O documento discute sinais de uma possível mudança na política econômica europeia em direção a menos austeridade. O autor aponta como evidência o fracasso dos programas de ajuste na Grécia e Portugal, a rejeição da austeridade na Itália, e o reconhecimento de erros nas instituições que apoiaram os programas de ajuste.
Sinais apontam para mudança na política económica europeia
1. OPINIÃO Sinais de viragem
João Ferreira do Amaral
Economista
Estaremos em vésperas de uma viragem na políti- ções (coisa que seria impensável há uns tempos
ca económica europeia? atrás) são bem um indício de como já quase nin-
É cedo para o poder dizer, mas avolumam-se os guém alimenta ilusões sobre as supostas virtudes
sinais nesse sentido. destes programas.
Recordemos alguns deles. Mas temos sinais ainda mais claros. Quando ve-
Depois da Grécia, é Portugal que se vai tornando, mos que na Itália - que nem sequer está sujeita
dia a dia, mais um caso de insucesso dos progra- a um programa de “auxílio” financeiro e onde
mas de ajustamento congemina- portanto a austeridade é muito
dos pela Comissão Europeia com Parece-me que menos intensa do que aquela que
PÁG. a cumplicidade do FMI. É cada
estamos próximo do
vigora na Grécia e em Portugal
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vez mais evidente que estas duas - mesmo assim 90% dos eleitores
instituições cometeram um erro fim do desastrado rejeitam a política de austerida-
gravíssimo ao pensar que um pro- domínio dos fanáticos de moderada de Monti então o
grama de ajustamento em países da austeridade caso torna-se muito mais sério. É
que não têm moeda própria era a terceira economia da Zona Euro
o mesmo que um programa de que diz não ao mesmo tempo que
ajustamento num país que dispõe da sua moeda. a segunda, ou seja a França, anuncia grandes di-
Erro gravíssimo porque lançou na miséria milhões ficuldades em atingir os objectivos de défice or-
de pessoas e que põe inclusivamente em causa a çamental.
sustentabilidade de estados respeitáveis e, antes Talvez esteja a ser demasiado optimista, mas
dos programas, sólidos. Aliás - outro sintoma de parece-me que estamos próximo do fim do desas-
fim de um paradigma -, as vozes dissonantes que trado domínio dos fanáticos da austeridade. Não
se têm feito ouvir dentro dessas mesmas institui- deixarão saudades.
RTP
Nuno Santos sente-se ilibado “de forma inequívoca”
O antigo director de Informação da RTP Nuno Santos cia destes materiais jornalísticos a terceiros, com ex-
afirma que a deliberação da Entidade Reguladora para cepção dos casos previstos na lei de forma a manter
a Comunicação Social (ERC) o iliba “de forma inequívo- a sua credibilidade”, enquanto órgão de comunicação
ca” no caso das imagens visionadas pela PSP. social.
“Saúdo o facto da ERC ter produzido um documento A ERC deliberou também verificar que o acesso da PSP
independente, de grande qualidade, consistente e com às imagens “foi propiciado pela ausência de normas
uma visão aprofundada dos acontecimentos e do seu internas que, assegurando as especificidades dos ma-
contexto”, disse Nuno Santos, à agência Lusa. teriais jornalísticos, convencionem e cristalizem as
A deliberação, “contrariando o ‘inquérito’ interno da práticas, tornando-as verdadeiramente universais e
RTP, iliba-me de forma inequívoca, enfatizando o meu inquestionáveis para todos aqueles que lidam com as
entendimento sobre o acesso a ‘brutos’, que era co- fontes documentais em causa, jornalistas e não jorna-
nhecido”, argumenta. listas”.
Para Nuno Santos, o documento do regulador “é um
texto muito importante para o futuro porque obriga a
empresa a criar regras e deixa claro onde está o poder
editorial e onde não deve chegar a intervenção do con-
selho de administração”.
A ERC recomenda à RTP que crie normas “que norteiam
o acesso de entidades externas a imagens e sons” que
não tenham sido emitidos, no âmbito da deliberação
sobre o caso do visionamento das imagens em bruto da
manifestação de 14 de Novembro de 2012.
O objectivo desta deliberação é “uniformizar as prá-
RR
ticas internas, valorizando o princípio de não cedên-
r/com renascença comunicação multimédia, 2013