2. Caracterização Física do Brasil
Ecossistema: é o conjunto de seres vivos e de fatores ambientais de determinada área
que interagem em equilíbrio, realizando trocas de energia e de matéria;
Biomas: são ecossistemas que atingiram o grau máximo de adaptação às condições
ambientais de uma área;
Diversidade e semelhanças da paisagem natural: elementos definidores
A primeira dificuldade quando se pretende dividir um território em paisagens
naturais é que os limites dos seus elementos em geral não coincidem.
Domínio: conjunto natural em que há interação entre os elementos e um deles –
relevo,clima ou vegetação – é determinante.
Domínios Morfoclimáticos (morfo =forma (relevo); climático=clima) Ou
paisagem natural - importância dessas variáveis na formação de cada conjunto.
Podemos entender domínio morfoclimático como “um conjunto espacial de certa
ordem de grandeza territorial, de centenas de milhares a milhões de Km2 de área, onde
existam semelhanças de formas de relevo, tipos de solos, formações vegetais e condições
climático-hidrológicas (AB’SABER: 1975).”
3. OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS apresentam áreas homogêneas centrais
(áreas core) com extensas faixas de transição entre si, nas quais se distribuem
formações vegetais mistas.
“Os domínios morfoclimáticos brasileiros não apresentam uma distribuição zonal. O
que define cada um deles é um conjunto de variáveis semelhantes cuja distribuição
pode ser azonal”.Pelo conceito de Ab’Saber, um domínio tem dimensão temporal, isto
é, não depende apenas do clima atual, como também, dos “efeitos acumulados dos
climas do passado”.
DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL
CONTI e FURLAN (1995) - essa classificação associa a
FITOGEOGRAFIA DO BRASIL:
1 OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS E FITOGEOGRAFIA DO BRASIL:
1.1 AS TERRAS BAIXAS FLORESTADAS DA AMAZÔNIA
1.2 AS FLORESTAS COSTEIRAS
1.3 AS DEPRESSÕES INTERPLANÁLTICAS E SEMI-ÁRIDAS DO NORDESTE ( Caatinga,
Agreste e Campos Secos)
1.4 CHAPADÕES COBERTOS POR CERRADOS E PENETRADOS POR FLORESTAS DE
GALERIA
1.5 PLANALTOS DE ARAUCÁRIA E MATA SUBTROPICAL
1.6 REGIÃO GAÚCHA DE COXILHAS E PRADARIAS MISTAS
1.7 PANTANAL MATOGROSSENSE
4. 1- AS TERRAS BAIXAS FLORESTADAS DA AMAZÔNIA
A Amazônia representa a maior extensão de florestas tropicais-úmidas contínuas do
mundo e já se tornou centro de atenção dos ambientalistas desde o século passado.
A Amazônia é uma grande bacia hidrográfica que se estende da cordilheira andina e
avança por todo o norte do Brasil e se constitui num mosaico de formações vegetais.
Ela se formou a 420 milhões de anos, na era paleozóica. O clima da Amazônia é quente e
as temperaturas são regulares durante o dia e o ano todo. Não há variação climáticas por
altitude(exceção à região andina). As precipitações são levadas favorecendo a pujança da
vegetação amazônica.
Área zonal ao longo do Equador, ampliando do lado ocidental;
- Área de mais de 2 milhões de Km2.
Drenagem: “traço que caracteriza esse domínio”
- rio em variedade de águas perenes, com rios negros, brancos e de águas cristalinas;
- complexa rede de canais, lagos e lagunas que drenam dos Andes, das Guianas e do Brasil
Central
Formas de relevo:
- tabuleiros
- morros baixos em formas de meia laranja (mamelonares) nas áreas onde afloram os
terraços cristalinos;
- terraços com cascalhos e formação de laterita.
5. Compreende as planícies inundavéis da Amazônia, que
divide-se:
a) TERRA FIRME
- ocupam as terras mais altas, em 90% do total da bacia
amazônica, as árvores são altas (60-65m), carregadas de
cipós, compactas, perinifólias e higrófilas.
- nas copas formam um dossel que retém 95% dos raios de
sol,
- exemplos: castanha-do-pará, cedro, palmeiras, acapu,
etc;
- no meio da floresta aparecem campos e a
“caatinga”amazônica, próximos a Boa Vista, e no Amapá as
campinaranas (gramíneas)
6. Matas de Terra Firme
Situadas em terras altas, distantes dos rios, sujeitas a
alterações. São formadas por árvores alongadas e finas,
apresentando espécies como a castanha-do-pará, o
cacaueiro e as palmeiras. Possuem grande quantidade de
espécies de madeira de alto valor econômico.
8. Emergentes: árvores mais altas adaptadas a
maiores intensidades luminosas.
(30m a 50 m de altura)
9. Dossel (abóbada): maioria das árvores altas, com
grande epifitismo (lianas, orquídeas, bromélias e
samambaias).
(25 m a 30m de altura)
10. • b) VÁRZEAS:
• - cobrem 55 mil Km2, sobre terrenos
periodicamente alagados, sendo a
composição da vegetação de acordo com
a duração do período;
• - são árvores de grande porte, como a
seringueira, entre outras;
• - várias plantas são utilizadas para
produzir a borracha
11. Matas de Várzea: são próprias das áreas
periodicamente inundadas pelas cheias dos rios.
Apresentam maior variedade de espécies. É o habitat
da seringueira e das palmáceas.
12. • c) MATA DE IGAPÓ:
• - de solos alagados, terrenos baixos próximos
aos rios;
• - os solos e a água dos igapós são ácidos;
• - sua vegetação permanece verde, árvores de
até 20m de altura;
• - as mais típicas: taxi, o arapati e a mamorana
• - sobre as águas aparecem flutuando as folhas
da vitória-régia, que pode atingir até 40 m de
diâmetro;
• quando secam dão origem as praias arenosas.
13. Matas de Igapós: situam-se em áreas baixas,
próximas ao leito dos rios, permanecendo inundadas
durante quase o ano todo. As árvores são altas, com
raízes adaptadas às regiões alagadas. A vitória-régia
é muito comum nestas matas.
14. 2 - AS FLORESTAS COSTEIRAS (MATA ATLÂNTICA)
Esse domínio corresponde ao Domínio dos “mares de morros”florestados de Aziz Ab’Saber
(1975).
Características:
- predomínio de rochas magmáticas e matamórficas derivadas do granito, como o gnaisse,
que sofrem a atuação do clima tropical (quente e bastante úmido), tomando formas de
morros arredondados que se assemelham a meias-laranjas.
- onde houve o derrame de lavas basálticas, tem-se solo de terra roxa;
Essas florestas ocorriam ao longo das costas brasileiras acompanhando as
montanhas desde o Nordeste (RN) até o RS, adentrando pelo interior da Bahia, MG e SP.
A devastação das matas pela ocupação humana, deixou restringida sua área à
região das serras do Mar e da Mantiqueira, no SE do Brasil.
De cerca de 1,1 milhão de km2; hoje não chega a 5% desse total.
Foram substituídas pela cana-de-açucar no NE, e café no Sul.
Também pela urbanização e industrialização, que exigiram a extração de madeiras
de extensas áreas.
Hoje a floresta sede lugar ao turismo predatório, principalmente nas planícies
litorâneas, onde além das matas de baixadas também vêm sendo destruídas as restingas e
os manguezais (ecossistemas associados à Mata Atlântica).
15. Características da Mata Atlântica:
-ventos carregados de umidade são barrados na zona orográfica costeira, favorecendo as
precipitações, sendo na região sudeste onde ocorre a maior pluviosidade do Brasil;
-apesar da devastação, possui a maior biodiversidade por hectare entre as florestas
tropicais, pois a distribuição azonal e em altitudes variáveis favorece a diversificação das
espécies;
- grande quantidade de matéria orgânica que se decompõe sobre o solo, fertilizando a
vegetação.Ex: canelas, jequitibás, cedros, ipês, etc.
20. 3 - AS DEPRESSÕES INTERPLANÁLTICAS E SEMI-ÁRIDAS DO
NORDESTE ( Caatinga, Agreste e Campos Secos)
São matas secas, abertas, deciduais, que se desenvolvem em clima cuja
estação de chuvas é bem marcada e o volume atual está abaixo de 700mm. Mas a falta
de água não é constante em toda a região.
As caatingas são um mosaico de vegetações, formando uma diagonal que
separa a floresta tropical da Amazônia a noroeste e a Mata Atlântica a leste. A baixa
pluviosidade, está associada aos fortes ventos alísios, que não trazem umidade para a
região, influenciando na forte evaporação.
A Caatinga
A vegetação da Caatinga é uma mata seca adaptada ao clima seco. São
plantas xeromórficas, possuem tecidos para reter a água.
Possui várias espécies e se dá sobre solos férteis (litossolos).
Podemos distinguir a caatinga de mata seca e de campos:
Exemplos: juazeiro, palmeira, angico, etc
21.
22.
23. Cereus jamacuru - Mandacaru, cardeiro - Cactácea
Vegetação xerofítica, caducifoliar, aciculifoliada e aberta, bem
adaptada para suportar a falta de água.
24. Visão da Caatinga na Época de Estiagem
Adaptações vegetais:
Folhas finas ou inexistentes.
Armazenamento de água, como os cactos
Outras possuem raízes praticamente na superfície do solo para
absorver o máximo da chuva.
26. O Agreste :
O Agreste transita para matas pluviais costeiras de elevações
nos sopés dos morros.
De matas poucos densas, o Agreste possui árvores e folhas
grandes, que ocorrem sobre solos pedregosos e arenosos, com pouco
desenvolvimento de húmus. São bosques com árvores tortuosas que
não formam dossel. O Agreste também perde a folhagem durante a seca
Vegetação de Campos Secos das Chapadas
As chapadas se estendem por grandes áreas da região das
Caatingas. São planaltos de grandes extensões de campos xeromórficos,
predominando os arbustos e as herbáceas. As gramíneas recobrem o
solo pedregoso. As cactáceas estão presentes e a região em que elas
predominam é o Sertão do Seridó.
27.
28.
29.
30. 4 - CHAPADÕES COBERTOS POR CERRADOS E PENETRADOS POR FLORESTAS
DE GALERIA
Formas de relevo:
- ocupam terrenos planos ou levemente convexizados do Brasil Central, com algumas
ocorências isoladas na Amazônia, em São Paulo e Minas Gerais.
-a drenagem influencia muito na topografia, onde os rios são ladeados pela mata de
galeria.
Características do Cerrado:
- os arbóreos são árvores tortuosas e espaçadas, com troncos de cortiça espessa e
folhagem coriácea e pilosa.
- apesar do aspecto xeromórfico, no cerrado não há escassez de água durante o ano;
- os cerrados brasileiros, em relação as savanas africanas são úmidos apesar da
sazonalidade da umidade.
- as estações chuvosas e secas são bem marcadas, e as precipitações anuais estão
acima de 1 000mm;
- as espécies são adaptadas para retirar água no subsolo, com raízes que atingem mais
de 15 metros;
- Os solos dos cerrados são, naturalmente, pobres em nutrientes, devido a sua origem
associada a depósitos sedimentares antigos, que vêm sofrendo pedogênese há milhares
de anos.
Os cerrados do Brasil ocorrem em solos fracos em nutrientes e com altas concentrações
de alumínio, tóxico para as espécies agrícolas.
31.
32. 5 - PLANALTOS DE ARAUCÁRIA E MATA SUBTROPICAL
Compreendem as terras altas dos planaltos e serras do sul do Brasil, nos Estados
do RJ, RS, SC, PR e SP, dos remanescentes de floresta de coníferas do Brasil: as florestas de
Araucárias.
Coincide com o setor do Planalto Meridional brasileiro.
São planaltos de altitudes médias entre 800 e 1 300m, revestidos por bosques de
Araucárias de diferentes densidades e dimensões, incluindo mosaicos de pradarias mistas;
As matas de Araucárias ocorrem em transição com as matas subtropicais nas
regiões mais baixas do relevo.
Características da floresta:
- As florestas de Araucárias ocorrem em solos férteis, sob climas de temperaturas moderadas
a baixas no inverno (17 e 19ºC), dependendo d atuação das massas de ar polares, pode
haver geadas e queda de neve no inverno. Mas são matas de climas úmidos, a precipitação
sempre está acima de 1400mm anuais;
- O limite inferior do bosque está a 500-600m de altitude, no sul do País, na serra da
Mantiqueira acima de 1 200m.
33.
34. 6- REGIÃO GAÚCHA DE COXILHAS E PRADARIAS MISTAS
O Brasil possui várias extensões de campos que se diferem pelo tipo de solo, clima e
relevo. No entanto a maior extensão ocorre no Rio grande do Sul.
Ocupam a porção sudoeste do Rio Grande do Sul, são os campos naturais de
gramíneas do interior e formações herbáceas, com extensos banhados ao redor de lagos e
lagunas na região costeira.
O domínio morfoclimático das pradarias mistas abrange terrenos sedimentares de
diferentes idades, terrenos basálticos e pequenos setores de metamórficas inseridas no
Escudo Uruguaio- Sul-riograndense (Serras de Sudeste)
O relevo caracteriza-se por apresentar formas tubulares, levemente onduladas, em
forma de colinas denominadas de coxilhas.
O clima predominante é o subtropical, com chuvas bem distribuídas durante o ano
todo, assemelhando-se aos Planaltos.
A vegetação são de campos, onde dominam as herbáceas.É a continuação dos
campos que ocorrem na Argentina e no Uruguai. Também conhecida como Campanha Gaúcha
ou Pampa Gaúcho.
A rede de drenagem é pequena e de modo geral é meândrica pela pouca
declividade. Os rios pertencem a bacia do rio Uruguai.
Os solos são pouco férteis, que para o cultivo exige adubação.
Aparecem em determinados trecho paisagens típicas de regiões desérticas,
intensificadas pelas atividades agropecuárias e as ventos frios constantes.
Predominam as atividades criatórias de gado e nas grandes propriedades - as
estâncias.Atualmente é uma área muito devastada, aparecendo alguns bosques nas nascentes
dos rios.
35.
36. 7- PANTANAL MATOGROSSENSE
No Brasil, correspondem às planícies sedimentares inundáveis da depressão da
bacia hidrográfica do rio Paraguai.
São terrenos muito baixos que se estendem pelo Chaco paraguaio e se prolongam
pelas planícies pampianas da América do Sul.
A depressão do Pantanal formou-se, provavelmente, após a separação da antiga
Gonwana e o soerguimento dos Andes, dando origem a bacia do rio Paraguai.
Os pantanais ocorrem em clima tropical com temperatura elevadas e estação seca
prolongada (mais quente novembro - dezembro)
Florestas, cerrados, campinas higrófilas ocorrem em mosaicos habitados pela mais
rica avifauna do planeta. É o paraíso faunístico da América do Sul.
37.
38. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da caracterização dos domínios morfoclimáticos brasileiros, podemos
perceber sua relação com as grandes unidades de paisagem.
Cada domínio morfoclimático possui uma característica mais marcante, no caso do
Brasil é a fitogeografia vinculada fortemente a morfologia e ao clima.
Dessa forma, não podemos deixar de associar as feições fisiográficas e
ecológicas, que formam o conjunto morfoclimático, sua natureza, suas vinculações
genéticas e suas implicações sócio-econômicas e regionais.
A combinação da estrutura geológica, da ação fluvial e da ação climática resultam
nas formas de relevo. Estes fatores, agiram de forma diferente, em se tratando da história
geológica da Terra, chegando a um equilíbrio, que permitiu a ocorrência da vida do nosso
planeta.
O clima atual não é o mesmo do passado, a sua ocorrência em outras épocas
deixaram vestígios que estão presentes na superfície da terra.
A ação do clima e do relevo combinados, em determinadas regiões pode ser
denominados de PROCESSOS MORFOCLIMÁTICOS ou DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS.
Assim, os DOMÍNIOS CLIMÁTICOS associados aos processos morfogenéticos
classificam as regiões da Terra em DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS, que são famílias de
formas de relevo associadas ao clima.
Os elementos climáticos possuem papel importante sobre os processos
morfogenéticos, ou seja, fazem parte da gênese, da estruturação e da e esculturação do
relevo terrestre.
A exploração irracional do ambiente preocupa os cientistas de todas as áreas. É
necessário conhecer o ambientes físico, saber como eles funcionam e se organizam, para
explorá-los de uma forma sustentável.