processo de Destruição Criativa
O economista Joseph A. Schumpeter descreveu a contribuição dos empreendedores, na formação da
riqueza do país, como o processo de “destruição criativa”. Este processo que, de acordo com
Schumpeter, é “o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista’‘, gera
constantemente novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados; revoluciona sempre a
estrutura econômica, destrói sem cessar a antiga e, continuamente, cria uma nova.
Foi o processo de destruição criativa que tornou obsoleta a caneta-tinteiro em favor da esferográfica, a
válvula eletrônica em favor do transistor, a régua de cálculo em favor da calculadora eletrônica, a
locomotiva a vapor em favor da elétrica ou a diesel etc.
Em todos estes casos e em muitos outros, foi a criatividade dos empreendedores que substituiu um
produto ou serviço mais caro e menos eficiente por outro mais barato, que executa melhor sua função.
As vantagens para todos são evidentes. Constantemente somos beneficiados por bens e serviços
melhores e mais acessíveis.
Com o processo de destruição criativa estamos desenvolvendo a capacidade do país em produzir, em
quantidade suficiente e a preços cada vez mais acessíveis, os bens e serviços necessários ao bem-estar
da nossa população.
Estatização e Capitalismo “Selvagem”
Infelizmente, existem no Brasil duas correntes que inibem o processo de destruição criativa, que forma
a riqueza do país. Uma é a estatização ou o excessivo controle sobre a atividade empreendedora,
criando privilégios em beneficio de minorias, como no caso da informática. A outra é o capitalismo
“selvagem”, ou oligopolista, que se manifesta na sua forma mais negra, através da comercialização e
abastecimento das nossas grandes cidades com produtos agrícolas. Tanto a estatização como o
capitalismo “selvagem”, forçam a população a pagar mais caro por produtos menos eficientes.
A ambição dos empreendedores em vencer todas as barreiras e dificuldades, inclusive todos os
empecilhos estatizantes, no desenvolvimento de seu empreendimento é decorrente da sua necessidade
de realização.
NECESSIDADE DE REALIZAR
Ser empreendedor significa ter, acima de tudo, a necessidade de realizar coisas novas, pôr em prática
idéias próprias, característica de personalidade e comportamento que nem sempre é fácil de se
encontrar. Psicologicamente, as pessoas podem ser divididas em dois grandes grupos, de acordo com
David McClelland: uma minoria que, quando desafiada por uma oportunidade, está disposta a
trabalhar arduamente para conseguir algo, e uma maioria que, na realidade, não se importa tanto assim.
As pessoas que têm necessidade de realizar se destacam porque, independente de suas atividades,
fazem com que as coisas aconteçam.
Bernard Shaw foi muito feliz ao descrever o inconformismo com o “status quo” daqueles que têm
grande necessidade de realizar. De acordo com ele: “O homem racional adapta-se ao mundo, irracional
tenta adaptar o mundo a si. Portanto, todo progresso depende do homem irracional”.
FATORES INIBIDORES DO POTENCIAL EMPREENDEDOR
Há muitos fatores que inibem o surgimento de novos empreendedores. Os três mais importantes são:
imagem social, disposição de assumir riscos e capital social dos potenciais empreendedores.
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Imagem Social
A maioria das pessoas que têm sucesso em suas carreiras profissionais nunca pensou seriamente na
possibilidade de iniciar um negócio próprio. Não é que elas não gostariam de se tornar
empreendedores bem-sucedidos, mas por não estarem dispostas a dar um passo, na sua opinião, para
trás, imprescindível ao sucesso, que significa abandonar o conforto de sua carreira bem-sucedida, para
sujar as mãos com atividades necessárias para iniciar um empreendimento próprio.
A realidade é que todo empreendedor que deseja ter sucesso precisa estar disposto a, no início,
desenvolver ele mesmo todas as atividades na sua empresa. É preciso fazer as compras, atender
pessoalmente a clientes e fornecedores, vender, entregar, fazer contabilidade e, eventualmente, até
limpeza. Não há nenhuma vergonha no trabalho honesto. Porém, muitos pensam que, após terem
atingido uma boa posição como empregados, as tarefas necessárias para iniciar um novo negócio vão
prejudicar a sua imagem social. Por este motivo, acabam preferindo permanecer no “conforto” do
emprego.
Aqueles incautos que tentam trazer para seu pequeno negócio as mesmas facilidades e mordomias das
grandes empresas poucas chances têm de sucesso. Fariam melhor se continuassem na segurança dos
seus bons empregos. A carreira de empreendedor não é para eles.
Disposição Para Assumir Riscos
Nem todas as pessoas têm a mesma disposição para assumir riscos. Muitos precisam de uma vida
regrada, horários certos, salário garantido no fim do mês e assim por diante. Esse tipo de pessoa não
foi feita para ser empreendedor. O empreendedor, por definição, tem de assumir riscos, e o seu sucesso
está na sua capacidade de conviver com eles e sobreviver a eles. Os riscos fazem parte de qualquer
atividade, e é preciso aprender a administrá-los. O empreendedor não é malsucedido nos seus negócios
porque sofre revezes, mas porque não sabe superá-los.
De outro lado, o risco financeiro e profissional, para aqueles que decidem iniciar o seu próprio
negócio, será muito menor do que se imagina, se esse início for bem-planejado. O risco financeiro
pode ser limitado a uma quantia predeterminada, suportável pelo empreendedor, não só pelo
planejamento, mas também pela divisão desse risco com sócios e, eventualmente, até com
fornecedores e clientes, como veremos no decorrer deste livro. Já o risco profissional é quase
inexistente, porque uma experiência empreendedora, mesmo que malsucedida, normalmente enriquece
o curriculum vitae e ajuda a encontrar um novo emprego. Qual o empreendedor que não quer ter um
gerente que já teve a sua própria empresa e, por isso mesmo, conhece a fundo todos os percalços desse
tipo de negócio?
Capital Social
Todos herdamos da nossa formação familiar, religiosa e escolar algo que, por facilidade, vamos
chamar de “capital social”. São os valores e idéias que subliminarmente nos foram incutidos por
nossos pais, professores, amigos e outros que influenciaram na nossa formação intelectual e que,
inconsciente- mente, orientam nossas vidas.
Um pai, engenheiro de uma grande empresa, pode, por exemplo, despertar nos filhos o ideal de seguir
a mesma carreira, devido à natural admiração que têm por ele. Dificilmente vão considerar a opção de
serem empreendedores, pois o sucesso, para eles, está ligado ao desenvolvimento de suas carreiras
como engenheiros em grandes organizações.
Outro exemplo do capital social como fator inibidor de potenciais empreendedores é uma forte
formação religiosa que leva muitos a considerarem o lucro como imoral. Essas pessoas têm vergonha
de desenvolver um negócio pelo lucro e, na eventualidade de se aventurarem a fazê-lo, procuram
outras razões para justificar o seu negócio, desprezando o lucro. Como conseqüência acabam
perseguindo objetivos que nada têm que ver com a realidade dos negócios e, por isso, fracassam.
Por outro lado, o filho de um empreendedor aprende desde cedo o valor e os riscos de um negócio
próprio. Para ele, ser empreendedor é tão natural como é ser médico para o filho de um médico. Além
de participar de muitos problemas e alegrias do pai empreendedor, ouviu numerosas discussões sobre
negócios entre os amigos da família, a ponto de, desde criança, sonhar em ser empreendedor.
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Há ainda um sem número de pessoas cujo capital social os leva a ser artistas, militares, esportistas,
marinheiros, pilotos etc. e, por isto mesmo, raramente vão vislumbrar ou ter interesse pela carreira de
empreendedor, apesar de que, na maioria dos casos, artistas ou esportistas de sucesso são, na realidade,
empreendedores do seu próprio talento.
PERÍODO DE LIVRE ESCOLHA PARA O POTENCIAL EMPREENDEDOR
Para as pessoas com necessidade de realizar, cuja imagem social não está em conflito com as
atividades necessárias para iniciar um negócio próprio, com disposição de assumir riscos e cujo capital
social é favorável a ser empreendedor, há dois tipos de condições que, de acordo com Patrick R. Liles
se tornam críticas: a primeira é como elas se vêem preparadas para o empreendimento, e a segunda é o
número de outros interesses e obrigações que elas vêem inibindo sua decisão. Liles dá ênfase ao fato
de que o importante é como as pessoas se vêem, já que não há nenhuma forma de medir a sua
preparação ou o nível de outros interesses e obrigações.
Preparo Para Empreender um Negócio Próprio
A avaliação mais objetiva do nosso preparo para empreender um negócio próprio é a percepção que
temos de nós próprios, que se reflete em nossa autoconfiança.
Por analogia, é raro alguém ousar fazer uma travessia a nado, se não se considerar razoavelmente
preparado para realizá-la, tendo, por isto mesmo, a autoconfiança necessária. O mesmo acontece com o
potencial empreendedor. Ele se sente preparado para iniciar um negócio próprio, em função do
domínio que possui sobre as tarefas que deverá desenvolver nesse negócio.
O que aprendemos na escola, no trabalho e através da observação do mundo à nossa volta é acumulado
ao longo de nossa vida. A maioria aprende mais rapidamente na juventude, quando tudo é novidade,
diminuindo esse ritmo à medida que os anos avançam. Portanto, o preparo de um indivíduo para iniciar
um negócio próprio cresce com seu domínio sobre as tarefas necessárias para o seu desenvolvimento,
com o aumento de sua capacidade gerencial e com o crescimento de sua visão empreendedora refletida
no seu domínio sobre a complexidade do negócio, como ilustra a Figura 3.
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Outros Interesses e Obrigações
O sucesso e a satisfação no emprego e na vida particular são os fatores que mais inibem as pessoas a
tomar a decisão de se tornar empreendedores. Elas não têm nenhuma motivação de assumir a incerteza
e o risco de um negócio próprio, se tudo vai bem.
Além disso, com sucesso no emprego surgem as obrigações normais da classe média, como aquisição
da casa própria, gastos com automóveis, empregados, filhos na escola, clubes, rodas sociais, que
acabam envolvendo as pessoas a ponto de, sem a garantia do salário, se sentirem inseguras. Para elas é
aterrorizante a idéia de ter de abrir mão de algumas dessas conquistas, devido a um possível revés num
negócio próprio.
Do exposto, concluímos que todo potencial empreendedor está sujeito a duas condições: a primeira é
sua percepção sobre seu preparo, que aumenta sua autoconfiança em iniciar um negócio próprio e a
segunda é sua visão de outros interesses e obrigações que minam esta autoconfiança. Como,
geralmente, estas duas condições estão deslocadas no tempo, a maioria dos potenciais empreendedores
tem um período de livre escolha. E o período em que se sentem preparados antes de estarem demais
comprometidos com outros interesses e obrigações, como ilustra a Figura 4.
MOTIVOS PARA INICIAR UM NEGÓCIO PRÓPRIO
Existe uma grande variedade de motivos que levam as pessoas a ter seu próprio negócio. Alguns dos
mais comuns são: vontade de ganhar muito dinheiro, mais do que seria possível na condição de
empregado; desejo de sair da rotina e levar suas próprias idéias adiante; vontade de ser seu próprio
patrão e não ter de dar satisfações a ninguém sobre seus atos; a necessidade de provar a si e aos outros
de que é capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefícios,
não só para si, mas para a sociedade.
Para cada um, os motivos são uma ponderação dos expostos, acrescidos de algumas particularidades
próprias. Mas é importante observar que, aparentemente, a maioria das empresas de sucesso foi
iniciada por homens ou mulheres motivados pela vontade de ganhar muito dinheiro e, em alguns casos,
pelo desejo de sair da rotina a que estavam submetidos.
Desenvolver um Negócio Próprio não é Difícil
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Há boas razões por que pessoas talentosas e ambiciosas deveriam considerar a opção de iniciar um
negócio próprio. A principal, é que desenvolver um negócio próprio não é tão difícil como pensa a
maioria. Além disso, o atual momento econômico brasileiro é extremamente favorável ao
desenvolvimento de novos negócios, porque a recessão do início dos anos 80 alterou os hábitos de
consumo da população, tornando obsoletas, rapidamente, as indústrias implantadas para a realidade
ilusória do milagre econômico dos anos 70 e criando oportunidades para o surgimento de outras,
orientadas para satisfazer os novos padrões de consumo que surgem.
Como se isto não bastasse, a recessão provocou ociosidade na capacidade produtiva, que pode ser
utilizada com grande facilidade para o desenvolvimento de novos produtos. Quem tiver uma boa idéia
pode ter certeza de que encontrará centenas de empresas prontas para desenhar, fabricar e distribuir
seus produtos. Do mesmo modo, há grande disponibilidade de talentos que não estão sendo
aproveitados plenamente e podem ser facilmente engajados num novo empreendimento.
Portanto, o que na realidade está faltando são empreendedores que criem novos negócios, a fim de
satisfazer a demanda e utilizar a capacidade ociosa produtiva e de pessoal disponível.
É nossa intenção, desafiar nossos leitores a considerar a atividade empreendedora como opção de
carreira e, assim, preencher a lacuna gerada pela falta de empreendedores para desenvolver o futuro do
Brasil. Procuramos demonstrar, também, através das experiências de empreendedores, que desenvolver
um negócio próprio pode ser divertido, além de lucrativo, e que é muito mais fácil ser bem-sucedido
do que se imagina.
Ser Empreendedor Também tem seu Custo
Ser empreendedor não é só ganhar muito dinheiro, ser independente ou realizar algo. Ser
empreendedor também tem um custo que muitos não estão dispostos a pagar. E preciso esquecer, por
exemplo, uma semana de trabalho de 40 horas, de segunda a sexta, das 8 às 18 horas e com duas horas
para o almoço. Normalmente, o empreendedor, mesmo aquele muito bem-sucedido, trabalha de 12 a
16 horas por dia, não raro 7 dias por semana. Ele sabe o valor do seu tempo e procura utilizá-lo
trabalhando arduamente na consecução dos seus objetivos.
Normalmente, quem investe tantas horas em trabalho sacrifica muitos aspectos de sua vida,
principalmente o lazer e a família, O preço da independência econômica pode ser muito alto. Para
muitos, alto demais. Mas para poucos, vale a pena arriscar.
Sucesso Depende de Três Etapas
O sucesso na criação de um negócio próprio depende basicamente do desenvolvimento, pelo
empreendedor, de três etapas: a primeira consiste em identificar a oportunidade de negócio e coletar
informações sobre ele; a segunda, em desenvolver o conceito do negócio, com base nas informações
coletadas na primeira, identificar os riscos, procurar experiências similares para avaliar esses riscos,
adotar medidas para reduzi-los, avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estratégia
competitiva a ser adotada; e a terceira consiste em implementar o empreendimento, iniciando pela
elaboração do plano de negócio, definição das necessidades de recursos e suas fontes, até sua completa
operacionalização.
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As etapas de criação de um negócio próprio e as suas fases, representadas esquematicamente no ciclo
de criação de um negócio próprio, apresentado na Figura 5.
A apresentação seqüencial das etapas e suas fases no ciclo de criação de um negócio próprio,
apresentado na Figura 5, tem por objetivo ordenar as idéias dos potenciais empreendedores, apesar de
que, na prática, esta ordem nunca é seguida rigorosamente. Os empreendedores desenvolvem fases
paralelas ou até pulam algumas, através do que chamamos “curto-circuito criativo”. E o fenômeno pelo
qual, de repente, o negócio fica claro e sua implementação muito fácil. É também a razão por que
poucos negócios têm sucesso real, e a maioria não consegue sair da mediocridade. Nesse caso, faltam
análise e visão para o empreendedor empolgado pelo “curto-circuito criativo”.
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QUESTÕES
1- Segundo Joseph A. Schumpeter o que é empreendedor?
2- Porque o desenvolvimento de novos empreendimentos é fundamental?
3- Quais são os estágios de crescimento da empresa?
4- Cada estágio de crescimento possui duas fases, quais são estas fases e o que reza cada uma?
5- Quais são as estratégias de crescimento dominantes?
6- Quais são as duas correntes que inibem de destruição criativa? Por quê?
7- Quais são os principais fatores inibidores do potencial empreendedor? E por que inibem o potencial
empreendedor?
8- Quais são os motivos mais comuns para iniciar o negócio próprio?
9- Quais são as três etapas, a que depende o sucesso na criação de um negócio próprio?