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FILOSOFIA RELIGIOSA DO MESSIAS:
DEUS AO REINO DO CÉU NA TERRA




     MESSSIAS



           VOLUME 4
              2010
2
INTRODUÇÃO


        “Messias” compreende três tópicos: Família, Trabalho e
Fé; Messiânica; Messiânica Mundial.
        Este volume apresenta a vida de Mokiti Okada, seus
pensamentos, palavras e ações, suas reencarnações, como se
tornou Meishu-Sama, anos mais tarde, Meshia-Sama, o Messias.
        Os 72 anos de existência de Mokiti Okada são
apresentados em três períodos: primeiro, que vai de 1882 a
1934, seus primeiros 52 anos de vida, passos iniciais na família,
trabalho e fé; o segundo, de 1935 a 1949, dos 52 aos 66 anos,
seus posteriores 15 anos, formando e desenvolvendo a
Messiânica; e o terceiro, de 1950 a 1955, dos 67 aos 72, seus
últimos cinco anos, edificando a Messiânica Mundial.
        O primeiro período - Família, Trabalho e Fé - compreende
três sub-períodos: “Caseiro comum e admirável” [1882-1904,
primeiros 22 anos], “Empresário de loja de aviamentos” [1905-
1919, 23 aos 37 anos] e “Religioso da Oomoto” [1920-1934, 38
aos 51]. O segundo período - Messiânica: “Criador de uma Ultra-
Religião” [1935-1943, 52-61], “Edificador de Solos Sagrados”
[1944-1949, 62-66] e “Revelador de seu Passado, Presente e
Futuro”. O terceiro período - Messiânica Mundial: “Começou a
usar o nome de Meishu-Sama” [1950-1953, 67-70], “Passou a ser
chamado de Meshia-Sama” [1954-1955, 71-72] e “Delineou o
Século XXI”.
        Meishu-Sama é o nome religioso de Mokiti Okada, assim
como, Sakyamuni é o nome religioso do príncipe Sidartha
Gautama que foi um Buda, e Jesus de Nazaré que foi um Cristo.
        O empresário Mokiti Okada, que viveu entre 1882 e
1955, teve várias reencarnações, numa delas, ele mesmo disse:
“Relacionando a minha vida à do Príncipe Shotoku, dá para
perceber a existência de pontos semelhantes entre as nossas
idéias porque, na verdade, eu sou uma reencarnação dele.”
                               3
Reencarnações conjecturadas, após a deste príncipe
regente Shotoku (574 d.C.-622 d.C.), foram a do general
Hideyoshi Toyotomi (século XVI) e o pintor Ogata Korin (1658-
1716). Vidas anteriores a do príncipe, que foram muito
significativas, data de cerca de três mil anos atrás, que será
explicitada neste trabalho.
        Eis o que o Meishu-Sama pensa a respeito destas últimas
personalidades vivenciadas por ele.
        No que se refere ao príncipe Shotoku:
        “Uma semelhança marcante entre a minha vida e a do
Príncipe Shotoku diz respeito às construções.”
        “Exemplifiquemos, primeiramente, com o príncipe
Shotoku, cujo vasto conhecimento sobre a cultura budista,
principalmente na parte artística, ninguém poderá deixar de
reconhecer. Temos a prova disso no Templo Horyuji e em outras
construções, que ainda conservam o esplendor da sua
magnificência, A sua famosa "Constituição dos 17 Artigos" de ser
considerada a base da lei japonesa.”
        Meishu-Sama sempre dizia: “"Trabalho dez vezes mais do
que qualquer homem.” Neste aspecto, lembra o príncipe regente
Shotoku, que ouvia dez pessoas ao mesmo tempo, coisa
impossível para uma pessoa comum.”
        No que diz respeito ao general Hideyoshi Toyotomi:
        “A maior honra, no entanto, desejamos conferir a
Hideyoshi Toyotomi (unificador dos feudos, no ano de 1573). A
grandeza de Hideyoshi Toyotomi reside no fato de ter
compreendido a Arte ainda na mocidade e colecionado obras-
primas, o que não deixa de ser algo surpreendente, dado que ele
era filho de lavrador. Geralmente, além de crescer sob condições
favoráveis, ou melhor, na classe acima da média, é necessário
um grande esforço para se atingir o nível do "saber das coisas"
[tieshokaku]. Hideyoshi, portanto, é de fato um homem
extraordinário, pois atingiu esse nível apesar de sua origem
humilde e de ter vivido continuamente em campos de batalha.”
                               4
No que tange ao pintor Ogata Korin:
        Quando Meishu-Sama tinha 25 anos de idade, abriu uma
loja em Tóquio, na Rua Nishinaka, Nihonbashi e deu o nome de
Korin-do em homenagem ao famoso artista Korin Ogata (1658-
1716), que Meishu-Sama mais admirava entre todos os artistas
japoneses.
        Mas, afinal, em poucas palavras, quem é Meishu-Sama?
Ele mesmo responde:
        “No presente, quando o mundo vagueia em tão caótica
situação, Deus enviou o Mestre Meishu-Sama, fundador da
Igreja Messiânica Mundial, com a suprema missão de realizar o
Seu sagrado objetivo de salvar toda a humanidade.”
        “Mesmo aquela estátua do Palácio dos Sonhos, que ficou
por longos anos oculta, indica simbolicamente o meu nascimento
como um Guce Kannon, isto é, um salvador da humanidade.”
        Antes de começar a primeira parte, isto é, transmitir a
vida de Meishu-Sama, expõe-se o que Meishu-Sama pensa,
através de suas próprias palavras, a respeito da transmissão de
sua existência:
        “Aqueles que me conhecem, cientes da grande obra de
salvação por mim realizada, naturalmente gostariam de saber
tudo o que for possível a meu respeito; no futuro, será
incalculável o número de pessoas, no mundo inteiro, que terão o
mesmo desejo. Assim, como criador do princípio do Mundo
Paradisíaco, pretendo deixar para as gerações vindouras a
imagem mais fiel de minha pessoa, e por isso escreverei a meu
respeito.
        Parece-me estranho que aqueles grandes religiosos –
Cristo [Jesus], Maomé (séc. VI d.C.) e Sakyamuni (séc. VI a.C.) -
nada tenham falado de si mesmos. É como se estivessem
trajados com magníficas vestes e não quisessem tirá-las; desse
modo, não podemos conhecer suas impressões e confissões.
Talvez eles não nos tenham revelado seu íntimo por não terem
vontade de fazê-lo, mas acho isso realmente lamentável.
                               5
Quanto a mim, acontece o contrário. Desejo escrever
tudo a meu respeito, com todos os detalhes. Provavelmente
encontrarão pontos incompreensíveis em minhas explanações,
fatos que lhes parecerão inverossímeis, grandes ou pequenos,
claros ou obscuros, finitos ou infinitos, etc. Saboreando minhas
palavras, conseguirão a sabedoria da vida e tornar-se-ão
possuidores de espírito inabalável.”
        Enfatizando mais ainda:
        “Todo acontecimento da vida cotidiana relacionada à
minha pessoa, por menor que seja, é Luz. Portanto, faça o
possível para transmitir isso a um maior número de pessoas.”
        “Sem levar em consideração o fato de saber redigir bem
ou não, todos vocês que servem perto de mim, têm o dever de
transmitir aos fiéis a minha vida diária. Vocês precisam observar
direito se realmente estou pondo em prática tudo o que digo ou
ensino aos membros, e registrar tudo tal qual têm observado.”
        “É importante que os mamehito saibam quem sou eu,
Meishu-Sama. Quando tiverem convicção absoluta do meu
poder, a sua alma ficará sólida como um diamante. Ao mesmo
tempo, a capacidade de atuação de cada um aumentará
consideravelmente. Assim todos conseguirão colaborar na Obra
Divina.
        Devem vocês, portanto, procurar entender do fundo do
coração, estas minhas palavras e, depois, colocá-las em prática o
maior número possível de vezes.”
        Em dois poemas:

       “Homens! Preparem-se!
       Grande Messias é o Sagrado Nome
       Daqueles que salvará o mundo no Juízo Final.

       A Era dos Deuses
       Será a era em que a Luz do Messias
       Iluminará ilimitadamente a Terra.
                               6
Ecoam mudas vozes de alegria
       Pelo surgimento do Messias
       Nos três mundos: Divino, Espiritual e Material.”


              “Sou homem e não sou homem
              Sou Deus e não sou Deus
              Fico a refletir sobre mim mesmo ...

              O Estado de União com Deus
              Refere-se à ação onde não existe distinção
              Entre a Obra de Deus ou a do homem.

              Serei eu
              A salvar este conturbado Mundo Material
              Manifestando a Força da União com Deus.”


        “Quanto ao museu, ficará para o ano que vem. Creio que
ele será comentado mundialmente, atraindo a atenção do
mundo inteiro. A obra ainda está na metade, mas quando estiver
totalmente concluída, causará assombro. Como resultado,
surgirá esta pergunta: ‘Afinal de contas, o que é a Igreja
Messiânica Mundial?’. Sabendo que se trata de uma Igreja
dirigida por um indivíduo chamado Meishu-Sama, quererão
saber quem é esse indivíduo. Assim, estou certo de que terá início
uma pesquisa sobre ele.”
        ““Entre o espaço de 10 e 20 anos, Ele construiu tudo
isto..." Eu acho que a partir de uma frase como esta, as
pesquisas sobre Mokiti Okada vão dar o seu passo de largada.
"Quem foi ele e qual a filosofia que pregava". Através destas e
de outras frases, todas as coisas que eu escrevi serão lidas em
todas as partes do mundo. E, como resultado concreto disso,
teremos que as pessoas não vão poder deixar de entender
                                7
sobre a superstição da Medicina e a superstição dos
fertilizantes muito utilizados até os dias de hoje. E ainda, como
vou construir a grandiosa obra que é o Paraíso Terrestre, vão
achar maravilhosas as minhas palavras e a minha ideologia e,
principalmente, vão entender que através dela é que vamos
implantar a verdadeira saúde. Todas as doenças vão ser
exterminadas. Teremos grandes colheitas sem nenhum tipo de
fertilizante ou adubo. E, ainda por cima, quando acabarmos
com o ateísmo, os criminosos também vão desaparecer.
         Como escrevo coisas do tipo extraordinário e até raro,
se forem lidas por pessoas que possuem pensamentos
deturpados, por mais que sejam coisas boas que estejam
escritas, de maneira alguma elas entram na cabeça destas
pessoas. Por outro lado, se for lido por pessoas que tenham o
pensamento: "Ele é diferente das pessoas comuns. Com
certeza não é um homem qualquer. O que será que ele quer
dizer com isso?", rapidamente se tornará um apreciador das
minhas palavras. Se não for por esta maneira, não se chegará
a lugar nenhum. E esta forma de fazer é uma atitude do Deus
Absoluto. Assim, dá para entender que Deus faz de uma forma
tão magnífica que chega a nos deixar boquiaberto, ou seja,
antes de tudo, Ele utiliza o Belo para chamar a atenção das
pessoas em geral. Eu acho que Deus faz tudo com muita
habilidade.”

        Assim, neste volume devido ao seu caráter excepcional
de abordar existência pessoal, são incluídas na Bibliografia
outras referências que trazem depoimentos de familiares, como
os livros de Ensinamentos de Nidai-Sama e trechos de palestras
de Kyoshu-Sama.




                               8
ÍNDICE


1. Família, Trabalho e Fé...................................................            011
1.1. Caseiro comum e admirável..............................................            011
1.2. Empresário de loja de aviamentos....................................               032
1.3. Religioso da Oomoto.........................................................       051

2. Messiânica....................................................................       089
2.1. Criador de uma Ultra-Religião...........................................           089
2.2. Edificador de Solos Sagrados.............................................          143
2.3. Revelador de seu Passado, Presente e Futuro...................                     172

3. Messiânica Mundial......................................................             241
3.1. Começou a usar o nome de Meishu-Sama........................                       241
3.2. Passou a ser chamado de Meshia-Sama............................                    313
3.3. Delineou o Século XXI........................................................      342

Síntese................................................................................... 353




                                              9
10
1. FAMÍLIA, TRABALHO E FÉ


1.1. Caseiro comum e admirável.

       De 1882 a 1904, ou seja, os primeiros vinte e dois anos.
       Neste item: Nascimento; Infância; Juventude.

● Nascimento.

       Neste ponto: Lugar e Tempo; Predição; Linhagem.

       Lugar e Tempo.

        Meishu-Sama disse as seguintes palavras: “Deus,
confiando essa grande missão a um simples ser humano como
eu, fez-me nascer neste mundo” e “Nasci em Hashiba localizado
em Assakussa, Tóquio, no dia 23 de dezembro de 1882”.

       Predição.

        Ele falou o seguinte a esse respeito:
        “Creio que a expressão “Luz do Oriente” surgiu há uns
dois mil anos, tendo-se propagado gradativamente a ponto de
hoje não existir quem a desconheça. Até agora, no entanto, por
ignorância do seu verdadeiro significado, ela continua envolvida
em mistério. Assim, gostaria de mostrar o que realmente
significa essa expressão.
        Indiscutivelmente, “Luz do Oriente” era uma predição
relacionada à minha pessoa. Não haverá quem não se espante
ao tomar conhecimento dessa verdade, e poucas pessoas
conseguirão aceitá-la de imediato. Por isso, tentarei me explicar
melhor, apresentando provas reais do que estou dizendo.

                               11
A primeira prova é o local onde nasci e o trajeto das
mudanças que fiz.
        O país chamado Japão, como todos sabem, localiza-se no
extremo leste do globo terrestre; acrescenta-se que Tóquio é
uma cidade do leste do Japão. O leste de Tóquio é Assakussa,
cujo leste, por sua vez, é Hashiba. Assim, Hashiba é realmente o
leste do leste; em termos mundiais, é o extremo leste do
mundo.”
        Em outras traduções ou ensinamentos:
        “A palavra "Luz do Oriente" é pronunciada desde a
Antigüidade, há muito tempo atrás, no Ocidente. Eu acho que
foi pelo Cristianismo. A partir daí, essa palavra foi transmitida
de boca em boca, mas para as pessoas ainda tem um
significado muito vago. Na verdade, até hoje elas não
entendem o verdadeiro significado dela.
        E é sobre isso que gostaria de falar no dia de hoje. A
Luz do Oriente, na verdade, se refere à minha pessoa. São
várias coisas, mas vou explicar da maneira mais clara para
poderem entender. O leste do Mundo é o Japão. É indiscutível
o fato do Japão se situar no extremo oriente do planeta.
Depois, o leste do Japão é Tókio. A tradução literal da palavra
"Tókio" é "capital do leste". O leste de Tókio é o bairro de
Assakussa. E o leste de Assakussa é Hashiba, local onde eu
nasci. Depois que nasci, eu vim me mudando, mas sempre em
direção ao Oeste.
        Primeiro foi o bairro de Senzokubashi, depois foi
Naniwatyo de Nihon-bashi, Kobikityo de Kyo-bashi, Oii de
Oota-ku, Tamagawa de Oomori, Hakone, Atami e, por último,
Kyoto. Notem que, se contarmos, veremos que foram 8
[número de Izunome] os lugares para onde me mudei e
sempre em direção ao Oeste.”
        “Analisando os diferentes aspectos da cultura japonesa.
Entre as religiões, o budismo, o cristianismo e o xintoísmo
nasceram no oeste e foram se propagando para o leste.
                               12
Nos últimos tempos, foi introduzida no país a cultura
ocidental, de modo que a maior parte de sua cultura provém do
oeste.
        Mas agora precisamos refletir: se, através dessa cultura
nascida no oeste, se tivesse conseguido formar um mundo ideal
de paz e felicidade que teria eu para falar? O que vemos,
entretanto, é justamente o contrário. Materialmente, o mundo
se tornou uma civilização magnífica, porém o mais importante,
que é a felicidade humana, não foi alcançada. O centro desse
desejo, na realidade, é a Luz do Oriente.
        Como podemos ver, os fundamentos da civilização
seguiram uma trajetória contrária à ordem natural, o que pode
ser muito bem compreendido ao observarmos a Natureza: o Sol
e a Lua despontam no leste e descrevem órbita em direção do
oeste. Sendo esta uma verdade eterna, o que nasce no leste
representa a própria Verdade. Assim, posso afirmar com toda
segurança que as pessoas que acreditarem em minhas palavras,
procedendo em conformidade com elas, conseguirão obter a
verdadeira felicidade. Em resumo: eu purificarei toda a água
turva impelida do oeste para o leste, devolvê-la-ei pura e
construirei um mundo límpido como o cristal.”
        “A atual cultura mundial nasceu no ocidente e
finalmente chegou ao Japão. Só que, como esta cultura foi
criada de forma desordenada, ao chegar ao Japão, ela será
reestruturada para a maneira certa e então devolvida
novamente para o Ocidente. Esse é o significado das palavras
ditas há pouco: "Puxar a água suja, deixá-la pura e devolvê-la
de volta". O trabalho da Igreja Messiânica é transformar todas
as coisas construídas com fins maléficos para coisas límpidas e
puras, e devolvê-las novamente para o Mundo.”
        “Se observarmos todas as culturas existentes no
mundo até hoje, veremos que todas partiram do Oeste. As
religiões também, como o Budismo, Cristianismo, Xintoísmo,
ou seja, os deuses, praticamente vieram do Oeste. O
                              13
Xintoísmo japonês nasceu com os descendentes do Imperador
Jinmu, que veio da região de Kyushu, cidade de Takatiho.
Depois foram os descendentes dos Izumos. Assim, dessa
maneira, todas as religiões, em resumo, vieram do Oeste.
        “Só tem um único Budismo que veio do leste: é a seita
Nitiren-shudo. Como eu sempre digo, o Budismo em si é a
religião da Era da Noite, ou seja, é de influência da Lua. E,
dentro do Budismo, só a Seita Nitiren-shu é o Budismo do Sol.
Isso porque foi o Bonzo Nitiren quem pela primeira vez
começou a entoar o "Sol" nas suas preces, no Monte
Seityozan, Cordilheira de Awa. Na verdade, ele nasceu ali
naquele local. O templo Tanjo-ji de Kominato de Awa, que
existe ali, é dito que foi erguido em memória ao nascimento
do Bonzo Shonin Nitiren.
        Bem, eu já havia dito que no dia 15 de junho de 1931,
quando eu e mais 30 pessoas escalamos o Monte Kenkonzan
de Awa, e fomos até o Templo Nihon-ji, começava naquele
instante a aurora neste mundo. Mas bem antes disto, não
muito longe dali, o Bonzo Nitiren já havia entoado pela
primeira vez a oração "Myo-ho-ren-gue-kyo". Dizem que há
700 anos atrás esta oração foi entoada e que há 650 anos
atrás o Bonzo Nitiren faleceu. Quer dizer que foi mais ou
menos entre estes anos que o Sol nasceu pela primeira vez no
Mundo Budista. Foi o primeiro passo para a entrada na Era do
Dia.”
        A segunda prova, por Nidai-Sama (esposa de Meishu-
Sama), é o mistério da data do seu nascimento:
        “Meishu-Sama nasceu no dia seguinte ao solstício de
inverno, no hemisfério norte - quando os dias tornam-se mais
longos que a noite.(...) O fato de ter sido esta a data do seu
nascimento, dia em que o mundo começa a mudar da fase
negativa para a positiva, pode-se citar como de bom augúrio. Ele
nasceu para trazer Luz ao mundo.”

                              14
Tanto no Ocidente como no Oriente, existe a crença de
festejar o solstício de inverno como sinal de respeito à luz do Sol,
origem de toda a vida, como momento em que a Luz ressurge e
todas as coisas renascem. Um bom exemplo disso é que a data
do nascimento de Jesus Cristo apontada pela História, Natal para
os cristãos, não corresponde à data verdadeira. Sendo assim,
Meishu-Sama veio a este mundo no misterioso dia que simboliza
o alvorecer do ano.
         Terceira prova, nasceu na Era Meiji, que serviu de cenário
para seu nascimento, considerada como a da colisão das
civilizações oriental e ocidental.
         Diante destas provas, Meishu-Sama escreveu:
“Realmente eu sou uma pessoa que nasceu com um destino
misterioso.” E compôs dois poemas:
         “O surgimento da Luz do Oriente
          No extremo oriente, no país do Sol Nascente,
          É a Determinação Divina.”
         “Saibam que a Luz de Oriente
          Refere-se à Força da Salvação
          Que possuo.”
         Meishu-Sama proferiu esta palestra no momento da
inauguração da Grande Igreja de Kannon, em 1o de janeiro de
1935:
         “A Luz do Oriente corresponde, na verdade, ao poder de
Kannon.
         Desde a Antiguidade, muitas referências têm sido feitas à
Luz do Oriente. Continua, porém, sendo uma expressão
misteriosa cuja origem é desconhecida. O seu verdadeiro
sentido, contudo, me foi revelado no dia 04 de fevereiro de
1928. Enquanto esperava o tempo certo para divulgar essa
revelação, estava me preparando espiritualmente a fim de
realizar tão importante incumbência com muita dignidade.
         Todos vocês que me ouvem neste momento devem
conhecer o Sr. Mitsuo Azuma aqui presente. Um dia, ele me
                                15
pediu audiência e fiquei muito surpreso ao ler o seu nome no
cartão que me fora apresentado. Esse espanto me foi causado
pelos nomes Azuma, que em japonês significa “Oriente”, e
Mitsuo, “homem de luz”.
        Conheci-o casualmente no dia 11 de outubro do ano
passado (1934). Nessa ocasião ele me disse que, por revelação
de Deus, já há vinte anos [1914] sabia do aparecimento de uma
pessoa possuidora do poder de Kannon.
        Contou-me ainda lhe ter sido também mostrado que essa
tal pessoa havia nascido a leste do bairro de Shibuya, local onde
ele, Azuma, morava. Além disso, Mitsuo Azuma tinha
conhecimento de que encontraria esse homem divino no ano de
1934. Foi, por essa razão, procurá-lo em Kojimachi e alguém lhe
falou a meu respeito.
        Azuma veio, então, visitar-me em Ooshin-do, local onde
eu morava na época. Conversamos e eu lhe disse que ele estava
certo. Mitsuo tirou algumas fotos minhas. Numa delas, aparece
um desenho de Kannon. Esse fato representa o primeiro passo
da manifestação na Terra da Luz do Oriente.
        Aconteceu que em setembro do ano de 1934, por ordem
de Kannon, eu devia desenhar Senju, o Kannon de mil braços.
        Preparei-me e, no dia 5 de outubro, comecei a executar o
trabalho imediatamente. Já havia realizado um terço da tarefa
quando, no dia 11, o Sr. Azuma apareceu e, conforme já lhes falei,
me fotografou. Com o aparecimento de Senju Kannon numa das
fotos, concluí que eu deveria refazer o desenho de acordo com o que
estava sendo mostrado na fotografia tirado pelo Sr. Azuma. E assim o
fiz.
        Esse acontecimento foi, na verdade, o primeiro sinal
concreto da ação da Luz do Oriente, dando a conhecer ao
mundo o poder de Kannon e de sua Obra.”
        “O que vou dizer é algo que já queria ter dito há tempos,
mas não o fiz porque enquanto não chega o momento certo não

                                16
posso contar tudo claramente. Como esse momento chegou vou
falar hoje, pela primeira vez.
         Num tempo bem primitivo, no ocidente começou a se
falar na “Luz do Oriente”, com certeza no cristianismo.
         E a “Luz do Oriente” vem sendo transmitida de pessoa
para pessoa. “Luz do Oriente” tem sido algo muito vago e até
agora não se entendia muito bem do que se tratava.
         Hoje, pretendo falar a respeito dessa “Luz do Oriente”.
Ela diz respeito a mim. (...)
         E a “Luz do Oriente”, em suma, é o Sol [Sol Espiritual].
Mundo do Dia significa o mundo iluminado pelo Sol [Sol Espiritual].
Existe uma bola de luz aqui em mim (no centro da barriga). Essa bola
é a “Luz do Oriente” [no entanto, a luz não é exclusivamente
originária do Sol]. Como disse a pouco, do leste vai indo cada vez
mais para o oeste [pois, o Mundo do Dia, a civilização, segue o
trajeto do Sol] ou então subindo no centro do céu [pois, o Mundo do
Dia é a elevação de nível espiritual do Mundo Material, bem como a
civilização oriental é espiritual e vertical]. Desse modo, o mistério da
“Luz do Oriente” se desfaz aqui [no sentido de que Meishu-Sama é a
“Luz do Oriente”]. Sarar fazendo assim [por meio da imposição das
mãos], sai daqui [da bola de luz que está no centro da barriga de
Meishu-Sama]. Significa que está sendo irradiada Luz para o peito
[ou Meishu-Sama está apontando suas mãos para o peito, ou então
a luz da bola que está na barriga está subindo para o centro do céu].
(...)
         Para tanto, em mim existe a Bola de Luz. Os ocidentais
compreendem melhor se falar em Jeová, por isso, deixei escrito
também que a doença é curada através dessa Bola de Luz
atribuída por Jeová. Pois caso contrário, a coisa não fica para
valer.
         O assunto agora seria sobre Jesus e na Bíblia ele fala
diversas vezes que “vai fazer a salvação através do Espírito do
pai do Céu”. Por isso Jesus Cristo seria o filho de Jeová.

                                  17
Já o meu poder é um poder direto. Jesus seria, para mim,
um filho. O que os fiéis estão realizando agora tão intensamente
é o que Jesus realizava. Outro dia, por exemplo, uma pessoa que
não enxergava há oito anos, passou a enxergar perfeitamente
com apenas 2 minutos, o que será colocado no próximo “Eiko”.
Outra pessoa que não ficava em pé há 13 anos conseguiu se
levantar com 20 minutos e no dia seguinte, conseguiu ficar em
pé e andar. Aconteceram essas coisas e o que consta na Bíblia,
que Jesus realizou , o cego enxergou e o aleijado andou, está
sendo realizado pelos meus discípulos.
       Com esses fatos não há outro jeito senão acreditar
porque o que eu disse não tem erro.”
       Linhagem.

        Nidai-Sama, Segunda Líder Espiritual da Igreja Messiânica
Mundial, lembra freqüentemente de Meishu-Sama dizendo: "O
espírito de meu bisavô me guia." Realmente, diz ela, sua
fisionomia e caráter eram notavelmente parecidos com os de
seu bisavô.
        A árvore genealógica da família Okada constitui-se: dos
bisavós, Kizaemon e Tosse; dos avós, Sashiti e Yassu; e dos pais,
Kissaburõ e Tori.
        O bisavô pela metade do século passado, em torno de 1850,
administrava uma casa de penhores e gozava de excelente situação
financeira. Era muito querido por todos devido ao seu amor
humanitário: emprestava dinheiro a juros baixíssimos sem levar em
conta lucros ou perdas, deixava à mão vários guarda-chuvas para
transeuntes desprevenidos nos dias chuvosos, distribuía papinhas de
arroz nos dias frios de inverno e hospedava sempre pessoas em sua
casa.
        O avô é que entrou para família Okada, isto aconteceu
quando durante uma viagem passou pela casa de penhores. O bisavô
gostando dele a primeira vista, acabou por torná-lo seu genro. Como
não tinha herdeiro homem, fê-lo adotar sobrenome Okada ao casar-
                                18
se com sua filha. Porém, levando vida ociosa, colocava em risco a
fortuna familiar. Um dia foi embora e não se soube mais de seu
paradeiro. No entanto, ao sair de casa, sua esposa já estava grávida.
Ao fim da gestação, nasceu o pai de Meishu-Sama em 1852.
        Em 1867, faleceu bisavô, quinze anos antes do
nascimento de Meishu-Sama, que herdaria seu amor. Com a
morte, a casa de penhores foi declinando por não haver nenhum
familiar competente para fazer uma boa avaliação dos objetos e
a fortuna foi diminuindo gradativamente. Em 1871, a casa de
penhores acabou falindo. Nesse mesmo ano, seus pais se
casaram, ele com vinte anos e ela com dezoito.
        Quando Meishu-Sama nasceu, sua família era constituída
de cinco pessoas: pai, mãe, irmã Shizu, irmão Takejirõ e ele que
era o caçula. Havia ainda uma irmã mais velha, chamada Haru,
mas esta faleceu um ano antes do seu nascimento. Eles
moravam numa humilde casa de aluguel.
        Nidai-Sama escrevendo sobre o lugar de nascimento de
Meishu-Sama: “Após a Segunda Guerra Mundial, visitei Hashiba
e suas vizinhanças, juntamente com Meishu-Sama. O templo
Renso-ji, apesar de danificado, estava de pé, mas do seu antigo
lar não havia vestígios, embora algumas pequenas casas
permanecessem, como há alguns anos atrás.”
        Hoje, o local faz parte da Sede Metropolitana de Tóquio
da Igreja Messiânica Mundial.

 Infância.

        Nidai-Sama escrevendo sobre as indicações de qualidades
espirituais precoces de Meishu-Sama: “Desde sua infância,
pressentia-se que Meishu-Sama tornar-se-ia um grande Líder
Espiritual”. Aparentemente, ele não foi preparado em qualificações
especiais, mas absorveu no lar durante a sua infância, muitos hábitos
bons, alicerçando uma base de grande valor para sua vida futura.


                                 19
Neste ponto: Pobre Grato; Doente Inteligente e Altruísta;
Pacífico Justo.

       Pobre Grato.

        Ela descreve assim a família dele:
        “Uma loja de penhores tinha sido trabalho da família de
Meishu-Sama, de geração a geração; até o tempo de seu bisavô,
o negócio tinha sido muito próspero.
        Apesar de seu bisavô ter sido uma pessoa notável em
vários sentidos e aspectos, a fortuna da família tinha diminuído
bastante e quando Meishu-Sama nasceu, seus pais atravessavam
uma fase financeira difícil, sendo até necessário armar barracas
noturnas para negociar objetos de segunda mão.
        Sua mãe, sendo uma dona-de-casa de poucos recursos,
empenhava-se em ser, extremamente econômica e zelava para
que nada fosse desperdiçado. Com grande senso de
responsabilidade e atenta a tudo que possuía foi exemplo na
conduta do lar.”
        O próprio Meishu-Sama conta:
        “Nasci em Hashiba, bairro pobre. Lembro-me vagamente
de que meu pai negociava com objetos usados e de que nossa
casa só tinha dois cômodos: um, com mais ou menos 4,90
metros quadrados, onde funcionava a loja, e uma sala de estar
com aproximadamente 7,30 metros quadrados. Todas as noites,
ele ia ao Parque Assakussa para abrir sua barraca noturna.
        Desde que tenho consciência, muitas vezes ouvi meu pai
falar que, se não conseguisse determinada quantia naquela
noite, não teríamos o que comer no dia seguinte. Ele carregava
uma pequena carroça com alguns utensílios velhos, e minha
mãe, levando-me às costas, ia empurrando-a. Vivendo numa
pobreza extrema, ela ficou desnutrida e, como não tinha leite
para me amamentar, ia pedir leite materno.


                               20
Portanto, em minha infância provei o sabor da pobreza,
podendo compreender o quanto o dinheiro é motivo de
gratidão. Isso me foi de grande proveito, pois ainda hoje não
consigo desperdiçar nada, nem viver no luxo, de modo que sou
até grato pela adversidade daquela época.”
       Nidai-Sama atestou:
       “Era tão econômico que não desperdiçava nem uma folha
de papel para escrever. Por outro lado, não regateava ao pagar
somas bem alta em dinheiro para a aquisição de obras de arte.
Valorizava a obtenção de tão lindos trabalhos artísticos.”

          Doente Inteligente e Altruísta.

          O Fundador da Igreja Messiânica Mundial - Meishu-Sama -
relata:
       “Até os doze ou treze anos eu era uma criança fraca e
doentia e vivia tomando remédios. Consegui terminar o curso
primário com muito sacrifício e, apesar de minha pouca idade,
sentia inveja quando via crianças saudáveis. Mas era
interessante como eu tinha bom aproveitamento na escola,
sempre estava em primeiro ou segundo.
       No lar, era um menino que pensava em meus pais e
irmãos. Acordava antes de qualquer outra pessoa da família,
cozinhava o arroz e depois acordava a mãe.
       É engraçado eu mesmo falar destas coisas, mas desde
pequeno, onde quer que eu fosse, quase nunca era malquisto ou
antipatizado. Pelo contrário, era respeitado e amado na maioria
das vezes. Então, pensando bem, concluí que tenho uma
característica que me parece ser o motivo disso: sempre deixo
meus próprios interesses e minha própria satisfação em segundo
plano; procuro fazer, em primeiro lugar, aquilo que satisfaz aos
outros, aquilo que os deixa felizes. Ajo assim não por razões
morais ou religiosas, mas naturalmente. Talvez seja da minha

                                  21
própria natureza. Em outras palavras, é até uma espécie de
"hobby" para mim.”
        Sua esposa é testemunha de que ele, além de ensinar o
caminho do altruísmo, sempre procurou fazer as pessoas felizes:
        “Meishu-Sama nos ensina que a “chave para a felicidade
consiste em trabalhar para o bem estar dos outros” e ensina isso
face à sua própria experiência. Durante toda sua vida manifestou
amor pelos outros, procurando fazer com que todos fossem
felizes ao seu redor.”

       Pacífico Justo.

       Nidai-Sama narra:
       “Nascido e criado por tal mãe e por pai honesto e
meticuloso em suas atitudes, Meishu-Sama era o reflexo destas
qualidades práticas e somava a tudo isso, suas virtudes e idéias
expansivas, inerentes à sua pessoa.”
       Seus pais sempre calmos davam conta de todo serviço
sem reclamar.
       Meishu-Sama recorda: “Não me lembro de ter sido
repreendido por meus pais.”
       Mas embora ele não tivesse vivenciado conflito,
conheceu experiências a respeito:
       “Um bonzo famoso deixou a Imagem de Kannon como
garantia e fez um empréstimo com Hanagame. Meses depois,
juntando o dinheiro necessário, o bonzo procurou-o, conforme o
prometido, para pagar a dívida e reaver a Imagem. Mas
Hanagame lhe disse: “Não me lembro absolutamente, deve
haver algum engano”, e nem lhe deu atenção. O bonzo, num
beco sem saída, amaldiçoou-o e enforcou-se em frente à casa
dele. Hanagame tinha vendido a Imagem a um estrangeiro por
uma quantia elevada e, desde então, tinha ampliado sua loja.
Evidentemente, o rancor e a maldição do bonzo foram os
causadores da cegueira de Hanagame. Além do mais, seu único
                              22
filho tornou-se um alcoólatra depravado, que gastou toda a
fortuna da família.”
        Pensou em aprender judô: “Quando eu estava no curso
primário (entre sete e onze anos), quis aprender judô.” No
entanto era tão pacifista que no museu olhava para o lado
oposto da exposição das armas brancas e dizia: “Eu, por
exemplo, mesmo quando visito os museus, não vejo o que se
refere às armas. Passo direto pela arte de espadas." “Sinto frio
na espinha.”
        Mas, era extremamente justo: “De nascença, tenho forte
sentimento de justiça, maior do que o das pessoas comuns.
Acabar com que causam transtorno à sociedade. Tenho sempre
isso em mente.”
        Lutou na Justiça durante anos, inclusive contra
poderosos:
        “Também sinto um grande ódio contra as injustiças. Quanto
mais injusta é uma pessoa, maior é minha convicção: "Tenho de
vencê-la de qualquer forma". Como exemplo disso, há quatorze anos
venho lutando na Justiça com o problema de um terreno. Meu
contestante, tomado de impaciência, já me propôs solução amigável
por três vezes, mas, por ele não demonstrar nenhum
arrependimento pelo que fez, não aceitei sua proposta.
Consequentemente, quem está em apuros agora é o juiz, que
procura uma solução amistosa. Outro exemplo: Certa vez entrei com
uma ação judicial contra um jornal de renome, Na ocasião, muitas
pessoas me aconselharam a não fazê-lo, pois a luta contra uma
grande empresa jornalística poderia resultar em prejuízos. Mas eu
não cedi um passo sequer e, como deve ser do conhecimento de
todos, batalhei através do nosso Jornal Hikari. Se é por justiça, eu
luto até mesmo contra o mundo.”
        Tinha ódio ao mal, porém era prudente nas ocasiões em
que este se manifestava:
        “Desde menino, desenvolvi um forte sentimento de
justiça. Tinha um ódio profundo pelas desigualdades que há no
                                23
mundo e muito lutei para reprimir o furor que me dominava
quando sabia de alguma injustiça ou desonestidade.
        Esse autodomínio é difícil e doloroso, mas será facilitado
se o encararmos como um treinamento Divino que nos aprimora
espiritualmente. Sob esse aspecto, vemos que tal controle
minora o sofrimento e lapida a alma.
        Eis uma característica que conservo até hoje: continuo
tendo horror pelo mal. Porém aceito os fatos, buscando ser
tolerante, tomando tudo como provação. A boa norma de
conduta determina ódio ao mal, mas também prudência nas
ocasiões em que ele se manifeste. Melhor dizendo, temos de ter
cuidado para que esse sentimento não se mostre exagerado
nem prejudique o próximo; que ele não fira o bom senso, não
falte aos preceitos do amor e da harmonia. É um ódio útil, que
nos permite caminhar com um sentimento semelhante ao de
Deus.”
        Sua natureza era alegre, ficava infeliz com lamúrias e
repetições de assuntos:
        “Por esse motivo algo que me deixa muito triste é escutar
gritos de raiva, lamentações, inúteis e reclamações. Também me
é difícil ouvir repetidas vezes um mesmo assunto. Minha
natureza é sempre pacífica e alegre.”

 Juventude.

       Neste ponto: Doenças; Belas-Artes; Filosofia.

       Doenças.

       Reencontrando-se com a sua última reencarnação veio o
gosto pela pintura:
       “Quando eu estava para terminar o curso primário, a
situação financeira de minha família melhorou um pouco, e

                               24
então pude ingressar na Escola de Belas-Artes.” e “Se eu puder
ganhar a vida com a pintura de que tanto gosto.”
       No entanto, no decorrer deste reencontro, em 1897, aos
14 anos, poucos meses depois de ter começado a freqüentar a
escola de Belas-Artes de Tóquio, sentiu sua vista embaçar e
começou a ver as coisas duplicadas. E assim, uma doença
maligna na vista impede seu sonho de ser pintor.
       “Na juventude, quando pensei em ser pintor, tive
problemas na vista, e parei.”
       Um ano depois, em 1898:
       “Quando eu tinha quinze anos, contraí pleurisia. Através
de tratamento médico, feito durante um ano, fiquei
completamente curado. Por algum tempo tive saúde, mas
depois sofri uma recaída.”
       No início do século XX, já estava desenganado pelo
médico:
       “Desta vez, a doença progredia aceleradamente e eu ia
piorando cada vez mais. Passados pouco mais de um ano,
diagnosticaram-me tuberculose de terceiro grau. Nessa época,
eu estava exatamente com dezoito anos. Resolvi, então,
consultar o falecido Prof. Irissawa Tatsukiti, o qual, depois de
minuciosos exames, disse-me que já não havia esperança de
cura. Era como se tivesse sido condenado à morte sem dia
determinado para a execução. Então, eu me decidi. Já que ia
morrer de qualquer maneira, achei que não havia outro jeito
senão tentar o milagre da cura através de algum método
diferente. Pus-me à procura desse método.”
       Restabelece-se com uma dieta vegetariana:
       “Na minha mocidade, quando estava condenado a
morrer de tuberculose, eu ingeria grande quantidade de
alimentos de origem animal, mas, por certo motivo, descobri o
erro acerca disso e então passei a me alimentar com verduras.
Desde então, fui me restabelecendo vigorosamente e descobri
que a medicina era omissa. Parei, então, de tomar remédios e
                              25
continuei por três meses consecutivos com a alimentação
vegetariana e nem mesmo peixe seco comi. Com isso,
restabeleci-me completamente, dessa enfermidade e adquiri
mais saúde do que antes de adoecer. A partir dessa ocasião,
contraí outras doenças, mas a tuberculose desapareceu por
completo, e hoje, com 68 anos de idade, sou um velho cheio de
vigor que superava qualquer jovem. Se naquela ocasião não
tivesse despertado para a alimentação vegetariana, certamente
não estaria mais vivo. Cada vez que penso nessas coisas, sinto
arrepios.”
        Porém, aos 20 anos, foi classificado no alistamento
militar em categoria próxima à dos inválidos. Nesta força armada
lhe disseram: “Seu corpo é um lixo”
        Diante desse quadro doentio da juventude foi uma
pessoa tímida:
        “Entretanto, quando eu era jovem, nunca cheguei a
pensar em tais coisas. Dos quinze aos vinte anos mais ou menos,
era mais tímido que qualquer outra pessoa. Sem nenhum
motivo, tinha receio de me encontrar com desconhecidos;
principalmente quando achava que a pessoa era um pouco mais
importante, nem conseguia falar direito com ela. Diante de
moças, eu enrubescia, meus olhos ficavam perdidos e eu nem ao
menos conseguia olhar para rosto delas ou falar-lhes. Como
fiquei pessimista por causa disso! Consequentemente, muito
duvidei se conseguiria integrar-me na sociedade como cidadão
adulto. Naquela época, quando me via frente a qualquer pessoa,
sempre tinha a impressão de que ela era mais inteligente e
importante que eu. Todavia, comparando o que eu era com que
sou atualmente, eu mesmo estranho a enorme diferença.”
        Nessa época falece sua irmã Shizu aos 29 anos de idade,
ela que era o sustentáculo do progresso econômico da família
Okada com uma pensão de refeições. Seu filho ficou com o tio
Mokiti, que lhe dedicava um carinho tão grande como se fosse
seu pai.
                              26
Belas-Artes.

        “Desde jovem eu gostava de tudo que dissesse respeito
ao Belo. Embora fosse muito pobre, cultivava flores em espaços
vazios e, quando dispunha de tempo, pintava quadros. Sempre
que me era possível, visitava museus e exposições.”
        Nidai-Sama, escrevendo traços de seu esposo:
        “Meishu-Sama sempre incentivou a visita a museus e
galerias, para ampliação do senso artístico, recomendação que
endosso. As palavras de Meishu-Sama, ”Paraíso é um mundo do
Belo", são absolutamente certas.”
        Através da experiência com antiguidades, pedindo
opinião ao seu pai, adquiriu uma aguçada capacidade de
apreciação e avaliação das belas-artes.
        Um familiar menciona:
        “Aos 22 anos, aproximadamente, Meishu-Sama
costumava dar uma volta pela Avenida Guinza, em Tóquio, todos
os dias, após o jantar. Não se tratava apenas de um passeio,
pois, como havia muitas lojas abertas à noite, ele visitava
aquelas que comercializavam antiguidades, e examinava
cuidadosamente os objetos. Regressando, comentava com o pai:
"Hoje, estava à venda uma mercadoria assim, e creio que se
tratava de um artigo antigo e valioso. O que o senhor acha?"'
Dessa forma, ele conversava freqüentemente com seu pai. Este,
por sua vez, dizia: "Muito bem. Mas, da próxima vez, se achar
que é algo de valor, experimente comprá-lo." Então, de vez em
quando, Meishu-Sama adquiria algum objeto e, recebendo
critica dos familiares, foi, pouco a pouco, desenvolvendo a
percepção de distinguir objetos raros.”
        Costumava convidar sua mãe para assistir peças artísticas
engraçadas. Ele mesmo recitava algumas durante o banho sob o
riso dos familiares, onde falava brincando: “Que mal há? Eu faço
isso porque gosto”.
        Costumava freqüentar cinema:
                               27
“Nunca me esquecerei. Eu estava com dezesseis ou
dezessete anos quando assisti a uma exibição cinematográfica
pela primeira vez. Posso dizer, portanto, que sou o mais antigo
fã do cinema, que estava entrando no Japão nessa época.”

       Filosofia.

        Nidai-Sama, expõe que Meishu-Sama desde cedo se
educou na leitura de livros de valor:
        “Num aprimoramento constante, leu muito, estudou
vários temas, aprofundou-se em estudos filosóficos, assistiu
conferências, etc. É importante criar o hábito de ler livros de
valor. Meishu-Sama em sua juventude enquanto estava doente e
enfraquecido, conseguiu um grande conforto na leitura de livros.
Ele também inicialmente baseou sua educação nessas leituras.”
        Mesmo frágil de saúde:
        “O senso de determinação de Meishu-Sama quando
ainda jovem, chamava a atenção. A despeito de sua frágil saúde,
utilizava o tempo livre para alargar seus conhecimentos,
assistindo conferências e consultando livros com o intuito de ter
mente equilibrada.”
        Meishu-Sama menciona um dos trechos que o
impressionou muito:
        “Citarei um trecho que ouvi e muito me impressionou:
‘Todo homem nasce mesquinho. para aperfeiçoar-se, deve
cultivar uma segunda personalidade, isto é, nascer pela segunda
vez.’ Estas palavras ficaram gravadas na minha mente e me
esforcei no sentido de colocá-las em prática na minha vida.”
        Mais tarde, baseado nestas palavras escreveria:
        “O egoísmo não é bom. Visar apenas o benefício próprio
é desaconselhável. O verdadeiro caminho do homem consiste
em ajudar as pessoas que estão em dificuldades após ter
progredido.”
        Bem como orientaria um servidor:
                               28
“O fato de se sentir desgostoso consigo mesmo significa
nascimento de um novo eu que manifestou a capacidade de
criticar seu velho eu, e isso é muito bom. Todo homem precisa
evoluir para um segundo eu.”
        Adere a idéias contidas na filosofia da intuição de Henri
Bergson:
        “Quando jovem a filosofia de Bergson baseia-se nestes
três princípios: ‘Todas as coisas se movem’, ‘Teoria da Intuição’ e
‘O eu do momento’. Os conceitos formados pela instrução que
recebemos, pela tradição, ocupam o subconsciente humano
como se fossem uma barreira, e dificilmente o percebemos. Por
essa razão, tal ‘barreira’ constitui um obstáculo quando
observamos as coisas.
        A ‘Teoria da Intuição’ encarrega-se de corrigir tais erros,
comuns entre os homens, libertando estes, completamente, de
preconceitos. Para isso é necessário ser ‘O eu do momento’, isto
é, fazer com que a impressão instantânea, captada pela intuição,
corresponda à verdadeira substância do objeto de observação.
‘Todas as coisas se movem’. Isso significa que tudo está em
contínuo movimento. Por exemplo, este ano difere do ano
passado em tudo. O mesmo podemos dizer a respeito do
mundo, da sociedade e dos nossos próprios pensamentos e
circunstâncias. Somos diferentes até mesmo do que fomos
ontem, ou há cinco minutos atrás.”
        Mais tarde, norteado pela filosofia da intuição, orientaria
a construção dos Solos Sagrados através das idéias que lhe
vinham à mente.
        Adere também ao pragmatismo de William James:
        “Na mocidade James não considerava as filosofias como
divertimentos intelectuais; para ele, as doutrinas só eram válidas
se fossem postas em prática. O benefício que o pragmatismo me
proporcionou nessa época, não foi pequeno. Mais tarde, quando
iniciei meus trabalhos religiosos, julguei necessário aplicá-lo à
Religião.”
                                29
Continuando disse:
        “Pretendo fundir a Religião e a vida prática, tornando-as
íntimas e inseparáveis. Deixemos, pois, de ostentar virtudes, de
isolar-nos, de ser teóricos como foram até hoje os religiosos, e
sejamos iguais às pessoas comuns. Para tanto, é preciso que
eliminemos toda afetação religiosa e procedamos sempre de
acordo com o senso comum, a ponto de tornar a Fé
imperceptível aos outros.”
        Nidai-Sama recorda:
        “Meishu-Sama afirma que o homem não deverá limitar a
fé às atividades particulares, mas sim, dela fazer um sólido
embasamento em outros campos de sua atuação tais como, na
política, economia, relações externas e atividades culturais. De
outra forma, afirma Meishu-Sama, um novo mundo de
verdadeira felicidade jamais se tornará realidade.”
        Kyoshu-Sama, Terceira Líder Espiritual e filha de Meishu-
Sama, presenciou como seu pai seguia seus próprios
ensinamentos:
        “Por longo tempo eu julgava que a pontualidade de
Meishu-Sama era um hábito natural; mas, mais tarde percebi
que ele tinha se esforçado muito para se disciplinar.
        Uma vez, ele disse: "Como qualquer outra pessoa, eu me
sinto cansado às vezes e gostaria de descansar em vez de
trabalhar, mas sempre sigo meu programa. De outro modo, eu
não estaria fazendo o que mando meus membros fazer." Assim
aprendi que quando ele dava um Ensinamento aos outros, é que
ele sempre o seguia. Isso me tornou muito feliz e aumentou o
meu respeito por ele.”
        Meishu-Sama explica o porquê de ser assim:
        “De fato, eu não sou uma pessoa comum, sobretudo
porque Deus me atribuiu uma grandiosa missão. Esforço-me dia
e noite para cumpri-la, e todos os messiânicos sabem que,
através dela, um incontável número de pessoas está sendo
salvo.”
                               30
Mas algo que lhe era inato, o seu altruísmo:
        “Desde jovem gosto de dar alegria ao próximo, a ponto
de isso se tomar quase um "hobby" para mim. Sempre estou
pensando no que devo fazer para que todos fiquem felizes.
Quando acordo pela manhã, por exemplo, minha primeira
preocupação é saber o estado de ânimo dos meus auxiliares. Se
houver uma só pessoa mal-humorada, já não me sinto bem.”
        Mais detalhes dessa sua natureza nobre privilegiada:
        “Em outras palavras, é até uma espécie de “hobby” para
mim. Por essa razão, muitos dizem que tenho uma natureza
privilegiada, e é possível que tenha mesmo.”
        Depois que me tornei religioso, esse sentimento
aumentou ainda mais. Quando vejo uma pessoa sofrendo por
doença, não consigo ficar tranqüilo; tenho vontade de curá-la a
qualquer custo. Então, ministro-lhe Johrei, e ela fica curada e
feliz. Ao ver sua alegria, esta se reflete em mim e eu me sinto
feliz também. Por esse motivo, criei inúmeros problemas no
passado e sofri muito. Mesmo quando achava que nada poderia
fazer por uma pessoa e que deveria parar de dar-lhe assistência,
a pedido insistente e até súplicas da própria pessoa e de sua
família, eu cedia e continuava indo visitá-la, ainda que fosse
longe. Gastava tempo e dinheiro, e, no final, o resultado era
ruim, desapontando os familiares do doente. Muitas vezes,
cheguei até a ser odiado. Toda vez que isso acontecia, eu me
censurava, achando que deveria tornar-me mais frio.
        Como essa minha característica também foi de muita
ajuda para a construção do protótipo do Paraíso Terrestre e do
Museu de Belas-Artes, creio que ela me tenha sido atribuída por
Deus. Quando vejo uma magnífica obra de arte ou uma
paisagem maravilhosa, não sinto vontade de apreciá-las sozinho
e até fico melindrado; nasce em mim o desejo de mostrá-las a
um grande número de pessoas, para alegrá-las. Dessa forma,
minha maior satisfação é alegrar o próximo, o que me faz ficar
alegre também.”
                              31
1.2. Empresário de loja de aviamentos.

      De 1905 a 1919, ou seja, dos 23 aos 37 anos.
      Neste item: Loja de Miudeza; Loja de Atacado; Ateísta
Bondoso e Sofrido.

 Loja de Miudeza.

      Neste ponto: Falecimento Paterno; Sucesso com
Honestidade; Sofrimento por Acidente.

       Falecimento Paterno.

         Em 1905 quando Meishu-Sama tinha 23 anos, falece seu
progenitor:
         “Meu pai faleceu muito cedo. Para combater a prisão de
ventre, tomou um remédio durante trinta anos sem falhar um só
dia, ficou doente do coração.”
         Seu pai ao falecer, aos 53 anos, interrompe segundo
sonho de Meishu-Sama que era o de abrir uma loja de
antiguidades com ele.
         Sua mãe o incentivaria a uma terceira tentativa de
caminho profissional:
         “Não se preocupe. Cuidarei do que você não souber. Não
acha melhor começar por uma loja de miudezas do que por uma
loja de antiguidades, o que é muito mais difícil de administrar,
especialmente agora que seu pai faleceu?”
         Aceitando a sugestão, ele prosperaria:
         “Ora, eu sou de família pobre, e só pude me casar e ter
um lar graças à soma em dinheiro que me foi presenteada por
meus pais, então, uma lojinha de miudezas a varejo, a qual tinha
uma largura de 2,70 m. Como os resultados foram bons, em
pouco mais de um ano comecei no comércio por atacado e,
aproximadamente dez anos depois, era considerado um bem
                              32
sucedido na vida; meus bens somavam o equivalente a cento e
cinqüenta mil ienes daquela época (1919).”
       Nidai-Sama expõe o que seu esposo descrevia para si a
respeito desses negócios na época:
       “Nesse tempo ele vivia com sua mãe, pois seu pai já havia
falecido e decidiu que sozinho, enfrentaria a responsabilidade do
negócio: o armazenamento dos estoques, a venda das
mercadorias, a parte administrativa, enfim, todas as atividades
do empreendimento.
       Ao me descrever o negócio, contou que se levantava
muito cedo e limpava a rua em frente à loja, antes que as
pessoas começassem a transitar. Depois, varria e espanava a loja
preparando diariamente o ambiente de trabalho.
       Disse também que preenchia os deveres de três pessoas:
proprietário, vendedor e aprendiz, e que atendia a todos os
fregueses com cortesia e consideração, indistintamente.”

       Sucesso com Honestidade.

       Meishu-Sama sempre pensava: "Não devemos praticar
más ações, e sim boas ações." Ao tentar colocar isso em prática,
no entanto, faltou-lhe coragem. Um dia experimentou mentir
nos negócios e a vida se tornou sombria, retomando a verdade
os resultados foram favoráveis:
       “É constrangedor eu falar de mim mesmo, mas desde
jovem eu era muito honesto. Não conseguia mentir de maneira
alguma. Por isso, sempre me diziam: “Um rapaz honesto como
você nunca vai alcançar sucesso. Se você não mudar seu
pensamento e não for hábil no mentir, dificilmente será bem
sucedido na vida.” Achando que essas palavras eram sensatas;
menti bastante durante algum tempo, mas não estava bem
comigo mesmo. Sentia uma angústia insuportável, minha vida se
tornava sombria, meus dias eram só de tristeza. Não havia, pois,

                               33
condição para eu obter bons resultados nos meus
empreendimentos.
        Naquela época, eu era comerciante, de modo que as
"técnicas" de negociar deveriam ser muito mais vantajosas para
mim. Mas eu não conseguia me sair bem e acabei decidindo
voltar à honestidade, traço próprio de meu caráter. O engraçado
é que, depois disso, os resultados começaram a ser melhores do
que eu esperava. Em primeiro lugar, adquiri maior crédito no
mundo dos negócios, as coisas passaram a se processar num
ritmo excelente e em pouco tempo consegui um grande capital.”
        Nidai-Sama escrevendo a respeito:
        “Quando abriu a "Korin-do", um dos seus parentes, com
muita experiência no setor comercial, aconselhou-o a
administrar o negócio, sem observar os três itens primordiais
para o ser humano: honestidade, cortesia e consideração. Ele
disse a Meishu-Sama: "Ninguém pode ter sucesso no comércio
com uma política de total integridade". Meishu-Sama achou,
entretanto, que lhe era impossível seguir tal conselho e
prosseguiu como tinha sido até então, de acordo com suas
orientações próprias.”

       Sofrimento por Acidente.

        Entretanto, apesar do progresso da loja, Meishu-Sama
passou por mais uma decepção.
        “Comecei a estudar Makiê (artesanato em laca). Aí, Deus
acabou cortando o nervo do meu dedo. Todos os outros dobram
e só este dedo (indicador direito) não. Consequentemente, não
consegui mais segurar o pincel e fui forçado a deixá-lo, pois
neste trabalho, este é o dedo que mais se usa, sabe? Nada podia
ser feito.”
        No fundo, Deus estava cortando o laço de Meishu-Sama
com a sua encarnação anterior, ou seja, sua missão não era
continuar vivendo de arte.
                              34
 Loja de Atacado.

        Neste ponto: Casamento Independente e Próspero;
Sucesso com Altruísmo, Administração e Invenções; Sofrimentos
por Dificuldades Financeiras.

       Casamento Independente e Próspero.

        Nidai-Sama relata que Meishu-Sama recebeu proposta
idêntica a que seu bisavô havia feito ao seu avô, qual seja de um
casamento dependente:
        “Contrastando com uma constituição física frágil e
delicada, Meishu-Sama possuía um espírito forte. Desde a
infância, manifestou uma sobrenatural espiritualidade.
        Meishu-Sama possuía características pessoais especiais;
tinha as orelhas bem modeladas e, no Japão, acreditava-se que
quem tivesse os lóbulos das orelhas grandes e cheios, nascia sob
boa estrela.
        Certo senhor possuidor de considerável fortuna em
negócios de moinho e desejando preservá-la aos seus
descendentes, pediu a Meishu-Sama que ficasse noivo de sua
filha e se tornasse seu filho adotivo. A sua resposta foi
categórica: "Eu nunca mudarei o meu sobrenome e estou
determinado a sozinho, ter meu próprio lar e construir algo
valioso". Ele rejeitou de forma irredutível as ofertas desse
senhor, causando grande desapontamento aos seus parentes. O
fato de tal recusa, demonstrou seu espírito forte e determinação
de elevados planos para sua vida futura.”
        Escolhendo a autonomia, Meishu-Sama, em 1907,
quando tinha 25 anos, casou-se independentemente com Aihara
Taka, que tinha 19 anos. Graças à ajuda desta esposa, em dez
anos de comerciante, obteve sucesso como fabricante e
atacadista de miudezas. Pois, ela executava os trabalhos
domésticos e os da loja, lavava a roupa dos funcionários e
                               35
guardava suas economias, bem como aprendia vivificação floral
e cerimônia do chá.
        Quase meio século depois, continuava apontando como
negativo a dependência, agora sobre o caráter dependente dos
japoneses:
        “Raciocinando dessa forma, fica bem claro que o método
de fazer greves para resolver os problemas entre empregados e
capitalistas não passa de simples manifestação do espírito de
dependência, pois, se os empregados pedem aumento de salário
aos capitalistas é porque dependem deles. Se trabalhassem
dando o máximo de seu espírito de independência, os resultados
do seu trabalho seriam muito melhores e certamente os
capitalistas é que ficariam na sua dependência. Por conseguinte,
primeiro os empregados devem fazer com que os capitalistas
lucrem e, depois, exigir a justa distribuição dos lucros. Como isso
é o certo e o justo, logicamente os capitalistas não poderiam
recusar-se a atender às suas reivindicações. Seguindo-se essa
diretriz, a solução dos problemas entre trabalhadores e
capitalistas não seria tão difícil. Atualmente, porém, tenta-se
apenas obter a elevação dos salários, sem levar em conta as
dificuldades; portanto, só podemos julgar que está se tentando
forçar a situação.
        Sintetizando, nesta oportunidade eu gostaria de alertar
que, para resolver esse problema, não há meio mais eficiente do
que eliminar de vez o espírito de dependência que caracteriza o
povo japonês.”

       Sucesso com Altruísmo, Administração e Invenções.

       Nidai-Sama conta a respeito do sucesso de Meishu-Sama
devido à sua abnegação:
       “Uma vez, o chefe da divisão de compras de aviamentos
da loja de Departamento Mitsukoshi (uma das maiores e mais
antigas lojas de departamento do Japão), chegou a Meishu-Sama
                                36
e disse: "Eu fui nomeado há pouco tempo chefe de divisão e sei
muito pouco sobre aviamentos. Apreciaria enormemente
qualquer informação sobre este assunto, sobre lojas
especializadas neste ramo e qualquer detalhe a mais que o
senhor queira me ensinar.”
       Meishu-Sama respondeu: "Eu mesmo não tenho muita
experiência, mas terei imensa satisfação em contar-lhe o que
sei". Deu-lhe detalhadas informações sobre as notas e
particularidades especiais de várias lojas de aviamentos,
apontando algumas que eram excelentes em desenhos ou
especializadas em certos artigos. O chefe de divisão da
Mitsukoshi, após as informações, foi se embora, agradecendo as
orientações recebidas.
       Alguns dias mais tarde, ele voltou: "Hoje eu tenho um
favor a lhe pedir ” - disse a Meishu-Sama. "O senhor é um raro
homem de negócios. A maioria dos homens não teria falado
comigo com a sinceridade que o senhor falou, elogiando e
analisando os pontos positivos dos competidores, sem dizer uma
só palavra sobre sua própria loja. Esta é uma prova convincente
para mim, de que o senhor não é mercenário. Estou muito
impressionado com sua moral e consideração. Minha loja
gostaria de começar a negociar com o senhor".
       Meishu-Sama declinou repetidas vezes, desta oferta,
explicando que sua loja era de varejo; mas diante de contínua
insistência, entrou em acordo com a Mitsukoshi. Esta transação
obrigou-o a mudar a loja que era de varejo para atacado.”
        Eis o que Nidai-Sama falou:
        “Empregou seu primeiro funcionário, com participação
de lucros. Sua empresa foi crescendo gradativamente; as vendas
alcançaram cifras enormes e o lucro dos empregados era tão
grande que era difícil saber quem estava em melhor situação: se
Meishu-Sama ou seus vendedores que ganhavam mais que os
vendedores de outras lojas. Isso grangeou-lhe grande respeito e
fidelidade no trabalho.
                              37
Um de seus primeiros vendedores, senhor Nagashima,
que trabalhou na loja de Meishu-Sama por longo tempo, mais
tarde estabeleceu-se por conta própria, com grande sucesso,
mas nunca esqueceu os seus tempos de empregado,
orgulhando-se por ter tido Meishu-Sama como seu empregador.
Ele até hoje vem visitar-lhe e por várias vezes disse:
        "Meishu-Sama causou em todos nós uma impressão
profunda de um patrão incomum. Durante todo o tempo que
para ele trabalhamos, sentíamos sua intensa bondade e
autêntica dignidade que inspirava em nós um grande respeito.
Combinava firmeza e amor em sua pessoa. Além de nossos
salários regulares, ele adicionava uma porcentagem
proporcional à eficiência do trabalho de cada um. Seu método
era bem diverso dos outros empregadores. Sua profunda
bondade, e a sua dignidade aliada ao senso de justiça, faziam-no
um empregador adiantado no tempo, e por isso era muito
respeitado por todos nós”.”
        Exigia relatórios e orientava sobre a docilidade no cobrar
dos clientes:
        “Enquanto não fizer o relatório, o serviço não estará
terminado. Quando for fazer as cobranças e não conseguir
receber das lojas que não costumam pagar em dia, nunca faça
cara feia, pois a pessoa ficará revoltada. Diga que, se não
puderem pagar na ocasião, você voltará outro dia.”
        Nidai-Sama:
        “A originalidade de suas inovações e estilo na atividade
comercial chamou a atenção e simpatia do público, obtendo
assim grande êxito.”
        Inventou vários adornos para cabelo e expôs um deles
em Tóquio, onde recebeu o troféu de Bronze. Criou o Diamante
Assahi, requerendo patente deste artigo em dez países. Além
disso, obteve patentes de onze novos produtos criados por si.


                               38
Sofrimentos por Dificuldades Financeiras.

        Isso ocorreu, em parte, por especular nos
empreendimentos:
        “Eu também, antigamente, lidei muito com especulações.
Cheguei até a estabelecer uma sociedade de comanditas:
realmente, gostava muito de especular, vendia e comprava
ações. Entretanto, no final das contas, acabei tendo prejuízos
(risos). Lucrei, por isso, tive prejuízos. Quem perde desde o
início, é quem sai ganhando. Quando se lucra parece estar
ganhando, mas no final, está tendo prejuízo. É como nos casos
amorosos. Se leva fora de uma mulher logo no início, acaba
desistindo, não é? (risos).”
        “Em 1919, aos 36 anos de idade, possuía uma financeira.
O Banco, que era o escudo protetor desta, abre falência. O
administrador da sua financeira tentando recuperar o dinheiro
perdido, sem que ele soubesse de nada, pediu dinheiro
emprestado à agiotas. A situação agravou-se e os agiotas
providenciaram a penhora dos bens. Oficiais de justiça entraram
na casa de Meishu-Sama e lacraram-lhe os móveis. Este, tirando
o lacre para pegar suas roupas necessárias, seria chamado à
delegacia onde recebeu advertência.”
        A partir desse momento, começou a sofrida luta de
Meishu-Sama para saldar as dívidas, que se estenderam durante
vinte e dois longos anos, até 1941.

 Ateísta Bondoso e Sofrido.

       Neste ponto: Sentimentos Positivos de um Descrente;
Sofrimentos por Doenças à Libertação aos Remédios;
Falecimento dos Familiares e Segundo Matrimônio.




                               39
Sentimentos Positivos de um Descrente.

        Perfil ateísta:
        “Primeiramente devo explicar como se processou a
evolução do meu pensamento. Quando jovem, eu era
extremamente materialista. Até mais ou menos quarenta anos
nunca entrei em templo algum. Achava tolice adorar ou rezar
para uma pedra, um espelho ou um papel escrito, que
constituem a imagem de Deus nos templos xintoístas e são
colocados num recipiente com formato de caixa, feito por
carpinteiros, com tábuas de cânfora. Nos templos budistas
também se adora um Buda desenhando em papel, ou as
estátuas de Kannon, Amida e Buda talhadas em madeira, pedra
ou metal. Eu costumava afirmar que Kannon e Amida só existiam
na imaginação do homem; por conseguinte, achava que era uma
adoração ainda mais sem sentido, não passando de idolatria.
        Naquele tempo, li a tese do famoso filósofo alemão
Rudolf Eucken (1846-1926), o qual diz que o homem possui o
instinto inato de adorar qualquer coisa e, assim, criou e adora os
seus próprios ídolos, caindo na auto-satisfação. Como prova
disso, acrescenta ele, todas as oferendas depositadas no altar
estão voltadas para o lado dos homens e não para o lado de
Deus.
        Senti-me, perfeitamente identificado com a tese e até
considerava que a existência de templos era prejudicial ao
progresso da Pátria, porque as nações que possuíam muitos
templos estavam em declínio e aquelas que quase não os tinham
se achavam em franco desenvolvimento.”
        “Apesar disso, mensalmente eu contribuía com uma
modesta quantia para o Exército da Salvação, e por esse motivo
era visitado por um sacerdote que sempre insistia em que eu me
convertesse ao cristianismo. Ele me dizia: "As pessoas que
contribuem para o Exército da Salvação geralmente são cristãs.
Por que o senhor contribui, se não é cristão?”Então expliquei: "O
                               40
Exército da Salvação trabalha para a recuperação de ex-
presidiários, transformando-os em pessoas de bem. Se não
existisse, talvez um deles tivesse entrado em minha casa para
me roubar. Portanto, se o Exército da Salvação está impedindo
que isso aconteça, é natural que eu seja agradecido e colabore
nas suas obras."
        Também quis praticar virtudes segundo o ditame
comunista:
        “Eu também desde que nasci não era como sou agora.
Era ateu convicto. Pensava em ajudar o comunismo quando
conseguisse ganhar muito dinheiro, e quis tornar-me
simpatizante. Por isso, ficava irritado com as pessoas que tinham
fé em Deus pensava que elas eram tolas. Entretanto, eu não
fazia maldade; queria praticar boas ações, mas achava que Deus
não existia.”
        Kyoshu-Sama recorda a filantropia de seu pai com sua
empregada doméstica, mesmo sob forte oposição dos parentes:
       “Ela voltou para casa, mas não podia trabalhar e era
tratada como um estorvo. Meishu-Sama enviava-lhe na época 15
ienes mensalmente. As pessoas que o rodeavam lhe disseram:
“O que adianta ajudar alguém que está condenado à morte? Se
ela pudesse retribuir o favor, trabalhando depois que ficasse
boa, ainda bem. Mas não é esse o caso. Portanto, você está
gastando, dinheiro à toa. É melhor parar logo com isso!" Aí,
Meishu-Sama respondeu: "Não tenho mínima intenção de ser
recompensado pelo que estou fazendo. Ajudar as pessoas
visando recompensa é uma espécie de troca. É como vender
favores. E isso não é caridade. Eu ajudo essa moça porque tenho
pena dela e não posso deixá-la desamparada. É um sentimento
natural que brota de mim. Vocês podem achar uma tolice, mas
eu estou plenamente satisfeito.”
       Mais tarde, ao orientar, lembraria do que passou:
        “É melhor ficar só com a Salvação. Não precisa se
importar com a oposição de familiares e parentes, já que está
                               41
dizendo que está mais atarefado com essa parte. Comigo
também era assim. Todos eram contra mim, mas eu fiquei firme,
sem dar ouvido a eles.”
        Solidariedade com sua esposa tuberculosa:
        Em 1908, considerava-se a contagiosa tuberculose uma
doença incurável. Mas, pensando que ajudar-se mutuamente, é
a atitude que um casal deve ter, cuidou dela. Tratando-a, com
uma dieta vegetariana, esta ficaria boa.
        Custeou os estudos de um condutor (puxador) de
carrinho de transporte pessoal:
        “Certo dia, na época em que ele era atacadista de
bijuterias e adornos, Meishu-Sama foi a Assakussa de jinriquixá
assistir a um filme. Percebendo que o condutor, além de ser
jovem, não conseguia conduzir o veículo adequadamente,
perguntou: "Você ainda é novato nesse serviço, não é?" O rapaz
respondeu. "Sim, faz pouco tempo que comecei. Na verdade,
sou estudante e não queria estar fazendo este serviço. Mas
quero ver se continuo até me formar".
        Então, Meishu-Sama disse: "Realmente, isso é admirável!
Onde é que você mora? A minha residência é esta (entregou-lhe
o cartão), venha me procurar. Quem sabe, talvez até poderei
pagar os seus estudos". O rapaz ficou muito contente e, dias
depois, procurou-o em sua residência. Meishu-Sama fez-lhe
várias perguntas e, após incentivá-lo, prometeu-lhe custear a
educação até a formatura.
        - Jamais esquecerei o favor concedido pelo senhor -
dizendo estas palavras, o rapaz, muito contente e emocionado,
retirou-se.
        Soube-se, mais tarde, que ele conseguira terminar os,
estudos; e se tornara um policial.”
        Justo ao escrever para os políticos que combatiam a
corrupção:
        “No mundo político da atualidade, quase não existem
pessoas assim. A maioria é muito esperta e versátil, sendo
                              42
muitos os que se mostram hábeis em forçar situações perigosas.
Torna-se evidente o vazio em que o mundo político se encontra.
Dessa forma, o que mais falta é um homem de fibra, que todos
possam seguir.”
        Eis algumas práticas desse sentimento de justiça.
        Em 1916, com 33 anos:
        “Na época em que, eu era comerciante (antes de me
tornar religioso), muitas vezes fui vítima de embustes e
experiências pavorosas. Por felicidade, possuo inquebrantável
espírito de justiça. Lutei contra todos os obstáculos, indiferente
às conseqüências monetárias. O esforço empreendido na
preservação da justiça acarretou-me muitas desvantagens, que
felizmente foram passageiras. Com o tempo, a situação
melhorou e acabei por vencer, não só recuperando como
ganhando muito mais do que tinha perdido. Involuntariamente
tive três ou quatro casos judiciais, e um deles vem se
prolongando até hoje.
        No tempo em que eu vivia na pobreza, uma associação
perseguiu-me, aproveitando-se do seu dinheiro e posição. Com o
decorrer do tempo, fui favorecido pelas circunstâncias e essa
associação teve de desistir. Foi o seguinte:
        Eu possuía uma fábrica de objetos de fantasia e obtive,
em dez países a patente de um artigo que teve extraordinária
aceitação, propiciando-me um contrato especial com certa
firma. Como o artigo tivesse entrado em moda, recebi uma
proposta sumamente egoísta de uma associação de lojas
varejistas de objetos de fantasia, sediada em Tóquio, a qual me
pedia que lhe vendesse uma das duas exclusividades reservadas
àquela firma. Vendo-se rejeitada pela minha honestidade,
tentou boicotar-me com a colaboração de todas as lojas do
gênero, a fim de obrigar-me a ceder. Dois anos de resistência me
acarretaram considerável prejuízo, mas a associação deu-se por
vencida e entramos em acordo.

                               43
Outro caso interessante foi quando, em protesto contra
uma injustiça comercial, tentei suspender determinada
transação. O encarregado, surpreso, disse-me ter sido eu a
primeira pessoa que rompera a tradicional obediência às
imposições feitas aos comerciantes. Reconhecendo que eu
estava com a razão, a firma desculpou-se, e o caso foi resolvido.”
        Optou pela abertura de um jornal que combatesse os
males sociais, e assim iniciou vários negócios para conseguir
capital. Mais tarde, Nidai-Sama escreveria a respeito:
        “Desde a juventude Meishu-Sama deplorou as condições
infelizes da sociedade e se preocupou profundamente com o
melhoramento do mundo. Anos antes de fundar a Igreja
Messiânica Mundial, ele pensou em publicar um jornal que
servisse, até certo ponto, para esclarecer as pessoas e preparar
o caminho para a reforma do homem. Isso indica que, mesmo
naquela época, ele estava decidido a, de alguma maneira, ajudar
a humanidade.”
        Ele mesmo diria:
        “Quando eu era jovem, apesar de ser ateu, sempre tive o
desejo de melhorar a sociedade, Achando que, para isso, não
havia meio mais eficaz do que uma empresa jornalística, fiz
vários pesquisas e fiquei sabendo que, naquela época precisaria
de mais ou menos um milhão de ienes.
        Precipitando-me em conseguir logo a quantia necessária
para a abertura da empresa Jornalística, estendi demais a mão,
de modo que acabei falindo, com dívidas até o pescoço.
Consequentemente tive de desistir da idéia de abrir a empresa.”
        Falando no enterro daquele que o colocara naquela
situação de dívida e que havia se suicidado: “Afinal, eu é que fui
o culpado, por ter confiado demais.”

       Sofrimentos por Doenças à Libertação dos Remédios.

       Eis o que Meishu-Sama dizia:
                               44
“Tive quase todas as doenças, exceto as de senhoras.”
        Teve crises de hemorróidas, dores de cabeça e estômago,
reumatismo, prostração nervosa, uretrite, amidalite, catarro
intestinal, problemas das válvulas cardíacas e periodontite.
        Na sua crise de hemorróidas, superou quando descobriu
a causa desta:
        “Essa doença é considerada mais comum entre os
japoneses. A sua causa está totalmente na má estruturação dos
sanitários que eles usam. Há muitas pessoas que lêem no
sanitário. Isso não é bom porque geralmente, quando começam
a ler demoram tempo. As pessoas que têm problemas de
hemorróidas devem refletir bem sobre esse ponto.
        Quando eu era jovem "Sofri muito com essa
enfermidade, mas decidi fazer minhas necessidades fisiológicas
em menos de cinco minutos, mesmo que não tivesse terminado
totalmente. A partir daí a doença começou a melhorar
naturalmente.”
        Em 1905, aos 22 anos, sofreu uma grave isquemia
cerebral em conseqüência de tensão e sobrecarga de trabalho
por falta de prática na loja de miudezas. Quando passava por
ruas onde circulavam bondes, chegava a sentir-se tonto e até a
desmaiar, por causa do estridente barulho dos trilhos. Bastava-
lhe conversar para que ficasse sem fala.
        Em 1909 foi desenganado com tifo intestinal:
        “Quando eu tinha 28 anos, sofri tifo. Observando o
estado do meu corpo, pensei que não tivesse cura; por isso, fiz
um testamento para minha ex-mulher (já falecida), explicitando
o que deveria fazer quando eu morresse. Estava, pois, bem
conformado com a minha situação.
        Como a casa em que eu morava era pequena, imaginei
que, se viesse muita gente para o meu enterro, iria ficar muito
apertada. Então, preferi aguardar o desenlace num hospital
particular de clínica geral que havia perto da minha residência.
Pedi para ser colocado ali, mas não fui aceito. O diretor recusou
                               45
a minha internação, alegando que a morte de um doente traria
má fama para a clínica, sendo, por isso, uma situação diferente
da que acontece numa instituição pública. Mesmo assim, não
desisti. Recorri ao irmão mais velho do diretor que, como eu,
nessa mesma época, tinha uma loja de armarinhos. Através dele,
fiz o pedido para que pudesse morrer nesse hospital e, por causa
desse relacionamento comercial que mantínhamos, fui aceito.
         Estava, contudo, tão debilitado que não consegui entrar
no jinrikisha (carrinho de mão, o meio de transporte da época).
Fui, então, levado numa maca. Durante o percurso, olhava a
cidade e as pessoas, pensando estar fazendo isso pela última
vez. Sentia um vazio e uma solidão profundos. Nos três
primeiros dias de internação, não houve muita mudança no meu
estado clínico. O médico diagnosticou pneumonia, receitou um
medicamento, dizendo que com ele poderia obter a cura. Caso
contrário, não haveria outra solução. Quando o tomei, meu
sofrimento tornou-se ainda maior. Passei por uma espécie de
delírio em que via túmulos. Pensei: com certeza, vou morrer.”
         Sobrevivendo, vivia sob o temor da doença a ponto de
parecer neurótico. Precavia-se a ponto de ir ao médico por causa
de um espirro. Quando ia ao toalete jamais usava a toalha usada
por outras pessoas, abanava as mãos para secá-las. Eis um fato
acontecido consigo, contado por ele, que mostra o quanto ficou
dependente da Medicina:
       “Portanto, imaginamos o quanto os homens da atualidade
temem doença e estão apavorados. Uma vez doentes, é senso
comum ir a um médico e tomar remédios. Não posso deixar de
ficar admirado ao ver como puderam chegar a acreditar esse
ponto na medicina. Apesar disso, se pensar, como eu era antes,
não estou na posição de falar dos outros. Certa vez, aconteceu o
seguinte fato: creio que mais ou menos quando eu tinha 30 anos
e fui a uma região de águas termais num lugar bem afastado.
Assim que cheguei à hospedaria, perguntei à funcionária:
       - Nessas termas existem médicos?
                              46
- Sim, há um médico – respondeu.
       - É um médico comum ou um cientista?
       - Ouvi dizer que se formou este ano.
       Ao saber disso, fiquei tranqüilo pensando que poderia ficar
sossegado nesse local. Entretanto, mas tarde, sabendo que
existiam muitas pessoas iguais a mim, vi que não era tão
excepcional. Também aconteceu o seguinte: como ninguém sabe
quando irá ficar doente, eu procurava um médico gentil que me
atendesse quando fosse chamado, mesmo durante a noite, com
um simples telefonema. Achei um médico assim e por isso
tratava-o com a maior consideração, até que ficamos como se
fossemos parentes. Ele foi padrinho de meu casamento com
minha atual esposa, e isso mostra o quanto eu acreditava na
medicina, nessa época.”
         Porém, conscientizar-se-ia da nocividade dos remédios,
através da doença que mais lhe fez sofrer e de maior duração,
qual seja, a dor de dentes de 1914 a 1916:
         “A dor de um só dente já é terrível. Imaginem então
quatro dentes doendo ao mesmo tempo todos os dias. Era
insuportável. Minha cabeça foi ficando tão perturbada que eu
me vi num beco-sem-saída, achando que teria de escolher entre
ficar louco ou me suicidar.”
         Nessa situação, ouviu do seu dentista: “Já usei todos os
remédios que conheço. Agora só resta esperar pelo novo
medicamento que um amigo meu vai trazer dos Estados
Unidos”. Não suportando mais o sofrimento por que passava,
começou a experimentar um tratamento que um sacerdote da
religião Nitiren lhe aconselhou. Começou a se sentir melhor, a
dor havia diminuído, se viu tomado por uma sensação agradável
que não sentia há meses. Repentinamente, ocorreu-lhe uma
idéia: a causa da dor de dente não seriam os remédios? Não
seria por causa deles que a dor de dentes não passava? Os
analgésicos não estariam causando uma dor ainda maior?

                               47
Pensando assim, parou de ir ao dentista e também nunca mais
foi a casa do sacerdote.
        Eis o que Meishu-Sama disse a respeito:
        “Tentarei escrever sobre minhas experiências com
relação a esse fato. Há 36 anos atrás, extraí os dentes para poder
colocar dentaduras; ao colocar remédio desinfetante na
cavidade aberta, comecei a sentir muitas dores. Para aliviá-las,
tomei novos remédios, mas elas iam aumentando gradualmente.
Entretanto, compreendi que tudo tinha sido causado pelos
remédios, sendo também uma forma de jogar fora o meu "eu"
de até aquele momento. Depois de compreender isso abandonei
os dentistas, e a dor foi passando gradativamente.”
        Diante de tantas doenças, Meishu-sama aprendeu que:
“o meu mestre foram as doenças.”

       Falecimento dos Familiares e Segundo Matrimônio.

        No dia 25 de maio de 1912, quando Meishu-Sama tinha
30 anos, sua mãe falece de nefrite com 57 anos de idade. Eis
suas últimas palavras: “Parece que estou chegando ao fim.
Chamem Mokiti, preciso falar com ele” e “Mokiti você voltou...”
        Em 1915, no oitavo ano de casamento, quando já haviam
desistido de ter filhos, Taka ficou grávida de uma menina. Mas, o
parto fora muito difícil, e por isso, logo depois de seu
nascimento, a criança veio a falecer. Logo depois, engravidou
novamente, nasceu outra menina, mas já estava morta. Em 4 de
junho de 1919, ficou grávida pela terceira vez de uma outra
terceira menina, contraiu tifo intestinal ocasionando nascimento
e morte prematuros da criança.
        Taka ficou muito enfraquecida e, uma semana depois, no
dia 11 de junho de 1919, acabou falecendo. No funeral, muito
deprimido, Meishu-Sama falou: “Cortaram-me um dos braços.”
        Em dezembro de 1919, aos 36 anos, casa-se pela segunda
vez, com Ôta Yoshi de 22 anos. Esta, que após a morte de
                               48
Meishu-Sama, viria a ser Nidai-Sama, a Segunda Líder Espiritual
da Messiânica. Eis as circunstâncias em que se deu esse
matrimônio.
        - Um indivíduo de nome Okada diz que deseja desposar a
Srta. Yoshi. - [resposta negativa] - O Sr. Okada falou que está
firmemente disposto a desposar a Srta. Yoshi. Não poderiam
pensar melhor no caso? - Por favor, dê este assunto por
encerrado. - O Sr. Okada está muito entusiasmado e me falou
que quer desposar Yoshi de qualquer jeito. - Se insistem,
podemos aceitar. - Yoshi diz: “Se ele insiste tanto, eu aceito.”
        “Ao ser indagada pela tia, que perguntou: "O que você
acha? Ele é bem mais velho. Vai aceitá-lo?", Nidai-Sama
respondeu: "Essas coisas dependem da afinidade. A idade não
importa."
        O pai de Nidai-Sama, vendo a foto de Meishu-Sama que
fora enviada, disse: "Como essa pessoa tem boa fisionomia, é
melhor aceitar a proposta" e, prosseguindo, disse que poderia
ajudá-lo, de certa forma, nos negócios. Ao saber disso, Meishu-
Sama afirmou: "Não gosto de incomodar as pessoas, e também
não quero que se misturem as coisas. Aceito-a (Nidai-Sama)
como esposa, desde que seja em separado dos negócios". E
assim, foi feito o casamento. Por isso, quando se casaram, os
dois sofreram muito financeiramente. Mas como Meishu-Sama a
tratava bem, Nidai-Sama foi muito feliz.
        Trata-se de um fato ocorrido quando Yoshi (Nidai-Sama)
ia se casar.
        Soube que Meishu-Sama dissera o seguinte, naquela
ocasião: "Apesar de já ter confirmado o casamento, por causa de
certa pessoa, tive que contrair uma dívida. Sinto pena dela
(Yoshi), portanto, vamos encerrar este assunto por enquanto."
        Entretanto, Yoshi disse: "Uma vez confirmado o
casamento, mesmo que meu corpo esteja aqui, já pertenço
àquela família" e assim, felizmente, o matrimônio foi realizado.

                              49
Normalmente, as pessoas escondem o fato de terem
pesadas dívidas e se casam, mas, Meishu-Sama, sem dissimular,
expôs tudo. Senti com isso que o Sr. Okada é uma pessoa
realmente honesta e boa, foi o que foi dito.
        E então, Yoshi contraiu casamento, - afirmando: "Mesmo
que tenha que morar num cortiço por causa das dívidas, uma vez
que o compromisso foi selado, já faço parte daquela família.
Portanto, quanto ao dinheiro, podemos consegui-lo com esforço
mútuo".”
        Depois de casados, um parente perguntou a Yoshi:
“Como é? Dá para viverem juntos?” Ela respondeu: “Comecei a
gostar dele. Fique tranqüila. Estando com ele, tudo irá bem.”
        Um familiar diria que Mokiti ao acolher Yoshi como
esposa:
        “Revelou-se uma pessoa carinhosa que, mesmo para a
caminhada diária, levava-a em sua companhia. Com todo o
carinho que recebeu, ela teve uma vida realmente muito feliz.”
        E que quando ela engravidou, ele era extremamente
zeloso.
        Ao saírem para fazer compras, Mokiti, dizendo ser
perigoso se ocorresse uma colisão violenta, chamava, além do
táxi que os conduzia, mais dois: um ia à frente e o outro atrás,
amarrados com cordas ao seu veículo. Isso era para evitar que
outros carros entrassem no meio. Quando o motorista
aumentava um pouco a velocidade, ele logo chamava a atenção:
"Está correndo demais, vá devagar". Assim, ele sempre tratou
Yoshi com o máximo de cuidado.
        Os cabelos de Meishu-Sama, na época, já estavam
brancos. Por, isso, quando se casou, Yoshi chegou a levar uma
tinta para pintá-los. Porém, ele lhe disse:
        “Não faça isso. Essa cor fica até muito bem.”




                              50
1.3. Religioso da Oomoto.

       De 1920 a 1934, ou seja, dos 38 aos 51 anos.
       Neste item se aborda: Conversão; Iluminação;
Desligamento.

 Conversão.

      Neste ponto: Prejuízo e Entrada na Fé; Sofrimento e
Afastamento; Mistérios, Sofrimentos e Retorno.

       Prejuízo e Entrada na Fé.

        “Naquele tempo, as minhas atividades comerciais iam
muito bem, e eu estava no auge da autoconfiança, mas um de
meus empregados me fez perder tudo. A sorte adversa,
manifestada através do falecimento de minha primeira esposa,
dos embargos judiciais sofridos da falência e de outras desgraças
me arrastaram para o fundo do abismo. Como resultado, acabei
recorrendo aquilo a que todos recorrem nessas ocasiões: a
Religião. Também eu fui à procura da salvação do xintoísmo e no
budismo, como era de praxe, e assim tive conhecimento da
existência de Deus, do Mundo Espiritual, da vida após a morte,
etc. Refletindo sobre o meu passado, arrependi-me da vida inútil
que levara até então.”
        Registrou assim também:
        “No dia 15 de março do ano seguinte (1920), começou a
famosa crise financeira. As ações tiveram uma grande baixa, e o
preço das mercadorias caiu bruscamente. Por isso, a Loja Okada
S.A., que havia acabado de nascer, desmoronou sem oferecer
nenhuma resistência, ficando num beco-sem-saída.”
        Meishu-Sama conta que: “Desesperado, recorri à Religião.
Durante mais ou menos vinte anos, passei por inúmeros percalços e
dificuldades, tendo sofrido muito por causa de vultosas dívidas. Para
                                 51
que possam fazer uma idéia, recebi várias intimações judiciais e sofri
uma falência.”
        Ele, que acreditava que a felicidade ou infelicidade dependia
unicamente da inteligência e esforço, [pois, para si, estes dois
atributos foram a causa dele sozinho obter muito êxito empresarial
em pouco tempo] foi perdendo autoconfiança. Os seguidos e sérios
infortúnios que o atingiram, levaram-no a sentir a insignificância da
força humana para chegar a felicidade. Ele passou a pesquisar
diversas religiões, em busca de uma forma para se livrar das
desgraças.
        “Realizei minuciosos estudos e pesquisas procurando
ouvir o maior número possível de espíritos desencarnados,
através de médiuns. De tudo que esses espíritos disseram,
eliminei aquilo que pode não ser verdade, transcrevendo apenas
os pontos coincidentes entre os muitos depoimentos que ouvi.
Por isso, tenho certeza de que não há erros em minhas
explanações.”
        Assim mais tarde:
        “Neste volume estão coligidos os Ensinamentos que
escrevi sobre os fenômenos do Mundo Espiritual, como
resultado de estudos e pesquisas efetuados durante mais de
vinte anos. Não há fantasia nem exagero em minhas palavras.
        Como exemplo, vou contar uma estória ocorrida na
época em que eu estava pesquisando a religião Tenri-Kyo.
        Um rapaz que sofria de tuberculose pulmonar e fora
desenganado, ingressou na referida religião. Pensando na
prática de uma boa ação, decidiu fazer a limpeza do escarro
expectorado por outras pessoas nos passeios da cidade.
Decorridos três anos, durante os quais fez isso todos os dias, o
rapaz estava completamente recuperado; a doença tinha
desaparecido sem deixar o menor vestígio.”
        Outro exemplo:
        “Certa vez em que eu estava fazendo concentração
mental, repentinamente senti uma sensação estranha. Tinha
                                 52
impressão de que minha boca se abria até as orelhas, que meus
olhos brilhavam e que nos dois lados da minha testa se
formavam chifres. Comecei a emitir, espontaneamente, um som
horrível, como se fossem rugidos de um animal selvagem. Fiquei
assustado, mas, como já tinha ouvido falar sobre encosto de
espíritos, achei que devia ser isso. Pensei em espírito de tigre,
leopardo ou mesmo leão, mas vi que não poderia ser, pois esses
animais não possuem chifres. Consultei, então, meu superior
hierárquico, que na época era um orientador. Ele disse que sem
dúvida era espírito de dragão. Naquele tempo, eu também não
tinha certeza se dragão existia realmente, mas através do fato
em questão conclui que sim. Além disso, na ocasião eu tive a
impressão de que os ossos da parte superior da minha coluna
ficaram salientes, o que é outra característica do dragão.”
         Pesquisou a Bíblia:
         “Quando eu era jovem, discuti a respeito do milagre
numa reunião de pesquisa da Bíblia. Dizendo que não conseguia
acreditar absolutamente nos milagres, risquei todos os trechos
relacionados a eles. Lendo-a sem esses trechos, ela não era
relacionada mais a um livro religioso e sim, um livro de moral.
Quando entendi isso, perdi todo o interesse que tinha, e larguei
a pesquisa.” [pode-se imaginar quando se compara com os livros
de ensinamentos de Meishu-Sama que são ultra-religiosos].
         Meishu-Sama se sentiu atraído pela Oomoto por ela pregar a
reforma do mundo e a toxicidade dos remédios, confirmando seu
sentimento de justiça e experiência da nocividade dos
medicamentos.
         “A religião Oomoto nunca se preocupou em divulgar os
ensinamentos relacionados ao erro da medicina. No entanto,
quando ingressei nessa Doutrina, percebi, ao ler o Ofudessaki
(coletânea de textos psicografados pela fundadora Não Deguchi)
criticas a medicina. Nesses escritos encontrei a seguinte revelação:
“Deus está triste! O povo, por ignorância, deixou-se contaminar
pelos remédios, que não curam, só envenenam o corpo.” No
                                53
momento em que li esse trecho fiquei assustado, pois, até então,
nenhuma corrente religiosa havia afirmado tão claramente que
remédio é veneno. Percebi aí também a razão pela qual ingressei na
Oomoto.”
       Em outro ensinamento:
       “Depois que tomei conhecimento dos erros da
medicina, descobri estas palavras escritas no Ofudesaki:
"Aquilo que veio do além-mar está mais para veneno do que
para remédio. É um bando de imbecis que pagam altos preços
por uma coisa inútil e, ainda por cima, sujam seus próprios
corpos. Desse jeito, até Deus fica em apuros..." E eu fiquei
deveras assustado! Nesta época acho que não havia uma
única pessoa que dissesse que o remédio era veneno. E isto
estava escrito no Ofudessaki, o que me comoveu muito. Esse
foi o principal motivo pela qual ingressei na Religião Oomoto-
kyo.”
       Assim, decidiu converter-se àquela religião. Isso ocorreu
no mês de junho de 1920.
       “Completar trinta e oito anos, para mim, foi também meu
segundo nascimento. A partir de então, inesperadamente,
ingressei na vida religiosa e, pela primeira vez, soube da missão
confiada a mim pelos Céus.”
       Anos mais tarde falaria:
       “Até agora não se conhecia o espírito. Desprezava-se a
sua existência. Como o Sr. Tokugwa, disse há pouco, é uma
questão de alma. A ação da alma é muito grande.
       Ontem fui visitado por uma pessoa que eu não via há
cerca de um ano. Anteontem eu tinha pensado: "Como estará
ele passando?" No dia seguinte ele apareceu. Aí eu disse para
mim mesmo: "Ah, o espírito dele veio aqui antes!"”




                               54
Sofrimento e Afastamento.

        Meishu-Sama disse que após tornar-se religioso, passou
por grandes sofrimentos, mas, por outro lado, também teve
grandes alegrias.
        Como ocorreu ao passar por esse acontecimento:
        “Quando entrei na religião Oomoto, meu sobrinho, que
era estudante ginasial, foi à cidade de Ayabe e lá, caindo num
rio, morreu afogado. Ele era o herdeiro do meu irmão mais
velho. Este irmão me disse: "Meu filho foi para lá e acabou
morrendo porque você ingressou na religião Oomoto. A religião
Oomoto é nossa inimiga." Como foi um acontecimento real,
afastei-me daquela religião.”
        Logo em seguida, nasceu sua primogênita Mitiko em 11
de outubro de 1920, no ano seguinte seu primeiro filho homem
Mitimaro. Começou a melhorar profissionalmente:
        “Mesmo assim, fizemos esforço para levantar o destino
da empresa e, por volta de 1922, finalmente a situação começou
a melhorar.”

       Mistérios, Sofrimentos e Retorno.

        Certo dia, antes da Segunda Guerra Mundial, Meishu-
Sama referiu-se ao livro de profecias da Oomoto: "Pode ser que
vocês não saibam de que se trata, mas está bem claro para
quem queira entender." Ali diz "pássaros de terras estranhas
voarão sobre o nosso país e abaterão os pássaros japoneses. Sob
seus pés sairá fogo." “Tudo isso se realizará.”
        Perguntei-lhe o que significava "sob seus pés." Disse-me:
"significa que a Imperial Cidade de Tóquio um dia será um mar
de chamas. Vocês devem procurar ser mais perspicazes para
entender todo o assunto por uma simples palavra. Caso
contrário, não poderão ser eficientes instrumentos de Deus, na

                               55
Obra Divina." Somente após o término da guerra é que pude
compreender o verdadeiro significado de tudo isso.
         Algo parecido se deu por ocasião do grande terremoto
ocorrido no Japão, no Distrito de Kanto. Antes de sua erupção o
Reverendo Deguchi da Seita Oomoto deu a Meishu-Sama um
quadro de um grande incêndio, por ele próprio pintado, onde se
via um mar de chamas em quase toda a superfície. Bastou olhá-
lo e Meishu-Sama previu o que estava para acontecer, mudou-
se, então, para Omori. Logo em seguida, um terremoto devastou
a cidade de Tóquio.
       Certo dia Meishu-Sama contou-me o seguinte fato, que
ocorreu em Maio de 1923, quando era proprietário da casa de
comércio Okada. Nessa ocasião, ele decidiu vender sua bela
residência por 35.500 ienes: ainda que o valor normal fosse
acima de 50.000 ienes e mudou-se imediatamente, onde
comprou outra casa.
       Seus parentes ficaram surpresos por essa atitude
repentina. Criticaram Meishu-Sama asperamente haver
efetuado a venda por preço tão baixo. Ele respondeu
tranqüilamente: "Vocês criticam-me agora, mas vocês deverão
voltar aqui dentro de pouco tempo." Os parentes que não
acreditavam em sua profecia, olharam-se aborrecidos e saíram
sem nada mais dizer.
       Alguns meses após, houve grande terremoto que
transformou em um amontoado de brasas e cinzas. Foi,
realmente, uma trágica ocorrência em que morreram milhares
de pessoa, algumas diretamente pelo terremoto, outras pelos
incêndios que se seguiram.
       Todos os parentes de Meishu-Sama que o haviam criticado
pela venda da casa, perderam seus lares e pertences.
Procuraram então Meishu-Sama com alguns poucos objetos de
uso pessoal, e admitiram que haviam cometido um engano ao
criticá-lo naquela ocasião. Disseram: “o que nos disse finalmente
aconteceu."
                               56
Nesse episódio acima se observa como Meishu-Sama
aceita a Lei de Causa e Efeito, a afinidade, o predestino, assim
ele não teve pena de quem iria comprar a sua casa.
        Já para seu companheiro de negócios e líder da
Associação de Lojista, falou claro: “Em breve Tóquio ficará em
chamas.” Espantado, o companheiro deu gargalhada, falando:
“Não diga tolices.”
        Em 1 de setembro de 1923, ocorreu um grande
terremoto no Japão. Uma calamidade que ocasionou a morte de
50 mil pessoas e a destruição de mais de 400 mil casas.
        O líder da Associação que gargalhara, comentou: “Onde
foi que Okada ouviu aquilo? Ele diz coisas terríveis.” E apelidou-o
de ‘Deus’.”
        Meishu-Sama, com esse grande terremoto, além de
sofrer novamente grande prejuízo nos negócios, perderia seu
filho homem no dia 3 de outubro. Pois, após catástrofe, houve
um surto de cólera infantil e sem que ninguém percebesse seu
primogênito teria contraído a doença e acabou não sendo
socorrido a tempo.
        Em 2/12/1923, nasceu outro filho homem Mihomaro,
que é surdo.
        No ano seguinte retorna a Oomoto:
        “Depois de cinco anos, fui a Ayabe. A partir daquela
ocasião, tornei-me um membro devoto da Oomoto. Esse fato
também estava relacionado com a chegada do meu tempo
certo. Na primeira vez, a época ainda estava prematura. Adiar
por cinco anos foi melhor.”

 Iluminação.

       Neste ponto: Atuação direta de Deus como Kannon;
Acontecimentos encerram vida empresarial; Transição da Era da
Noite para Era do Dia e Johrei.

                                57
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Messias

  • 1. FILOSOFIA RELIGIOSA DO MESSIAS: DEUS AO REINO DO CÉU NA TERRA MESSSIAS VOLUME 4 2010
  • 2. 2
  • 3. INTRODUÇÃO “Messias” compreende três tópicos: Família, Trabalho e Fé; Messiânica; Messiânica Mundial. Este volume apresenta a vida de Mokiti Okada, seus pensamentos, palavras e ações, suas reencarnações, como se tornou Meishu-Sama, anos mais tarde, Meshia-Sama, o Messias. Os 72 anos de existência de Mokiti Okada são apresentados em três períodos: primeiro, que vai de 1882 a 1934, seus primeiros 52 anos de vida, passos iniciais na família, trabalho e fé; o segundo, de 1935 a 1949, dos 52 aos 66 anos, seus posteriores 15 anos, formando e desenvolvendo a Messiânica; e o terceiro, de 1950 a 1955, dos 67 aos 72, seus últimos cinco anos, edificando a Messiânica Mundial. O primeiro período - Família, Trabalho e Fé - compreende três sub-períodos: “Caseiro comum e admirável” [1882-1904, primeiros 22 anos], “Empresário de loja de aviamentos” [1905- 1919, 23 aos 37 anos] e “Religioso da Oomoto” [1920-1934, 38 aos 51]. O segundo período - Messiânica: “Criador de uma Ultra- Religião” [1935-1943, 52-61], “Edificador de Solos Sagrados” [1944-1949, 62-66] e “Revelador de seu Passado, Presente e Futuro”. O terceiro período - Messiânica Mundial: “Começou a usar o nome de Meishu-Sama” [1950-1953, 67-70], “Passou a ser chamado de Meshia-Sama” [1954-1955, 71-72] e “Delineou o Século XXI”. Meishu-Sama é o nome religioso de Mokiti Okada, assim como, Sakyamuni é o nome religioso do príncipe Sidartha Gautama que foi um Buda, e Jesus de Nazaré que foi um Cristo. O empresário Mokiti Okada, que viveu entre 1882 e 1955, teve várias reencarnações, numa delas, ele mesmo disse: “Relacionando a minha vida à do Príncipe Shotoku, dá para perceber a existência de pontos semelhantes entre as nossas idéias porque, na verdade, eu sou uma reencarnação dele.” 3
  • 4. Reencarnações conjecturadas, após a deste príncipe regente Shotoku (574 d.C.-622 d.C.), foram a do general Hideyoshi Toyotomi (século XVI) e o pintor Ogata Korin (1658- 1716). Vidas anteriores a do príncipe, que foram muito significativas, data de cerca de três mil anos atrás, que será explicitada neste trabalho. Eis o que o Meishu-Sama pensa a respeito destas últimas personalidades vivenciadas por ele. No que se refere ao príncipe Shotoku: “Uma semelhança marcante entre a minha vida e a do Príncipe Shotoku diz respeito às construções.” “Exemplifiquemos, primeiramente, com o príncipe Shotoku, cujo vasto conhecimento sobre a cultura budista, principalmente na parte artística, ninguém poderá deixar de reconhecer. Temos a prova disso no Templo Horyuji e em outras construções, que ainda conservam o esplendor da sua magnificência, A sua famosa "Constituição dos 17 Artigos" de ser considerada a base da lei japonesa.” Meishu-Sama sempre dizia: “"Trabalho dez vezes mais do que qualquer homem.” Neste aspecto, lembra o príncipe regente Shotoku, que ouvia dez pessoas ao mesmo tempo, coisa impossível para uma pessoa comum.” No que diz respeito ao general Hideyoshi Toyotomi: “A maior honra, no entanto, desejamos conferir a Hideyoshi Toyotomi (unificador dos feudos, no ano de 1573). A grandeza de Hideyoshi Toyotomi reside no fato de ter compreendido a Arte ainda na mocidade e colecionado obras- primas, o que não deixa de ser algo surpreendente, dado que ele era filho de lavrador. Geralmente, além de crescer sob condições favoráveis, ou melhor, na classe acima da média, é necessário um grande esforço para se atingir o nível do "saber das coisas" [tieshokaku]. Hideyoshi, portanto, é de fato um homem extraordinário, pois atingiu esse nível apesar de sua origem humilde e de ter vivido continuamente em campos de batalha.” 4
  • 5. No que tange ao pintor Ogata Korin: Quando Meishu-Sama tinha 25 anos de idade, abriu uma loja em Tóquio, na Rua Nishinaka, Nihonbashi e deu o nome de Korin-do em homenagem ao famoso artista Korin Ogata (1658- 1716), que Meishu-Sama mais admirava entre todos os artistas japoneses. Mas, afinal, em poucas palavras, quem é Meishu-Sama? Ele mesmo responde: “No presente, quando o mundo vagueia em tão caótica situação, Deus enviou o Mestre Meishu-Sama, fundador da Igreja Messiânica Mundial, com a suprema missão de realizar o Seu sagrado objetivo de salvar toda a humanidade.” “Mesmo aquela estátua do Palácio dos Sonhos, que ficou por longos anos oculta, indica simbolicamente o meu nascimento como um Guce Kannon, isto é, um salvador da humanidade.” Antes de começar a primeira parte, isto é, transmitir a vida de Meishu-Sama, expõe-se o que Meishu-Sama pensa, através de suas próprias palavras, a respeito da transmissão de sua existência: “Aqueles que me conhecem, cientes da grande obra de salvação por mim realizada, naturalmente gostariam de saber tudo o que for possível a meu respeito; no futuro, será incalculável o número de pessoas, no mundo inteiro, que terão o mesmo desejo. Assim, como criador do princípio do Mundo Paradisíaco, pretendo deixar para as gerações vindouras a imagem mais fiel de minha pessoa, e por isso escreverei a meu respeito. Parece-me estranho que aqueles grandes religiosos – Cristo [Jesus], Maomé (séc. VI d.C.) e Sakyamuni (séc. VI a.C.) - nada tenham falado de si mesmos. É como se estivessem trajados com magníficas vestes e não quisessem tirá-las; desse modo, não podemos conhecer suas impressões e confissões. Talvez eles não nos tenham revelado seu íntimo por não terem vontade de fazê-lo, mas acho isso realmente lamentável. 5
  • 6. Quanto a mim, acontece o contrário. Desejo escrever tudo a meu respeito, com todos os detalhes. Provavelmente encontrarão pontos incompreensíveis em minhas explanações, fatos que lhes parecerão inverossímeis, grandes ou pequenos, claros ou obscuros, finitos ou infinitos, etc. Saboreando minhas palavras, conseguirão a sabedoria da vida e tornar-se-ão possuidores de espírito inabalável.” Enfatizando mais ainda: “Todo acontecimento da vida cotidiana relacionada à minha pessoa, por menor que seja, é Luz. Portanto, faça o possível para transmitir isso a um maior número de pessoas.” “Sem levar em consideração o fato de saber redigir bem ou não, todos vocês que servem perto de mim, têm o dever de transmitir aos fiéis a minha vida diária. Vocês precisam observar direito se realmente estou pondo em prática tudo o que digo ou ensino aos membros, e registrar tudo tal qual têm observado.” “É importante que os mamehito saibam quem sou eu, Meishu-Sama. Quando tiverem convicção absoluta do meu poder, a sua alma ficará sólida como um diamante. Ao mesmo tempo, a capacidade de atuação de cada um aumentará consideravelmente. Assim todos conseguirão colaborar na Obra Divina. Devem vocês, portanto, procurar entender do fundo do coração, estas minhas palavras e, depois, colocá-las em prática o maior número possível de vezes.” Em dois poemas: “Homens! Preparem-se! Grande Messias é o Sagrado Nome Daqueles que salvará o mundo no Juízo Final. A Era dos Deuses Será a era em que a Luz do Messias Iluminará ilimitadamente a Terra. 6
  • 7. Ecoam mudas vozes de alegria Pelo surgimento do Messias Nos três mundos: Divino, Espiritual e Material.” “Sou homem e não sou homem Sou Deus e não sou Deus Fico a refletir sobre mim mesmo ... O Estado de União com Deus Refere-se à ação onde não existe distinção Entre a Obra de Deus ou a do homem. Serei eu A salvar este conturbado Mundo Material Manifestando a Força da União com Deus.” “Quanto ao museu, ficará para o ano que vem. Creio que ele será comentado mundialmente, atraindo a atenção do mundo inteiro. A obra ainda está na metade, mas quando estiver totalmente concluída, causará assombro. Como resultado, surgirá esta pergunta: ‘Afinal de contas, o que é a Igreja Messiânica Mundial?’. Sabendo que se trata de uma Igreja dirigida por um indivíduo chamado Meishu-Sama, quererão saber quem é esse indivíduo. Assim, estou certo de que terá início uma pesquisa sobre ele.” ““Entre o espaço de 10 e 20 anos, Ele construiu tudo isto..." Eu acho que a partir de uma frase como esta, as pesquisas sobre Mokiti Okada vão dar o seu passo de largada. "Quem foi ele e qual a filosofia que pregava". Através destas e de outras frases, todas as coisas que eu escrevi serão lidas em todas as partes do mundo. E, como resultado concreto disso, teremos que as pessoas não vão poder deixar de entender 7
  • 8. sobre a superstição da Medicina e a superstição dos fertilizantes muito utilizados até os dias de hoje. E ainda, como vou construir a grandiosa obra que é o Paraíso Terrestre, vão achar maravilhosas as minhas palavras e a minha ideologia e, principalmente, vão entender que através dela é que vamos implantar a verdadeira saúde. Todas as doenças vão ser exterminadas. Teremos grandes colheitas sem nenhum tipo de fertilizante ou adubo. E, ainda por cima, quando acabarmos com o ateísmo, os criminosos também vão desaparecer. Como escrevo coisas do tipo extraordinário e até raro, se forem lidas por pessoas que possuem pensamentos deturpados, por mais que sejam coisas boas que estejam escritas, de maneira alguma elas entram na cabeça destas pessoas. Por outro lado, se for lido por pessoas que tenham o pensamento: "Ele é diferente das pessoas comuns. Com certeza não é um homem qualquer. O que será que ele quer dizer com isso?", rapidamente se tornará um apreciador das minhas palavras. Se não for por esta maneira, não se chegará a lugar nenhum. E esta forma de fazer é uma atitude do Deus Absoluto. Assim, dá para entender que Deus faz de uma forma tão magnífica que chega a nos deixar boquiaberto, ou seja, antes de tudo, Ele utiliza o Belo para chamar a atenção das pessoas em geral. Eu acho que Deus faz tudo com muita habilidade.” Assim, neste volume devido ao seu caráter excepcional de abordar existência pessoal, são incluídas na Bibliografia outras referências que trazem depoimentos de familiares, como os livros de Ensinamentos de Nidai-Sama e trechos de palestras de Kyoshu-Sama. 8
  • 9. ÍNDICE 1. Família, Trabalho e Fé................................................... 011 1.1. Caseiro comum e admirável.............................................. 011 1.2. Empresário de loja de aviamentos.................................... 032 1.3. Religioso da Oomoto......................................................... 051 2. Messiânica.................................................................... 089 2.1. Criador de uma Ultra-Religião........................................... 089 2.2. Edificador de Solos Sagrados............................................. 143 2.3. Revelador de seu Passado, Presente e Futuro................... 172 3. Messiânica Mundial...................................................... 241 3.1. Começou a usar o nome de Meishu-Sama........................ 241 3.2. Passou a ser chamado de Meshia-Sama............................ 313 3.3. Delineou o Século XXI........................................................ 342 Síntese................................................................................... 353 9
  • 10. 10
  • 11. 1. FAMÍLIA, TRABALHO E FÉ 1.1. Caseiro comum e admirável. De 1882 a 1904, ou seja, os primeiros vinte e dois anos. Neste item: Nascimento; Infância; Juventude. ● Nascimento. Neste ponto: Lugar e Tempo; Predição; Linhagem. Lugar e Tempo. Meishu-Sama disse as seguintes palavras: “Deus, confiando essa grande missão a um simples ser humano como eu, fez-me nascer neste mundo” e “Nasci em Hashiba localizado em Assakussa, Tóquio, no dia 23 de dezembro de 1882”. Predição. Ele falou o seguinte a esse respeito: “Creio que a expressão “Luz do Oriente” surgiu há uns dois mil anos, tendo-se propagado gradativamente a ponto de hoje não existir quem a desconheça. Até agora, no entanto, por ignorância do seu verdadeiro significado, ela continua envolvida em mistério. Assim, gostaria de mostrar o que realmente significa essa expressão. Indiscutivelmente, “Luz do Oriente” era uma predição relacionada à minha pessoa. Não haverá quem não se espante ao tomar conhecimento dessa verdade, e poucas pessoas conseguirão aceitá-la de imediato. Por isso, tentarei me explicar melhor, apresentando provas reais do que estou dizendo. 11
  • 12. A primeira prova é o local onde nasci e o trajeto das mudanças que fiz. O país chamado Japão, como todos sabem, localiza-se no extremo leste do globo terrestre; acrescenta-se que Tóquio é uma cidade do leste do Japão. O leste de Tóquio é Assakussa, cujo leste, por sua vez, é Hashiba. Assim, Hashiba é realmente o leste do leste; em termos mundiais, é o extremo leste do mundo.” Em outras traduções ou ensinamentos: “A palavra "Luz do Oriente" é pronunciada desde a Antigüidade, há muito tempo atrás, no Ocidente. Eu acho que foi pelo Cristianismo. A partir daí, essa palavra foi transmitida de boca em boca, mas para as pessoas ainda tem um significado muito vago. Na verdade, até hoje elas não entendem o verdadeiro significado dela. E é sobre isso que gostaria de falar no dia de hoje. A Luz do Oriente, na verdade, se refere à minha pessoa. São várias coisas, mas vou explicar da maneira mais clara para poderem entender. O leste do Mundo é o Japão. É indiscutível o fato do Japão se situar no extremo oriente do planeta. Depois, o leste do Japão é Tókio. A tradução literal da palavra "Tókio" é "capital do leste". O leste de Tókio é o bairro de Assakussa. E o leste de Assakussa é Hashiba, local onde eu nasci. Depois que nasci, eu vim me mudando, mas sempre em direção ao Oeste. Primeiro foi o bairro de Senzokubashi, depois foi Naniwatyo de Nihon-bashi, Kobikityo de Kyo-bashi, Oii de Oota-ku, Tamagawa de Oomori, Hakone, Atami e, por último, Kyoto. Notem que, se contarmos, veremos que foram 8 [número de Izunome] os lugares para onde me mudei e sempre em direção ao Oeste.” “Analisando os diferentes aspectos da cultura japonesa. Entre as religiões, o budismo, o cristianismo e o xintoísmo nasceram no oeste e foram se propagando para o leste. 12
  • 13. Nos últimos tempos, foi introduzida no país a cultura ocidental, de modo que a maior parte de sua cultura provém do oeste. Mas agora precisamos refletir: se, através dessa cultura nascida no oeste, se tivesse conseguido formar um mundo ideal de paz e felicidade que teria eu para falar? O que vemos, entretanto, é justamente o contrário. Materialmente, o mundo se tornou uma civilização magnífica, porém o mais importante, que é a felicidade humana, não foi alcançada. O centro desse desejo, na realidade, é a Luz do Oriente. Como podemos ver, os fundamentos da civilização seguiram uma trajetória contrária à ordem natural, o que pode ser muito bem compreendido ao observarmos a Natureza: o Sol e a Lua despontam no leste e descrevem órbita em direção do oeste. Sendo esta uma verdade eterna, o que nasce no leste representa a própria Verdade. Assim, posso afirmar com toda segurança que as pessoas que acreditarem em minhas palavras, procedendo em conformidade com elas, conseguirão obter a verdadeira felicidade. Em resumo: eu purificarei toda a água turva impelida do oeste para o leste, devolvê-la-ei pura e construirei um mundo límpido como o cristal.” “A atual cultura mundial nasceu no ocidente e finalmente chegou ao Japão. Só que, como esta cultura foi criada de forma desordenada, ao chegar ao Japão, ela será reestruturada para a maneira certa e então devolvida novamente para o Ocidente. Esse é o significado das palavras ditas há pouco: "Puxar a água suja, deixá-la pura e devolvê-la de volta". O trabalho da Igreja Messiânica é transformar todas as coisas construídas com fins maléficos para coisas límpidas e puras, e devolvê-las novamente para o Mundo.” “Se observarmos todas as culturas existentes no mundo até hoje, veremos que todas partiram do Oeste. As religiões também, como o Budismo, Cristianismo, Xintoísmo, ou seja, os deuses, praticamente vieram do Oeste. O 13
  • 14. Xintoísmo japonês nasceu com os descendentes do Imperador Jinmu, que veio da região de Kyushu, cidade de Takatiho. Depois foram os descendentes dos Izumos. Assim, dessa maneira, todas as religiões, em resumo, vieram do Oeste. “Só tem um único Budismo que veio do leste: é a seita Nitiren-shudo. Como eu sempre digo, o Budismo em si é a religião da Era da Noite, ou seja, é de influência da Lua. E, dentro do Budismo, só a Seita Nitiren-shu é o Budismo do Sol. Isso porque foi o Bonzo Nitiren quem pela primeira vez começou a entoar o "Sol" nas suas preces, no Monte Seityozan, Cordilheira de Awa. Na verdade, ele nasceu ali naquele local. O templo Tanjo-ji de Kominato de Awa, que existe ali, é dito que foi erguido em memória ao nascimento do Bonzo Shonin Nitiren. Bem, eu já havia dito que no dia 15 de junho de 1931, quando eu e mais 30 pessoas escalamos o Monte Kenkonzan de Awa, e fomos até o Templo Nihon-ji, começava naquele instante a aurora neste mundo. Mas bem antes disto, não muito longe dali, o Bonzo Nitiren já havia entoado pela primeira vez a oração "Myo-ho-ren-gue-kyo". Dizem que há 700 anos atrás esta oração foi entoada e que há 650 anos atrás o Bonzo Nitiren faleceu. Quer dizer que foi mais ou menos entre estes anos que o Sol nasceu pela primeira vez no Mundo Budista. Foi o primeiro passo para a entrada na Era do Dia.” A segunda prova, por Nidai-Sama (esposa de Meishu- Sama), é o mistério da data do seu nascimento: “Meishu-Sama nasceu no dia seguinte ao solstício de inverno, no hemisfério norte - quando os dias tornam-se mais longos que a noite.(...) O fato de ter sido esta a data do seu nascimento, dia em que o mundo começa a mudar da fase negativa para a positiva, pode-se citar como de bom augúrio. Ele nasceu para trazer Luz ao mundo.” 14
  • 15. Tanto no Ocidente como no Oriente, existe a crença de festejar o solstício de inverno como sinal de respeito à luz do Sol, origem de toda a vida, como momento em que a Luz ressurge e todas as coisas renascem. Um bom exemplo disso é que a data do nascimento de Jesus Cristo apontada pela História, Natal para os cristãos, não corresponde à data verdadeira. Sendo assim, Meishu-Sama veio a este mundo no misterioso dia que simboliza o alvorecer do ano. Terceira prova, nasceu na Era Meiji, que serviu de cenário para seu nascimento, considerada como a da colisão das civilizações oriental e ocidental. Diante destas provas, Meishu-Sama escreveu: “Realmente eu sou uma pessoa que nasceu com um destino misterioso.” E compôs dois poemas: “O surgimento da Luz do Oriente No extremo oriente, no país do Sol Nascente, É a Determinação Divina.” “Saibam que a Luz de Oriente Refere-se à Força da Salvação Que possuo.” Meishu-Sama proferiu esta palestra no momento da inauguração da Grande Igreja de Kannon, em 1o de janeiro de 1935: “A Luz do Oriente corresponde, na verdade, ao poder de Kannon. Desde a Antiguidade, muitas referências têm sido feitas à Luz do Oriente. Continua, porém, sendo uma expressão misteriosa cuja origem é desconhecida. O seu verdadeiro sentido, contudo, me foi revelado no dia 04 de fevereiro de 1928. Enquanto esperava o tempo certo para divulgar essa revelação, estava me preparando espiritualmente a fim de realizar tão importante incumbência com muita dignidade. Todos vocês que me ouvem neste momento devem conhecer o Sr. Mitsuo Azuma aqui presente. Um dia, ele me 15
  • 16. pediu audiência e fiquei muito surpreso ao ler o seu nome no cartão que me fora apresentado. Esse espanto me foi causado pelos nomes Azuma, que em japonês significa “Oriente”, e Mitsuo, “homem de luz”. Conheci-o casualmente no dia 11 de outubro do ano passado (1934). Nessa ocasião ele me disse que, por revelação de Deus, já há vinte anos [1914] sabia do aparecimento de uma pessoa possuidora do poder de Kannon. Contou-me ainda lhe ter sido também mostrado que essa tal pessoa havia nascido a leste do bairro de Shibuya, local onde ele, Azuma, morava. Além disso, Mitsuo Azuma tinha conhecimento de que encontraria esse homem divino no ano de 1934. Foi, por essa razão, procurá-lo em Kojimachi e alguém lhe falou a meu respeito. Azuma veio, então, visitar-me em Ooshin-do, local onde eu morava na época. Conversamos e eu lhe disse que ele estava certo. Mitsuo tirou algumas fotos minhas. Numa delas, aparece um desenho de Kannon. Esse fato representa o primeiro passo da manifestação na Terra da Luz do Oriente. Aconteceu que em setembro do ano de 1934, por ordem de Kannon, eu devia desenhar Senju, o Kannon de mil braços. Preparei-me e, no dia 5 de outubro, comecei a executar o trabalho imediatamente. Já havia realizado um terço da tarefa quando, no dia 11, o Sr. Azuma apareceu e, conforme já lhes falei, me fotografou. Com o aparecimento de Senju Kannon numa das fotos, concluí que eu deveria refazer o desenho de acordo com o que estava sendo mostrado na fotografia tirado pelo Sr. Azuma. E assim o fiz. Esse acontecimento foi, na verdade, o primeiro sinal concreto da ação da Luz do Oriente, dando a conhecer ao mundo o poder de Kannon e de sua Obra.” “O que vou dizer é algo que já queria ter dito há tempos, mas não o fiz porque enquanto não chega o momento certo não 16
  • 17. posso contar tudo claramente. Como esse momento chegou vou falar hoje, pela primeira vez. Num tempo bem primitivo, no ocidente começou a se falar na “Luz do Oriente”, com certeza no cristianismo. E a “Luz do Oriente” vem sendo transmitida de pessoa para pessoa. “Luz do Oriente” tem sido algo muito vago e até agora não se entendia muito bem do que se tratava. Hoje, pretendo falar a respeito dessa “Luz do Oriente”. Ela diz respeito a mim. (...) E a “Luz do Oriente”, em suma, é o Sol [Sol Espiritual]. Mundo do Dia significa o mundo iluminado pelo Sol [Sol Espiritual]. Existe uma bola de luz aqui em mim (no centro da barriga). Essa bola é a “Luz do Oriente” [no entanto, a luz não é exclusivamente originária do Sol]. Como disse a pouco, do leste vai indo cada vez mais para o oeste [pois, o Mundo do Dia, a civilização, segue o trajeto do Sol] ou então subindo no centro do céu [pois, o Mundo do Dia é a elevação de nível espiritual do Mundo Material, bem como a civilização oriental é espiritual e vertical]. Desse modo, o mistério da “Luz do Oriente” se desfaz aqui [no sentido de que Meishu-Sama é a “Luz do Oriente”]. Sarar fazendo assim [por meio da imposição das mãos], sai daqui [da bola de luz que está no centro da barriga de Meishu-Sama]. Significa que está sendo irradiada Luz para o peito [ou Meishu-Sama está apontando suas mãos para o peito, ou então a luz da bola que está na barriga está subindo para o centro do céu]. (...) Para tanto, em mim existe a Bola de Luz. Os ocidentais compreendem melhor se falar em Jeová, por isso, deixei escrito também que a doença é curada através dessa Bola de Luz atribuída por Jeová. Pois caso contrário, a coisa não fica para valer. O assunto agora seria sobre Jesus e na Bíblia ele fala diversas vezes que “vai fazer a salvação através do Espírito do pai do Céu”. Por isso Jesus Cristo seria o filho de Jeová. 17
  • 18. Já o meu poder é um poder direto. Jesus seria, para mim, um filho. O que os fiéis estão realizando agora tão intensamente é o que Jesus realizava. Outro dia, por exemplo, uma pessoa que não enxergava há oito anos, passou a enxergar perfeitamente com apenas 2 minutos, o que será colocado no próximo “Eiko”. Outra pessoa que não ficava em pé há 13 anos conseguiu se levantar com 20 minutos e no dia seguinte, conseguiu ficar em pé e andar. Aconteceram essas coisas e o que consta na Bíblia, que Jesus realizou , o cego enxergou e o aleijado andou, está sendo realizado pelos meus discípulos. Com esses fatos não há outro jeito senão acreditar porque o que eu disse não tem erro.” Linhagem. Nidai-Sama, Segunda Líder Espiritual da Igreja Messiânica Mundial, lembra freqüentemente de Meishu-Sama dizendo: "O espírito de meu bisavô me guia." Realmente, diz ela, sua fisionomia e caráter eram notavelmente parecidos com os de seu bisavô. A árvore genealógica da família Okada constitui-se: dos bisavós, Kizaemon e Tosse; dos avós, Sashiti e Yassu; e dos pais, Kissaburõ e Tori. O bisavô pela metade do século passado, em torno de 1850, administrava uma casa de penhores e gozava de excelente situação financeira. Era muito querido por todos devido ao seu amor humanitário: emprestava dinheiro a juros baixíssimos sem levar em conta lucros ou perdas, deixava à mão vários guarda-chuvas para transeuntes desprevenidos nos dias chuvosos, distribuía papinhas de arroz nos dias frios de inverno e hospedava sempre pessoas em sua casa. O avô é que entrou para família Okada, isto aconteceu quando durante uma viagem passou pela casa de penhores. O bisavô gostando dele a primeira vista, acabou por torná-lo seu genro. Como não tinha herdeiro homem, fê-lo adotar sobrenome Okada ao casar- 18
  • 19. se com sua filha. Porém, levando vida ociosa, colocava em risco a fortuna familiar. Um dia foi embora e não se soube mais de seu paradeiro. No entanto, ao sair de casa, sua esposa já estava grávida. Ao fim da gestação, nasceu o pai de Meishu-Sama em 1852. Em 1867, faleceu bisavô, quinze anos antes do nascimento de Meishu-Sama, que herdaria seu amor. Com a morte, a casa de penhores foi declinando por não haver nenhum familiar competente para fazer uma boa avaliação dos objetos e a fortuna foi diminuindo gradativamente. Em 1871, a casa de penhores acabou falindo. Nesse mesmo ano, seus pais se casaram, ele com vinte anos e ela com dezoito. Quando Meishu-Sama nasceu, sua família era constituída de cinco pessoas: pai, mãe, irmã Shizu, irmão Takejirõ e ele que era o caçula. Havia ainda uma irmã mais velha, chamada Haru, mas esta faleceu um ano antes do seu nascimento. Eles moravam numa humilde casa de aluguel. Nidai-Sama escrevendo sobre o lugar de nascimento de Meishu-Sama: “Após a Segunda Guerra Mundial, visitei Hashiba e suas vizinhanças, juntamente com Meishu-Sama. O templo Renso-ji, apesar de danificado, estava de pé, mas do seu antigo lar não havia vestígios, embora algumas pequenas casas permanecessem, como há alguns anos atrás.” Hoje, o local faz parte da Sede Metropolitana de Tóquio da Igreja Messiânica Mundial.  Infância. Nidai-Sama escrevendo sobre as indicações de qualidades espirituais precoces de Meishu-Sama: “Desde sua infância, pressentia-se que Meishu-Sama tornar-se-ia um grande Líder Espiritual”. Aparentemente, ele não foi preparado em qualificações especiais, mas absorveu no lar durante a sua infância, muitos hábitos bons, alicerçando uma base de grande valor para sua vida futura. 19
  • 20. Neste ponto: Pobre Grato; Doente Inteligente e Altruísta; Pacífico Justo. Pobre Grato. Ela descreve assim a família dele: “Uma loja de penhores tinha sido trabalho da família de Meishu-Sama, de geração a geração; até o tempo de seu bisavô, o negócio tinha sido muito próspero. Apesar de seu bisavô ter sido uma pessoa notável em vários sentidos e aspectos, a fortuna da família tinha diminuído bastante e quando Meishu-Sama nasceu, seus pais atravessavam uma fase financeira difícil, sendo até necessário armar barracas noturnas para negociar objetos de segunda mão. Sua mãe, sendo uma dona-de-casa de poucos recursos, empenhava-se em ser, extremamente econômica e zelava para que nada fosse desperdiçado. Com grande senso de responsabilidade e atenta a tudo que possuía foi exemplo na conduta do lar.” O próprio Meishu-Sama conta: “Nasci em Hashiba, bairro pobre. Lembro-me vagamente de que meu pai negociava com objetos usados e de que nossa casa só tinha dois cômodos: um, com mais ou menos 4,90 metros quadrados, onde funcionava a loja, e uma sala de estar com aproximadamente 7,30 metros quadrados. Todas as noites, ele ia ao Parque Assakussa para abrir sua barraca noturna. Desde que tenho consciência, muitas vezes ouvi meu pai falar que, se não conseguisse determinada quantia naquela noite, não teríamos o que comer no dia seguinte. Ele carregava uma pequena carroça com alguns utensílios velhos, e minha mãe, levando-me às costas, ia empurrando-a. Vivendo numa pobreza extrema, ela ficou desnutrida e, como não tinha leite para me amamentar, ia pedir leite materno. 20
  • 21. Portanto, em minha infância provei o sabor da pobreza, podendo compreender o quanto o dinheiro é motivo de gratidão. Isso me foi de grande proveito, pois ainda hoje não consigo desperdiçar nada, nem viver no luxo, de modo que sou até grato pela adversidade daquela época.” Nidai-Sama atestou: “Era tão econômico que não desperdiçava nem uma folha de papel para escrever. Por outro lado, não regateava ao pagar somas bem alta em dinheiro para a aquisição de obras de arte. Valorizava a obtenção de tão lindos trabalhos artísticos.” Doente Inteligente e Altruísta. O Fundador da Igreja Messiânica Mundial - Meishu-Sama - relata: “Até os doze ou treze anos eu era uma criança fraca e doentia e vivia tomando remédios. Consegui terminar o curso primário com muito sacrifício e, apesar de minha pouca idade, sentia inveja quando via crianças saudáveis. Mas era interessante como eu tinha bom aproveitamento na escola, sempre estava em primeiro ou segundo. No lar, era um menino que pensava em meus pais e irmãos. Acordava antes de qualquer outra pessoa da família, cozinhava o arroz e depois acordava a mãe. É engraçado eu mesmo falar destas coisas, mas desde pequeno, onde quer que eu fosse, quase nunca era malquisto ou antipatizado. Pelo contrário, era respeitado e amado na maioria das vezes. Então, pensando bem, concluí que tenho uma característica que me parece ser o motivo disso: sempre deixo meus próprios interesses e minha própria satisfação em segundo plano; procuro fazer, em primeiro lugar, aquilo que satisfaz aos outros, aquilo que os deixa felizes. Ajo assim não por razões morais ou religiosas, mas naturalmente. Talvez seja da minha 21
  • 22. própria natureza. Em outras palavras, é até uma espécie de "hobby" para mim.” Sua esposa é testemunha de que ele, além de ensinar o caminho do altruísmo, sempre procurou fazer as pessoas felizes: “Meishu-Sama nos ensina que a “chave para a felicidade consiste em trabalhar para o bem estar dos outros” e ensina isso face à sua própria experiência. Durante toda sua vida manifestou amor pelos outros, procurando fazer com que todos fossem felizes ao seu redor.” Pacífico Justo. Nidai-Sama narra: “Nascido e criado por tal mãe e por pai honesto e meticuloso em suas atitudes, Meishu-Sama era o reflexo destas qualidades práticas e somava a tudo isso, suas virtudes e idéias expansivas, inerentes à sua pessoa.” Seus pais sempre calmos davam conta de todo serviço sem reclamar. Meishu-Sama recorda: “Não me lembro de ter sido repreendido por meus pais.” Mas embora ele não tivesse vivenciado conflito, conheceu experiências a respeito: “Um bonzo famoso deixou a Imagem de Kannon como garantia e fez um empréstimo com Hanagame. Meses depois, juntando o dinheiro necessário, o bonzo procurou-o, conforme o prometido, para pagar a dívida e reaver a Imagem. Mas Hanagame lhe disse: “Não me lembro absolutamente, deve haver algum engano”, e nem lhe deu atenção. O bonzo, num beco sem saída, amaldiçoou-o e enforcou-se em frente à casa dele. Hanagame tinha vendido a Imagem a um estrangeiro por uma quantia elevada e, desde então, tinha ampliado sua loja. Evidentemente, o rancor e a maldição do bonzo foram os causadores da cegueira de Hanagame. Além do mais, seu único 22
  • 23. filho tornou-se um alcoólatra depravado, que gastou toda a fortuna da família.” Pensou em aprender judô: “Quando eu estava no curso primário (entre sete e onze anos), quis aprender judô.” No entanto era tão pacifista que no museu olhava para o lado oposto da exposição das armas brancas e dizia: “Eu, por exemplo, mesmo quando visito os museus, não vejo o que se refere às armas. Passo direto pela arte de espadas." “Sinto frio na espinha.” Mas, era extremamente justo: “De nascença, tenho forte sentimento de justiça, maior do que o das pessoas comuns. Acabar com que causam transtorno à sociedade. Tenho sempre isso em mente.” Lutou na Justiça durante anos, inclusive contra poderosos: “Também sinto um grande ódio contra as injustiças. Quanto mais injusta é uma pessoa, maior é minha convicção: "Tenho de vencê-la de qualquer forma". Como exemplo disso, há quatorze anos venho lutando na Justiça com o problema de um terreno. Meu contestante, tomado de impaciência, já me propôs solução amigável por três vezes, mas, por ele não demonstrar nenhum arrependimento pelo que fez, não aceitei sua proposta. Consequentemente, quem está em apuros agora é o juiz, que procura uma solução amistosa. Outro exemplo: Certa vez entrei com uma ação judicial contra um jornal de renome, Na ocasião, muitas pessoas me aconselharam a não fazê-lo, pois a luta contra uma grande empresa jornalística poderia resultar em prejuízos. Mas eu não cedi um passo sequer e, como deve ser do conhecimento de todos, batalhei através do nosso Jornal Hikari. Se é por justiça, eu luto até mesmo contra o mundo.” Tinha ódio ao mal, porém era prudente nas ocasiões em que este se manifestava: “Desde menino, desenvolvi um forte sentimento de justiça. Tinha um ódio profundo pelas desigualdades que há no 23
  • 24. mundo e muito lutei para reprimir o furor que me dominava quando sabia de alguma injustiça ou desonestidade. Esse autodomínio é difícil e doloroso, mas será facilitado se o encararmos como um treinamento Divino que nos aprimora espiritualmente. Sob esse aspecto, vemos que tal controle minora o sofrimento e lapida a alma. Eis uma característica que conservo até hoje: continuo tendo horror pelo mal. Porém aceito os fatos, buscando ser tolerante, tomando tudo como provação. A boa norma de conduta determina ódio ao mal, mas também prudência nas ocasiões em que ele se manifeste. Melhor dizendo, temos de ter cuidado para que esse sentimento não se mostre exagerado nem prejudique o próximo; que ele não fira o bom senso, não falte aos preceitos do amor e da harmonia. É um ódio útil, que nos permite caminhar com um sentimento semelhante ao de Deus.” Sua natureza era alegre, ficava infeliz com lamúrias e repetições de assuntos: “Por esse motivo algo que me deixa muito triste é escutar gritos de raiva, lamentações, inúteis e reclamações. Também me é difícil ouvir repetidas vezes um mesmo assunto. Minha natureza é sempre pacífica e alegre.”  Juventude. Neste ponto: Doenças; Belas-Artes; Filosofia. Doenças. Reencontrando-se com a sua última reencarnação veio o gosto pela pintura: “Quando eu estava para terminar o curso primário, a situação financeira de minha família melhorou um pouco, e 24
  • 25. então pude ingressar na Escola de Belas-Artes.” e “Se eu puder ganhar a vida com a pintura de que tanto gosto.” No entanto, no decorrer deste reencontro, em 1897, aos 14 anos, poucos meses depois de ter começado a freqüentar a escola de Belas-Artes de Tóquio, sentiu sua vista embaçar e começou a ver as coisas duplicadas. E assim, uma doença maligna na vista impede seu sonho de ser pintor. “Na juventude, quando pensei em ser pintor, tive problemas na vista, e parei.” Um ano depois, em 1898: “Quando eu tinha quinze anos, contraí pleurisia. Através de tratamento médico, feito durante um ano, fiquei completamente curado. Por algum tempo tive saúde, mas depois sofri uma recaída.” No início do século XX, já estava desenganado pelo médico: “Desta vez, a doença progredia aceleradamente e eu ia piorando cada vez mais. Passados pouco mais de um ano, diagnosticaram-me tuberculose de terceiro grau. Nessa época, eu estava exatamente com dezoito anos. Resolvi, então, consultar o falecido Prof. Irissawa Tatsukiti, o qual, depois de minuciosos exames, disse-me que já não havia esperança de cura. Era como se tivesse sido condenado à morte sem dia determinado para a execução. Então, eu me decidi. Já que ia morrer de qualquer maneira, achei que não havia outro jeito senão tentar o milagre da cura através de algum método diferente. Pus-me à procura desse método.” Restabelece-se com uma dieta vegetariana: “Na minha mocidade, quando estava condenado a morrer de tuberculose, eu ingeria grande quantidade de alimentos de origem animal, mas, por certo motivo, descobri o erro acerca disso e então passei a me alimentar com verduras. Desde então, fui me restabelecendo vigorosamente e descobri que a medicina era omissa. Parei, então, de tomar remédios e 25
  • 26. continuei por três meses consecutivos com a alimentação vegetariana e nem mesmo peixe seco comi. Com isso, restabeleci-me completamente, dessa enfermidade e adquiri mais saúde do que antes de adoecer. A partir dessa ocasião, contraí outras doenças, mas a tuberculose desapareceu por completo, e hoje, com 68 anos de idade, sou um velho cheio de vigor que superava qualquer jovem. Se naquela ocasião não tivesse despertado para a alimentação vegetariana, certamente não estaria mais vivo. Cada vez que penso nessas coisas, sinto arrepios.” Porém, aos 20 anos, foi classificado no alistamento militar em categoria próxima à dos inválidos. Nesta força armada lhe disseram: “Seu corpo é um lixo” Diante desse quadro doentio da juventude foi uma pessoa tímida: “Entretanto, quando eu era jovem, nunca cheguei a pensar em tais coisas. Dos quinze aos vinte anos mais ou menos, era mais tímido que qualquer outra pessoa. Sem nenhum motivo, tinha receio de me encontrar com desconhecidos; principalmente quando achava que a pessoa era um pouco mais importante, nem conseguia falar direito com ela. Diante de moças, eu enrubescia, meus olhos ficavam perdidos e eu nem ao menos conseguia olhar para rosto delas ou falar-lhes. Como fiquei pessimista por causa disso! Consequentemente, muito duvidei se conseguiria integrar-me na sociedade como cidadão adulto. Naquela época, quando me via frente a qualquer pessoa, sempre tinha a impressão de que ela era mais inteligente e importante que eu. Todavia, comparando o que eu era com que sou atualmente, eu mesmo estranho a enorme diferença.” Nessa época falece sua irmã Shizu aos 29 anos de idade, ela que era o sustentáculo do progresso econômico da família Okada com uma pensão de refeições. Seu filho ficou com o tio Mokiti, que lhe dedicava um carinho tão grande como se fosse seu pai. 26
  • 27. Belas-Artes. “Desde jovem eu gostava de tudo que dissesse respeito ao Belo. Embora fosse muito pobre, cultivava flores em espaços vazios e, quando dispunha de tempo, pintava quadros. Sempre que me era possível, visitava museus e exposições.” Nidai-Sama, escrevendo traços de seu esposo: “Meishu-Sama sempre incentivou a visita a museus e galerias, para ampliação do senso artístico, recomendação que endosso. As palavras de Meishu-Sama, ”Paraíso é um mundo do Belo", são absolutamente certas.” Através da experiência com antiguidades, pedindo opinião ao seu pai, adquiriu uma aguçada capacidade de apreciação e avaliação das belas-artes. Um familiar menciona: “Aos 22 anos, aproximadamente, Meishu-Sama costumava dar uma volta pela Avenida Guinza, em Tóquio, todos os dias, após o jantar. Não se tratava apenas de um passeio, pois, como havia muitas lojas abertas à noite, ele visitava aquelas que comercializavam antiguidades, e examinava cuidadosamente os objetos. Regressando, comentava com o pai: "Hoje, estava à venda uma mercadoria assim, e creio que se tratava de um artigo antigo e valioso. O que o senhor acha?"' Dessa forma, ele conversava freqüentemente com seu pai. Este, por sua vez, dizia: "Muito bem. Mas, da próxima vez, se achar que é algo de valor, experimente comprá-lo." Então, de vez em quando, Meishu-Sama adquiria algum objeto e, recebendo critica dos familiares, foi, pouco a pouco, desenvolvendo a percepção de distinguir objetos raros.” Costumava convidar sua mãe para assistir peças artísticas engraçadas. Ele mesmo recitava algumas durante o banho sob o riso dos familiares, onde falava brincando: “Que mal há? Eu faço isso porque gosto”. Costumava freqüentar cinema: 27
  • 28. “Nunca me esquecerei. Eu estava com dezesseis ou dezessete anos quando assisti a uma exibição cinematográfica pela primeira vez. Posso dizer, portanto, que sou o mais antigo fã do cinema, que estava entrando no Japão nessa época.” Filosofia. Nidai-Sama, expõe que Meishu-Sama desde cedo se educou na leitura de livros de valor: “Num aprimoramento constante, leu muito, estudou vários temas, aprofundou-se em estudos filosóficos, assistiu conferências, etc. É importante criar o hábito de ler livros de valor. Meishu-Sama em sua juventude enquanto estava doente e enfraquecido, conseguiu um grande conforto na leitura de livros. Ele também inicialmente baseou sua educação nessas leituras.” Mesmo frágil de saúde: “O senso de determinação de Meishu-Sama quando ainda jovem, chamava a atenção. A despeito de sua frágil saúde, utilizava o tempo livre para alargar seus conhecimentos, assistindo conferências e consultando livros com o intuito de ter mente equilibrada.” Meishu-Sama menciona um dos trechos que o impressionou muito: “Citarei um trecho que ouvi e muito me impressionou: ‘Todo homem nasce mesquinho. para aperfeiçoar-se, deve cultivar uma segunda personalidade, isto é, nascer pela segunda vez.’ Estas palavras ficaram gravadas na minha mente e me esforcei no sentido de colocá-las em prática na minha vida.” Mais tarde, baseado nestas palavras escreveria: “O egoísmo não é bom. Visar apenas o benefício próprio é desaconselhável. O verdadeiro caminho do homem consiste em ajudar as pessoas que estão em dificuldades após ter progredido.” Bem como orientaria um servidor: 28
  • 29. “O fato de se sentir desgostoso consigo mesmo significa nascimento de um novo eu que manifestou a capacidade de criticar seu velho eu, e isso é muito bom. Todo homem precisa evoluir para um segundo eu.” Adere a idéias contidas na filosofia da intuição de Henri Bergson: “Quando jovem a filosofia de Bergson baseia-se nestes três princípios: ‘Todas as coisas se movem’, ‘Teoria da Intuição’ e ‘O eu do momento’. Os conceitos formados pela instrução que recebemos, pela tradição, ocupam o subconsciente humano como se fossem uma barreira, e dificilmente o percebemos. Por essa razão, tal ‘barreira’ constitui um obstáculo quando observamos as coisas. A ‘Teoria da Intuição’ encarrega-se de corrigir tais erros, comuns entre os homens, libertando estes, completamente, de preconceitos. Para isso é necessário ser ‘O eu do momento’, isto é, fazer com que a impressão instantânea, captada pela intuição, corresponda à verdadeira substância do objeto de observação. ‘Todas as coisas se movem’. Isso significa que tudo está em contínuo movimento. Por exemplo, este ano difere do ano passado em tudo. O mesmo podemos dizer a respeito do mundo, da sociedade e dos nossos próprios pensamentos e circunstâncias. Somos diferentes até mesmo do que fomos ontem, ou há cinco minutos atrás.” Mais tarde, norteado pela filosofia da intuição, orientaria a construção dos Solos Sagrados através das idéias que lhe vinham à mente. Adere também ao pragmatismo de William James: “Na mocidade James não considerava as filosofias como divertimentos intelectuais; para ele, as doutrinas só eram válidas se fossem postas em prática. O benefício que o pragmatismo me proporcionou nessa época, não foi pequeno. Mais tarde, quando iniciei meus trabalhos religiosos, julguei necessário aplicá-lo à Religião.” 29
  • 30. Continuando disse: “Pretendo fundir a Religião e a vida prática, tornando-as íntimas e inseparáveis. Deixemos, pois, de ostentar virtudes, de isolar-nos, de ser teóricos como foram até hoje os religiosos, e sejamos iguais às pessoas comuns. Para tanto, é preciso que eliminemos toda afetação religiosa e procedamos sempre de acordo com o senso comum, a ponto de tornar a Fé imperceptível aos outros.” Nidai-Sama recorda: “Meishu-Sama afirma que o homem não deverá limitar a fé às atividades particulares, mas sim, dela fazer um sólido embasamento em outros campos de sua atuação tais como, na política, economia, relações externas e atividades culturais. De outra forma, afirma Meishu-Sama, um novo mundo de verdadeira felicidade jamais se tornará realidade.” Kyoshu-Sama, Terceira Líder Espiritual e filha de Meishu- Sama, presenciou como seu pai seguia seus próprios ensinamentos: “Por longo tempo eu julgava que a pontualidade de Meishu-Sama era um hábito natural; mas, mais tarde percebi que ele tinha se esforçado muito para se disciplinar. Uma vez, ele disse: "Como qualquer outra pessoa, eu me sinto cansado às vezes e gostaria de descansar em vez de trabalhar, mas sempre sigo meu programa. De outro modo, eu não estaria fazendo o que mando meus membros fazer." Assim aprendi que quando ele dava um Ensinamento aos outros, é que ele sempre o seguia. Isso me tornou muito feliz e aumentou o meu respeito por ele.” Meishu-Sama explica o porquê de ser assim: “De fato, eu não sou uma pessoa comum, sobretudo porque Deus me atribuiu uma grandiosa missão. Esforço-me dia e noite para cumpri-la, e todos os messiânicos sabem que, através dela, um incontável número de pessoas está sendo salvo.” 30
  • 31. Mas algo que lhe era inato, o seu altruísmo: “Desde jovem gosto de dar alegria ao próximo, a ponto de isso se tomar quase um "hobby" para mim. Sempre estou pensando no que devo fazer para que todos fiquem felizes. Quando acordo pela manhã, por exemplo, minha primeira preocupação é saber o estado de ânimo dos meus auxiliares. Se houver uma só pessoa mal-humorada, já não me sinto bem.” Mais detalhes dessa sua natureza nobre privilegiada: “Em outras palavras, é até uma espécie de “hobby” para mim. Por essa razão, muitos dizem que tenho uma natureza privilegiada, e é possível que tenha mesmo.” Depois que me tornei religioso, esse sentimento aumentou ainda mais. Quando vejo uma pessoa sofrendo por doença, não consigo ficar tranqüilo; tenho vontade de curá-la a qualquer custo. Então, ministro-lhe Johrei, e ela fica curada e feliz. Ao ver sua alegria, esta se reflete em mim e eu me sinto feliz também. Por esse motivo, criei inúmeros problemas no passado e sofri muito. Mesmo quando achava que nada poderia fazer por uma pessoa e que deveria parar de dar-lhe assistência, a pedido insistente e até súplicas da própria pessoa e de sua família, eu cedia e continuava indo visitá-la, ainda que fosse longe. Gastava tempo e dinheiro, e, no final, o resultado era ruim, desapontando os familiares do doente. Muitas vezes, cheguei até a ser odiado. Toda vez que isso acontecia, eu me censurava, achando que deveria tornar-me mais frio. Como essa minha característica também foi de muita ajuda para a construção do protótipo do Paraíso Terrestre e do Museu de Belas-Artes, creio que ela me tenha sido atribuída por Deus. Quando vejo uma magnífica obra de arte ou uma paisagem maravilhosa, não sinto vontade de apreciá-las sozinho e até fico melindrado; nasce em mim o desejo de mostrá-las a um grande número de pessoas, para alegrá-las. Dessa forma, minha maior satisfação é alegrar o próximo, o que me faz ficar alegre também.” 31
  • 32. 1.2. Empresário de loja de aviamentos. De 1905 a 1919, ou seja, dos 23 aos 37 anos. Neste item: Loja de Miudeza; Loja de Atacado; Ateísta Bondoso e Sofrido.  Loja de Miudeza. Neste ponto: Falecimento Paterno; Sucesso com Honestidade; Sofrimento por Acidente. Falecimento Paterno. Em 1905 quando Meishu-Sama tinha 23 anos, falece seu progenitor: “Meu pai faleceu muito cedo. Para combater a prisão de ventre, tomou um remédio durante trinta anos sem falhar um só dia, ficou doente do coração.” Seu pai ao falecer, aos 53 anos, interrompe segundo sonho de Meishu-Sama que era o de abrir uma loja de antiguidades com ele. Sua mãe o incentivaria a uma terceira tentativa de caminho profissional: “Não se preocupe. Cuidarei do que você não souber. Não acha melhor começar por uma loja de miudezas do que por uma loja de antiguidades, o que é muito mais difícil de administrar, especialmente agora que seu pai faleceu?” Aceitando a sugestão, ele prosperaria: “Ora, eu sou de família pobre, e só pude me casar e ter um lar graças à soma em dinheiro que me foi presenteada por meus pais, então, uma lojinha de miudezas a varejo, a qual tinha uma largura de 2,70 m. Como os resultados foram bons, em pouco mais de um ano comecei no comércio por atacado e, aproximadamente dez anos depois, era considerado um bem 32
  • 33. sucedido na vida; meus bens somavam o equivalente a cento e cinqüenta mil ienes daquela época (1919).” Nidai-Sama expõe o que seu esposo descrevia para si a respeito desses negócios na época: “Nesse tempo ele vivia com sua mãe, pois seu pai já havia falecido e decidiu que sozinho, enfrentaria a responsabilidade do negócio: o armazenamento dos estoques, a venda das mercadorias, a parte administrativa, enfim, todas as atividades do empreendimento. Ao me descrever o negócio, contou que se levantava muito cedo e limpava a rua em frente à loja, antes que as pessoas começassem a transitar. Depois, varria e espanava a loja preparando diariamente o ambiente de trabalho. Disse também que preenchia os deveres de três pessoas: proprietário, vendedor e aprendiz, e que atendia a todos os fregueses com cortesia e consideração, indistintamente.” Sucesso com Honestidade. Meishu-Sama sempre pensava: "Não devemos praticar más ações, e sim boas ações." Ao tentar colocar isso em prática, no entanto, faltou-lhe coragem. Um dia experimentou mentir nos negócios e a vida se tornou sombria, retomando a verdade os resultados foram favoráveis: “É constrangedor eu falar de mim mesmo, mas desde jovem eu era muito honesto. Não conseguia mentir de maneira alguma. Por isso, sempre me diziam: “Um rapaz honesto como você nunca vai alcançar sucesso. Se você não mudar seu pensamento e não for hábil no mentir, dificilmente será bem sucedido na vida.” Achando que essas palavras eram sensatas; menti bastante durante algum tempo, mas não estava bem comigo mesmo. Sentia uma angústia insuportável, minha vida se tornava sombria, meus dias eram só de tristeza. Não havia, pois, 33
  • 34. condição para eu obter bons resultados nos meus empreendimentos. Naquela época, eu era comerciante, de modo que as "técnicas" de negociar deveriam ser muito mais vantajosas para mim. Mas eu não conseguia me sair bem e acabei decidindo voltar à honestidade, traço próprio de meu caráter. O engraçado é que, depois disso, os resultados começaram a ser melhores do que eu esperava. Em primeiro lugar, adquiri maior crédito no mundo dos negócios, as coisas passaram a se processar num ritmo excelente e em pouco tempo consegui um grande capital.” Nidai-Sama escrevendo a respeito: “Quando abriu a "Korin-do", um dos seus parentes, com muita experiência no setor comercial, aconselhou-o a administrar o negócio, sem observar os três itens primordiais para o ser humano: honestidade, cortesia e consideração. Ele disse a Meishu-Sama: "Ninguém pode ter sucesso no comércio com uma política de total integridade". Meishu-Sama achou, entretanto, que lhe era impossível seguir tal conselho e prosseguiu como tinha sido até então, de acordo com suas orientações próprias.” Sofrimento por Acidente. Entretanto, apesar do progresso da loja, Meishu-Sama passou por mais uma decepção. “Comecei a estudar Makiê (artesanato em laca). Aí, Deus acabou cortando o nervo do meu dedo. Todos os outros dobram e só este dedo (indicador direito) não. Consequentemente, não consegui mais segurar o pincel e fui forçado a deixá-lo, pois neste trabalho, este é o dedo que mais se usa, sabe? Nada podia ser feito.” No fundo, Deus estava cortando o laço de Meishu-Sama com a sua encarnação anterior, ou seja, sua missão não era continuar vivendo de arte. 34
  • 35.  Loja de Atacado. Neste ponto: Casamento Independente e Próspero; Sucesso com Altruísmo, Administração e Invenções; Sofrimentos por Dificuldades Financeiras. Casamento Independente e Próspero. Nidai-Sama relata que Meishu-Sama recebeu proposta idêntica a que seu bisavô havia feito ao seu avô, qual seja de um casamento dependente: “Contrastando com uma constituição física frágil e delicada, Meishu-Sama possuía um espírito forte. Desde a infância, manifestou uma sobrenatural espiritualidade. Meishu-Sama possuía características pessoais especiais; tinha as orelhas bem modeladas e, no Japão, acreditava-se que quem tivesse os lóbulos das orelhas grandes e cheios, nascia sob boa estrela. Certo senhor possuidor de considerável fortuna em negócios de moinho e desejando preservá-la aos seus descendentes, pediu a Meishu-Sama que ficasse noivo de sua filha e se tornasse seu filho adotivo. A sua resposta foi categórica: "Eu nunca mudarei o meu sobrenome e estou determinado a sozinho, ter meu próprio lar e construir algo valioso". Ele rejeitou de forma irredutível as ofertas desse senhor, causando grande desapontamento aos seus parentes. O fato de tal recusa, demonstrou seu espírito forte e determinação de elevados planos para sua vida futura.” Escolhendo a autonomia, Meishu-Sama, em 1907, quando tinha 25 anos, casou-se independentemente com Aihara Taka, que tinha 19 anos. Graças à ajuda desta esposa, em dez anos de comerciante, obteve sucesso como fabricante e atacadista de miudezas. Pois, ela executava os trabalhos domésticos e os da loja, lavava a roupa dos funcionários e 35
  • 36. guardava suas economias, bem como aprendia vivificação floral e cerimônia do chá. Quase meio século depois, continuava apontando como negativo a dependência, agora sobre o caráter dependente dos japoneses: “Raciocinando dessa forma, fica bem claro que o método de fazer greves para resolver os problemas entre empregados e capitalistas não passa de simples manifestação do espírito de dependência, pois, se os empregados pedem aumento de salário aos capitalistas é porque dependem deles. Se trabalhassem dando o máximo de seu espírito de independência, os resultados do seu trabalho seriam muito melhores e certamente os capitalistas é que ficariam na sua dependência. Por conseguinte, primeiro os empregados devem fazer com que os capitalistas lucrem e, depois, exigir a justa distribuição dos lucros. Como isso é o certo e o justo, logicamente os capitalistas não poderiam recusar-se a atender às suas reivindicações. Seguindo-se essa diretriz, a solução dos problemas entre trabalhadores e capitalistas não seria tão difícil. Atualmente, porém, tenta-se apenas obter a elevação dos salários, sem levar em conta as dificuldades; portanto, só podemos julgar que está se tentando forçar a situação. Sintetizando, nesta oportunidade eu gostaria de alertar que, para resolver esse problema, não há meio mais eficiente do que eliminar de vez o espírito de dependência que caracteriza o povo japonês.” Sucesso com Altruísmo, Administração e Invenções. Nidai-Sama conta a respeito do sucesso de Meishu-Sama devido à sua abnegação: “Uma vez, o chefe da divisão de compras de aviamentos da loja de Departamento Mitsukoshi (uma das maiores e mais antigas lojas de departamento do Japão), chegou a Meishu-Sama 36
  • 37. e disse: "Eu fui nomeado há pouco tempo chefe de divisão e sei muito pouco sobre aviamentos. Apreciaria enormemente qualquer informação sobre este assunto, sobre lojas especializadas neste ramo e qualquer detalhe a mais que o senhor queira me ensinar.” Meishu-Sama respondeu: "Eu mesmo não tenho muita experiência, mas terei imensa satisfação em contar-lhe o que sei". Deu-lhe detalhadas informações sobre as notas e particularidades especiais de várias lojas de aviamentos, apontando algumas que eram excelentes em desenhos ou especializadas em certos artigos. O chefe de divisão da Mitsukoshi, após as informações, foi se embora, agradecendo as orientações recebidas. Alguns dias mais tarde, ele voltou: "Hoje eu tenho um favor a lhe pedir ” - disse a Meishu-Sama. "O senhor é um raro homem de negócios. A maioria dos homens não teria falado comigo com a sinceridade que o senhor falou, elogiando e analisando os pontos positivos dos competidores, sem dizer uma só palavra sobre sua própria loja. Esta é uma prova convincente para mim, de que o senhor não é mercenário. Estou muito impressionado com sua moral e consideração. Minha loja gostaria de começar a negociar com o senhor". Meishu-Sama declinou repetidas vezes, desta oferta, explicando que sua loja era de varejo; mas diante de contínua insistência, entrou em acordo com a Mitsukoshi. Esta transação obrigou-o a mudar a loja que era de varejo para atacado.” Eis o que Nidai-Sama falou: “Empregou seu primeiro funcionário, com participação de lucros. Sua empresa foi crescendo gradativamente; as vendas alcançaram cifras enormes e o lucro dos empregados era tão grande que era difícil saber quem estava em melhor situação: se Meishu-Sama ou seus vendedores que ganhavam mais que os vendedores de outras lojas. Isso grangeou-lhe grande respeito e fidelidade no trabalho. 37
  • 38. Um de seus primeiros vendedores, senhor Nagashima, que trabalhou na loja de Meishu-Sama por longo tempo, mais tarde estabeleceu-se por conta própria, com grande sucesso, mas nunca esqueceu os seus tempos de empregado, orgulhando-se por ter tido Meishu-Sama como seu empregador. Ele até hoje vem visitar-lhe e por várias vezes disse: "Meishu-Sama causou em todos nós uma impressão profunda de um patrão incomum. Durante todo o tempo que para ele trabalhamos, sentíamos sua intensa bondade e autêntica dignidade que inspirava em nós um grande respeito. Combinava firmeza e amor em sua pessoa. Além de nossos salários regulares, ele adicionava uma porcentagem proporcional à eficiência do trabalho de cada um. Seu método era bem diverso dos outros empregadores. Sua profunda bondade, e a sua dignidade aliada ao senso de justiça, faziam-no um empregador adiantado no tempo, e por isso era muito respeitado por todos nós”.” Exigia relatórios e orientava sobre a docilidade no cobrar dos clientes: “Enquanto não fizer o relatório, o serviço não estará terminado. Quando for fazer as cobranças e não conseguir receber das lojas que não costumam pagar em dia, nunca faça cara feia, pois a pessoa ficará revoltada. Diga que, se não puderem pagar na ocasião, você voltará outro dia.” Nidai-Sama: “A originalidade de suas inovações e estilo na atividade comercial chamou a atenção e simpatia do público, obtendo assim grande êxito.” Inventou vários adornos para cabelo e expôs um deles em Tóquio, onde recebeu o troféu de Bronze. Criou o Diamante Assahi, requerendo patente deste artigo em dez países. Além disso, obteve patentes de onze novos produtos criados por si. 38
  • 39. Sofrimentos por Dificuldades Financeiras. Isso ocorreu, em parte, por especular nos empreendimentos: “Eu também, antigamente, lidei muito com especulações. Cheguei até a estabelecer uma sociedade de comanditas: realmente, gostava muito de especular, vendia e comprava ações. Entretanto, no final das contas, acabei tendo prejuízos (risos). Lucrei, por isso, tive prejuízos. Quem perde desde o início, é quem sai ganhando. Quando se lucra parece estar ganhando, mas no final, está tendo prejuízo. É como nos casos amorosos. Se leva fora de uma mulher logo no início, acaba desistindo, não é? (risos).” “Em 1919, aos 36 anos de idade, possuía uma financeira. O Banco, que era o escudo protetor desta, abre falência. O administrador da sua financeira tentando recuperar o dinheiro perdido, sem que ele soubesse de nada, pediu dinheiro emprestado à agiotas. A situação agravou-se e os agiotas providenciaram a penhora dos bens. Oficiais de justiça entraram na casa de Meishu-Sama e lacraram-lhe os móveis. Este, tirando o lacre para pegar suas roupas necessárias, seria chamado à delegacia onde recebeu advertência.” A partir desse momento, começou a sofrida luta de Meishu-Sama para saldar as dívidas, que se estenderam durante vinte e dois longos anos, até 1941.  Ateísta Bondoso e Sofrido. Neste ponto: Sentimentos Positivos de um Descrente; Sofrimentos por Doenças à Libertação aos Remédios; Falecimento dos Familiares e Segundo Matrimônio. 39
  • 40. Sentimentos Positivos de um Descrente. Perfil ateísta: “Primeiramente devo explicar como se processou a evolução do meu pensamento. Quando jovem, eu era extremamente materialista. Até mais ou menos quarenta anos nunca entrei em templo algum. Achava tolice adorar ou rezar para uma pedra, um espelho ou um papel escrito, que constituem a imagem de Deus nos templos xintoístas e são colocados num recipiente com formato de caixa, feito por carpinteiros, com tábuas de cânfora. Nos templos budistas também se adora um Buda desenhando em papel, ou as estátuas de Kannon, Amida e Buda talhadas em madeira, pedra ou metal. Eu costumava afirmar que Kannon e Amida só existiam na imaginação do homem; por conseguinte, achava que era uma adoração ainda mais sem sentido, não passando de idolatria. Naquele tempo, li a tese do famoso filósofo alemão Rudolf Eucken (1846-1926), o qual diz que o homem possui o instinto inato de adorar qualquer coisa e, assim, criou e adora os seus próprios ídolos, caindo na auto-satisfação. Como prova disso, acrescenta ele, todas as oferendas depositadas no altar estão voltadas para o lado dos homens e não para o lado de Deus. Senti-me, perfeitamente identificado com a tese e até considerava que a existência de templos era prejudicial ao progresso da Pátria, porque as nações que possuíam muitos templos estavam em declínio e aquelas que quase não os tinham se achavam em franco desenvolvimento.” “Apesar disso, mensalmente eu contribuía com uma modesta quantia para o Exército da Salvação, e por esse motivo era visitado por um sacerdote que sempre insistia em que eu me convertesse ao cristianismo. Ele me dizia: "As pessoas que contribuem para o Exército da Salvação geralmente são cristãs. Por que o senhor contribui, se não é cristão?”Então expliquei: "O 40
  • 41. Exército da Salvação trabalha para a recuperação de ex- presidiários, transformando-os em pessoas de bem. Se não existisse, talvez um deles tivesse entrado em minha casa para me roubar. Portanto, se o Exército da Salvação está impedindo que isso aconteça, é natural que eu seja agradecido e colabore nas suas obras." Também quis praticar virtudes segundo o ditame comunista: “Eu também desde que nasci não era como sou agora. Era ateu convicto. Pensava em ajudar o comunismo quando conseguisse ganhar muito dinheiro, e quis tornar-me simpatizante. Por isso, ficava irritado com as pessoas que tinham fé em Deus pensava que elas eram tolas. Entretanto, eu não fazia maldade; queria praticar boas ações, mas achava que Deus não existia.” Kyoshu-Sama recorda a filantropia de seu pai com sua empregada doméstica, mesmo sob forte oposição dos parentes: “Ela voltou para casa, mas não podia trabalhar e era tratada como um estorvo. Meishu-Sama enviava-lhe na época 15 ienes mensalmente. As pessoas que o rodeavam lhe disseram: “O que adianta ajudar alguém que está condenado à morte? Se ela pudesse retribuir o favor, trabalhando depois que ficasse boa, ainda bem. Mas não é esse o caso. Portanto, você está gastando, dinheiro à toa. É melhor parar logo com isso!" Aí, Meishu-Sama respondeu: "Não tenho mínima intenção de ser recompensado pelo que estou fazendo. Ajudar as pessoas visando recompensa é uma espécie de troca. É como vender favores. E isso não é caridade. Eu ajudo essa moça porque tenho pena dela e não posso deixá-la desamparada. É um sentimento natural que brota de mim. Vocês podem achar uma tolice, mas eu estou plenamente satisfeito.” Mais tarde, ao orientar, lembraria do que passou: “É melhor ficar só com a Salvação. Não precisa se importar com a oposição de familiares e parentes, já que está 41
  • 42. dizendo que está mais atarefado com essa parte. Comigo também era assim. Todos eram contra mim, mas eu fiquei firme, sem dar ouvido a eles.” Solidariedade com sua esposa tuberculosa: Em 1908, considerava-se a contagiosa tuberculose uma doença incurável. Mas, pensando que ajudar-se mutuamente, é a atitude que um casal deve ter, cuidou dela. Tratando-a, com uma dieta vegetariana, esta ficaria boa. Custeou os estudos de um condutor (puxador) de carrinho de transporte pessoal: “Certo dia, na época em que ele era atacadista de bijuterias e adornos, Meishu-Sama foi a Assakussa de jinriquixá assistir a um filme. Percebendo que o condutor, além de ser jovem, não conseguia conduzir o veículo adequadamente, perguntou: "Você ainda é novato nesse serviço, não é?" O rapaz respondeu. "Sim, faz pouco tempo que comecei. Na verdade, sou estudante e não queria estar fazendo este serviço. Mas quero ver se continuo até me formar". Então, Meishu-Sama disse: "Realmente, isso é admirável! Onde é que você mora? A minha residência é esta (entregou-lhe o cartão), venha me procurar. Quem sabe, talvez até poderei pagar os seus estudos". O rapaz ficou muito contente e, dias depois, procurou-o em sua residência. Meishu-Sama fez-lhe várias perguntas e, após incentivá-lo, prometeu-lhe custear a educação até a formatura. - Jamais esquecerei o favor concedido pelo senhor - dizendo estas palavras, o rapaz, muito contente e emocionado, retirou-se. Soube-se, mais tarde, que ele conseguira terminar os, estudos; e se tornara um policial.” Justo ao escrever para os políticos que combatiam a corrupção: “No mundo político da atualidade, quase não existem pessoas assim. A maioria é muito esperta e versátil, sendo 42
  • 43. muitos os que se mostram hábeis em forçar situações perigosas. Torna-se evidente o vazio em que o mundo político se encontra. Dessa forma, o que mais falta é um homem de fibra, que todos possam seguir.” Eis algumas práticas desse sentimento de justiça. Em 1916, com 33 anos: “Na época em que, eu era comerciante (antes de me tornar religioso), muitas vezes fui vítima de embustes e experiências pavorosas. Por felicidade, possuo inquebrantável espírito de justiça. Lutei contra todos os obstáculos, indiferente às conseqüências monetárias. O esforço empreendido na preservação da justiça acarretou-me muitas desvantagens, que felizmente foram passageiras. Com o tempo, a situação melhorou e acabei por vencer, não só recuperando como ganhando muito mais do que tinha perdido. Involuntariamente tive três ou quatro casos judiciais, e um deles vem se prolongando até hoje. No tempo em que eu vivia na pobreza, uma associação perseguiu-me, aproveitando-se do seu dinheiro e posição. Com o decorrer do tempo, fui favorecido pelas circunstâncias e essa associação teve de desistir. Foi o seguinte: Eu possuía uma fábrica de objetos de fantasia e obtive, em dez países a patente de um artigo que teve extraordinária aceitação, propiciando-me um contrato especial com certa firma. Como o artigo tivesse entrado em moda, recebi uma proposta sumamente egoísta de uma associação de lojas varejistas de objetos de fantasia, sediada em Tóquio, a qual me pedia que lhe vendesse uma das duas exclusividades reservadas àquela firma. Vendo-se rejeitada pela minha honestidade, tentou boicotar-me com a colaboração de todas as lojas do gênero, a fim de obrigar-me a ceder. Dois anos de resistência me acarretaram considerável prejuízo, mas a associação deu-se por vencida e entramos em acordo. 43
  • 44. Outro caso interessante foi quando, em protesto contra uma injustiça comercial, tentei suspender determinada transação. O encarregado, surpreso, disse-me ter sido eu a primeira pessoa que rompera a tradicional obediência às imposições feitas aos comerciantes. Reconhecendo que eu estava com a razão, a firma desculpou-se, e o caso foi resolvido.” Optou pela abertura de um jornal que combatesse os males sociais, e assim iniciou vários negócios para conseguir capital. Mais tarde, Nidai-Sama escreveria a respeito: “Desde a juventude Meishu-Sama deplorou as condições infelizes da sociedade e se preocupou profundamente com o melhoramento do mundo. Anos antes de fundar a Igreja Messiânica Mundial, ele pensou em publicar um jornal que servisse, até certo ponto, para esclarecer as pessoas e preparar o caminho para a reforma do homem. Isso indica que, mesmo naquela época, ele estava decidido a, de alguma maneira, ajudar a humanidade.” Ele mesmo diria: “Quando eu era jovem, apesar de ser ateu, sempre tive o desejo de melhorar a sociedade, Achando que, para isso, não havia meio mais eficaz do que uma empresa jornalística, fiz vários pesquisas e fiquei sabendo que, naquela época precisaria de mais ou menos um milhão de ienes. Precipitando-me em conseguir logo a quantia necessária para a abertura da empresa Jornalística, estendi demais a mão, de modo que acabei falindo, com dívidas até o pescoço. Consequentemente tive de desistir da idéia de abrir a empresa.” Falando no enterro daquele que o colocara naquela situação de dívida e que havia se suicidado: “Afinal, eu é que fui o culpado, por ter confiado demais.” Sofrimentos por Doenças à Libertação dos Remédios. Eis o que Meishu-Sama dizia: 44
  • 45. “Tive quase todas as doenças, exceto as de senhoras.” Teve crises de hemorróidas, dores de cabeça e estômago, reumatismo, prostração nervosa, uretrite, amidalite, catarro intestinal, problemas das válvulas cardíacas e periodontite. Na sua crise de hemorróidas, superou quando descobriu a causa desta: “Essa doença é considerada mais comum entre os japoneses. A sua causa está totalmente na má estruturação dos sanitários que eles usam. Há muitas pessoas que lêem no sanitário. Isso não é bom porque geralmente, quando começam a ler demoram tempo. As pessoas que têm problemas de hemorróidas devem refletir bem sobre esse ponto. Quando eu era jovem "Sofri muito com essa enfermidade, mas decidi fazer minhas necessidades fisiológicas em menos de cinco minutos, mesmo que não tivesse terminado totalmente. A partir daí a doença começou a melhorar naturalmente.” Em 1905, aos 22 anos, sofreu uma grave isquemia cerebral em conseqüência de tensão e sobrecarga de trabalho por falta de prática na loja de miudezas. Quando passava por ruas onde circulavam bondes, chegava a sentir-se tonto e até a desmaiar, por causa do estridente barulho dos trilhos. Bastava- lhe conversar para que ficasse sem fala. Em 1909 foi desenganado com tifo intestinal: “Quando eu tinha 28 anos, sofri tifo. Observando o estado do meu corpo, pensei que não tivesse cura; por isso, fiz um testamento para minha ex-mulher (já falecida), explicitando o que deveria fazer quando eu morresse. Estava, pois, bem conformado com a minha situação. Como a casa em que eu morava era pequena, imaginei que, se viesse muita gente para o meu enterro, iria ficar muito apertada. Então, preferi aguardar o desenlace num hospital particular de clínica geral que havia perto da minha residência. Pedi para ser colocado ali, mas não fui aceito. O diretor recusou 45
  • 46. a minha internação, alegando que a morte de um doente traria má fama para a clínica, sendo, por isso, uma situação diferente da que acontece numa instituição pública. Mesmo assim, não desisti. Recorri ao irmão mais velho do diretor que, como eu, nessa mesma época, tinha uma loja de armarinhos. Através dele, fiz o pedido para que pudesse morrer nesse hospital e, por causa desse relacionamento comercial que mantínhamos, fui aceito. Estava, contudo, tão debilitado que não consegui entrar no jinrikisha (carrinho de mão, o meio de transporte da época). Fui, então, levado numa maca. Durante o percurso, olhava a cidade e as pessoas, pensando estar fazendo isso pela última vez. Sentia um vazio e uma solidão profundos. Nos três primeiros dias de internação, não houve muita mudança no meu estado clínico. O médico diagnosticou pneumonia, receitou um medicamento, dizendo que com ele poderia obter a cura. Caso contrário, não haveria outra solução. Quando o tomei, meu sofrimento tornou-se ainda maior. Passei por uma espécie de delírio em que via túmulos. Pensei: com certeza, vou morrer.” Sobrevivendo, vivia sob o temor da doença a ponto de parecer neurótico. Precavia-se a ponto de ir ao médico por causa de um espirro. Quando ia ao toalete jamais usava a toalha usada por outras pessoas, abanava as mãos para secá-las. Eis um fato acontecido consigo, contado por ele, que mostra o quanto ficou dependente da Medicina: “Portanto, imaginamos o quanto os homens da atualidade temem doença e estão apavorados. Uma vez doentes, é senso comum ir a um médico e tomar remédios. Não posso deixar de ficar admirado ao ver como puderam chegar a acreditar esse ponto na medicina. Apesar disso, se pensar, como eu era antes, não estou na posição de falar dos outros. Certa vez, aconteceu o seguinte fato: creio que mais ou menos quando eu tinha 30 anos e fui a uma região de águas termais num lugar bem afastado. Assim que cheguei à hospedaria, perguntei à funcionária: - Nessas termas existem médicos? 46
  • 47. - Sim, há um médico – respondeu. - É um médico comum ou um cientista? - Ouvi dizer que se formou este ano. Ao saber disso, fiquei tranqüilo pensando que poderia ficar sossegado nesse local. Entretanto, mas tarde, sabendo que existiam muitas pessoas iguais a mim, vi que não era tão excepcional. Também aconteceu o seguinte: como ninguém sabe quando irá ficar doente, eu procurava um médico gentil que me atendesse quando fosse chamado, mesmo durante a noite, com um simples telefonema. Achei um médico assim e por isso tratava-o com a maior consideração, até que ficamos como se fossemos parentes. Ele foi padrinho de meu casamento com minha atual esposa, e isso mostra o quanto eu acreditava na medicina, nessa época.” Porém, conscientizar-se-ia da nocividade dos remédios, através da doença que mais lhe fez sofrer e de maior duração, qual seja, a dor de dentes de 1914 a 1916: “A dor de um só dente já é terrível. Imaginem então quatro dentes doendo ao mesmo tempo todos os dias. Era insuportável. Minha cabeça foi ficando tão perturbada que eu me vi num beco-sem-saída, achando que teria de escolher entre ficar louco ou me suicidar.” Nessa situação, ouviu do seu dentista: “Já usei todos os remédios que conheço. Agora só resta esperar pelo novo medicamento que um amigo meu vai trazer dos Estados Unidos”. Não suportando mais o sofrimento por que passava, começou a experimentar um tratamento que um sacerdote da religião Nitiren lhe aconselhou. Começou a se sentir melhor, a dor havia diminuído, se viu tomado por uma sensação agradável que não sentia há meses. Repentinamente, ocorreu-lhe uma idéia: a causa da dor de dente não seriam os remédios? Não seria por causa deles que a dor de dentes não passava? Os analgésicos não estariam causando uma dor ainda maior? 47
  • 48. Pensando assim, parou de ir ao dentista e também nunca mais foi a casa do sacerdote. Eis o que Meishu-Sama disse a respeito: “Tentarei escrever sobre minhas experiências com relação a esse fato. Há 36 anos atrás, extraí os dentes para poder colocar dentaduras; ao colocar remédio desinfetante na cavidade aberta, comecei a sentir muitas dores. Para aliviá-las, tomei novos remédios, mas elas iam aumentando gradualmente. Entretanto, compreendi que tudo tinha sido causado pelos remédios, sendo também uma forma de jogar fora o meu "eu" de até aquele momento. Depois de compreender isso abandonei os dentistas, e a dor foi passando gradativamente.” Diante de tantas doenças, Meishu-sama aprendeu que: “o meu mestre foram as doenças.” Falecimento dos Familiares e Segundo Matrimônio. No dia 25 de maio de 1912, quando Meishu-Sama tinha 30 anos, sua mãe falece de nefrite com 57 anos de idade. Eis suas últimas palavras: “Parece que estou chegando ao fim. Chamem Mokiti, preciso falar com ele” e “Mokiti você voltou...” Em 1915, no oitavo ano de casamento, quando já haviam desistido de ter filhos, Taka ficou grávida de uma menina. Mas, o parto fora muito difícil, e por isso, logo depois de seu nascimento, a criança veio a falecer. Logo depois, engravidou novamente, nasceu outra menina, mas já estava morta. Em 4 de junho de 1919, ficou grávida pela terceira vez de uma outra terceira menina, contraiu tifo intestinal ocasionando nascimento e morte prematuros da criança. Taka ficou muito enfraquecida e, uma semana depois, no dia 11 de junho de 1919, acabou falecendo. No funeral, muito deprimido, Meishu-Sama falou: “Cortaram-me um dos braços.” Em dezembro de 1919, aos 36 anos, casa-se pela segunda vez, com Ôta Yoshi de 22 anos. Esta, que após a morte de 48
  • 49. Meishu-Sama, viria a ser Nidai-Sama, a Segunda Líder Espiritual da Messiânica. Eis as circunstâncias em que se deu esse matrimônio. - Um indivíduo de nome Okada diz que deseja desposar a Srta. Yoshi. - [resposta negativa] - O Sr. Okada falou que está firmemente disposto a desposar a Srta. Yoshi. Não poderiam pensar melhor no caso? - Por favor, dê este assunto por encerrado. - O Sr. Okada está muito entusiasmado e me falou que quer desposar Yoshi de qualquer jeito. - Se insistem, podemos aceitar. - Yoshi diz: “Se ele insiste tanto, eu aceito.” “Ao ser indagada pela tia, que perguntou: "O que você acha? Ele é bem mais velho. Vai aceitá-lo?", Nidai-Sama respondeu: "Essas coisas dependem da afinidade. A idade não importa." O pai de Nidai-Sama, vendo a foto de Meishu-Sama que fora enviada, disse: "Como essa pessoa tem boa fisionomia, é melhor aceitar a proposta" e, prosseguindo, disse que poderia ajudá-lo, de certa forma, nos negócios. Ao saber disso, Meishu- Sama afirmou: "Não gosto de incomodar as pessoas, e também não quero que se misturem as coisas. Aceito-a (Nidai-Sama) como esposa, desde que seja em separado dos negócios". E assim, foi feito o casamento. Por isso, quando se casaram, os dois sofreram muito financeiramente. Mas como Meishu-Sama a tratava bem, Nidai-Sama foi muito feliz. Trata-se de um fato ocorrido quando Yoshi (Nidai-Sama) ia se casar. Soube que Meishu-Sama dissera o seguinte, naquela ocasião: "Apesar de já ter confirmado o casamento, por causa de certa pessoa, tive que contrair uma dívida. Sinto pena dela (Yoshi), portanto, vamos encerrar este assunto por enquanto." Entretanto, Yoshi disse: "Uma vez confirmado o casamento, mesmo que meu corpo esteja aqui, já pertenço àquela família" e assim, felizmente, o matrimônio foi realizado. 49
  • 50. Normalmente, as pessoas escondem o fato de terem pesadas dívidas e se casam, mas, Meishu-Sama, sem dissimular, expôs tudo. Senti com isso que o Sr. Okada é uma pessoa realmente honesta e boa, foi o que foi dito. E então, Yoshi contraiu casamento, - afirmando: "Mesmo que tenha que morar num cortiço por causa das dívidas, uma vez que o compromisso foi selado, já faço parte daquela família. Portanto, quanto ao dinheiro, podemos consegui-lo com esforço mútuo".” Depois de casados, um parente perguntou a Yoshi: “Como é? Dá para viverem juntos?” Ela respondeu: “Comecei a gostar dele. Fique tranqüila. Estando com ele, tudo irá bem.” Um familiar diria que Mokiti ao acolher Yoshi como esposa: “Revelou-se uma pessoa carinhosa que, mesmo para a caminhada diária, levava-a em sua companhia. Com todo o carinho que recebeu, ela teve uma vida realmente muito feliz.” E que quando ela engravidou, ele era extremamente zeloso. Ao saírem para fazer compras, Mokiti, dizendo ser perigoso se ocorresse uma colisão violenta, chamava, além do táxi que os conduzia, mais dois: um ia à frente e o outro atrás, amarrados com cordas ao seu veículo. Isso era para evitar que outros carros entrassem no meio. Quando o motorista aumentava um pouco a velocidade, ele logo chamava a atenção: "Está correndo demais, vá devagar". Assim, ele sempre tratou Yoshi com o máximo de cuidado. Os cabelos de Meishu-Sama, na época, já estavam brancos. Por, isso, quando se casou, Yoshi chegou a levar uma tinta para pintá-los. Porém, ele lhe disse: “Não faça isso. Essa cor fica até muito bem.” 50
  • 51. 1.3. Religioso da Oomoto. De 1920 a 1934, ou seja, dos 38 aos 51 anos. Neste item se aborda: Conversão; Iluminação; Desligamento.  Conversão. Neste ponto: Prejuízo e Entrada na Fé; Sofrimento e Afastamento; Mistérios, Sofrimentos e Retorno. Prejuízo e Entrada na Fé. “Naquele tempo, as minhas atividades comerciais iam muito bem, e eu estava no auge da autoconfiança, mas um de meus empregados me fez perder tudo. A sorte adversa, manifestada através do falecimento de minha primeira esposa, dos embargos judiciais sofridos da falência e de outras desgraças me arrastaram para o fundo do abismo. Como resultado, acabei recorrendo aquilo a que todos recorrem nessas ocasiões: a Religião. Também eu fui à procura da salvação do xintoísmo e no budismo, como era de praxe, e assim tive conhecimento da existência de Deus, do Mundo Espiritual, da vida após a morte, etc. Refletindo sobre o meu passado, arrependi-me da vida inútil que levara até então.” Registrou assim também: “No dia 15 de março do ano seguinte (1920), começou a famosa crise financeira. As ações tiveram uma grande baixa, e o preço das mercadorias caiu bruscamente. Por isso, a Loja Okada S.A., que havia acabado de nascer, desmoronou sem oferecer nenhuma resistência, ficando num beco-sem-saída.” Meishu-Sama conta que: “Desesperado, recorri à Religião. Durante mais ou menos vinte anos, passei por inúmeros percalços e dificuldades, tendo sofrido muito por causa de vultosas dívidas. Para 51
  • 52. que possam fazer uma idéia, recebi várias intimações judiciais e sofri uma falência.” Ele, que acreditava que a felicidade ou infelicidade dependia unicamente da inteligência e esforço, [pois, para si, estes dois atributos foram a causa dele sozinho obter muito êxito empresarial em pouco tempo] foi perdendo autoconfiança. Os seguidos e sérios infortúnios que o atingiram, levaram-no a sentir a insignificância da força humana para chegar a felicidade. Ele passou a pesquisar diversas religiões, em busca de uma forma para se livrar das desgraças. “Realizei minuciosos estudos e pesquisas procurando ouvir o maior número possível de espíritos desencarnados, através de médiuns. De tudo que esses espíritos disseram, eliminei aquilo que pode não ser verdade, transcrevendo apenas os pontos coincidentes entre os muitos depoimentos que ouvi. Por isso, tenho certeza de que não há erros em minhas explanações.” Assim mais tarde: “Neste volume estão coligidos os Ensinamentos que escrevi sobre os fenômenos do Mundo Espiritual, como resultado de estudos e pesquisas efetuados durante mais de vinte anos. Não há fantasia nem exagero em minhas palavras. Como exemplo, vou contar uma estória ocorrida na época em que eu estava pesquisando a religião Tenri-Kyo. Um rapaz que sofria de tuberculose pulmonar e fora desenganado, ingressou na referida religião. Pensando na prática de uma boa ação, decidiu fazer a limpeza do escarro expectorado por outras pessoas nos passeios da cidade. Decorridos três anos, durante os quais fez isso todos os dias, o rapaz estava completamente recuperado; a doença tinha desaparecido sem deixar o menor vestígio.” Outro exemplo: “Certa vez em que eu estava fazendo concentração mental, repentinamente senti uma sensação estranha. Tinha 52
  • 53. impressão de que minha boca se abria até as orelhas, que meus olhos brilhavam e que nos dois lados da minha testa se formavam chifres. Comecei a emitir, espontaneamente, um som horrível, como se fossem rugidos de um animal selvagem. Fiquei assustado, mas, como já tinha ouvido falar sobre encosto de espíritos, achei que devia ser isso. Pensei em espírito de tigre, leopardo ou mesmo leão, mas vi que não poderia ser, pois esses animais não possuem chifres. Consultei, então, meu superior hierárquico, que na época era um orientador. Ele disse que sem dúvida era espírito de dragão. Naquele tempo, eu também não tinha certeza se dragão existia realmente, mas através do fato em questão conclui que sim. Além disso, na ocasião eu tive a impressão de que os ossos da parte superior da minha coluna ficaram salientes, o que é outra característica do dragão.” Pesquisou a Bíblia: “Quando eu era jovem, discuti a respeito do milagre numa reunião de pesquisa da Bíblia. Dizendo que não conseguia acreditar absolutamente nos milagres, risquei todos os trechos relacionados a eles. Lendo-a sem esses trechos, ela não era relacionada mais a um livro religioso e sim, um livro de moral. Quando entendi isso, perdi todo o interesse que tinha, e larguei a pesquisa.” [pode-se imaginar quando se compara com os livros de ensinamentos de Meishu-Sama que são ultra-religiosos]. Meishu-Sama se sentiu atraído pela Oomoto por ela pregar a reforma do mundo e a toxicidade dos remédios, confirmando seu sentimento de justiça e experiência da nocividade dos medicamentos. “A religião Oomoto nunca se preocupou em divulgar os ensinamentos relacionados ao erro da medicina. No entanto, quando ingressei nessa Doutrina, percebi, ao ler o Ofudessaki (coletânea de textos psicografados pela fundadora Não Deguchi) criticas a medicina. Nesses escritos encontrei a seguinte revelação: “Deus está triste! O povo, por ignorância, deixou-se contaminar pelos remédios, que não curam, só envenenam o corpo.” No 53
  • 54. momento em que li esse trecho fiquei assustado, pois, até então, nenhuma corrente religiosa havia afirmado tão claramente que remédio é veneno. Percebi aí também a razão pela qual ingressei na Oomoto.” Em outro ensinamento: “Depois que tomei conhecimento dos erros da medicina, descobri estas palavras escritas no Ofudesaki: "Aquilo que veio do além-mar está mais para veneno do que para remédio. É um bando de imbecis que pagam altos preços por uma coisa inútil e, ainda por cima, sujam seus próprios corpos. Desse jeito, até Deus fica em apuros..." E eu fiquei deveras assustado! Nesta época acho que não havia uma única pessoa que dissesse que o remédio era veneno. E isto estava escrito no Ofudessaki, o que me comoveu muito. Esse foi o principal motivo pela qual ingressei na Religião Oomoto- kyo.” Assim, decidiu converter-se àquela religião. Isso ocorreu no mês de junho de 1920. “Completar trinta e oito anos, para mim, foi também meu segundo nascimento. A partir de então, inesperadamente, ingressei na vida religiosa e, pela primeira vez, soube da missão confiada a mim pelos Céus.” Anos mais tarde falaria: “Até agora não se conhecia o espírito. Desprezava-se a sua existência. Como o Sr. Tokugwa, disse há pouco, é uma questão de alma. A ação da alma é muito grande. Ontem fui visitado por uma pessoa que eu não via há cerca de um ano. Anteontem eu tinha pensado: "Como estará ele passando?" No dia seguinte ele apareceu. Aí eu disse para mim mesmo: "Ah, o espírito dele veio aqui antes!"” 54
  • 55. Sofrimento e Afastamento. Meishu-Sama disse que após tornar-se religioso, passou por grandes sofrimentos, mas, por outro lado, também teve grandes alegrias. Como ocorreu ao passar por esse acontecimento: “Quando entrei na religião Oomoto, meu sobrinho, que era estudante ginasial, foi à cidade de Ayabe e lá, caindo num rio, morreu afogado. Ele era o herdeiro do meu irmão mais velho. Este irmão me disse: "Meu filho foi para lá e acabou morrendo porque você ingressou na religião Oomoto. A religião Oomoto é nossa inimiga." Como foi um acontecimento real, afastei-me daquela religião.” Logo em seguida, nasceu sua primogênita Mitiko em 11 de outubro de 1920, no ano seguinte seu primeiro filho homem Mitimaro. Começou a melhorar profissionalmente: “Mesmo assim, fizemos esforço para levantar o destino da empresa e, por volta de 1922, finalmente a situação começou a melhorar.” Mistérios, Sofrimentos e Retorno. Certo dia, antes da Segunda Guerra Mundial, Meishu- Sama referiu-se ao livro de profecias da Oomoto: "Pode ser que vocês não saibam de que se trata, mas está bem claro para quem queira entender." Ali diz "pássaros de terras estranhas voarão sobre o nosso país e abaterão os pássaros japoneses. Sob seus pés sairá fogo." “Tudo isso se realizará.” Perguntei-lhe o que significava "sob seus pés." Disse-me: "significa que a Imperial Cidade de Tóquio um dia será um mar de chamas. Vocês devem procurar ser mais perspicazes para entender todo o assunto por uma simples palavra. Caso contrário, não poderão ser eficientes instrumentos de Deus, na 55
  • 56. Obra Divina." Somente após o término da guerra é que pude compreender o verdadeiro significado de tudo isso. Algo parecido se deu por ocasião do grande terremoto ocorrido no Japão, no Distrito de Kanto. Antes de sua erupção o Reverendo Deguchi da Seita Oomoto deu a Meishu-Sama um quadro de um grande incêndio, por ele próprio pintado, onde se via um mar de chamas em quase toda a superfície. Bastou olhá- lo e Meishu-Sama previu o que estava para acontecer, mudou- se, então, para Omori. Logo em seguida, um terremoto devastou a cidade de Tóquio. Certo dia Meishu-Sama contou-me o seguinte fato, que ocorreu em Maio de 1923, quando era proprietário da casa de comércio Okada. Nessa ocasião, ele decidiu vender sua bela residência por 35.500 ienes: ainda que o valor normal fosse acima de 50.000 ienes e mudou-se imediatamente, onde comprou outra casa. Seus parentes ficaram surpresos por essa atitude repentina. Criticaram Meishu-Sama asperamente haver efetuado a venda por preço tão baixo. Ele respondeu tranqüilamente: "Vocês criticam-me agora, mas vocês deverão voltar aqui dentro de pouco tempo." Os parentes que não acreditavam em sua profecia, olharam-se aborrecidos e saíram sem nada mais dizer. Alguns meses após, houve grande terremoto que transformou em um amontoado de brasas e cinzas. Foi, realmente, uma trágica ocorrência em que morreram milhares de pessoa, algumas diretamente pelo terremoto, outras pelos incêndios que se seguiram. Todos os parentes de Meishu-Sama que o haviam criticado pela venda da casa, perderam seus lares e pertences. Procuraram então Meishu-Sama com alguns poucos objetos de uso pessoal, e admitiram que haviam cometido um engano ao criticá-lo naquela ocasião. Disseram: “o que nos disse finalmente aconteceu." 56
  • 57. Nesse episódio acima se observa como Meishu-Sama aceita a Lei de Causa e Efeito, a afinidade, o predestino, assim ele não teve pena de quem iria comprar a sua casa. Já para seu companheiro de negócios e líder da Associação de Lojista, falou claro: “Em breve Tóquio ficará em chamas.” Espantado, o companheiro deu gargalhada, falando: “Não diga tolices.” Em 1 de setembro de 1923, ocorreu um grande terremoto no Japão. Uma calamidade que ocasionou a morte de 50 mil pessoas e a destruição de mais de 400 mil casas. O líder da Associação que gargalhara, comentou: “Onde foi que Okada ouviu aquilo? Ele diz coisas terríveis.” E apelidou-o de ‘Deus’.” Meishu-Sama, com esse grande terremoto, além de sofrer novamente grande prejuízo nos negócios, perderia seu filho homem no dia 3 de outubro. Pois, após catástrofe, houve um surto de cólera infantil e sem que ninguém percebesse seu primogênito teria contraído a doença e acabou não sendo socorrido a tempo. Em 2/12/1923, nasceu outro filho homem Mihomaro, que é surdo. No ano seguinte retorna a Oomoto: “Depois de cinco anos, fui a Ayabe. A partir daquela ocasião, tornei-me um membro devoto da Oomoto. Esse fato também estava relacionado com a chegada do meu tempo certo. Na primeira vez, a época ainda estava prematura. Adiar por cinco anos foi melhor.”  Iluminação. Neste ponto: Atuação direta de Deus como Kannon; Acontecimentos encerram vida empresarial; Transição da Era da Noite para Era do Dia e Johrei. 57