O documento descreve os principais movimentos sociais no Brasil após a proclamação da República em 1889, tanto no campo quanto nas cidades. Inclui o movimento de Canudos liderado por Antônio Conselheiro contra o novo regime republicano, a Guerra do Contestado, e revoltas urbanas como a Revolta da Vacina e da Chibata no Rio de Janeiro. Também aborda os movimentos emancipatórios da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana contra o domínio colonial português.
1. Os movimentos no Brasil
Movimentos no Campo: A proclamação da Republica não trouxe ganhos econômicos,
políticos ou sociais, quer para a população urbana, quer para a população rural. Se nas cidades
a situação era difícil, pior ainda o era no campo, onde os trabalhadores estavam totalmente
submetidos aos grandes latifundiários.
Um dos principais movimentos, que teve a religião como alternativa, foi o de Canudos,
liderado por Antônio Conselheiro, iniciado em 1893, numa fazenda abandonada as margens do
rio Vaza-Barris, na região norte da Bahia. Antônio C. admirava o regime monárquico,
considerava o imperador investido pelo poder divino, era contra a separação da igreja e do
estado, o casamento civil e os impostos municipais adotados após a proclamação da Republica.
Milhares de seguidores de Antônio C. partiram para Canudos, que chegou a ter 25000
habitantes. A repressão ao movimento Canudos foi violentíssima e a resistência não foi menor.
Depois de varias investidas das tropas federais, o arraial foi arrasado e Antônio C. e centenas
de seus seguidores foram mortas.
Além desse movimento, teve a Guerra do Contestado, foi um conflito que ocorreu entre
1912 e 1916 no Paraná e Santa Catarina. Nessa época, Contestado, assim como Canudos, era
um terreno fértil para o messianismo e via crescer a insatisfação popular com a miséria e a
insensibilidade política. Forças policiais e do exército alcançaram a vitória, deixando milhares
de mortos.
Movimentos Urbanos: Nas cidades, o quadro de revoltas não era muito diferente do
campo. Problemas como a crescente complexidade da sociedade brasileira, o autoritarismo
político, a recessão econômica, a inflação e a exclusão política geravam conflitos de toda
ordem.
A Revolta da Vacina foi uma revolta popular ocorrida no Rio de Janeiro em novembro de 1904.
A principal causa foi à campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, comandada pelo
médico Oswaldo Cruz. Milhares de habitantes tomaram as ruas em violentos conflitos com a
polícia, revoltados por terem de tomar a vacina. Alguns mortos, centenas de feridos e mais de
mil pessoas deportadas para o Acre foram o saldo da Revolta.
Em 1910, eclodiu a Revolta da Chibata, A Revolta da Chibata foi um importante movimento
social ocorrido, no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. Começou no dia 22 de
novembro de 1910. Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos
físicos. As faltas graves eram punidas com 25 chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma
intensa revolta entre os marinheiros. O estopim da revolta ocorreu quando o marinheiro
Marcelino Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha,
dentro do encouraçado Minas Gerais.
2. Movimento Contestatório
O movimento contestatório que se espalhou por diversas cidades brasileiras não definiu
linhas partidárias ou ideológicas para adversários e apoiadores. Também não são conhecidos
líderes, caso existam. Quanto aos motivos, distribuem-se dentro dos gritos, das palavras de
ordem e das bandeiras; não há hegemonia de nenhum deles – é o Brasil e em especial a vida
pública. É uma marcha geral, inespecífica. Nesse sentido, o questionamento sobre sua
natureza e seu legado relaciona-se ao simbólico e à energia que o compõe e o move.
Os Movimentos Emancipatórios
Os dois principais movimentos brasileiros que propunham a ruptura do pacto colonial foram
a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana.
Inconfidência Mineira – 1789: Após uma severa intensificação do controle fiscal
especialmente na região aurífera do Brasil, Minas Gerais, a população local se rebela contra a
Coroa portuguesa e dá início ao movimento conhecido como Inconfidência Mineira.
Causas
-Crise econômica na região mineradora
-Opressão severa na esfera administrativa e fiscal
-Proibição das atividades fabris e artesanais
-Divulgação das idéias iluministas
-Cobrança da derrama, taxa que visava completar a cota legal de coleta de ouro
A inconfidência era um movimento elitista que tinha como principais reivindicações a
modernização do país, com instalação de indústrias e universidades, além de idealizar um
desvinculamento apenas de Minas Gerais da Coroa portuguesa, seguindo os moldes da
independência das 13 colônias americanas. Por ser um movimento elitista, a inconfidência não
procurava a abolição da escravidão. O movimento foi rapidamente abafado e punido por
Portugal, executando como forma de “aviso” o inconfidente Joaquim José da Silva Xavier,
conhecido como o Tiradentes.
Conjuração Baiana – 1798: O maior diferencial da Conjuração Baiana é sem dúvida o seu
caráter popular e abolicionista. Ao perder o posto de capital do Brasil para o Rio de Janeiro,
Salvador e toda a Bahia acabaram recebendo uma atenção secundária da Coroa, o que
implicava em menos investimentos. Este fator resultou em dificuldades econômicas para a
população baiana que acabaram se juntando a outros fatores e resultando na revolta.
Causas
-Crise da atividade açucareira;
-Violência crescente no estado;
-Descontentamento da população;
-Monopólio do comércio por portugueses, que acabavam aumentando os preços.
Apesar de, como a Inconfidência Mineira, não ter atingido seus objetivos, a Conjuração
Baiana foi de grande importância para impulsionar mudanças sociais no Brasil, especialmente
no que se refere a abolição da escravidão. A reação de Portugal, novamente, foi a de
repressão. Diversos membros da Conjuração foram mortos e torturados, sendo que apenas os
poucos membros da elite foram de alguma maneira absolvidos.