O Papa Francisco agradeceu a visita que fez ao Rio de Janeiro e conversou com o presidente brasileiro. Ele também incentivou os jovens a levar o evangelho a todos os lugares sem medo. Na missa, Francisco pediu aos cristãos para servirem a Deus e levarem a fé a todos.
1. agradeceu a visita de Francisco ao Rio de Janeiro.
Quando acabou de falar o Papa dirigiu-se a ele e
trocaram cumprimentos. Depois foi a vez de uma
jovem polaca agradecer o facto da próxima JMJ, a
realizar em 2016, ter por palco a cidade de Cracó-
via. “Esperamos voltar a encontrarmo-nos com Sua
Santidade no nosso país”, disse a voluntária.
“Sigam em frente e não tenham medo”
Na homilia da missa de domingo, em Copacabana,
Francisco insistiu no apelo à evangelização, exor-
tando: “Ide, sem medo, para servir”.
“O Evangelho é para todos e não apenas para alguns.
Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os
ambientes, até as periferias existenciais”, disse o
Papa, mais à frente, sublinhando: “Jesus Cristo con-
ta convosco. A Igreja conta convosco. O Papa conta
convosco”.
Francisco lembrou, depois, que “para onde Jesus nos
manda, não há fronteiras nem limites”, pelo que “o
Evangelho é para todos e não apenas para alguns”.
“Aqui, no Rio, puderam ter a bela experiência de
encontrar Jesus e de encontrá-lo juntos, sentindo
a alegria da fé. Mas esta experiência não deve fi-
car trancada em vocês ou no pequeno grupo da vos-
sa paróquia, do movimento, da comunidade. A fé
é uma chama que se torna tanto mais viva quanto
mais partilhada”, explicou.
Dirigindo-se aos movimentos cristãos juvenis, o Papa
deixou um agradecimento e um incentivo: “Que-
ro agradecer aos grupos juvenis e movimentos que
acompanham os jovens na Igreja. Tão criativos e tão
audazes. Sigam em frente e não tenham medo”.
“Que Maria, mãe de Jesus e nossa, vos acompanhe
sempre com ternura”, desejou, ainda, Francisco.
“Cristãos de fachada” e “cristãos autênticos”
Na véspera, sábado, foi com várias alusões ao mun-
do do futebol que o Papa se dirigiu aos mais de três
milhões de pessoas que se juntaram na praia de
Copacabana para o ouvir, durante a vigília da JMJ.
Francisco apelou à intervenção activa dos jovens na
construção da Igreja e da mudança para um mundo
melhor.
“Querem construir a Igreja? Animem-se!”, afirmou,
pedindo ao público que respondesse mais alto. “So-
mos parte da Igreja”, disse depois.
“Não sejam cristãos de fachada, sejam cristãos au-
tênticos. Eu sei que vocês não querem ser cristãos
de fachada”, afirmou, prosseguindo: Jesus “pede-
nos que joguemos na equipa dele”.
“Eu sei que aqui, no Brasil, o futebol é a paixão na-
cional. O que faz o jogador quando é chamado para
fazer parte de uma equipa? Treina muito. Assim, é
também na nossa vida, na dos discípulos do Senhor.
Os atletas se privam de tudo. Jesus nos oferece algo
muito maior que a Copa do Mundo”, defendeu.
“Rapazes e raparigas, não se colem à vitória, parti-
cipem na construção de um mundo melhor, de fra-
ternidade. Vão sempre na dianteira”, apelou, de-
pois.
“A Igreja de Jesus é de pedras vivas, que somos todos
nós. Cada pedacito vivo tem de cuidar da segurança
da Igreja e não construir uma pequena capela,
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r/com renascença comunicação multimédia, 2013
O Papa garantiu que nunca sente
medo pela sua segurança nem quan-
do, como aconteceu na sua chegada
ao Rio de Janeiro, se viu cercado
pela multidão.
Numa entrevista concedida à Rede
Globo, na despedida do Brasil, Fran-
cisco mostrou-se agradecido a todos
os que trabalham para o proteger,
mas disse que não consegue agir de
outra maneira.
“Eu não sinto medo. Sou inconscien-
te, não tenho medo. Sei que ninguém
morre de véspera. Quando for a mi-
nha vez, o que Deus permitir, será”,
afirmou.
“Antes de viajar, fui ver o papamó-
vel, que seria trazido para cá. Tinha
vidros a toda a volta. Quando vai visi-
tar amigos, alguém a quem ama, com
quem quer comunicar, fá-lo dentro
de uma caixa de vidro? Não podia vir
ver este povo, que tem um grande
coração, dentro de uma caixa de vi-
dro”, explica o Papa.
Na chegada ao Rio, um erro levou o
seu carro a entrar na via errada e a
ficar preso no trânsito, sendo com-
pletamente cercado pela multidão.
Apesar da evidente preocupação
dos seguranças, o Papa nunca subiu
o vidro da janela, explicando, ago-
ra: “Nesse carro, quando ia na rua,
baixo o vidro, para poder apertar a
mão às pessoas. Ou tudo ou nada. Ou
se faz a viagem como deve ser, com
comunicação humana, ou não se faz.
Comunicação pela metade não faz
bem”.
O Papa fez questão de agradecer à
segurança do Vaticano e à do Brasil,
reconhecendo que é possível que ve-
nha a sofrer consequências pela sua
vontade de estar tão próximo das
pessoas: “Agradeço e, neste ponto,
tenho de ser muito claro, à seguran-
ça do Vaticano, ao seu zelo. E agra-
deço à segurança do Brasil. Agradeço
muitíssimo, porque aqui também es-
tão a ter todo o cuidado comigo, ao
evitar que haja algo de desagradável.
Que pode acontecer. Pode acontecer
alguém me dar um murro, pode acon-
tecer”.
“As duas seguranças trabalharam
muito bem, mas ambas sabem que
sou um indisciplinado, não por ser
um ‘enfant terrible’, mas, simples-
mente, porque venho visitar gente e
quero trata-la como gente, tocá-la”,
reforçou Francisco.
A questão voltou a ser abordada du-
rante a viagem de regresso a Roma.
No avião, Francisco falou com os jor-
nalistas e disse que, em Roma, chega,
por vezes, a sentir-se como que numa
gaiola: “Quantas vezes tive vontade
de andar nas ruas de Roma, porque,
em Buenos Aires, gostava de andar na
rua. Gostava muito. Por isso, sinto-
me um pouco engaiolado” .
Francisco brincou, dizendo que os
seus seguranças já o deixam andar
mais um pouco mais solto, mas con-
cluiu com um reconhecimento da sua
realidade: “O que eu gostava era de
andar nas ruas, mas compreendo que
isso não é possível”.
Francisco não teve medo durante falhas de segurança