SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 24
Baixar para ler offline
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto
Departamento de Física e Química
Laboratório de Cristalografia de Proteínas
Estudos inibitórios da enzima diidroorotato desidrogenase de Trypanossoma
cruzi e Homo sapiens.
Vigência: 01/08/2010 a 31/08/2010
Relatório final
Graduanda: Renata Filtrin Pessanha
Orientadora: Maria Cristina Nonato
RIBEIRÃO PRETO
2011
1
SUMÁRIO
1. RESUMO 2
2. INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA 3
3. OBJETIVOS 8
4. MATERIAIS DE MÉTODOS 9
4.1 Expressão da enzima HsDHODH 9
4.2 Purificação da enzima HsDHODH 9
4.3 Ensaio de inibição enzimática da enzima HsDHODH
com potenciais inibidores
10
4.3.1 Ensaio de inibição utilizando incubação 12
4.3.2 Ensaio de inibição sem incubação 12
4.4 Cristalização da proteína HsDHODH 12
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 17
5.1 Purificação da enzima HsDHODH 17
5.2 Ensaio de inibição enzimática da enzima HsDHODH com
potenciais inibidores
17
5.3 Cristalização da proteína HsDHODH 19
6. CONCLUSÃO 21
7. DIFICULDADES ENCONTRADAS 21
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22
2
1. RESUMO
A doença de Chagas é considerada um problema de saúde pública na América
Latina. Esta infecção, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, pode ser
transmitida durante a picada do inseto vetor barbeiro, por transfusão sanguínea e por
via congênita. Segundo o site da organização mundial de saúde atualizado em junho
de 2010, estima-se que 10 milhões de pessoas no mundo inteiro estão infectadas com
o parasita, sendo a maioria latino americanos.
Recentemente, a enzima diidroorotato desidrogenase de Trypanosoma cruzi
(TcDHODH) foi validada como alvo terapêutico para o desenvolvimento de fármacos
com atividade antichagásica. A diidroorotato desidrogenase (DHODH) pertence à via
de síntese de novo de nucleotídeos de pirimidinas e catalisa a oxidação da molécula
L-diidroorotato em orotato através de um mecanismo dependente de FMN e
receptores de elétrons.
O presente projeto visou encontrar moléculas com potenciais inibitórios da
enzima TcDHODH e realizar a validação cruzada com a enzima DHODH humana
(HsDHODH). Ao mesmo tempo, a localização de moléculas inibidoras de HsDHODH
poderia identificar diferentes classes de inibidores para a enzima humana, alvo
validado para o desenvolvimento de fármacos doenças proliferativas, como a artrite
reumatoide, e doenças como o câncer, como utilizado atualmente.
Para tanto, foram realizados experimentos de expressão, purificação, atividade
e inibição para ambas as enzimas. Antecipando um ensaio de co-cristalização da
enzima HsDHODH em complexo com potenciais ligantes, foram realizados tentativas
de cristalização da enzima visando identificar condições para cristalizar a enzima na
presença de inibidores.
3
2. INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA
Em 1869, a descoberta da molécula de DNA pelo médico alemão Johann
Friedrich Miescher estabeleceu um marco sobre a percepção humana em relação à
biologia. Em sua primeira publicação, em 1871, descrevia que dentro dos núcleos
celulares existia uma molécula que não pertencia nenhum tipo de proteína conhecida
até aquele momento, a qual denominou de nucleína (DAHM, 2004). Estudos
subseqüentes foram realizados para determinar a estrutura dessa nova molécula, o
que auxiliou sobremaneira a compreensão da função da nucleína, hoje denominada de
DNA e de sua hereditariedade.
Atualmente, o desenvolvimento de projetos em genômica, transcriptômica e
proteômica vêm aprimorando o conhecimento sobre o papel das macromoléculas
biológicas, o modelo do perfil de expressão protéica e a correlação entre estrutura e
função possibilitando, assim, novas maneiras de entender os processos envolvidos no
metabolismo celular.
Nesse contexto, a proteína diidroorotato desidrogenase (DHODH) codificada
pelo gene pyr4 foi identificada e teve sua função avaliada para diferentes tipos de
organismos. A enzima DHODH participa da via metabólica de biossíntese de novo de
nucleotídeos pirimidínicos (NELSON; COX, 2000), cuja cascata de reações inicia-se
com a enzima carbamil fosfato sintetase e termina com a ação da enzima orotidilato
descarboxilase (figura 1).
4
Figura 1. Via de síntese de novo de nucleotídeos pirimidínicos. Figura adaptada de Nelson e Cox (2008).
Como ilustrado na figura, a enzima DHODH atua no quarto passo dessa
sequência de reações, sendo a única reação de oxidação-redução. A enzima converte
a molécula L-diidroorotato (DHO) em orotato. Durante esse processo, a DHODH utiliza
como cofator a flavina mononucleotídeo (FMN, C17H21N4O9P1), não mostrada na figura
anterior, a qual enquanto é reduzida (transformando-se em FMNH2) oxida a molécula
diidroorotato. Para que ocorra a regeneração do FMN, há um auxílio de um segundo
substrato, sendo este variável de acordo com a origem biológica do organismo
(TAKASHIMA et al, 2002).
Devido a essa diferença celular, a enzima DHODH é classificada em duas
famílias. Na primeira, a enzima é encontrada no citosol de bactérias Gram-positivas,
em fungos anaeróbicos e em eucariotos unicelulares, como o caso de Trypanossoma
cruzi. Como segundo substrato, pode ser utilizado NAD+
como aceptor de elétrons, em
caso de proteínas tetraméricas com diferentes subunidades, ou moléculas solúveis em
água como o fumarato, no caso do T. cruzi (figura 2), proteína dimérica com as duas
subunidades iguais (CHELESKI et al, 2009).
5
Figura 2. Reação de oxidação-redução catalisada pela enzima DHODH de Trypanossoma cruzi. Sendo o
fumarato (segundo substrato) o agente oxidante do FMNH2.
Já na segunda família, encontrada em bactérias Gram-negativas e eucariotos
superiores, a enzima está associada à membrana plasmática da célula ou da
mitocôndria, sendo utilizada como agente oxidante do FMNH2 uma molécula de
ubiquinona (figura 3). Para a localização nas células humanas, a proteína da segunda
família possui um domínio protéico hidrofóbico em hélice na região N-terminal para
sua inserção na membrana interna da mitocôndria (LIU et al, 1999).
Outros estudos mostraram que uma porção da proteína está exposta ao
espaço intermembranoso da mitocôndria (CHEN; JONES, 1976), como há também a
sugestão que a DHODH possui atividade na matriz mitocondrial (LÖFFLER et al
1997), como mostrado na figura 4.
6
Figura 3. Reação de oxidação-redução catalisada pela enzima DHODH de Homo sapiens. Sendo a
molécula de ubiquinona (segundo substrato) o agente oxidante do FMNH2.
Figura 4. Representação da localização da enzima diidroorotato desidrogenase em mitocôndrias animais
(RAWLS et al, 2000).
7
A diferença entre a diidroorotato desidrogenase humana (HsDHODH) e a
enzima de origem protozoária reflete na baixa identidade seqüencial de
aproximadamente 28% compartilhada entre as enzimas (PINHEIRO et al, 2008).
Os nucleotídeos, além das unidades básicas das moléculas de RNA e DNA, são
essenciais em várias funções metabólicas como intermediários de reações, resposta
celular aos hormônios, co-fatores enzimáticos e proliferação celular (NELSON; COX,
2000). Desse modo, a inibição da enzima DHODH leva a limitação na produção de
nucleotídeos pirimidínicos, comprometendo assim a proliferação celular.
Baseados nesse princípio, estudos recentes identificaram a enzima como alvo
terapêutico no desenvolvimento de fármacos com atividade antiproliferativa, como
Brequinar (antineoplásico), para o tratamento de psoríase (WALSE et al, 2008), contra
artrite reumatóide, como Leflunomida (ARAVA®) e antiparasitária, como Melarone®
(anti-malária) (PINHEIRO et al, 2008).
Estendendo-se os recentes estudos, está a utilização da enzima DHODH de
Trypanossoma cruzi (TcDHODH) com alvo terapêutico para o planejamento de
fármacos para o tratamento da doença de Chagas (TAKASHIMA et al, 2002). Esta
doença causada por um protozoário flagelado, chamado Trypanossoma cruzi
circulante na corrente sanguínea, foi descoberta pelo brasileiro Carlos Chagas. A
forma de transmissão mais comum da doença é através de triatomíneos hematófagos,
popularmente conhecidos como barbeiro ou bicudo. A infecção também pode ser
transmitida pela placenta, pela via oral e pela via transfusional. A doença possui duas
fases. Na fase inicial, a fase aguda, há quantidade expressiva do parasito na corrente
sanguínea, no entanto, os sinais e sintomas podem desaparecer espontaneamente,
dificultando o diagnóstico da doença, podendo evoluir a doença para fase crônica ou
para fase aguda mais grave. Já durante a fase crônica, há poucos parasitos
circulantes e pode aparecer sob forma indeterminada, cujo paciente é assintomático e
não há comprometimento do trato digestório e do trato circulatório, ou na forma
cardíaca, em que há comprometimento do coração, ou na forma digestiva, em que há
comprometimento do trato digestivo e a forma associada, na qual há acometimento
tanto do trato digestório quanto do trato circulatório são exemplos
(http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gve_7ed_web_atual_doenca_de_chagas
.pdf).
Considerada uma doença negligenciada pela indústria farmacêutica, a
descoberta da relevância da enzima DHODDH para a viabilidade do parasita
Trypanossoma cruzi abriu, sem dúvida, uma perspectiva inovadora para a busca de
macromoléculas com atividade antichagásica.
8
No presente projeto visamos identificar novas classes de moléculas com ação
inibitória contra a enzima DHODH de T. cruzi e humana. As moléculas com ação
seletivas para a enzima do parasito serão utilizadas como protótipo para o
desenvolvimento de potenciais fármacos contra a doença de Chagas e as moléculas
com ação contra a enzima humana serão investigadas com relação ao seu mecanismo
de inibição e seu potencial uso como agentes antiproliferativos.
3. OBJETIVOS
Dada a relevância da enzima DHODH para o metabolismo celular, esta enzima,
que participa da via metabólica de novo de nucleotídeos pirimidínicos, já é alvo
validado para o planejamento de fármacos tanto para o tratamento de doenças
proliferativas, cujo alvo é a enzima humana, como também para doenças parasitárias,
caso da doença de Chagas.
Ao longo dos últimos anos o laboratório tem trabalhado no desenvolvimento de
inibidores da enzima DHODH de Trypanossoma cruzi, através de ensaio in vitro na
presença de compostos naturais e seus análogos, e in silico através da aplicação de
técnicas de docagem.
A meta, neste projeto, foi realizar estudos inibitórios para a enzima diidroorotato
desidrogenase de T. cruzi na presença de ligantes identificados por técnicas de
docagem e explorar os resultados obtidos para a enzima de T. cruzi, contra a enzima
humana.
Pretendemos assim, através dos ensaios de inibição aliado a estudos
estruturais da enzima humana, validar moléculas com ação seletiva para a enzima de
T. cruzi, assim, como, identificar novas moléculas com potencial atividade contra a
enzima humana.
9
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Conforme relatados no primeiro manuscrito, a primeira etapa do projeto
consistiu na realização dos ensaios de expressão, purificação e cristalização, assim
como a realização dos ensaios de inibição contra a enzima HsDHODH.
4.1 Expressão da enzima HsDHODH
A expressão da enzima foi realizada sob as mesmas condições apresentadas
no relatório anterior, o qual as amostras de estoque de glicerol foram utilizadas para
preparar pré-inóculo (com 10mL de meio LB contendo antibiótico kanamicina a
30µg/mL), que foi posteriormente utilizada para inocular com diluição 1 : 100 em 1L de
cultura. A indução da expressão da proteína é realizada com 500 µM de IPTG a 25°C
por cinco horas.
Ao término da indução, a solução é dividida em tubos de centrífuga de 50mL
cada e centrifugada a 6000g, a 4°C por quinze minutos. O sobrenadante é descartado,
enquanto que as células isoladas são armazenadas a 20°C.
4.2 Purificação da enzima HsDHODH
No processo de purificação as células são mantidas a uma temperatura
aproximada de 4°C, evitando a desnaturação da proteína. As células são
ressuspensas em um tampão de lise contendo 10 mM de Imidazol, 1% de detergente
Triton X-100, e 1 mM de inibidor de protease PMSF (fluoreto de fenilmetilsulfonila).
Para romper a membrana plasmática das células é utilizado o método da
sonicação no Microson™ Ultrasonic Cell por quinze vezes de trinta segundos cada a
10 watts. A amostra é centrifugada por vinte minutos, 10.000g e 4°C. O sobrenadante
é usado para a purificação.
A purificação é realizada em cromatografia clássica por afinidade em coluna de
Ni-NTA agarose (Qiagen). A mesma é equilibrada com tampão 10 mM de Imidazol e
0,1% de Triton X-100. A amostra do sobrenadante é aplicada na coluna, sendo
coletado seu efluente para uma reaplicação. Nesta etapa, as caudas de histidinas
fusionadas à enzima interagem com os íons bivalentes carregados positivamente da
resina de níquel.
A proteína é eluida através da aplicação de um gradiente crescente de
imidazol.
10
A coluna é inicialmente lavada com gradiente de 10 mM, 25 mM, 50 mM e 100
mM de Imidazol, sempre contendo 0,1% de Triton X-100. Para verificar a pureza,
utiliza-se gel eletroforético SDS-PAGE em 12% de poliacrilamida corada com
Comassie Brilliant Blue.
As frações contendo a proteína de interesse são concentradas utilizando o
concentrador Ultrafree-10kDa (Millipore) e dialisadas com tampão 50 mM de Hepes,
pH 7,2 e 150 mM NaCl a 4°C.
Para a quantificação da concentração de proteína, é monitorada a presença de
FMN na proteína através do método desenvolvido pelo aluno de doutorado Ricardo
Augusto Pereira de Pádua do Laboratório de Cristalografia de Proteínas. O método se
baseia na leitura da absorvância em um leitor automático de microplacas Elx808 a
450nm. A curva de calibração original é feita em triplicata usando nove concentrações
diferentes de FMN – variando entre 1,52588 µM e 390,625 µM em poço de 300µL de
solução. A partir da curva de calibração, a quantificação do FMN é realizada através
da Lei de Lambert-Beer em que a sua concentração é diretamente proporcional a
absorvância. A concentração da proteína é estimada considerando a equivalência
estequiométrica de uma molécula de FMN para uma molécula de proteína.
4.3 Ensaio de inibição enzimática da enzima HsDHODH com potenciais
inibidores
Os ensaios de inibição enzimática foram realizados na presença de 32
compostos previamente selecionados por varredura in silico através da aplicação de
técnicas de docagem realizada pelo doutorando Matheus Pinto Pinheiro para a
inibição de diidroorotato desidrogenase de Trypanossoma cruzi.
Os ensaios de atividade na presença dos compostos foram realizados através
do monitoramento da formação de DCIPH2 a 600nm.A atividade enzimática da enzima
DHODH é avaliada de forma indireta, conforme representado na figura 5,
estequiometricamente equivalente à formação do produto da catálise. As medidas
foram realizadas usando um leitor de microplacas Elx808.
Os ensaios foram realizados de duas formas distintas. Em um primeiro, a
proteína HsDHODH foi previamente incubada com cada um dos 32 compostos
selecionados. A segunda estratégia, monitorou a capacidade inibitória dos compostos
sem prévia incubação. A atividade enzimática na presença dos inibidores também foi
realizada em quadruplicata.
11
Figura 5. Reações de oxidação-redução ocorridas durante o ensaio de atividade.
12
4.3.1 Ensaio de inibição utilizando incubação
Os primeiros ensaios de inibição foram realizados utilizando a estratégia de
incubar as moléculas com a proteína previamente aos ensaios de atividade.
As soluções de proteína (a 0,25mg/mL) foram incubadas com a as moléculas
(a 200µM) previamente diluídas em 100% de DMSO. Como controle da atividade
enzimática na ausência de ligantes, a proteína foi também incubada com
aproximadamente 5% de DMSO. Esse controle foi utilizado em quadruplicata antes e
logo após as atividades enzimáticas com os inibidores, a fim de verificar alguma perda
de atividade enzimática mesmo sem inibidor durante o experimento.
As soluções foram incubadas por 16 horas a 20ºC.
4.3.2 Ensaio de inibição sem incubação
Este ensaio preconizou utilizar as mesmas condições que o ensaio anterior,
entretanto, sem incubar a proteína com inibidores.
Para tanto, foram colocadas sob o leitor 1µL de proteína a 0,25mg/mL e uma
solução homogeneizada (preparada no mesmo momento) contendo as mesmas
condições finais do ensaio incubado, com 200µM de composto, 60µM DCIP, 100µM
coenzima Q0, 500µM DHO, 50mM Tris pH 8,15, 150mM KCl e 0,1 % Triton X-100.
Para referência, ao lugar do composto foi usado DMSO, tornando os reagentes
sob as mesmas concentrações.
A referência foi realizada também em quadruplicata antes e logo após a
realização do experimento de inibição sem incubação para garantir que qualquer
perda de atividade enzimática foi especificamente devido à presença dos ligantes.
4.4 Cristalização da proteína HsDHODH
Os ensaios de cristalização da proteína HsDHODH tiveram como objetivo o
aperfeiçoamento dos cristais já obtidos e apresentados no relatório parcial para que,
ao identificar inibidores da enzima, pudessem ser utilizadas para estudos dos
complexos proteína-ligante através de técnicas de difração de raios-X.
Os ensaios anteriores, usando kits de cristalização comerciáveis Crystal
ScreenTM
e Crystal Screen 2TM
(Hampton Research), PEG/Ion Screen TM
(Hampton
Research) e NeXtal Tubes MBClass Suite (Qiagen), sugeriram potenciais condições
de cristalização. Nesta etapa, foram realizadas ensaios de cristalização com varredura
em um amplo intervalo de condições.
13
Durante a varredura, diferentes condições foram testadas onde foram variadas:
a concentração de sais, como fosfato de sódio e cloreto de sódio (entre 0 e 0,3 M),
citrato de sódio e citrato de potássio (entre 0 e 0,5 M); a presença ou a ausência de
diferentes soluções tampões, assim como o pH tamponante (entre 5 e 8); o tipo e a
porcentagem de agente precipitante PEG 3350 (m/v), variou de 14% a 22%, ou PEG
4000 (m/v), que variou de 18% a 20%. As concentrações da proteína abrangeram
valores entre 2 e 3,75 mg/mL estimado pelo monitoramento de FMN no leitor de
microplacas Elx808 e 10mg/mL estimado pelo espectrofotômetro NanoDrop 200®.
Abaixo, algumas representações de placas de cristalização testadas (figuras 6 a 11).
5,0 5,5 6,0  6,57 7,48 8,0 pH
14 %
16%
18%
20% PEG
Figura 6. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas.
Nestas condições em cada poço há dois componentes variáveis e um constante não representado. Neste
ensaio em específico, em todas as condições havia 0,2 M de citrato de sódio ou 0,2 M de citrato de lítio.
Para essas variações em cada coluna havia uma solução com p.H tamponante distinto e em cada linha
uma porcentagem diferente de PEG 3350 (m/v). Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24
condições.
14
0 0.1 0.2  0.3 0.4 0.5 M
16 %
18%
20%
22% PEG
Figura 7. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas.
Nestas condições em cada poço há dois componentes variáveis. Nas colunas houve variação de
concentração de aditivo, seja ele citrato de sódio, citrato de lítio ou citrato de potássio, e nas linhas houve
variação de porcentagem de PEG 3350 (m/v). Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24
condições.
6,0 6,57 7,0  6,0 6,57 7,0 pH
18%
20%
18%
20% PEG
2 mg/mL  3,5mg/mL [proteína]
Figura 8. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas.
Nestas condições variou-se a porcentagem de PEG 3350 (m/v), o p.H tamponante e a concentração da
proteína. Nas colunas houve variação de concentração de p.H e nas linhas variação de PEG. Em todas
as condições havia 0,3 M de citrato de lítio. Além desses intervalos, foi variado a concentração de
proteína, em que metade das condições possuíam 2mg/mL e outra metade 3,5mg/mL. Desse modo, ao
final da placa, houve um teste de 12 condições.
15
0,2 0,3  0,2 0,3  0,2 0,3 M C.L
16%
18%
20%
22% PEG
3,75 mg/mL  2,0 mg/mL  1,5 mg/mL [proteina]
Figura 9. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas.
Nestas condições variou-se a porcentagem de PEG 3350 (m/v), a concentração de citrato de lítio e a
concentração da proteína. Nas colunas houve variação de concentração de citrato de lítio e nas linhas
variação de PEG. Além desses intervalos, foi variado a concentração de proteína em 3,75mg/mL,
2,0mg/mL e 1,5mg/mL de proteína. Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24 condições.
0,2 0.3 0.4  0.5 0.6 0.7 M NaCl
0
0,05
0,1
0,2 M Tris
Figura 10. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas.
Nestas condições variou-se a concentração de Tris-HCl p.H 8,5 e a concentração de cloreto de sódio.
Nas colunas houve variação de concentração de cloreto de sódio e nas linhas variação de Tris-HCl.
Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24 condições.
16
0,2 0.3 0.4  0.5 0.6 0.7 M NaCl
0
0,05
0,1
0,15 M
Figura 11. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas.
Nestas condições variou-se a concentração de fosfato de sódio p.H 7,0 e a concentração de cloreto de
sódio. Nas colunas houve variação de concentração de cloreto de sódio e nas linhas variação de fosfato
de sódio. Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24 condições.
Todos os ensaios foram realizados utilizando o método de difusão de vapor em
gota sentada, com 500µL de solução de cristalização no reservatório, com gotas na
proporção 2:2 e 1:2 (proteína : poço), mantidos à 22ºC.
17
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Purificação da enzima HsDHODH
Amostras da proteína HsDHODH eluiram da coluna de Ni-NTA agarose
(Qiagen) na presença de 250 mM de imidazol e 0,1% de Triton X-100. Experimentos
em SDS-PAGE indicaram que o protocolo de purificação desenvolvido foi eficiente
para isolar a enzima de interesse com alto grau de pureza (figura 12).
Figura 12. SDS-PAGE (12% poliacrilamida). Padrão de massa molecular e perfil das eluições com 250
mM imidazol e 0,1% de Triton X-100.
5.2 Ensaio de inibição enzimática da enzima HsDHODH com potenciais
inibidores
Os ensaios de controle de atividade enzimática na presença de 5% de DMSO
indicaram que a proteína se mostra estável durante todo o tempo de realização dos
experimentos. A tabela 1 lista os resultados de inibição obtidos para os 32 compostos
testados.
66kDa
Padrão
Molecular
Eluições a 250 mM de Imidazol e 0,1%
de Triton X-100
97kDa
45kDa
30kDa
18
Composto
Com incubação Sem incubação
Inibição Inibição
LCPSA460 24,06 ± 1,35 -29,43 ± 4,61
LCPSA407 18,18 ± 1,72 24,57 ± 6,07
LCPSA278 27,20 ± 2,37 -1,31 ± 1,42
LCPSA252 14,94 ± 2,96 -8,44 ± 2,30
LCPSA624 48,00 ± 0,88 20,98 ± 1,32
LCPSP046 45,57 ± 0,98 29,92 ± 1,06
LCPSP026 49,09 ± 0,88 -5,19 ± 2,07
LCPSP002 44,33 ± 0,89 -16,21 ± 2,36
LCPSP726 34,25 ± 2,07 26,13 ± 1,27
LCPSP028 46,15 ± 2,10 10,28 ± 1,39
LCPSP063 43,93 ± 2,86 4,60 ± 1,48
LCPSP012 -12,70 ± 6,92 -23,67 ± 1,71
LCPSP008 26,38 ± 4,05 5,65 ± 1,93
LCPIB776 40,65 ± 1,57 24,77 ± 1,85
LCPIB604 16,38 ± 3,37 -2,54 ± 1,61
LCPIB316 -13,93 ± 3,62 -1,14 ± 3,60
LCPSP3026 46,98 ± 0,79 -36,58 ± 2,76
LCPSP3027 19,74 ± 2,89 23,08 ± 1,23
LCPVL900 29,75 ± 1,02 10,54 ± 1,76
LCPVL898 35,18 ± 2,19 -82,09 ± 4,46
LCPVL480 55,38 ± 0,72 -102,74 ± 5,02
LCPVL161 47,69 ± 0,84 -12,52 ± 8,11
LCPVL682 32,85 ± 1,77 -63,21 ± 2,70
LCPVL604 35,96 ± 2,88 -8,02 ± 1,80
LCPEN490 16,09 ± 1,68 -91,33 ± 6,79
LCPEN048 17,34 ± 1,58 -115,47 ± 8,13
LCPEN166 38,41 ± 0,93 -68,47 ± 2,65
LCPEN889 17,51 ± 1,85 -50,94 ± 3,95
LCPEN355 -0,22 ± 1,63 -8,84 ± 2,48
LCPEN572 -6,48 ± 2,35 -105,68 ± 5,52
LCPEN484 23,82 ± 3,80 -65,47 ± 2,80
LCPEN352 20,30 ± 2,40 -8,06 ± 1,63
Tabela 1. Porcentagem de inibição da proteína HsDHODH na presença de diferentes compostos após
incubação e sem incubação
Os resultados apresentados indicaram que existem diferenças importantes
quando comparamos os experimentos realizados om incubação e sem incubação.
Estes resultados são compatíveis com alguns resultados observados para a enzima
TcDHODH, onde o tempo de incubação permite o ataque de moléculas pela enzima
(resultados não publicados).
19
Outro resultado importante é a obtenção de potenciais ligantes com atividade
inibitória significativa como LCPSA624, LCPSP046, LCPSP026, LCPSP002,
LCPSP028, LCPSP063, LCPSP3026, LCPVL480 e LCPVP161 que apresentaram
atividade inibitória acima de 40%.
Estudos estruturais a fim de avaliar o mecanismo de inibição da enzima serão
realizados.
5.3 Cristalização da proteína HsDHODH
Os ensaios de aperfeiçoamento dos cristais resultaram na obtenção de cristais
maiores e com menores imperfeições. As quatro melhores condições de apresentação
continham: 0,2M de citrato de lítio, 18% PEG 3350 (m/v), solução tampão Mês pH 6,57
com 3,75mg/mL de proteína em gota 2:2 (proteína : poço) (figura 13), 0,2M de citrato
de sódio, 16% PEG 3350 (m/v) com 10mg/mL de proteína em gota 1:2 (proteína :
poço) (figura 14), 0,3M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v) com 10mg/mL de
proteína em gota 1:2 (proteína : poço) (figura 15), 0,3M de citrato de sódio, 16% PEG
3350 (m/v) com 10mg/mL de proteína em gota 2:2 (proteína : poço) (figura 16).
Durante esse processo, verificou-se que a maioria das gotas, após um grande
período de difusão de vapor, apresentou formação de gotículas, onde o cristal se
formava, enquanto que ao redor da gotícula a proteína acabava precipitando.
Provavelmente, o fato ocorria devido à presença de Triton X-100, que apesar de não
estar contido na solução de diálise, permanecia em solução junto à proteína, já que
esta possui uma cadeia hidrofóbica para inserção na membrana plasmática.
Figura 13. Cristais de HsDHODH na presença de 0,2M de citrato de lítio, 18% PEG 3350 (m/v), solução
tampão Mês pH 6,57, gota 2:2 (proteína : poço).
20
Figura 14. Cristais de HsDHODH na presença de 0,2M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v), gota 1:2
(proteína : poço).
Figura 15. Cristais de HsDHODH na presença de 0,3M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v), gota 1:2
(proteína : poço).
21
Figura 16. Cristais de HsDHODH na presença de 0,3M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v), gota 2:2
(proteína : poço).
Alguns cristais foram submetidos à coleta de dados na fonte de radiação
Síncrotron no LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), Campinas, MX-I. A
baixa qualidade no poder de difração indica a necessidade de uma melhor varredura
nas condições de cristalização. Estes ensaios já se encontram em andamento.
6. CONCLUSÃO
Durante o período de desenvolvimento do projeto (fevereiro de 2011 a julho de
2011), os trabalhos foram focados nos testes de inibição enzimática da enzima
HsDHODH e no desenvolvimento de condições de cristalização melhores para a
mesma enzima. Os compostos escolhidos para o teste de inibição foram baseados em
varredura in silico (“screening virtual”) de coleção de ligantes pelo aluno de doutorado
Matheus Pinto Pinheiro junto ao Laboratório de Cristalografia de Proteínas de Ribeirão
Preto (LCL-RP) como mencionado no projeto de pesquisa.
Os protocolos de expressão e purificação da enzima diidroorotato desidrogenase
humana continuaram a ser reproduzidos com sucesso. Os ensaios de cristalização
foram aperfeiçoados, mas a baixa qualidade dos dados de difração indicou que novas
varreduras deverão ser realizadas.
7. DIFICULDADES ENCONTRADAS
Uma dificuldade encontrada foi a conciliação do tempo para a realização do
experimento com as atividades escolares como já mencionado no relatório anterior
22
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHELESKI, J.; WIGGERS, H. J.; CITADINI, A. P.; COSTA-FILHO, A. J.; NONATO, M.
C.; MONTANARI, C. A. Kinetic mechanism and catalysis of Trypanossoma cruzi
dihydroorotate dehydrogenase enzyme evaluated by isothermal titration calorimetry.
Analythical Biochemistry, v.399, p.13-22, 2010.
CHEN, J.; JONES, M.; The cellular location of dihydroorotate dehydrogenase:
relationships to de novo biosynthesis of pyrimidines. Archives of Biochemistry and
Biophysics, v.176, p.82-90, 1976.
COPELAND, R. A.; DAVIS, J. P.; DOWLING, R. L.; LOMBARDO, D.; MURPHY, K. B.;
PATTERSON, T. A. Recombinant Human Dihydroorotate Dehydrogenase: Expression,
Purification, and Characterization of a Catalytically Functional Truncated Enzyme.
Archives of Biochemistry and Biophysics, v.323(1), p.79-86, 1995.
CORDEIRO, A.T.; FELICIANO, P.R.; NONATO, M.C. Crystallization and preliminary X-
ray diffraction analysis of Leishmania major dihydroorotate dehydrogenase. Acta
Crystallographica Section F, v.62(10), p.1049-1051, 2006.
DAHM, Ralf. Friedrich Miescher and the discovery of DNA. Developmental Biology,
v.278, p.274-288, 2004.
LIU, S.; NEIDHARDT, E. A.; GROSSMAN, T. H.; OCAIN, T.; CLARDY, J. Structures of
human dihydroorotate dihydrogenase in complex with antiproliferative agents.
Structure, v.8, p.25-33, 1999.
LÖFFLER, M.; JÖCKEL, J.; SCHUSTER, G.; BECKER, C. Dihydroorotat-ubiquinone
oxireductase links mitochondria in the biosynthesis of pyrimidine nucleotides.
Molecular and Cellular Biochemistry, v.174, p.125-129, 1997.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Principles of Biochemistry. Third edition. New York: Worth
Publishers, 2000, p.243.
NELSON, D. L,; COX, M. M. Principles of Biochemistry. Fifth edition. New York: W. H.
Freeman and Company, 2008. ISBN 13:978-0-7167-7108-1.
PINHEIRO, M. P.; IULEK, J.; NONATO, M. C. Crystal structure of Trypanossoma cruzi
dihydroorotate dehydrogenase from Y strain. Biochemical and Biophysical
Research Communications, v. 369(3), p.812-817, 2008.
PINHEIRO, Matheus Pinto. Estudos cristalográficos da enzima diidroorotato
desidrogenase de Trypanossoma cruzi. Ribeirão Preto. Originalmente apresentada
como dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, 2008.
RAWLS, J.; KNECHT, W.; DIEKERT, K.; LILL, R.; LÖFFLER, M. Requirements for the
mitochondrial import and localization of dihydroorotate dehydrogenase. European
Journal of Biochmistry, v.267, p.2079-2087, 2000.
23
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Guia de vigilância epidemiológica.
Mato Grosso do Sul. Caderno 10, p.1-11. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gve_7ed_web_atual_doenca_de_chaga
s.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2010.
TAKASHIMA, E.; INAOKA, D. K.; OSANAL, A.; NARA, T.; ODAKA, M.; AOKI, T.;
INAKA, K.; HARADA, S.; KITA, K. Characterization of the dihydroorotate
dehydrogenase as a soluble fumarate reductase in Trypanossoma cruzi. Molecular
and Biochemical Parasitology, v.122(2), p.189-200, 2002.
WALSE, B.; DUFE, V. T.; SVENSSON, B.; FRITZSON, I.; DAHLBERG, L.;
KHAIROULLINA, A.; WELLMAR, U.; AL-KARANDAGHI, S. The structures of human
dihydroorotate dehydrogenase with and without inhibitor reveal conformational
flexibility in the inhibitor and substrate binding sites. Biochemistry, v.47, p.8929-8936,
2008.
WORLD HEALTH ORGANIZATION: Chagas disease (American trypanosomiasis).
Ficha Nº 340, Junho 2010. Disponível em:
<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs340/en/index.html>. Acesso em: 21 ago.
2011.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Hino da independência do brasil c aça palavra
Hino da independência do brasil  c aça palavraHino da independência do brasil  c aça palavra
Hino da independência do brasil c aça palavrasilviacerqueira1
 
Uma aventura literária 2013 texto original - as férias de verão - ana marça...
Uma aventura literária 2013   texto original - as férias de verão - ana marça...Uma aventura literária 2013   texto original - as férias de verão - ana marça...
Uma aventura literária 2013 texto original - as férias de verão - ana marça...tecaromeugil
 
Exercícios de revisão
Exercícios de revisãoExercícios de revisão
Exercícios de revisãoPaolaLins
 
Slide - Cristianismo x Islamismo
Slide - Cristianismo x IslamismoSlide - Cristianismo x Islamismo
Slide - Cristianismo x IslamismoPIBID HISTÓRIA
 
8. diagnostico _5ano_lp
8. diagnostico _5ano_lp8. diagnostico _5ano_lp
8. diagnostico _5ano_lpMara Sueli
 
Atividade inglês 6º ano bloco 3
Atividade inglês 6º ano bloco 3Atividade inglês 6º ano bloco 3
Atividade inglês 6º ano bloco 3DaniloAlmeida839366
 
Contos - 7G - Uma Aventura na Ilha
Contos - 7G - Uma Aventura na IlhaContos - 7G - Uma Aventura na Ilha
Contos - 7G - Uma Aventura na Ilhabedjoaoii
 
Personalidades da Cultura Africana
Personalidades da Cultura AfricanaPersonalidades da Cultura Africana
Personalidades da Cultura Africanaroselucca
 
"A menina que não gostava de ler" de Manjusha Pawagi
"A menina que não gostava de ler" de Manjusha Pawagi"A menina que não gostava de ler" de Manjusha Pawagi
"A menina que não gostava de ler" de Manjusha PawagiGonçalo Silva
 
Ingles 1e2
Ingles 1e2Ingles 1e2
Ingles 1e2iglonete
 
II atividade avaliativa 4º ano pdf
II atividade avaliativa   4º ano pdfII atividade avaliativa   4º ano pdf
II atividade avaliativa 4º ano pdfAndré Moraes
 
slideshare As panquecas de Mama Panya
slideshare As panquecas de Mama Panyaslideshare As panquecas de Mama Panya
slideshare As panquecas de Mama Panyamoreiraeleonora
 
"Os Lusíadas" para os mais pequenos
"Os Lusíadas" para os mais pequenos"Os Lusíadas" para os mais pequenos
"Os Lusíadas" para os mais pequenosdiogolimacosta
 
Lista de exercícios de Inglês (sexto ano)
Lista de exercícios de Inglês (sexto ano)Lista de exercícios de Inglês (sexto ano)
Lista de exercícios de Inglês (sexto ano)Paula Meyer Piagentini
 
Leituras recomendadas - 6º ano - PNL
Leituras recomendadas - 6º ano - PNLLeituras recomendadas - 6º ano - PNL
Leituras recomendadas - 6º ano - PNLMarília Valério
 

Mais procurados (20)

Hino da independência do brasil c aça palavra
Hino da independência do brasil  c aça palavraHino da independência do brasil  c aça palavra
Hino da independência do brasil c aça palavra
 
Uma aventura literária 2013 texto original - as férias de verão - ana marça...
Uma aventura literária 2013   texto original - as férias de verão - ana marça...Uma aventura literária 2013   texto original - as férias de verão - ana marça...
Uma aventura literária 2013 texto original - as férias de verão - ana marça...
 
Exercícios de revisão
Exercícios de revisãoExercícios de revisão
Exercícios de revisão
 
O dia da arvore
O dia da arvoreO dia da arvore
O dia da arvore
 
Slide - Cristianismo x Islamismo
Slide - Cristianismo x IslamismoSlide - Cristianismo x Islamismo
Slide - Cristianismo x Islamismo
 
8. diagnostico _5ano_lp
8. diagnostico _5ano_lp8. diagnostico _5ano_lp
8. diagnostico _5ano_lp
 
Cronica da noite
Cronica da noiteCronica da noite
Cronica da noite
 
Atividade inglês 6º ano bloco 3
Atividade inglês 6º ano bloco 3Atividade inglês 6º ano bloco 3
Atividade inglês 6º ano bloco 3
 
Contos - 7G - Uma Aventura na Ilha
Contos - 7G - Uma Aventura na IlhaContos - 7G - Uma Aventura na Ilha
Contos - 7G - Uma Aventura na Ilha
 
Personalidades da Cultura Africana
Personalidades da Cultura AfricanaPersonalidades da Cultura Africana
Personalidades da Cultura Africana
 
"A menina que não gostava de ler" de Manjusha Pawagi
"A menina que não gostava de ler" de Manjusha Pawagi"A menina que não gostava de ler" de Manjusha Pawagi
"A menina que não gostava de ler" de Manjusha Pawagi
 
ADJETIVO: FICHA PARA CORREÇÃO DE ERROS E DINÂMICA EM SALA DE AULA
ADJETIVO: FICHA PARA CORREÇÃO DE ERROS E DINÂMICA EM SALA DE AULAADJETIVO: FICHA PARA CORREÇÃO DE ERROS E DINÂMICA EM SALA DE AULA
ADJETIVO: FICHA PARA CORREÇÃO DE ERROS E DINÂMICA EM SALA DE AULA
 
Era uma vez 25 de abril
Era uma vez 25 de abrilEra uma vez 25 de abril
Era uma vez 25 de abril
 
Ingles 1e2
Ingles 1e2Ingles 1e2
Ingles 1e2
 
II atividade avaliativa 4º ano pdf
II atividade avaliativa   4º ano pdfII atividade avaliativa   4º ano pdf
II atividade avaliativa 4º ano pdf
 
slideshare As panquecas de Mama Panya
slideshare As panquecas de Mama Panyaslideshare As panquecas de Mama Panya
slideshare As panquecas de Mama Panya
 
Espanha
EspanhaEspanha
Espanha
 
"Os Lusíadas" para os mais pequenos
"Os Lusíadas" para os mais pequenos"Os Lusíadas" para os mais pequenos
"Os Lusíadas" para os mais pequenos
 
Lista de exercícios de Inglês (sexto ano)
Lista de exercícios de Inglês (sexto ano)Lista de exercícios de Inglês (sexto ano)
Lista de exercícios de Inglês (sexto ano)
 
Leituras recomendadas - 6º ano - PNL
Leituras recomendadas - 6º ano - PNLLeituras recomendadas - 6º ano - PNL
Leituras recomendadas - 6º ano - PNL
 

Semelhante a Estudo inibitórios da DHODH de T. cruzi e H. sapiens

AS CARACTERÍSTICAS DA ESTOMATITE ASSOCIADA A INIBIDORES MTORC1
AS CARACTERÍSTICAS DA ESTOMATITE ASSOCIADA A INIBIDORES MTORC1 AS CARACTERÍSTICAS DA ESTOMATITE ASSOCIADA A INIBIDORES MTORC1
AS CARACTERÍSTICAS DA ESTOMATITE ASSOCIADA A INIBIDORES MTORC1 Rayra Corrêa
 
Capítulo 01 farmacologia
Capítulo 01 farmacologiaCapítulo 01 farmacologia
Capítulo 01 farmacologiaRaquel Oliveira
 
2 metodos moleculares_em_farmacogenetica
2 metodos moleculares_em_farmacogenetica2 metodos moleculares_em_farmacogenetica
2 metodos moleculares_em_farmacogeneticaJ. Lima
 
Capiitulo 1 importancia da cristalografia
Capiitulo 1 importancia da cristalografiaCapiitulo 1 importancia da cristalografia
Capiitulo 1 importancia da cristalografiaAndré Felippe
 
Oxidação lipídica em alimentos e sistemas biológicos mecanismos gerais e impl...
Oxidação lipídica em alimentos e sistemas biológicos mecanismos gerais e impl...Oxidação lipídica em alimentos e sistemas biológicos mecanismos gerais e impl...
Oxidação lipídica em alimentos e sistemas biológicos mecanismos gerais e impl...Victor Moraes
 
Testes In Vitro com Células
Testes In Vitro com CélulasTestes In Vitro com Células
Testes In Vitro com CélulasInstitut Kurz
 
CRESCIMENTO: METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS; GH-CRESCIMENTO, I...
CRESCIMENTO: METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS; GH-CRESCIMENTO, I...CRESCIMENTO: METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS; GH-CRESCIMENTO, I...
CRESCIMENTO: METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS; GH-CRESCIMENTO, I...Van Der Häägen Brazil
 
Fármacos antineoplásicos
Fármacos antineoplásicos Fármacos antineoplásicos
Fármacos antineoplásicos Safia Naser
 
Ação da terapia com laser de baixa potência nas fases
Ação da terapia com laser de baixa potência nas fasesAção da terapia com laser de baixa potência nas fases
Ação da terapia com laser de baixa potência nas fasesClaudio Zezza
 
METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS G -CRESCIMENTO INSULINA E OUTROS
METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS G -CRESCIMENTO INSULINA E OUTROSMETODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS G -CRESCIMENTO INSULINA E OUTROS
METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS G -CRESCIMENTO INSULINA E OUTROSVan Der Häägen Brazil
 
Texto sobre biotransformação
Texto sobre biotransformaçãoTexto sobre biotransformação
Texto sobre biotransformaçãoJoyce Domingues
 
Gagueira, genética e lisossomos
Gagueira, genética e lisossomosGagueira, genética e lisossomos
Gagueira, genética e lisossomosStuttering Media
 

Semelhante a Estudo inibitórios da DHODH de T. cruzi e H. sapiens (20)

Siicusp_2011
Siicusp_2011Siicusp_2011
Siicusp_2011
 
2 genetica molecular
2 genetica molecular2 genetica molecular
2 genetica molecular
 
AS CARACTERÍSTICAS DA ESTOMATITE ASSOCIADA A INIBIDORES MTORC1
AS CARACTERÍSTICAS DA ESTOMATITE ASSOCIADA A INIBIDORES MTORC1 AS CARACTERÍSTICAS DA ESTOMATITE ASSOCIADA A INIBIDORES MTORC1
AS CARACTERÍSTICAS DA ESTOMATITE ASSOCIADA A INIBIDORES MTORC1
 
farmacogenomica teste1.pptx
farmacogenomica teste1.pptxfarmacogenomica teste1.pptx
farmacogenomica teste1.pptx
 
Capítulo 01 farmacologia
Capítulo 01 farmacologiaCapítulo 01 farmacologia
Capítulo 01 farmacologia
 
2 metodos moleculares_em_farmacogenetica
2 metodos moleculares_em_farmacogenetica2 metodos moleculares_em_farmacogenetica
2 metodos moleculares_em_farmacogenetica
 
Capiitulo 1 importancia da cristalografia
Capiitulo 1 importancia da cristalografiaCapiitulo 1 importancia da cristalografia
Capiitulo 1 importancia da cristalografia
 
Oxidação lipídica em alimentos e sistemas biológicos mecanismos gerais e impl...
Oxidação lipídica em alimentos e sistemas biológicos mecanismos gerais e impl...Oxidação lipídica em alimentos e sistemas biológicos mecanismos gerais e impl...
Oxidação lipídica em alimentos e sistemas biológicos mecanismos gerais e impl...
 
Testes In Vitro com Células
Testes In Vitro com CélulasTestes In Vitro com Células
Testes In Vitro com Células
 
Cancer
CancerCancer
Cancer
 
Artigo p53 2
Artigo p53 2Artigo p53 2
Artigo p53 2
 
CRESCIMENTO: METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS; GH-CRESCIMENTO, I...
CRESCIMENTO: METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS; GH-CRESCIMENTO, I...CRESCIMENTO: METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS; GH-CRESCIMENTO, I...
CRESCIMENTO: METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS; GH-CRESCIMENTO, I...
 
Fármacos antineoplásicos
Fármacos antineoplásicos Fármacos antineoplásicos
Fármacos antineoplásicos
 
Ação da terapia com laser de baixa potência nas fases
Ação da terapia com laser de baixa potência nas fasesAção da terapia com laser de baixa potência nas fases
Ação da terapia com laser de baixa potência nas fases
 
METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS G -CRESCIMENTO INSULINA E OUTROS
METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS G -CRESCIMENTO INSULINA E OUTROSMETODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS G -CRESCIMENTO INSULINA E OUTROS
METODOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO ORGÂNICA HORMÔNIOS G -CRESCIMENTO INSULINA E OUTROS
 
Texto sobre biotransformação
Texto sobre biotransformaçãoTexto sobre biotransformação
Texto sobre biotransformação
 
007.pdf
007.pdf007.pdf
007.pdf
 
Apoptose monografia
Apoptose monografiaApoptose monografia
Apoptose monografia
 
Artigo bioterra v15_n1_03
Artigo bioterra v15_n1_03Artigo bioterra v15_n1_03
Artigo bioterra v15_n1_03
 
Gagueira, genética e lisossomos
Gagueira, genética e lisossomosGagueira, genética e lisossomos
Gagueira, genética e lisossomos
 

Estudo inibitórios da DHODH de T. cruzi e H. sapiens

  • 1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto Departamento de Física e Química Laboratório de Cristalografia de Proteínas Estudos inibitórios da enzima diidroorotato desidrogenase de Trypanossoma cruzi e Homo sapiens. Vigência: 01/08/2010 a 31/08/2010 Relatório final Graduanda: Renata Filtrin Pessanha Orientadora: Maria Cristina Nonato RIBEIRÃO PRETO 2011
  • 2. 1 SUMÁRIO 1. RESUMO 2 2. INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA 3 3. OBJETIVOS 8 4. MATERIAIS DE MÉTODOS 9 4.1 Expressão da enzima HsDHODH 9 4.2 Purificação da enzima HsDHODH 9 4.3 Ensaio de inibição enzimática da enzima HsDHODH com potenciais inibidores 10 4.3.1 Ensaio de inibição utilizando incubação 12 4.3.2 Ensaio de inibição sem incubação 12 4.4 Cristalização da proteína HsDHODH 12 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 17 5.1 Purificação da enzima HsDHODH 17 5.2 Ensaio de inibição enzimática da enzima HsDHODH com potenciais inibidores 17 5.3 Cristalização da proteína HsDHODH 19 6. CONCLUSÃO 21 7. DIFICULDADES ENCONTRADAS 21 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22
  • 3. 2 1. RESUMO A doença de Chagas é considerada um problema de saúde pública na América Latina. Esta infecção, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, pode ser transmitida durante a picada do inseto vetor barbeiro, por transfusão sanguínea e por via congênita. Segundo o site da organização mundial de saúde atualizado em junho de 2010, estima-se que 10 milhões de pessoas no mundo inteiro estão infectadas com o parasita, sendo a maioria latino americanos. Recentemente, a enzima diidroorotato desidrogenase de Trypanosoma cruzi (TcDHODH) foi validada como alvo terapêutico para o desenvolvimento de fármacos com atividade antichagásica. A diidroorotato desidrogenase (DHODH) pertence à via de síntese de novo de nucleotídeos de pirimidinas e catalisa a oxidação da molécula L-diidroorotato em orotato através de um mecanismo dependente de FMN e receptores de elétrons. O presente projeto visou encontrar moléculas com potenciais inibitórios da enzima TcDHODH e realizar a validação cruzada com a enzima DHODH humana (HsDHODH). Ao mesmo tempo, a localização de moléculas inibidoras de HsDHODH poderia identificar diferentes classes de inibidores para a enzima humana, alvo validado para o desenvolvimento de fármacos doenças proliferativas, como a artrite reumatoide, e doenças como o câncer, como utilizado atualmente. Para tanto, foram realizados experimentos de expressão, purificação, atividade e inibição para ambas as enzimas. Antecipando um ensaio de co-cristalização da enzima HsDHODH em complexo com potenciais ligantes, foram realizados tentativas de cristalização da enzima visando identificar condições para cristalizar a enzima na presença de inibidores.
  • 4. 3 2. INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA Em 1869, a descoberta da molécula de DNA pelo médico alemão Johann Friedrich Miescher estabeleceu um marco sobre a percepção humana em relação à biologia. Em sua primeira publicação, em 1871, descrevia que dentro dos núcleos celulares existia uma molécula que não pertencia nenhum tipo de proteína conhecida até aquele momento, a qual denominou de nucleína (DAHM, 2004). Estudos subseqüentes foram realizados para determinar a estrutura dessa nova molécula, o que auxiliou sobremaneira a compreensão da função da nucleína, hoje denominada de DNA e de sua hereditariedade. Atualmente, o desenvolvimento de projetos em genômica, transcriptômica e proteômica vêm aprimorando o conhecimento sobre o papel das macromoléculas biológicas, o modelo do perfil de expressão protéica e a correlação entre estrutura e função possibilitando, assim, novas maneiras de entender os processos envolvidos no metabolismo celular. Nesse contexto, a proteína diidroorotato desidrogenase (DHODH) codificada pelo gene pyr4 foi identificada e teve sua função avaliada para diferentes tipos de organismos. A enzima DHODH participa da via metabólica de biossíntese de novo de nucleotídeos pirimidínicos (NELSON; COX, 2000), cuja cascata de reações inicia-se com a enzima carbamil fosfato sintetase e termina com a ação da enzima orotidilato descarboxilase (figura 1).
  • 5. 4 Figura 1. Via de síntese de novo de nucleotídeos pirimidínicos. Figura adaptada de Nelson e Cox (2008). Como ilustrado na figura, a enzima DHODH atua no quarto passo dessa sequência de reações, sendo a única reação de oxidação-redução. A enzima converte a molécula L-diidroorotato (DHO) em orotato. Durante esse processo, a DHODH utiliza como cofator a flavina mononucleotídeo (FMN, C17H21N4O9P1), não mostrada na figura anterior, a qual enquanto é reduzida (transformando-se em FMNH2) oxida a molécula diidroorotato. Para que ocorra a regeneração do FMN, há um auxílio de um segundo substrato, sendo este variável de acordo com a origem biológica do organismo (TAKASHIMA et al, 2002). Devido a essa diferença celular, a enzima DHODH é classificada em duas famílias. Na primeira, a enzima é encontrada no citosol de bactérias Gram-positivas, em fungos anaeróbicos e em eucariotos unicelulares, como o caso de Trypanossoma cruzi. Como segundo substrato, pode ser utilizado NAD+ como aceptor de elétrons, em caso de proteínas tetraméricas com diferentes subunidades, ou moléculas solúveis em água como o fumarato, no caso do T. cruzi (figura 2), proteína dimérica com as duas subunidades iguais (CHELESKI et al, 2009).
  • 6. 5 Figura 2. Reação de oxidação-redução catalisada pela enzima DHODH de Trypanossoma cruzi. Sendo o fumarato (segundo substrato) o agente oxidante do FMNH2. Já na segunda família, encontrada em bactérias Gram-negativas e eucariotos superiores, a enzima está associada à membrana plasmática da célula ou da mitocôndria, sendo utilizada como agente oxidante do FMNH2 uma molécula de ubiquinona (figura 3). Para a localização nas células humanas, a proteína da segunda família possui um domínio protéico hidrofóbico em hélice na região N-terminal para sua inserção na membrana interna da mitocôndria (LIU et al, 1999). Outros estudos mostraram que uma porção da proteína está exposta ao espaço intermembranoso da mitocôndria (CHEN; JONES, 1976), como há também a sugestão que a DHODH possui atividade na matriz mitocondrial (LÖFFLER et al 1997), como mostrado na figura 4.
  • 7. 6 Figura 3. Reação de oxidação-redução catalisada pela enzima DHODH de Homo sapiens. Sendo a molécula de ubiquinona (segundo substrato) o agente oxidante do FMNH2. Figura 4. Representação da localização da enzima diidroorotato desidrogenase em mitocôndrias animais (RAWLS et al, 2000).
  • 8. 7 A diferença entre a diidroorotato desidrogenase humana (HsDHODH) e a enzima de origem protozoária reflete na baixa identidade seqüencial de aproximadamente 28% compartilhada entre as enzimas (PINHEIRO et al, 2008). Os nucleotídeos, além das unidades básicas das moléculas de RNA e DNA, são essenciais em várias funções metabólicas como intermediários de reações, resposta celular aos hormônios, co-fatores enzimáticos e proliferação celular (NELSON; COX, 2000). Desse modo, a inibição da enzima DHODH leva a limitação na produção de nucleotídeos pirimidínicos, comprometendo assim a proliferação celular. Baseados nesse princípio, estudos recentes identificaram a enzima como alvo terapêutico no desenvolvimento de fármacos com atividade antiproliferativa, como Brequinar (antineoplásico), para o tratamento de psoríase (WALSE et al, 2008), contra artrite reumatóide, como Leflunomida (ARAVA®) e antiparasitária, como Melarone® (anti-malária) (PINHEIRO et al, 2008). Estendendo-se os recentes estudos, está a utilização da enzima DHODH de Trypanossoma cruzi (TcDHODH) com alvo terapêutico para o planejamento de fármacos para o tratamento da doença de Chagas (TAKASHIMA et al, 2002). Esta doença causada por um protozoário flagelado, chamado Trypanossoma cruzi circulante na corrente sanguínea, foi descoberta pelo brasileiro Carlos Chagas. A forma de transmissão mais comum da doença é através de triatomíneos hematófagos, popularmente conhecidos como barbeiro ou bicudo. A infecção também pode ser transmitida pela placenta, pela via oral e pela via transfusional. A doença possui duas fases. Na fase inicial, a fase aguda, há quantidade expressiva do parasito na corrente sanguínea, no entanto, os sinais e sintomas podem desaparecer espontaneamente, dificultando o diagnóstico da doença, podendo evoluir a doença para fase crônica ou para fase aguda mais grave. Já durante a fase crônica, há poucos parasitos circulantes e pode aparecer sob forma indeterminada, cujo paciente é assintomático e não há comprometimento do trato digestório e do trato circulatório, ou na forma cardíaca, em que há comprometimento do coração, ou na forma digestiva, em que há comprometimento do trato digestivo e a forma associada, na qual há acometimento tanto do trato digestório quanto do trato circulatório são exemplos (http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gve_7ed_web_atual_doenca_de_chagas .pdf). Considerada uma doença negligenciada pela indústria farmacêutica, a descoberta da relevância da enzima DHODDH para a viabilidade do parasita Trypanossoma cruzi abriu, sem dúvida, uma perspectiva inovadora para a busca de macromoléculas com atividade antichagásica.
  • 9. 8 No presente projeto visamos identificar novas classes de moléculas com ação inibitória contra a enzima DHODH de T. cruzi e humana. As moléculas com ação seletivas para a enzima do parasito serão utilizadas como protótipo para o desenvolvimento de potenciais fármacos contra a doença de Chagas e as moléculas com ação contra a enzima humana serão investigadas com relação ao seu mecanismo de inibição e seu potencial uso como agentes antiproliferativos. 3. OBJETIVOS Dada a relevância da enzima DHODH para o metabolismo celular, esta enzima, que participa da via metabólica de novo de nucleotídeos pirimidínicos, já é alvo validado para o planejamento de fármacos tanto para o tratamento de doenças proliferativas, cujo alvo é a enzima humana, como também para doenças parasitárias, caso da doença de Chagas. Ao longo dos últimos anos o laboratório tem trabalhado no desenvolvimento de inibidores da enzima DHODH de Trypanossoma cruzi, através de ensaio in vitro na presença de compostos naturais e seus análogos, e in silico através da aplicação de técnicas de docagem. A meta, neste projeto, foi realizar estudos inibitórios para a enzima diidroorotato desidrogenase de T. cruzi na presença de ligantes identificados por técnicas de docagem e explorar os resultados obtidos para a enzima de T. cruzi, contra a enzima humana. Pretendemos assim, através dos ensaios de inibição aliado a estudos estruturais da enzima humana, validar moléculas com ação seletiva para a enzima de T. cruzi, assim, como, identificar novas moléculas com potencial atividade contra a enzima humana.
  • 10. 9 4. MATERIAIS E MÉTODOS Conforme relatados no primeiro manuscrito, a primeira etapa do projeto consistiu na realização dos ensaios de expressão, purificação e cristalização, assim como a realização dos ensaios de inibição contra a enzima HsDHODH. 4.1 Expressão da enzima HsDHODH A expressão da enzima foi realizada sob as mesmas condições apresentadas no relatório anterior, o qual as amostras de estoque de glicerol foram utilizadas para preparar pré-inóculo (com 10mL de meio LB contendo antibiótico kanamicina a 30µg/mL), que foi posteriormente utilizada para inocular com diluição 1 : 100 em 1L de cultura. A indução da expressão da proteína é realizada com 500 µM de IPTG a 25°C por cinco horas. Ao término da indução, a solução é dividida em tubos de centrífuga de 50mL cada e centrifugada a 6000g, a 4°C por quinze minutos. O sobrenadante é descartado, enquanto que as células isoladas são armazenadas a 20°C. 4.2 Purificação da enzima HsDHODH No processo de purificação as células são mantidas a uma temperatura aproximada de 4°C, evitando a desnaturação da proteína. As células são ressuspensas em um tampão de lise contendo 10 mM de Imidazol, 1% de detergente Triton X-100, e 1 mM de inibidor de protease PMSF (fluoreto de fenilmetilsulfonila). Para romper a membrana plasmática das células é utilizado o método da sonicação no Microson™ Ultrasonic Cell por quinze vezes de trinta segundos cada a 10 watts. A amostra é centrifugada por vinte minutos, 10.000g e 4°C. O sobrenadante é usado para a purificação. A purificação é realizada em cromatografia clássica por afinidade em coluna de Ni-NTA agarose (Qiagen). A mesma é equilibrada com tampão 10 mM de Imidazol e 0,1% de Triton X-100. A amostra do sobrenadante é aplicada na coluna, sendo coletado seu efluente para uma reaplicação. Nesta etapa, as caudas de histidinas fusionadas à enzima interagem com os íons bivalentes carregados positivamente da resina de níquel. A proteína é eluida através da aplicação de um gradiente crescente de imidazol.
  • 11. 10 A coluna é inicialmente lavada com gradiente de 10 mM, 25 mM, 50 mM e 100 mM de Imidazol, sempre contendo 0,1% de Triton X-100. Para verificar a pureza, utiliza-se gel eletroforético SDS-PAGE em 12% de poliacrilamida corada com Comassie Brilliant Blue. As frações contendo a proteína de interesse são concentradas utilizando o concentrador Ultrafree-10kDa (Millipore) e dialisadas com tampão 50 mM de Hepes, pH 7,2 e 150 mM NaCl a 4°C. Para a quantificação da concentração de proteína, é monitorada a presença de FMN na proteína através do método desenvolvido pelo aluno de doutorado Ricardo Augusto Pereira de Pádua do Laboratório de Cristalografia de Proteínas. O método se baseia na leitura da absorvância em um leitor automático de microplacas Elx808 a 450nm. A curva de calibração original é feita em triplicata usando nove concentrações diferentes de FMN – variando entre 1,52588 µM e 390,625 µM em poço de 300µL de solução. A partir da curva de calibração, a quantificação do FMN é realizada através da Lei de Lambert-Beer em que a sua concentração é diretamente proporcional a absorvância. A concentração da proteína é estimada considerando a equivalência estequiométrica de uma molécula de FMN para uma molécula de proteína. 4.3 Ensaio de inibição enzimática da enzima HsDHODH com potenciais inibidores Os ensaios de inibição enzimática foram realizados na presença de 32 compostos previamente selecionados por varredura in silico através da aplicação de técnicas de docagem realizada pelo doutorando Matheus Pinto Pinheiro para a inibição de diidroorotato desidrogenase de Trypanossoma cruzi. Os ensaios de atividade na presença dos compostos foram realizados através do monitoramento da formação de DCIPH2 a 600nm.A atividade enzimática da enzima DHODH é avaliada de forma indireta, conforme representado na figura 5, estequiometricamente equivalente à formação do produto da catálise. As medidas foram realizadas usando um leitor de microplacas Elx808. Os ensaios foram realizados de duas formas distintas. Em um primeiro, a proteína HsDHODH foi previamente incubada com cada um dos 32 compostos selecionados. A segunda estratégia, monitorou a capacidade inibitória dos compostos sem prévia incubação. A atividade enzimática na presença dos inibidores também foi realizada em quadruplicata.
  • 12. 11 Figura 5. Reações de oxidação-redução ocorridas durante o ensaio de atividade.
  • 13. 12 4.3.1 Ensaio de inibição utilizando incubação Os primeiros ensaios de inibição foram realizados utilizando a estratégia de incubar as moléculas com a proteína previamente aos ensaios de atividade. As soluções de proteína (a 0,25mg/mL) foram incubadas com a as moléculas (a 200µM) previamente diluídas em 100% de DMSO. Como controle da atividade enzimática na ausência de ligantes, a proteína foi também incubada com aproximadamente 5% de DMSO. Esse controle foi utilizado em quadruplicata antes e logo após as atividades enzimáticas com os inibidores, a fim de verificar alguma perda de atividade enzimática mesmo sem inibidor durante o experimento. As soluções foram incubadas por 16 horas a 20ºC. 4.3.2 Ensaio de inibição sem incubação Este ensaio preconizou utilizar as mesmas condições que o ensaio anterior, entretanto, sem incubar a proteína com inibidores. Para tanto, foram colocadas sob o leitor 1µL de proteína a 0,25mg/mL e uma solução homogeneizada (preparada no mesmo momento) contendo as mesmas condições finais do ensaio incubado, com 200µM de composto, 60µM DCIP, 100µM coenzima Q0, 500µM DHO, 50mM Tris pH 8,15, 150mM KCl e 0,1 % Triton X-100. Para referência, ao lugar do composto foi usado DMSO, tornando os reagentes sob as mesmas concentrações. A referência foi realizada também em quadruplicata antes e logo após a realização do experimento de inibição sem incubação para garantir que qualquer perda de atividade enzimática foi especificamente devido à presença dos ligantes. 4.4 Cristalização da proteína HsDHODH Os ensaios de cristalização da proteína HsDHODH tiveram como objetivo o aperfeiçoamento dos cristais já obtidos e apresentados no relatório parcial para que, ao identificar inibidores da enzima, pudessem ser utilizadas para estudos dos complexos proteína-ligante através de técnicas de difração de raios-X. Os ensaios anteriores, usando kits de cristalização comerciáveis Crystal ScreenTM e Crystal Screen 2TM (Hampton Research), PEG/Ion Screen TM (Hampton Research) e NeXtal Tubes MBClass Suite (Qiagen), sugeriram potenciais condições de cristalização. Nesta etapa, foram realizadas ensaios de cristalização com varredura em um amplo intervalo de condições.
  • 14. 13 Durante a varredura, diferentes condições foram testadas onde foram variadas: a concentração de sais, como fosfato de sódio e cloreto de sódio (entre 0 e 0,3 M), citrato de sódio e citrato de potássio (entre 0 e 0,5 M); a presença ou a ausência de diferentes soluções tampões, assim como o pH tamponante (entre 5 e 8); o tipo e a porcentagem de agente precipitante PEG 3350 (m/v), variou de 14% a 22%, ou PEG 4000 (m/v), que variou de 18% a 20%. As concentrações da proteína abrangeram valores entre 2 e 3,75 mg/mL estimado pelo monitoramento de FMN no leitor de microplacas Elx808 e 10mg/mL estimado pelo espectrofotômetro NanoDrop 200®. Abaixo, algumas representações de placas de cristalização testadas (figuras 6 a 11). 5,0 5,5 6,0 6,57 7,48 8,0 pH 14 % 16% 18% 20% PEG Figura 6. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas. Nestas condições em cada poço há dois componentes variáveis e um constante não representado. Neste ensaio em específico, em todas as condições havia 0,2 M de citrato de sódio ou 0,2 M de citrato de lítio. Para essas variações em cada coluna havia uma solução com p.H tamponante distinto e em cada linha uma porcentagem diferente de PEG 3350 (m/v). Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24 condições.
  • 15. 14 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 M 16 % 18% 20% 22% PEG Figura 7. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas. Nestas condições em cada poço há dois componentes variáveis. Nas colunas houve variação de concentração de aditivo, seja ele citrato de sódio, citrato de lítio ou citrato de potássio, e nas linhas houve variação de porcentagem de PEG 3350 (m/v). Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24 condições. 6,0 6,57 7,0 6,0 6,57 7,0 pH 18% 20% 18% 20% PEG 2 mg/mL 3,5mg/mL [proteína] Figura 8. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas. Nestas condições variou-se a porcentagem de PEG 3350 (m/v), o p.H tamponante e a concentração da proteína. Nas colunas houve variação de concentração de p.H e nas linhas variação de PEG. Em todas as condições havia 0,3 M de citrato de lítio. Além desses intervalos, foi variado a concentração de proteína, em que metade das condições possuíam 2mg/mL e outra metade 3,5mg/mL. Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 12 condições.
  • 16. 15 0,2 0,3 0,2 0,3 0,2 0,3 M C.L 16% 18% 20% 22% PEG 3,75 mg/mL 2,0 mg/mL 1,5 mg/mL [proteina] Figura 9. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas. Nestas condições variou-se a porcentagem de PEG 3350 (m/v), a concentração de citrato de lítio e a concentração da proteína. Nas colunas houve variação de concentração de citrato de lítio e nas linhas variação de PEG. Além desses intervalos, foi variado a concentração de proteína em 3,75mg/mL, 2,0mg/mL e 1,5mg/mL de proteína. Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24 condições. 0,2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 M NaCl 0 0,05 0,1 0,2 M Tris Figura 10. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas. Nestas condições variou-se a concentração de Tris-HCl p.H 8,5 e a concentração de cloreto de sódio. Nas colunas houve variação de concentração de cloreto de sódio e nas linhas variação de Tris-HCl. Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24 condições.
  • 17. 16 0,2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 M NaCl 0 0,05 0,1 0,15 M Figura 11. Representação uma placa de cristalização contendo um intervalo de condições testadas. Nestas condições variou-se a concentração de fosfato de sódio p.H 7,0 e a concentração de cloreto de sódio. Nas colunas houve variação de concentração de cloreto de sódio e nas linhas variação de fosfato de sódio. Desse modo, ao final da placa, houve um teste de 24 condições. Todos os ensaios foram realizados utilizando o método de difusão de vapor em gota sentada, com 500µL de solução de cristalização no reservatório, com gotas na proporção 2:2 e 1:2 (proteína : poço), mantidos à 22ºC.
  • 18. 17 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Purificação da enzima HsDHODH Amostras da proteína HsDHODH eluiram da coluna de Ni-NTA agarose (Qiagen) na presença de 250 mM de imidazol e 0,1% de Triton X-100. Experimentos em SDS-PAGE indicaram que o protocolo de purificação desenvolvido foi eficiente para isolar a enzima de interesse com alto grau de pureza (figura 12). Figura 12. SDS-PAGE (12% poliacrilamida). Padrão de massa molecular e perfil das eluições com 250 mM imidazol e 0,1% de Triton X-100. 5.2 Ensaio de inibição enzimática da enzima HsDHODH com potenciais inibidores Os ensaios de controle de atividade enzimática na presença de 5% de DMSO indicaram que a proteína se mostra estável durante todo o tempo de realização dos experimentos. A tabela 1 lista os resultados de inibição obtidos para os 32 compostos testados. 66kDa Padrão Molecular Eluições a 250 mM de Imidazol e 0,1% de Triton X-100 97kDa 45kDa 30kDa
  • 19. 18 Composto Com incubação Sem incubação Inibição Inibição LCPSA460 24,06 ± 1,35 -29,43 ± 4,61 LCPSA407 18,18 ± 1,72 24,57 ± 6,07 LCPSA278 27,20 ± 2,37 -1,31 ± 1,42 LCPSA252 14,94 ± 2,96 -8,44 ± 2,30 LCPSA624 48,00 ± 0,88 20,98 ± 1,32 LCPSP046 45,57 ± 0,98 29,92 ± 1,06 LCPSP026 49,09 ± 0,88 -5,19 ± 2,07 LCPSP002 44,33 ± 0,89 -16,21 ± 2,36 LCPSP726 34,25 ± 2,07 26,13 ± 1,27 LCPSP028 46,15 ± 2,10 10,28 ± 1,39 LCPSP063 43,93 ± 2,86 4,60 ± 1,48 LCPSP012 -12,70 ± 6,92 -23,67 ± 1,71 LCPSP008 26,38 ± 4,05 5,65 ± 1,93 LCPIB776 40,65 ± 1,57 24,77 ± 1,85 LCPIB604 16,38 ± 3,37 -2,54 ± 1,61 LCPIB316 -13,93 ± 3,62 -1,14 ± 3,60 LCPSP3026 46,98 ± 0,79 -36,58 ± 2,76 LCPSP3027 19,74 ± 2,89 23,08 ± 1,23 LCPVL900 29,75 ± 1,02 10,54 ± 1,76 LCPVL898 35,18 ± 2,19 -82,09 ± 4,46 LCPVL480 55,38 ± 0,72 -102,74 ± 5,02 LCPVL161 47,69 ± 0,84 -12,52 ± 8,11 LCPVL682 32,85 ± 1,77 -63,21 ± 2,70 LCPVL604 35,96 ± 2,88 -8,02 ± 1,80 LCPEN490 16,09 ± 1,68 -91,33 ± 6,79 LCPEN048 17,34 ± 1,58 -115,47 ± 8,13 LCPEN166 38,41 ± 0,93 -68,47 ± 2,65 LCPEN889 17,51 ± 1,85 -50,94 ± 3,95 LCPEN355 -0,22 ± 1,63 -8,84 ± 2,48 LCPEN572 -6,48 ± 2,35 -105,68 ± 5,52 LCPEN484 23,82 ± 3,80 -65,47 ± 2,80 LCPEN352 20,30 ± 2,40 -8,06 ± 1,63 Tabela 1. Porcentagem de inibição da proteína HsDHODH na presença de diferentes compostos após incubação e sem incubação Os resultados apresentados indicaram que existem diferenças importantes quando comparamos os experimentos realizados om incubação e sem incubação. Estes resultados são compatíveis com alguns resultados observados para a enzima TcDHODH, onde o tempo de incubação permite o ataque de moléculas pela enzima (resultados não publicados).
  • 20. 19 Outro resultado importante é a obtenção de potenciais ligantes com atividade inibitória significativa como LCPSA624, LCPSP046, LCPSP026, LCPSP002, LCPSP028, LCPSP063, LCPSP3026, LCPVL480 e LCPVP161 que apresentaram atividade inibitória acima de 40%. Estudos estruturais a fim de avaliar o mecanismo de inibição da enzima serão realizados. 5.3 Cristalização da proteína HsDHODH Os ensaios de aperfeiçoamento dos cristais resultaram na obtenção de cristais maiores e com menores imperfeições. As quatro melhores condições de apresentação continham: 0,2M de citrato de lítio, 18% PEG 3350 (m/v), solução tampão Mês pH 6,57 com 3,75mg/mL de proteína em gota 2:2 (proteína : poço) (figura 13), 0,2M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v) com 10mg/mL de proteína em gota 1:2 (proteína : poço) (figura 14), 0,3M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v) com 10mg/mL de proteína em gota 1:2 (proteína : poço) (figura 15), 0,3M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v) com 10mg/mL de proteína em gota 2:2 (proteína : poço) (figura 16). Durante esse processo, verificou-se que a maioria das gotas, após um grande período de difusão de vapor, apresentou formação de gotículas, onde o cristal se formava, enquanto que ao redor da gotícula a proteína acabava precipitando. Provavelmente, o fato ocorria devido à presença de Triton X-100, que apesar de não estar contido na solução de diálise, permanecia em solução junto à proteína, já que esta possui uma cadeia hidrofóbica para inserção na membrana plasmática. Figura 13. Cristais de HsDHODH na presença de 0,2M de citrato de lítio, 18% PEG 3350 (m/v), solução tampão Mês pH 6,57, gota 2:2 (proteína : poço).
  • 21. 20 Figura 14. Cristais de HsDHODH na presença de 0,2M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v), gota 1:2 (proteína : poço). Figura 15. Cristais de HsDHODH na presença de 0,3M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v), gota 1:2 (proteína : poço).
  • 22. 21 Figura 16. Cristais de HsDHODH na presença de 0,3M de citrato de sódio, 16% PEG 3350 (m/v), gota 2:2 (proteína : poço). Alguns cristais foram submetidos à coleta de dados na fonte de radiação Síncrotron no LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), Campinas, MX-I. A baixa qualidade no poder de difração indica a necessidade de uma melhor varredura nas condições de cristalização. Estes ensaios já se encontram em andamento. 6. CONCLUSÃO Durante o período de desenvolvimento do projeto (fevereiro de 2011 a julho de 2011), os trabalhos foram focados nos testes de inibição enzimática da enzima HsDHODH e no desenvolvimento de condições de cristalização melhores para a mesma enzima. Os compostos escolhidos para o teste de inibição foram baseados em varredura in silico (“screening virtual”) de coleção de ligantes pelo aluno de doutorado Matheus Pinto Pinheiro junto ao Laboratório de Cristalografia de Proteínas de Ribeirão Preto (LCL-RP) como mencionado no projeto de pesquisa. Os protocolos de expressão e purificação da enzima diidroorotato desidrogenase humana continuaram a ser reproduzidos com sucesso. Os ensaios de cristalização foram aperfeiçoados, mas a baixa qualidade dos dados de difração indicou que novas varreduras deverão ser realizadas. 7. DIFICULDADES ENCONTRADAS Uma dificuldade encontrada foi a conciliação do tempo para a realização do experimento com as atividades escolares como já mencionado no relatório anterior
  • 23. 22 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHELESKI, J.; WIGGERS, H. J.; CITADINI, A. P.; COSTA-FILHO, A. J.; NONATO, M. C.; MONTANARI, C. A. Kinetic mechanism and catalysis of Trypanossoma cruzi dihydroorotate dehydrogenase enzyme evaluated by isothermal titration calorimetry. Analythical Biochemistry, v.399, p.13-22, 2010. CHEN, J.; JONES, M.; The cellular location of dihydroorotate dehydrogenase: relationships to de novo biosynthesis of pyrimidines. Archives of Biochemistry and Biophysics, v.176, p.82-90, 1976. COPELAND, R. A.; DAVIS, J. P.; DOWLING, R. L.; LOMBARDO, D.; MURPHY, K. B.; PATTERSON, T. A. Recombinant Human Dihydroorotate Dehydrogenase: Expression, Purification, and Characterization of a Catalytically Functional Truncated Enzyme. Archives of Biochemistry and Biophysics, v.323(1), p.79-86, 1995. CORDEIRO, A.T.; FELICIANO, P.R.; NONATO, M.C. Crystallization and preliminary X- ray diffraction analysis of Leishmania major dihydroorotate dehydrogenase. Acta Crystallographica Section F, v.62(10), p.1049-1051, 2006. DAHM, Ralf. Friedrich Miescher and the discovery of DNA. Developmental Biology, v.278, p.274-288, 2004. LIU, S.; NEIDHARDT, E. A.; GROSSMAN, T. H.; OCAIN, T.; CLARDY, J. Structures of human dihydroorotate dihydrogenase in complex with antiproliferative agents. Structure, v.8, p.25-33, 1999. LÖFFLER, M.; JÖCKEL, J.; SCHUSTER, G.; BECKER, C. Dihydroorotat-ubiquinone oxireductase links mitochondria in the biosynthesis of pyrimidine nucleotides. Molecular and Cellular Biochemistry, v.174, p.125-129, 1997. NELSON, D. L.; COX, M. M. Principles of Biochemistry. Third edition. New York: Worth Publishers, 2000, p.243. NELSON, D. L,; COX, M. M. Principles of Biochemistry. Fifth edition. New York: W. H. Freeman and Company, 2008. ISBN 13:978-0-7167-7108-1. PINHEIRO, M. P.; IULEK, J.; NONATO, M. C. Crystal structure of Trypanossoma cruzi dihydroorotate dehydrogenase from Y strain. Biochemical and Biophysical Research Communications, v. 369(3), p.812-817, 2008. PINHEIRO, Matheus Pinto. Estudos cristalográficos da enzima diidroorotato desidrogenase de Trypanossoma cruzi. Ribeirão Preto. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, 2008. RAWLS, J.; KNECHT, W.; DIEKERT, K.; LILL, R.; LÖFFLER, M. Requirements for the mitochondrial import and localization of dihydroorotate dehydrogenase. European Journal of Biochmistry, v.267, p.2079-2087, 2000.
  • 24. 23 SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Guia de vigilância epidemiológica. Mato Grosso do Sul. Caderno 10, p.1-11. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gve_7ed_web_atual_doenca_de_chaga s.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2010. TAKASHIMA, E.; INAOKA, D. K.; OSANAL, A.; NARA, T.; ODAKA, M.; AOKI, T.; INAKA, K.; HARADA, S.; KITA, K. Characterization of the dihydroorotate dehydrogenase as a soluble fumarate reductase in Trypanossoma cruzi. Molecular and Biochemical Parasitology, v.122(2), p.189-200, 2002. WALSE, B.; DUFE, V. T.; SVENSSON, B.; FRITZSON, I.; DAHLBERG, L.; KHAIROULLINA, A.; WELLMAR, U.; AL-KARANDAGHI, S. The structures of human dihydroorotate dehydrogenase with and without inhibitor reveal conformational flexibility in the inhibitor and substrate binding sites. Biochemistry, v.47, p.8929-8936, 2008. WORLD HEALTH ORGANIZATION: Chagas disease (American trypanosomiasis). Ficha Nº 340, Junho 2010. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs340/en/index.html>. Acesso em: 21 ago. 2011.