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1
AUTARQUIA EDUCACIONAL DO BELO JARDIM – AEB
FACULDADE DO BELO JARDIM – FABEJA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ENSINO DA BIOLOGIA E SUAS TECNOLOGIAS
ALDEMIR JOSE DE ARAUJO
DIVERSIDADE DE BASIDIOMYCOTA DA MATA DO BITURY,
MUNICÍPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS, PERNAMBUCO
BELO JARDIM - PE
2015
2
ALDEMIR JOSE DE ARAUJO
DIVERSIDADE DE BASIDIOMYCOTA NA MATA DO BITURY,
MUNICÌPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS, PERNAMBUCO
ORIENTADORA - Prof.ª Dr.ª MÁRCIA MARIA COSTA ASSUNÇÃO
BELO JARDIM - PE
2015
Monografia apresentada ao Curso de Pós-
GraduaçãolLatosensu, Ensino de Biologia e
suas Tecnologias, da Faculdade do Belo
Jardim – FABEJA, em cumprimento às
exigências para obtenção do título de
Especialista nas Ciências Biológicas.
Assunção
3
ALDEMIR JOSE DE ARAUJO
DEVERSIDADE DE BASIDIOMYCOTA NA MATA DO BITURY,
MUNICÌPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS, PERNAMBUCO
Aprovada em _____/_____/_____
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof.ª Dr.ª Márcia Maria Costa Assunção (Orientadora)
Faculdade de Ciências Humanas e Aplicada do Belo Jardim (FABEJA)
Prof. Esp. João Adriano Silva Oliveira
Faculdade de Ciências Humanas e Aplicada do Belo Jardim (FABEJA)
Prof. Dr. Mirivaldo de Barros e Sá
Faculdade de Ciências Humanas e Aplicada do Belo Jardim (FABEJA)
4
DEDICATÓRIADE ALDEMIR
A minha esposa que desde sempre me apoia em todas as situações, em especial na
pedagógica, aos meus filhos os quais me incentivam e me surpreendem cada vez
mais, a minha mãe, Im Memorian, a qual Deus confiou a minha vida.
A eles, que jamais esquecerei.
Meu amor eterno.
5
Viver, com relação a biologia é algo bem simples, o ser vivo é aquele que
nasce, cresce, se reproduz ou não e morre - a vida que todos pediram a Deus ou
seja, viver é nascer, crescer, ter filhos ou não e morrer. Entretanto na realidade, tudo
é muito complicado, pois a biologia não fala que para você nascer, é necessário que
um indivíduo tenha amado alguém sendo capaz de amar você, ela também não diz,
que quando você cresce há momentos que você não quer mais crescer, também
não fala que se reproduzir é algo muito complicado, em que o amor é o principal
"complicador", porém, em uma coisa ela está certa, morrer é simples, não é
necessário amor ou ódio, apenas o tempo certo. Talvez a vida real fosse mais
simples, se não tivéssemos a ação do agente "complicador" o amor. Aquele que
pode fazer o ciclo da vida ser mágico, lindo e admirável ou dramático, triste e
abominável.
Little Sunshine.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me concedido a vida, cheia de força e coragem para superar
as dificuldades.
A orientadora Prof.ª Dr.ª Márcia Maria Costa Assunção pela paciência,
dedicação e autenticidade.
A Faculdade de Formação de Professores de Belo Jardim (FABEJA), sob
orientação da Diretora-Presidente Carmem Aparecida Guimarães Peixoto.
A Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas Prof.ª
M.s Juciara Carneiro Gouveia Tenório pelo respeito e disponibilidade para todos
os alunos do curso.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, que
contribuem na formação dos alunos.
Aos colegas do curso, pelos momentos de descontração e amizade.
A Maria Iara Bezerra Silva, secretária do Curso de Pós-Graduação em
Ciências Biológicas, pessoa competente, sempre disposta e alegre para ajudar.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram com esta pesquisa.
MUITO OBRIGADO
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Cogumelo.............................................................................................. 12
Figura 2 Leveduras ............................................................................................. 13
Figura 3 Hifas ..................................................................................................... 14
Figura 4 Crescimento apical de uma hifa............................................................ 15
Figura 5 Fungos parasitando plantas.................................................................. 16
Figura 6 Absorção do alimento pelos fungos....................................................... 17
Figura 7 Molécula da glicose................................................................................ 18
Figura 8 Basidiomycota sapróbios....................................................................... 19
Figura 9 Basidiomycota parasita.......................................................................... 20
Figura 10 Basidiomycota sapróbios....................................................................... 21
Figura 11 Fungos comestíveis............................................................................... 23
Figura 12 Basidiomycota de uso medicinal............................................................ 24
Figura 13 Basidiomycota usados na magia............................................................ 26
Figura 14 Mata do Bitury........................................................................................ 33
Figura 15 Gênero Schizophyllum........................................................................... 35
Figura 16 Gênero Marasmius................................................................................ 35
Figura 17 Gênero Polyporus.................................................................................. 36
Figura 18 Gênero Pycnoporus............................................................................... 36
Figura 19 Gênero Polyporus.................................................................................. 37
Figura 20 Gênero Agaricos.................................................................................... 37
Figura 21 Gênero Micena...................................................................................... 38
Figura 22 Gênero Geastrum.................................................................................. 38
Figura 23 Gênero Ganoderma............................................................................... 39
8
RESUMO
O presente trabalho sobre fungos mostra que de cerca de 1,5 milhões de
espécies existentes, apenas 70.000 foram descritas até hoje pela Micologia, que é a
ciência que os estuda. Enfoca que os mesmos, conhecidos popularmente como
mofos e bolores, e que na maior parte das vezes, são lembrados somente pelos
danos que algumas espécies causam, seja parasitando plantas, seja causando
problemas de saúde em animais, além de promoverem a deterioração de
combustíveis e de grande variedade de materiais, não têm sua importância
reconhecida na manutenção da vida no planeta, especialmente quando da sua ação
recicladora de materiais depostos em florestas, como troncos, galhos e folhas, que
por si só não se regenerariam. Coloca os Basidiomycota lignocelulolíticos, como
únicos organismos que possuem enzimas capazes de desestabilizar as moléculas
de lignina e reciclar essa matéria orgânica, disponibilizando os produtos da
degradação para ação de outros microrganismos e o crescimento de plantas, dando
a conhecer que “as atividades desses fungos na natureza são tão necessárias para
a continuidade da existência do planeta quanto são aquelas desempenhadas pelos
organismos produtores” (SILVA e COELHO, 2006). Enfoca ainda que conhecer a
diversidade dos Basidiomycota na Mata do Bitury, no Município de Brejo da Madre
de Deus, Estado de Pernambuco, pode ser a forma de contribuir para a construção
de conhecimento sobre a importância ecológica do Basidiomycota na preservação
desse bioma e de outros, colocando a Etnomicologia a serviço da vida.
Palavras chave: Micologia. Basidiomycota. bioma.
9
ABSTRACT
This work on fungi shows that about 1.5 million existing species, only 70,000 were
described today by Mycology, which is the science that studies them. It focuses on
the same, popularly known as mildews and molds, and in most cases, are
remembered only for the damage that some species cause either parasitizing plants
is causing health problems in animals, in addition to promoting the deterioration of
fuels and large variety of materials, have recognized its importance in sustaining life
on the planet, especially when your recycler action deposed materials in forests,
such as tree trunks, branches and leaves, that alone does not regenerate. Place the
lignocellulolytic Basidiomycota, as the only organisms that possess enzymes able to
destabilize the lignin molecules and recycle this organic matter, providing the
degradation products action of other microorganisms and plant growth, making
known that "the activities of these fungi in nature are so necessary for the continued
existence of the planet as are those performed by producing organisms "(Silva and
Coelho, 2006). Focuses even know the diversity of Basidiomycota in the Forest of
Bitury in the municipality of Brejo da Madre de Deus, Pernambuco State, may be the
way of contributing to the construction of knowledge about the ecological importance
of Basidiomycota in the preservation of this biome and other by placing the
ethnomycology the service of life.
KEY WORDS: Mycology. Basidiomycota. biome.
10
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 15
2.1 BIOLOGIA DOS FUNGOS........................................................................... 15
2.2 MODO DE NUTRIÇÃO................................................................................. 18
2.2.1 SAPRÓFITOS........................................................................................... 21
2.2.2 PARASITAS.............................................................................................. 21
2.2.3 MUTUALISTAS......................................................................................... 22
2.3 ETNOMICOLOGIA....................................................................................... 23
2.3.1 USO GASTRONOMICA............................................................................ 24
2.3.2 USO MEDICINAL...................................................................................... 25
2.3.3 USO MÁGICO........................................................................................... 25
2.4 ECOLOGIA DOS BASIDIOMYCOTA.......................................................... 26
2.5 IMPORTÂCIA AMBIENTAL DOS BASIDIOMYCOTA................................ 27
2.6 IMPORTÂCIA BASIDIOMYCOTA NBA DOS ALIMENTAÇÃO HUMANA 28
2.7 IMPORTANCIA DOS FUNGOS NA MEDICINA.......................................... 29
2.8 PRINCIPAIS GRUPOS TAXONOMICOS.................................................... 29
2.9 FILOS BASIDIOMYCOTA............................................................................ 30
3 METODOLOGIA.............................................................................................. 32
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS 32
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA MATA DO BITURY............................................. 32
3.3 CRITÉRIOS UTILIZADOS............................................................................ 34
11
4 RESULTADOS................................................................................................ 35
5 CONCLUSÕES............................................................................................... 40
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 41
12
1 INTRODUÇÃO
Micologia é a ciência que estuda os fungos. Mais de 70.000 espécies de
fungos foram descritas até hoje, porém algumas estimativas sugerem que o número
total de espécies existentes neste reino seja de 1,5 milhões. Isso significa que
apenas cerca de 6% da diversidade total dos fungos é conhecida. Dentro do sistema
de classificação de três domínios, Eukarya, Bactéria, Archaebacteria, os fungos
fazem parte do domínio Eukarya, junto com os reinos Plantae e Animalia
(HAWKSWORTH et. al., 1995).
Os fungos são conhecidos popularmente como mofos e bolores. No entanto,
na maior parte das vezes, são lembrados somente pelos danos que algumas
espécies causam, seja parasitando plantas ou causando problemas de saúde como
alergias e micoses em animais. Podem promover a deterioração de combustíveis e
de grande variedade de materiais, a exemplo de equipamentos ópticos e outros
materiais de grande valor como obras de arte e arquitetônicas (SILVA e COELHO,
2006).
Os fungos são organismos eucarióticos cujos núcleos são dispersos em um
micélio contínuo ou septado. Possuem formas e tamanhos variados. Podem ser
unicelulares ou pluricelulares, isto é, compostos por uma ou várias células, existindo
espécies macroscópicas como os cogumelos e microscópicas. Não possuem plastos
ou pigmentos fotossintéticos, sua nutrição é por absorção. São saprofíticos,
parasitos facultativos ou biotróficos. Crescem como célula única (leveduras) ou como
colônias filamentosas multicelulares (bolores). Encontra-se em abundância no solo,
vegetais e nas águas. Reproduzem-se por meio de ciclos teleomorfo e anamorfo
(TRABULSI, 2002).
A importância dos fungos para a manutenção da vida no planeta, se
considerar que em uma floresta ocorre grande deposição de material vegetal como
13
troncos, galhos e folhas, é fundamental. A lignina, celulose e hemicelulósica,
moléculas persistentes na natureza, estão presentes no tecido dos vegetais e sem a
atuação dos fungos não seria possível à reciclagem desse material, isso porque a
lignina, um dos constituintes da parede celular dos vegetais, apresenta grande
estabilidade química e por essa razão apresenta considerável resistência no meio
ambiente. Os Basidiomycota lignocelulolíticos, são os únicos organismos que
possuem enzimas capazes de desestabilizar as moléculas de lignina e reciclar essa
matéria orgânica disponibilizando os produtos da degradação para ação de outros
microrganismos e o crescimento de plantas. As atividades dos fungos na natureza
são tão necessárias para a continuidade da existência do planeta, quanto são
aquelas desempenhadas pelos organismos produtores (SILVA e COELHO, 2006).
Os Basidiomycota têm uma função preponderante na decomposição de
substratos decompondo vegetais, constituem dois terços da biomassa viva.
Considerando a importância dos Basidiomycota para o ambiente, justifica-se a
necessidade do presente trabalho, principalmente por constatar a presença dos
mesmos na Mata do Bitury (SILVA e COELHO, 2006).
A mata do Bitury está localizada a cerca de 200 km da capital do Estado de
Pernambuco, Recife, situada no município de Brejo da Madre de Deus, na
microrregião do Vale do Ipojuca, ocupando uma área de 373,53 hectares de floresta
estacional sem decidual (RODAL et. al., 1998). De acordo com MM (2002), a Mata
do Bitury é uma das 25 áreas consideradas de extrema importância biológica para
conservação da biodiversidade do Estado de Pernambuco.
Frente a estas constatações, a presente pesquisa teve como objetivo geral
conhecer a diversidade dos Basidiomycota na Mata do Bitury, no Município de Brejo
da Madre de Deus. Espera-se que o presente trabalho possa contribuir e introduzir
conhecimentos sobre Basidiomycota na natureza, ajudando a entender sua
importância ecológica.
14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 BIOLOGIA DOS FUNGOS
Micologia (myko = fungo, logy = estudo), é a ciência que estuda os fungos, e
o pesquisador que estuda os fungos é chamado de micólogo. São incluídos
organismos como os cogumelos (Figura 1), orelhas-de-pau, ferrugens e carvões de
plantas, mofos e leveduras, além de outros menos conhecidos. Mais de 70.000
espécies de fungos foram descritas até hoje, porém algumas estimativas sugerem
que o número total de espécies existentes neste reino seja de 1,5 milhões. Isso
significa que apenas cerca de 6% da diversidade total dos fungos é conhecida.
Dentro do sistema de classificação de três domínios, Eukarya, Bactéria,
Archaebacteria, os fungos fazem parte do domínio Eukarya, junto com os reinos
Plantae e Animalia (HAWKSWORTH et. al., 1995).
FONTE:<purpletrance.com>
FIGURA 1. Cogumelo.
Muitas vezes os fungos foram comparados a vegetais, no entanto, são
organismos que não possuem clorofila em suas células e, portanto, não realizam
fotossíntese. Os fungos são eucariotos e podem ser unicelulares (leveduras) ou
15
multicelulares. Normalmente possuem dois núcleos em suas células os quais podem
ser visualizados pelo microscópio óptico empregando-se técnicas de coloração
apropriadas (SILVA e COELHO, 2006).
De acordo com Trabulsi (2002), os fungos possuem formas e tamanhos
variados. Podem ser unicelulares (leveduras) ou pluricelulares, isto é, compostos por
uma ou várias células, existindo espécies macroscópicas e microscópicas. Não
possuem plastos ou pigmentos fotossintéticos, sua nutrição é por absorção. São
saprofíticos, parasitos facultativos ou biotróficos. Crescem como célula única
(leveduras) (Figura 2) ou como colônias filamentosas multicelulares (bolores).
Encontra-se em abundância no solo, vegetais e nas águas. Reproduzem-se por
meio de ciclos teleomorfo e anamorfo.
FONTE:<wwwsciencephotolibrary.com>
FIGURA 2. Leveduras.
Os fungos são seres eucariontes, possuem núcleo verdadeiro com membrana
envolvendo o material genético. O corpo dos fungos é normalmente composto de
células alongadas em forma de tubos cilíndricos que são chamadas de hifas (Figura
3), o conjunto de hifas é chamado de micélio. Não existe, em nenhum dos casos, a
formação de tecidos verdadeiros, e a condução de água e nutrientes ocorre
diretamente de célula a célula. Possui, em sua membrana celular, um esterol
equivalente ao colesterol que está presente na membrana das células animais. Nos
fungos, porém, este esterol é o ergosterol, encontrado exclusivamente nos fungos,
com implicações práticas para o homem, pois permitiu que fossem desenvolvidas
drogas que atacam exclusivamente o ergosterol para combater fungos parasitas de
16
animais, sem que haja nenhum efeito sobre a membrana animal. A droga desintegra
o ergosterol, rompendo a membrana plasmática do fungo, não atingindo o colesterol
(TRABULSI, 2002).
FONTE:<www.misodor.com>
FIGURA 3. Hifas.
O crescimento das hifas ocorre continuamente na extremidade das células,
onde enzimas digestivas são liberadas e nova parede celular é sintetizada. O
citoplasma se move continuamente de partes mais antigas da hifa em direção ao
ápice, onde está ocorrendo o crescimento. Este modo de crescimento é único dos
fungos e é conhecido como crescimento apical. O crescimento apical proporciona
aos fungos características importantes quanto à exploração de substratos com maior
quantidade de matéria orgânica e fornece aos fungos o poder de penetrar nos
substratos a serem explorados. Isto ocorre porque as enzimas liberadas na região
apical são capazes, dependendo da espécie fúngica, de decompor o substrato
(Figura 4) (SILVEIRA, 1995).
17
FONTE: <www.doutorcupim.com>
FIGURA 4. Crescimento apical de uma hifa.
2.2 MODO DE NUTRIÇÃO
Como não podem sintetizar moléculas orgânicas a partir de moléculas
inorgânicas como fazem as plantas, os fungos são heterotróficos e obtêm energia
degradando material orgânico depositado na natureza. Podem parasitar plantas
(Figura 5), animais e outros fungos. Esses organismos secretam enzimas no
substrato onde se encontram e absorvem as moléculas resultantes da ação dessas
enzimas. Com isso, além de obterem nutrientes para seu crescimento disponibilizam
produtos resultantes da degradação para ação de outros microrganismos, e por essa
razão são os degradadores primários de material orgânico na natureza, participando
ativamente nos ciclos de carbono, nitrogênio e fósforo (SILVA e COELHO, 2006).
Segundo Silveira (1995), os fungos não possuem clorofila, sendo incapazes
de produzir seu próprio alimento. A ausência de clorofila afeta o estilo de vida dos
fungos: que não são dependentes de luz, podendo ocupar lugares escuros, crescer
em qualquer direção, invadir o interior dos substratos através do crescimento apical
e da produção de enzimas. A luz pode ser usada por alguns fungos em algumas
situações para otimizar a dispersão dos esporos.
18
FONTE:<ecoprofundo.wordpress.com>
FIGURA 5. Fungos parasitando plantas.
Alguns micólogos costumam explicar o modo de nutrição dos fungos dizendo
que eles possuem o ‘estômago virado do avesso’. Isto na verdade significa que os
fungos primeiro digerem o alimento para depois ingeri-lo (ao contrário do que fazem
os animais). Isto ocorre através da produção de exoenzimas digestivas que são
liberadas no substrato e quebram a matéria orgânica em compostos pequenos que
são, então, absorvidos através da parede e membrana celulares. Absorção é o
modo como os fungos obtêm nutrientes do ambiente (Figura 6). Como o processo de
difusão de enzimas extracelulares e de compostos através da parede e membrana
celular depende de água, normalmente os fungos estão restritos a ambientes
relativamente úmidos (SILVEIRA, 1995).
FONTE: <www.infopedia.pt>
Figura 6. Absorção do alimento pelos fungos.
19
A substância de reserva dos fungos, assim como dos animais, é o glicogênio.
O composto mais simples que a maioria dos fungos usa como fonte de energia é o
monossacarídeo glucose, que pode ser diretamente absorvido pelas hifas. Antes de
começar a sintetizar as enzimas apropriadas para decompor um determinado
substrato, o fungo deve reconhecer a natureza do substrato. Este processo de
reconhecimento do substrato é chamado de indução, pois é isso que vai dizer quais
enzimas devem ser sintetizadas pelo fungo. Estas enzimas induzidas pelo substrato
são chamadas de adaptativas (SILVEIRA, 1995).
O principal alimento dos fungos é a glicose (Figura 7) obtida pela quebra da
molécula de celulose. Para seu desenvolvimento eles necessitam de nutrientes,
como nitrogênio, que provém dos compostos orgânicos nitrogenados presentes no
papel como impurezas e aditivos. As condições ideais para o crescimento dos
fungos estão entre pH de 5 e 6 e temperaturas de 22 a 30º C, sendo que este
desenvolvimento pode ocorrer em condições de pH de 2 a 9 e temperaturas de 0 a
62º C (BECK, 1991).
FONTE:<biomedicinaemacao-unipblogspot.com>
Figura 7. Molécula da glicose.
De acordo com Silveira (1995), os modos de nutrição dos fungos são:
saprófitos, parasitas, mutualistas, comensais.
20
2.2.1 Saprófitos
Fungos saprófitos (ou sapróbios) degradam e absorvem compostos de
matéria orgânica morta (Figura 8) e têm um importante papel na reciclagem de
nutrientes e matéria orgânica na natureza, sendo imprescindíveis no ciclo do
Carbono. A reciclagem de nitrogênio e outros nutrientes minerais é um papel dos
fungos saprófitos. Junto com as bactérias, os fungos são responsáveis por
decompor a matéria orgânica de organismos mortos no ambiente, sem os quais o
planeta estaria coberto de árvores e animais mortos que nunca seriam
decompostos.
FONTE:<florabrasilienses.blogspot.com>
Figura 8. Basidiomycota sapróbios.
A decomposição é feita através da liberação, no substrato, de enzimas e
metabólitos secundários que podem ser benéficos ou maléficos. Vários destes
compostos têm sido investigados pelas suas propriedades e são utilizados pelo
homem (SILVEIRA, 1995).
2.2.2 Parasitas
Fungos parasitas utilizam a matéria orgânica de organismos vivos como
substrato, sendo a forma de sobreviver. Obviamente, de alguma forma estes fungos
são prejudiciais ao hospedeiro onde crescem e são chamados de patógenos. Os
21
hospedeiros vão desde organismos unicelulares até os mais complexos, incluindo
plantas, animais e outros fungos (Figura 9).
FONTE:<florabrasilienses.blogspot.com>
Figura 9. Basidiomycota parasita.
2.2.3 Mutualistas
Fungos mutualistas ou simbiontes formam associações que são benéficas
para ambos os parceiros envolvidos. Dentre estas associações, destacam-se os
líquens (fungo + clorofila ou cianobactéria) e as micorrizas (fungo + raiz de plantas)
(Figura 10). Em ambos os casos, existe uma dependência, e um organismo não
sobrevive sem o outro, ou sobrevive de forma a ser menos competitivo no ambiente
natural (SILVEIRA, 1995).
FONTE:<florabrasilienses.blogspot.com>
Figura 10. Líquens, fungos mutualistas.
22
De acordo com Silveira (1995), existem vários tipos de micorrizas, mas de
modo geral, a dinâmica da relação é a mesma para todas: o fungo fornece à planta
hospedeira água e nutrientes do solo, enquanto a planta transfere metabólitos
necessários à nutrição do fungo. O fungo não consegue produzir seu próprio
alimento e necessita de nutrientes que a planta pode fornecer. Por outro lado, o
micélio do fungo (conjunto de hifas) que cresce no solo, se estende a distâncias
muito maiores e é capaz de buscar água e nutrientes em partes do solo que a raiz
da planta não alcança.
O parceiro dominante nos liquens é um fungo, que geralmente é um
Ascomycota, mas em alguns casos membros de Basidiomycota já foram
observados. Como os fungos são incapazes de produzir seu próprio alimento, a
parceria com uma alga ou com uma cianobactéria (às vezes com ambos ao mesmo
tempo) resolve este problema. Em troca da produção de compostos orgânicos
(algas) ou da absorção de nitrogênio (cianobactérias) o fungo fornece aos seus
parceiros um ambiente menos suscetível ao ressecamento e a capacidade de reter
água por maiores períodos de tempo. A morfologia do líquen é particular e é a
associação entre os parceiros, que define a aparência que o líquen terá (SILVEIRA,
1995).
2.3 ETNOMICOLOGIA
A Etnomicologia foi definida por Robert Gordon Wasson como um ramo da
Etnobotânica que se dedica ao estudo do papel dos cogumelos, no passado da
humanidade (WASSON, 1980). A partir da constatação que diferentes etnias
desenvolviam atitudes muito diversas, em relação à utilização de macro fungos.
Tipificou as atitudes de rejeição e aceitação com os termos “micófobo” e “micófilo”,
respectivamente. O seu trabalho pioneiro foi dedicado, sobretudo ao lado “etno”,
compilando termos, tradições, mitos, as práticas do quotidiano, de culturas de todo o
mundo (PFISTER, 1988).
Os fungos são lembrados somente pelos danos que algumas espécies
causam, seja parasitando plantas ou causando problemas de saúde como alergias e
micoses em animais. Podem promover a deterioração de combustível e grande
23
variedade de materiais, como equipamentos ópticos e outros materiais de grande
valor, obras de arte e arquitetônicas. No entanto, os benefícios proporcionados pelos
fungos não são tão divulgados quanto os prejuízos. Todos os dias as pessoas são
beneficiadas por produtos originados direta ou indiretamente de fungos. Pode-se
citar como exemplo a ação fermentativa de fungos na síntese de álcool etílico e
dióxido de carbono, os quais são imprescindíveis na produção de bebidas como
vinho e cerveja, alimentos como pães e massas em geral. Outras espécies podem
proporcionar sabor e aroma distintos em diferentes tipos de queijos. O consumo de
cogumelos comestíveis é prática comum entre populações de outros países,
principalmente os orientais, e em nosso país, sua utilização vem crescendo a cada
dia (SILVA e COELHO, 2006).
Segundo Silva e Coelho (2006), há três categorias principais de usos dos
macrofungos, relacionadas com a ingestão de certas espécies.
2.3.1 Uso gastronômico
O mais generalizado em todos os continentes compreende não só a procura e
consumo de espécies comestíveis que complementam a dieta de muitos povos
(Figura 11), mas ainda o seu reverso, que é o do envenenamento devido a
confusões com espécies tóxicas ou misturas acidentais (MORENO et al., 1992).
FONTE:<cogumelosonline.blogspot.com>
Figura 11. Fungos comestíveis.
24
2.3.2 Uso medicinal
Desenvolvido principalmente no extremo oriente e associado, sobretudo a
Polyporales e espécies afins, embora se incluam vários táxones doutros grupos,
assume um enorme relevo nas práticas tradicionais de medicina para tratamento de
doenças crônicas, combate ao envelhecimento e regularização de funções
orgânicas. O esclarecimento de algumas propriedades terapêuticas reconhecidas
em certas espécies, por métodos científicos, tem resultado até num alargamento do
espectro das suas potencialidades (Figura 12).
FONTE:<www.dominiojovem.com.br>
Figura12. Basidiomycota de uso medicinal
2.3.3 Uso mágico
Relaciona-se com a presença de substâncias que atuam ao nível do cérebro,
alterando a percepção sensorial, tanto em relação a estímulos externos como em
relação ao próprio corpo, e cujo consumo é tradicionalmente associado a ritos
xamânicos em muitas culturas da Ásia, da África e da América, de que abundantes
símbolos, ou referências históricas e religiosas, dão testemunho (Figura 13)
(OLIVEIRA, 2001).
25
FONTE:<jornadasdamente.blogspot.com>
Figura 13. Basidiomycota usados na magia.
Podem contar-se usos diversos como a tinturaria, atavios de indumentária, e
a manutenção de mechas acesas para preparação do fogo, mantida na Europa até
ao século XIX (OLIVEIRA, 2001).
No caso dos microfungos, cuja importância para as culturas humanas se
podem ver através de patogênicos na agricultura, dermatófitos na clínica, leveduras
na indústria alimentar, micorrizos na agricultura e silvicultura (OLIVEIRA, 2001).
2.4 ECOLOGIA DOS BASIDIOMYCOTA
Os cogumelos apresentam grande importância ecológica por possuírem um
dos papéis mais fundamentais na eliminação de resíduos, a matéria morta e
reincorporando-a no ciclo da vida. Os Basidiomycota têm uma função preponderante
na decomposição de substratos decompondo vegetais, frequentemente constituem
dois terços da biomassa viva do solo.
26
Os fungos são importantes para manutenção da vida no planeta quando
considera que em uma floresta ocorre grande deposição de material vegetal como
troncos, galhos e folhas. A lignina, celulose e hemicelulose são moléculas
persistentes na natureza e estão presentes no tecido dos vegetais. Sem a atuação
dos fungos não seria possível a reciclagem desse material, isso porque a lignina, um
dos constituintes da parede celular dos vegetais, apresenta grande estabilidade
química e por essa razão apresenta considerável resistência no meio ambiente. Os
Basidiomycota lignocelulolíticos, são os únicos organismos que possuem enzimas
capazes de desestabilizar as moléculas de lignina e reciclar essa matéria orgânica
disponibilizando os produtos da degradação para ação de outros microrganismos e
crescimento de plantas. As atividades dos fungos na natureza são tão necessárias
para a continuidade da existência do planeta, quanto são aquelas desempenhadas
pelos organismos produtores (SILVA e COELHO, 2006).
2.5 IMPORTÂNCIA AMBIENTAL DOS BASIDIOMYCOTA
É estimado que existam cerca de 1,5 milhões de espécies de fungos, e desse
número são conhecidas pelos micologistas somente cerca de 69.000 espécies,
porém, devido à ação predatória do ambiente, várias espécies de fungos estão
sendo extintas antes mesmo de serem conhecidas, causando prejuízo imensurável
para o equilíbrio ecológico, além de não se obter conhecimento do potencial
biotecnológico dessas espécies. Apresentam características peculiares que os
diferem dos animais e dos vegetais, além do grande número de espécies
encontradas por todo o planeta (SILVEIRA, 1995).
Os fungos utilizam uma variedade de substratos como fontes de carbono,
entretanto, alguns grupos se especializaram em degradar substratos particulares,
tornando-se mais competitivos perante outros microrganismos. Por essa razão os
fungos são encontrados em praticamente todos os ambientes no planeta. Apesar de
estarem presentes na natureza em maior número que os animais, na maioria das
vezes são observados somente quando espécies terrestres produzem bonitos
cogumelos ou orelhas de pau. Porém, passa despercebida a importante ação
desses organismos na manutenção e reciclagem de nutrientes na natureza
(SILVEIRA, 1995).
27
Muitas espécies de Basidiomycota são degradadoras de madeira e podem ser
divididos em dois grandes grupos: os fungos causadores de podridão branca e os
causadores de podridão parda. Os primeiros são dotados de complexo enzimático,
que os tornam capazes de converter moléculas de celulose, hemicelulose e lignina
em água e CO2. A madeira, depois de sofrer a ação desses fungos, fica com
aspecto esponjoso, fibroso ou laminado e com cor esbranquiçada, o que caracteriza
o nome do grupo. Os fungos causadores de podridão parda são responsáveis pela
degradação da celulose e hemicelulose e deixam a madeira com aspecto amorfa e
desintegrada ao final do processo de degradação, restando apenas moléculas de
lignina modificada de coloração parda. Os Basidiomycota causadores de podridão
branca são os únicos organismos capazes de converter lignina em CO2 e água
(SILVA e COELHO, 2006).
A importância dos Basidiomycota para o meio ambiente está relacionada com
a capacidade em secretar enzimas capazes de degradar e desestabilizar moléculas
orgânicas persistentes. Por essa razão, são pesquisados e utilizados para
degradação de resíduos lignocelulósicos persistentes no ambiente (SILVA e
COELHO, 2006).
2.6 IMPORTÂNCIA DOS BASIDIOMYCOTA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA
Cerca de duzentos tipos de cogumelos são cultivados e utilizados na
alimentação humana. O cultivo de fungos para alimentação é uma prática bastante
rentável devido a sua alta taxa de crescimento e plasticidade em relação ao
substrato.
Muitas enzimas fúngicas vêm sendo exploradas na indústria alimentícia e em
outros processos biotecnológicos envolvidos na fabricação de sucos de frutas e na
indústria papeleira. A partir de certas espécies de fungos é possível sintetizar
substâncias inseticidas que auxiliam no controle de pragas. Nas últimas décadas os
fungos vêm sendo estudados quanto a sua aplicação para recuperação de
ambientes degradados por poluentes químicos (SILVA e COELHO, 2006).
Nesse grupo existem muitos fungos produtores de cogumelos comestíveis.
Entretanto, é muito importante que não se utilize cogumelos retirados da natureza
28
para alimentação. Porque existem espécies tóxicas para o organismo humano, e
somente especialistas teriam condições de observar no ambiente se a espécie é ou
não comestível. Recomenda-se a utilização de cogumelos comercializados os quais
são provenientes de produtores especializados (SILVA e COELHO, 2006).
2.7-IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS NA MEDICINA
Na medicina, os fungos receberam especial atenção a partir do
desenvolvimento de alguns antibióticos, destacando-se a penicilina sintetizada a
partir de metabólitos do fungo Penicillium chrysogenum. Esteroides e hormônios
para crescimento vegetal são oriundos também de metabólitos desses organismos.
Um dos exemplos notáveis da utilização dos metabólitos fúngicos na medicina é a
administração de ciclosporina em pessoas submetidas a transplantes. Essa
substância foi isolada a partir de fungos de solo (Tolypocladium inflatum e
Cylindrocarpon lucidum) na década de 70 (SILVA e COELHO, 2006).
Várias pesquisas demonstraram que alguns polissacarídeos, glicoproteínas e
proteoglicanas presentes em cogumelos podem modular as respostas do sistema
imunológico e inibir o crescimento tumoral. Alguns têm promissor efeito
cardiovascular, anticâncer, antiviral, antibacteriana, antiparasitária, propriedades
antiinflamatórias e antidiabéticos. Alguns Basidiomycota produzem substâncias que
podem ser usadas como medicamentos como, por exemplo, extratos de cogumelo
do sol, Agaricus brasilienses, estão sendo estudados para uso no tratamento de
leishmaniose.
2.8-PRINCIPAIS GRUPOS TAXONÔMICOS
A classificação moderna reconhece quatro grupos principais de fungos:
Ascomycota, Basidiomycota, Zygomycota e Chytridiomycota. A forma como estes
grupos se relacionam filogeneticamente pode ser interpretada simplesmente como:
Ascomycota e Basidiomycota estão mais proximamente relacionados entre si do que
estão de Zygomycota ou de Chytridiomycota. Basidiomycota e Ascomycota têm um
ancestral comum que não é compartilhado com os outros dois grupos. As relações e
29
mais estudos são necessários para o seu esclarecimento (WILLERDING, et al.,
2005).
2.9 FILO BASIDIOMYCOTA
O Filo Basidiomycota, possui, no Brasil, 1.730 espécies divididas entre 376
gêneros. Esses são bons indicadores ecológicos, referentes à degradação florestais,
devido ao fato de desenvolverem seus micélios nos troncos das madeiras ao abrigo
do sol. Este filo contém cerca de 30.000 espécies descritas, o que corresponde a
37% das espécies de fungos descritas. Os Basidiomycota mais conhecidos são os
que apresentam estruturas macroscópicas, como os cogumelos e orelhas de pau,
que são as estruturas reprodutivas responsáveis por produzir e dispersar os esporos
sexuais. Embora em menor número, existem neste grupo espécies unicelulares
(leveduras) e assexuais (fungos anamórficos). A característica diagnóstica deste filo
é a produção de células chamadas basídios, onde são produzidos os basidiósporos
(esporos sexuais) (WILLERDING, et. al., 2005).
Fungos terrestres, existindo espécies parasitas (ferrugens). Nesse grupo são
encontradas espécies liquenizadas. São difundidos por todo o planeta e talvez seja o
grupo mais visualizado na natureza, devido ao tamanho dos cogumelos e coloração
de alguns dos seus membros. Neste filo estão os cogumelos, como Amanita
muscaria, uma espécie europeia. As orelhas de pau são ecologicamente
importantes. Os membros deste grupo são responsáveis por decompor a celulose e
lignina da madeira e vêm sendo usados em indústrias papeleiras e no tratamento de
efluentes com alta quantidade de lignina. As ferrugens e carvões formam um dos
grupos de fungos mais importantes economicamente, pois são parasitas obrigatórios
de plantas cultivadas pelo homem como café, cereais, legumes, produzindo redução
na taxa de produtividade, podendo matar a planta (SILVA e COELHO, 2006).
O micélio é constituído por hifas septadas que podem ser simples ou
possuírem ansas, estrutura característica do grupo conhecida como septo do
lipórico, utilizada na transferência de um dos núcleos após sua divisão, não havendo
impedimento do material citoplasmático de uma célula para outra. Produzem
30
esporos (basidiósporos) de origem sexuada, em uma estrutura especializada
denominada basídio localizado nos basidiomas (SILVA e COELHO, 2006).
A reprodução sexual dos Basidiomycota é caracterizada pela presença do
basídio, célula em formato de clava de onde emergem, na extremidade, os esporos
sexuais, denominados basidiósporos, é formada fora da célula reprodutiva (basídio)
e emergem a partir de prolongamentos chamados de esterigmas. Dentro do basídio
ocorre a fusão nuclear e em seguida, a meiose. Depois disso os núcleos migram
para a extremidade do basídio e então amadurecem para dar origem aos
basidiósporos. Os esporos produzidos sexualmente germinam dando origem a um
micélio cujo estado nuclear é haploide (n), o qual se funde com outro micélio
haploide compatível para formar o micélio secundário. A cariogamia ocorre mais
tarde no ciclo de vida e o micélio secundário de vida longa é dicariótico, ou dicário (n
+ n). O dicário produz um micélio septado e pode ou não formar fíbulas. Quando as
condições permitirem, este micélio vai formar o basidioma, a estrutura que vai
produzir os esporos sexuais. Os núcleos são transportados até o ápice do basídio e
formados em estruturas denominadas de esterigmas. Os balistosporos são lançados
forçadamente do basídio (SILVA e COELHO, 2006).
31
3 METODOLOGIA
3.1-CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS
Brejo da Madre de Deus está localizado na região fisiografia do Agreste, na
mesorregião Agreste Pernambucano e na microrregião do Vale do Ipojuca (MR-183).
“Ocupa uma área de 845 km², tendo sua sede como coordenadas “8°09’00” de
latitude sul, 36°22’15” de longitude oeste e altitude de 636 m (Figura 13). A
temperatura média anual é em torno de 25°C, sendo o clima do tipo semiárido. A
precipitação média anual é em torno de 865,6 mm, sendo que os dias chuvosos se
concentram nos meses de março e abril, onde as médias mensais ficam em torno de
150 mm. Nos meses mais secos (setembro a novembro), os valores caem para
menos de 50 mm (BREJO DA MADRE DE DEUS, 1993).
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA MATA DO BITURY
A Mata do Bitury, área de observação dos Basidiomycota, está localizada a
cerca de 200 km da capital Recife, situada no município de Brejo da Madre de Deus
na microrregião do Vale do Ipojuca, ocupando uma área de 373,53 hectares de
floresta estacional sem decidual (RODAL et al., 1998).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2002), a Mata do Bitury é uma
das 25 áreas consideradas de extrema importância biológica para conservação da
biodiversidade do estado de Pernambuco apontado recentemente em workshop que
reuniu dezenas de especialistas e referendadas pelo workshop da Mata Atlântica e
Campos Sulinos (área 123) realizados pelo Ministério do Meio Ambiente.
A sede da Fazenda Bitury (Figura 14) está localizada nos paralelos
8º12’01,3”S e 36º24’12,9” O a cerca de 1000 m de altitude e representa um típico
Brejo de Altitude (SALES et. al. 1998) isolado pela Caatinga. Os Brejos de Altitudes
são considerados ilhas de biodiversidade e fonte de importantes mananciais hídricos
32
que abastecem vários municípios do semiárido pernambucano, além de refúgio para
fauna e flora da região, considerada o setor da floresta Atlântica mais ameaçada do
Brasil restando apenas 2.626 km². Em quase meio século, 85% dos Brejos de
Altitude foram destruídos para dar lugar a antigos engenhos de cana-de-açúcar,
seguido pelos ciclos do café e mais recentemente a cenoura, além da pecuária de
corte e leiteira (CEPAN, 2009).
FONTE: CEPAN (2009)
FIGURA 14. Mata do Bitury.
A área total da Fazenda Bitury é de 283,23 ha, sendo 110,23 ha a área da
Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN. Dista 9 km da cidade de Brejo da
Madre de Deus, 20 km da cidade de Belo Jardim e 30 km da cidade de Caruaru.
Uma estrada vicinal cruza o interior da RPPN. A propriedade é cortada pelo Rio
Bitury alimentado por vários riachos e nascentes do interior da floresta. Existe uma
cachoeira com até 10m de altura de muita beleza. A casa sede da fazenda data do
ano de 1730 possui 10 quartos e pode se transformar em uma pousada para
visitantes.
A importância biológica da Fazenda Bitury é notável com a presença de várias
espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção (OAP, 2003). A vegetação se
33
encontra em estágio avançado de regeneração e foram catalogadas 23 espécies de
musgos, das quais seis espécies: Aptychopsissub pungifolia, Erytrodontium
logisetum, Porothamnium flagelliferum, Sematophyllum beyrichii e S. galipense são
novos registros para a região Nordeste (VALDEVINO et al., 2002).
3.3 CRITÉRIOS UTILIZADOS
A metodologia utilizada foi uma pesquisa exploratória, abordando estudos
bibliográficos em doutrina especializada, descrevendo assuntos observados do
tema. Segundo Andrade (2002), a pesquisa proporciona informações sobre o
assunto que se vai investigar; facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orienta a
fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses. Por meio da pesquisa
exploratória, avalia-se a possibilidade de desenvolver um bom trabalho,
estabelecendo-se os critérios a serem adotados, métodos e técnicas adequadas.
Foi realizada uma pesquisa de campo nos anos de 2014 e 2015, onde se fotografou
gêneros de Basidiomycota encontrados na mata do Bitury. Esses gêneros não foram
coletados da mata, evitando dessa forma a predação dos mesmos.
34
4 RESULTADOS
Na Mata do Bitury, no município de Brejo da Madre de Deus, foram
encontrados e fotografados nove gêneros de Basidiomycota: Schizophyllum,
Marasmius, Polyporus, Pycnoporus, Polyporus, Agaricus, Micena, Geastrume
Ganodera (Figura 15 a 23 respectivamente).
FIGURA 15. Gênero Schizophyllum.
35
FIGURA 16. Gênero Marasmius.
FIGURA 17. Gênero Polyporus.
36
FIGURA 18. Gênero Pycnoporus.
FIGURA 19. Gênero Polyporus.
37
FIGURA 20. Gênero Agaricos.
FIGURA 21. Gênero Micena.
38
FIGURA 22. Gênero Geastrum.
FIGURA 23. Gênero Ganoderma.
39
5 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que:
 Micologia é a ciência que estuda os fungos.
 Os fungos possuem formas e tamanhos variados.
 Podem ser unicelulares ou pluricelulares.
 Não possuem plastos ou pigmentos fotossintéticos.
 Nutrição por absorção.
 São saprofíticos, parasitos facultativos ou biotróficos.
 Encontra-se em abundância no solo, vegetais e nas águas.
 Reproduzem-se por meio de ciclos teleomorfo e anamorfo.
 O Basidiomycota são bons indicadores ecológicos, referentes à degradação
florestais, devido ao fato de desenvolverem seus micélios nos troncos das
madeiras ao abrigo do sol.
 Na Mata do Bitury foram encontrados e fotografados nove gêneros de
Basidiomycota: Schizophyllum, Marasmius, Polyporus, Pycnoporus,
Polyporus, Agaricus, Micena, Geastrume Ganodera.
40
REFERÊNCIAS
ALEXOPOULOS, C.J.; MIMS, C.W.; BLACKWELL, M. Introductory Mycology. John
Wiley e Sons, INC, New York. 4th ed, 869p. 1996.
BECK, I. Manual de Preservação de Documentos. Arquivo Nacional. 1991.
BREJO DA MADRE DE DEUS. Prefeitura Municipal. Plano municipal de saúde - sistema
único desaúde- 1991-1993.
CEPAN. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste. Programa de incentivo às rppns da
Mata Atlântica. Plano de negócios para arppnFazenda Bitury. 2009. 15p.
COSTA W.C.Micologia e diversidade dos Fungos na Amazônia. Cadernos de
Alfabetização Científica/Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. 2004.
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade brasileira: Avaliação e
identificação de áreas prioritárias para conservação, utilização sustentável e
repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasília: MMA/SBF. 2002.
MORENO, G.J.L. ANJON, G.M.; ZUGAZA, A. La guia de incafo de loshongos de
laPeninsulaIberica. Tomo I, Incafo, S. A., Madrid. 1986.
OAP – Observadores de Aves de Pernambuco.Relatório de levantamento
preliminar da avifauna no Município de Brejo da Madre de Deus – Perambuco –
Jardim do Teatro de Nova Jerusalém e RPPN Fazenda Bitury. 2003.
OLIVEIRA, P.Cogumelos e o Ambiente. Diário do Sul. 2001.
PFISTER, D.F.R. GORDON,W. Mycologia, v.80, n.11.1988.
RODAL, M.J.N.; M.F. SALES, S.J. MAYO.Florestas serranas de Pernambuco:
Localização e conservação dos remanescentes dos Brejos de Altitude. UFRPE,
Imprensa Universitária, Recife. 1998.
41
SALES, M.F.; MAYO, S.J.; RODAL, M.J.N. Plantas Vasculares das Florestas
Serranas de Pernambuco: Um checklist da flora ameaçada dos Brejos de
Altitude Pernambuco-Brasil. UFRPE, Imprensa Universitária, Recife. 97p. 1998.
SILVA, R.R.; COELHO, G.D. Fungos principais grupos e aplicações
biotecnológicas. Instituto de botânica, IBtPrograma de Pós Graduação em
Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente Curso de Capacitação de monitores e
educadores. 2006.
SILVEIRA, V.D. Micologia. 5ª edição. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural Edições.
Ltda.1995.
TRABULSI, L.R. Microbiologia Médica. São Paulo: Atheneu. 2002. p. 586.
VALDEVINO, J.A.; SÁ, P.S.A.; PORTO, K.C. Musgos pleurocárpicos de Mata
Serrana em Pernambuco, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v.16, p.161-174. 2002.
WASSON, R.G. The Wondrous Mushroom: Mycolatry in Mesoamerica, McG raw-
H ill, New York. 1980.
WILLERDING, A.L. Diversidade de Macromicetos Lignolíticos. 2005.

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Diversidade de Basidiomycota na Mata do Bitury

  • 1. 1 AUTARQUIA EDUCACIONAL DO BELO JARDIM – AEB FACULDADE DO BELO JARDIM – FABEJA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ENSINO DA BIOLOGIA E SUAS TECNOLOGIAS ALDEMIR JOSE DE ARAUJO DIVERSIDADE DE BASIDIOMYCOTA DA MATA DO BITURY, MUNICÍPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS, PERNAMBUCO BELO JARDIM - PE 2015
  • 2. 2 ALDEMIR JOSE DE ARAUJO DIVERSIDADE DE BASIDIOMYCOTA NA MATA DO BITURY, MUNICÌPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS, PERNAMBUCO ORIENTADORA - Prof.ª Dr.ª MÁRCIA MARIA COSTA ASSUNÇÃO BELO JARDIM - PE 2015 Monografia apresentada ao Curso de Pós- GraduaçãolLatosensu, Ensino de Biologia e suas Tecnologias, da Faculdade do Belo Jardim – FABEJA, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Especialista nas Ciências Biológicas. Assunção
  • 3. 3 ALDEMIR JOSE DE ARAUJO DEVERSIDADE DE BASIDIOMYCOTA NA MATA DO BITURY, MUNICÌPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS, PERNAMBUCO Aprovada em _____/_____/_____ COMISSÃO EXAMINADORA Prof.ª Dr.ª Márcia Maria Costa Assunção (Orientadora) Faculdade de Ciências Humanas e Aplicada do Belo Jardim (FABEJA) Prof. Esp. João Adriano Silva Oliveira Faculdade de Ciências Humanas e Aplicada do Belo Jardim (FABEJA) Prof. Dr. Mirivaldo de Barros e Sá Faculdade de Ciências Humanas e Aplicada do Belo Jardim (FABEJA)
  • 4. 4 DEDICATÓRIADE ALDEMIR A minha esposa que desde sempre me apoia em todas as situações, em especial na pedagógica, aos meus filhos os quais me incentivam e me surpreendem cada vez mais, a minha mãe, Im Memorian, a qual Deus confiou a minha vida. A eles, que jamais esquecerei. Meu amor eterno.
  • 5. 5 Viver, com relação a biologia é algo bem simples, o ser vivo é aquele que nasce, cresce, se reproduz ou não e morre - a vida que todos pediram a Deus ou seja, viver é nascer, crescer, ter filhos ou não e morrer. Entretanto na realidade, tudo é muito complicado, pois a biologia não fala que para você nascer, é necessário que um indivíduo tenha amado alguém sendo capaz de amar você, ela também não diz, que quando você cresce há momentos que você não quer mais crescer, também não fala que se reproduzir é algo muito complicado, em que o amor é o principal "complicador", porém, em uma coisa ela está certa, morrer é simples, não é necessário amor ou ódio, apenas o tempo certo. Talvez a vida real fosse mais simples, se não tivéssemos a ação do agente "complicador" o amor. Aquele que pode fazer o ciclo da vida ser mágico, lindo e admirável ou dramático, triste e abominável. Little Sunshine.
  • 6. 6 AGRADECIMENTOS A Deus por ter me concedido a vida, cheia de força e coragem para superar as dificuldades. A orientadora Prof.ª Dr.ª Márcia Maria Costa Assunção pela paciência, dedicação e autenticidade. A Faculdade de Formação de Professores de Belo Jardim (FABEJA), sob orientação da Diretora-Presidente Carmem Aparecida Guimarães Peixoto. A Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas Prof.ª M.s Juciara Carneiro Gouveia Tenório pelo respeito e disponibilidade para todos os alunos do curso. Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, que contribuem na formação dos alunos. Aos colegas do curso, pelos momentos de descontração e amizade. A Maria Iara Bezerra Silva, secretária do Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, pessoa competente, sempre disposta e alegre para ajudar. A todos que direta ou indiretamente contribuíram com esta pesquisa. MUITO OBRIGADO
  • 7. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Cogumelo.............................................................................................. 12 Figura 2 Leveduras ............................................................................................. 13 Figura 3 Hifas ..................................................................................................... 14 Figura 4 Crescimento apical de uma hifa............................................................ 15 Figura 5 Fungos parasitando plantas.................................................................. 16 Figura 6 Absorção do alimento pelos fungos....................................................... 17 Figura 7 Molécula da glicose................................................................................ 18 Figura 8 Basidiomycota sapróbios....................................................................... 19 Figura 9 Basidiomycota parasita.......................................................................... 20 Figura 10 Basidiomycota sapróbios....................................................................... 21 Figura 11 Fungos comestíveis............................................................................... 23 Figura 12 Basidiomycota de uso medicinal............................................................ 24 Figura 13 Basidiomycota usados na magia............................................................ 26 Figura 14 Mata do Bitury........................................................................................ 33 Figura 15 Gênero Schizophyllum........................................................................... 35 Figura 16 Gênero Marasmius................................................................................ 35 Figura 17 Gênero Polyporus.................................................................................. 36 Figura 18 Gênero Pycnoporus............................................................................... 36 Figura 19 Gênero Polyporus.................................................................................. 37 Figura 20 Gênero Agaricos.................................................................................... 37 Figura 21 Gênero Micena...................................................................................... 38 Figura 22 Gênero Geastrum.................................................................................. 38 Figura 23 Gênero Ganoderma............................................................................... 39
  • 8. 8 RESUMO O presente trabalho sobre fungos mostra que de cerca de 1,5 milhões de espécies existentes, apenas 70.000 foram descritas até hoje pela Micologia, que é a ciência que os estuda. Enfoca que os mesmos, conhecidos popularmente como mofos e bolores, e que na maior parte das vezes, são lembrados somente pelos danos que algumas espécies causam, seja parasitando plantas, seja causando problemas de saúde em animais, além de promoverem a deterioração de combustíveis e de grande variedade de materiais, não têm sua importância reconhecida na manutenção da vida no planeta, especialmente quando da sua ação recicladora de materiais depostos em florestas, como troncos, galhos e folhas, que por si só não se regenerariam. Coloca os Basidiomycota lignocelulolíticos, como únicos organismos que possuem enzimas capazes de desestabilizar as moléculas de lignina e reciclar essa matéria orgânica, disponibilizando os produtos da degradação para ação de outros microrganismos e o crescimento de plantas, dando a conhecer que “as atividades desses fungos na natureza são tão necessárias para a continuidade da existência do planeta quanto são aquelas desempenhadas pelos organismos produtores” (SILVA e COELHO, 2006). Enfoca ainda que conhecer a diversidade dos Basidiomycota na Mata do Bitury, no Município de Brejo da Madre de Deus, Estado de Pernambuco, pode ser a forma de contribuir para a construção de conhecimento sobre a importância ecológica do Basidiomycota na preservação desse bioma e de outros, colocando a Etnomicologia a serviço da vida. Palavras chave: Micologia. Basidiomycota. bioma.
  • 9. 9 ABSTRACT This work on fungi shows that about 1.5 million existing species, only 70,000 were described today by Mycology, which is the science that studies them. It focuses on the same, popularly known as mildews and molds, and in most cases, are remembered only for the damage that some species cause either parasitizing plants is causing health problems in animals, in addition to promoting the deterioration of fuels and large variety of materials, have recognized its importance in sustaining life on the planet, especially when your recycler action deposed materials in forests, such as tree trunks, branches and leaves, that alone does not regenerate. Place the lignocellulolytic Basidiomycota, as the only organisms that possess enzymes able to destabilize the lignin molecules and recycle this organic matter, providing the degradation products action of other microorganisms and plant growth, making known that "the activities of these fungi in nature are so necessary for the continued existence of the planet as are those performed by producing organisms "(Silva and Coelho, 2006). Focuses even know the diversity of Basidiomycota in the Forest of Bitury in the municipality of Brejo da Madre de Deus, Pernambuco State, may be the way of contributing to the construction of knowledge about the ecological importance of Basidiomycota in the preservation of this biome and other by placing the ethnomycology the service of life. KEY WORDS: Mycology. Basidiomycota. biome.
  • 10. 10 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS RESUMO ABSTRACT 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 15 2.1 BIOLOGIA DOS FUNGOS........................................................................... 15 2.2 MODO DE NUTRIÇÃO................................................................................. 18 2.2.1 SAPRÓFITOS........................................................................................... 21 2.2.2 PARASITAS.............................................................................................. 21 2.2.3 MUTUALISTAS......................................................................................... 22 2.3 ETNOMICOLOGIA....................................................................................... 23 2.3.1 USO GASTRONOMICA............................................................................ 24 2.3.2 USO MEDICINAL...................................................................................... 25 2.3.3 USO MÁGICO........................................................................................... 25 2.4 ECOLOGIA DOS BASIDIOMYCOTA.......................................................... 26 2.5 IMPORTÂCIA AMBIENTAL DOS BASIDIOMYCOTA................................ 27 2.6 IMPORTÂCIA BASIDIOMYCOTA NBA DOS ALIMENTAÇÃO HUMANA 28 2.7 IMPORTANCIA DOS FUNGOS NA MEDICINA.......................................... 29 2.8 PRINCIPAIS GRUPOS TAXONOMICOS.................................................... 29 2.9 FILOS BASIDIOMYCOTA............................................................................ 30 3 METODOLOGIA.............................................................................................. 32 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS 32 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA MATA DO BITURY............................................. 32 3.3 CRITÉRIOS UTILIZADOS............................................................................ 34
  • 11. 11 4 RESULTADOS................................................................................................ 35 5 CONCLUSÕES............................................................................................... 40 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 41
  • 12. 12 1 INTRODUÇÃO Micologia é a ciência que estuda os fungos. Mais de 70.000 espécies de fungos foram descritas até hoje, porém algumas estimativas sugerem que o número total de espécies existentes neste reino seja de 1,5 milhões. Isso significa que apenas cerca de 6% da diversidade total dos fungos é conhecida. Dentro do sistema de classificação de três domínios, Eukarya, Bactéria, Archaebacteria, os fungos fazem parte do domínio Eukarya, junto com os reinos Plantae e Animalia (HAWKSWORTH et. al., 1995). Os fungos são conhecidos popularmente como mofos e bolores. No entanto, na maior parte das vezes, são lembrados somente pelos danos que algumas espécies causam, seja parasitando plantas ou causando problemas de saúde como alergias e micoses em animais. Podem promover a deterioração de combustíveis e de grande variedade de materiais, a exemplo de equipamentos ópticos e outros materiais de grande valor como obras de arte e arquitetônicas (SILVA e COELHO, 2006). Os fungos são organismos eucarióticos cujos núcleos são dispersos em um micélio contínuo ou septado. Possuem formas e tamanhos variados. Podem ser unicelulares ou pluricelulares, isto é, compostos por uma ou várias células, existindo espécies macroscópicas como os cogumelos e microscópicas. Não possuem plastos ou pigmentos fotossintéticos, sua nutrição é por absorção. São saprofíticos, parasitos facultativos ou biotróficos. Crescem como célula única (leveduras) ou como colônias filamentosas multicelulares (bolores). Encontra-se em abundância no solo, vegetais e nas águas. Reproduzem-se por meio de ciclos teleomorfo e anamorfo (TRABULSI, 2002). A importância dos fungos para a manutenção da vida no planeta, se considerar que em uma floresta ocorre grande deposição de material vegetal como
  • 13. 13 troncos, galhos e folhas, é fundamental. A lignina, celulose e hemicelulósica, moléculas persistentes na natureza, estão presentes no tecido dos vegetais e sem a atuação dos fungos não seria possível à reciclagem desse material, isso porque a lignina, um dos constituintes da parede celular dos vegetais, apresenta grande estabilidade química e por essa razão apresenta considerável resistência no meio ambiente. Os Basidiomycota lignocelulolíticos, são os únicos organismos que possuem enzimas capazes de desestabilizar as moléculas de lignina e reciclar essa matéria orgânica disponibilizando os produtos da degradação para ação de outros microrganismos e o crescimento de plantas. As atividades dos fungos na natureza são tão necessárias para a continuidade da existência do planeta, quanto são aquelas desempenhadas pelos organismos produtores (SILVA e COELHO, 2006). Os Basidiomycota têm uma função preponderante na decomposição de substratos decompondo vegetais, constituem dois terços da biomassa viva. Considerando a importância dos Basidiomycota para o ambiente, justifica-se a necessidade do presente trabalho, principalmente por constatar a presença dos mesmos na Mata do Bitury (SILVA e COELHO, 2006). A mata do Bitury está localizada a cerca de 200 km da capital do Estado de Pernambuco, Recife, situada no município de Brejo da Madre de Deus, na microrregião do Vale do Ipojuca, ocupando uma área de 373,53 hectares de floresta estacional sem decidual (RODAL et. al., 1998). De acordo com MM (2002), a Mata do Bitury é uma das 25 áreas consideradas de extrema importância biológica para conservação da biodiversidade do Estado de Pernambuco. Frente a estas constatações, a presente pesquisa teve como objetivo geral conhecer a diversidade dos Basidiomycota na Mata do Bitury, no Município de Brejo da Madre de Deus. Espera-se que o presente trabalho possa contribuir e introduzir conhecimentos sobre Basidiomycota na natureza, ajudando a entender sua importância ecológica.
  • 14. 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 BIOLOGIA DOS FUNGOS Micologia (myko = fungo, logy = estudo), é a ciência que estuda os fungos, e o pesquisador que estuda os fungos é chamado de micólogo. São incluídos organismos como os cogumelos (Figura 1), orelhas-de-pau, ferrugens e carvões de plantas, mofos e leveduras, além de outros menos conhecidos. Mais de 70.000 espécies de fungos foram descritas até hoje, porém algumas estimativas sugerem que o número total de espécies existentes neste reino seja de 1,5 milhões. Isso significa que apenas cerca de 6% da diversidade total dos fungos é conhecida. Dentro do sistema de classificação de três domínios, Eukarya, Bactéria, Archaebacteria, os fungos fazem parte do domínio Eukarya, junto com os reinos Plantae e Animalia (HAWKSWORTH et. al., 1995). FONTE:<purpletrance.com> FIGURA 1. Cogumelo. Muitas vezes os fungos foram comparados a vegetais, no entanto, são organismos que não possuem clorofila em suas células e, portanto, não realizam fotossíntese. Os fungos são eucariotos e podem ser unicelulares (leveduras) ou
  • 15. 15 multicelulares. Normalmente possuem dois núcleos em suas células os quais podem ser visualizados pelo microscópio óptico empregando-se técnicas de coloração apropriadas (SILVA e COELHO, 2006). De acordo com Trabulsi (2002), os fungos possuem formas e tamanhos variados. Podem ser unicelulares (leveduras) ou pluricelulares, isto é, compostos por uma ou várias células, existindo espécies macroscópicas e microscópicas. Não possuem plastos ou pigmentos fotossintéticos, sua nutrição é por absorção. São saprofíticos, parasitos facultativos ou biotróficos. Crescem como célula única (leveduras) (Figura 2) ou como colônias filamentosas multicelulares (bolores). Encontra-se em abundância no solo, vegetais e nas águas. Reproduzem-se por meio de ciclos teleomorfo e anamorfo. FONTE:<wwwsciencephotolibrary.com> FIGURA 2. Leveduras. Os fungos são seres eucariontes, possuem núcleo verdadeiro com membrana envolvendo o material genético. O corpo dos fungos é normalmente composto de células alongadas em forma de tubos cilíndricos que são chamadas de hifas (Figura 3), o conjunto de hifas é chamado de micélio. Não existe, em nenhum dos casos, a formação de tecidos verdadeiros, e a condução de água e nutrientes ocorre diretamente de célula a célula. Possui, em sua membrana celular, um esterol equivalente ao colesterol que está presente na membrana das células animais. Nos fungos, porém, este esterol é o ergosterol, encontrado exclusivamente nos fungos, com implicações práticas para o homem, pois permitiu que fossem desenvolvidas drogas que atacam exclusivamente o ergosterol para combater fungos parasitas de
  • 16. 16 animais, sem que haja nenhum efeito sobre a membrana animal. A droga desintegra o ergosterol, rompendo a membrana plasmática do fungo, não atingindo o colesterol (TRABULSI, 2002). FONTE:<www.misodor.com> FIGURA 3. Hifas. O crescimento das hifas ocorre continuamente na extremidade das células, onde enzimas digestivas são liberadas e nova parede celular é sintetizada. O citoplasma se move continuamente de partes mais antigas da hifa em direção ao ápice, onde está ocorrendo o crescimento. Este modo de crescimento é único dos fungos e é conhecido como crescimento apical. O crescimento apical proporciona aos fungos características importantes quanto à exploração de substratos com maior quantidade de matéria orgânica e fornece aos fungos o poder de penetrar nos substratos a serem explorados. Isto ocorre porque as enzimas liberadas na região apical são capazes, dependendo da espécie fúngica, de decompor o substrato (Figura 4) (SILVEIRA, 1995).
  • 17. 17 FONTE: <www.doutorcupim.com> FIGURA 4. Crescimento apical de uma hifa. 2.2 MODO DE NUTRIÇÃO Como não podem sintetizar moléculas orgânicas a partir de moléculas inorgânicas como fazem as plantas, os fungos são heterotróficos e obtêm energia degradando material orgânico depositado na natureza. Podem parasitar plantas (Figura 5), animais e outros fungos. Esses organismos secretam enzimas no substrato onde se encontram e absorvem as moléculas resultantes da ação dessas enzimas. Com isso, além de obterem nutrientes para seu crescimento disponibilizam produtos resultantes da degradação para ação de outros microrganismos, e por essa razão são os degradadores primários de material orgânico na natureza, participando ativamente nos ciclos de carbono, nitrogênio e fósforo (SILVA e COELHO, 2006). Segundo Silveira (1995), os fungos não possuem clorofila, sendo incapazes de produzir seu próprio alimento. A ausência de clorofila afeta o estilo de vida dos fungos: que não são dependentes de luz, podendo ocupar lugares escuros, crescer em qualquer direção, invadir o interior dos substratos através do crescimento apical e da produção de enzimas. A luz pode ser usada por alguns fungos em algumas situações para otimizar a dispersão dos esporos.
  • 18. 18 FONTE:<ecoprofundo.wordpress.com> FIGURA 5. Fungos parasitando plantas. Alguns micólogos costumam explicar o modo de nutrição dos fungos dizendo que eles possuem o ‘estômago virado do avesso’. Isto na verdade significa que os fungos primeiro digerem o alimento para depois ingeri-lo (ao contrário do que fazem os animais). Isto ocorre através da produção de exoenzimas digestivas que são liberadas no substrato e quebram a matéria orgânica em compostos pequenos que são, então, absorvidos através da parede e membrana celulares. Absorção é o modo como os fungos obtêm nutrientes do ambiente (Figura 6). Como o processo de difusão de enzimas extracelulares e de compostos através da parede e membrana celular depende de água, normalmente os fungos estão restritos a ambientes relativamente úmidos (SILVEIRA, 1995). FONTE: <www.infopedia.pt> Figura 6. Absorção do alimento pelos fungos.
  • 19. 19 A substância de reserva dos fungos, assim como dos animais, é o glicogênio. O composto mais simples que a maioria dos fungos usa como fonte de energia é o monossacarídeo glucose, que pode ser diretamente absorvido pelas hifas. Antes de começar a sintetizar as enzimas apropriadas para decompor um determinado substrato, o fungo deve reconhecer a natureza do substrato. Este processo de reconhecimento do substrato é chamado de indução, pois é isso que vai dizer quais enzimas devem ser sintetizadas pelo fungo. Estas enzimas induzidas pelo substrato são chamadas de adaptativas (SILVEIRA, 1995). O principal alimento dos fungos é a glicose (Figura 7) obtida pela quebra da molécula de celulose. Para seu desenvolvimento eles necessitam de nutrientes, como nitrogênio, que provém dos compostos orgânicos nitrogenados presentes no papel como impurezas e aditivos. As condições ideais para o crescimento dos fungos estão entre pH de 5 e 6 e temperaturas de 22 a 30º C, sendo que este desenvolvimento pode ocorrer em condições de pH de 2 a 9 e temperaturas de 0 a 62º C (BECK, 1991). FONTE:<biomedicinaemacao-unipblogspot.com> Figura 7. Molécula da glicose. De acordo com Silveira (1995), os modos de nutrição dos fungos são: saprófitos, parasitas, mutualistas, comensais.
  • 20. 20 2.2.1 Saprófitos Fungos saprófitos (ou sapróbios) degradam e absorvem compostos de matéria orgânica morta (Figura 8) e têm um importante papel na reciclagem de nutrientes e matéria orgânica na natureza, sendo imprescindíveis no ciclo do Carbono. A reciclagem de nitrogênio e outros nutrientes minerais é um papel dos fungos saprófitos. Junto com as bactérias, os fungos são responsáveis por decompor a matéria orgânica de organismos mortos no ambiente, sem os quais o planeta estaria coberto de árvores e animais mortos que nunca seriam decompostos. FONTE:<florabrasilienses.blogspot.com> Figura 8. Basidiomycota sapróbios. A decomposição é feita através da liberação, no substrato, de enzimas e metabólitos secundários que podem ser benéficos ou maléficos. Vários destes compostos têm sido investigados pelas suas propriedades e são utilizados pelo homem (SILVEIRA, 1995). 2.2.2 Parasitas Fungos parasitas utilizam a matéria orgânica de organismos vivos como substrato, sendo a forma de sobreviver. Obviamente, de alguma forma estes fungos são prejudiciais ao hospedeiro onde crescem e são chamados de patógenos. Os
  • 21. 21 hospedeiros vão desde organismos unicelulares até os mais complexos, incluindo plantas, animais e outros fungos (Figura 9). FONTE:<florabrasilienses.blogspot.com> Figura 9. Basidiomycota parasita. 2.2.3 Mutualistas Fungos mutualistas ou simbiontes formam associações que são benéficas para ambos os parceiros envolvidos. Dentre estas associações, destacam-se os líquens (fungo + clorofila ou cianobactéria) e as micorrizas (fungo + raiz de plantas) (Figura 10). Em ambos os casos, existe uma dependência, e um organismo não sobrevive sem o outro, ou sobrevive de forma a ser menos competitivo no ambiente natural (SILVEIRA, 1995). FONTE:<florabrasilienses.blogspot.com> Figura 10. Líquens, fungos mutualistas.
  • 22. 22 De acordo com Silveira (1995), existem vários tipos de micorrizas, mas de modo geral, a dinâmica da relação é a mesma para todas: o fungo fornece à planta hospedeira água e nutrientes do solo, enquanto a planta transfere metabólitos necessários à nutrição do fungo. O fungo não consegue produzir seu próprio alimento e necessita de nutrientes que a planta pode fornecer. Por outro lado, o micélio do fungo (conjunto de hifas) que cresce no solo, se estende a distâncias muito maiores e é capaz de buscar água e nutrientes em partes do solo que a raiz da planta não alcança. O parceiro dominante nos liquens é um fungo, que geralmente é um Ascomycota, mas em alguns casos membros de Basidiomycota já foram observados. Como os fungos são incapazes de produzir seu próprio alimento, a parceria com uma alga ou com uma cianobactéria (às vezes com ambos ao mesmo tempo) resolve este problema. Em troca da produção de compostos orgânicos (algas) ou da absorção de nitrogênio (cianobactérias) o fungo fornece aos seus parceiros um ambiente menos suscetível ao ressecamento e a capacidade de reter água por maiores períodos de tempo. A morfologia do líquen é particular e é a associação entre os parceiros, que define a aparência que o líquen terá (SILVEIRA, 1995). 2.3 ETNOMICOLOGIA A Etnomicologia foi definida por Robert Gordon Wasson como um ramo da Etnobotânica que se dedica ao estudo do papel dos cogumelos, no passado da humanidade (WASSON, 1980). A partir da constatação que diferentes etnias desenvolviam atitudes muito diversas, em relação à utilização de macro fungos. Tipificou as atitudes de rejeição e aceitação com os termos “micófobo” e “micófilo”, respectivamente. O seu trabalho pioneiro foi dedicado, sobretudo ao lado “etno”, compilando termos, tradições, mitos, as práticas do quotidiano, de culturas de todo o mundo (PFISTER, 1988). Os fungos são lembrados somente pelos danos que algumas espécies causam, seja parasitando plantas ou causando problemas de saúde como alergias e micoses em animais. Podem promover a deterioração de combustível e grande
  • 23. 23 variedade de materiais, como equipamentos ópticos e outros materiais de grande valor, obras de arte e arquitetônicas. No entanto, os benefícios proporcionados pelos fungos não são tão divulgados quanto os prejuízos. Todos os dias as pessoas são beneficiadas por produtos originados direta ou indiretamente de fungos. Pode-se citar como exemplo a ação fermentativa de fungos na síntese de álcool etílico e dióxido de carbono, os quais são imprescindíveis na produção de bebidas como vinho e cerveja, alimentos como pães e massas em geral. Outras espécies podem proporcionar sabor e aroma distintos em diferentes tipos de queijos. O consumo de cogumelos comestíveis é prática comum entre populações de outros países, principalmente os orientais, e em nosso país, sua utilização vem crescendo a cada dia (SILVA e COELHO, 2006). Segundo Silva e Coelho (2006), há três categorias principais de usos dos macrofungos, relacionadas com a ingestão de certas espécies. 2.3.1 Uso gastronômico O mais generalizado em todos os continentes compreende não só a procura e consumo de espécies comestíveis que complementam a dieta de muitos povos (Figura 11), mas ainda o seu reverso, que é o do envenenamento devido a confusões com espécies tóxicas ou misturas acidentais (MORENO et al., 1992). FONTE:<cogumelosonline.blogspot.com> Figura 11. Fungos comestíveis.
  • 24. 24 2.3.2 Uso medicinal Desenvolvido principalmente no extremo oriente e associado, sobretudo a Polyporales e espécies afins, embora se incluam vários táxones doutros grupos, assume um enorme relevo nas práticas tradicionais de medicina para tratamento de doenças crônicas, combate ao envelhecimento e regularização de funções orgânicas. O esclarecimento de algumas propriedades terapêuticas reconhecidas em certas espécies, por métodos científicos, tem resultado até num alargamento do espectro das suas potencialidades (Figura 12). FONTE:<www.dominiojovem.com.br> Figura12. Basidiomycota de uso medicinal 2.3.3 Uso mágico Relaciona-se com a presença de substâncias que atuam ao nível do cérebro, alterando a percepção sensorial, tanto em relação a estímulos externos como em relação ao próprio corpo, e cujo consumo é tradicionalmente associado a ritos xamânicos em muitas culturas da Ásia, da África e da América, de que abundantes símbolos, ou referências históricas e religiosas, dão testemunho (Figura 13) (OLIVEIRA, 2001).
  • 25. 25 FONTE:<jornadasdamente.blogspot.com> Figura 13. Basidiomycota usados na magia. Podem contar-se usos diversos como a tinturaria, atavios de indumentária, e a manutenção de mechas acesas para preparação do fogo, mantida na Europa até ao século XIX (OLIVEIRA, 2001). No caso dos microfungos, cuja importância para as culturas humanas se podem ver através de patogênicos na agricultura, dermatófitos na clínica, leveduras na indústria alimentar, micorrizos na agricultura e silvicultura (OLIVEIRA, 2001). 2.4 ECOLOGIA DOS BASIDIOMYCOTA Os cogumelos apresentam grande importância ecológica por possuírem um dos papéis mais fundamentais na eliminação de resíduos, a matéria morta e reincorporando-a no ciclo da vida. Os Basidiomycota têm uma função preponderante na decomposição de substratos decompondo vegetais, frequentemente constituem dois terços da biomassa viva do solo.
  • 26. 26 Os fungos são importantes para manutenção da vida no planeta quando considera que em uma floresta ocorre grande deposição de material vegetal como troncos, galhos e folhas. A lignina, celulose e hemicelulose são moléculas persistentes na natureza e estão presentes no tecido dos vegetais. Sem a atuação dos fungos não seria possível a reciclagem desse material, isso porque a lignina, um dos constituintes da parede celular dos vegetais, apresenta grande estabilidade química e por essa razão apresenta considerável resistência no meio ambiente. Os Basidiomycota lignocelulolíticos, são os únicos organismos que possuem enzimas capazes de desestabilizar as moléculas de lignina e reciclar essa matéria orgânica disponibilizando os produtos da degradação para ação de outros microrganismos e crescimento de plantas. As atividades dos fungos na natureza são tão necessárias para a continuidade da existência do planeta, quanto são aquelas desempenhadas pelos organismos produtores (SILVA e COELHO, 2006). 2.5 IMPORTÂNCIA AMBIENTAL DOS BASIDIOMYCOTA É estimado que existam cerca de 1,5 milhões de espécies de fungos, e desse número são conhecidas pelos micologistas somente cerca de 69.000 espécies, porém, devido à ação predatória do ambiente, várias espécies de fungos estão sendo extintas antes mesmo de serem conhecidas, causando prejuízo imensurável para o equilíbrio ecológico, além de não se obter conhecimento do potencial biotecnológico dessas espécies. Apresentam características peculiares que os diferem dos animais e dos vegetais, além do grande número de espécies encontradas por todo o planeta (SILVEIRA, 1995). Os fungos utilizam uma variedade de substratos como fontes de carbono, entretanto, alguns grupos se especializaram em degradar substratos particulares, tornando-se mais competitivos perante outros microrganismos. Por essa razão os fungos são encontrados em praticamente todos os ambientes no planeta. Apesar de estarem presentes na natureza em maior número que os animais, na maioria das vezes são observados somente quando espécies terrestres produzem bonitos cogumelos ou orelhas de pau. Porém, passa despercebida a importante ação desses organismos na manutenção e reciclagem de nutrientes na natureza (SILVEIRA, 1995).
  • 27. 27 Muitas espécies de Basidiomycota são degradadoras de madeira e podem ser divididos em dois grandes grupos: os fungos causadores de podridão branca e os causadores de podridão parda. Os primeiros são dotados de complexo enzimático, que os tornam capazes de converter moléculas de celulose, hemicelulose e lignina em água e CO2. A madeira, depois de sofrer a ação desses fungos, fica com aspecto esponjoso, fibroso ou laminado e com cor esbranquiçada, o que caracteriza o nome do grupo. Os fungos causadores de podridão parda são responsáveis pela degradação da celulose e hemicelulose e deixam a madeira com aspecto amorfa e desintegrada ao final do processo de degradação, restando apenas moléculas de lignina modificada de coloração parda. Os Basidiomycota causadores de podridão branca são os únicos organismos capazes de converter lignina em CO2 e água (SILVA e COELHO, 2006). A importância dos Basidiomycota para o meio ambiente está relacionada com a capacidade em secretar enzimas capazes de degradar e desestabilizar moléculas orgânicas persistentes. Por essa razão, são pesquisados e utilizados para degradação de resíduos lignocelulósicos persistentes no ambiente (SILVA e COELHO, 2006). 2.6 IMPORTÂNCIA DOS BASIDIOMYCOTA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA Cerca de duzentos tipos de cogumelos são cultivados e utilizados na alimentação humana. O cultivo de fungos para alimentação é uma prática bastante rentável devido a sua alta taxa de crescimento e plasticidade em relação ao substrato. Muitas enzimas fúngicas vêm sendo exploradas na indústria alimentícia e em outros processos biotecnológicos envolvidos na fabricação de sucos de frutas e na indústria papeleira. A partir de certas espécies de fungos é possível sintetizar substâncias inseticidas que auxiliam no controle de pragas. Nas últimas décadas os fungos vêm sendo estudados quanto a sua aplicação para recuperação de ambientes degradados por poluentes químicos (SILVA e COELHO, 2006). Nesse grupo existem muitos fungos produtores de cogumelos comestíveis. Entretanto, é muito importante que não se utilize cogumelos retirados da natureza
  • 28. 28 para alimentação. Porque existem espécies tóxicas para o organismo humano, e somente especialistas teriam condições de observar no ambiente se a espécie é ou não comestível. Recomenda-se a utilização de cogumelos comercializados os quais são provenientes de produtores especializados (SILVA e COELHO, 2006). 2.7-IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS NA MEDICINA Na medicina, os fungos receberam especial atenção a partir do desenvolvimento de alguns antibióticos, destacando-se a penicilina sintetizada a partir de metabólitos do fungo Penicillium chrysogenum. Esteroides e hormônios para crescimento vegetal são oriundos também de metabólitos desses organismos. Um dos exemplos notáveis da utilização dos metabólitos fúngicos na medicina é a administração de ciclosporina em pessoas submetidas a transplantes. Essa substância foi isolada a partir de fungos de solo (Tolypocladium inflatum e Cylindrocarpon lucidum) na década de 70 (SILVA e COELHO, 2006). Várias pesquisas demonstraram que alguns polissacarídeos, glicoproteínas e proteoglicanas presentes em cogumelos podem modular as respostas do sistema imunológico e inibir o crescimento tumoral. Alguns têm promissor efeito cardiovascular, anticâncer, antiviral, antibacteriana, antiparasitária, propriedades antiinflamatórias e antidiabéticos. Alguns Basidiomycota produzem substâncias que podem ser usadas como medicamentos como, por exemplo, extratos de cogumelo do sol, Agaricus brasilienses, estão sendo estudados para uso no tratamento de leishmaniose. 2.8-PRINCIPAIS GRUPOS TAXONÔMICOS A classificação moderna reconhece quatro grupos principais de fungos: Ascomycota, Basidiomycota, Zygomycota e Chytridiomycota. A forma como estes grupos se relacionam filogeneticamente pode ser interpretada simplesmente como: Ascomycota e Basidiomycota estão mais proximamente relacionados entre si do que estão de Zygomycota ou de Chytridiomycota. Basidiomycota e Ascomycota têm um ancestral comum que não é compartilhado com os outros dois grupos. As relações e
  • 29. 29 mais estudos são necessários para o seu esclarecimento (WILLERDING, et al., 2005). 2.9 FILO BASIDIOMYCOTA O Filo Basidiomycota, possui, no Brasil, 1.730 espécies divididas entre 376 gêneros. Esses são bons indicadores ecológicos, referentes à degradação florestais, devido ao fato de desenvolverem seus micélios nos troncos das madeiras ao abrigo do sol. Este filo contém cerca de 30.000 espécies descritas, o que corresponde a 37% das espécies de fungos descritas. Os Basidiomycota mais conhecidos são os que apresentam estruturas macroscópicas, como os cogumelos e orelhas de pau, que são as estruturas reprodutivas responsáveis por produzir e dispersar os esporos sexuais. Embora em menor número, existem neste grupo espécies unicelulares (leveduras) e assexuais (fungos anamórficos). A característica diagnóstica deste filo é a produção de células chamadas basídios, onde são produzidos os basidiósporos (esporos sexuais) (WILLERDING, et. al., 2005). Fungos terrestres, existindo espécies parasitas (ferrugens). Nesse grupo são encontradas espécies liquenizadas. São difundidos por todo o planeta e talvez seja o grupo mais visualizado na natureza, devido ao tamanho dos cogumelos e coloração de alguns dos seus membros. Neste filo estão os cogumelos, como Amanita muscaria, uma espécie europeia. As orelhas de pau são ecologicamente importantes. Os membros deste grupo são responsáveis por decompor a celulose e lignina da madeira e vêm sendo usados em indústrias papeleiras e no tratamento de efluentes com alta quantidade de lignina. As ferrugens e carvões formam um dos grupos de fungos mais importantes economicamente, pois são parasitas obrigatórios de plantas cultivadas pelo homem como café, cereais, legumes, produzindo redução na taxa de produtividade, podendo matar a planta (SILVA e COELHO, 2006). O micélio é constituído por hifas septadas que podem ser simples ou possuírem ansas, estrutura característica do grupo conhecida como septo do lipórico, utilizada na transferência de um dos núcleos após sua divisão, não havendo impedimento do material citoplasmático de uma célula para outra. Produzem
  • 30. 30 esporos (basidiósporos) de origem sexuada, em uma estrutura especializada denominada basídio localizado nos basidiomas (SILVA e COELHO, 2006). A reprodução sexual dos Basidiomycota é caracterizada pela presença do basídio, célula em formato de clava de onde emergem, na extremidade, os esporos sexuais, denominados basidiósporos, é formada fora da célula reprodutiva (basídio) e emergem a partir de prolongamentos chamados de esterigmas. Dentro do basídio ocorre a fusão nuclear e em seguida, a meiose. Depois disso os núcleos migram para a extremidade do basídio e então amadurecem para dar origem aos basidiósporos. Os esporos produzidos sexualmente germinam dando origem a um micélio cujo estado nuclear é haploide (n), o qual se funde com outro micélio haploide compatível para formar o micélio secundário. A cariogamia ocorre mais tarde no ciclo de vida e o micélio secundário de vida longa é dicariótico, ou dicário (n + n). O dicário produz um micélio septado e pode ou não formar fíbulas. Quando as condições permitirem, este micélio vai formar o basidioma, a estrutura que vai produzir os esporos sexuais. Os núcleos são transportados até o ápice do basídio e formados em estruturas denominadas de esterigmas. Os balistosporos são lançados forçadamente do basídio (SILVA e COELHO, 2006).
  • 31. 31 3 METODOLOGIA 3.1-CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS Brejo da Madre de Deus está localizado na região fisiografia do Agreste, na mesorregião Agreste Pernambucano e na microrregião do Vale do Ipojuca (MR-183). “Ocupa uma área de 845 km², tendo sua sede como coordenadas “8°09’00” de latitude sul, 36°22’15” de longitude oeste e altitude de 636 m (Figura 13). A temperatura média anual é em torno de 25°C, sendo o clima do tipo semiárido. A precipitação média anual é em torno de 865,6 mm, sendo que os dias chuvosos se concentram nos meses de março e abril, onde as médias mensais ficam em torno de 150 mm. Nos meses mais secos (setembro a novembro), os valores caem para menos de 50 mm (BREJO DA MADRE DE DEUS, 1993). 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA MATA DO BITURY A Mata do Bitury, área de observação dos Basidiomycota, está localizada a cerca de 200 km da capital Recife, situada no município de Brejo da Madre de Deus na microrregião do Vale do Ipojuca, ocupando uma área de 373,53 hectares de floresta estacional sem decidual (RODAL et al., 1998). De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2002), a Mata do Bitury é uma das 25 áreas consideradas de extrema importância biológica para conservação da biodiversidade do estado de Pernambuco apontado recentemente em workshop que reuniu dezenas de especialistas e referendadas pelo workshop da Mata Atlântica e Campos Sulinos (área 123) realizados pelo Ministério do Meio Ambiente. A sede da Fazenda Bitury (Figura 14) está localizada nos paralelos 8º12’01,3”S e 36º24’12,9” O a cerca de 1000 m de altitude e representa um típico Brejo de Altitude (SALES et. al. 1998) isolado pela Caatinga. Os Brejos de Altitudes são considerados ilhas de biodiversidade e fonte de importantes mananciais hídricos
  • 32. 32 que abastecem vários municípios do semiárido pernambucano, além de refúgio para fauna e flora da região, considerada o setor da floresta Atlântica mais ameaçada do Brasil restando apenas 2.626 km². Em quase meio século, 85% dos Brejos de Altitude foram destruídos para dar lugar a antigos engenhos de cana-de-açúcar, seguido pelos ciclos do café e mais recentemente a cenoura, além da pecuária de corte e leiteira (CEPAN, 2009). FONTE: CEPAN (2009) FIGURA 14. Mata do Bitury. A área total da Fazenda Bitury é de 283,23 ha, sendo 110,23 ha a área da Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN. Dista 9 km da cidade de Brejo da Madre de Deus, 20 km da cidade de Belo Jardim e 30 km da cidade de Caruaru. Uma estrada vicinal cruza o interior da RPPN. A propriedade é cortada pelo Rio Bitury alimentado por vários riachos e nascentes do interior da floresta. Existe uma cachoeira com até 10m de altura de muita beleza. A casa sede da fazenda data do ano de 1730 possui 10 quartos e pode se transformar em uma pousada para visitantes. A importância biológica da Fazenda Bitury é notável com a presença de várias espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção (OAP, 2003). A vegetação se
  • 33. 33 encontra em estágio avançado de regeneração e foram catalogadas 23 espécies de musgos, das quais seis espécies: Aptychopsissub pungifolia, Erytrodontium logisetum, Porothamnium flagelliferum, Sematophyllum beyrichii e S. galipense são novos registros para a região Nordeste (VALDEVINO et al., 2002). 3.3 CRITÉRIOS UTILIZADOS A metodologia utilizada foi uma pesquisa exploratória, abordando estudos bibliográficos em doutrina especializada, descrevendo assuntos observados do tema. Segundo Andrade (2002), a pesquisa proporciona informações sobre o assunto que se vai investigar; facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orienta a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses. Por meio da pesquisa exploratória, avalia-se a possibilidade de desenvolver um bom trabalho, estabelecendo-se os critérios a serem adotados, métodos e técnicas adequadas. Foi realizada uma pesquisa de campo nos anos de 2014 e 2015, onde se fotografou gêneros de Basidiomycota encontrados na mata do Bitury. Esses gêneros não foram coletados da mata, evitando dessa forma a predação dos mesmos.
  • 34. 34 4 RESULTADOS Na Mata do Bitury, no município de Brejo da Madre de Deus, foram encontrados e fotografados nove gêneros de Basidiomycota: Schizophyllum, Marasmius, Polyporus, Pycnoporus, Polyporus, Agaricus, Micena, Geastrume Ganodera (Figura 15 a 23 respectivamente). FIGURA 15. Gênero Schizophyllum.
  • 35. 35 FIGURA 16. Gênero Marasmius. FIGURA 17. Gênero Polyporus.
  • 36. 36 FIGURA 18. Gênero Pycnoporus. FIGURA 19. Gênero Polyporus.
  • 37. 37 FIGURA 20. Gênero Agaricos. FIGURA 21. Gênero Micena.
  • 38. 38 FIGURA 22. Gênero Geastrum. FIGURA 23. Gênero Ganoderma.
  • 39. 39 5 CONCLUSÕES Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que:  Micologia é a ciência que estuda os fungos.  Os fungos possuem formas e tamanhos variados.  Podem ser unicelulares ou pluricelulares.  Não possuem plastos ou pigmentos fotossintéticos.  Nutrição por absorção.  São saprofíticos, parasitos facultativos ou biotróficos.  Encontra-se em abundância no solo, vegetais e nas águas.  Reproduzem-se por meio de ciclos teleomorfo e anamorfo.  O Basidiomycota são bons indicadores ecológicos, referentes à degradação florestais, devido ao fato de desenvolverem seus micélios nos troncos das madeiras ao abrigo do sol.  Na Mata do Bitury foram encontrados e fotografados nove gêneros de Basidiomycota: Schizophyllum, Marasmius, Polyporus, Pycnoporus, Polyporus, Agaricus, Micena, Geastrume Ganodera.
  • 40. 40 REFERÊNCIAS ALEXOPOULOS, C.J.; MIMS, C.W.; BLACKWELL, M. Introductory Mycology. John Wiley e Sons, INC, New York. 4th ed, 869p. 1996. BECK, I. Manual de Preservação de Documentos. Arquivo Nacional. 1991. BREJO DA MADRE DE DEUS. Prefeitura Municipal. Plano municipal de saúde - sistema único desaúde- 1991-1993. CEPAN. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste. Programa de incentivo às rppns da Mata Atlântica. Plano de negócios para arppnFazenda Bitury. 2009. 15p. COSTA W.C.Micologia e diversidade dos Fungos na Amazônia. Cadernos de Alfabetização Científica/Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. 2004. MMA – Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade brasileira: Avaliação e identificação de áreas prioritárias para conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasília: MMA/SBF. 2002. MORENO, G.J.L. ANJON, G.M.; ZUGAZA, A. La guia de incafo de loshongos de laPeninsulaIberica. Tomo I, Incafo, S. A., Madrid. 1986. OAP – Observadores de Aves de Pernambuco.Relatório de levantamento preliminar da avifauna no Município de Brejo da Madre de Deus – Perambuco – Jardim do Teatro de Nova Jerusalém e RPPN Fazenda Bitury. 2003. OLIVEIRA, P.Cogumelos e o Ambiente. Diário do Sul. 2001. PFISTER, D.F.R. GORDON,W. Mycologia, v.80, n.11.1988. RODAL, M.J.N.; M.F. SALES, S.J. MAYO.Florestas serranas de Pernambuco: Localização e conservação dos remanescentes dos Brejos de Altitude. UFRPE, Imprensa Universitária, Recife. 1998.
  • 41. 41 SALES, M.F.; MAYO, S.J.; RODAL, M.J.N. Plantas Vasculares das Florestas Serranas de Pernambuco: Um checklist da flora ameaçada dos Brejos de Altitude Pernambuco-Brasil. UFRPE, Imprensa Universitária, Recife. 97p. 1998. SILVA, R.R.; COELHO, G.D. Fungos principais grupos e aplicações biotecnológicas. Instituto de botânica, IBtPrograma de Pós Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente Curso de Capacitação de monitores e educadores. 2006. SILVEIRA, V.D. Micologia. 5ª edição. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural Edições. Ltda.1995. TRABULSI, L.R. Microbiologia Médica. São Paulo: Atheneu. 2002. p. 586. VALDEVINO, J.A.; SÁ, P.S.A.; PORTO, K.C. Musgos pleurocárpicos de Mata Serrana em Pernambuco, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v.16, p.161-174. 2002. WASSON, R.G. The Wondrous Mushroom: Mycolatry in Mesoamerica, McG raw- H ill, New York. 1980. WILLERDING, A.L. Diversidade de Macromicetos Lignolíticos. 2005.