As agressões provocadas por morcegos em humanos são consideradas de alto risco, desta feita são indicados para a exposição ao vírus da raiva por esta espécie, segundo Normas Técnicas do Ministério da Saúde, o tratamento antirrábico com soro mais vacinação. Segundo avaliação realizada com fichas de atendimento antirrábico humano do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, no período de 2000 a 2015 no Estado do Pará, foram registradas 23.448 notificações por agressões de morcegos, as quais representam 5,16% das notificações por agressões animais a humanos, sendo superadas somente por notificações de agressões por cães 358.151 (78,84%), seguidos de felino 48.689 (10,72%)
Agressões de morcegos e tratamento antirrábico no Pará
1. As agressões provocadas por morcegos em humanos são
consideradas de alto risco, desta feita são indicados para a
exposição ao vírus da raiva por esta espécie, segundo Normas
Técnicas do Ministério da Saúde, o tratamento antirrábico com
soro mais vacinação. Segundo avaliação realizada com fichas de
atendimento antirrábico humano do Sistema de Informação de
Agravos de Notificação – SINAN, no período de 2000 a 2015 no
Estado do Pará, foram registradas 23.448 notificações por
agressões de morcegos, as quais representam 5,16% das
notificações por agressões animais a humanos, sendo superadas
somente por notificações de agressões por cães 358.151
(78,84%), seguidos de felino 48.689 (10,72%) (Gráfico 1).
No período, observou-se que dos 144 municípios do estado,
apenas Faro, Brejo Grande do Araguaia e Sapucaia, ou seja,
2,08% não registram atendimento antirrábico provocado por
agressão de morcegos, apesar de seus municípios circunvizinhos
apresentarem notificações, sendo Anapu o único que registrou
agressões a partir do ano 2000. Das 23.448 notificações por
agressões de morcegos, foram registradas 24.502 agressões, dos
quais mãos e/ou pés (Figura 1) apresentam o local de ferimento
de maior frequência com 57,02% (13.971), seguidos de
cabeça/pescoço 18,83% (4.614), membros inferiores 14,30%
(3.503), membros superiores 6,33% (1.551), tronco 1,98% (486) e
mucosa 1,54% (377) (Gráfico 2).
A frequência de agressões que condicionaram em ferimentos
profundos representou 52,60% (10.685), superficial 44,70%
(9.080) e dilacerante 2,69% (547). Quanto ao ferimento único
61,76% (14.474), Múltiplo 25,15% (5.897), sem ferimento 1,16%
(271) e Ignorado/branco 11,97% (2.806). Em relação ao
tratamento antirrábico humano 34,60% (8.112) dos pacientes
agredidos não interromperam o tratamento, interromperam
19,43% (4.556) e ignorados/brancos 45,97% (10.780).
O abandono de tratamento ocorreu em 18,37% (4.308) dos casos
de interrupção, Unidade de Saúde indicou 0,64% (149),
transferência 0,44% (102) e ignorado/branco 80,56% (18.889).
Dos faltosos a Unidade de Saúde procurou o paciente com
frequência de 6,04% (1.416), não procurou 5,70% (1.336) e
ignorados/branco 88,26% (20.696) (Gráfico 5).
Gráfico 2: As mãos e pés representam o local do
corpo das vítimas, onde os morcegos hematófagos
utilização com maior frequência para exercer ação
de hematogafia, seguido de cabeça e tronco com
18,83% dos casos.
Gráfico 1: Número de notificações e percentual de
notificações segundo a espécie agressora. Apesar
dos cães representarem o maior números de
ocorrências, as agressões por morcego hematófago
(D. rotundus) foram os responsáveis pela maioria
dos óbitos humanos.
Rabies in the Americas (Reunião Internacional da Raiva nas Américas)
23 a 28/10/2016XXVII RITA
FIGURA 1 e 2 - Agressão em dedos de pés e mãos
por morcego hematófago Desmodus rotundus.
Ign/bran Canina Felina Quiroptero
Primata
(macaco)
Raposa
Outras
espécies
Nº Notificações 6,471 358,151 48,689 23,448 8,154 192 9,197
% 1.42% 78.84% 10.72% 5.16% 1.79% 0.04% 2.02%
Silva NWF, Andrade JAA, Lima RJS, Abrel EMN,
Begot AL, Esteves FAL, Brito RMO, Baptista ZMF
Secretaria de Estado de Saúde do Pará – SESPA, Belém-Pará-Brasil
GOVERNO DO
ESTADO DO PARÁ
Em memória de Reynaldo José da Silva Lima
GOVERNO DO
ESTADO DO PARÁ
PERFIL DO ATENDIMENTO ANTIRRÁBICO HUMANO POR
AGRESSÕES DE MORCEGOS NO PERIODO DE 2000 A 2015
NO ESTADO DO PARÁ BRASIL
Considerando-se que os registros classificados como ignorados/branco, de significativas frequências elevadas,
representam uma incógnita sobre o tratamento completo dos pacientes, a situação de proteção imunológica pós-
exposição dos mesmos permeia pela possibilidade de surgimento de casos de raiva humana. Apesar do nível de risco
alto para a raiva por agressões de morcegos a humanos, o perfil dos pacientes descritos no SINAN tem demostrado
que a busca ativa por paciente que abandonaram o tratamento tem pouca prioridade pelas vigilâncias
epidemiológicas, pois a frequência de abandono de tratamento é significativa e preocupante. Embora o estado,
alguns municípios e defesa agropecuária desenvolvam atividades de controle populacional de Desmodus rotundus
em áreas com registros de agressões por morcegos, seja em humanos ou animal, não se tem registrado morcegos
hematófagos positivos para o vírus da raiva capturados durante as atividades de controle e remessa de amostra a
laboratório de referência a pesquisa do vírus, entretanto foram detectados casos de raiva em várias espécies animais
com vírus da raiva de variante sorológica para morcegos.
Mãos/pés
Cabeça/tron
co
Membros
Inferiores
Membros
superiores
Tronco Mucosa
Nº de Notificações 13,971 4,614 3,503 1,551 486 377
% 57.02% 18.83% 14.30% 6.33% 1.98% 1.54%
Ignorado/Branco Sim Não
Nº Paciente atendido 10,780 4,556 8,112
% 45.97% 19.43% 34.60%
Gráfico 3: A interrupção de tratamento
antirrábico foi registrado em 19,43% dos
casos, somando-se com os ignorados/branco
esse porcentual aumenta significativamente a
possibilidade de pacientes desenvolverem um
caso de raiva.
Gráfico 4: As fichas de notificação tem
registrado elevado número de
ignorados/branco com 80% dos casos, sendo
18,37% os registros de abandono com motivo
de interrupção de tratamento.
Nº. 102; 0,44%
Nº. 18.889;
80,56%
Nº. 149; 0,64%
Nº. 4.308;
18,37%
Transferência
Ignorado/branco
US Indicou
Abandono
N. 20696;
88,26%
N. 1416; 6,04%
N. 1336; 5,70%
Ignorado/Br
anco
Sim
Gráfico 5: A Unidade de Saúde procurou os
pacientes faltosos ao tratamento antirrábico
apenas 0,64% dos casos, sendo os percentuais de
ignorados/branco representados por 88,26% dos
registros.
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