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REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
Volume 20 - Número 1 - 1º Semestre 2020
ESTUDO ETNOBOTÃNICO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO ALGODÃO,
PELOTAS RS.
Tamiris Franco Delfim¹, Carlos Rogerio Mauch², Gustavo Crizel Gomes³, Patrícia Braga Lovatto4
RESUMO
A utilização de plantas bioativas é uma prática comum entre as populações tradicionais. Visando a
manutenção da tradição e do conhecimento acerca das plantas trazidas e conservadas pelas
comunidades, o presente trabalho teve como objetivo efetuar um levantamento etnobotânico na
Comunidade do Algodão Pelotas RS no período de abril de 2015 a outubro de 2018. Para coleta de
dados foi realizado entrevistas pré-estabelecidos, semiestruturados e turnês guiadas. Foram
identificadas 79 espécies e 36 famílias botânicas. Destacaram se pelo número de espécies as
Asteraceae, Lamiaceae, Myrtaceae e Rutacea. A categoria que apresentou o maior número de citações
foi a Medicinal Humano. As folhas foram a parte do vegetal mais utilizada sendo o preparo na forma
de chá. Para o habito a maioria das plantas apresentou porte herbáceo e para o habitat a mais
predominante são as exóticas introduzidas seguido de nativas.
Palavras chaves: etnobotânica; quilombos; plantas medicinais.
ETHNOBOTANE STUDY IN COTTON QUILOMBOLA COMMUNITY, PELOTAS RS.
ABSTRACT
The use of bioactive plants is a common practice among traditional populations. Aiming at
maintaining the tradition and knowledge about the plants brought and preserved by the communities,
the present work aimed to carry out an ethnobotanical survey in the Pelotas Rs Cotton Community
from April 2015 to October 2018. For data collection, pre-established, semi-structured interviews and
guided tours were conducted. 79 species and 36 botanical families were identified. Notable for the
number of species were Asteraceae, Lamiaceae, Myrtaceae and Rutacea. The category with the
highest number of citations was Medicinal Human. The leaves were the most used part of the
vegetable being the preparation in the form of tea. For the habit most plants presented herbaceous
size and for the most predominant habitat are the introduced exotic followed by native ones.
Keywords: ethnobotany; quilombos; medicinalplants.
17
INTRODUÇÃO
Desde tempos remotos da pré-história o
homem procurou aproveitar os princípios ativos
existentes nos vegetais, embora de modo
totalmente empírico ou intuitivo, baseado muitas
vezes em descobertas ao acaso. No Brasil, sob
influência das interações culturais entre índios,
negros e portugueses, essa relação homem-
natureza permitiu a disseminação da sabedoria
herdada em relação ao uso e cultivo de diversas
espécies vegetais (Almassy et al., 2005;
Liporacci & Simão 2013).
O estudo das inter-relações entre seres
humanos e plantas é definido como etnobotânica
(Ford, 1978; Oliveira et al 2009).
A Etnobotânica surge como mediadora
dos diversos discursos culturais, como uma
tentativa de compreensão do modo de vida,
códigos e costumes que racionalizam as relações
entre o homem e a natureza, fazendo a
complementaridade entre o saber tradicional e o
saber acadêmico (ALBUQUERQUE, 2000).
Segundo Alexiades (1996) a etnobotânica
pode ser compreendida como o estudo das
sociedades humanas, passadas e presentes, e
todos os tipos de inter-relações: ecológicas,
genéticas, evolutivas, culturais e simbólicas;
reconhecendo a dinâmica natural das relações
entre o ser humano e as plantas.
Conforme Silva (2013), as comunidades
quilombolas por serem constituídas de
descendentes africanos, preserva e conserva um
valioso conhecimento sobre plantas. Uma das
causas da intensa relação entre estas
comunidades e o meio em que estão inseridas é o
fornecimento de inúmeros recursos que a
natureza dispõe a elas e que são fundamentais
para a sua sobrevivência e reprodução. O autor
chama atenção para o fato de que, um dos fatores
que contribui para a continuação dos quilombos,
garantindo a sobrevivência dessa população é o
grande conhecimento e domínio sobre os
recursos naturais das áreas onde estão
localizados.
De acordo com Amoroso (1996), este
conhecimento vem ao longo dos anos se
constituindo em um importante fator
socioeconômico das comunidades, sendo
repassado de geração em geração, porém sofre
ameaça constante devido à influência direta da
medicina ocidental moderna e pelo desinteresse
dos jovens das comunidades, interrompendo
assim o processo de transmissão do saber entre
as gerações.
Assim torna se importante estudo nesta
área que possam auxiliar trabalhos sobre uso
sustentável da biodiversidade através da
valorização e do aproveitamento do
conhecimento tradicional pelas comunidades, a
partir da definição dos sistemas de manejo,
incentivando a geração de conhecimento
científico voltados para o uso sustentável dos
recursos naturais (Fonseca-Kruel e Peixoto
2004).
Segundo dados da Fundação Cultural
Palmares (2017), são reconhecidas 126
comunidades remanescentes de quilombo no
estado do Rio Grande do Sul, sendo que na região
de Pelotas á três comunidades reconhecidas,
sendo inexistentes trabalhos etnobotânicos em
comunidades quilombolas nesta região.
Este trabalho tem como objetivo
contribuir para o conhecimento do uso e
conservação de plantas bioativas na
Comunidades Quilombola do Algodão,
localizada no 4º distrito de Pelotas, RS.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A Comunidade Quilombola do Algodão
localizada no 4º distrito, na Colônia São
Francisco, município de Pelotas, RS estando a
aproximadamente 55 km do centro da cidade de
Pelotas localizado nas coordenadas geográficas
com latitude 31°22’56.78” Latitude Sul
52°29’07.91” Longitude Oeste.
Localizada na região da Serra dos Tapes
ocorrente na porção mediana inferior da Encosta
do Sudeste correspondendo os municípios de
Pelotas, Canguçu, Arroio do Padre e São
Lourenço do Sul.
O clima da região é subtropical úmido ou
temperado, representado por Köppen como Cfa.
Os verões são tépidos e com precipitações
regulares, com as temperaturas máximas
absolutas do ano situando-se entre 34 °C e 36 °C,
aproximadamente. Os invernos são
relativamente frios com geadas frequentes e
ocorrência de nevoeiros, com temperaturas
mínimas absolutas do ano entre 2 °C e 0 °C.
Os principais cursos de água são o arroio
dos Quilombos e Caneleiras, recebendo o nome
de arroio Pelotas desaguando no canal São
Gonçalo – Laguna dos Patos, formando a
principal sub bacia.
A comunidade do Quilombo do Algodão
é composta por 93 famílias, sendo os núcleos
distribuídos desde a Colônia Triunfo, até Colônia
Aliança e São Francisco, dentro dos limites do
município de Pelotas, e Favila, já no município
de Canguçu.
A comunidade vive da agricultura de
subsistência especialmente hortaliças e criação
de animais para o consumo próprio. Possui uma
associação onde parte dos moradores produzem
feijão, abóbora e milho, estas são vendidas para
a Feira Sul Ecológica existente na região,
auxiliando na renda. Vale ressaltar que toda a
produção desde a comercializada quanto para o
consumo próprio é de base ecológica.
Também como forma de aumentarem a
renda familiar as famílias trabalham
temporariamente nas lavouras de tabaco e
pêssego da região. As mulheres ainda trabalham
com artesanato próprio da agricultura como
cestos, quipes de taquara e fuxicos.
A comunidade conta com a escola de
Ensino Fundamental, possui sede social própria e
posto municipal de saúde pública.
A comunidade do Algodão iniciou sua
formação a 150 anos atrás, sendo este fato
justificado também pela presença de um
Cemitério do Algodão, com mais de 100 anos de
existência. O cemitério do Algodão como é
assim chamado, localizado próximo à sede da
comunidade, possui somente negros enterrados,
como avós, bisavós e irmãos dos membros da
comunidade local. Outra característica é que a
primeira propriedade escriturada foi realizada
após os moradores estarem residindo no local,
antes mesmo da colonização pomerana.
“A nossa comunidade já existe a mais de
150 anos. E uma das provas é o cemitério
quilombola. Ele existe a mais de 100 anos. Isso
prova que a gente nasceu aqui. E a gente ta
aqui até hoje. Quando eu nasci já existia o
cemitério do algodão”
Coleta de Dados
A coleta de dados ocorreu no período de
abril de 2015 a outubro de 2017 com visitas
domiciliares de acordo com a agenda dos
entrevistados. As visitas iniciais foram realizadas
juntamente em parceria com o Centro de
Atendimento e Promoção da Agroecologia
(CAPA), núcleo Pelotas, RS, para a devida
apresentação da proposta de trabalho, juntamente
com o convite e interesse na participação da
pesquisa (adesão voluntária), sendo delimitados
o número máximo de cinco informantes chaves
denominação dada aos entrevistados, conforme
recomendado por (CUNNINHAM, 2001).
Também foi utilizado o método “Bola de neve”
proposto por (Albuquerque e Lucena; 2004) onde
um informante indica uma ou mais pessoas que
ele acredita ser dotado de experiência no assunto
abordado.
Para a obtenção dos dados foi utilizado
roteiro de entrevista com perguntas pré-
estabelecidas e semiestruturadas (Anexo I),
visitas domiciliares "turnê guiada" nas
propriedades, conforme metodologia descrita por
Minayo; Deslandes (2002), Cunninham (2001) e
Albuquerque; Lucena (2004).
O roteiro de entrevista foi precedido de
questões fechadas a fim de estabelecer o perfil
dos informantes-chave com questões incluindo:
nome, idade, escolaridade, estado civil, renda e
tempo de residência no local. Para o
levantamento etnobotânico trabalhou se, com
questões sobre o conhecimento e a
multiplicidade de usos das plantas bioativas, suas
finalidades, modo de preparo e partes utilizadas.
Conforme recomendado por
Albuquerque; Lucena (2004) Turnês guiadas
foram realizadas no entorno de suas residências,
em geral nos quintais, áreas vizinhas ao redor da
residência. Os informantes identificaram as
plantas no campo por seu nome vernáculo. As
plantas citadas nas entrevistas foram
fotografadas e coletadas durante a turnê e em
visitas posteriores. O material coletado foi
herborizado conforme metodologia usual, sendo
depositado no Herbário da Universidade Federal
de Pelotas. Alguns espécimes não foram
depositados devido a ausência de matérias férteis
durante o momento da coleta.
A identificação e confirmação do
material botânico seguiu os padrões da
taxonomia clássica, feita com base nos caracteres
morfológicos florais e por meio da literatura
especializada, (Lorenzi e Matos 2008), consultas
a especialistas e em matérias depositados no
herbário da Embrapa. Também foi utilizada a
base de dados Flora Digital disponível em:
http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/index.p
hp e flora SBS. A nomenclatura usual e a autoria
das espécies também se basearão nos referidos
autores.
Para registrar as falas dos informantes-
chave foi utilizada anotações em cadernetas e
gravações feitas com aparelho SONY IC
Recorder ICD-PX 240. As fotografias obtidas
através da câmera digital Nikon D3200, também
farão parte das coletas de dados utilizados, tanto
para as entrevistas como para o registro das
plantas bioativas, pois estes recursos visuais
proporcionam o melhor conhecimento do estudo
além de documentar momentos ou situações que
ilustram o cotidiano vivenciado no exato
momento. Também foi utilizada a técnica de
observação participante que permite a
pesquisadora uma melhor inserção no cotidiano
da população.
A aplicação do roteiro, entrevista, coleta
de materiais botânicos e registros fotográficos
foram realizados mediante autorização prévia
dos informantes-chave, através do “Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido”.
Análise de dados
Os dados foram analisados de forma
qualitativa e quantitativa. Para a pesquisa
qualitativa as plantas citadas foram enquadradas
em categorias de uso (medicinal humano e
animal, ornamental, toxicas, condimentar,
indicadora de solo, artesanal e ritualísticas), na
parte utilizada (raiz, casca, caule, folha, flor,
fruto e planta toda), nas formas de utilização
(suco, gargarejo, emplastro, xarope, banho, chá,
fomentação, maceração, comestível e outros)
Algumas indicações e categorias como
“ritualística e outros” foram construídas partir de
categorias êmicas.
Com relação ao aspecto botânico, foi
considerado o hábito das plantas (arbóreo,
arbustivo, subarbustivo, herbáceo e árvore, e para
o habitat (nativa, exótica introduzida e exótica
invasora).
Para a pesquisa quantitativa foi utilizada
a técnica conhecida como Valor de Uso, de
PHILLIPS e GENTRY (1993) que mede
importância dos recursos vegetais.
A formula foi usada para
estimar o valor de uso para cada espécie,
entrevistando-se uma única vez cada informante,
onde Vus= valor de uso da espécie s; Us=número
de usos mencionados por cada informante para a
espécie s; e n= número total de informantes
(n=5).
O valor de uso para cada família botânica
também foi calculado seguindo a metodologia de
PHILLIPS e GENTRY (1993), ou seja, o valor
de uso de cada família botânica corresponde a:
VUF= Σ VU s /nf. Onde VUs = valor de uso das
espécies; nf = número de espécies na família
botânica. Para o cálculo do valor de uso foram
utilizadas as informações obtidas durante a turnê
guiada realizado com as 5 informantes chaves.
Nem todos os vegetais citados pelos
quilombolas tiveram suas exsicatas depositadas
no Herbário da Universidade Federal de Pelotas.
Tal fato explica-se porque nem sempre no
momento da caminhada etnobotânica realizada
com os quilombolas, os vegetais ofereciam
condições de coleta, como por exemplo, flores e
ou frutos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram citados pelos quilombolas 79
espécies e 36 Famílias botânicas, sendo mais
representativas as famílias Asteraceae com 20
espécies, Lamiaceae com 11, Mytaceae e
Rutaceae ambas com 4 espécies. (Tabela 1)
Resultados semelhantes foram
encontrados em outras comunidades quilombolas
onde as famílias Asteraceae e Lamiaceae
também aparecem entre as três famílias mais
representativas. (Crepaldi e Peixoto, 2010;
Lopes, 2010; Monteles e Pinheiro, 2007; Pasa;
Soares e Guari Neto, 2005).
Na FIGURA 1 é possível observar que a
categoria que apresentou maior número de
citação foi Medicinal Humano (MH) com
(79,70%), seguido de Indicador de solo (IS) e
condimentares com (7,59%), medicinal animal
(6,32¨%), toxicas, artesanal, ritualística e
ornamental ambas com (5,06%). Importante
ressaltar que dentro do total de espécies citadas,
muitas vezes a mesma espécie foi citada para
mais de uma categoria.
FIGURA 1: Distribuição em % relacionado as categorias
de uso das plantas na comunidade quilombola do Algodão,
Pelotas RS
Crepaldi (2007) na comunidade
quilombola de Cachoeira do Retiro no Espírito
Santo, e França (2001) na comunidade
quilombola do Campinho da Independência na
APA de Cairuçu, Paraty (RJ) observaram que a
categoria mais citada pelos quilombolas também
foi a medicinal.
As espécies com o maior número de
citações foram Funcho (Foeniculum vulgare Mill
spp), Macela (Achyrocline satureioides Lam.
D.C), carqueja (Baccharis articulata LAM Less,
Carquejinha (Baccharis trimera Less D.C,
Guaco (Mikania glomerata Spreng), Bananinha
do mato (Bromelia antiacantha Bertol), pata de
vaca (Bauhinia forficata Link), falso bolso
(Plectranthus barbatus Benth.), boldinho
(Plectranthus ornatus Codd.), hortelã miúdo
(Mentha spicata L.), malva (Malva syvestris L.),
tancagem (Plantago sp.), Ameixa (Eriobotrya
japônica Thumb.) e Llimão (Citrus Limon L)
A maioria das citações para tratamentos
com essas plantas se deve as características sócio
culturais e econômicas da comunidade
estudada, onde são muito frequentes transtornos
dos sistemas respiratório (gripes e resfriados) e
gastrointestinal demonstrando que essas plantas
possuem grande importância local, sendo comum
o uso de mais de uma espécie para o tratamento
de diferentes enfermidades ou de uma única
espécie com diferentes aplicações terapêuticas.
Neste estudo podemos citar como exemplo a
Mentha spicata, onde as folhas são preparadas na
forma de chá para azia, para melhorar a digestão
e também como vermífugo. E o xarope da mesma
utilizado para bronquite e resfriados. Outro
exemplo é a bananinha do mato que junto com a
avenca e guaco na forma de xarope expectorante
para tosse, sendo a mesma espécie utilizada
como chá diurético individualmente.
Resultados semelhantes foram
encontrados por Franco e Barros (2006) no
quilombo dos olhos d’agua onde mais de 50%
das plantas citadas possuem mais de duas
indicações terapêuticas.
Em relação às partes das plantas as folhas
foram as mais citadas com (68,65%), seguidas de
planta inteira com (18,98%), fruto (15,81%), flor
(8,86%), caule (6,32%), raiz e semente ambas
com (2,53%) e casca (1,26%). O uso
significativo de folhas registrado provavelmente
deve-se ao fato da disponibilidade das mesmas
durante todo o ano.
Neto et al., 2014; Rodrigues & Andrade,
2014; Baptistel et al., 2014) trabalhando com
comunidades tradicionais também relataram as
folhas como parte do vegetal mais usada para fins
medicinais. O uso da planta inteira na
comunidade estudada, muitas vezes não são
extraídas, sendo utilizada para outras categorias
como por exemplo indicador de solo e proteções
religiosas.
No que se refere ao modo de preparo a
maioria dos informantes afirmaram que o Chá é
a forma mais predominante com (65,82%)
seguido de outros (21,52%), comestível
(15,19%), xarope (8,86%), suco (6,33%),
gargarejo (5,06%), fomentação (3,80%) e
maceração (2,53%).
Marinho (2006) realizou um estudo
etnobotânico em duas comunidades do Sertão da
Paraíba e verificou que o chá também era a
principal forma de preparo dos medicamentos
caseiros.
Os chás são frequentemente a forma de
preparo mais comum dentre as populações
tradicionais, variando entre quentes ou frios
como também na sua forma de preparo Decocção
ou infusão. Garlet e Irgang 2001 apontam que nas
diversas formas citadas em seu estudo para a
preparação dos remédios, os chás são
preferencialmente feitos por decocção seguida de
infusão. Entretanto na comunidade estudada não
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MH MA Rit Orn Pancs Tox Cond Ind.
Solo
Art
existe uma preferência pela forma de preparo,
sendo mais frequente o chá quente por infusão.
Para o habitat das plantas verificou se que
(45,57%) são nativas seguida das espontâneas
introduzidas (53,16%). (Figura 2). Para o habito
das plantas citadas observou que a maioria
apresenta porte herbáceo (53,82,5%), seguido
das plantas de porte arbóreo (30,78%). (Figura
3).
FIGURA 2: Distribuição em % relacionado ao habito das
plantas na comunidade quilombola do Algodão Pelotas RS.
FIGURA 3: Distribuição em % relacionado ao habitat das
plantas na comunidade quilombola do Algodão Pelotas RS.
Evidências atuais corroboram a ampla
utilização de espécies herbáceas nos sistemas de
cura populares, pois as ervas tendem a investir
em compostos secundários de alta atividade
biológica, como alcaloides, glicosídeos e
terpenoides (Stepp e Moerman 2001). Guarim
Neto e Amaral (2010) acreditam que a presença
de herbáceas é mais frequente devido ao pequeno
espaço reservado ao cultivo e a maioria destas
plantas serem destinadas ao uso medicinal. A
predominância de ervas na medicina popular
também pode estar relacionada ao fato delas
serem cultivadas geralmente nos quintais, o que
facilita a obtenção desses recursos vegetais (Pilla
et al. 2006).
Neste estudo a maioria das plantas citadas
são obtidas diretamente ou próxima as
propriedades dos entrevistados, algumas são
cultivadas intencionalmente nas hortas e também
nos jardins.
Observou-se que o conhecimento das
mulheres a respeito das plantas medicinais é
amplo, sendo elas as responsáveis pela
preparação dos remédios e cuidados com a saúde
da família. Já o conhecimento que os homens têm
sobre plantas medicinais é menor e está
especialmente restrito às espécies que estão mais
distantes da propriedade. Segundo Amorozo e
Gély (1988), a mulher domina melhor o
conhecimento das plantas que crescem próximo
às residências, e nos quintais, enquanto o homem
conhece mais as plantas do mato.0
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Arbóreo Arbusto Subarbustivo Herbácea
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Nativa Exótica
Introduzida
Exótica Invasora
TABELA1: Plantas Bioativas citadas na Comunidade quilombola do Algodão, Pelotas RS.
Familia Nome Cientifico Nome Popular Parte (s)
utilizada
(s)
Forma (s) de uso (s) Indicações NU VU
Amaryllidaceae Allium sativum L. Alho Bulbo Chá, Xarope Bronquite,tosse,gripe,vermes 3 0,6
Anacardiaceae Schinus terebinthifolius
Radd
Aroeira Folha e
semente
Maceração e fomentação antisséptico em feridas abertas 4 0,8
Apiaceae Eryngium horridum
Malme
Gravatá Planta toda Outros Indicadora de solo 1 0,2
Apiaceae Foeniculum vulgare Mill
spp.
Funcho Caule e
Folha
Chá calmante, gases,resfriado 5 1
Asteraceae Achillea millefolium var.
millefolium
Mil folhas Planta
inteira
Fomentação coluna 3 0,6
Asteraceae Achyrocline satureioides Macela Flor Chá Cólica de criança/antibiótico 5 1
Asteraceae Baccharis articulata
(LAM)Less
Carquejinha Flor Chá estômago/figado 5 1
Asteraceae Baccharis trimera (Less.)
D.C.
Carqueja Flor Chá Dor de estômago 5 1
Asteraceae Bidens Alba DC Picão Folha Chá Infecção urinária 2 0,4
Asteraceae Bidens pilosa L. Picão Preto Folha Chá Diabete 3 0,6
Asteraceae Conyza bonariensis Buva Folha e
Planta toda
Outros Ind Solo 1 0,2
Asteraceae Elephantopus mollis
Kunth
Fumo Bravo Planta toda Outros Combate Pulgas 2 0,4
Asteraceae Galinsoga parviflora Cav Picão Branco Folha Chá Colica, inchaço abdominal 2 0,4
Asteraceae Matricaria
recutita Linnaeus, Carl
von
Camomila Folha e
Flor
Chá Calmante, colicas, gases,estômago 4 0,8
Asteraceae Mikania glomerata Spreng Guaco Folha Xarope, chá Bronquite(bronquiodilatador)expectorante,
gripe.
5 1
Asteraceae Pluchea sp Quitoco Folha Chá Abortivo e ajuda nas contrações para o
parto
2 0,4
Asteraceae Sonchus oleraceus L. Serralha Folha e
planta toda
chá, comestivel Alimentação animal/humana/furunculo 3 0,6
Asteraceae Sphagneticola
trilobata (L.) Pruski
Insulina Folha Chá Diabetes e Bexiga 2 0,4
Asteraceae caite Planta
inteira
outros Indicadora de solo 1 0,2
Asteraceae Flor amarela planta
inteira
Outros Indicadora de solo 3 0,6
Asteraceae Tanacetum parthenium L.
Sch.Bip
Artemisia Folha chá Infecção urinária 4 0,8
Asteraceae Taraxacum officinale
Wiggers
Dente de leão Folha, flor
e planta
inteira
Chá Infecção urinária 3 0,6
Bromeliaceae Ananas sativus Schultes Abacaxi Fruto xarope antiinflamatório e na prevenção do
cancer,Digestão
1 0,2
Bromeliaceae Bromelia antiacantha
Bertol
Banana do mato fruto Xarope Expectorante,diuretico e vermífugo 5 1
Cycadaceae Cica revoluta Palma Planta
inteira
Outros Indicadora Solo 1 0,2
Cyperaceae Cyperus rotundus L. Tiririca Folha Xarope Xarope junto com a folha da batata
doce.Fortificante,vermes e dores
abdominais
2 0,4
Celastraceae Maytenus ilicifolia
Schwacke
Espinheira santa Folha chá estômago/gastrite,ulcera 4 0,8
Convolvulaceae Ipomoea batatas (L.) Lam Batata Doce Folha Gargarejo e chá Garganta 1 0,2
Crassulaceae Sedum morganianum L. Dedinho Folha Maceração Para a visão. Pingar o liquido no olho. 1 0,2
Cucurbitaceae Sechium edule (Jacq.)
Swartz.
Chuchu Folha e
Fruto
Comestivel,chá Pressão Alta,diurético 3 0,6
Dryopteridaceae Rumohra adiantiformis
(G. Forst.) Ging
Samambaia Planta
inteira
Outros Indicadora de solo 1 0,2
Erythoxylaceae Erythroxylum argentinum
O.E.Schulz
Cocão Folha Chá Contra o câncer 2 0,4
Escalloniaceae Escallonia bifida Link b
otto
capo de pito Caule Outros coceira, alergia. 1 0,2
Euphorbiaceae Euphorbia prostrata Aiton Quebra pedra rasteira Planta
inteira
Chá elima pedras dos rins (calculo renal),inf
urinárias,rins,ovarios beixiga
4 0,8
Fabaceae Bauhinia forficata Link pata de vaca Folha Chá Rins,urina,Diabetes, açucar na urina 5 1
Fabaceae Inga marginata Willd* Ingá Fruto Comestivel Vagem 2 0,4
Heliconiaceae Heliconia sp Pantana Planta
inteira
Outros Ornamental 1 0,2
Hypericaceae Hypericum connatum
Lam
Cola de lagarto Caule e
Folha
Gargarejo Feridas na boca 2 0,4
Lamiaceae Lavandula dentata L. Lavanda Folha e flor Chá calmante infantil 3 0,6
Lamiaceae Mentha spicata L. Hortelã miudo Folha Xarope, chá Dor no peito,ronquidão,azia,digestão e
vermes.
5 1
Lamiaceae Ocimum basilicum L. Manjericão Folha chá Calmante e afta 1 0,2
Lamiaceae Origanum majorana L. Manjerona Folha Chá Tempero e Depressão 3 0,6
Lamiaceae Plectranthus barbatus
Benth.
Falso Boldo Folha Chá Digestão,Dor de estômago 5 1
Lamiaceae Plectranthus ornatus Codd Boldinho Folha chá Digestivo,fígado,cura ressaca 5 1
Lamiaceae Mentha pulegium L. Poejo Folha chá Calmante,gripe,expectorante 4 0,8
Lamiaceae Melissa officinalis L. Erva cidreira Folha chá Cólicas abdominais,calmante. 4 0,8
Lamiaceae Lavandula angustifolia
Mill
Alfazema Folha e
Flor
Chá Cólica infantil e calmante 4 0,8
Lamiaceae Rosmarinus officinalis Alecrim Folha Chá, Fomentação,outros Memória, ativar a circulação/
cicatrizante/atrai boas energias
3 0,6
Liliaceae Sansevieria
trifasciata var laurenttii.
Espada de são Jorge Planta
inteira
Outros Atrair boas vibrações/benzer 2 0,4
Malvaceae Luehea divaricata Mart Açoita cavalo Casca e
Folha
Gargarejo e Chá Reumatismo, garganta, tosse,gripe e
bronquite
3 0,6
Malvaceae Malva syvestris L Malva Folha Chá Trato urinário 5 1
Malvaceae Sida rhombifolia L. Guanxuma Folha chá Faz o chá e coloca no leite para não dar
colica no bebê
2 0,4
Melastomataceae Leandra australis (Cham)
Cong.
Pixirica Folha chá Infecção urinária e ovários 2 0,4
Moraceae Ficus sp Figo Fruto Comestivel Bom para anemia 1 0,2
Myrtaceae Campomanesia
xanthocarpa O. BERG
Guabiroba Folha e
Fruto
chá,comestivel Dor de barriga,pressão alta e colesterol.. 2 0,4
Myrtaceae Eugenia uniflora L. Pitangueira Folha e
Fruto
Chá Dor de barriga em crianças 3 0,6
Myrtaceae Psidium cattleiaum Sabine Aracá Folha e
Fruto
Chá,cosmestivel calmante e diurético 2 0,4
Myrtaceae Psidium guayava L. Goiaba Folha e
Fruto
Chá, cosmetivel Garganta,gripe 4 0,8
Oxalidaceae Oxalis corymbosa Trevo Planta
inteira
Fomentação Dores musculares 2 0,4
Piperaceae Pothomorphe umbellata Pá de
paroba/Pariparoba
Folha Xarope e maceração úlcera, antiinflamatória, dores nas
articulações
2 0,4
Plantaginaceae Plantago sp Tançagem/Trançagem Folha chá Garganta 5 1
Poaceae Andropogon bicornis* Cola de Sorro Planta
inteira
Outros Artezanal 1 0,2
Poaceae Aristida longiseta L. Barba de Bode Planta
inteira
Outros Indicadora solo 1 0,2
Poaceae Bambusa vulgaris Bambu Planta
inteira
Outros Artezanal 2 0,4
Primulaceae Myrsine umbellata Mart. Pororóca/copororóca Caule Outros Lenha 2 0,4
Pteridaceae Adiantum raddianum
C.Presl
Avenca Folha chá Bronquite,ronquidão e tosse 4 0,8
Rosaceae Eriobotrya japonica
(Thunb.) Lind
Ameixa Folha e
fruto
chá prisão de ventre para bebês e adultos 5 1
Rosaceae Prunus persica Pêssego Folha e
fruto
chá e comestivel Diurético,tosse, nauseas 4 0,8
Rutaceae Citrus Limetta Lima Fruto Suco, Chá Vitamina C. gripes..mistura-se com
laranjeira
3 0,6
Rutaceae Citrus sp/ Limon Limão Folha e
Fruto
Suco,chá,Gargarejo Limpar o sangue, gripe, garganta 5 1
Rutaceae Citrus sinensis Laranjeira Folha e
Fruto
Suco, Chá Gripe e Resfriado 4 0,8
Rutaceae Ruta graveolens L. Arruda Planta
inteira
outros Contra inveja/Benzer 3 0,6
salicaceae Casearia syvestris Swartz Erva de Bugre Folha Chá Antiinflamtória e cicatrizante 1 0,2
Solanaceae Solanum paniculatum L. Jurubeba Folha chá Furúnculo /Limpar o sangue, problema de
bexiga
2 0,4
Sapindaceae Matayba elaeaguinoides
Radlk
Cambaté Caule Outros Lenha 3 0,6
Thymelaeaceae Daphnopsis racemosa
Griseb
Embira Caule outros Serve de barbante para amarrar o
milho..caule resistente
2 0,4
Verbenaceae Lippia alba variedade
lanceolata (Griseb.)
Múlgura
Cidrão do Campo Folha Chá Calmante/ansiedade,colicas uterinas e
intestinais e estômago
1 0,2
Verbenaceae
Aloysia gratissima
(Gillies & Hook.)
Tronc."
colé Folha Chá Dor de barriga/estômago Dor de barriga e estômago 1 0,2
Verbenaceae Aloysia triphylla (L'Hér.)
Britton
Cidrão/capim cidró Folha chá Gripe,diarreia,dor de estômago, cabeça e
calmante
2 0,4
xanthorrhoeaceae Aloe saponaria Babosinha Folha Gel Cicatrizante, queda de cabelo 2 0,4
Zingiberiaceae Hedychium coronarium
Koehne/cucurma longa
Laruta/açafrão? Raiz Comestivel Colesterol e tempero 1 0,2
CONCLUSÃO
A pesquisa permitiu verificar que os
moradores da comunidade do Algodão carregam
consigo a preciosidade da crença e da cultura,
fazendo uso das plantas bioativas como uma das
formas de tratar suas doenças mais frequentes,
sendo elas dor de estomago, tosse, gripes e
bronquite, utilizando principalmente as folhas
nas preparações dos chás. O cultivo e a coleta em
quintais são as principais formas de obtenção das
plantas.
As receitas elaboradas fazem parte de
conhecimentos apropriados não apenas pelos
antepassados de cada família visitada, mas
também por senhoras, moradoras da
comunidade, consideradas especialistas em
tratamentos a base de plantas. O papel dessas
especialistas foi interpretado nesta pesquisa
como mantenedor e propagador de repertórios
que são validados por moradores de diferentes
idades, incluindo primeiramente idosos e a seguir
os mais jovens.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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nordeste brasileiro. In: Tópicos atuais em
botânica: palestras convidadas do 51°
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_____________________________________
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Estudo etnobotânico em comunidade quilombola no RS

  • 1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 20 - Número 1 - 1º Semestre 2020 ESTUDO ETNOBOTÃNICO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO ALGODÃO, PELOTAS RS. Tamiris Franco Delfim¹, Carlos Rogerio Mauch², Gustavo Crizel Gomes³, Patrícia Braga Lovatto4 RESUMO A utilização de plantas bioativas é uma prática comum entre as populações tradicionais. Visando a manutenção da tradição e do conhecimento acerca das plantas trazidas e conservadas pelas comunidades, o presente trabalho teve como objetivo efetuar um levantamento etnobotânico na Comunidade do Algodão Pelotas RS no período de abril de 2015 a outubro de 2018. Para coleta de dados foi realizado entrevistas pré-estabelecidos, semiestruturados e turnês guiadas. Foram identificadas 79 espécies e 36 famílias botânicas. Destacaram se pelo número de espécies as Asteraceae, Lamiaceae, Myrtaceae e Rutacea. A categoria que apresentou o maior número de citações foi a Medicinal Humano. As folhas foram a parte do vegetal mais utilizada sendo o preparo na forma de chá. Para o habito a maioria das plantas apresentou porte herbáceo e para o habitat a mais predominante são as exóticas introduzidas seguido de nativas. Palavras chaves: etnobotânica; quilombos; plantas medicinais. ETHNOBOTANE STUDY IN COTTON QUILOMBOLA COMMUNITY, PELOTAS RS. ABSTRACT The use of bioactive plants is a common practice among traditional populations. Aiming at maintaining the tradition and knowledge about the plants brought and preserved by the communities, the present work aimed to carry out an ethnobotanical survey in the Pelotas Rs Cotton Community from April 2015 to October 2018. For data collection, pre-established, semi-structured interviews and guided tours were conducted. 79 species and 36 botanical families were identified. Notable for the number of species were Asteraceae, Lamiaceae, Myrtaceae and Rutacea. The category with the highest number of citations was Medicinal Human. The leaves were the most used part of the vegetable being the preparation in the form of tea. For the habit most plants presented herbaceous size and for the most predominant habitat are the introduced exotic followed by native ones. Keywords: ethnobotany; quilombos; medicinalplants. 17
  • 2. INTRODUÇÃO Desde tempos remotos da pré-história o homem procurou aproveitar os princípios ativos existentes nos vegetais, embora de modo totalmente empírico ou intuitivo, baseado muitas vezes em descobertas ao acaso. No Brasil, sob influência das interações culturais entre índios, negros e portugueses, essa relação homem- natureza permitiu a disseminação da sabedoria herdada em relação ao uso e cultivo de diversas espécies vegetais (Almassy et al., 2005; Liporacci & Simão 2013). O estudo das inter-relações entre seres humanos e plantas é definido como etnobotânica (Ford, 1978; Oliveira et al 2009). A Etnobotânica surge como mediadora dos diversos discursos culturais, como uma tentativa de compreensão do modo de vida, códigos e costumes que racionalizam as relações entre o homem e a natureza, fazendo a complementaridade entre o saber tradicional e o saber acadêmico (ALBUQUERQUE, 2000). Segundo Alexiades (1996) a etnobotânica pode ser compreendida como o estudo das sociedades humanas, passadas e presentes, e todos os tipos de inter-relações: ecológicas, genéticas, evolutivas, culturais e simbólicas; reconhecendo a dinâmica natural das relações entre o ser humano e as plantas. Conforme Silva (2013), as comunidades quilombolas por serem constituídas de descendentes africanos, preserva e conserva um valioso conhecimento sobre plantas. Uma das causas da intensa relação entre estas comunidades e o meio em que estão inseridas é o fornecimento de inúmeros recursos que a natureza dispõe a elas e que são fundamentais para a sua sobrevivência e reprodução. O autor chama atenção para o fato de que, um dos fatores que contribui para a continuação dos quilombos, garantindo a sobrevivência dessa população é o grande conhecimento e domínio sobre os recursos naturais das áreas onde estão localizados. De acordo com Amoroso (1996), este conhecimento vem ao longo dos anos se constituindo em um importante fator socioeconômico das comunidades, sendo repassado de geração em geração, porém sofre ameaça constante devido à influência direta da medicina ocidental moderna e pelo desinteresse dos jovens das comunidades, interrompendo assim o processo de transmissão do saber entre as gerações. Assim torna se importante estudo nesta área que possam auxiliar trabalhos sobre uso sustentável da biodiversidade através da valorização e do aproveitamento do conhecimento tradicional pelas comunidades, a partir da definição dos sistemas de manejo, incentivando a geração de conhecimento científico voltados para o uso sustentável dos recursos naturais (Fonseca-Kruel e Peixoto 2004). Segundo dados da Fundação Cultural Palmares (2017), são reconhecidas 126 comunidades remanescentes de quilombo no estado do Rio Grande do Sul, sendo que na região de Pelotas á três comunidades reconhecidas, sendo inexistentes trabalhos etnobotânicos em comunidades quilombolas nesta região. Este trabalho tem como objetivo contribuir para o conhecimento do uso e conservação de plantas bioativas na Comunidades Quilombola do Algodão, localizada no 4º distrito de Pelotas, RS. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo A Comunidade Quilombola do Algodão localizada no 4º distrito, na Colônia São Francisco, município de Pelotas, RS estando a aproximadamente 55 km do centro da cidade de Pelotas localizado nas coordenadas geográficas com latitude 31°22’56.78” Latitude Sul 52°29’07.91” Longitude Oeste. Localizada na região da Serra dos Tapes ocorrente na porção mediana inferior da Encosta do Sudeste correspondendo os municípios de Pelotas, Canguçu, Arroio do Padre e São Lourenço do Sul. O clima da região é subtropical úmido ou temperado, representado por Köppen como Cfa. Os verões são tépidos e com precipitações regulares, com as temperaturas máximas absolutas do ano situando-se entre 34 °C e 36 °C, aproximadamente. Os invernos são relativamente frios com geadas frequentes e
  • 3. ocorrência de nevoeiros, com temperaturas mínimas absolutas do ano entre 2 °C e 0 °C. Os principais cursos de água são o arroio dos Quilombos e Caneleiras, recebendo o nome de arroio Pelotas desaguando no canal São Gonçalo – Laguna dos Patos, formando a principal sub bacia. A comunidade do Quilombo do Algodão é composta por 93 famílias, sendo os núcleos distribuídos desde a Colônia Triunfo, até Colônia Aliança e São Francisco, dentro dos limites do município de Pelotas, e Favila, já no município de Canguçu. A comunidade vive da agricultura de subsistência especialmente hortaliças e criação de animais para o consumo próprio. Possui uma associação onde parte dos moradores produzem feijão, abóbora e milho, estas são vendidas para a Feira Sul Ecológica existente na região, auxiliando na renda. Vale ressaltar que toda a produção desde a comercializada quanto para o consumo próprio é de base ecológica. Também como forma de aumentarem a renda familiar as famílias trabalham temporariamente nas lavouras de tabaco e pêssego da região. As mulheres ainda trabalham com artesanato próprio da agricultura como cestos, quipes de taquara e fuxicos. A comunidade conta com a escola de Ensino Fundamental, possui sede social própria e posto municipal de saúde pública. A comunidade do Algodão iniciou sua formação a 150 anos atrás, sendo este fato justificado também pela presença de um Cemitério do Algodão, com mais de 100 anos de existência. O cemitério do Algodão como é assim chamado, localizado próximo à sede da comunidade, possui somente negros enterrados, como avós, bisavós e irmãos dos membros da comunidade local. Outra característica é que a primeira propriedade escriturada foi realizada após os moradores estarem residindo no local, antes mesmo da colonização pomerana. “A nossa comunidade já existe a mais de 150 anos. E uma das provas é o cemitério quilombola. Ele existe a mais de 100 anos. Isso prova que a gente nasceu aqui. E a gente ta aqui até hoje. Quando eu nasci já existia o cemitério do algodão” Coleta de Dados A coleta de dados ocorreu no período de abril de 2015 a outubro de 2017 com visitas domiciliares de acordo com a agenda dos entrevistados. As visitas iniciais foram realizadas juntamente em parceria com o Centro de Atendimento e Promoção da Agroecologia (CAPA), núcleo Pelotas, RS, para a devida apresentação da proposta de trabalho, juntamente com o convite e interesse na participação da pesquisa (adesão voluntária), sendo delimitados o número máximo de cinco informantes chaves denominação dada aos entrevistados, conforme recomendado por (CUNNINHAM, 2001). Também foi utilizado o método “Bola de neve” proposto por (Albuquerque e Lucena; 2004) onde um informante indica uma ou mais pessoas que ele acredita ser dotado de experiência no assunto abordado. Para a obtenção dos dados foi utilizado roteiro de entrevista com perguntas pré- estabelecidas e semiestruturadas (Anexo I), visitas domiciliares "turnê guiada" nas propriedades, conforme metodologia descrita por Minayo; Deslandes (2002), Cunninham (2001) e Albuquerque; Lucena (2004). O roteiro de entrevista foi precedido de questões fechadas a fim de estabelecer o perfil dos informantes-chave com questões incluindo: nome, idade, escolaridade, estado civil, renda e tempo de residência no local. Para o levantamento etnobotânico trabalhou se, com questões sobre o conhecimento e a multiplicidade de usos das plantas bioativas, suas finalidades, modo de preparo e partes utilizadas. Conforme recomendado por Albuquerque; Lucena (2004) Turnês guiadas foram realizadas no entorno de suas residências, em geral nos quintais, áreas vizinhas ao redor da residência. Os informantes identificaram as plantas no campo por seu nome vernáculo. As plantas citadas nas entrevistas foram fotografadas e coletadas durante a turnê e em visitas posteriores. O material coletado foi herborizado conforme metodologia usual, sendo depositado no Herbário da Universidade Federal de Pelotas. Alguns espécimes não foram depositados devido a ausência de matérias férteis durante o momento da coleta. A identificação e confirmação do material botânico seguiu os padrões da
  • 4. taxonomia clássica, feita com base nos caracteres morfológicos florais e por meio da literatura especializada, (Lorenzi e Matos 2008), consultas a especialistas e em matérias depositados no herbário da Embrapa. Também foi utilizada a base de dados Flora Digital disponível em: http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/index.p hp e flora SBS. A nomenclatura usual e a autoria das espécies também se basearão nos referidos autores. Para registrar as falas dos informantes- chave foi utilizada anotações em cadernetas e gravações feitas com aparelho SONY IC Recorder ICD-PX 240. As fotografias obtidas através da câmera digital Nikon D3200, também farão parte das coletas de dados utilizados, tanto para as entrevistas como para o registro das plantas bioativas, pois estes recursos visuais proporcionam o melhor conhecimento do estudo além de documentar momentos ou situações que ilustram o cotidiano vivenciado no exato momento. Também foi utilizada a técnica de observação participante que permite a pesquisadora uma melhor inserção no cotidiano da população. A aplicação do roteiro, entrevista, coleta de materiais botânicos e registros fotográficos foram realizados mediante autorização prévia dos informantes-chave, através do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”. Análise de dados Os dados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa. Para a pesquisa qualitativa as plantas citadas foram enquadradas em categorias de uso (medicinal humano e animal, ornamental, toxicas, condimentar, indicadora de solo, artesanal e ritualísticas), na parte utilizada (raiz, casca, caule, folha, flor, fruto e planta toda), nas formas de utilização (suco, gargarejo, emplastro, xarope, banho, chá, fomentação, maceração, comestível e outros) Algumas indicações e categorias como “ritualística e outros” foram construídas partir de categorias êmicas. Com relação ao aspecto botânico, foi considerado o hábito das plantas (arbóreo, arbustivo, subarbustivo, herbáceo e árvore, e para o habitat (nativa, exótica introduzida e exótica invasora). Para a pesquisa quantitativa foi utilizada a técnica conhecida como Valor de Uso, de PHILLIPS e GENTRY (1993) que mede importância dos recursos vegetais. A formula foi usada para estimar o valor de uso para cada espécie, entrevistando-se uma única vez cada informante, onde Vus= valor de uso da espécie s; Us=número de usos mencionados por cada informante para a espécie s; e n= número total de informantes (n=5). O valor de uso para cada família botânica também foi calculado seguindo a metodologia de PHILLIPS e GENTRY (1993), ou seja, o valor de uso de cada família botânica corresponde a: VUF= Σ VU s /nf. Onde VUs = valor de uso das espécies; nf = número de espécies na família botânica. Para o cálculo do valor de uso foram utilizadas as informações obtidas durante a turnê guiada realizado com as 5 informantes chaves. Nem todos os vegetais citados pelos quilombolas tiveram suas exsicatas depositadas no Herbário da Universidade Federal de Pelotas. Tal fato explica-se porque nem sempre no momento da caminhada etnobotânica realizada com os quilombolas, os vegetais ofereciam condições de coleta, como por exemplo, flores e ou frutos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram citados pelos quilombolas 79 espécies e 36 Famílias botânicas, sendo mais representativas as famílias Asteraceae com 20 espécies, Lamiaceae com 11, Mytaceae e Rutaceae ambas com 4 espécies. (Tabela 1) Resultados semelhantes foram encontrados em outras comunidades quilombolas onde as famílias Asteraceae e Lamiaceae também aparecem entre as três famílias mais representativas. (Crepaldi e Peixoto, 2010; Lopes, 2010; Monteles e Pinheiro, 2007; Pasa; Soares e Guari Neto, 2005). Na FIGURA 1 é possível observar que a categoria que apresentou maior número de citação foi Medicinal Humano (MH) com (79,70%), seguido de Indicador de solo (IS) e condimentares com (7,59%), medicinal animal (6,32¨%), toxicas, artesanal, ritualística e
  • 5. ornamental ambas com (5,06%). Importante ressaltar que dentro do total de espécies citadas, muitas vezes a mesma espécie foi citada para mais de uma categoria. FIGURA 1: Distribuição em % relacionado as categorias de uso das plantas na comunidade quilombola do Algodão, Pelotas RS Crepaldi (2007) na comunidade quilombola de Cachoeira do Retiro no Espírito Santo, e França (2001) na comunidade quilombola do Campinho da Independência na APA de Cairuçu, Paraty (RJ) observaram que a categoria mais citada pelos quilombolas também foi a medicinal. As espécies com o maior número de citações foram Funcho (Foeniculum vulgare Mill spp), Macela (Achyrocline satureioides Lam. D.C), carqueja (Baccharis articulata LAM Less, Carquejinha (Baccharis trimera Less D.C, Guaco (Mikania glomerata Spreng), Bananinha do mato (Bromelia antiacantha Bertol), pata de vaca (Bauhinia forficata Link), falso bolso (Plectranthus barbatus Benth.), boldinho (Plectranthus ornatus Codd.), hortelã miúdo (Mentha spicata L.), malva (Malva syvestris L.), tancagem (Plantago sp.), Ameixa (Eriobotrya japônica Thumb.) e Llimão (Citrus Limon L) A maioria das citações para tratamentos com essas plantas se deve as características sócio culturais e econômicas da comunidade estudada, onde são muito frequentes transtornos dos sistemas respiratório (gripes e resfriados) e gastrointestinal demonstrando que essas plantas possuem grande importância local, sendo comum o uso de mais de uma espécie para o tratamento de diferentes enfermidades ou de uma única espécie com diferentes aplicações terapêuticas. Neste estudo podemos citar como exemplo a Mentha spicata, onde as folhas são preparadas na forma de chá para azia, para melhorar a digestão e também como vermífugo. E o xarope da mesma utilizado para bronquite e resfriados. Outro exemplo é a bananinha do mato que junto com a avenca e guaco na forma de xarope expectorante para tosse, sendo a mesma espécie utilizada como chá diurético individualmente. Resultados semelhantes foram encontrados por Franco e Barros (2006) no quilombo dos olhos d’agua onde mais de 50% das plantas citadas possuem mais de duas indicações terapêuticas. Em relação às partes das plantas as folhas foram as mais citadas com (68,65%), seguidas de planta inteira com (18,98%), fruto (15,81%), flor (8,86%), caule (6,32%), raiz e semente ambas com (2,53%) e casca (1,26%). O uso significativo de folhas registrado provavelmente deve-se ao fato da disponibilidade das mesmas durante todo o ano. Neto et al., 2014; Rodrigues & Andrade, 2014; Baptistel et al., 2014) trabalhando com comunidades tradicionais também relataram as folhas como parte do vegetal mais usada para fins medicinais. O uso da planta inteira na comunidade estudada, muitas vezes não são extraídas, sendo utilizada para outras categorias como por exemplo indicador de solo e proteções religiosas. No que se refere ao modo de preparo a maioria dos informantes afirmaram que o Chá é a forma mais predominante com (65,82%) seguido de outros (21,52%), comestível (15,19%), xarope (8,86%), suco (6,33%), gargarejo (5,06%), fomentação (3,80%) e maceração (2,53%). Marinho (2006) realizou um estudo etnobotânico em duas comunidades do Sertão da Paraíba e verificou que o chá também era a principal forma de preparo dos medicamentos caseiros. Os chás são frequentemente a forma de preparo mais comum dentre as populações tradicionais, variando entre quentes ou frios como também na sua forma de preparo Decocção ou infusão. Garlet e Irgang 2001 apontam que nas diversas formas citadas em seu estudo para a preparação dos remédios, os chás são preferencialmente feitos por decocção seguida de infusão. Entretanto na comunidade estudada não 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 MH MA Rit Orn Pancs Tox Cond Ind. Solo Art
  • 6. existe uma preferência pela forma de preparo, sendo mais frequente o chá quente por infusão. Para o habitat das plantas verificou se que (45,57%) são nativas seguida das espontâneas introduzidas (53,16%). (Figura 2). Para o habito das plantas citadas observou que a maioria apresenta porte herbáceo (53,82,5%), seguido das plantas de porte arbóreo (30,78%). (Figura 3). FIGURA 2: Distribuição em % relacionado ao habito das plantas na comunidade quilombola do Algodão Pelotas RS. FIGURA 3: Distribuição em % relacionado ao habitat das plantas na comunidade quilombola do Algodão Pelotas RS. Evidências atuais corroboram a ampla utilização de espécies herbáceas nos sistemas de cura populares, pois as ervas tendem a investir em compostos secundários de alta atividade biológica, como alcaloides, glicosídeos e terpenoides (Stepp e Moerman 2001). Guarim Neto e Amaral (2010) acreditam que a presença de herbáceas é mais frequente devido ao pequeno espaço reservado ao cultivo e a maioria destas plantas serem destinadas ao uso medicinal. A predominância de ervas na medicina popular também pode estar relacionada ao fato delas serem cultivadas geralmente nos quintais, o que facilita a obtenção desses recursos vegetais (Pilla et al. 2006). Neste estudo a maioria das plantas citadas são obtidas diretamente ou próxima as propriedades dos entrevistados, algumas são cultivadas intencionalmente nas hortas e também nos jardins. Observou-se que o conhecimento das mulheres a respeito das plantas medicinais é amplo, sendo elas as responsáveis pela preparação dos remédios e cuidados com a saúde da família. Já o conhecimento que os homens têm sobre plantas medicinais é menor e está especialmente restrito às espécies que estão mais distantes da propriedade. Segundo Amorozo e Gély (1988), a mulher domina melhor o conhecimento das plantas que crescem próximo às residências, e nos quintais, enquanto o homem conhece mais as plantas do mato.0 10 20 30 40 50 60 70 Arbóreo Arbusto Subarbustivo Herbácea 0 10 20 30 40 50 60 Nativa Exótica Introduzida Exótica Invasora
  • 7. TABELA1: Plantas Bioativas citadas na Comunidade quilombola do Algodão, Pelotas RS. Familia Nome Cientifico Nome Popular Parte (s) utilizada (s) Forma (s) de uso (s) Indicações NU VU Amaryllidaceae Allium sativum L. Alho Bulbo Chá, Xarope Bronquite,tosse,gripe,vermes 3 0,6 Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Radd Aroeira Folha e semente Maceração e fomentação antisséptico em feridas abertas 4 0,8 Apiaceae Eryngium horridum Malme Gravatá Planta toda Outros Indicadora de solo 1 0,2 Apiaceae Foeniculum vulgare Mill spp. Funcho Caule e Folha Chá calmante, gases,resfriado 5 1 Asteraceae Achillea millefolium var. millefolium Mil folhas Planta inteira Fomentação coluna 3 0,6 Asteraceae Achyrocline satureioides Macela Flor Chá Cólica de criança/antibiótico 5 1 Asteraceae Baccharis articulata (LAM)Less Carquejinha Flor Chá estômago/figado 5 1 Asteraceae Baccharis trimera (Less.) D.C. Carqueja Flor Chá Dor de estômago 5 1 Asteraceae Bidens Alba DC Picão Folha Chá Infecção urinária 2 0,4 Asteraceae Bidens pilosa L. Picão Preto Folha Chá Diabete 3 0,6 Asteraceae Conyza bonariensis Buva Folha e Planta toda Outros Ind Solo 1 0,2 Asteraceae Elephantopus mollis Kunth Fumo Bravo Planta toda Outros Combate Pulgas 2 0,4 Asteraceae Galinsoga parviflora Cav Picão Branco Folha Chá Colica, inchaço abdominal 2 0,4 Asteraceae Matricaria recutita Linnaeus, Carl von Camomila Folha e Flor Chá Calmante, colicas, gases,estômago 4 0,8 Asteraceae Mikania glomerata Spreng Guaco Folha Xarope, chá Bronquite(bronquiodilatador)expectorante, gripe. 5 1 Asteraceae Pluchea sp Quitoco Folha Chá Abortivo e ajuda nas contrações para o parto 2 0,4 Asteraceae Sonchus oleraceus L. Serralha Folha e planta toda chá, comestivel Alimentação animal/humana/furunculo 3 0,6 Asteraceae Sphagneticola trilobata (L.) Pruski Insulina Folha Chá Diabetes e Bexiga 2 0,4 Asteraceae caite Planta inteira outros Indicadora de solo 1 0,2 Asteraceae Flor amarela planta inteira Outros Indicadora de solo 3 0,6
  • 8. Asteraceae Tanacetum parthenium L. Sch.Bip Artemisia Folha chá Infecção urinária 4 0,8 Asteraceae Taraxacum officinale Wiggers Dente de leão Folha, flor e planta inteira Chá Infecção urinária 3 0,6 Bromeliaceae Ananas sativus Schultes Abacaxi Fruto xarope antiinflamatório e na prevenção do cancer,Digestão 1 0,2 Bromeliaceae Bromelia antiacantha Bertol Banana do mato fruto Xarope Expectorante,diuretico e vermífugo 5 1 Cycadaceae Cica revoluta Palma Planta inteira Outros Indicadora Solo 1 0,2 Cyperaceae Cyperus rotundus L. Tiririca Folha Xarope Xarope junto com a folha da batata doce.Fortificante,vermes e dores abdominais 2 0,4 Celastraceae Maytenus ilicifolia Schwacke Espinheira santa Folha chá estômago/gastrite,ulcera 4 0,8 Convolvulaceae Ipomoea batatas (L.) Lam Batata Doce Folha Gargarejo e chá Garganta 1 0,2 Crassulaceae Sedum morganianum L. Dedinho Folha Maceração Para a visão. Pingar o liquido no olho. 1 0,2 Cucurbitaceae Sechium edule (Jacq.) Swartz. Chuchu Folha e Fruto Comestivel,chá Pressão Alta,diurético 3 0,6 Dryopteridaceae Rumohra adiantiformis (G. Forst.) Ging Samambaia Planta inteira Outros Indicadora de solo 1 0,2 Erythoxylaceae Erythroxylum argentinum O.E.Schulz Cocão Folha Chá Contra o câncer 2 0,4 Escalloniaceae Escallonia bifida Link b otto capo de pito Caule Outros coceira, alergia. 1 0,2 Euphorbiaceae Euphorbia prostrata Aiton Quebra pedra rasteira Planta inteira Chá elima pedras dos rins (calculo renal),inf urinárias,rins,ovarios beixiga 4 0,8 Fabaceae Bauhinia forficata Link pata de vaca Folha Chá Rins,urina,Diabetes, açucar na urina 5 1 Fabaceae Inga marginata Willd* Ingá Fruto Comestivel Vagem 2 0,4 Heliconiaceae Heliconia sp Pantana Planta inteira Outros Ornamental 1 0,2 Hypericaceae Hypericum connatum Lam Cola de lagarto Caule e Folha Gargarejo Feridas na boca 2 0,4 Lamiaceae Lavandula dentata L. Lavanda Folha e flor Chá calmante infantil 3 0,6 Lamiaceae Mentha spicata L. Hortelã miudo Folha Xarope, chá Dor no peito,ronquidão,azia,digestão e vermes. 5 1 Lamiaceae Ocimum basilicum L. Manjericão Folha chá Calmante e afta 1 0,2 Lamiaceae Origanum majorana L. Manjerona Folha Chá Tempero e Depressão 3 0,6
  • 9. Lamiaceae Plectranthus barbatus Benth. Falso Boldo Folha Chá Digestão,Dor de estômago 5 1 Lamiaceae Plectranthus ornatus Codd Boldinho Folha chá Digestivo,fígado,cura ressaca 5 1 Lamiaceae Mentha pulegium L. Poejo Folha chá Calmante,gripe,expectorante 4 0,8 Lamiaceae Melissa officinalis L. Erva cidreira Folha chá Cólicas abdominais,calmante. 4 0,8 Lamiaceae Lavandula angustifolia Mill Alfazema Folha e Flor Chá Cólica infantil e calmante 4 0,8 Lamiaceae Rosmarinus officinalis Alecrim Folha Chá, Fomentação,outros Memória, ativar a circulação/ cicatrizante/atrai boas energias 3 0,6 Liliaceae Sansevieria trifasciata var laurenttii. Espada de são Jorge Planta inteira Outros Atrair boas vibrações/benzer 2 0,4 Malvaceae Luehea divaricata Mart Açoita cavalo Casca e Folha Gargarejo e Chá Reumatismo, garganta, tosse,gripe e bronquite 3 0,6 Malvaceae Malva syvestris L Malva Folha Chá Trato urinário 5 1 Malvaceae Sida rhombifolia L. Guanxuma Folha chá Faz o chá e coloca no leite para não dar colica no bebê 2 0,4 Melastomataceae Leandra australis (Cham) Cong. Pixirica Folha chá Infecção urinária e ovários 2 0,4 Moraceae Ficus sp Figo Fruto Comestivel Bom para anemia 1 0,2 Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa O. BERG Guabiroba Folha e Fruto chá,comestivel Dor de barriga,pressão alta e colesterol.. 2 0,4 Myrtaceae Eugenia uniflora L. Pitangueira Folha e Fruto Chá Dor de barriga em crianças 3 0,6 Myrtaceae Psidium cattleiaum Sabine Aracá Folha e Fruto Chá,cosmestivel calmante e diurético 2 0,4 Myrtaceae Psidium guayava L. Goiaba Folha e Fruto Chá, cosmetivel Garganta,gripe 4 0,8 Oxalidaceae Oxalis corymbosa Trevo Planta inteira Fomentação Dores musculares 2 0,4 Piperaceae Pothomorphe umbellata Pá de paroba/Pariparoba Folha Xarope e maceração úlcera, antiinflamatória, dores nas articulações 2 0,4 Plantaginaceae Plantago sp Tançagem/Trançagem Folha chá Garganta 5 1 Poaceae Andropogon bicornis* Cola de Sorro Planta inteira Outros Artezanal 1 0,2 Poaceae Aristida longiseta L. Barba de Bode Planta inteira Outros Indicadora solo 1 0,2 Poaceae Bambusa vulgaris Bambu Planta inteira Outros Artezanal 2 0,4 Primulaceae Myrsine umbellata Mart. Pororóca/copororóca Caule Outros Lenha 2 0,4
  • 10. Pteridaceae Adiantum raddianum C.Presl Avenca Folha chá Bronquite,ronquidão e tosse 4 0,8 Rosaceae Eriobotrya japonica (Thunb.) Lind Ameixa Folha e fruto chá prisão de ventre para bebês e adultos 5 1 Rosaceae Prunus persica Pêssego Folha e fruto chá e comestivel Diurético,tosse, nauseas 4 0,8 Rutaceae Citrus Limetta Lima Fruto Suco, Chá Vitamina C. gripes..mistura-se com laranjeira 3 0,6 Rutaceae Citrus sp/ Limon Limão Folha e Fruto Suco,chá,Gargarejo Limpar o sangue, gripe, garganta 5 1 Rutaceae Citrus sinensis Laranjeira Folha e Fruto Suco, Chá Gripe e Resfriado 4 0,8 Rutaceae Ruta graveolens L. Arruda Planta inteira outros Contra inveja/Benzer 3 0,6 salicaceae Casearia syvestris Swartz Erva de Bugre Folha Chá Antiinflamtória e cicatrizante 1 0,2 Solanaceae Solanum paniculatum L. Jurubeba Folha chá Furúnculo /Limpar o sangue, problema de bexiga 2 0,4 Sapindaceae Matayba elaeaguinoides Radlk Cambaté Caule Outros Lenha 3 0,6 Thymelaeaceae Daphnopsis racemosa Griseb Embira Caule outros Serve de barbante para amarrar o milho..caule resistente 2 0,4 Verbenaceae Lippia alba variedade lanceolata (Griseb.) Múlgura Cidrão do Campo Folha Chá Calmante/ansiedade,colicas uterinas e intestinais e estômago 1 0,2 Verbenaceae Aloysia gratissima (Gillies & Hook.) Tronc." colé Folha Chá Dor de barriga/estômago Dor de barriga e estômago 1 0,2 Verbenaceae Aloysia triphylla (L'Hér.) Britton Cidrão/capim cidró Folha chá Gripe,diarreia,dor de estômago, cabeça e calmante 2 0,4 xanthorrhoeaceae Aloe saponaria Babosinha Folha Gel Cicatrizante, queda de cabelo 2 0,4 Zingiberiaceae Hedychium coronarium Koehne/cucurma longa Laruta/açafrão? Raiz Comestivel Colesterol e tempero 1 0,2
  • 11. CONCLUSÃO A pesquisa permitiu verificar que os moradores da comunidade do Algodão carregam consigo a preciosidade da crença e da cultura, fazendo uso das plantas bioativas como uma das formas de tratar suas doenças mais frequentes, sendo elas dor de estomago, tosse, gripes e bronquite, utilizando principalmente as folhas nas preparações dos chás. O cultivo e a coleta em quintais são as principais formas de obtenção das plantas. As receitas elaboradas fazem parte de conhecimentos apropriados não apenas pelos antepassados de cada família visitada, mas também por senhoras, moradoras da comunidade, consideradas especialistas em tratamentos a base de plantas. O papel dessas especialistas foi interpretado nesta pesquisa como mantenedor e propagador de repertórios que são validados por moradores de diferentes idades, incluindo primeiramente idosos e a seguir os mais jovens. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ALBUQUERQUE, U. P. A etnobotânica no nordeste brasileiro. In: Tópicos atuais em botânica: palestras convidadas do 51° Congresso nacional de Botânica. Cavalcanti, T. B. (et al) – Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia / Sociedade Botânica do Brasil. 241-249, 2000. ALBUQUERQUE, U. P.; LUCENA, R. F. O. (Orgs.). Métodos e técnicas de pesquisa etnobotânico. 1. Ed. Recife: Livro Rápido/NUPEEA, 2004. ALMASSY, J.A.A.; LOPES, R.C; ARMOND, C.; SILVA, F.; CASALI, V.W.D. Folhas de Chá: Plantas Medicinais na Terapêutica Humana. Viçosa: Ed. UFV, 2005. 233p. AMOROZO, M. C. M. A abordagem etnobotânica na pesquisa de plantas medicinais. In: DI STASI, L. C. (Org.). Plantas medicinais: arte e ciência – um guia de estudo interdisciplinar. Botucatu: UNESP, 1996.p. 47- 68. AMOROZO, M.C.M.; GÉLY, A.L. 1988. Uso de plantas medicinais por caboclos do Baixo Amazonas. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, 4: 47-131. CUNNINGHAM, A. B. Applied Ethnobotany: People, Wild Plant use & Conservation. Conservation Manual. People and Plants. Earthscan, 2001. FONSECA-KRUEL, S.V.; PEIXOTO, A.L. 2004. Etnobotânica na Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 18: 177-190. FORD, R. Ethnobotany: historical diversity and syntesis. In: R. Ford. The nature and status for ethnobotany.Ann Arbor, Museu of Anthropology, Michigan University, 1980. LIPORACCI, H.S.N.; SIMÃO, D.G.; CORREIA; I.T. Conhecimento popular das plantas no universo rural. In: KATRIB, C.M.I.; MACHADO, M.C.T.; ABDALA, M.C. (Org.). São Marcos do Sertão Goiano, Cidades, Memória e Cultura. Uberlândia: EDUFU, 2010. p.261-270. LORENZI. H, Matos F.J.A. Plantas Medicinais do Brasil: nativas e exóticas cultivadas. 2ª ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa, Brasil.2008. LORENZI. H, Matos F.J.A. Plantas Medicinais do Brasil: nativas e exóticas cultivadas. 2ª ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa, Brasil.2008. MINAYO, M. C. de; DESLANDES, S. F. (Coord.). Caminhos do pensamento: epistemologia e método. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2002. OLIVEIRA, F.C.S.; BARROS, R.F.M.; MOITANETO, J.M. Plantas medicinais utilizadas em comunidades rurais de Oeiras, semiárido piauiense. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.12, n.3, p.282-301, 2010. OLIVEIRA, F.C.S.; BARROS, R.F.M.; MOITANETO, J.M. Plantas medicinais utilizadas em comunidades rurais de Oeiras, semiárido piauiense. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.12, n.3, p.282-301, 2010.
  • 12. PILLA, M.A.C.; AMOROZO, M.C.; FURLAN, A. 2006. Obtenção e uso das plantas medicinais no distrito de Martim Francisco, município de Mogi-Mirim, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 20: 789-802. SILVA, J.S. Conhecimento Tradicional Etnobotânico como Símbolo de Resistência Quilombola. Reencuentro de Saberes Territoriales Latino americanos. 14 EGAL, Peru 2013. STEPP, J.R.; MOERMAN, D.E. 2001. The importance of weeds in ethnopharmacology. Journal of Ethnopharmacology, 75: 19-23. _____________________________________ 1 tamirisdelfim@gmail.com, UFPEL-FAEM, caixa postal 354,96010900, Pelotas, RS 2 crmauch@gmail.com, UFPEL-FAEM, caixa postal 354,96010900, Pelotas, RS 3 crizelgomes@yahoo.com.br, UFPEL-FAEM, caixa postal 354,96010900, Pelotas, RS 4 biolovatto@yahoo.com.br, UFPEL-FAEM, caixa postal 354,96010900, Pelotas, RS 28