O documento discute um novo depósito complexo lançado pelo Banco Invest com uma taxa anual bruta de 2,62% se as ações das cinco maiores empresas portuguesas cotadas permanecerem acima do valor inicial após um ano, ou 0,097% caso contrário. O depósito tem garantia de capital e é direcionado a investidores que procuram exposição às ações portuguesas com um retorno potencialmente maior do que depósitos tradicionais.
Desafios da mediação de seguros na nova regulamentação
1. VÍTOR NORINHA
agenda@vidaeconomica.pt
Os depósitos indexados com
base em multinacionais são co-
muns na oferta do mercado fi-
nanceiro nacional. Diferente é
a aposta em ações de empresas
portuguesas para criar o cabaz de
ativos subjacentes a um produto
complexo, mas essa é a proposta
do Banco Invest, com o produto
“Invest Portugal Dez-17”.
O depósito complexo tem o
prazo de 12 meses e tem a par-
ticularidade de ter por base as
cinco maiores empresas cotadas
na Bolsa de Valores de Lisboa: o
Millennium bcp, a EDP, a Jeróni-
mo Martins, a Navigator e a Galp
Energia. A proposta do Invest é de
uma remuneração de 2,62% em
termos de taxa anual bruta se to-
dos os títulos fecharem a 14 de de-
zembro de 2018, um ano depois
da data de observação inicial, com
um valor igual ou superior, caso
contrário é paga uma remunera-
ção mínima de 0,097%.
Estes produtos têm garantia de
capital total dada pelo emitente e
ainda a garantia do Fundo de Ga-
rantia de Depósitos até 100 mil
euros por depositante e a subscri-
ção termina a 15 de dezembro,
sendo que o investimento míni-
mo é de mil euros.
Os riscos deste tipo de produtos
são os convencionais, a começar
pelo risco de mercado pois é im-
possível antecipar a evolução dos
mercados, e há fatores que afetam
a evolução das cotações, tanto
em termos de decisões políticas,
como macroeconómicas ou deci-
sões a nível de política monetária,
caso da subida dos juros. O risco
de liquidez existe pois durante o
período de 12 meses do contrato,
não sendo possível a mobilização
antecipada e há potenciais riscos
fiscais e de contexto.
Ações sem performance
negativa
Curioso neste produto é o fac-
to de utilizar as ações de empresas
portuguesas para compor o cabaz
e ainda o facto de nos últimos 12
meses nenhuma destas ações ter
tido uma performance negativa.
Aliás, os resultados dos últimos
12 meses são assinaláveis para
o BCP que recuperou de uma
perda do valor da ação nos últi-
mos três anos e que se situou nos
73%, para um ganho de 17,2%
nos últimos 12 meses. A EDP ga-
nhou 12,1% nos últimos 12 me-
ses, depois de ter perdido 8,2%
na análise a três anos. A Jerónimo
Martins tem ganho sempre e nos
últimos 12 meses subiu 6,5%,
enquanto a Navigator, uma mul-
tinacional que atua na produção
de pasta e papel com distribui-
ção na Europa e na América do
Norte, registou uma subida da
cotação de 56,1% nos últimos 12
meses e duplicou o valor nos últi-
mos cinco anos. A Galp Energia
registou um ganho de 41,6% nos
últimos 12 meses e mais 47% a
três anos. No entanto, na análi-
se histórica feita pelo emitente,
a probabilidade da remuneração
ser a mínima é de quase 83%.
Uma alternativa para uma apli-
cação a um ano é o produto do
Atlântico Europa, o “Atlântico
Cabaz Europa”, com contratação
mínima de mil euros e subscrição
até 14 de dezembro. O modelo é
idêntico com um cabaz de cinco
títulos: a Aurelius, a Thales, a
Nestlé e a Capgemini. A remu-
neração oferecida para chegar aos
3% TANB obriga a que todos os
títulos fechem com uma valor
igual ou superior aos da obser-
vação inicial, mas se apenas três
títulos obtiverem performances
positivas a remuneração ainda
será de 0,5% TANB, caso contrá-
rio cairá para 0,15% TANB.
A Aurelius é uma “private
equity” alemã que se especiali-
zou na aquisição, reestruturação
e consolidação de empresas em
situações financeiras difíceis; a
francesa Thales desenvolve solu-
ções tecnológicas nas indústrias
aeroespacial, defesa, transporte e
segurança; enquanto a Nestlé está
no setor alimentar e de bebidas; e
a francesa Capgemini fornece ser-
viços de consultoria e tecnologia
em todo o mundo. Em termos
históricos a remuneração mais
elevada tem um nível de sucesso
da ordem dos 23%, enquanto a
remuneração intermédia recolhe
58% das probabilidades.
O canal agentes é
composto por cerca de
24 mil entidades que são
responsáveis por 50%
do mercado Não-Vida
nacional. Esse valor diz
bem da importância
desse canal para o
mercado português, de
acordo com o CEO
MDS Portugal, Ricardo
Pinto dos Santos. O
mesmo responsável avisa,
contudo, em entrevista à
“Vida Económica”, que
esse canal é o que “maior
esforço de adaptação
e investimento terá de
efetuar para sobreviver e
garantir a continuidade
do seu negócio”.
AQUILES PINTO
aquilespinto@vidaeconomica.pt
Vida Económica – A MDS Par-
tners realizou, no Porto, na úl-
tima semana de outubro, mais
um encontro. Quais as principais
conclusões?
Ricardo Pinto dos Santos – Te-
mos vindo a realizar um conjunto
de ações e eventos com o objetivo
de partilhar conhecimento e ex-
periências. Estes momentos são
fundamentais para o desenvolvi-
mento da relação com os parceiros
de negócio e permitem potenciar o
desempenho da rede, tirar partido
das sinergias criadas pelo Grupo
MDS e otimizar a utilização das
respetivas competências técnicas.
Neste encontro da MDS Partners,
analisámos o futuro da atividade
de mediação de seguros. Foram
apontados como principais desa-
fios a preparação dos mediadores
para as exigências e requisitos de-
correntes da nova diretiva europeia
de seguros e do novo regulamento
de proteção de dados, assim como
a melhoria da eficiência dos pro-
cessos de distribuição e prestação
de serviço. Igualmente impor-
tante é a aposta na melhoria e na
adequação da oferta de soluções
no âmbito dos seguros de pessoas,
nomeadamente pela promoção e
distribuição de Planos de Previdên-
cia Privada. A MDS Partners, pelo
seu conhecimento e competências,
apresenta-se como o parceiro certo
para trabalhar e ajudar a mediação
a ultrapassar todos estes desafios e
aproveitar as oportunidades de ne-
gócio que os mesmos encerram.
Continuaremos a desenvolver ações
deste tipo de forma regular, estando
prevista uma agenda intensa e dinâ-
mica com objetivos ambiciosos ao
nível do relacionamento e alinha-
mento.
VE – O que é a MDS Partners?
RPS – A MDS Partners é uma
rede de parceiros da MDS, consti-
tuída por agentes de seguros indi-
viduais e sociedades de mediação
de seguros, de âmbito nacional,
que tem como objetivo criar uma
maior proximidade e promover
uma melhoria contínua do nível
de serviço prestado localmente aos
clientes. Com um modelo de ne-
gócio inovador, reúne o mais com-
pleto conjunto de recursos e com-
petências que só um corretor líder,
com elevada experiência nacional e
internacional, pode proporcionar
aos seus Parceiros de negócio. Alia-
mos à proximidade com o cliente
uma assessoria personalizada com
o apoio de todos os profissionais e
competências da MDS.
VE – Que balanço faz da ativi-
dade da MDS Partners?
RPS – Positivo. A criação e dina-
mização de uma rede estruturada
de distribuidores é uma área tipi-
camente desenvolvida pelos segu-
radores e não pelos corretores. No
entanto, vimos aí uma oportunida-
de. Os seguradores precisam de se
adaptar para responder às suas redes
de mediação, o que nem sempre
acontece. Muitas vezes apresentam
sistemas informáticos limitados, es-
truturas de apoio “distantes”, entre
outras condicionantes. Na MDS,
apesar dos desafios, desenvolvemos
e implementámos processos, recur-
sos e ferramentas, bem como uma
capacidade de resposta que permi-
tiu ir ao encontro das expectativas
e necessidades dos nossos parceiros.
Hoje, temos uma rede de cerca de
150 mediadores que representam
um importante volume de pré-
mios em gestão, com indicadores
claros de crescimento e consolida-
ção. Revelou-se uma aposta e um
investimento acertado, quer pelas
oportunidades criadas pela procura
do mercado, quer pelo potencial de
desenvolvimento e apoio profissio-
nal à mediação – que necessita de
apoio, produto, processos e ferra-
mentas de gestão. Hoje, a MDS
Partners assume-se como um canal
estratégico para o desenvolvimento
da MDS.
VE – Em que medida é que a
nova regulamentação internacio-
nal, com destaque para a Dire-
tiva da Distribuição de Seguros
(DDS), que entrará em vigor em
2018, impactará na atividade
da MDS Partners?
RPS – A transposição da DDS
para a legislação portuguesa é ainda
um anteprojeto de diploma que se
encontra em período de consulta
pública. Existem questões impor-
tantes e concretas por definir, o que
não nos permite ainda retirar con-
clusões sobre a totalidade do seu
impacto. No entanto, atendendo
ao que é do conhecimento públi-
co, sabemos que as exigências vão
aumentar, bem como o número e
tipo de requisitos obrigatórios para
o desenvolvimento da atividade de
mediação de seguros. A DDS vai
exigir aos mediadores um reforço
de competências técnicas, capacida-
de financeira e mais investimento.
Para que possam ser bem-sucedidos
neste novo enquadramento legal
terão de melhorar processos e ad-
quirir ferramentas que a maioria
não possui. A MDS Partners po-
derá apoiar os mediadores, dispo-
nibilizando ferramentas, conheci-
mento e serviços complementares,
permitindo que desenvolvam a sua
atividade comercial e relacional,
garantindo o funcionamento dos
fluxos financeiros, administrativos
e gestão corrente da carteira.
VE – Qual a estratégia futura
da MDS Partners?
RPS – Estamos numa fase de
consolidação do modelo de negó-
cio e da marca MDS Partners como
melhor solução de “wholesale” para
agentes de seguros. Pretendemos
continuarmos a ampliar a rede a
todo o país, integrando parceiros
que nos permitam, em conjunto,
acrescentar valor, melhorar a ofer-
ta de valor ao cliente, rentabilizar
oportunidades de negócios e oti-
mizar recursos e estruturas, de um
modo sustentado. A aposta passa
ainda pela melhoria contínua dos
níveis de eficiência através da in-
trodução de novas ferramentas e
otimização de processos, e da cons-
tituição de um polo de criação e
oferta de produtos MDS.
VE – Quais as vantagens pro-
porcionadas pela MDS Partners
aos agentes?
RPS – A MDS é um verdadeiro
parceiro da sua rede. Partilhamos
recursos, valências e oportunidades
comerciais.Temos uma marca forte
e de confiança, líder de mercado,
integrada num grupo com gran-
de notoriedade e prestigio, o que
permite aceder a condições com-
petitivas e exclusivas, facilitando
a captação e retenção de clientes.
Disponibilizamos uma oferta alar-
gada e sofisticada adaptada a todos
os perfis de clientes, sejam particu-
lares ou empresas, o apoio de uma
equipa fortemente especializada e
polivalente, e serviços de suporte ao
RICARDO PINTO DOS SANTOS, CEO MDS PORTUGAL, PREVÊ
“Canal agentes terá maior esforço
para garantir continuidade do negócio”
“O canal agentes é extremamente importante”, indica Ricardo Pinto dos Santos.
Depósito tem por base as cinco maiores empresas cotadas na Bolsa de Valores de Lisboa.
negócio (administrativo, financei-
ro, sinistros, marketing), comple-
mentados por robustos sistemas de
informação. Oferecemos também
um apoio na captação e concreti-
zação de oportunidades comerciais
através do suporte das várias áreas
de especialidade e de negócio, e
ofertas exclusivas.
VE – O canal de mediação/
agentes é visto como importante
pelas seguradoras?
RPS – O mercado português de
mediação é sobretudo composto
por agentes individuais e sociedades
de mediação (cerca de 24 mil), que
no seu conjunto são responsáveis
por 50% do mercado Não-Vida.
Já os corretores são cerca de 70 e
representam cerca de 20%, valor
que deverá aumentar nos próximos
anos. Neste contexto, e conside-
rando que o nosso mercado é so-
bretudo constituído por pequenas
e médias empresas, percebe-se que
o canal agentes é extremamente
importante, não só pelo volume
de prémios que representa, mas
também pela capilaridade e cober-
tura geográfica. Não obstante, será
também o canal que maior esforço
de adaptação e investimento terá de
efetuar para sobreviver e garantir a
continuidade do seu negócio. Tam-
bém os seguradores têm de rever e
tornar mais eficiente o seu modelo
de distribuição, devendo segmentar
a rede de agentes e redefinir o tipo
de representação e níveis de serviço
a desenvolver através dos mesmos
em cada zona geográfica.
VE – Quais os desafios e novas
oportunidades proporcionados
pelo digital ao setor segurador?
RPS – A transformação digital
acarreta desafios mas também pro-
porciona excelentes oportunidades.
As mudanças de hábitos de consu-
mo ao nível dos produtos e, acima
de tudo, da experiência da compra,
impelem as empresas do setor a
adaptarem-se sob pena de perda de
negócio. É necessário mudar a cul-
tura empresarial, o foco de atuação,
e criar novos produtos e repensar
processos. Se tal não bastasse, o
novo regulamento geral de prote-
ção de dados irá adicionar comple-
xidade. A resposta a estes desafios
implica fortes investimentos finan-
ceiros, que acarretam quase sempre
riscos acrescidos. Contudo, se esta
resposta for corretamente pensada e
executada, o potencial de negócio é
exponencial. Vamos assistir a mais
oportunidades de negócio, com
mais qualidade e mais dirigidas. As
TIC podem inclusive proporcionar
um aumento da concorrência, uma
vez que a transformação digital das
empresas, associada a um modelo
de distribuição mais abrangente e
acessível, pode trazer novos e im-
portantes “players” ao mercado se-
gurador. Na MDS estamos muito
atentos a tudo isto e pensamos que
temos vindo a dar os passos certos
para sermos bem-sucedidos. Inves-
timos em tecnologias de informa-
ção que nos ajudam no desenvolvi-
mento da atividade, possibilitando
novos modelos de negócio.
VE – As TIC trazem, também,
novos riscos, a começar pela ci-
bersegurança?
RPS – Sim, é verdade. A “era di-
gital” tem grandes vantagens mas
comporta riscos. O designado risco
“cyber” tem aumentado significa-
tivamente e a indústria seguradora
está atenta a esta realidade, inclusive
disponibilizando produtos específi-
cos para minimizar a sua ocorrência
e impactos. Esta é, na verdade, a es-
sência da nossa indústria: construir
soluções para os riscos a que esta-
mos expostos, permitindo que as
“nossas vidas” não tenham grandes
sobressaltos perante um sinistro e
que, acima de tudo, a normalidade
seja resposta, estejamos perante um
acontecimento na esfera particular
ou empresarial.
MERCADOS
QUINTA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO 2017 27
Intermediação financeira volta a aumentar em outubro
O valor das ordens sobre instrumentos financeiros recebidas pelos intermediários, em ou-
tubro, ascendeu a perto de 10,4 mil milhões de euros, mais 14,5% do que no mês anterior.
Desde o início do ano, este indicador subiu mais de 29%, em termos homólogos. As ações
e a dívida privada, enquanto valor mensal, aumentaram, enquanto se registou uma quebra
no segmento da dívida pública. O BCP teve a maior quota de mercado nas transações sobre
ações, enquanto na dívida a maior quota coube ao Banco LJ Carregosa.
Preço do petróleo vai continuar elevado
A Arábia Saudita está a pressionar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
para decidirem um alargamento de nove meses do acordo de redução da produção, que ter-
mina em março. Os sauditas defendem que o mercado está agora numa fase de reequilíbrio,
sendo necessário prolongar aquele acordo. De facto, nas últimas semanas, o preço do petróleo
tem atingido níveis superiores ao esperado, face ao aumento da procura e uma descida da
produção.
Credit Suisse espera um ano excelente para o mercado de ações
Depois de um ano de 2017 excecional para os ativos de risco, o próximo exercício apresenta-
-se como uma “boa colheita”, na perspectiva do Credit Suisse. A entidade financeira espera
um aumento dos investimentos das empresas, entre outro fatores, que vai contribuir forte-
mente para o crescimento económico e dos mercados. O banco hevético prevê um ano muito
positivo para as acções, já que os lucros deverão crescer a uma taxa de 10 pontos percentuais.
As baixas taxas de juro também vão beneficiar o mercado de ações.
Orey Antunes aumenta resultados operacionais quatro vezes
A Sociedade Comercial Orey Antunes registou um resultado líquido de 70 mil euros, nos
nove primeiros meses. O EBITDA operacional crescem mais de quatro vezes, para cerca de
4,8 milhões de euros. “Os resultados alcançados refletem a profunda reestruturação feita em
2016, com os objetivos de desalavancar o balanço, vendendo ativos não core e melhorar os
resultados operacionais através de uma forte redução de custos, por um lado, em crescimento
das receitas operacionais, por outro”, refere a empresa em comunicado.
MERCADOS
26 QUINTA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO 2017
A NOSSA ANÁLISE
Banco Invest lança produto
complexo com ações portuguesas
“O designado risco ‘cyber’ tem aumentado
significativamente e a indústria seguradora
está atenta a esta realidade, inclusive
disponibilizando produtos específicos para
minimizar a sua ocorrência e impactos”