SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 229
Baixar para ler offline
Aufilυ da AlioÚ du
(Da Academia Evangélica de Letras do Brasil)
Vinte e quatro estudos proféticos
extraídos dos livros de Daniel
e Apocalipse.
Θ
CPAO
REIS BOOK’S DIGITAL
Todos os direitos reservados. Copyright 1999 para a língua portuguesa da Casa
Publicadora das Assembléias de Deus.
Capa e projeto gráfico: Eduardo Souza
Diagramação: Rodrigo Fernandes
Revisão de provas: Leila Teixeira
236 - Escatologia
Almeida, Abraão de
ALMm Manual de Profecia Bíblica.../Abraão de Almeida
Ia ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1999.
p.264 cm. 14x21
ISBN 85-263-0241-8
1. Escatologia 2. Estudo Bíblico
CDD
230 - Escatologia
Casa Publicadora das Assembléias de Deus
Caixa Postal 331
20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
I a edição/1999
Sumário
Introdução............................................................................5
Capítulo 1
O Popósito Divino com Israel...............................................7
Capítulo 2
Queda e Restauração de Israel............................................. 1
9
Capítulo 3
Babilônia, o Primeiro Império Mundial................................37
Capítulo 4
O Simbólico Urso Destruidor.............................................47
Capítulo 5
O Rei Valente e seu Sonho Dourado.................................. 55
Capítulo 6
Os Reinos do Norte e do Sul.............................................69
Capítulo 7
Roma, a Potência Férrea.......................................................79
Capítulo 8
A Odisséia da Raça Judaica..................................................89
Capítulo 9
O Tempo do Fim ................................................................. 1
0
1
Capítulo 10
O Rapto da Igreja.................................................................1
1
3
Capítulo 1
1
As Bodas do Cordeiro......................................................... 1
2
1
Capítulo 12
A Grande Tribulação...........................................................129
Capítulo 13
Passará a Igreja pela Grande Tribulação..............................137
Capítulo 14
Os Selos................................................................................1
5
1
Capítulo 1
5
As Trombetas...................................................................... 159
Capítulo 16
As Taças...............................................................................173
Capítulo 17
O Anticristo........................................................................187
Capítulo 18
O Falso Profeta.................................................................200
Capítulo 1
9
A Volta de Jesus.................................................................207
Capítulo 20
O Julgamento das Nações................................................. 219
Capítulo 2
1
A Ordem das Ressurreições..............................................225
Capítulo 22
Milênio, o Almejado Reino Vindouro................................ 231
Capítulo 23
O Juízo Final.......................................................................243
Capítulo 24
O Perfeito Estado Eterno..................................................253
Numa hora em que são tão raros os escritores de
fato e muito poucos os que se dão a pensar... Numa hora
em que a maior parte de nossa literatura é importada e as
novas publicações, quase sempre traduzidas, tomam o ca-
ráter da superficialidade, sem 0 sentido maior que 0 objeti-
vo material e imediatista do rápido retorno do capital com
lucro... Numa hora assim, tristemente, volto-me para o meu
Deus e dou-lhe graças por sua vida e mente entregues ao
Senhor, e mais que tudo, pela graça que lhe deu de comu-
nicar, via seus escritos, tão patente, clara e espontanea-
mente, os mistérios da revelação do Senhor”.
“Seu trabalho de pesquisa é de valor; seus subsídios
de história, especialmente relacionada ao centro proféti-
co dos acontecimentos finais — o Oriente Médio — tam-
bém o são, especialmente aos estudiosos dos últimos dias.
“Sua atualidade é inequívoca, já que vivemos o
estertor da história. É 0 momento do fim. Jesus está che-
gando e o glorioso destino da Igreja está por se cumprir.
“Sua maneira de expor é própria dos escritores na-
tos, com a relevante realidade da iluminação do Espírito
do Senhor”.
Silas Gonçalves
(De uma carta.)
1
0 Propósito Divino
com Israel
Israel é uma prova concreta de que Deus existe. Apesar
de humilhado, perseguido, banido, massacrado, quase
destruído por vezes, e isso durante milênios, vive ainda
Israel!
enhum estudo sério da escatologia bíblica
pode ignorar o povo de Israel ou colocá-lo
em plano secundário, tendo em vista o que
Jesus afirmou: “Olhai para a figueira, e para todas as
árvores” (Lucas 21:29). Israel é como o relógio de Deus,
a indicar o passar do tempo desta presente dispensação
da graça de Deus.
Não se pode negar a influência de Israel no destino
dos povos. A promessa feita por Deus aAbrão em Gênesis
12.3: “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei
os que te amaldiçoarem” tem sido rigorosa e admiravel-
mente cumprida através dos séculos, até os nossos dias.
As nações que apóiam e protegem os israelitas são prós-
peras e abençoadas, ao passo que as que os perseguem
são sempre castigadas: ou desaparecem, ou estagnam,
ou são humilhadas, e, invariavelmente, perdem a bên-
ção divina.
Israel é também uma afirmação viva de que um poder
supremo, um poder inteligente, um poder que planeja,
cuida, e executa, dirige os destinos deste mundo. Certo
imperador alemão, religioso, mas não crente; “protetor” da
fé, mas não salvo, na sua hora de morte teve a presença de
um sacerdote luterano que procurava incutir-lhe na men-
te a fé salvadora. A esse religioso desafiou 0 imperador:
— Dá-me uma prova da existência de Deus.
— O povo judeu, Majestade! — respondeu sem vaci-
lar 0 sacerdote.
10 Manual de Profecia Bíblica
Sim, Israel é uma prova concreta de que Deus existe.
Apesar de humilhado, perseguido, banido, massacrado,
quase destruído por vezes, e isso durante milênios, vive ain-
da Israel! E agora vive como nação poderosa e próspera.
Israel vive ainda porque tem, dada por Deus, uma missão a
cumprir no fim do Século Presente — não pode desaparecer.
Se Israel é uma prova irrefutável da existência de Deus;
se Israel influi no destino das nações, quiçá no das pesso-
as, então é preciso estudar com profundidade a vida des-
se povo, mas estudá-la em todas as suas faces, para co-
nhecer as mais estranhas e verdadeiras circunstâncias,
que servem de roteiro para as pessoas e as nações.
O cidadão moderno necessita, para enfrentar a
diversificada era em que vivemos, de ser uma pessoa bem
informada, e, hodiernamente, nenhuma educação se com-
pleta sem 0 estudo desse povo que constitui 0 milagre do
século — O Estado de Israel — um país com cerca de 6
milhões e meio de habitantes cercado por mais de cem
milhões de inimigos que, apesar de lhe moverem, há dé-
cadas, e com o indisfarçável apoio da maioria das nações,
uma guerra contínua e cruel, não conseguem destruí-lo.
Esse Israel se firma como 0 inequívoco sinal dos tem-
pos. A Bíblia avisa: “Quando virdes acontecer estas coi-
sas...” O prometido reinado messiânico sobre Israel se
aproxima e o lugar do Messias está vago, pois, providen-
cialmente, 0 atual governo de Israel não possui rei: eles,
inconscientemente, aguardam 0 Rei Jesus, e para Ele
reservam 0 trono.
A DISPENSAÇÃO DA PROMESSA
Para melhor compreendermos o importante papel
de Israel no plano divino, temos de primeiramente co-
nhecer 0 pai dessa nação e as promessas que Deus fez
a ele e a seus filhos durante a Dispensação da Promes-
sa, que vai de 2090 a 1875 a.C., bem como as ameaças
11
O Propósito Divino com Israel
contidas na aliança da Lei, celebrada no Sinai 430 anos
mais tarde.
Condições iniciais. As circunstâncias em que Abraão
recebeu a Dispensação da Promessa foram as melhores pos-
síveis. Em primeiro lugar, Deus 0 escolheu como 0 tronco de
uma raça especial no cumprimento de seu plano. Em segun-
do lugar, Deus prometeu o Messias através de Abraão. Em
terceiro lugar, Deus prometeu dar a terra de Canaã em he-
rança eterna ã família de Abraão, como base de seu futuro
trabalho missionário mundial. Em quarto lugar, Deus pro-
meteu revelar-se através de Abraão e da sua descendência:
Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua
descendência no decurso das suas gerações, aliança per-
pétua, para ser 0 teu Deus, e da tua descendência. Dar-
te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrina-
ções, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e
serei o seu Deus (Gênesis 17:7-8).
O propósito divino. A história de Israel é o relato fiel do
cumprimento das profecias bíblicas a respeito desse povo
singular, desde a aliança que Deus fez com Abraão durante
a Dispensação da Promessa, conforme Gênesis 12:1-4. Nes-
sa aliança, Deus prometeu: “De ti farei uma grande nação”.
Esta promessa se cumpriu de três maneiras distintas:
Primeiramente em Ismael, que é o pai dos árabes atra-
vés de Maalate (ou Basamate) e Esaú: “Foi, Esaú, à casa
de Ismael e, além das mulheres que já possuía, tomou
por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão,
irmã de Nebaiote” (Gênesis 28:9). (Leia-se também
Gênesis 25:13; 36:3,13). Em segundo lugar, na sua pos-
teridade natural, como “o pó da terra” (Gênesis 13:16;
João 8.37), ou seja, os hebreus.
Finalmente, na sua posteridade espiritual, como “as
estrelas do céu” (Gênesis 22:17), isto é, todos os homens
de fé, quer sejam judeus ou gentios: “Essa é a razão por
12 Manual de Profecia Bíblica
que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim
de que seja firme a promessa para toda a descendência,
não somente ao que está no regime da lei, mas também
ao que é da fé que teve Abraão” (Romanos 4:16). “Ora, as
promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente.
Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos,
porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cris-
to” (Gálatas 3:16). (Vejam: também estas outras passa-
gens: João 8:39; Romanos 9:7-8; Gálatas 3;6-7.)
Aqui se confirma a promessa de redenção da aliança
adâmica, conforme Gênesis 3:15: “Porei inimizade entre ti
e a tua mulher, entre a tua descendência e o seu descen-
dente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás 0 calcanhar”.
“E te abençoarei”.Abênção divina na vida de Abraão
se revela no plano material: “Toda esta terra que vês, hei
de dar a ti, e à tua descendência, para sempre”. “Então
ele [Eliezer] disse: Sou servo de Abraão. O Senhor tem
abençoado muito ao meu senhor, e ele se tem engrande-
cido. Deu-lhe ovelhas e bois, e prata e ouro, e servos e
servas, e camelos e jumentos” (Gênesis 13:15; 24:34-
35). E também no plano espiritual: “Creu Abraão no Se-
nhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gênesis 15:6.
Veja também João 8:56).
“E te engrandecerei o nome”.Abraão tem 0 seu nome
entre os maiores vultos da história universal, especialmen-
te no judaísmo, no cristianismo e no islamismo. A grande-
za de Abraão é devida às características da sua dignidade:
deixou o lar e os amigos para atender à chamada de Deus;
deu a Ló o direito de escolher a terra; derrotou os reis
despojadores de Sodoma; deu 0 dízimo de tudo a Melquise-
deque; rejeitou receber presentes pelos serviços prestados,
e dispôs-se a oferecer a Deus seu filhoúnico, Isaque (Gênesis
12:4; 13:9; 14:14-15,20,23; Hebreus 11:17).
O Propósito Divino com Israel 13
Em tudo isso vemos obediência, altruísmo, coragem,
benevolência, incorruptibilidade, e fé, além de uma vida
de oração (Gênesis 18:23-33).
“
E tu serás uma bênção”.Aversão de Meredsous traz:
Έ tu serás uma fonte de bênçãos”. Milhões de pessoas, em
todo 0 mundo e em todoas as épocas, têm sido abençoadas
mediante as promessas feitas ao patriarca Abraão.
“
Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoa-
rei os que te amaldiçoarem”. Esta profecia tem sido
rigorosamente cumprida através dos séculos, particu-
larmente na dispersão e na restauração de Israel. Os
povos que perseguiram os judeus têm sofrido um grande
fracasso, enquanto os que os têm protegido, prosperam.
Essa profecia tem-se realizado em muitos povos. Um bom
exemplo é a Inglaterrra, que poibiu a entrada dos judeus na
Palestinaquando elesmais precisavam escapar à polícianazista
na Europa, e logo perdeu o seu império. Também 0 Brasil, que
depois de tomar o partido dos inimigos de Israel no início dos
anos setenta, por causa do petróleo, viu 0 seu milagre econômi-
co transformar-se, em pouco tempo, em uma das maiores dívi-
das externas do mundo. Finalmente, países perseguidores dos
judeus, como o Iraque e o Irã, que até meados de 1984já havi-
am registrado, nos campos de batalha, cerca de um milhão e
meio de baixas, entre mortos e feridos. Muitos outros exemplos
há na história antiga e recente, e entre eles a Rússia.
A DISPENSAÇÃO DA LEI
Esta dispensação foi estabelecida em meio a grandes
sinais e prodígios. Nenhum outro povo, em toda a histó-
ria do homem, experimentou condições mais favoráveis
do que Israel. Havia visível manifestação da presença de
Deus no Egito, no deserto, na travessia do mar Verme-
lho e no Sinai:
14 Manual de Profecia Bíblica
Então o anjo de Deus, que ia adiante do exército
de Israel, se retirou e se pôs atrás deles. Também a
coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs
atrás, e ia entre 0 acampamento dos egípcios e 0 acam-
pamento de Israel. A nuvem era escuridade para aque-
les, e para este esclarecia a noite; de maneira que em
toda a noite este e aqueles não puderam aproximar-se
(Êxodo 14:19-20)
Deus sarou as enfermidades de Israel e deu-lhe as
riquezas do Egito; falou-lhes audivelmente e deu-lhes
revelações; forneceu-lhes um completo código de leis e
deu-lhes muitas promessas, e, finalmente, deu-lhes o
evangelho (Êxodo 12:25; 15:26; 23:25; Deuteronômio
5:22-24; Gálatas 3:8; Hebreus 4:2).
O propósito divino. O desejo de Deus com a aliança
da Lei era provar os israelitas, para ver se eles lhe obede-
ceriam e trariam completa destruição das raças de gigan-
tes pela espada, em virtude de os pecados desses povos já
haverem enchido a medida da paciência de Deus; trazer o
Messias ao mundo através da pura linhagem adâmica,
em cumprimento a Gênesis 3:15, e, finalmente, estabele-
cer um sistema de sacrifícios que mostrasse, nos mini-
mos detalhes, a hediondez do pecado e a necessidade da
morte expiatória do Messias (Gênesis 15:16).
A Dispensação da Lei cobre 0 longo período do
Sinai ao Calvário, e nela todos os homens são conde-
nados por haverem todos pecado. A nação de Israel
não suportou as provas a que foi submetida debaixo
da Lei, e quebrou seu compromisso de Êxodo 19:8,
constante do seu solene juramento: “Tudo o que 0
Senhor falou, faremos”; que foi levado à presença de
Deus: “E Moisés relatou ao Senhor as palavras do
povo”. Por isso vieram os juízos dos cativeiros assírio
e babilônico.
O Propósito Divino com Israel 15
A DISPENSAÇÃO DA GRAÇA
O estabelecimento da Dispensação da Graça ocorreu
na “plenitude dos tempos”, quando, por toda parte, era
patente a falência da filosofia, da religião e da política em
seus esforços para melhorar a vida humana. Um retrato
dessa época nos é apresentado por Benjamim Scott:
É impossível descrever toda a miséria moral duma
religião (pagã) cujos deuses eram debochados, bêbados,
fratricidas, prostitutos e assassinos, e cujos templos eram
lupanares e antros dos piores vícios, chegando alguns a
só serem tolerados fora das cidades (Vitruvio, 1.7). Seus
espetáculos — as horríveis pugnas de gladiadores e cenas
impuras — o Catão caserneiro não podia presenciar. Suas
procissões eram cortejos de indecências. Seus altares não
raro se tingiam de sangue humano. Suas festas, as céle-
bres bacanais e saturnais: cujo ritual era o vício, e cujos
sacerdotes e sacerdotisas... (temos de descer um véu para
esconder suas simples funções sacerdotais).
No tempo de Augusto, 0 casamento tinha caído em
desuso. Se existia, era apenas para tornar a mulher es-
crava. A esposa tinha de trabalhar; as concubinas e cor-
tesãs é que eram as amigas do seu senhor. Mas tudo isto
não é ainda 0 mais negro do quadro. Não há um único
dos vícios que provocaram a extinção dos cananeus ou
que fizeram vir do Céu 0 fogo vingador sobre as cidades
da planície, que não suje o retrato que a história registra
de quase todos os imperadores, estadistas, poetas e filó-
sofos da Roma Antiga e da Grécia Clássica. A lepra mo-
ral corrompia tudo e a todos. A crueldade campeava tan-
to quanto a sensualidade. A escravatura era universal.
Sócrates era uma exceção.1
É neste mundo tenebroso que Jesus se manifesta como
0 “Sol da Justiça”, com a mais pura de todas as doutrinas: a
fé cristã, anunciada com autoridade e confirmada com gran-
des sinais e prodígios, inclusive pelos discípulos e apóstolos.
16 Manual de Profecia Bíblica
O propósito divino. Na Dispensação da Graça, o pro-
pósito divino é salvar todo aquele que crê em Jesus, tan-
to judeus como gentios, e chamar para fora do mundo
esse povo especial, firmando a sua Igreja: “Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo 0 que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna” (João 3:16). Έ a vida eterna é esta:
que te conheçam a ti, 0 único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).2
ISRAEL REJEITA O MESSIAS
A Dispensação da Graça começou com a morte
expiatória de Jesus (João 19:30), e terminará no Arreba-
tamento da Igreja. Em todo esse período, os israelitas,
como nação, estão cortados, postos de lado, até que en-
tre a plenitude dos gentios. A causa da rejeição temporá-
ria de Israel foi a sua recusa em crer no Messias, embora
tivessem sido preparados para a fé durante séculos. Por
rejeitarem Jesus e perseguirem a Igreja, os judeus fo-
ram deixados de lado e as Boas-Novas de salvação pro-
clamadas aso gentios (Mateus 21:33-46).
A queda e a elevação de Israel foram profetizadas por
Simeão: “Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do
menino: Eis que este menino está destinado tanto para
ruína como para levantamento de muitos em Israel, e para
ser alvo de contradição” (Lucas 2:34). Notem a ordem:
ruína e levantamento, diferente da história de outras na-
ções, que segue a ordem inversa: elevação e queda. Assim
foi com países como: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Persa,
Grécia, Roma, Alemanha e muitos outros.
OsJuízos divinos, Jesus, referindo-se à profecia da Pedra
rejeitada pelos edificadores (Salmos 118:22-24; Isaías 28:16),
disse que todo aquele que caísse sobre ela seria feito em pe-
daços (Mateus 21:44). Isso seria também o cumprimento de
Daniel 9:26: “Depois das sessenta e duas semanas será mor-
O Propósito Divino com Israel J '/’
to o Ungido, ejá não estará; e o povo de um príncipe, que há
de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num
dilúvio, e até ao fimhaverá guerra; desolações são determina-
das”, e também de Amós 9:9: “Porque eis que darei ordens, e
sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como
se sacode o trigo no crivo, sem que caia na terra um só grão”.
Por haver rejeitado a João (Mateus 3:7); a Jesus
(Mateus 11:11-27; 12:1-50; 23:1-39); e aos primeiros
discípulos (Atos 4:1-31; 6:8 a 7:59 etc.), Israel foi
destruído como nação e disperso entre os povos (Mateus
24:1-3; Lucas 21:20-24). Isso ocorreu nas duas guerras
contra os romanos, de 67 a 70 e de 132 a 135 d.C.
A situação atual dosjudeus. A Bíblia afirma com clare-
za que Deus não rejeitou Israel para sempre. Pela sua de-
sobediência, esse povo foi endurecido. O mesmo sol que
derrete a manteiga, endurece o barro. Ao opor-se Israel
aos desígnios de Deus, foi então atirado ao juízo divino.
Deus se recusa àquele que o recusa (Romanos 11.7-10).
O propósito primário de Deus, trazer os gentios ao
arrependimento, não poderia deixar de ser alcançado por
culpa de Israel. Ao haver rejeitado o Evangelho, Israel se
tornara num obstáculo ao plano divino, e por isso teve
de ser removido. O apóstolo Paulo explica que, pela trans-
gressão dos judeus, veio a salvação aos gentios, para pó-
los em ciúmes (Romanos 11:11).
Mas Deus, que por amor não quer excluir ninguém,
pretende recolocar Israel no centro da sua soberana von-
tade, e isso ocorrerá quando 0 remanescente fiel conver-
ter-se ao Messias Jesus, no final da Grande Tribulação.
2
Quedae Restauração
de Israel
E vos espalharei entre as nações e desembainharei a
espada atrás de vós; e as vossas cidades serão
desertas... Trarei de volta do exílio o meu povo Israel;
reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão
(Deuteronômio 28:25; Amós 9:14).
ste capítulo é um resumo do que escrevi em
Israel Gogue e o Anticristo, também edita-
do pela CPAD, onde trato com muito mais
detalhes da dispersão dos israelitas e da sua presente
restauração.
Poucas semanas após a morte de Jesus, Jerusalém,
centro espiritual de todos os judeus da diáspora roma-
na, abarrotava-se de peregrinos que ali compareciam
anualmente, às centenas de milhares, por ocasião das
festividades da Páscoa e do Pentecoste — pontos altos
do culto judaico. O evangelista Lucas testifica esse fato
quando descreve a descida do Espírito Santo no Dia de
Pentecoste:
E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões
religiosos de todas nações que estão debaixo do céu...
Partos e medos, elam itas e os que habitavam na
Mesopotamia, e Judéia e Capadócia, Ponto e Ásia e Frigia
e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e foras-
teiros romanos (tanto judeus como prosélitos), cretenses
e árabes... (Atos 2:5,9-11).
Semanas antes do Pentecoste, Jesus havia sido pre-
so, julgado e crucificado numa atmosfera carregada de
religiosidade e inflamada de um nacionalismo ardente e
doentio. Foi assim, num momento de incontido ódio a
Cristo e a sua mensagem, que os israelitas responderam
a Pilatos: “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos
filhos” (Mateus 27:25).
22 Manual de Profecia Bíblica
Conscientes ou não, os israelitas rejeitavam o Messias
tão ansiosamente esperado, e atraíam sobre si e seus fi-
lhos as conseqüências terríveis de tão trágica escolha, como
disse 0 Senhor a Moisés:
Eu lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos,
semelhante a ti; porei as minhas palavras na sua boca, e
ele lhes falará tudo 0 que eu lhe ordenar. Eu mesmo pedirei
contas de todo aquele que não ouvir as minhas palavras,
que ele falar em meu nome (Deuteronômio 18:18-19).
O advento do Cristianismo não apagou a chama nacio-
nalista dos judeus, que continuavam sua trama secreta e
multiplicavam os atentados violentos contra seus
dominadores, tornando impossível qualquer solução pacíli-
ca a partir de maio de 66. Então as autoridades romanas
reagiram pelas armas na tentativa de sufocar a rebelião or-
ganizada, que pretendia assumir 0 controle de todo 0 país.
Nero mesmo planejou esmagar a revolta, depois que
os rebeldes aniquilaram as guarnições romanas do mar
Morto e de Antônia. Várias e sangrentas batalhas trava-
ram-se nas cidades de Galiléia, com elevado número de
baixas em ambos os lados, mas prevalecendo sempre a
férrea Roma, cujas legiões lutavam bravamente sob o
comando de Vespasiano.
Após o suicídio de Nero, foi Vespasiano aclamado
Imperador romano, mas este deixou a última etapa da
guerra aos cuidados de seu filho Tito. Este, na Páscoa
do ano 70, ordenou o início do cerco de Jerusalém, de-
terminando a construção de uma muralha de estacas
ao redor da cidade, de sete quilômetros de comprimen-
to, levantada em apenas três dias, a fim de impedir a
fuga dos sitiados e forçá-los à rendição. Cumpriam-se
as palavras de Jesus:
Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos
te cercarão de trincheiras, e te sitiarão e te estreitarão de
23
Queda e Restauração de Israel
todas as bandas e te derribarao, a ti e aos teus filhos que
dentro de ti estiverem... (Lucas 19:43-44).
O terrível sítio de Jerusalém durou cinco meses de
sofrimentos indescritíveis. Nesse período, 600 mil ca-
dáveres foram lançados para fora dos muros da cida-
de. A peste e a fome encarregavam-se de dizimar cen-
tenas de pessoas diariamente, e muitas se punham a
caminho da sepultura antes mesmo de chegada a sua
hora. Quando a cidade caiu, contou-se cerca de um
milhão e cem mil mortos, e apenas por uma das suas
portas foram retirados 115 mil cadáveres.
Dos 97 mil sobreviventes, a maior parte foi levada
para Roma, muitos foram presenteados às províncias
do império para que morressem como gladiadores nas
arenas, em espetáculos públicos, e milhares de outros
seguiram para trabalhos forçados no Egito.
Com relação à cidade e ao grande templo de
Herodes, a predição de Jesus não poderia ser mais
minuciosa: os alicerces dos edifícios foram removidos,
inclusive os do templo, e toda a sua área ficou nivela-
da. Não ficou ali “pedra sobre pedra” (Lucas 19:44).
De 132 a 135, os judeus tentaram de novo sacudir
de sobre si o pesado jugo romano, e de novo a teimosia
dos israelitas os leva à beira de um extermínio total.
Cerca de 580 mil homens caíram somente nas bata-
lhas, e outros milhares pereceram de inanição na ci-
dade fortificada de Betar, enquanto resistiam valente-
mente à implacável destruição levada a efeito pelos
soldados romanos.
De novo, os mercados de escravos abarrotaram-se
de judeus. Jerusalém foi reconstruída como uma cida-
de tipicamente pagã. Adriano proibiu a prática do juda-
ísmo, sob pena de morte. Akiba foi capturado e esfola-
do vivo e, ao morrer, exclamou: “Ouvi, Israel, o Senhor
é nosso Deus, o Senhor é 0 único”. As autoridades ro-
24 Manual de Profecia Bíblica
manas mudaram o nome da Judéia para Síria Filistéia,
de onde derivou a moderna palavra Palestina.
CRUZADAS, PESTE NEGRA ETC.
Humilhados, diminuídos e marginalizados, os rema-
nescentes judeus dedicaram-se ao comércio e trocaram
suas ambições políticas pelas conquistas do espírito,
transferindo 0 centro da sua cultura da Judéia para
Babilônia, onde os comentários e as interpretações da
Bíblia formaram mais tarde o famoso Talmude.
Vivendo em paz e dedicadas ao livre comércio, as co-
munidades israelitas em várias partes do mundo chegaram a
ser prósperas. Porém, no ano 681, na cidade deToledo, a Igreja
Romana começou a impor-lhes restrições. A superstição e o
baixo nível espiritual, a que desceu o cristianismo nominal
durante a Idade Média, ocuparam-se de fazer 0 resto.
No ano 1096, foi organizada em Clermont, França, a
primeira guerra da cruz contra os maometanos ocupan-
tes dos lugares santos da Palestina. Os cruzados coman-
dados pelo mercenário francês Guilherme abateram-se
sobre as comunidades judaicas da Renânia, de Treveris,
de Espira e de Worms, além de outros lugares.
As hordas sanguinárias arrastaram homens, mulhe-
res e crianças aos templos católicos para serem batizados
à força, mas a maioria preferiu pagar com a vida sua fide-
lidade aos milenares princípios do judaísmo. Raciocina-
vam os irmãos peregrinos que, antes de exterminar os
sarracenos no Oriente, precisavam eliminar no Ocidente
os descendentes daqueles que crucificaram 0 Filho de Deus.
Entre os anos de 1350, irrompeu devastadora a morte
negra, uma peste virulenta que matou um terço de toda a
população da Europa. Mais uma vez a superstição, o com-
plexo anti-semita e a ignorância encarregaram-se de lan-
çar toda a culpa da desgraça sobre os judeus.
25
Queda e Restauração de Israel
Apesar de o papa Clemente VI inocentar os judeus,
afirmando que eles morriam tão bem da peste como os
cristãos, 0 fanatismo falou mais alto que a razão, e a ruí-
na veio como uma tempestade: em mais de 350 cidades
européias os infelizes israelitas foram mortos à pauladas,
afogados, queimados vivos, enforcados e estrangulados.
MQUISIÇÃO E GUETOS
Infamante, sob todos os pontos de vista, foi 0 martí-
rio dos judeus na Espanha e em Portugal durante a vi-
gência da Inquisição. Só em Toledo, em poucas sema-
nas, foram queimados vivos 2.400 homens, acusados de
infidelidade ao catolicismo. Os que se diziam arrependidos
da sua falsa conversão alcançavam a “misericórdia” de
um estrangulamento vivo antes de atirados às chamas
“purificadoras”.
Em Portugal, esse nefasto tribunal foi implantado em
1536, e agindo contra os judeus com tamanha cruelda-
de que o papa Paulo II enviou um protesto, e 0 Concilio
de Trento teve de se ocupar da sanha bárbara dos
inquisidores lusos.
Mas 0 ódio aos judeus não começou com a Inquisição
e nem era uma característica exclusiva dos inquisidores,
pois, emanado dos poderes eclesiásticos, ele transbor-
dava nas massas fanatizadas, resultando sempre em
sangrentos morticínios.
O anti-semitismo, todavia, não desapareceu com as
Cruzadas e nem com a nefanda Inquisição, mas conti-
nuou atuante em muitas partes do mundo. Nos países do
oriente europeu, os apóstolos da “última fé verdadeira”
fizeram inveja aos inquisidores espanhóis e portugueses.
Referindo-se a esse sombrio acontecimento, o sábio
judeu de Volínia, Natan ben Moshe Hannover, que se
salvou fugindo para Amsterdã, publicou em 1653, em
26 Manual de Profecia Bíblica
Veneza, um relato, em hebraico, informando 0 mundo
como morriam os judeus na Polônia, à mão dos cossacos
e ucranianos:
Arrancavam-lhes a pele, e a carne jogavam aos cães;
cortavam-lhes as mãos e 0 pés, e deixavam à morte os
corpos assim mutilados; rasgavam as crianças pelas per-
nas; assavam os nenês e obrigavam as mães a engolir a
carne dos seus rebentos; abriam ventre de mulheres grá-
vidas e com 0 feto que arrancavam batiam no rosto das
vítimas; a muitas punham gatos vivos nos ventres aber-
tos, e costuravam o corpo com 0 gato dentro, cortando
das infelizes as mãos para que não pudessem arrancar o
animal, nem dar cabo de sua existência”.3
A luta desesperada dos judeus pela conservação do
seu território não pode ser compreendida sem 0 pano de
fundo da História. Os sucessos nas guerras com os ára-
bes, a invasão do Líbano em perseguição aos inimigos
palestinos e 0 isolamento cada vez maior de seu país no
contexto das nações têm suas raízes nos muitos sofri-
mentos da Diáspora, na qual os guetos tornaram-se 0
principal símbolo da odiosa e humilhante segregação
racial e religiosa de que foram vítimas.
Mas os guetos não se tornaram apenas o símbolo da
perversidade humana, pois muitos deles se transforma-
ram literalm ente em verdadeiras sep u ltu ras de
numerosíssimas comunidades, como o de Varsóvia, por
exemplo.
Uma das profecias acerca da restauração nacional
dos judeus diz: “Assim diz 0 Senhor Jeová: Eis que eu
abrirei as vossas sepulturas, e vos farei sair das vossas
sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. E
sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir as vossas
sepulturas, e vos fizer sair das vossas sepulturas, ó povo
meu” (Ezequiel 37:12-13).
27
Queda e Restauração de Israel
Nenhuma outra figura dos modernos guetos, de onde
muitos judeus têm saído para a sua pátria, poderia ser
mais adequada do que uma sepultura. Em sentido es-
trito, gueto define um bairro judeu, uma área delimita-
da por lei para ser habitada somente porjudeus. O nome
deriva da fundição, ou Guetto, em Veneza, onde os ju-
deus dali foram segregados em 1517. A idéia, entretan-
to, de segregação dos judeus, implícita na primeira le-
gislação da Igreja Romana, remonta aos Concílios de
Latrão de 1179 e 1215, que proibiram judeus e cristãos
de viverem juntos.
Os nazistas levaram os guetos sistematicamente
à inanição, e qualquer assistência possível somente
podia ser financiada às expensas dos próprios judeus.
A despeito de indigência e de desmoralização, os ju-
deus mantinham uma atividade cultural intensa, es-
colas e auxílio mútuo. Dessa resistência moral nas-
ceram as revoltas de 1943. O extermínio metódico dos
guetos começou com a sucessiva remoção de grupos
para aniquilamento, em 1941. O gueto de Varsóvia
foi liqüidado em 1943, e os restantes por volta de
1944.
O HOLOCAUSTO
Construído em 1933, o campo de concentração de
Dachau, Alemanha, foi a prisão de dezenas de milhares
de judeus durante a Segunda Grande Guerra. Em 1966,
0 Governo alemão instalou no local um mostruário dos
horrores ali praticados, e tornou obrigatória a visita de
colegiais de nível médio, para que não esqueçam a que
ponto chegou 0 desvario nazista.
Entre os dois fornos crematórios há uma estátua
de bronze representando um prisioneiro de Dachau:
um homem esquelético, faces encaveiradas, roupas
28 Manual de Profecia Bíblica
esfarrapadas e cabeça raspada. Uma legenda, coloca-
da ao pé da estátua, é um angustiante grito de alerta
à raça humana. Diz a inscrição:
À memória das vítimas de todos os campos de concen-
tração; como expiação dos crimes cometidos nesses cam-
pos; para advertência à humanidade e instrução a todos os
visitantes; pela paz das classes e das raças; para salvar a
honra da nossa Nação, e pela comunidade dos povos.
Nesse local sombrio, morreram homens e mulhe-
res, depois de suportarem as mais variadas formas de
tortura, estudadas minuciosamente pelos carrascos.
Havia nesse campo o local dos fuzilamentos, a barraca
das experiências médicas (onde novas drogas eram tes-
tadas em cobaias humanas!), a barraca das punições
especiais com suplícios e agonias, a forca e a câmara
de gás.
E que falar de Birkenau e Gleiwitz? No primeiro cam-
po, as enormes filas de condenados caminhavam para den-
tro do forno crematório, não sem antes serem aspergidas
de gasolina para se consumirem mais depressa. No se-
gundo, uma esteira transportadora, guardada por solda-
dos atentos e cães treinados, levava os condenados dire-
tamente à fornalha, vivos! Eles eram atirados sobre a ve-
loz esteira por outrosjudeus do trabalho forçado, os quais,
por sua vez, depois de exaustos, seguiam 0 mesmo trági-
co destino de seus irmãos!
A matança era tão intensa em todos os campos de
concentração nazistas, que estes só não conseguiram
levar a cabo a sua solução final do problema judaico
porque perderam a guerra!
RENASCE ISRAEL
A história de Israel é a história de um povo e de
um lugar, unidos, separados, sempre e sempre... Ne-
29
Queda e Restauraçao de Israel
nhum drama de amantes separados e reunidos nova-
mente é mais romântico que a história desta gente e
de sua terra natal.
A Bíblia trata, de maneira inconfundível, das angústi-
as desse povo entre as nações: Έ vos espalharei entre as
nações e desembainharei a espada atrás de vós; e a vossa
terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas...
E, quanto aos que de vós ficarem, eu meterei tal pavor
nos seus corações, nas terras dos seus inimigos, que o
sonido duma folha movida os perseguirá... e não podereis
parar diante dos vossos inimigos” (Levítico 26:33,36-37).
Mais adiante, continua a Palavra de Deus: “O Se-
nhor te fará cair diante dos teus inimigos... o fruto da
tua terra e todo 0 teu trabalho comerá um povo que nunca
conheceste; e tu serás oprimido e quebrantado todos os
dias... e serás por pasmo, por ditado, e por fábula entre
todos os povos a que 0 Senhor te levará” (Deuteronômio
28:25,33,37).
É impressionante como tais predições tenham sido
tão rigorosamente cumpridas. Mas assim como, findan-
do a noite, surge a manhã de um novo dia, a aurora
raiaria também para o povo judeu, porque também o
Senhor prometeu: “E demais disto também, estando eles
na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei, nem me
enfadarei deles, para consumi-los...” (Levítico 26:44).
O retorno dos judeus a sua terra começou precaria-
mente no século passado, em conseqüência dos horro-
rosos pogroms, ou massacres, praticados livremente con-
tra esse povo nos guetos de centenas de cidades euro-
péias e, principalmente, na Rússia. Cada grupo de imi-
gração era conhecido como Aliyah, palavra que significa
“subida”, extraída da expressão bíblica “subindo para
Jerusalém”.
Em 2 de novembro de 1917, a Inglaterra inclina-se a
favor do sionismo, através da declaração do ministro dos
30 Manual de Profecia Bíblica
negócios exteriores do governo britânico, Balfuor, sub-
metida ao gabinete de ministros daquele país e por ele
aprovada. Esse famoso documento foi responsável por
muitas reviravoltas políticas em todo o mundo e princi-
palmente no Oriente Médio.
Animados por essa prom essa, o movimento
imigratório aumentou consideravelmente, em cumpri-
mento à profecia bíblica:
Eremoverei 0cativeirodomeu povoIsrael, ereediíicarão
as cidades assoladas, enelas habitarão, eplantarão vinhas,
e beberão o seu vinho e farão pomares, e lhes comerão o
fruto. E os plantarei na sua terra, e não serão mais arran-
cados da sua terra que lhes dei, diz 0 Senhor teu Deus... E
vos tomarei dentre as nações, evos congregarei de todos os
países, e vos trarei para a vossa terra... E dirão: Essa terra
assolada ficou como 0jardim do Éden; e as cidades solitá-
rias, e assoladas, e destruídas, estão fortalecidas e habita-
das (Amós 9:14-15; Ezequiel 36:24,35).
Falando da terra de Israel e de seu povo, assim afir-
ma a Declaração da Independência, lida à nação no dia
15 de maio de 1948, no mesmo dia em que os britânicos
deixavam o país e as nações árabes iniciavam a primeira
guerra oficial não declarada ao novo Estado:
Aqui se forjou sua personalidade espiritual, religio-
sa e nacional. Aqui tem vivido como povo livre e sobera-
no. Aqui tem legado ao mundo 0 eterno Livro dos Livros.
DEUS LUTA POR ISRAEL
Naquele tempo, os egípcios serão como mulheres, e
tremerão e temerão por causa do movimento da mão do
Senhor dos Exércitos, porque ela se há de mover contra
eles. E a terra de Judá será um espanto para 0 Egito...
(Isaías 19:16,17).
31
Queda e Restauração de Israel
Embora a ONU tenha determinado a partilha da Pa-
lestina em dois estados — Israel e Jordânia — os judeus
Iiveram de garantir 0 seu direito de propriedade da terra
às suas próprias custas. A guerra começou no dia da
partida dos britânicos, 14 de maio de 1948, e mais uma
vez o pequeno 1
’Davi” teve de defrontar-se com o gigante
“Golias”. Poucos acreditavam que 0 novo Estado duras-
se duas semanas. Como poderiam 700 mil judeus, mal
armados, proteger cidades desguarnecidas contra mais
de trinta milhões de ferozes inimigos equipados com o
mais moderno material bélico?
Conta Meyer Levin que os comandantes árabes já
escolhiam as casas de Tel-Aviv que pretendiam ocupar.
Às tropas foram prometidos os despojos da guerra: mu-
lheres e produto do saque. Mas nada disso aconteceu.
Batidos vergonhosamente em todas as frentes de
batalha pelo minúsculo mas heróico povo israelita, os
países árabes consolavam-se uns aos outros dizendo que
haviam perdido a batalha mas não a guerra. Esta, real-
mente, transferiu-se dos campos da Palestina para as
tribunas das organizações internacionais, de onde a nova
nação judaica foi alvo das maiores intrigas e ameaças
por parte dos seus inimigos feridos e humilhados.
Acreditando na feroz ameaça de seus irmãos de san-
gue, muitos árabes residentes em Israel, ao iniciar-se o
conflito de 1948, abandonaram 0 país para que os ju-
deus fossem varridos e exterminados. Porém, como tal
não ocorreu, esses deslocados foram mantidos fora de
Israel, para fins de propaganda política.
Em 1956, todo o ódio árabe, alimentado dia a dia des-
de 1948, transborda-se. Nasser apodera-se do canal de Suez
e ameaça Israel. Já por diversas vezes gritara ele que have-
ria de vingar sua derrota de 1948, empurrando os judeus
até 0 mar. Mas o primeiro ministro, Ben-Gurion, resolveu
atacar primeiro, numa rápida e fulminante campanha. E
32 Manual de Profecia Bíblica
os israelenses, comandados por Moshe Dayan, limparam o
Sinai, localizando e destruindo as bases inimigas onde en-
contraram vastos depósitos de armas russas.
As derrotas de 1948 e 1956 não bastaram para
que os povos árabes aceitassem a realidade inegável da
existência de Israel como nação e da sua firme determi-
nação de manter a independência do país mesmo às eus-
tas de enormes sacrifícios.
Armados pelas grandes potências e estimulados por
seus governos belicosos, os árabes, liderados pelo ditador
egípcio Gamai Abdel Nasser, planejaram e tentaram, em
junho de 1967, a destruição do Estado judaico. Foram
seis dias de medo e apreensão em todo o mundo, de terrí-
vel surpresa e humilhação para os invasores e de grandes
e inesquecíveis glórias para a jovem nação israelense.
Os prejuízos sofridos pelos árabes, em preciosas
vidas humanas e em caríssimo armamento, foram deve-
ras impressionantes. Nos seis dias de guerra, morreram
10 mil egípcios, 15 miljordanianos e milhares de assírios,
iraquianos e combatentes de outros países. Somente 0
Egito perdeu 400 aviões, 600 tanques e milhares de pe-
ças de artilharia, munições, armas leves e veículos, supe-
rando o valor de um bilhão e meio de dólares! Em toda a
guerra apenas 700 soldados judeus perderam a vida.
Como resultado de mais este confronto bélico, Jeru-
salém passou inteiramente para 0 domínio israelita no
dia 8 de junho. A sua reunificação pôs termo a uma sé-
rie de restrições impostas pelas autoridades jordanianas
aos cristãos, tais como: proibindo a aquisição de terras
na cidade ou em seus arredores; obrigando os membros
da Irmandade e ao Santo Sepulcro a tornarem-se cida-
dãos jordanianos, sendo eles gregos desde o século VI;
exigindo dos cristãos a guarda dos dias de repouso se-
manai dos muçulmanos; abolindo as isenções de impos-
tos a que tinham direito as instituições cristãs.
33
Queda e Restauração de Israel
ASSOMBRO E MILAGRE
As vitórias dos judeus têm sido um assombro para o
mundo. Como pode uma pequena nação, habitada por
menos de três milhões de pessoas, levar à bancarrota
nada menos que quatorze países aliados, com uma po-
pulação superior a 100 milhões?
Nenhuma resposta, fora da Bíblia Sagrada, pode sa-
tisfazer plenamente a razão humana. A Palavra de Deus
fala com uma clareza meridiana dos últimos sucessos
israelenses no Oriente Médio:
E os plantarei na sua terra, e não serão mais arran-
cados da sua terra que lhe dei, diz o Senhor teu Deus
(Amós 9:15).
Naquele tempo os egípcios serão como mulheres e
tremerão e temerão por causa do movimento da mão do
Senhor dos Exércitos, porque ele há de se mover contra
eles. E a terra de Judá será um espanto para 0 Egito;
todo aquele a quem isso se anunciar se assombrará, por
causa do propósito do Senhor dos Exércitos, do que de-
terminou contra eles (Isaías 19:16-17).
Nesses dois textos, a Palavra de Deus afirma que osju-
deus seriam plantados na sua terra, de onde não serão mais
arrancados, e que os egípcios seriam como mulheres diante
de Israel. Quão à risca essas palavras têm sido cumpridas!
O medo dos soldados egípcios diante do exército is-
raelense tem sido tão grande que, muitas vezes, os ju-
deus não encontraram a mínima resistência. Na Guer-
ra dos Seis Dias, alguns pára-quedistas, que partiram
com a missão de desalojar o inimigo de uma posição
estratégica, chegaram ao local como turistas, porque
os egípcios fugiram sem disparar um só tiro!
O surpreendente resultado das guerras árabe-israe-
lenses não pode ser atribuído somente ao treinamento
rigoroso dos batalhões e à eficiência das armas de Israel.
34 Manual de Profecia Bíblica
Na guerra do Yom Kipur, por exemplo, só o Egito lançou
700 mil homens na batalha, assessorados por 2.500 tan-
ques, 650 aviões e 150 baterias de mísseis antiaéreos.
E, apesar de todo esse gigantesco aparato militar, foram
duramente batidos.
Levando em conta todo o esforço bélico dos árabes e
mais o fator surpresa, muita gente afirmou que só um
milagre poderia salvar Israel. E o milagre aconteceu. Os
judeus foram vitoriosos e muitos voltaram dos campos
de batalha convertidos e relatando os milagres que ti-
nham visto com seus próprios olhos.
Muitos soldados contaram que, em situações difíceis,
quando já não havia nenhuma possibilidade de sobrevi-
vência, “um varão de branco apareceu por alguns se-
gundos entre as fileiras, e os egípcios, tomados de re-
pentino assombro, fugiram em debandada”.
Os milagres realmente aconteceram no Oriente Mé-
dio, em razão da presença ali do povo de Israel. Mesmo
não aceitando a informação de que os OVNIs realmente
existam e de que os mesmos sejam pilotados por anjos,
temos de reconhecer que houve, de fato, a ocorrência de
coisas espantosas em favor dos israelitas, facilitando-
lhes as vitórias em todos os campos de batalha.
A EXPANSÃO TERRITORIAL
Israel defende a necessidade de fronteiras seguras
para seu país, e suas últimas mudanças políticas vie-
ram reforçar ainda mais essa posição. Atraiçoado várias
vezes por seus vizinhos, abandonado por seus aliados e
mais de uma vez deixado à sua própria sorte pelos orga-
nismos internacionais, o país hebreu sabe dos riscos que
corre e, por isso mesmo, age segundo 0 seu próprio cri-
tério de segurança.
Mas existe outro aspecto do problema palestino, qua-
se sempre desconhecido e negligenciado pelas grandes
35
Queda e Restauração de Israel
potências: a escatologia bíblica. Em realidade, a Bíblia
1mo é compulsada pelos políticos em busca de uma res-
posta aos mistérios que envolvem a descendência de
Abraão. Como justificar a sobrevivência desse povo per-
seguido durante tantos séculos e 0 seu retorno à Terra
Santa, senão pela ação de um Deus Eterno?
E para tornar em fato histórico 0 que prometeu, Deus
se serve até mesmo dos inimigos do seu povo, como acon-
teceu após a Segunda Grande Guerra. A então União So-
viética, tradicional opressora de três milhões de judeus
radicados em seu território, movimentou-se diplomatica-
mente pela criação do Estado judeu na Palestina, e este
Estado nasceu num só dia, 29 de novembro de 1947, por
deliberação da Assembléia Geral da ONU, presidida pelo
chanceler brasileiro Osvaldo Aranha. Cumpria-se Isaías
66.8: “Pode, acaso, nascer uma terra num só dia”?
Como é sabido, a intenção russa na ocasião era a de
estabelecer no Oriente Médio uma base de influência via
Israel, mas foi lograda. Então voltou-se para os árabes, ar-
mou-os e os empurrou para sucessivas guerras contra os
judeus, resultando na ampliação territorial destes em pre-
juízos daqueles. O povo judeu, amado por Deus por causa
das promessas, nunca mais será arrancado da sua terra.
Mas a colonização israelita dos territórios tomados
aos árabes não deve ser encarada apenas do ponto de
vista da segurança do país judaico, pois tem raízes na
profecia bíblica. A terra dada por Deus aos filhos de Is-
rael nunca foi por estes ocupada em toda a sua plenitu-
de. Ela é ainda mais extensa do que a atual área sob o
domínio israelense, conforme Deuteronômio 1:7.
A Palavra de Deus não falha!
0 Primeiro
Mundial
Simbolizados na Bíblia pelo ouro e por um leão
alado, os caldeus triunfaram rapidamente sobre
egípcios, assírios, fenícios e árabes, e construíram
a mais rica metrópole do mundo Antigo.
mandamento de Jesus de olharmos pri-
meiramente para a figueira, que tipifica
Israel, é seguido de outro: “...e para todas
as árvores”(Lucas 21:29), que significa as nações gentílicas
em geral, especialmente as que se relacionam com Israel.
A fim de olharmos para essas árvores temos de deixar
o moderno Israel de nossos dias e retroceder aos tempos
dos profetas, especialmente Daniel, que com suas visões
recheadas de impressionantes detalhes, trata da suces-
são dos domínios dos gentios até 0 estabelecimento por
Deus de um reino que será estabelecido para sempre.
Sucedendo ao domínio assírio, o período caldeu de
Babilônia começou em 626 a.C., quando Nabopolassar,
partindo do golfo pérsico, ocupou o trono babilônico a
22 de novembro. Auxiliados pelos medos, os caldeus fo-
ram infringindo sucessivas derrotas aos assírios, toman-
do-lhes as cidades de Sallar por volta de 623, Assur em
614, e Nínive dois anos depois, em 612 a.C.
Após suas vitoriosas campanhas contra a Síria e di-
versas tribos do Norte, entre os anos 609 e 606
Nabopolassar confiou seu exército a Nabucodonosor, seu
príncipe herdeiro, que combateu os egípcios em Kumuhi
e Q uram ati, derrotando-os definitivam ente em
Carquemis, nos meses de maio e junho de 606.
Enquanto ainda estava na Palestina recebendo a su-
jeição de outros povos, inclusive de Judá, ao tempo do
rei Jeoiaquim, ouviu a notícia da morte do pai (15 de
agosto de 605 a.C.), “e imediatamente atravessou 0 de-
40 Manual de Profecia Bíblica
serto para tomar as mãos de Bel, e, assim, reivindicar
oficialmente o trono, a 6 de setembro de 605 a.C.” 4
Por ocasião da sujeição da Judéia ao império de
Babilônia, Nabucodonosor ordenou a Aspenaz, chefe de
seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel,
da linhagem real e dos nobres, jovens em quem não hou-
vesse defeito algum, formosos de parecer, e instruídos
em toda a sabedoria, sábios em ciência, e versados no
conhecimento, e que tivessem habilidade para viver no
palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras
e na língua dos caldeus. O rei lhes determinou a ração
de cada dia, da porção do manjar do rei, e do vinho que
ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para
que no fim deles pudessem estar diante do rei. Entre
eles se achavam, dos filhos de Judã, Daniel, Hananias,
Misael e Azarias (Daniel 1:3-6).
Os jovens hebreus rejeitaram as iguarias reais por
ferirem os princípios bíblicos, pois tratava-se de alimen-
tos consagrados à idolatria, e “a estes quatro jovens Deus
deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e
sabedoria. E Daniel tornou-se entendido em todas as vi-
sões e em todos os sonhos” (v. 17).
A ESTÁTUA PROFÉTICA
Depois de ver consolidado 0 seu reino, Nabucodonosor
teve, certa noite, um impressionante sonho. Viu uma
grande estátua que tinha a cabeça de ouro, o peito e os
braços de prata, o ventre e as coxas de cobre, as pernas
ide ferro, e os pés em parte de barro e em parte de ferro.
O rei estava olhando quando uma pedra foi cortada, sem
mãos, e feriu a estátua nos pés, reduzindo-a a pó, para o
qual não se achou lugar. E a pedra, por sua vez, tornou-
se num grande monte que encheu toda a terra.
Ao despertar na manhã seguinte, aos quatro jo-
vens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda
Babilônia, o Primeiro Império Mundial 4 1
cultura e sabedoria. E Daniel tornou-se entendido em
Iodas as visões e em todos os sonhos. Nabucodonosor
convocou seus sábios, astrólogos e adivinhos e exigiu
deles que lhe contassem o sonho e dessem a sua in-
lerpretação.
Então os astrólogos disseram ao rei em siríaco: Ó
rei, vive eternamente! Dize 0 sonho a teus servos, e dare-
mos a interpretação. Respondeu 0 rei aos astrólogos: É
esta a minha decisão: Se não me fizerdes saber 0 sonho e
a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas
casas serão feitas um monturo (2:4-5).
Os sábios de Babilônia, incapazes de atender ao rei,
foram condenados à morte, estando também na lista
negra Daniel e seus companheiros, por certo Azarias,
Misael e Ananias. Ao saber do decreto real, Daniel foi a
Arioque, chefe da guarda do rei:
Por que se apressa tanto 0 mandado da parte do rei?
Então Arioque explicou 0 caso a Daniel. Ao que Daniel se
apresentou ao rei e pediu que lhe desse tempo, para que
pudesse dar a interpretação. Então Daniel foipara sua casa,
e fez saber 0 caso a Hananias, Misael e Azarias, seus com-
panheiros, para que pedissemmisericórdia ao Deus do céu,
sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companhei-
ros não perecessem, com 0 resto dos sábios de Babilônia.
Então foi revelado 0 mistério a Daniel numa visão de noite,
pelo que Daniel louvou o Deus do céu (2:15-19).
De posse do segredo, Daniel procurou a Arioque e
este depressa introduziu ojovem hebreu na presença do
rei. Disse Daniel: “Tu, ó rei, estavas olhando, e viste uma
grande estátua. Esta estátua, que era grande e cujo es-
plendor era excelente, estava em pé diante de ti, e a sua
aparência era terrível” (v. 31).
Depois de descrever a visão, Daniel passa a inter-
pretar-lhe os diversos símbolos:
42 Manual de Profecia Bíblica
Tu, ó rei, és rei de reis, a quem 0 Deus do céu deu 0
reino, 0 poder, a força e a majestade, em cujas mãos ele
entregou os filhos dos homens, onde quer que habitem,
os animais do campo e as aves do céu, e fez que dominas-
ses sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro (w. 37-38).
A CABEÇA DE OURO
A profecia que estamos considerando trata da domi-
nação dos gentios desde que Judá deixou de ser um rei-
no, em 605 a.C., até o futuro estabelecimento do Milê-
nio. A Palavra de Deus não prevê para todo esse longo
período mais do que quatro reinos mundiais, sendo o
primeiros deles justamente o de Babilônia: “Tu és a ca-
beça de ouro”, disse Daniel a Nabucodonosor.
O império babilônico recebeu na Bíblia Sagrada o título
de “a jóia dos reinos, a glória e o orgulho dos caldeus”, e sua
capital foi chamada de “cidade dourada” (Isaías 13:19; 14:4).
A grandeza do reino dos caldeus pode ser medida
pelas dimensões de sua capital:
Eraentãoa maiorea maismodernametrópoledaqueletem-
po, ocupandoumaáreade576quilômetrosquadrados, com96de
perímetro, ou seja 24decadalado. Muitasruas, de 45 metrosde
largurapor24kmdecomprimento, dividiamluxuososquarteirões
comexuberantesjardinsesuntuosasresidências,magníficospalá-
dos e gigantescos templos. Um destes templos, dedicado a Bel,
mediacincoquilômetrosdecircunferência, eumdospaláciosreais
ocupavauma área superiora 12quilômetrosquadrados.5
Algumas das descobertas dos arqueólogos, que têm
trabalhado na área da famosa cidade desde o final do
século passado, são de fato impressionantes:
• Uma muralha de mais de vinte e dois quilômetros
de comprimento e 42 metros de largura, que circundava
a parte principal da cidade.
Babilônia, o Primeiro Império Mundial 43
• Muitas portas, sendo a mais impressionante de-
las a de Istar, com seus 575 dragões, touros, e leões
esmaltados.
‫י‬ A “rua processional”, que entrava na cidade pela
porta de Istar ao norte, passava pelo palácio real, e a
seguir atravessava diretamente a parte principal da ci-
dade até o templo de Marduque, que detinha 0 título de
“O Criador e Rei do Universo”.
• O magnífico palácio decorado de Nabucodonosor,
com seu salão, onde se encontrava o trono e um salão
para banquetes medindo 17 metros de largura por 51
metros de comprimento.
• A base e 0 contorno da Torre de Babel, conhecida
como E-Temen-an-ki, (a casa da plataforma, base do céu e
da terra), a qual supõe-se tenha sido as ruínas da
infortunada torre referida no livro de Gênesis.
• As grandes ruínas de uma área quadrangular,
compostas de criptas abobadadas ou sótãos reforçados
com arcos de ladrilho, e cobertas de terras e escombros.
Os escavadores acreditam que essas ruínas são os res-
tos da estrutura da base dos famosos Jardins Suspensos
— uma das sete maravilhas do mundo Antigo.
‫י‬ Cerca de trezentos tabletes cuneiformes que rela-
tavam principalmente a distribuição de azeite e cevada
aos cativos e aos trabalhadores especializados, proce-
dentes de muitas nações que viviam em Babilônia e seus
arredores, entre os anos 595 e 570 a.C.6
Tão assombrosamente fecundo era esse país que
Heródoto evita relatar tudo que vira em Babilônia, temen-
do não ser acreditado. De fato, essa grande metrópole in-
ventou um alfabeto, resolveu problemas de aritmética,
inventou instrumentos para medição do tempo, descobriu
a arte de polir, gravar e perfurar pedras preciosas; alcan-
çou grande progresso nas artes têxteis, aprendeu a re-
produzir fielmente os contornos de homens e animais, es-
44 Manual de Profecia Bíblica
tudou com êxito o movimento dos astros, concebeu a idéia
da gramática como ciência e elaborou um sistema de leis
civis. Em grande parte, a cultura dos gregos provinha de
Babilônia.
Há outras profecias relacionadas com o império
Babilônico em Daniel:
Quatro animais grandes, diferentes uns dos outros,
subiam do mar. O primeiro era como leão, e tinha asas
de águia. Eu olhei até que lhe foram arrancadas as asas,
e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem,
e foi-lhe dado um coração de homem (7:3-4).
Geralmente, em textos proféticos (especialmente de
Daniel), animais simbolizam reinos: leão (Babilônia),
Daniel 7:4: urso e carneiro (o reino unido da Média e da
Pérsia), Daniel 7:5; 8:3,20: leopardo e bode (Grécia),
Daniel 7:6; 8:5,21; animal terrível e espantoso, com dez
chifres (Roma), Daniel 7:7; Apocalipse 17:3. Mar ou águas
simbolizam povos, Daniel 7:3; Apocalipse 17:5; ventos
representam guerras, Jeremias 4:11; 25:32; Hc 1:11.
Asas, rapidez, Daniel 7:4; Habacuque 1:6-8. Chifres ou
pontas, reinos, Daniel 7:7,24; 8:7-9. Braços significam
ajuda, exércitos, Daniel 11:31.
Acerca dos caldeus, eis o que registram outros profetas:
Já um leão subiu da sua ramada; um destruidor das
nações se pôs em marcha. Ele já partiu, e saiu do seu
lugar para fazer da tua terra uma desolação, a fim de
que as tuas cidades sejam destruídas, e ninguém nelas
habite (Jeremias 4:7). Suscito os caldeus, nação feroz e
impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para se
apoderar de moradas que não são suas. Ela é terrível e
pavorosa; dela mesma sai 0 seu juízo e a sua dignidade.
Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, e
mais ferozes do que os lobos à tarde. Os seus cavaleiros
espalham-se por toda a parte; os seus cavaleiros vêm de
Babilônia, o Primeiro Império Mundial 45
longe. Voam como águia que se apressa a devorar
(Habacuque 1:6-8).
Assim diz o Senhor: Vede! Ele voa como a águia, e
estende as suas asas sobre Moabe (Jeremias 48:40). As-
sim diz 0 Senhor Deus: Uma grande águia, de grandes
asas, de farta plumagem, cheia de penas de várias cores,
veio ao Líbano e levou 0 mais alto ramo de um cedro
(Ezequiel 17:3).
Ao referir-se a Nabucodonosor, um escritor disse que
o império era ele, e ele era 0 império:
Como supremo e absoluto, sua corte não era mais
que mera fantasia; seus cortesões nada pesavam nas
decisões que ele tomava. Era 0 tudo, a majestade su-
prema dum cetro que cobria vitorioso inteiramente 0
orbe conhecido e habitado. Além disso, desempenhou
Nabucodonosor uma administração que conservou as
nações todas em harmonia, bem como sob completa
segurança e proteção. E, mais ainda, jamais a história
registrou um soberano político no trono do mundo mai-
or do que ele. Ele a todos sobrepujou em glória, gran-
deza e majestade. Assim, achou por bem Deus, que
lhe dera todo o poder e a glória de que era senhor,
honrá-lo no símbolo da cabeça de “ouro fino” da está-
tua de seu impressionante sonho inspirado, ainda que
ela representasse com toda a evidência o império caldeu
neobabilõnico.
E é surpreendente notar que a interpretação de
Daniel ignorou por completo, não somente os reis que
precederam Nabucodonosor no trono de Babilônia como
também os que lhe sucederam. Sim, só ele foi levado
em alta conta pelo Céu naquele trono do mundo. Todos
os demais que ali se assentaram, praticamente nada
representam aos olhos daquEle que é a suprema auto-
ridade na terra e no céu. Em toda a terra e em toda a
história não houve outro potentado que governasse o
mundo tão a contento de Deus.7
46 Manual de Profecia Bíblica
Os babilônios mantiveram 0 domínio mundial desde
612 a.C., quando Nínive, a capital dos assírios, foi toma-
da por Nabopolassar. Esse primeiro império durou até
15 de outubro de 539 a.C., pois no dia seguinte os medo-
persas assumiram a supremacia mundial.
4
0 Simbolico
Urso Destruidor
Coligados, os medos e persas venceram os caldeus
eform aram um vasto império, porém, inferior ao de
Babilônia, como previu Daniel.
ando seqüência à interpretação do sonho
de Nabucodonosor, disse Daniel: “Depois
de ti se levantará outro reino, inferior ao
teu” (Daniel 2:39). Esse segundo império está simboliza-
do na estátua pelo peito e braços de prata, metal inferior
ao ouro.
Na visão dos animais, Daniel viu o segundo governo
"semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado,
tendo na boca três costelas entre os dentes, e foi-lhe dito:
Levanta-te, devora muita carne”(Daniel 7:5).
Embora 0 urso não seja 0 rei dos animais, atinge maior
estatura e peso que o leão. Diz-se que sua maior espécie foi
encontrada na Média, país montanhoso, acidentado e frio.
Os seus 42 dentes, as suas formidáveis e grandes garras
aguçadas, 0 seu grande peso, a sua coragem e a sua astú-
cia, fazem-no grandemente terrível. No que respeito à sua
crueldade, ferocidade e sede de sangue, não tem rival. Ao
andar, não rapidamente, senta a planta do pé no chão (ao
contrário dos pés do cachorro e do leão), dando a impres-
são de amassar tudo onde que quer pise ou passe, como se
fora um rolo compressor que tudo arrasa.
É em seus pés que reside a sua maior força de domí-
nio e destruição... Assim, seu tríplice poder, concentrado
em seu peso, sua boca e seus pés, faz do urso o segundo
em seu reino, só vencido pelo leão após renhida batalha.
Não podendo 0 urso ser 0 rei dos quadrúpedes, parece
pretender sê-lo. Não alcançando, todavia, supremacia ab-
soluta, é obrigado a cometer destruição para impor-se,
como se supremo fora, sem contudo lograr o seu objetivo.
50 Manual de Profecia Bíblica
Neste terrível animal carniceiro e destruidor, fora 0 impé-
rio Medo-Persa figurado pela revelação.8
De fato, os soberanos medo-persas, inábeis para go-
vernar o mundo, cometeram as maiores e mais vis atro-
cidades. Em suas conquistas procuraram vencer, não
mediante categorias bélicas, mas pela avalanche de suas
tropas, daí o massacre a quaisquer povos que lhes opu-
sessem a menor resistência. Somente para o transporte
de víveres, usavam os persas uma frota de 1.200 barcos,
com uma tripulação de 300 mil homens!
Os exércitos medo-persas passaram à história como
profundamente sanguinários, devoradores de muita car-
ne, conforme anunciava a profecia. Afirma-se que Tomires,
rainha dos citas, mandou cortar a cabeça de Ciro e mer-
gulhou-a num odre cheio de sangue humano, dizendo:
“Farta-te de sangue, de que sempre viveste sequioso”.
As três costelas entre os dentes do urso, bem como
as três direções em que 0 carneiro dava marradas, signi-
ficam as três primeiras presas: Babilônia, Egito e Lídia
(Daniel 8:4).
O CARNEIRO COM DOIS CHIFRES
Mais adiante o profeta vê 0 mesmo império na figura
de outro animal:
No terceiro ano do reinado do rei Belsazar apareceu-
-me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apa-
receu no princípio. Na visão que tive, vi que eu estava na
cidadela de Susã, na província de Elão; na visão eu estava
junto ao rio Ulai. Levantei os olhos, e vi um carneiro que
estava diante do rio, 0 qual tinha dois chifres, e os dois
chifres eram altos. Um dos chifres era mais alto do que 0
outro, e 0 mais alto subiu por último. Vi que 0 carneiro
dava marradas para 0 ocidente, para 0 norte e para 0 sul.
O Simbólico Urso Destruidor 5 1
Nenhum animal podia estar diante dele, nem havia quem
pudesse livrar-se das suas mãos. Ele fazia conforme a sua
vontade, e se engrandecia (Daniel 8:1-4).
Esta visão do carneiro Daniel teve por volta do ano 553
a.C., cerca de 14 anos antes da queda de Babilônia. É signi-
licativo que o profeta se achasse em Susã, a capital da Pérsia,
pois a visão relacionava-se diretamente com os persas.
Trazendo mais luzes sobre as visões anteriores, da
segunda parte da estátua e do urso, o carneiro apre-
senta-se com dois chifres, símbolos da Média e da
Pérsia. O fato de a mais alta subir por último significa
que Dario, embora tenha primeiramente ocupado 0 tro-
no, perdeu-0 para Ciro na batalha de Passargade, 0
que elevou os persas sobre os medos: “Um dos chifres
era mais alto do que o outro, e o mais alto subiu por
último” (Daniel 8:3).
Na explicação dada pelo anjo a Daniel não há qual-
quer dúvida: “Aquele carneiro que viste com dois chifres
são os reis da Média e da Pérsia” (Daniel 8:20).
BELSAZAR E A QUEDA DE BABILÔNIA
No ano 539 a.C., na mesma noite em que Belsazar
banqueteava-se com mil de seus grandes e dava lou-
vores aos deuses pagãos, profanando os vasos sagra-
dos do templo de Salomão, caiu 0 império babilônico.
A sentença divina na caiadura da parede: “Mene,
Mene, Tequel Ufarsim”, cumpriu-se horas depois de
explicada por Daniel. Mene: Contou Deus o teu reino,
e o acabou. Tequel: Pesado foste na balança, e foste
achado em falta. Peres: Dividido foi.o teu reino, e deu-
se aos medos e aos persas (Daniel 5:25-28). “Naquela
mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus, e
Dario, o medo, ocupou o reino, com a idade de ses-
senta e dois anos” (Daniel 5:30-31).
52 Manual de Profecia Bíblica
Há uma interessante nota na Bíblia de Figueiredo,
versão clássica, acerca da filiação de Belsazar, nome que
também pode ser grafado como Baltasar.
O rei Baltasar é, segundo a opinião mais provável, o
filho do último rei de Babilónia, Nabonide; pelo menos
Nabonide, nas suas inscrições, diz-nos que teve um filho
chamado Baltasar. Este último não era rei, mas exercia
o poder supremo, porque o seu pai o tinha associado ao
governo e recomendara-lhe a defesa de Babilónia, de onde
estava ausente por ocasião do cerco de Ciro.
Os racionalistas têm se servido da história de Baltasar.
Contudo, as descobertas modernas referem-se à existên­
cia do filho de Nabonide, por nome Baltasar, ao contrário
do que sustentou Halevy, que entendia que Nabonide e
Baltasar eram uma só pessoa... Os cilindros de Nabonide,
em argila, encontrados em Mugheir, a antiga Ur, nos qua­
tro ângulos do Templo de Sim (a Lua), hoje existentes no
Museu Britânico, claramente referem a existência de um
filho de Nabonide, Baltasar, Bei-sar-usur, filho do rei.
Assim sabemos acerca de Baltasar o seguinte: pelas ins­
crições, que o filho primogénito de Nabonide se chamava
Baltasar; porXenofonte, que Nabonide nãovoltou a Babilónia
depoisdasuadestruição, refugiando-seemBorsipa;porDaniel,
que Baltasar governavaem Babilónia, como sendo opersona­
gem do governo. Pode desejar-se acordo mais completo entre
testemunhos provenientes de origens tão diversas?
CIRO, O UNGIDO DE DEUS
Pelo menos uns duzentos anos antes de os persas
surgirem no cenário mundial, seus famosos reis já esta­
vam profetizados na Bíblia:
[Eu sou oSenhor] que digode Ciro: Émeu pastor, e cum­
prirá tudo o que me apraz; ele dirá de Jerusalém: Ela será
reedificada, e dotemplo: Será fundado. Assimdizo Senhor ao
O Simbólico Urso Destruidor 53
seu ungido, a Ciro, a quemtomopelamão direita, para abater
as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis,
para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão:
Eu ireiadiante deti, e endireitareioscaminhostortos; que­
brarei as portas debronze, e despedaçarei os ferrolhosde ferro.
Dar-te-ei os tesouros das trevas, eas riquezas encobertas, para
que possas saber que eu sou oSenhor, oDeus de Israel, que te
chamapeloteu nome. Poramor demeu serroJacó, ede Israel,
meu eleito, eu techamopeloteu nome, ponho-teoteu sobreno­
me, ainda que não me conheces (Isaías44:28; 45:1-4).
Acerca dessa interessante profecia, observa o Dr.
Scofield:
Este é o único caso em que a palavra ungido, em união
com a expressão meu pastor, que é também um título
messiânico, assinala Ciro como a assombrosa exceção de
que um gentio seja tipo de Cristo. Os pontos de comparação
são os seguintes: ambos, Cristo e Ciro, são conquistadores
dos inimigos de Israel (Isaías 45:1; Apocalipse 19:19-21);
ambos restauram a cidade santa (Isaías 44:28; Zacarias
14:11); por meio de ambos o nome do único Deus verdadei­
ro é glorificado (Isaías 45:6; 1Coríntios 15:28).
Com Ciro inaugurou-se uma nova política em relação
aos povos conquistados. Apesar da crueldade com que lida­
va com seus inimigos, Ciro tratou seus súditos com consi­
deração, conquistando-os como amigos. Por seus famosos
decretos, promulgados no segundo ano de seu governo, per­
mitiu a volta de todos os povos às suas próprias terras. Pa­
rece que, de modo especial, o famoso imperador dos persas
favoreceu os judeus, concedendo-lhes generosa ajuda.
CAMPANHAS CONTRA OS GREGOS
O capítulo onze de Daniel tem sido dividido, para efei­
to de estudos, em quatro partes:
• Versos 1-4, osreisda Pérsiaeoterceiroimpério até a sua
divisão em quatro partes, após a morte deAlexandre, oGrande;
54 Manual de Profecia Bíblica
• Versos 5-20, os reis do Norte e do Sul (Síria e Egito);
• Versos 21-35, o reinado de Antíoco Epifânio;
• Versos 36-45, o Anticristo, no final dos tempos.
A primeira parte, de que nos ocupamos aqui, abrange
o período de 539 a.C., desde a tomada de Babilónia pelos
medos e persas, até 424 a.C., quando faleceu Artaxerxes
Longímanos. O texto bíblico diz: “Ainda três reis se levan­
tarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes ri­
quezas mais do que todos. E, tendo-se fortalecido por meio
das suas riquezas, agitará a todos contra o reino da Grécia.
Os reis mencionados nesse texto foram Cambises,
Pseudo Smerdis e Dario Histaspes, considerando que a vi­
são fora dada no ano terceiro de Cri, conforme Daniel 10:1.
O quarto rei foi Xerxes I, imensamente rico, que invadiu a
Grécia nos anos 483 a 480, conhecido no livro de Ester
como Assuero. Tanto a Bíblia como a história grega falam
dele como sendo homem sensual, devasso, déspota, insidi­
oso e cruel. Assuero ocupou o trono no ano 486.
De acordo com John D. Davis, no segundo ano de
seu reinado subjugou os egípcios que se haviam revolta­
do contra Dario, e quatro anos mais tarde preparou um
imenso exército e invadiu a Grécia, mas foi obrigado a
retroceder depois da batalha de Salamina, onde a sua
esquadra foi aniquilada por uma pequena frota grega em
480 a.C. A mãe de Xerxes, Atossa, era filha de Ciro.
Convém salientar que o Assuero que aparece em
Esdras 4:6 não é o mesmo de Ester, mas sim Cambises,
que reinou de 529 a 521 a.C. É também o mesmo Cambises
quem aparece em Esdras 4:7 com o nome de Artaxerxes.
O que aparece em Esdras 7:1, já ao tempo de Esdras, por
volta de 458 a.C., é Artaxerxes Longímanos, o que permi­
tiu a Esdras e Neemias levarem um grande número de
judeus de volta a Jerusalém e reconstruírem as muralhas
da cidade santa, (Esdras 7:11-28). Ele o último impera­
dor persa mencionado no Antigo Testamento.
5
0 Rei Valente
e seu Sonho Dourado
Um reino sem fronteiras, sem guerras e sem crises
económicas, tal como sonhou Alexandre, somente
será realidade quando o Messias reinar.
eferindo-se ao reino grego, anunciou o
profeta: “E um terceiro reino, de bron­
ze, o qual terá domínio sobre toda a ter­
ra (Daniel 2:39b).
Nos capítulos 7 e 8 de Daniel, lemos:
Depois disto, continuei olhando, e vi outro animal,
semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave
nas costas. Este animal tinha quatro cabeças, e foi-lhe
dado domínio...
Estando eu considerando, vi que um bode vinha do
ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão, e
aquele bode tinha um chifre notável entre os olhos.
Dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual
eu tinha visto diante do rio, e correu contra ele no furor
da sua força. Vi-o chegar perto do carneiro, e, irritado
contra ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não
havia força no carneiro para lhe resistir: em seguida o
bode o lançou por terra e o pisou aos pés, e não houve
quem pudesse livrar o carneiro do seu poder.
O bode se engrandeceu sobremaneira; estando, po­
rém, na sua maior força, aquele grande chifre foi que­
brado, e subiram no seu lugar quatro também notáveis,
para os quatro ventos do céu (Daniel 7:6; 8:5-8).
É interessante notar que, assim como o leão foi o
animal adotado pelos babilónicos como o símbolo de seu
império, o bode serviu para identificar o poderio grego,
como emblema do poder real.
58 Manual de Profecia Bíblica
O bode é muito apropriadamente típico do império
grego ou macedônio, porque os macedônios, a princípio,
mais ou menos 200 anos antes de Daniel, eram chama­
dos aegeadae, ou povo do bode; e, nessa ocasião, como
referem autores pagãos, Caranus, seu primeiro rei, indo
com uma grande multidão de gregos à procura de novas
habitações na Macedonia, foi mandado pelo oráculo to­
mar os bodes como seus guias para o império, e, mais
tarde, vendo um rebanho de bodes a fugir de uma vio­
lenta tempestade, seguiu-os até Edessa, e ali fixou a sede
do seu império; fez dos bodes suas insígnias ou estan­
dartes, e chamou a cidade Aegeae, ou “cidade do bode”.
Esta observação é semelhantemente devida ao
excelentíssimo Sr. Mede; e a isto pode-se acrescentar que
a cidade Aegeae, ou Aegae, foi o lugar de sepultamento
usual dos reis macedônios. É também muito notável que
o filho de Alexandre, de Roxama, chamou-se Alexandre
Aegus, ou “filho do bode”; e alguns dos sucessores de
Alexandre são representados em suas moedas com chi­
fres de bode.9
Outros importantes testemunhos acerca do bode
como símbolo dos gregos estão no Museu Britânico. As
moedas macedônias, de cerca de 25 séculos, trazem no
seu reverso a figura de um bode. Também na mitologia
grega aparece o deus Pan, filho de Hermes e da ninfa
Dryope, representado com chifres, corpo e pés de bode
da cintura para baixo. Finalmente, o mar Egeu, que ba­
nha a Macedonia e a Grécia, significa mar do bode.
O império grego está representado pelo ventre e co­
xas de cobre, pelo leopardo com quatro asas e pelo bode
que vinha do Ocidente sem tocar no chão, o qual tinha
uma ponta notável entre os olhos. As asas falam da rapi­
dez das conquistas de Alexandre, o bode que partiu do
Ocidente “sem tocar no chão”. O serem quatro asas sig­
nifica o desmembramento do império em quatro dinasti­
as independentes.
O Rei Valente e seu Sonho Dourado 59
A mesma significação têm as quatro cabeças do leo­
pardo e as quatro pontas que se levantam do bode, ao
cair-lhe a primeira, a grande ponta. A Palavra de Deus é
claríssima: “Mas o bode peludo é o rei da Grécia, e o
chifre grande que tinha entre os olhos é o primeiro rei. O
ler sido quebrado, levantando-se quatro em seu lugar,
significa que quatro reinos se levantarão da mesma na­
ção, mas não com a força dele” (Daniel 8:21-22).
CARTAS FAMOSAS
Ficou célebre a correspondência trocada entre Ale­
xandre e Dario III, tam bém conhecido por Dario
Codomano, filho de Artaxerxes II, o qual começou a rei­
nar no mesmo ano que Alexandre, ou seja, em 336 a.C.
A primeira carta de Dario a Alexandre diz o seguinte:
Desta capital dos reis da terra: Enquanto o sol bri­
lhar sobre a cabeça de Iskander Alexandre, o salteador
etc. etc., saiba ele que o Rei dos Céus me outorgou o
domínio da terra, e que oTodo-Poderoso me concedeu os
quatro quartos da superfície dela. Distinguiu-me outros-
sim a providência com a dignidade, a majestade e a gló­
ria, e com um sem conta de campeões e confederados.
Chegou ao nosso conhecimento que reunistes uma
corja de ladrões e réprobos, a multidão dos quais a tal
ponto vos escaldou a imaginação que vos propusestes,
com a ajuda deles, disputar a coroa e o trono, devastar o
nosso reino e destruir o nosso país e o nosso povo.
Tais resoluções são, em sua crueldade, perfeitamente
consistentes com a fatuidade dos homens de Room. Mas,
é melhor para o vosso bem que, ao lerdes estas linhas
regresseis imediatamente do lugar até onde chegastes.
Quanto ao vosso movimento criminoso, não tenhais
receio da nossa majestade e punição, pois não entrastes
ainda para o número daqueles que nos merecem vingan­
ça ou castigo. Olhai bem! Mando-vos um cofre cheio de
ouro e um burro carregado de sésamo no propósito de
60 Manual de Profecia Bíblica
dar-vos uma idéia da extensão da minha riqueza e poder.
Mando-vos também um chicote e uma bola: a última para
que vos entretenhais com um brinquedo próprio da vossa
idade; o primeiro para servir ao vosso castigo.
Ao receber essa carta, ordenou Alexandre que fos­
sem presos e executados os embaixadores que a tinham
trazido. Mas estes lhe suplicaram misericórdia e foram
finalmente atendidos. Regressaram para o seu país le­
vando a seguinte resposta de Alexandre a Dario:
De Su-ul-Kurnain Alexandre àquele que pretende ser
o rei dos reis; que se julga temido pelas próprias hostes
celestes; e que se considera a luz de todos os habitantes
do mundo! Como se pode então dignar tão alta pessoa de
temer um inimigo tão desprezível como Iskander?
Não saberá Dará Dario que o Senhor Onipotente ou­
torga poder e domínio a quem bem lhe apraz? E também
que quando um fraco mortal se julga um deus e vence­
dor das hostes celestes a indignação do Todo-Poderoso
lhe reduz a ruína o reino?
Como pode um indivíduo destinado à morte e à de­
composição ser um deus, ele a quem lhe tomam o reino e
que deixa para outros os prazeres deste mundo?
Olhai! Decidi travar batalha convosco e para isso mar­
cho na direção de vossas terras. Confesso-me fraco e hu­
milde servo de Deus, a quem ofereço as minhas preces
para que me conceda a vitória e o triunfo, e a quem adoro.
Com a carta em que fizestes tamanho alarde dos
vossos poderes e me enviastes um chicote, uma bola,
um cofre cheio de ouro e um burro carregado de sésamo;
tudo isso agradeço à boa fortuna e considero como si­
nais auspiciosos. O chicote significa que serei o instru­
mento do vosso castigo e me tornarei o vosso governa­
dor, preceptor e diretor. A bola indica que a superfície
da terra e a circunferência do globo obedecerão ao lu­
gar-tenentes. Ocofre de ouro, que é uma parte do vosso
tesouro, denota que as vossas riquezas me serão
O Rei Valente e seu Sonho Dourado 61
transferidas muito breve. E quanto ao sésamo, embora
os seus grãos sejam tão numerosos, todavia é macio ao
tato e de todos os géneros de alimento o menos nocivo e
desagradável.
Em retribuição vos envio um saco de mostarda para
provardes e reconhecerdes o amargor da minha vitó­
ria. E não obstante vos terdes exaltado com tamanha
presunção, soberbo da grandeza do vosso reino e pre­
tendendo ser uma divindade na terra, ousando mesmo
comparar-vos à majestade celeste, eu verdadeiramen­
te é que sou vosso senhor supremo; e embora vos
tenhais esforçado por me alarmar com a enumeração
do vosso poder e dos vossos recursos em homens e
armas; todavia confio na intervenção da Divina Provi­
dência que hei de ver a vossa jactância reprovada por
todo o género humano; e que na mesma proporção em
que vos exaltastes vos humilhará o Senhor e me con­
cederá a vitória sobre vós. No Senhor está a minha fé e
a minha confiança. Adeus!
Depois da troca dessas cartas, os dois exércitos se
defrontaram em Faristã, onde os persas sofreram
fragorosa derrota. Dario fugiu para além do Eufrates, e
foi reunir um exército ainda mais numeroso. Tentou ne­
gociar com Alexandre, oferecendo-lhe pela paz a metade
do seu reino, mas Alexandre, contra a opinião de seus
generais, preferiu arriscar as suas tropas em nova bata­
lha e ganhar toda a Pérsia. Eis a resposta que mandou à
proposta de Dario:
Dario:
Dario (Dario, oGrande, derrotado emMaratona), (Dario,
o Grande, por cujo nome sois chamado) devastou, se a his­
tória diz a verdade, todas as cidades gregas da costa do
Helesponto; todas as colónias jónias deste lado. Nem se
contentou ele com isso, mas, atravessando o mar com um
vasto exército, executou uma segunda invasão; sendo, po­
62 Manual de Profecia Bíblica
rém, vencido no mar, retirou-se, deixando lá o general
Mardônio, o qual em sua ausência deveria saquear toda a
Grécia, talar-lhe os férteis campos e arrasar-lhe as flores­
centes cidades.
Acrescente-se a isso a morte de meu pai Felipe, cujos
assassinos corrompestes e subornastes vilmente coma pro­
messa de grande soma em dinheiro.
Assimcomeçaisumaguerraeassimcovardementealevais
avante, tentando assassinar aqueles que tremeis de encon­
trar no campo debatalha; testemunho disso são os mil talen­
tos que oferecestes a quem quisesse ser o meu assassino,
mesmo quando estáveis conduzindo contra mim um tama­
nho exército. Por conseguinte, a guerra em que estou atual-
mente empenhado é em minha própria defesa; e os deuses,
dando o triunfo às minhas armas e permitindo-me conquis­
tar grande parte dovosso império, manifestaram ajustiça da
minha causa. Bati-vos no campo da luta; e, embora não me
sinta obrigado pela honra nem pela gratidão a atender-vos
no que quer que seja, todavia vos prometo, se vierdes a mim
da maneira que exige a vossa condição, darei liberdade a vos­
saesposaeavossosfilhos, mesmosemnenhumpenhor. Como
conquistador levastes uma lição; vereis ainda como sei tratar
comhonra aqueles a quem venço. Se no entanto duvidais de
vossa segurança aqui, prometo-vos que tereis uma escolta
para vos guardar de qualquer atentado.
Entrementes, toda vez que tiverdes ocasião de escre­
ver a Alexandre, lembrai-vos de que vos dirigis a quem não
somente é rei, mas também o vosso rei.1
0
Finalmente, em 21 de setembro de 331 a.C., aprovei-
tando-se de um eclipse lunar, o exército macedônio, co­
mandado por Alexandre, atravessou o Tigre, e de novo a
Grécia e a Pérsia se defrontaram em Arbela (ou Gaugamela)
numa das batalhas decisivas da História. Novamente, a
vitória coube a Alexandre, e desta vez lhe trouxe, na idade
de vinte e cinco anos, a supremacia indisputável sobre a
maior parte do mundo então conhecido. Mais uma vez em
fuga, Dario foi morto por um dos seus sátrapas.
O Rei Valente e seu Sonho Dourado 63
O SONHO DE ALEXANDRE
Alexandre Magno nasceu era Pela, em 356 a.C. e mor­
reu em Babilónia, em 323 a.C. Filho de Felipe II e Olímpia,
assume o trono em 336 a.C., após o assassinato do pai, e
um ano depois, no Congresso Pan-helênico de Corinto, é
aclamado general de todas as forças gregas.
Com um exército de 35.000 infantes, 5.000 cavaleiros
c uma frota de 169 navios, vence o exército persa às mar­
gens do rio Granico, ocupa a Frigia, em cuja capital, Górdio,
corta um nó complicado que, segundo a tradição, daria a
quem o desembaraçasse o império da Ásia. Em 333, na
planície de Isso, vence novamente os persas. A caminho do
Egito, Tiro e Gaza são vencidas e arrasadas. É recebido no
Egito como filho dos faraós; funda a cidade de Alexandria
no delta do Nilo e ataca os exércitos do rei persa Dario III
em Arbela (ou Gaugamela), no ano 331, derrotando defini­
tivamente o império Medo-Persa. Cumprindo a profecia
bíblica, que previa para o terceiro reino um “domínio sobre
toda a terra”, em 327 a.C., após a conquista do Oriente
Médio e do Norte da África, invade a índia.
Alexandre, entre os 13 e 16 anos de idade, teve como
mestre o famoso Aristóteles, que lhe despertou o inte­
resse para a Filosofia, a Medicina e a investigação cientí­
fica. Oseu grande mérito foi o de unificar o mundo grego
e difundir o helenismo, criando assim um mundo novo.
Com sua forte personalidade, Alexandre Magno passou
à História como o mais famoso conquistador da antigui­
dade. Reinou 12 anos e oito meses. Faleceu aos 33 anos,
vítima de uma febre violenta, após prolongado banquete
e muita bebida. Dele disse Orlando Boyer:
Elejá estava à porta de qualquer cidade para conquistá-
la, antes mesmo de alguém saber que tinha saído de seu
palácio... Alexandre tinha o grande alvo de fazer do mundo
inteiro uma só nação, a Alexandrilândia. Não poderia ha-
64 Manual de Profecia Bíblica
ver mais guerras nem carestia, porque não haveria mais
estrangeiros nem fronteiras, e todos os homens, assim,
podiam gozar paz e prosperidade. (Era o seu sonho doura­
do, mas só há um que pode realizá-lo: Jesus Cristo) Ale­
xandre, ainda muito novo, dominou omundo inteiro e cho­
rou porque não havia outros reinos a conquistar!"
ALEXANDRE E OS JUDEUS
A grande ponta do bode significa não o primeiro mo­
narca, mas o primeiro reino dominado sucessivamente
por Alexandre Magno, por seu irmão Arideu e por seus
dois filhos, Alexandre e Hércules. Já o “rei valente” de
Daniel 11:3-4 aponta para o primeiro imperador da
Grécia, Alexandre. Este fez do povo judeu o alvo de sua
especial consideração, pois, ao aproximar-se de Jerusa­
lém, o sumo sacerdote saiu-lhe ao encontro mostrando
as profecias bíblicas que indicavam o triunfo dos gregos
sobre os medo-persas e, especialmente, o papel que o
grande general macedônio deveria cumprir no plano di­
vino. Vejamos o que registrou o grande historiador ju ­
deu, Flávio Josefo:
Quando se soube que ele já estava perto, o Grão-
sacrificador (o sumo sacerdote) acompanhado pelos ou­
tros sacrificadores e por todo o povo, foi ao seu encontro,
com essa pompa tão santa e tão diferente da das outras
nações, até o lugar denominado Sapha, que em grego
significa mirante, porque de lá se podem ver a cidade de
Jerusalém e otemplo. Os fenícios e os caldeus, que esta­
vam no exército de Alexandre, não duvidaram de que na
cólera em que ele se achava contra os judeus ele lhes
permitiria saquear Jerusalém e daria um castigo exem­
plar ao Grão-sacrificador.
Mas aconteceu justamente o contrário, pois o sobe­
rano apenas viu aquela grande multidão de homens ves­
tidos de branco, os sacrificadores revestidos com seus
O Rei Valente e seu Sonho Dourado 65
paramentos de linho e o Grão-sacrificador, com seu éfode,
de cor azul adornado de ouro e a tiara sobre a cabeça,
com uma lâmina de ouro sobre a qual estava escrito o
nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele
augusto nome e saudou o Grão-sacrificador, ao qual nin­
guém ainda havia saudado. Então os judeus reuniram-
se em redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar-
lhe toda a sorte de felicidade e de prosperidade. Mas os
reis da Síria e os outros grandes, que o acompanhavam,
ficaram surpresos de tal espanto, que julgaram que ele
tinha perdido o juízo. Parmênio, que gozava de grande
prestígio, perguntou-lhe como ele, que era adorado em
todo o mundo, adorava o Grão-sacrificador dos judeus.
“Não é a ele”, respondeu Alexandre, “ao Grão-
sacrificador, que eu adoro, mas é a Deus de quem ele é
ministro. Pois quando eu ainda estava na Macedonia e
imaginava como poderia conquistar a Ásia, Deus me apa­
receu em sonhos com esses mesmos hábitos e me exor­
tou a nada temer. Disse-me que passasse corajosamente
o estreito do Helesponto e garantiu-me que ele estaria à
frente do meu exército e me faria conquistar o império
dos persas. Eis por que jamais tenho visto antes a nin­
guém vestido de trajes semelhantes àquele com que ele
me apareceu em sonho. Não posso duvidar de que foi por
ordem de Deus que empreendi esta guerra, e assim ven­
cerei a Dario, destruirei o império dos persas e todas as
coisas suceder-me-ão segundo os meus desejos”.
Alexandre, depois de ter assim respondido a Parmênio,
abraçou o Grão-sacrificador e os outros sacrificadores;
caminhou depois no meio deles até Jerusalém, subiu ao
templo, ofereceu sacrifícios a Deus da maneira como o
Grão-sacrificador lhe dissera fazer. O Soberano Pontífice
mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel, no qual estava
escrito que um príncipe grego destruiria o império dos
persas e disse-lhe que não duvidava de que era ele a quem
a profecia fazia menção. Alexandre ficou contente; no dia
seguinte, mandou reunir o povo e ordenou-lhe que dis­
sesse que favores desejava receber dele.
66 Manual de Profecia Bíblica
Falando pelo povo, o Grão-sacrificador respondeu-
lhe que eles lhe suplicavam permitir-lhes viver segundo
as leis deles e as leis de seus antepassados, e isentá-los
no sétimo ano do tributo, o qual lhe pagariam durante os
outros seis anos. Ele concedeu-lhes. Tendo-lhe ainda,
eles pedido que os judeus que moravam em Babilónia e
na Média gozassem dos mesmos favores, Alexandre opro­
meteu com grande bondade, e disse que se alguns dese­
jassem servir no exército grego, ele permitiria que os cons-
critos vivessem segundo a própria religião e costumes.
Vários então se alistaram.1
2
OS QUATRO REINOS QUE SE
REDUZIRAM A DOIS
No capítulo 11 de Daniel, versos 3 e 4, as profecias
acerca de Alexandre complementam as anteriores: “De­
pois se levantará um rei valente, que reinará com grande
domínio, e fará o que lhe aprouver. Mas, estando ele em
pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os
quatro ventos do céu. Não passará à sua posteridade, nem
terá o mesmo poder com que reinou, porque o seu reino
será arrancado, e passará a outros”.
Os “quatro ventos do céu” são as quatro dinastias in­
dependentes em que se dividiu o império de Alexandre, em
301 a.C., na batalha de Ipsus: Ptolomeu, filho de Lago, no
Sul, ficou com o Egito e mais tarde obteve Chipre;
Cassandro, no Oeste, ficou com a Macedonia, Tessalia e
Grécia; Selêuco Nicanor, no Leste, com Babilónia, Síria e
todo o Oriente; Lisímaco, no Norte, reinou sobre a Trácia e
a Capadócia.
Os versos 5 e 20, do capítulo 11, de Daniel, falam de
uma guerra prolongada entre os reis da Síria e do Egito. O
primeiro desses versos é assim explicado por Sir Isac Newton:
Demétrio, filho de Antígono, conservou apenas uma
pequena parte dos domínios paternos, e por fim perdeu
O Rei Valente e seu Sonho Dourado 67
Chipre para Ptolomeu. Mas depois do assassinato de Ale­
xandre, filho e sucessor de Cassandro, rei da Macedonia,
Demétrio apoderou-se desse reino no ano de 454 de
Nabonassar (294 a.C.). Algum tempo depois, quando pre­
parava um grande exército para reconquistar os domíni­
os de seu pai na Ásia, Selêuco, Ptolomeu, Lisímaco e Pirro,
rei do Épiro, ligaram-se contra ele, invadindo a
Macedonia, corromperam o exército de Demétrio, pondo
o rei em fuga. Em seguida, apoderaram-se do seu reino e
o dividiram com Lisímaco. Sete meses após, Lisímaco
venceu a Pirro, tomou-lhe a Macedonia e a susteve du­
rante cinco anos e meio, unindo-a ao reino de Trácia.
Em suas guerras contra Antígono e Demétrio,
Lisímaco lhes havia tomado a Cária, a Lídia e a Frigia.
Ele tinha ainda um tesouro em Pérgamo, num caste­
lo no topo de uma colina cónica na Frigia, perto do
rio Caicus, cuja guarda havia confiado a um tal
Filatero, que a princípio lhe foi fiel, mas por fim se
revoltou contra ele, no último ano de seu reinado,
pois Lisímaco, instigado por sua esposa Arsinoé, co­
meçou assassinando seu próprio filho Agatocles e
depois diversos outros que o choravam. A viúva de
Agatocles fugiu com os filhos e alguns amigos, e pe­
diu a Selêuco que guerreasse a Lisímaco. Diante dis­
so, Filatero, que era acusado de ter sido o assassino
de Agatocles, pela própria Arsinoé, pôs-se em armas
ao lado de Selêuco.
Nessa ocasião, Selêuco deu batalha a Lisímaco na
Frigia; este morreu na batalha e Selêuco tomou o seu
reino no ano 465 de Nabonassar (283 a.C.).
Assim o império dos gregos, que inicialmente se ha­
via dividido em quatro, reduziu-se novamente a dois rei­
nos notáveis os quais são chamados por Daniel de os
reinos do Sul e do Norte. Então Ptolomeu reinava sobre o
Egito, a Líbia, a Etiópia, a Arábia, a Fenícia, a Celesíria e
Chipre; e Selêuco, tendo unido três dos quatro reinos,
tinha um domínio pouco inferior ao do império persa,
conquistado por Alexandre Magno... 1
3
6
Os Reinos
do Norte e do Sul
Com a repentina morte de Alexandre, seus
domínios se dividiram primeiramente em quatro
reinos que, por sua vez, se reduziram a dois.
s versos 6 a 20 do capítulo 11 de Daniel,
tratam das lutas entre os Selêucidas, reis
do Norte, e os Ptolomeus, reis do Sul. O
fato de Daniel, mais de três séculos antes, haver descri­
to, com tantas minúcias, a história desses reinos, só pode
ser explicado à luz da Palavra de Deus, que afirma: “Pois
a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens,
mas os homens santos da parte de Deus falaram movi­
dos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).
Eis o texto bíblico:
Mas ao cabo de alguns anos, eles se aliarão; a filha
do rei do Sul virá ao rei do Norte para fazer um tratado.
Ela, porém, não conservará a força de seu braço, nem ele
persistirá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e
os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia
naqueles tempos.
Mas do renovo das suas raízes um se levantará em
seu lugar, e virá com o exército, e entrará nas fortalezas
do rei do Norte, e agirá contra elas, e prevalecerá. Tam­
bém os seus deuses com a multidão das suas imagens
de fundição, com os seus objetos preciosos de prata e
ouro, levará cativos para o Egito. Por alguns anos ele
persistirá contra o rei do Norte.
Então o rei do reino do Norte invadirá o reino do rei
do Sul, mas voltará para a sua terra. Os seus filhos in­
tervirão e reunirão um grande exército, que virá apres­
sadamente, arrasará tudo como uma inundação
irresistível, e levará a guerra até a sua fortaleza.
Então o rei do Sul se irritará, e sairá, e pelejará con­
tra ele, contra o rei do Norte, que porá em campo um
grande exército, mas o seu exército será entregue nas
mãos daquele. Quando o seu exército for levado, o rei do
Sul se encherá de orgulho, e derrubará miríades, mas
não prevalecerá. Porque o rei do Norte voltará, e porá em
campo um exército maior do que oprimeiro, e ao cabo de
tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exérci­
to e abundantes provisões.
Naqueles tempos muitos se levantarão contra o rei
do Sul. Os violentos dentre o teu povo se levantarão, em
cumprimento da visão, mas eles cairão. O rei do Norte
virá, e levantará baluartes, e tomará uma cidade
fortificada. As forças do Sul não poderão subsistir, nem
o seu povo escolhido, pois não haverá força que possa
subsistir. O que há de vir contra ele fará segundo a sua
vontade; ninguém poderá resistir diante dele. Estará na
terra gloriosa, e terá o poder de destruí-la. Firmará o
propósito de vir com a força de todo o seu reino, e fará
uma aliança com o rei do Sul. E lhe dará uma jovem em
casamento a fim de destruir o reino, mas seus planos
não vingarão, nem serão para sua vantagem.
Depois virará o seu rosto para as ilhas, e tomará mui­
tas, mas um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra
ele, e ainda fará recair sobre ele o seu opróbrio. Virará
então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra,
mas tropeçará, e cairá, e não será achado. Em seu lugar
se levantará quem fará passar um exator de tributo pela
glória do reino, mas em poucos dias será destruído, e
isto sem ira e sem batalha.
CUMPRIMENTO FIEL DA PROFECIA
Os 15 versículos citados abrangem um período de
aproximadamente um século, começando por volta de
250 a.C. O comentário seguinte, de McNair, refere-se a
esse texto, cuja leitura sugerimos ao leitor, a fim de me­
lhor compreender o seu cumprimento histórico:
72 Manual de Profecia Bíblica
Os Reinos do Norte e do Sul 73
Os dois que fazem aliança são os reis do Norte (a
divisão Síria do império grego) e do Sul (Egito).
Esta aliança só foi efetuada pelo casamento da
filha do rei do Sul, a princesa egípcia Berenice, filha
de Ptolomeu II a Antíoco Theos, o rei do Norte. A com­
binação foi que Antíoco teria de divorciar-se de sua
esposa e fazer de um dos filhos de Berenice o herdei­
ro do reino. Este convénio acabou num desastre.
Quando Ptolomeu morreu, Antíoco Theos, em 247 a.C.,
chamou sua esposa anterior. Berenice e seu filho fo­
ram envenenados, e o filho da primeira esposa,
Gallinicus, foi posto no trono como Selêuco II. “Mas
ao cabo de alguns anos, eles se aliarão; a filha do rei
do Sul virá ao rei do Norte para fazer um tratado. Ela,
porém, não conservará a força de seu braço, nem ele
persistirá, nem o seu braço, porque ela será entre­
gue, e os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a
fortalecia naqueles tempos” (Daniel 11:6).
Ptolomeu III Euergetes (246-221 a.C.), irmão de
Berenice, que sucedeu a seu pai Ptolomeu II, invadiu o
território da Síria até a Ásia Menor e por algum tempo
ocupou a própria Antioquia, reacendendo, assim , a
guerra entre os dois reinos. Como vingança pelo as­
sassinato de sua irmã, matou a esposa de Antíoco
Theos. Diz a Bíblia: “Mas do renovo das suas raízes
um se levantará em seu lugar, e virá com o exército, e
entrará nas fortalezas do rei do Norte, e agirá contra
elas, e prevalecerá” (Daniel 11:7).
Cumprindo tudo o que estava profetizado a seu res­
peito, Ptolomeu IIIEuergetes voltou ao Egito levando qua­
tro mil talentos de ouro, 40 mil talentos de prata e dois
mil e quinhentos ídolos e vasos sagrados, dos quais mui­
tos tinham sido arrebatados à Pérsia por Bambises. No
ano 240 a.C., Selêuco Calicino invadiu o Egito e voltou
derrotado. Sua frota pereceu numa terrível tempestade.
Os filhos de Selêuco Calicino, Selêuco III (226-223
a.C. e Antíoco, o Grande (223-187 a.C.) guerrearam con­
tra o Egito. Oprimeiro atacou, sem sucesso, as provínci-
74 Manual de Profecia Bíblica
as) egípcias na Ásia Menor; o segundo, também conheci­
do porAntíoco III, invadiu o Egito sem muita oposição da
parte de Ptolomeu Filopáter. Em 218 a.C., numa outra
investida contra o Egito, Antíoco tomou a fortaleza de
Gaza. Eis a profecia bíblica respeito desses fatos:
Também os seus deuses com a multidão das suas
imagens de fundição, com os seus objetos preciosos de
prata e ouro, levará cativos para o Egito. Por alguns
anos ele persistirá contra o rei do Norte. Então o rei do
reino do Norte invadirá o reino do rei do Sul, mas vol­
tará para a sua terra. Os seus filhos intervirão e reuni­
rão um grande exército, que virá apressadamente, ar­
rasará tudo como uma inundação irresistível, e levará
a guerra até a sua fortaleza (w. 8-10).
JUDÁ E AS GUERRAS GREGAS
No ano seguinte à queda de Gaza, Ptolomeu,
Filopáter, graças a um poderoso exército, vence Antíoco,
o Grande, na batalha de Ráfia, a sudoeste de Gaza, e
sacrifica em Jerusalém. Pelo fato de haver sido impe­
dido de entrar no lugar santíssimo do templo, tenta
destruir os judeus de Alexandria. Cerca de 14 anos
mais tarde, Antíoco, o Grande, tenta mais uma vez
derrotar o Egito, porém falha.
Então o rei do Sul se irritará, e sairá, e pelejará contra
ele, contra o rei do Norte, que porá em campo um grande
exército, mas oseu exército será entregue nas mãos daquele.
Quando o seu exército for levado, o rei do Sul se encherá de
orgulho, e derrubará miríades, mas não prevalecerá. Porque
orei do Nortevoltará, e porá em campo um exércitomaior do
que o primeiro, e ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à
pressa com grande exército e abundantes provisões.
Naqueles tempos muitos se levantarão contra o rei
do Sul. Os violentos dentre o teu povo se levantarão, em
cumprimento da visão, mas eles cairão (w. 11-14).
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel
O propósito divino com Israel

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a O propósito divino com Israel

Oseias 0 amor de deus em ação
Oseias 0 amor de deus em açãoOseias 0 amor de deus em ação
Oseias 0 amor de deus em açãoEmilio Reverendo
 
O profeta do século xx
O profeta do século xxO profeta do século xx
O profeta do século xxComandodafe
 
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃOLição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃOAndrew Guimarães
 
Lio14 14danielnossocontemporneo-141003220830-conversion-gate02
Lio14 14danielnossocontemporneo-141003220830-conversion-gate02Lio14 14danielnossocontemporneo-141003220830-conversion-gate02
Lio14 14danielnossocontemporneo-141003220830-conversion-gate02Ourofino
 
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançAAs Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançADimensaoCatolica
 
panorama velho testamento o inico de tudo.pptx
panorama velho testamento o inico de tudo.pptxpanorama velho testamento o inico de tudo.pptx
panorama velho testamento o inico de tudo.pptxMárcio Azevedo
 
panoramavelhotestamentooinicodetudo-221023024210-914436a2.pdf
panoramavelhotestamentooinicodetudo-221023024210-914436a2.pdfpanoramavelhotestamentooinicodetudo-221023024210-914436a2.pdf
panoramavelhotestamentooinicodetudo-221023024210-914436a2.pdfbpclaudio11
 
2016 3 TRI LBJ - Lição 1 - Conhecendo o livro de isaias
2016 3 TRI LBJ - Lição 1 - Conhecendo o livro de isaias2016 3 TRI LBJ - Lição 1 - Conhecendo o livro de isaias
2016 3 TRI LBJ - Lição 1 - Conhecendo o livro de isaiasNatalino das Neves Neves
 
18 homens mais importantes da bíblia
18 homens mais importantes da bíblia18 homens mais importantes da bíblia
18 homens mais importantes da bíbliaRogerio Sena
 
E.b.d jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
E.b.d   jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05E.b.d   jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
E.b.d jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05Joel Silva
 
Lição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
Lição 01- Conhecendo o Livro de IsaíasLição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
Lição 01- Conhecendo o Livro de IsaíasMaxsuel Aquino
 
Lição 7-O evangelho no mundo acadêmico e político
Lição 7-O evangelho no mundo acadêmico e políticoLição 7-O evangelho no mundo acadêmico e político
Lição 7-O evangelho no mundo acadêmico e políticoFlavio Luz
 
18 Homens mais importantes da Bíblia.pptx
18 Homens mais importantes da Bíblia.pptx18 Homens mais importantes da Bíblia.pptx
18 Homens mais importantes da Bíblia.pptxLuisFernandoMachado6
 
10 sobrevivendo os séculos
10   sobrevivendo os séculos10   sobrevivendo os séculos
10 sobrevivendo os séculosDiego Fortunatto
 

Semelhante a O propósito divino com Israel (20)

Oseias 0 amor de deus em ação
Oseias 0 amor de deus em açãoOseias 0 amor de deus em ação
Oseias 0 amor de deus em ação
 
O profeta do século xx
O profeta do século xxO profeta do século xx
O profeta do século xx
 
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃOLição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
 
Mes Da BíBlia Carlos E Dionice
Mes Da BíBlia Carlos E DioniceMes Da BíBlia Carlos E Dionice
Mes Da BíBlia Carlos E Dionice
 
Apocalipse 7 - A Igreja Selada - Texto da aula.pdf
Apocalipse 7 - A Igreja Selada - Texto da aula.pdfApocalipse 7 - A Igreja Selada - Texto da aula.pdf
Apocalipse 7 - A Igreja Selada - Texto da aula.pdf
 
Lio14 14danielnossocontemporneo-141003220830-conversion-gate02
Lio14 14danielnossocontemporneo-141003220830-conversion-gate02Lio14 14danielnossocontemporneo-141003220830-conversion-gate02
Lio14 14danielnossocontemporneo-141003220830-conversion-gate02
 
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançAAs Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
 
panorama velho testamento o inico de tudo.pptx
panorama velho testamento o inico de tudo.pptxpanorama velho testamento o inico de tudo.pptx
panorama velho testamento o inico de tudo.pptx
 
Panorama-do-antigo-testamento_parte-2.pptx
Panorama-do-antigo-testamento_parte-2.pptxPanorama-do-antigo-testamento_parte-2.pptx
Panorama-do-antigo-testamento_parte-2.pptx
 
panoramavelhotestamentooinicodetudo-221023024210-914436a2.pdf
panoramavelhotestamentooinicodetudo-221023024210-914436a2.pdfpanoramavelhotestamentooinicodetudo-221023024210-914436a2.pdf
panoramavelhotestamentooinicodetudo-221023024210-914436a2.pdf
 
2016 3 TRI LBJ - Lição 1 - Conhecendo o livro de isaias
2016 3 TRI LBJ - Lição 1 - Conhecendo o livro de isaias2016 3 TRI LBJ - Lição 1 - Conhecendo o livro de isaias
2016 3 TRI LBJ - Lição 1 - Conhecendo o livro de isaias
 
18 homens mais importantes da bíblia
18 homens mais importantes da bíblia18 homens mais importantes da bíblia
18 homens mais importantes da bíblia
 
E.b.d jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
E.b.d   jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05E.b.d   jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
E.b.d jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
 
Lição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
Lição 01- Conhecendo o Livro de IsaíasLição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
Lição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
 
Vidas Que Falam (VF) - MM
Vidas Que Falam (VF) - MMVidas Que Falam (VF) - MM
Vidas Que Falam (VF) - MM
 
Lição 7-O evangelho no mundo acadêmico e político
Lição 7-O evangelho no mundo acadêmico e políticoLição 7-O evangelho no mundo acadêmico e político
Lição 7-O evangelho no mundo acadêmico e político
 
18 Homens mais importantes da Bíblia.pptx
18 Homens mais importantes da Bíblia.pptx18 Homens mais importantes da Bíblia.pptx
18 Homens mais importantes da Bíblia.pptx
 
28. Introdução aos Profetas
28. Introdução aos Profetas28. Introdução aos Profetas
28. Introdução aos Profetas
 
10 sobrevivendo os séculos
10   sobrevivendo os séculos10   sobrevivendo os séculos
10 sobrevivendo os séculos
 
Livro do Apocalipse
Livro do ApocalipseLivro do Apocalipse
Livro do Apocalipse
 

Último

Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresNilson Almeida
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxCelso Napoleon
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19PIB Penha
 
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...MiltonCesarAquino1
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoRicardo Azevedo
 
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAMATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAInsituto Propósitos de Ensino
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAMarco Aurélio Rodrigues Dias
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPIB Penha
 
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfBaralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfJacquelineGomes57
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...PIB Penha
 
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.LucySouza16
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)natzarimdonorte
 
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfAgnaldo Fernandes
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................natzarimdonorte
 

Último (18)

Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
 
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
 
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITAVICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
 
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
 
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAMATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
 
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina EspíritaMediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
 
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfBaralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
 
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmoAprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
 
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)
 
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................
 

O propósito divino com Israel

  • 1.
  • 2. Aufilυ da AlioÚ du (Da Academia Evangélica de Letras do Brasil) Vinte e quatro estudos proféticos extraídos dos livros de Daniel e Apocalipse. Θ CPAO
  • 4. Todos os direitos reservados. Copyright 1999 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembléias de Deus. Capa e projeto gráfico: Eduardo Souza Diagramação: Rodrigo Fernandes Revisão de provas: Leila Teixeira 236 - Escatologia Almeida, Abraão de ALMm Manual de Profecia Bíblica.../Abraão de Almeida Ia ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1999. p.264 cm. 14x21 ISBN 85-263-0241-8 1. Escatologia 2. Estudo Bíblico CDD 230 - Escatologia Casa Publicadora das Assembléias de Deus Caixa Postal 331 20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil I a edição/1999
  • 5. Sumário Introdução............................................................................5 Capítulo 1 O Popósito Divino com Israel...............................................7 Capítulo 2 Queda e Restauração de Israel............................................. 1 9 Capítulo 3 Babilônia, o Primeiro Império Mundial................................37 Capítulo 4 O Simbólico Urso Destruidor.............................................47 Capítulo 5 O Rei Valente e seu Sonho Dourado.................................. 55 Capítulo 6 Os Reinos do Norte e do Sul.............................................69 Capítulo 7 Roma, a Potência Férrea.......................................................79 Capítulo 8 A Odisséia da Raça Judaica..................................................89 Capítulo 9 O Tempo do Fim ................................................................. 1 0 1 Capítulo 10 O Rapto da Igreja.................................................................1 1 3
  • 6. Capítulo 1 1 As Bodas do Cordeiro......................................................... 1 2 1 Capítulo 12 A Grande Tribulação...........................................................129 Capítulo 13 Passará a Igreja pela Grande Tribulação..............................137 Capítulo 14 Os Selos................................................................................1 5 1 Capítulo 1 5 As Trombetas...................................................................... 159 Capítulo 16 As Taças...............................................................................173 Capítulo 17 O Anticristo........................................................................187 Capítulo 18 O Falso Profeta.................................................................200 Capítulo 1 9 A Volta de Jesus.................................................................207 Capítulo 20 O Julgamento das Nações................................................. 219 Capítulo 2 1 A Ordem das Ressurreições..............................................225 Capítulo 22 Milênio, o Almejado Reino Vindouro................................ 231 Capítulo 23 O Juízo Final.......................................................................243 Capítulo 24 O Perfeito Estado Eterno..................................................253
  • 7. Numa hora em que são tão raros os escritores de fato e muito poucos os que se dão a pensar... Numa hora em que a maior parte de nossa literatura é importada e as novas publicações, quase sempre traduzidas, tomam o ca- ráter da superficialidade, sem 0 sentido maior que 0 objeti- vo material e imediatista do rápido retorno do capital com lucro... Numa hora assim, tristemente, volto-me para o meu Deus e dou-lhe graças por sua vida e mente entregues ao Senhor, e mais que tudo, pela graça que lhe deu de comu- nicar, via seus escritos, tão patente, clara e espontanea- mente, os mistérios da revelação do Senhor”. “Seu trabalho de pesquisa é de valor; seus subsídios de história, especialmente relacionada ao centro proféti- co dos acontecimentos finais — o Oriente Médio — tam- bém o são, especialmente aos estudiosos dos últimos dias. “Sua atualidade é inequívoca, já que vivemos o estertor da história. É 0 momento do fim. Jesus está che- gando e o glorioso destino da Igreja está por se cumprir. “Sua maneira de expor é própria dos escritores na- tos, com a relevante realidade da iluminação do Espírito do Senhor”. Silas Gonçalves (De uma carta.)
  • 8. 1 0 Propósito Divino com Israel Israel é uma prova concreta de que Deus existe. Apesar de humilhado, perseguido, banido, massacrado, quase destruído por vezes, e isso durante milênios, vive ainda Israel!
  • 9. enhum estudo sério da escatologia bíblica pode ignorar o povo de Israel ou colocá-lo em plano secundário, tendo em vista o que Jesus afirmou: “Olhai para a figueira, e para todas as árvores” (Lucas 21:29). Israel é como o relógio de Deus, a indicar o passar do tempo desta presente dispensação da graça de Deus. Não se pode negar a influência de Israel no destino dos povos. A promessa feita por Deus aAbrão em Gênesis 12.3: “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” tem sido rigorosa e admiravel- mente cumprida através dos séculos, até os nossos dias. As nações que apóiam e protegem os israelitas são prós- peras e abençoadas, ao passo que as que os perseguem são sempre castigadas: ou desaparecem, ou estagnam, ou são humilhadas, e, invariavelmente, perdem a bên- ção divina. Israel é também uma afirmação viva de que um poder supremo, um poder inteligente, um poder que planeja, cuida, e executa, dirige os destinos deste mundo. Certo imperador alemão, religioso, mas não crente; “protetor” da fé, mas não salvo, na sua hora de morte teve a presença de um sacerdote luterano que procurava incutir-lhe na men- te a fé salvadora. A esse religioso desafiou 0 imperador: — Dá-me uma prova da existência de Deus. — O povo judeu, Majestade! — respondeu sem vaci- lar 0 sacerdote.
  • 10. 10 Manual de Profecia Bíblica Sim, Israel é uma prova concreta de que Deus existe. Apesar de humilhado, perseguido, banido, massacrado, quase destruído por vezes, e isso durante milênios, vive ain- da Israel! E agora vive como nação poderosa e próspera. Israel vive ainda porque tem, dada por Deus, uma missão a cumprir no fim do Século Presente — não pode desaparecer. Se Israel é uma prova irrefutável da existência de Deus; se Israel influi no destino das nações, quiçá no das pesso- as, então é preciso estudar com profundidade a vida des- se povo, mas estudá-la em todas as suas faces, para co- nhecer as mais estranhas e verdadeiras circunstâncias, que servem de roteiro para as pessoas e as nações. O cidadão moderno necessita, para enfrentar a diversificada era em que vivemos, de ser uma pessoa bem informada, e, hodiernamente, nenhuma educação se com- pleta sem 0 estudo desse povo que constitui 0 milagre do século — O Estado de Israel — um país com cerca de 6 milhões e meio de habitantes cercado por mais de cem milhões de inimigos que, apesar de lhe moverem, há dé- cadas, e com o indisfarçável apoio da maioria das nações, uma guerra contínua e cruel, não conseguem destruí-lo. Esse Israel se firma como 0 inequívoco sinal dos tem- pos. A Bíblia avisa: “Quando virdes acontecer estas coi- sas...” O prometido reinado messiânico sobre Israel se aproxima e o lugar do Messias está vago, pois, providen- cialmente, 0 atual governo de Israel não possui rei: eles, inconscientemente, aguardam 0 Rei Jesus, e para Ele reservam 0 trono. A DISPENSAÇÃO DA PROMESSA Para melhor compreendermos o importante papel de Israel no plano divino, temos de primeiramente co- nhecer 0 pai dessa nação e as promessas que Deus fez a ele e a seus filhos durante a Dispensação da Promes- sa, que vai de 2090 a 1875 a.C., bem como as ameaças
  • 11. 11 O Propósito Divino com Israel contidas na aliança da Lei, celebrada no Sinai 430 anos mais tarde. Condições iniciais. As circunstâncias em que Abraão recebeu a Dispensação da Promessa foram as melhores pos- síveis. Em primeiro lugar, Deus 0 escolheu como 0 tronco de uma raça especial no cumprimento de seu plano. Em segun- do lugar, Deus prometeu o Messias através de Abraão. Em terceiro lugar, Deus prometeu dar a terra de Canaã em he- rança eterna ã família de Abraão, como base de seu futuro trabalho missionário mundial. Em quarto lugar, Deus pro- meteu revelar-se através de Abraão e da sua descendência: Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança per- pétua, para ser 0 teu Deus, e da tua descendência. Dar- te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrina- ções, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus (Gênesis 17:7-8). O propósito divino. A história de Israel é o relato fiel do cumprimento das profecias bíblicas a respeito desse povo singular, desde a aliança que Deus fez com Abraão durante a Dispensação da Promessa, conforme Gênesis 12:1-4. Nes- sa aliança, Deus prometeu: “De ti farei uma grande nação”. Esta promessa se cumpriu de três maneiras distintas: Primeiramente em Ismael, que é o pai dos árabes atra- vés de Maalate (ou Basamate) e Esaú: “Foi, Esaú, à casa de Ismael e, além das mulheres que já possuía, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote” (Gênesis 28:9). (Leia-se também Gênesis 25:13; 36:3,13). Em segundo lugar, na sua pos- teridade natural, como “o pó da terra” (Gênesis 13:16; João 8.37), ou seja, os hebreus. Finalmente, na sua posteridade espiritual, como “as estrelas do céu” (Gênesis 22:17), isto é, todos os homens de fé, quer sejam judeus ou gentios: “Essa é a razão por
  • 12. 12 Manual de Profecia Bíblica que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão” (Romanos 4:16). “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cris- to” (Gálatas 3:16). (Vejam: também estas outras passa- gens: João 8:39; Romanos 9:7-8; Gálatas 3;6-7.) Aqui se confirma a promessa de redenção da aliança adâmica, conforme Gênesis 3:15: “Porei inimizade entre ti e a tua mulher, entre a tua descendência e o seu descen- dente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás 0 calcanhar”. “E te abençoarei”.Abênção divina na vida de Abraão se revela no plano material: “Toda esta terra que vês, hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre”. “Então ele [Eliezer] disse: Sou servo de Abraão. O Senhor tem abençoado muito ao meu senhor, e ele se tem engrande- cido. Deu-lhe ovelhas e bois, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos” (Gênesis 13:15; 24:34- 35). E também no plano espiritual: “Creu Abraão no Se- nhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gênesis 15:6. Veja também João 8:56). “E te engrandecerei o nome”.Abraão tem 0 seu nome entre os maiores vultos da história universal, especialmen- te no judaísmo, no cristianismo e no islamismo. A grande- za de Abraão é devida às características da sua dignidade: deixou o lar e os amigos para atender à chamada de Deus; deu a Ló o direito de escolher a terra; derrotou os reis despojadores de Sodoma; deu 0 dízimo de tudo a Melquise- deque; rejeitou receber presentes pelos serviços prestados, e dispôs-se a oferecer a Deus seu filhoúnico, Isaque (Gênesis 12:4; 13:9; 14:14-15,20,23; Hebreus 11:17).
  • 13. O Propósito Divino com Israel 13 Em tudo isso vemos obediência, altruísmo, coragem, benevolência, incorruptibilidade, e fé, além de uma vida de oração (Gênesis 18:23-33). “ E tu serás uma bênção”.Aversão de Meredsous traz: Έ tu serás uma fonte de bênçãos”. Milhões de pessoas, em todo 0 mundo e em todoas as épocas, têm sido abençoadas mediante as promessas feitas ao patriarca Abraão. “ Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoa- rei os que te amaldiçoarem”. Esta profecia tem sido rigorosamente cumprida através dos séculos, particu- larmente na dispersão e na restauração de Israel. Os povos que perseguiram os judeus têm sofrido um grande fracasso, enquanto os que os têm protegido, prosperam. Essa profecia tem-se realizado em muitos povos. Um bom exemplo é a Inglaterrra, que poibiu a entrada dos judeus na Palestinaquando elesmais precisavam escapar à polícianazista na Europa, e logo perdeu o seu império. Também 0 Brasil, que depois de tomar o partido dos inimigos de Israel no início dos anos setenta, por causa do petróleo, viu 0 seu milagre econômi- co transformar-se, em pouco tempo, em uma das maiores dívi- das externas do mundo. Finalmente, países perseguidores dos judeus, como o Iraque e o Irã, que até meados de 1984já havi- am registrado, nos campos de batalha, cerca de um milhão e meio de baixas, entre mortos e feridos. Muitos outros exemplos há na história antiga e recente, e entre eles a Rússia. A DISPENSAÇÃO DA LEI Esta dispensação foi estabelecida em meio a grandes sinais e prodígios. Nenhum outro povo, em toda a histó- ria do homem, experimentou condições mais favoráveis do que Israel. Havia visível manifestação da presença de Deus no Egito, no deserto, na travessia do mar Verme- lho e no Sinai:
  • 14. 14 Manual de Profecia Bíblica Então o anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, se retirou e se pôs atrás deles. Também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás, e ia entre 0 acampamento dos egípcios e 0 acam- pamento de Israel. A nuvem era escuridade para aque- les, e para este esclarecia a noite; de maneira que em toda a noite este e aqueles não puderam aproximar-se (Êxodo 14:19-20) Deus sarou as enfermidades de Israel e deu-lhe as riquezas do Egito; falou-lhes audivelmente e deu-lhes revelações; forneceu-lhes um completo código de leis e deu-lhes muitas promessas, e, finalmente, deu-lhes o evangelho (Êxodo 12:25; 15:26; 23:25; Deuteronômio 5:22-24; Gálatas 3:8; Hebreus 4:2). O propósito divino. O desejo de Deus com a aliança da Lei era provar os israelitas, para ver se eles lhe obede- ceriam e trariam completa destruição das raças de gigan- tes pela espada, em virtude de os pecados desses povos já haverem enchido a medida da paciência de Deus; trazer o Messias ao mundo através da pura linhagem adâmica, em cumprimento a Gênesis 3:15, e, finalmente, estabele- cer um sistema de sacrifícios que mostrasse, nos mini- mos detalhes, a hediondez do pecado e a necessidade da morte expiatória do Messias (Gênesis 15:16). A Dispensação da Lei cobre 0 longo período do Sinai ao Calvário, e nela todos os homens são conde- nados por haverem todos pecado. A nação de Israel não suportou as provas a que foi submetida debaixo da Lei, e quebrou seu compromisso de Êxodo 19:8, constante do seu solene juramento: “Tudo o que 0 Senhor falou, faremos”; que foi levado à presença de Deus: “E Moisés relatou ao Senhor as palavras do povo”. Por isso vieram os juízos dos cativeiros assírio e babilônico.
  • 15. O Propósito Divino com Israel 15 A DISPENSAÇÃO DA GRAÇA O estabelecimento da Dispensação da Graça ocorreu na “plenitude dos tempos”, quando, por toda parte, era patente a falência da filosofia, da religião e da política em seus esforços para melhorar a vida humana. Um retrato dessa época nos é apresentado por Benjamim Scott: É impossível descrever toda a miséria moral duma religião (pagã) cujos deuses eram debochados, bêbados, fratricidas, prostitutos e assassinos, e cujos templos eram lupanares e antros dos piores vícios, chegando alguns a só serem tolerados fora das cidades (Vitruvio, 1.7). Seus espetáculos — as horríveis pugnas de gladiadores e cenas impuras — o Catão caserneiro não podia presenciar. Suas procissões eram cortejos de indecências. Seus altares não raro se tingiam de sangue humano. Suas festas, as céle- bres bacanais e saturnais: cujo ritual era o vício, e cujos sacerdotes e sacerdotisas... (temos de descer um véu para esconder suas simples funções sacerdotais). No tempo de Augusto, 0 casamento tinha caído em desuso. Se existia, era apenas para tornar a mulher es- crava. A esposa tinha de trabalhar; as concubinas e cor- tesãs é que eram as amigas do seu senhor. Mas tudo isto não é ainda 0 mais negro do quadro. Não há um único dos vícios que provocaram a extinção dos cananeus ou que fizeram vir do Céu 0 fogo vingador sobre as cidades da planície, que não suje o retrato que a história registra de quase todos os imperadores, estadistas, poetas e filó- sofos da Roma Antiga e da Grécia Clássica. A lepra mo- ral corrompia tudo e a todos. A crueldade campeava tan- to quanto a sensualidade. A escravatura era universal. Sócrates era uma exceção.1 É neste mundo tenebroso que Jesus se manifesta como 0 “Sol da Justiça”, com a mais pura de todas as doutrinas: a fé cristã, anunciada com autoridade e confirmada com gran- des sinais e prodígios, inclusive pelos discípulos e apóstolos.
  • 16. 16 Manual de Profecia Bíblica O propósito divino. Na Dispensação da Graça, o pro- pósito divino é salvar todo aquele que crê em Jesus, tan- to judeus como gentios, e chamar para fora do mundo esse povo especial, firmando a sua Igreja: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo 0 que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Έ a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, 0 único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).2 ISRAEL REJEITA O MESSIAS A Dispensação da Graça começou com a morte expiatória de Jesus (João 19:30), e terminará no Arreba- tamento da Igreja. Em todo esse período, os israelitas, como nação, estão cortados, postos de lado, até que en- tre a plenitude dos gentios. A causa da rejeição temporá- ria de Israel foi a sua recusa em crer no Messias, embora tivessem sido preparados para a fé durante séculos. Por rejeitarem Jesus e perseguirem a Igreja, os judeus fo- ram deixados de lado e as Boas-Novas de salvação pro- clamadas aso gentios (Mateus 21:33-46). A queda e a elevação de Israel foram profetizadas por Simeão: “Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição” (Lucas 2:34). Notem a ordem: ruína e levantamento, diferente da história de outras na- ções, que segue a ordem inversa: elevação e queda. Assim foi com países como: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Persa, Grécia, Roma, Alemanha e muitos outros. OsJuízos divinos, Jesus, referindo-se à profecia da Pedra rejeitada pelos edificadores (Salmos 118:22-24; Isaías 28:16), disse que todo aquele que caísse sobre ela seria feito em pe- daços (Mateus 21:44). Isso seria também o cumprimento de Daniel 9:26: “Depois das sessenta e duas semanas será mor-
  • 17. O Propósito Divino com Israel J '/’ to o Ungido, ejá não estará; e o povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fimhaverá guerra; desolações são determina- das”, e também de Amós 9:9: “Porque eis que darei ordens, e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se sacode o trigo no crivo, sem que caia na terra um só grão”. Por haver rejeitado a João (Mateus 3:7); a Jesus (Mateus 11:11-27; 12:1-50; 23:1-39); e aos primeiros discípulos (Atos 4:1-31; 6:8 a 7:59 etc.), Israel foi destruído como nação e disperso entre os povos (Mateus 24:1-3; Lucas 21:20-24). Isso ocorreu nas duas guerras contra os romanos, de 67 a 70 e de 132 a 135 d.C. A situação atual dosjudeus. A Bíblia afirma com clare- za que Deus não rejeitou Israel para sempre. Pela sua de- sobediência, esse povo foi endurecido. O mesmo sol que derrete a manteiga, endurece o barro. Ao opor-se Israel aos desígnios de Deus, foi então atirado ao juízo divino. Deus se recusa àquele que o recusa (Romanos 11.7-10). O propósito primário de Deus, trazer os gentios ao arrependimento, não poderia deixar de ser alcançado por culpa de Israel. Ao haver rejeitado o Evangelho, Israel se tornara num obstáculo ao plano divino, e por isso teve de ser removido. O apóstolo Paulo explica que, pela trans- gressão dos judeus, veio a salvação aos gentios, para pó- los em ciúmes (Romanos 11:11). Mas Deus, que por amor não quer excluir ninguém, pretende recolocar Israel no centro da sua soberana von- tade, e isso ocorrerá quando 0 remanescente fiel conver- ter-se ao Messias Jesus, no final da Grande Tribulação.
  • 18. 2 Quedae Restauração de Israel E vos espalharei entre as nações e desembainharei a espada atrás de vós; e as vossas cidades serão desertas... Trarei de volta do exílio o meu povo Israel; reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão (Deuteronômio 28:25; Amós 9:14).
  • 19. ste capítulo é um resumo do que escrevi em Israel Gogue e o Anticristo, também edita- do pela CPAD, onde trato com muito mais detalhes da dispersão dos israelitas e da sua presente restauração. Poucas semanas após a morte de Jesus, Jerusalém, centro espiritual de todos os judeus da diáspora roma- na, abarrotava-se de peregrinos que ali compareciam anualmente, às centenas de milhares, por ocasião das festividades da Páscoa e do Pentecoste — pontos altos do culto judaico. O evangelista Lucas testifica esse fato quando descreve a descida do Espírito Santo no Dia de Pentecoste: E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos de todas nações que estão debaixo do céu... Partos e medos, elam itas e os que habitavam na Mesopotamia, e Judéia e Capadócia, Ponto e Ásia e Frigia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e foras- teiros romanos (tanto judeus como prosélitos), cretenses e árabes... (Atos 2:5,9-11). Semanas antes do Pentecoste, Jesus havia sido pre- so, julgado e crucificado numa atmosfera carregada de religiosidade e inflamada de um nacionalismo ardente e doentio. Foi assim, num momento de incontido ódio a Cristo e a sua mensagem, que os israelitas responderam a Pilatos: “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos” (Mateus 27:25).
  • 20. 22 Manual de Profecia Bíblica Conscientes ou não, os israelitas rejeitavam o Messias tão ansiosamente esperado, e atraíam sobre si e seus fi- lhos as conseqüências terríveis de tão trágica escolha, como disse 0 Senhor a Moisés: Eu lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti; porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo 0 que eu lhe ordenar. Eu mesmo pedirei contas de todo aquele que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome (Deuteronômio 18:18-19). O advento do Cristianismo não apagou a chama nacio- nalista dos judeus, que continuavam sua trama secreta e multiplicavam os atentados violentos contra seus dominadores, tornando impossível qualquer solução pacíli- ca a partir de maio de 66. Então as autoridades romanas reagiram pelas armas na tentativa de sufocar a rebelião or- ganizada, que pretendia assumir 0 controle de todo 0 país. Nero mesmo planejou esmagar a revolta, depois que os rebeldes aniquilaram as guarnições romanas do mar Morto e de Antônia. Várias e sangrentas batalhas trava- ram-se nas cidades de Galiléia, com elevado número de baixas em ambos os lados, mas prevalecendo sempre a férrea Roma, cujas legiões lutavam bravamente sob o comando de Vespasiano. Após o suicídio de Nero, foi Vespasiano aclamado Imperador romano, mas este deixou a última etapa da guerra aos cuidados de seu filho Tito. Este, na Páscoa do ano 70, ordenou o início do cerco de Jerusalém, de- terminando a construção de uma muralha de estacas ao redor da cidade, de sete quilômetros de comprimen- to, levantada em apenas três dias, a fim de impedir a fuga dos sitiados e forçá-los à rendição. Cumpriam-se as palavras de Jesus: Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão e te estreitarão de
  • 21. 23 Queda e Restauração de Israel todas as bandas e te derribarao, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem... (Lucas 19:43-44). O terrível sítio de Jerusalém durou cinco meses de sofrimentos indescritíveis. Nesse período, 600 mil ca- dáveres foram lançados para fora dos muros da cida- de. A peste e a fome encarregavam-se de dizimar cen- tenas de pessoas diariamente, e muitas se punham a caminho da sepultura antes mesmo de chegada a sua hora. Quando a cidade caiu, contou-se cerca de um milhão e cem mil mortos, e apenas por uma das suas portas foram retirados 115 mil cadáveres. Dos 97 mil sobreviventes, a maior parte foi levada para Roma, muitos foram presenteados às províncias do império para que morressem como gladiadores nas arenas, em espetáculos públicos, e milhares de outros seguiram para trabalhos forçados no Egito. Com relação à cidade e ao grande templo de Herodes, a predição de Jesus não poderia ser mais minuciosa: os alicerces dos edifícios foram removidos, inclusive os do templo, e toda a sua área ficou nivela- da. Não ficou ali “pedra sobre pedra” (Lucas 19:44). De 132 a 135, os judeus tentaram de novo sacudir de sobre si o pesado jugo romano, e de novo a teimosia dos israelitas os leva à beira de um extermínio total. Cerca de 580 mil homens caíram somente nas bata- lhas, e outros milhares pereceram de inanição na ci- dade fortificada de Betar, enquanto resistiam valente- mente à implacável destruição levada a efeito pelos soldados romanos. De novo, os mercados de escravos abarrotaram-se de judeus. Jerusalém foi reconstruída como uma cida- de tipicamente pagã. Adriano proibiu a prática do juda- ísmo, sob pena de morte. Akiba foi capturado e esfola- do vivo e, ao morrer, exclamou: “Ouvi, Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é 0 único”. As autoridades ro-
  • 22. 24 Manual de Profecia Bíblica manas mudaram o nome da Judéia para Síria Filistéia, de onde derivou a moderna palavra Palestina. CRUZADAS, PESTE NEGRA ETC. Humilhados, diminuídos e marginalizados, os rema- nescentes judeus dedicaram-se ao comércio e trocaram suas ambições políticas pelas conquistas do espírito, transferindo 0 centro da sua cultura da Judéia para Babilônia, onde os comentários e as interpretações da Bíblia formaram mais tarde o famoso Talmude. Vivendo em paz e dedicadas ao livre comércio, as co- munidades israelitas em várias partes do mundo chegaram a ser prósperas. Porém, no ano 681, na cidade deToledo, a Igreja Romana começou a impor-lhes restrições. A superstição e o baixo nível espiritual, a que desceu o cristianismo nominal durante a Idade Média, ocuparam-se de fazer 0 resto. No ano 1096, foi organizada em Clermont, França, a primeira guerra da cruz contra os maometanos ocupan- tes dos lugares santos da Palestina. Os cruzados coman- dados pelo mercenário francês Guilherme abateram-se sobre as comunidades judaicas da Renânia, de Treveris, de Espira e de Worms, além de outros lugares. As hordas sanguinárias arrastaram homens, mulhe- res e crianças aos templos católicos para serem batizados à força, mas a maioria preferiu pagar com a vida sua fide- lidade aos milenares princípios do judaísmo. Raciocina- vam os irmãos peregrinos que, antes de exterminar os sarracenos no Oriente, precisavam eliminar no Ocidente os descendentes daqueles que crucificaram 0 Filho de Deus. Entre os anos de 1350, irrompeu devastadora a morte negra, uma peste virulenta que matou um terço de toda a população da Europa. Mais uma vez a superstição, o com- plexo anti-semita e a ignorância encarregaram-se de lan- çar toda a culpa da desgraça sobre os judeus.
  • 23. 25 Queda e Restauração de Israel Apesar de o papa Clemente VI inocentar os judeus, afirmando que eles morriam tão bem da peste como os cristãos, 0 fanatismo falou mais alto que a razão, e a ruí- na veio como uma tempestade: em mais de 350 cidades européias os infelizes israelitas foram mortos à pauladas, afogados, queimados vivos, enforcados e estrangulados. MQUISIÇÃO E GUETOS Infamante, sob todos os pontos de vista, foi 0 martí- rio dos judeus na Espanha e em Portugal durante a vi- gência da Inquisição. Só em Toledo, em poucas sema- nas, foram queimados vivos 2.400 homens, acusados de infidelidade ao catolicismo. Os que se diziam arrependidos da sua falsa conversão alcançavam a “misericórdia” de um estrangulamento vivo antes de atirados às chamas “purificadoras”. Em Portugal, esse nefasto tribunal foi implantado em 1536, e agindo contra os judeus com tamanha cruelda- de que o papa Paulo II enviou um protesto, e 0 Concilio de Trento teve de se ocupar da sanha bárbara dos inquisidores lusos. Mas 0 ódio aos judeus não começou com a Inquisição e nem era uma característica exclusiva dos inquisidores, pois, emanado dos poderes eclesiásticos, ele transbor- dava nas massas fanatizadas, resultando sempre em sangrentos morticínios. O anti-semitismo, todavia, não desapareceu com as Cruzadas e nem com a nefanda Inquisição, mas conti- nuou atuante em muitas partes do mundo. Nos países do oriente europeu, os apóstolos da “última fé verdadeira” fizeram inveja aos inquisidores espanhóis e portugueses. Referindo-se a esse sombrio acontecimento, o sábio judeu de Volínia, Natan ben Moshe Hannover, que se salvou fugindo para Amsterdã, publicou em 1653, em
  • 24. 26 Manual de Profecia Bíblica Veneza, um relato, em hebraico, informando 0 mundo como morriam os judeus na Polônia, à mão dos cossacos e ucranianos: Arrancavam-lhes a pele, e a carne jogavam aos cães; cortavam-lhes as mãos e 0 pés, e deixavam à morte os corpos assim mutilados; rasgavam as crianças pelas per- nas; assavam os nenês e obrigavam as mães a engolir a carne dos seus rebentos; abriam ventre de mulheres grá- vidas e com 0 feto que arrancavam batiam no rosto das vítimas; a muitas punham gatos vivos nos ventres aber- tos, e costuravam o corpo com 0 gato dentro, cortando das infelizes as mãos para que não pudessem arrancar o animal, nem dar cabo de sua existência”.3 A luta desesperada dos judeus pela conservação do seu território não pode ser compreendida sem 0 pano de fundo da História. Os sucessos nas guerras com os ára- bes, a invasão do Líbano em perseguição aos inimigos palestinos e 0 isolamento cada vez maior de seu país no contexto das nações têm suas raízes nos muitos sofri- mentos da Diáspora, na qual os guetos tornaram-se 0 principal símbolo da odiosa e humilhante segregação racial e religiosa de que foram vítimas. Mas os guetos não se tornaram apenas o símbolo da perversidade humana, pois muitos deles se transforma- ram literalm ente em verdadeiras sep u ltu ras de numerosíssimas comunidades, como o de Varsóvia, por exemplo. Uma das profecias acerca da restauração nacional dos judeus diz: “Assim diz 0 Senhor Jeová: Eis que eu abrirei as vossas sepulturas, e vos farei sair das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir as vossas sepulturas, e vos fizer sair das vossas sepulturas, ó povo meu” (Ezequiel 37:12-13).
  • 25. 27 Queda e Restauração de Israel Nenhuma outra figura dos modernos guetos, de onde muitos judeus têm saído para a sua pátria, poderia ser mais adequada do que uma sepultura. Em sentido es- trito, gueto define um bairro judeu, uma área delimita- da por lei para ser habitada somente porjudeus. O nome deriva da fundição, ou Guetto, em Veneza, onde os ju- deus dali foram segregados em 1517. A idéia, entretan- to, de segregação dos judeus, implícita na primeira le- gislação da Igreja Romana, remonta aos Concílios de Latrão de 1179 e 1215, que proibiram judeus e cristãos de viverem juntos. Os nazistas levaram os guetos sistematicamente à inanição, e qualquer assistência possível somente podia ser financiada às expensas dos próprios judeus. A despeito de indigência e de desmoralização, os ju- deus mantinham uma atividade cultural intensa, es- colas e auxílio mútuo. Dessa resistência moral nas- ceram as revoltas de 1943. O extermínio metódico dos guetos começou com a sucessiva remoção de grupos para aniquilamento, em 1941. O gueto de Varsóvia foi liqüidado em 1943, e os restantes por volta de 1944. O HOLOCAUSTO Construído em 1933, o campo de concentração de Dachau, Alemanha, foi a prisão de dezenas de milhares de judeus durante a Segunda Grande Guerra. Em 1966, 0 Governo alemão instalou no local um mostruário dos horrores ali praticados, e tornou obrigatória a visita de colegiais de nível médio, para que não esqueçam a que ponto chegou 0 desvario nazista. Entre os dois fornos crematórios há uma estátua de bronze representando um prisioneiro de Dachau: um homem esquelético, faces encaveiradas, roupas
  • 26. 28 Manual de Profecia Bíblica esfarrapadas e cabeça raspada. Uma legenda, coloca- da ao pé da estátua, é um angustiante grito de alerta à raça humana. Diz a inscrição: À memória das vítimas de todos os campos de concen- tração; como expiação dos crimes cometidos nesses cam- pos; para advertência à humanidade e instrução a todos os visitantes; pela paz das classes e das raças; para salvar a honra da nossa Nação, e pela comunidade dos povos. Nesse local sombrio, morreram homens e mulhe- res, depois de suportarem as mais variadas formas de tortura, estudadas minuciosamente pelos carrascos. Havia nesse campo o local dos fuzilamentos, a barraca das experiências médicas (onde novas drogas eram tes- tadas em cobaias humanas!), a barraca das punições especiais com suplícios e agonias, a forca e a câmara de gás. E que falar de Birkenau e Gleiwitz? No primeiro cam- po, as enormes filas de condenados caminhavam para den- tro do forno crematório, não sem antes serem aspergidas de gasolina para se consumirem mais depressa. No se- gundo, uma esteira transportadora, guardada por solda- dos atentos e cães treinados, levava os condenados dire- tamente à fornalha, vivos! Eles eram atirados sobre a ve- loz esteira por outrosjudeus do trabalho forçado, os quais, por sua vez, depois de exaustos, seguiam 0 mesmo trági- co destino de seus irmãos! A matança era tão intensa em todos os campos de concentração nazistas, que estes só não conseguiram levar a cabo a sua solução final do problema judaico porque perderam a guerra! RENASCE ISRAEL A história de Israel é a história de um povo e de um lugar, unidos, separados, sempre e sempre... Ne-
  • 27. 29 Queda e Restauraçao de Israel nhum drama de amantes separados e reunidos nova- mente é mais romântico que a história desta gente e de sua terra natal. A Bíblia trata, de maneira inconfundível, das angústi- as desse povo entre as nações: Έ vos espalharei entre as nações e desembainharei a espada atrás de vós; e a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas... E, quanto aos que de vós ficarem, eu meterei tal pavor nos seus corações, nas terras dos seus inimigos, que o sonido duma folha movida os perseguirá... e não podereis parar diante dos vossos inimigos” (Levítico 26:33,36-37). Mais adiante, continua a Palavra de Deus: “O Se- nhor te fará cair diante dos teus inimigos... o fruto da tua terra e todo 0 teu trabalho comerá um povo que nunca conheceste; e tu serás oprimido e quebrantado todos os dias... e serás por pasmo, por ditado, e por fábula entre todos os povos a que 0 Senhor te levará” (Deuteronômio 28:25,33,37). É impressionante como tais predições tenham sido tão rigorosamente cumpridas. Mas assim como, findan- do a noite, surge a manhã de um novo dia, a aurora raiaria também para o povo judeu, porque também o Senhor prometeu: “E demais disto também, estando eles na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei, nem me enfadarei deles, para consumi-los...” (Levítico 26:44). O retorno dos judeus a sua terra começou precaria- mente no século passado, em conseqüência dos horro- rosos pogroms, ou massacres, praticados livremente con- tra esse povo nos guetos de centenas de cidades euro- péias e, principalmente, na Rússia. Cada grupo de imi- gração era conhecido como Aliyah, palavra que significa “subida”, extraída da expressão bíblica “subindo para Jerusalém”. Em 2 de novembro de 1917, a Inglaterra inclina-se a favor do sionismo, através da declaração do ministro dos
  • 28. 30 Manual de Profecia Bíblica negócios exteriores do governo britânico, Balfuor, sub- metida ao gabinete de ministros daquele país e por ele aprovada. Esse famoso documento foi responsável por muitas reviravoltas políticas em todo o mundo e princi- palmente no Oriente Médio. Animados por essa prom essa, o movimento imigratório aumentou consideravelmente, em cumpri- mento à profecia bíblica: Eremoverei 0cativeirodomeu povoIsrael, ereediíicarão as cidades assoladas, enelas habitarão, eplantarão vinhas, e beberão o seu vinho e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E os plantarei na sua terra, e não serão mais arran- cados da sua terra que lhes dei, diz 0 Senhor teu Deus... E vos tomarei dentre as nações, evos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra... E dirão: Essa terra assolada ficou como 0jardim do Éden; e as cidades solitá- rias, e assoladas, e destruídas, estão fortalecidas e habita- das (Amós 9:14-15; Ezequiel 36:24,35). Falando da terra de Israel e de seu povo, assim afir- ma a Declaração da Independência, lida à nação no dia 15 de maio de 1948, no mesmo dia em que os britânicos deixavam o país e as nações árabes iniciavam a primeira guerra oficial não declarada ao novo Estado: Aqui se forjou sua personalidade espiritual, religio- sa e nacional. Aqui tem vivido como povo livre e sobera- no. Aqui tem legado ao mundo 0 eterno Livro dos Livros. DEUS LUTA POR ISRAEL Naquele tempo, os egípcios serão como mulheres, e tremerão e temerão por causa do movimento da mão do Senhor dos Exércitos, porque ela se há de mover contra eles. E a terra de Judá será um espanto para 0 Egito... (Isaías 19:16,17).
  • 29. 31 Queda e Restauração de Israel Embora a ONU tenha determinado a partilha da Pa- lestina em dois estados — Israel e Jordânia — os judeus Iiveram de garantir 0 seu direito de propriedade da terra às suas próprias custas. A guerra começou no dia da partida dos britânicos, 14 de maio de 1948, e mais uma vez o pequeno 1 ’Davi” teve de defrontar-se com o gigante “Golias”. Poucos acreditavam que 0 novo Estado duras- se duas semanas. Como poderiam 700 mil judeus, mal armados, proteger cidades desguarnecidas contra mais de trinta milhões de ferozes inimigos equipados com o mais moderno material bélico? Conta Meyer Levin que os comandantes árabes já escolhiam as casas de Tel-Aviv que pretendiam ocupar. Às tropas foram prometidos os despojos da guerra: mu- lheres e produto do saque. Mas nada disso aconteceu. Batidos vergonhosamente em todas as frentes de batalha pelo minúsculo mas heróico povo israelita, os países árabes consolavam-se uns aos outros dizendo que haviam perdido a batalha mas não a guerra. Esta, real- mente, transferiu-se dos campos da Palestina para as tribunas das organizações internacionais, de onde a nova nação judaica foi alvo das maiores intrigas e ameaças por parte dos seus inimigos feridos e humilhados. Acreditando na feroz ameaça de seus irmãos de san- gue, muitos árabes residentes em Israel, ao iniciar-se o conflito de 1948, abandonaram 0 país para que os ju- deus fossem varridos e exterminados. Porém, como tal não ocorreu, esses deslocados foram mantidos fora de Israel, para fins de propaganda política. Em 1956, todo o ódio árabe, alimentado dia a dia des- de 1948, transborda-se. Nasser apodera-se do canal de Suez e ameaça Israel. Já por diversas vezes gritara ele que have- ria de vingar sua derrota de 1948, empurrando os judeus até 0 mar. Mas o primeiro ministro, Ben-Gurion, resolveu atacar primeiro, numa rápida e fulminante campanha. E
  • 30. 32 Manual de Profecia Bíblica os israelenses, comandados por Moshe Dayan, limparam o Sinai, localizando e destruindo as bases inimigas onde en- contraram vastos depósitos de armas russas. As derrotas de 1948 e 1956 não bastaram para que os povos árabes aceitassem a realidade inegável da existência de Israel como nação e da sua firme determi- nação de manter a independência do país mesmo às eus- tas de enormes sacrifícios. Armados pelas grandes potências e estimulados por seus governos belicosos, os árabes, liderados pelo ditador egípcio Gamai Abdel Nasser, planejaram e tentaram, em junho de 1967, a destruição do Estado judaico. Foram seis dias de medo e apreensão em todo o mundo, de terrí- vel surpresa e humilhação para os invasores e de grandes e inesquecíveis glórias para a jovem nação israelense. Os prejuízos sofridos pelos árabes, em preciosas vidas humanas e em caríssimo armamento, foram deve- ras impressionantes. Nos seis dias de guerra, morreram 10 mil egípcios, 15 miljordanianos e milhares de assírios, iraquianos e combatentes de outros países. Somente 0 Egito perdeu 400 aviões, 600 tanques e milhares de pe- ças de artilharia, munições, armas leves e veículos, supe- rando o valor de um bilhão e meio de dólares! Em toda a guerra apenas 700 soldados judeus perderam a vida. Como resultado de mais este confronto bélico, Jeru- salém passou inteiramente para 0 domínio israelita no dia 8 de junho. A sua reunificação pôs termo a uma sé- rie de restrições impostas pelas autoridades jordanianas aos cristãos, tais como: proibindo a aquisição de terras na cidade ou em seus arredores; obrigando os membros da Irmandade e ao Santo Sepulcro a tornarem-se cida- dãos jordanianos, sendo eles gregos desde o século VI; exigindo dos cristãos a guarda dos dias de repouso se- manai dos muçulmanos; abolindo as isenções de impos- tos a que tinham direito as instituições cristãs.
  • 31. 33 Queda e Restauração de Israel ASSOMBRO E MILAGRE As vitórias dos judeus têm sido um assombro para o mundo. Como pode uma pequena nação, habitada por menos de três milhões de pessoas, levar à bancarrota nada menos que quatorze países aliados, com uma po- pulação superior a 100 milhões? Nenhuma resposta, fora da Bíblia Sagrada, pode sa- tisfazer plenamente a razão humana. A Palavra de Deus fala com uma clareza meridiana dos últimos sucessos israelenses no Oriente Médio: E os plantarei na sua terra, e não serão mais arran- cados da sua terra que lhe dei, diz o Senhor teu Deus (Amós 9:15). Naquele tempo os egípcios serão como mulheres e tremerão e temerão por causa do movimento da mão do Senhor dos Exércitos, porque ele há de se mover contra eles. E a terra de Judá será um espanto para 0 Egito; todo aquele a quem isso se anunciar se assombrará, por causa do propósito do Senhor dos Exércitos, do que de- terminou contra eles (Isaías 19:16-17). Nesses dois textos, a Palavra de Deus afirma que osju- deus seriam plantados na sua terra, de onde não serão mais arrancados, e que os egípcios seriam como mulheres diante de Israel. Quão à risca essas palavras têm sido cumpridas! O medo dos soldados egípcios diante do exército is- raelense tem sido tão grande que, muitas vezes, os ju- deus não encontraram a mínima resistência. Na Guer- ra dos Seis Dias, alguns pára-quedistas, que partiram com a missão de desalojar o inimigo de uma posição estratégica, chegaram ao local como turistas, porque os egípcios fugiram sem disparar um só tiro! O surpreendente resultado das guerras árabe-israe- lenses não pode ser atribuído somente ao treinamento rigoroso dos batalhões e à eficiência das armas de Israel.
  • 32. 34 Manual de Profecia Bíblica Na guerra do Yom Kipur, por exemplo, só o Egito lançou 700 mil homens na batalha, assessorados por 2.500 tan- ques, 650 aviões e 150 baterias de mísseis antiaéreos. E, apesar de todo esse gigantesco aparato militar, foram duramente batidos. Levando em conta todo o esforço bélico dos árabes e mais o fator surpresa, muita gente afirmou que só um milagre poderia salvar Israel. E o milagre aconteceu. Os judeus foram vitoriosos e muitos voltaram dos campos de batalha convertidos e relatando os milagres que ti- nham visto com seus próprios olhos. Muitos soldados contaram que, em situações difíceis, quando já não havia nenhuma possibilidade de sobrevi- vência, “um varão de branco apareceu por alguns se- gundos entre as fileiras, e os egípcios, tomados de re- pentino assombro, fugiram em debandada”. Os milagres realmente aconteceram no Oriente Mé- dio, em razão da presença ali do povo de Israel. Mesmo não aceitando a informação de que os OVNIs realmente existam e de que os mesmos sejam pilotados por anjos, temos de reconhecer que houve, de fato, a ocorrência de coisas espantosas em favor dos israelitas, facilitando- lhes as vitórias em todos os campos de batalha. A EXPANSÃO TERRITORIAL Israel defende a necessidade de fronteiras seguras para seu país, e suas últimas mudanças políticas vie- ram reforçar ainda mais essa posição. Atraiçoado várias vezes por seus vizinhos, abandonado por seus aliados e mais de uma vez deixado à sua própria sorte pelos orga- nismos internacionais, o país hebreu sabe dos riscos que corre e, por isso mesmo, age segundo 0 seu próprio cri- tério de segurança. Mas existe outro aspecto do problema palestino, qua- se sempre desconhecido e negligenciado pelas grandes
  • 33. 35 Queda e Restauração de Israel potências: a escatologia bíblica. Em realidade, a Bíblia 1mo é compulsada pelos políticos em busca de uma res- posta aos mistérios que envolvem a descendência de Abraão. Como justificar a sobrevivência desse povo per- seguido durante tantos séculos e 0 seu retorno à Terra Santa, senão pela ação de um Deus Eterno? E para tornar em fato histórico 0 que prometeu, Deus se serve até mesmo dos inimigos do seu povo, como acon- teceu após a Segunda Grande Guerra. A então União So- viética, tradicional opressora de três milhões de judeus radicados em seu território, movimentou-se diplomatica- mente pela criação do Estado judeu na Palestina, e este Estado nasceu num só dia, 29 de novembro de 1947, por deliberação da Assembléia Geral da ONU, presidida pelo chanceler brasileiro Osvaldo Aranha. Cumpria-se Isaías 66.8: “Pode, acaso, nascer uma terra num só dia”? Como é sabido, a intenção russa na ocasião era a de estabelecer no Oriente Médio uma base de influência via Israel, mas foi lograda. Então voltou-se para os árabes, ar- mou-os e os empurrou para sucessivas guerras contra os judeus, resultando na ampliação territorial destes em pre- juízos daqueles. O povo judeu, amado por Deus por causa das promessas, nunca mais será arrancado da sua terra. Mas a colonização israelita dos territórios tomados aos árabes não deve ser encarada apenas do ponto de vista da segurança do país judaico, pois tem raízes na profecia bíblica. A terra dada por Deus aos filhos de Is- rael nunca foi por estes ocupada em toda a sua plenitu- de. Ela é ainda mais extensa do que a atual área sob o domínio israelense, conforme Deuteronômio 1:7. A Palavra de Deus não falha!
  • 34. 0 Primeiro Mundial Simbolizados na Bíblia pelo ouro e por um leão alado, os caldeus triunfaram rapidamente sobre egípcios, assírios, fenícios e árabes, e construíram a mais rica metrópole do mundo Antigo.
  • 35. mandamento de Jesus de olharmos pri- meiramente para a figueira, que tipifica Israel, é seguido de outro: “...e para todas as árvores”(Lucas 21:29), que significa as nações gentílicas em geral, especialmente as que se relacionam com Israel. A fim de olharmos para essas árvores temos de deixar o moderno Israel de nossos dias e retroceder aos tempos dos profetas, especialmente Daniel, que com suas visões recheadas de impressionantes detalhes, trata da suces- são dos domínios dos gentios até 0 estabelecimento por Deus de um reino que será estabelecido para sempre. Sucedendo ao domínio assírio, o período caldeu de Babilônia começou em 626 a.C., quando Nabopolassar, partindo do golfo pérsico, ocupou o trono babilônico a 22 de novembro. Auxiliados pelos medos, os caldeus fo- ram infringindo sucessivas derrotas aos assírios, toman- do-lhes as cidades de Sallar por volta de 623, Assur em 614, e Nínive dois anos depois, em 612 a.C. Após suas vitoriosas campanhas contra a Síria e di- versas tribos do Norte, entre os anos 609 e 606 Nabopolassar confiou seu exército a Nabucodonosor, seu príncipe herdeiro, que combateu os egípcios em Kumuhi e Q uram ati, derrotando-os definitivam ente em Carquemis, nos meses de maio e junho de 606. Enquanto ainda estava na Palestina recebendo a su- jeição de outros povos, inclusive de Judá, ao tempo do rei Jeoiaquim, ouviu a notícia da morte do pai (15 de agosto de 605 a.C.), “e imediatamente atravessou 0 de-
  • 36. 40 Manual de Profecia Bíblica serto para tomar as mãos de Bel, e, assim, reivindicar oficialmente o trono, a 6 de setembro de 605 a.C.” 4 Por ocasião da sujeição da Judéia ao império de Babilônia, Nabucodonosor ordenou a Aspenaz, chefe de seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, da linhagem real e dos nobres, jovens em quem não hou- vesse defeito algum, formosos de parecer, e instruídos em toda a sabedoria, sábios em ciência, e versados no conhecimento, e que tivessem habilidade para viver no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus. O rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do manjar do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para que no fim deles pudessem estar diante do rei. Entre eles se achavam, dos filhos de Judã, Daniel, Hananias, Misael e Azarias (Daniel 1:3-6). Os jovens hebreus rejeitaram as iguarias reais por ferirem os princípios bíblicos, pois tratava-se de alimen- tos consagrados à idolatria, e “a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria. E Daniel tornou-se entendido em todas as vi- sões e em todos os sonhos” (v. 17). A ESTÁTUA PROFÉTICA Depois de ver consolidado 0 seu reino, Nabucodonosor teve, certa noite, um impressionante sonho. Viu uma grande estátua que tinha a cabeça de ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e as coxas de cobre, as pernas ide ferro, e os pés em parte de barro e em parte de ferro. O rei estava olhando quando uma pedra foi cortada, sem mãos, e feriu a estátua nos pés, reduzindo-a a pó, para o qual não se achou lugar. E a pedra, por sua vez, tornou- se num grande monte que encheu toda a terra. Ao despertar na manhã seguinte, aos quatro jo- vens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda
  • 37. Babilônia, o Primeiro Império Mundial 4 1 cultura e sabedoria. E Daniel tornou-se entendido em Iodas as visões e em todos os sonhos. Nabucodonosor convocou seus sábios, astrólogos e adivinhos e exigiu deles que lhe contassem o sonho e dessem a sua in- lerpretação. Então os astrólogos disseram ao rei em siríaco: Ó rei, vive eternamente! Dize 0 sonho a teus servos, e dare- mos a interpretação. Respondeu 0 rei aos astrólogos: É esta a minha decisão: Se não me fizerdes saber 0 sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo (2:4-5). Os sábios de Babilônia, incapazes de atender ao rei, foram condenados à morte, estando também na lista negra Daniel e seus companheiros, por certo Azarias, Misael e Ananias. Ao saber do decreto real, Daniel foi a Arioque, chefe da guarda do rei: Por que se apressa tanto 0 mandado da parte do rei? Então Arioque explicou 0 caso a Daniel. Ao que Daniel se apresentou ao rei e pediu que lhe desse tempo, para que pudesse dar a interpretação. Então Daniel foipara sua casa, e fez saber 0 caso a Hananias, Misael e Azarias, seus com- panheiros, para que pedissemmisericórdia ao Deus do céu, sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companhei- ros não perecessem, com 0 resto dos sábios de Babilônia. Então foi revelado 0 mistério a Daniel numa visão de noite, pelo que Daniel louvou o Deus do céu (2:15-19). De posse do segredo, Daniel procurou a Arioque e este depressa introduziu ojovem hebreu na presença do rei. Disse Daniel: “Tu, ó rei, estavas olhando, e viste uma grande estátua. Esta estátua, que era grande e cujo es- plendor era excelente, estava em pé diante de ti, e a sua aparência era terrível” (v. 31). Depois de descrever a visão, Daniel passa a inter- pretar-lhe os diversos símbolos:
  • 38. 42 Manual de Profecia Bíblica Tu, ó rei, és rei de reis, a quem 0 Deus do céu deu 0 reino, 0 poder, a força e a majestade, em cujas mãos ele entregou os filhos dos homens, onde quer que habitem, os animais do campo e as aves do céu, e fez que dominas- ses sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro (w. 37-38). A CABEÇA DE OURO A profecia que estamos considerando trata da domi- nação dos gentios desde que Judá deixou de ser um rei- no, em 605 a.C., até o futuro estabelecimento do Milê- nio. A Palavra de Deus não prevê para todo esse longo período mais do que quatro reinos mundiais, sendo o primeiros deles justamente o de Babilônia: “Tu és a ca- beça de ouro”, disse Daniel a Nabucodonosor. O império babilônico recebeu na Bíblia Sagrada o título de “a jóia dos reinos, a glória e o orgulho dos caldeus”, e sua capital foi chamada de “cidade dourada” (Isaías 13:19; 14:4). A grandeza do reino dos caldeus pode ser medida pelas dimensões de sua capital: Eraentãoa maiorea maismodernametrópoledaqueletem- po, ocupandoumaáreade576quilômetrosquadrados, com96de perímetro, ou seja 24decadalado. Muitasruas, de 45 metrosde largurapor24kmdecomprimento, dividiamluxuososquarteirões comexuberantesjardinsesuntuosasresidências,magníficospalá- dos e gigantescos templos. Um destes templos, dedicado a Bel, mediacincoquilômetrosdecircunferência, eumdospaláciosreais ocupavauma área superiora 12quilômetrosquadrados.5 Algumas das descobertas dos arqueólogos, que têm trabalhado na área da famosa cidade desde o final do século passado, são de fato impressionantes: • Uma muralha de mais de vinte e dois quilômetros de comprimento e 42 metros de largura, que circundava a parte principal da cidade.
  • 39. Babilônia, o Primeiro Império Mundial 43 • Muitas portas, sendo a mais impressionante de- las a de Istar, com seus 575 dragões, touros, e leões esmaltados. ‫י‬ A “rua processional”, que entrava na cidade pela porta de Istar ao norte, passava pelo palácio real, e a seguir atravessava diretamente a parte principal da ci- dade até o templo de Marduque, que detinha 0 título de “O Criador e Rei do Universo”. • O magnífico palácio decorado de Nabucodonosor, com seu salão, onde se encontrava o trono e um salão para banquetes medindo 17 metros de largura por 51 metros de comprimento. • A base e 0 contorno da Torre de Babel, conhecida como E-Temen-an-ki, (a casa da plataforma, base do céu e da terra), a qual supõe-se tenha sido as ruínas da infortunada torre referida no livro de Gênesis. • As grandes ruínas de uma área quadrangular, compostas de criptas abobadadas ou sótãos reforçados com arcos de ladrilho, e cobertas de terras e escombros. Os escavadores acreditam que essas ruínas são os res- tos da estrutura da base dos famosos Jardins Suspensos — uma das sete maravilhas do mundo Antigo. ‫י‬ Cerca de trezentos tabletes cuneiformes que rela- tavam principalmente a distribuição de azeite e cevada aos cativos e aos trabalhadores especializados, proce- dentes de muitas nações que viviam em Babilônia e seus arredores, entre os anos 595 e 570 a.C.6 Tão assombrosamente fecundo era esse país que Heródoto evita relatar tudo que vira em Babilônia, temen- do não ser acreditado. De fato, essa grande metrópole in- ventou um alfabeto, resolveu problemas de aritmética, inventou instrumentos para medição do tempo, descobriu a arte de polir, gravar e perfurar pedras preciosas; alcan- çou grande progresso nas artes têxteis, aprendeu a re- produzir fielmente os contornos de homens e animais, es-
  • 40. 44 Manual de Profecia Bíblica tudou com êxito o movimento dos astros, concebeu a idéia da gramática como ciência e elaborou um sistema de leis civis. Em grande parte, a cultura dos gregos provinha de Babilônia. Há outras profecias relacionadas com o império Babilônico em Daniel: Quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leão, e tinha asas de águia. Eu olhei até que lhe foram arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem (7:3-4). Geralmente, em textos proféticos (especialmente de Daniel), animais simbolizam reinos: leão (Babilônia), Daniel 7:4: urso e carneiro (o reino unido da Média e da Pérsia), Daniel 7:5; 8:3,20: leopardo e bode (Grécia), Daniel 7:6; 8:5,21; animal terrível e espantoso, com dez chifres (Roma), Daniel 7:7; Apocalipse 17:3. Mar ou águas simbolizam povos, Daniel 7:3; Apocalipse 17:5; ventos representam guerras, Jeremias 4:11; 25:32; Hc 1:11. Asas, rapidez, Daniel 7:4; Habacuque 1:6-8. Chifres ou pontas, reinos, Daniel 7:7,24; 8:7-9. Braços significam ajuda, exércitos, Daniel 11:31. Acerca dos caldeus, eis o que registram outros profetas: Já um leão subiu da sua ramada; um destruidor das nações se pôs em marcha. Ele já partiu, e saiu do seu lugar para fazer da tua terra uma desolação, a fim de que as tuas cidades sejam destruídas, e ninguém nelas habite (Jeremias 4:7). Suscito os caldeus, nação feroz e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para se apoderar de moradas que não são suas. Ela é terrível e pavorosa; dela mesma sai 0 seu juízo e a sua dignidade. Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, e mais ferozes do que os lobos à tarde. Os seus cavaleiros espalham-se por toda a parte; os seus cavaleiros vêm de
  • 41. Babilônia, o Primeiro Império Mundial 45 longe. Voam como águia que se apressa a devorar (Habacuque 1:6-8). Assim diz o Senhor: Vede! Ele voa como a águia, e estende as suas asas sobre Moabe (Jeremias 48:40). As- sim diz 0 Senhor Deus: Uma grande águia, de grandes asas, de farta plumagem, cheia de penas de várias cores, veio ao Líbano e levou 0 mais alto ramo de um cedro (Ezequiel 17:3). Ao referir-se a Nabucodonosor, um escritor disse que o império era ele, e ele era 0 império: Como supremo e absoluto, sua corte não era mais que mera fantasia; seus cortesões nada pesavam nas decisões que ele tomava. Era 0 tudo, a majestade su- prema dum cetro que cobria vitorioso inteiramente 0 orbe conhecido e habitado. Além disso, desempenhou Nabucodonosor uma administração que conservou as nações todas em harmonia, bem como sob completa segurança e proteção. E, mais ainda, jamais a história registrou um soberano político no trono do mundo mai- or do que ele. Ele a todos sobrepujou em glória, gran- deza e majestade. Assim, achou por bem Deus, que lhe dera todo o poder e a glória de que era senhor, honrá-lo no símbolo da cabeça de “ouro fino” da está- tua de seu impressionante sonho inspirado, ainda que ela representasse com toda a evidência o império caldeu neobabilõnico. E é surpreendente notar que a interpretação de Daniel ignorou por completo, não somente os reis que precederam Nabucodonosor no trono de Babilônia como também os que lhe sucederam. Sim, só ele foi levado em alta conta pelo Céu naquele trono do mundo. Todos os demais que ali se assentaram, praticamente nada representam aos olhos daquEle que é a suprema auto- ridade na terra e no céu. Em toda a terra e em toda a história não houve outro potentado que governasse o mundo tão a contento de Deus.7
  • 42. 46 Manual de Profecia Bíblica Os babilônios mantiveram 0 domínio mundial desde 612 a.C., quando Nínive, a capital dos assírios, foi toma- da por Nabopolassar. Esse primeiro império durou até 15 de outubro de 539 a.C., pois no dia seguinte os medo- persas assumiram a supremacia mundial.
  • 43. 4 0 Simbolico Urso Destruidor Coligados, os medos e persas venceram os caldeus eform aram um vasto império, porém, inferior ao de Babilônia, como previu Daniel.
  • 44. ando seqüência à interpretação do sonho de Nabucodonosor, disse Daniel: “Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu” (Daniel 2:39). Esse segundo império está simboliza- do na estátua pelo peito e braços de prata, metal inferior ao ouro. Na visão dos animais, Daniel viu o segundo governo "semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os dentes, e foi-lhe dito: Levanta-te, devora muita carne”(Daniel 7:5). Embora 0 urso não seja 0 rei dos animais, atinge maior estatura e peso que o leão. Diz-se que sua maior espécie foi encontrada na Média, país montanhoso, acidentado e frio. Os seus 42 dentes, as suas formidáveis e grandes garras aguçadas, 0 seu grande peso, a sua coragem e a sua astú- cia, fazem-no grandemente terrível. No que respeito à sua crueldade, ferocidade e sede de sangue, não tem rival. Ao andar, não rapidamente, senta a planta do pé no chão (ao contrário dos pés do cachorro e do leão), dando a impres- são de amassar tudo onde que quer pise ou passe, como se fora um rolo compressor que tudo arrasa. É em seus pés que reside a sua maior força de domí- nio e destruição... Assim, seu tríplice poder, concentrado em seu peso, sua boca e seus pés, faz do urso o segundo em seu reino, só vencido pelo leão após renhida batalha. Não podendo 0 urso ser 0 rei dos quadrúpedes, parece pretender sê-lo. Não alcançando, todavia, supremacia ab- soluta, é obrigado a cometer destruição para impor-se, como se supremo fora, sem contudo lograr o seu objetivo.
  • 45. 50 Manual de Profecia Bíblica Neste terrível animal carniceiro e destruidor, fora 0 impé- rio Medo-Persa figurado pela revelação.8 De fato, os soberanos medo-persas, inábeis para go- vernar o mundo, cometeram as maiores e mais vis atro- cidades. Em suas conquistas procuraram vencer, não mediante categorias bélicas, mas pela avalanche de suas tropas, daí o massacre a quaisquer povos que lhes opu- sessem a menor resistência. Somente para o transporte de víveres, usavam os persas uma frota de 1.200 barcos, com uma tripulação de 300 mil homens! Os exércitos medo-persas passaram à história como profundamente sanguinários, devoradores de muita car- ne, conforme anunciava a profecia. Afirma-se que Tomires, rainha dos citas, mandou cortar a cabeça de Ciro e mer- gulhou-a num odre cheio de sangue humano, dizendo: “Farta-te de sangue, de que sempre viveste sequioso”. As três costelas entre os dentes do urso, bem como as três direções em que 0 carneiro dava marradas, signi- ficam as três primeiras presas: Babilônia, Egito e Lídia (Daniel 8:4). O CARNEIRO COM DOIS CHIFRES Mais adiante o profeta vê 0 mesmo império na figura de outro animal: No terceiro ano do reinado do rei Belsazar apareceu- -me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apa- receu no princípio. Na visão que tive, vi que eu estava na cidadela de Susã, na província de Elão; na visão eu estava junto ao rio Ulai. Levantei os olhos, e vi um carneiro que estava diante do rio, 0 qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos. Um dos chifres era mais alto do que 0 outro, e 0 mais alto subiu por último. Vi que 0 carneiro dava marradas para 0 ocidente, para 0 norte e para 0 sul.
  • 46. O Simbólico Urso Destruidor 5 1 Nenhum animal podia estar diante dele, nem havia quem pudesse livrar-se das suas mãos. Ele fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia (Daniel 8:1-4). Esta visão do carneiro Daniel teve por volta do ano 553 a.C., cerca de 14 anos antes da queda de Babilônia. É signi- licativo que o profeta se achasse em Susã, a capital da Pérsia, pois a visão relacionava-se diretamente com os persas. Trazendo mais luzes sobre as visões anteriores, da segunda parte da estátua e do urso, o carneiro apre- senta-se com dois chifres, símbolos da Média e da Pérsia. O fato de a mais alta subir por último significa que Dario, embora tenha primeiramente ocupado 0 tro- no, perdeu-0 para Ciro na batalha de Passargade, 0 que elevou os persas sobre os medos: “Um dos chifres era mais alto do que o outro, e o mais alto subiu por último” (Daniel 8:3). Na explicação dada pelo anjo a Daniel não há qual- quer dúvida: “Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis da Média e da Pérsia” (Daniel 8:20). BELSAZAR E A QUEDA DE BABILÔNIA No ano 539 a.C., na mesma noite em que Belsazar banqueteava-se com mil de seus grandes e dava lou- vores aos deuses pagãos, profanando os vasos sagra- dos do templo de Salomão, caiu 0 império babilônico. A sentença divina na caiadura da parede: “Mene, Mene, Tequel Ufarsim”, cumpriu-se horas depois de explicada por Daniel. Mene: Contou Deus o teu reino, e o acabou. Tequel: Pesado foste na balança, e foste achado em falta. Peres: Dividido foi.o teu reino, e deu- se aos medos e aos persas (Daniel 5:25-28). “Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus, e Dario, o medo, ocupou o reino, com a idade de ses- senta e dois anos” (Daniel 5:30-31).
  • 47. 52 Manual de Profecia Bíblica Há uma interessante nota na Bíblia de Figueiredo, versão clássica, acerca da filiação de Belsazar, nome que também pode ser grafado como Baltasar. O rei Baltasar é, segundo a opinião mais provável, o filho do último rei de Babilónia, Nabonide; pelo menos Nabonide, nas suas inscrições, diz-nos que teve um filho chamado Baltasar. Este último não era rei, mas exercia o poder supremo, porque o seu pai o tinha associado ao governo e recomendara-lhe a defesa de Babilónia, de onde estava ausente por ocasião do cerco de Ciro. Os racionalistas têm se servido da história de Baltasar. Contudo, as descobertas modernas referem-se à existên­ cia do filho de Nabonide, por nome Baltasar, ao contrário do que sustentou Halevy, que entendia que Nabonide e Baltasar eram uma só pessoa... Os cilindros de Nabonide, em argila, encontrados em Mugheir, a antiga Ur, nos qua­ tro ângulos do Templo de Sim (a Lua), hoje existentes no Museu Britânico, claramente referem a existência de um filho de Nabonide, Baltasar, Bei-sar-usur, filho do rei. Assim sabemos acerca de Baltasar o seguinte: pelas ins­ crições, que o filho primogénito de Nabonide se chamava Baltasar; porXenofonte, que Nabonide nãovoltou a Babilónia depoisdasuadestruição, refugiando-seemBorsipa;porDaniel, que Baltasar governavaem Babilónia, como sendo opersona­ gem do governo. Pode desejar-se acordo mais completo entre testemunhos provenientes de origens tão diversas? CIRO, O UNGIDO DE DEUS Pelo menos uns duzentos anos antes de os persas surgirem no cenário mundial, seus famosos reis já esta­ vam profetizados na Bíblia: [Eu sou oSenhor] que digode Ciro: Émeu pastor, e cum­ prirá tudo o que me apraz; ele dirá de Jerusalém: Ela será reedificada, e dotemplo: Será fundado. Assimdizo Senhor ao
  • 48. O Simbólico Urso Destruidor 53 seu ungido, a Ciro, a quemtomopelamão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão: Eu ireiadiante deti, e endireitareioscaminhostortos; que­ brarei as portas debronze, e despedaçarei os ferrolhosde ferro. Dar-te-ei os tesouros das trevas, eas riquezas encobertas, para que possas saber que eu sou oSenhor, oDeus de Israel, que te chamapeloteu nome. Poramor demeu serroJacó, ede Israel, meu eleito, eu techamopeloteu nome, ponho-teoteu sobreno­ me, ainda que não me conheces (Isaías44:28; 45:1-4). Acerca dessa interessante profecia, observa o Dr. Scofield: Este é o único caso em que a palavra ungido, em união com a expressão meu pastor, que é também um título messiânico, assinala Ciro como a assombrosa exceção de que um gentio seja tipo de Cristo. Os pontos de comparação são os seguintes: ambos, Cristo e Ciro, são conquistadores dos inimigos de Israel (Isaías 45:1; Apocalipse 19:19-21); ambos restauram a cidade santa (Isaías 44:28; Zacarias 14:11); por meio de ambos o nome do único Deus verdadei­ ro é glorificado (Isaías 45:6; 1Coríntios 15:28). Com Ciro inaugurou-se uma nova política em relação aos povos conquistados. Apesar da crueldade com que lida­ va com seus inimigos, Ciro tratou seus súditos com consi­ deração, conquistando-os como amigos. Por seus famosos decretos, promulgados no segundo ano de seu governo, per­ mitiu a volta de todos os povos às suas próprias terras. Pa­ rece que, de modo especial, o famoso imperador dos persas favoreceu os judeus, concedendo-lhes generosa ajuda. CAMPANHAS CONTRA OS GREGOS O capítulo onze de Daniel tem sido dividido, para efei­ to de estudos, em quatro partes: • Versos 1-4, osreisda Pérsiaeoterceiroimpério até a sua divisão em quatro partes, após a morte deAlexandre, oGrande;
  • 49. 54 Manual de Profecia Bíblica • Versos 5-20, os reis do Norte e do Sul (Síria e Egito); • Versos 21-35, o reinado de Antíoco Epifânio; • Versos 36-45, o Anticristo, no final dos tempos. A primeira parte, de que nos ocupamos aqui, abrange o período de 539 a.C., desde a tomada de Babilónia pelos medos e persas, até 424 a.C., quando faleceu Artaxerxes Longímanos. O texto bíblico diz: “Ainda três reis se levan­ tarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes ri­ quezas mais do que todos. E, tendo-se fortalecido por meio das suas riquezas, agitará a todos contra o reino da Grécia. Os reis mencionados nesse texto foram Cambises, Pseudo Smerdis e Dario Histaspes, considerando que a vi­ são fora dada no ano terceiro de Cri, conforme Daniel 10:1. O quarto rei foi Xerxes I, imensamente rico, que invadiu a Grécia nos anos 483 a 480, conhecido no livro de Ester como Assuero. Tanto a Bíblia como a história grega falam dele como sendo homem sensual, devasso, déspota, insidi­ oso e cruel. Assuero ocupou o trono no ano 486. De acordo com John D. Davis, no segundo ano de seu reinado subjugou os egípcios que se haviam revolta­ do contra Dario, e quatro anos mais tarde preparou um imenso exército e invadiu a Grécia, mas foi obrigado a retroceder depois da batalha de Salamina, onde a sua esquadra foi aniquilada por uma pequena frota grega em 480 a.C. A mãe de Xerxes, Atossa, era filha de Ciro. Convém salientar que o Assuero que aparece em Esdras 4:6 não é o mesmo de Ester, mas sim Cambises, que reinou de 529 a 521 a.C. É também o mesmo Cambises quem aparece em Esdras 4:7 com o nome de Artaxerxes. O que aparece em Esdras 7:1, já ao tempo de Esdras, por volta de 458 a.C., é Artaxerxes Longímanos, o que permi­ tiu a Esdras e Neemias levarem um grande número de judeus de volta a Jerusalém e reconstruírem as muralhas da cidade santa, (Esdras 7:11-28). Ele o último impera­ dor persa mencionado no Antigo Testamento.
  • 50. 5 0 Rei Valente e seu Sonho Dourado Um reino sem fronteiras, sem guerras e sem crises económicas, tal como sonhou Alexandre, somente será realidade quando o Messias reinar.
  • 51. eferindo-se ao reino grego, anunciou o profeta: “E um terceiro reino, de bron­ ze, o qual terá domínio sobre toda a ter­ ra (Daniel 2:39b). Nos capítulos 7 e 8 de Daniel, lemos: Depois disto, continuei olhando, e vi outro animal, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas costas. Este animal tinha quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio... Estando eu considerando, vi que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão, e aquele bode tinha um chifre notável entre os olhos. Dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto diante do rio, e correu contra ele no furor da sua força. Vi-o chegar perto do carneiro, e, irritado contra ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe resistir: em seguida o bode o lançou por terra e o pisou aos pés, e não houve quem pudesse livrar o carneiro do seu poder. O bode se engrandeceu sobremaneira; estando, po­ rém, na sua maior força, aquele grande chifre foi que­ brado, e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu (Daniel 7:6; 8:5-8). É interessante notar que, assim como o leão foi o animal adotado pelos babilónicos como o símbolo de seu império, o bode serviu para identificar o poderio grego, como emblema do poder real.
  • 52. 58 Manual de Profecia Bíblica O bode é muito apropriadamente típico do império grego ou macedônio, porque os macedônios, a princípio, mais ou menos 200 anos antes de Daniel, eram chama­ dos aegeadae, ou povo do bode; e, nessa ocasião, como referem autores pagãos, Caranus, seu primeiro rei, indo com uma grande multidão de gregos à procura de novas habitações na Macedonia, foi mandado pelo oráculo to­ mar os bodes como seus guias para o império, e, mais tarde, vendo um rebanho de bodes a fugir de uma vio­ lenta tempestade, seguiu-os até Edessa, e ali fixou a sede do seu império; fez dos bodes suas insígnias ou estan­ dartes, e chamou a cidade Aegeae, ou “cidade do bode”. Esta observação é semelhantemente devida ao excelentíssimo Sr. Mede; e a isto pode-se acrescentar que a cidade Aegeae, ou Aegae, foi o lugar de sepultamento usual dos reis macedônios. É também muito notável que o filho de Alexandre, de Roxama, chamou-se Alexandre Aegus, ou “filho do bode”; e alguns dos sucessores de Alexandre são representados em suas moedas com chi­ fres de bode.9 Outros importantes testemunhos acerca do bode como símbolo dos gregos estão no Museu Britânico. As moedas macedônias, de cerca de 25 séculos, trazem no seu reverso a figura de um bode. Também na mitologia grega aparece o deus Pan, filho de Hermes e da ninfa Dryope, representado com chifres, corpo e pés de bode da cintura para baixo. Finalmente, o mar Egeu, que ba­ nha a Macedonia e a Grécia, significa mar do bode. O império grego está representado pelo ventre e co­ xas de cobre, pelo leopardo com quatro asas e pelo bode que vinha do Ocidente sem tocar no chão, o qual tinha uma ponta notável entre os olhos. As asas falam da rapi­ dez das conquistas de Alexandre, o bode que partiu do Ocidente “sem tocar no chão”. O serem quatro asas sig­ nifica o desmembramento do império em quatro dinasti­ as independentes.
  • 53. O Rei Valente e seu Sonho Dourado 59 A mesma significação têm as quatro cabeças do leo­ pardo e as quatro pontas que se levantam do bode, ao cair-lhe a primeira, a grande ponta. A Palavra de Deus é claríssima: “Mas o bode peludo é o rei da Grécia, e o chifre grande que tinha entre os olhos é o primeiro rei. O ler sido quebrado, levantando-se quatro em seu lugar, significa que quatro reinos se levantarão da mesma na­ ção, mas não com a força dele” (Daniel 8:21-22). CARTAS FAMOSAS Ficou célebre a correspondência trocada entre Ale­ xandre e Dario III, tam bém conhecido por Dario Codomano, filho de Artaxerxes II, o qual começou a rei­ nar no mesmo ano que Alexandre, ou seja, em 336 a.C. A primeira carta de Dario a Alexandre diz o seguinte: Desta capital dos reis da terra: Enquanto o sol bri­ lhar sobre a cabeça de Iskander Alexandre, o salteador etc. etc., saiba ele que o Rei dos Céus me outorgou o domínio da terra, e que oTodo-Poderoso me concedeu os quatro quartos da superfície dela. Distinguiu-me outros- sim a providência com a dignidade, a majestade e a gló­ ria, e com um sem conta de campeões e confederados. Chegou ao nosso conhecimento que reunistes uma corja de ladrões e réprobos, a multidão dos quais a tal ponto vos escaldou a imaginação que vos propusestes, com a ajuda deles, disputar a coroa e o trono, devastar o nosso reino e destruir o nosso país e o nosso povo. Tais resoluções são, em sua crueldade, perfeitamente consistentes com a fatuidade dos homens de Room. Mas, é melhor para o vosso bem que, ao lerdes estas linhas regresseis imediatamente do lugar até onde chegastes. Quanto ao vosso movimento criminoso, não tenhais receio da nossa majestade e punição, pois não entrastes ainda para o número daqueles que nos merecem vingan­ ça ou castigo. Olhai bem! Mando-vos um cofre cheio de ouro e um burro carregado de sésamo no propósito de
  • 54. 60 Manual de Profecia Bíblica dar-vos uma idéia da extensão da minha riqueza e poder. Mando-vos também um chicote e uma bola: a última para que vos entretenhais com um brinquedo próprio da vossa idade; o primeiro para servir ao vosso castigo. Ao receber essa carta, ordenou Alexandre que fos­ sem presos e executados os embaixadores que a tinham trazido. Mas estes lhe suplicaram misericórdia e foram finalmente atendidos. Regressaram para o seu país le­ vando a seguinte resposta de Alexandre a Dario: De Su-ul-Kurnain Alexandre àquele que pretende ser o rei dos reis; que se julga temido pelas próprias hostes celestes; e que se considera a luz de todos os habitantes do mundo! Como se pode então dignar tão alta pessoa de temer um inimigo tão desprezível como Iskander? Não saberá Dará Dario que o Senhor Onipotente ou­ torga poder e domínio a quem bem lhe apraz? E também que quando um fraco mortal se julga um deus e vence­ dor das hostes celestes a indignação do Todo-Poderoso lhe reduz a ruína o reino? Como pode um indivíduo destinado à morte e à de­ composição ser um deus, ele a quem lhe tomam o reino e que deixa para outros os prazeres deste mundo? Olhai! Decidi travar batalha convosco e para isso mar­ cho na direção de vossas terras. Confesso-me fraco e hu­ milde servo de Deus, a quem ofereço as minhas preces para que me conceda a vitória e o triunfo, e a quem adoro. Com a carta em que fizestes tamanho alarde dos vossos poderes e me enviastes um chicote, uma bola, um cofre cheio de ouro e um burro carregado de sésamo; tudo isso agradeço à boa fortuna e considero como si­ nais auspiciosos. O chicote significa que serei o instru­ mento do vosso castigo e me tornarei o vosso governa­ dor, preceptor e diretor. A bola indica que a superfície da terra e a circunferência do globo obedecerão ao lu­ gar-tenentes. Ocofre de ouro, que é uma parte do vosso tesouro, denota que as vossas riquezas me serão
  • 55. O Rei Valente e seu Sonho Dourado 61 transferidas muito breve. E quanto ao sésamo, embora os seus grãos sejam tão numerosos, todavia é macio ao tato e de todos os géneros de alimento o menos nocivo e desagradável. Em retribuição vos envio um saco de mostarda para provardes e reconhecerdes o amargor da minha vitó­ ria. E não obstante vos terdes exaltado com tamanha presunção, soberbo da grandeza do vosso reino e pre­ tendendo ser uma divindade na terra, ousando mesmo comparar-vos à majestade celeste, eu verdadeiramen­ te é que sou vosso senhor supremo; e embora vos tenhais esforçado por me alarmar com a enumeração do vosso poder e dos vossos recursos em homens e armas; todavia confio na intervenção da Divina Provi­ dência que hei de ver a vossa jactância reprovada por todo o género humano; e que na mesma proporção em que vos exaltastes vos humilhará o Senhor e me con­ cederá a vitória sobre vós. No Senhor está a minha fé e a minha confiança. Adeus! Depois da troca dessas cartas, os dois exércitos se defrontaram em Faristã, onde os persas sofreram fragorosa derrota. Dario fugiu para além do Eufrates, e foi reunir um exército ainda mais numeroso. Tentou ne­ gociar com Alexandre, oferecendo-lhe pela paz a metade do seu reino, mas Alexandre, contra a opinião de seus generais, preferiu arriscar as suas tropas em nova bata­ lha e ganhar toda a Pérsia. Eis a resposta que mandou à proposta de Dario: Dario: Dario (Dario, oGrande, derrotado emMaratona), (Dario, o Grande, por cujo nome sois chamado) devastou, se a his­ tória diz a verdade, todas as cidades gregas da costa do Helesponto; todas as colónias jónias deste lado. Nem se contentou ele com isso, mas, atravessando o mar com um vasto exército, executou uma segunda invasão; sendo, po­
  • 56. 62 Manual de Profecia Bíblica rém, vencido no mar, retirou-se, deixando lá o general Mardônio, o qual em sua ausência deveria saquear toda a Grécia, talar-lhe os férteis campos e arrasar-lhe as flores­ centes cidades. Acrescente-se a isso a morte de meu pai Felipe, cujos assassinos corrompestes e subornastes vilmente coma pro­ messa de grande soma em dinheiro. Assimcomeçaisumaguerraeassimcovardementealevais avante, tentando assassinar aqueles que tremeis de encon­ trar no campo debatalha; testemunho disso são os mil talen­ tos que oferecestes a quem quisesse ser o meu assassino, mesmo quando estáveis conduzindo contra mim um tama­ nho exército. Por conseguinte, a guerra em que estou atual- mente empenhado é em minha própria defesa; e os deuses, dando o triunfo às minhas armas e permitindo-me conquis­ tar grande parte dovosso império, manifestaram ajustiça da minha causa. Bati-vos no campo da luta; e, embora não me sinta obrigado pela honra nem pela gratidão a atender-vos no que quer que seja, todavia vos prometo, se vierdes a mim da maneira que exige a vossa condição, darei liberdade a vos­ saesposaeavossosfilhos, mesmosemnenhumpenhor. Como conquistador levastes uma lição; vereis ainda como sei tratar comhonra aqueles a quem venço. Se no entanto duvidais de vossa segurança aqui, prometo-vos que tereis uma escolta para vos guardar de qualquer atentado. Entrementes, toda vez que tiverdes ocasião de escre­ ver a Alexandre, lembrai-vos de que vos dirigis a quem não somente é rei, mas também o vosso rei.1 0 Finalmente, em 21 de setembro de 331 a.C., aprovei- tando-se de um eclipse lunar, o exército macedônio, co­ mandado por Alexandre, atravessou o Tigre, e de novo a Grécia e a Pérsia se defrontaram em Arbela (ou Gaugamela) numa das batalhas decisivas da História. Novamente, a vitória coube a Alexandre, e desta vez lhe trouxe, na idade de vinte e cinco anos, a supremacia indisputável sobre a maior parte do mundo então conhecido. Mais uma vez em fuga, Dario foi morto por um dos seus sátrapas.
  • 57. O Rei Valente e seu Sonho Dourado 63 O SONHO DE ALEXANDRE Alexandre Magno nasceu era Pela, em 356 a.C. e mor­ reu em Babilónia, em 323 a.C. Filho de Felipe II e Olímpia, assume o trono em 336 a.C., após o assassinato do pai, e um ano depois, no Congresso Pan-helênico de Corinto, é aclamado general de todas as forças gregas. Com um exército de 35.000 infantes, 5.000 cavaleiros c uma frota de 169 navios, vence o exército persa às mar­ gens do rio Granico, ocupa a Frigia, em cuja capital, Górdio, corta um nó complicado que, segundo a tradição, daria a quem o desembaraçasse o império da Ásia. Em 333, na planície de Isso, vence novamente os persas. A caminho do Egito, Tiro e Gaza são vencidas e arrasadas. É recebido no Egito como filho dos faraós; funda a cidade de Alexandria no delta do Nilo e ataca os exércitos do rei persa Dario III em Arbela (ou Gaugamela), no ano 331, derrotando defini­ tivamente o império Medo-Persa. Cumprindo a profecia bíblica, que previa para o terceiro reino um “domínio sobre toda a terra”, em 327 a.C., após a conquista do Oriente Médio e do Norte da África, invade a índia. Alexandre, entre os 13 e 16 anos de idade, teve como mestre o famoso Aristóteles, que lhe despertou o inte­ resse para a Filosofia, a Medicina e a investigação cientí­ fica. Oseu grande mérito foi o de unificar o mundo grego e difundir o helenismo, criando assim um mundo novo. Com sua forte personalidade, Alexandre Magno passou à História como o mais famoso conquistador da antigui­ dade. Reinou 12 anos e oito meses. Faleceu aos 33 anos, vítima de uma febre violenta, após prolongado banquete e muita bebida. Dele disse Orlando Boyer: Elejá estava à porta de qualquer cidade para conquistá- la, antes mesmo de alguém saber que tinha saído de seu palácio... Alexandre tinha o grande alvo de fazer do mundo inteiro uma só nação, a Alexandrilândia. Não poderia ha-
  • 58. 64 Manual de Profecia Bíblica ver mais guerras nem carestia, porque não haveria mais estrangeiros nem fronteiras, e todos os homens, assim, podiam gozar paz e prosperidade. (Era o seu sonho doura­ do, mas só há um que pode realizá-lo: Jesus Cristo) Ale­ xandre, ainda muito novo, dominou omundo inteiro e cho­ rou porque não havia outros reinos a conquistar!" ALEXANDRE E OS JUDEUS A grande ponta do bode significa não o primeiro mo­ narca, mas o primeiro reino dominado sucessivamente por Alexandre Magno, por seu irmão Arideu e por seus dois filhos, Alexandre e Hércules. Já o “rei valente” de Daniel 11:3-4 aponta para o primeiro imperador da Grécia, Alexandre. Este fez do povo judeu o alvo de sua especial consideração, pois, ao aproximar-se de Jerusa­ lém, o sumo sacerdote saiu-lhe ao encontro mostrando as profecias bíblicas que indicavam o triunfo dos gregos sobre os medo-persas e, especialmente, o papel que o grande general macedônio deveria cumprir no plano di­ vino. Vejamos o que registrou o grande historiador ju ­ deu, Flávio Josefo: Quando se soube que ele já estava perto, o Grão- sacrificador (o sumo sacerdote) acompanhado pelos ou­ tros sacrificadores e por todo o povo, foi ao seu encontro, com essa pompa tão santa e tão diferente da das outras nações, até o lugar denominado Sapha, que em grego significa mirante, porque de lá se podem ver a cidade de Jerusalém e otemplo. Os fenícios e os caldeus, que esta­ vam no exército de Alexandre, não duvidaram de que na cólera em que ele se achava contra os judeus ele lhes permitiria saquear Jerusalém e daria um castigo exem­ plar ao Grão-sacrificador. Mas aconteceu justamente o contrário, pois o sobe­ rano apenas viu aquela grande multidão de homens ves­ tidos de branco, os sacrificadores revestidos com seus
  • 59. O Rei Valente e seu Sonho Dourado 65 paramentos de linho e o Grão-sacrificador, com seu éfode, de cor azul adornado de ouro e a tiara sobre a cabeça, com uma lâmina de ouro sobre a qual estava escrito o nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e saudou o Grão-sacrificador, ao qual nin­ guém ainda havia saudado. Então os judeus reuniram- se em redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar- lhe toda a sorte de felicidade e de prosperidade. Mas os reis da Síria e os outros grandes, que o acompanhavam, ficaram surpresos de tal espanto, que julgaram que ele tinha perdido o juízo. Parmênio, que gozava de grande prestígio, perguntou-lhe como ele, que era adorado em todo o mundo, adorava o Grão-sacrificador dos judeus. “Não é a ele”, respondeu Alexandre, “ao Grão- sacrificador, que eu adoro, mas é a Deus de quem ele é ministro. Pois quando eu ainda estava na Macedonia e imaginava como poderia conquistar a Ásia, Deus me apa­ receu em sonhos com esses mesmos hábitos e me exor­ tou a nada temer. Disse-me que passasse corajosamente o estreito do Helesponto e garantiu-me que ele estaria à frente do meu exército e me faria conquistar o império dos persas. Eis por que jamais tenho visto antes a nin­ guém vestido de trajes semelhantes àquele com que ele me apareceu em sonho. Não posso duvidar de que foi por ordem de Deus que empreendi esta guerra, e assim ven­ cerei a Dario, destruirei o império dos persas e todas as coisas suceder-me-ão segundo os meus desejos”. Alexandre, depois de ter assim respondido a Parmênio, abraçou o Grão-sacrificador e os outros sacrificadores; caminhou depois no meio deles até Jerusalém, subiu ao templo, ofereceu sacrifícios a Deus da maneira como o Grão-sacrificador lhe dissera fazer. O Soberano Pontífice mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel, no qual estava escrito que um príncipe grego destruiria o império dos persas e disse-lhe que não duvidava de que era ele a quem a profecia fazia menção. Alexandre ficou contente; no dia seguinte, mandou reunir o povo e ordenou-lhe que dis­ sesse que favores desejava receber dele.
  • 60. 66 Manual de Profecia Bíblica Falando pelo povo, o Grão-sacrificador respondeu- lhe que eles lhe suplicavam permitir-lhes viver segundo as leis deles e as leis de seus antepassados, e isentá-los no sétimo ano do tributo, o qual lhe pagariam durante os outros seis anos. Ele concedeu-lhes. Tendo-lhe ainda, eles pedido que os judeus que moravam em Babilónia e na Média gozassem dos mesmos favores, Alexandre opro­ meteu com grande bondade, e disse que se alguns dese­ jassem servir no exército grego, ele permitiria que os cons- critos vivessem segundo a própria religião e costumes. Vários então se alistaram.1 2 OS QUATRO REINOS QUE SE REDUZIRAM A DOIS No capítulo 11 de Daniel, versos 3 e 4, as profecias acerca de Alexandre complementam as anteriores: “De­ pois se levantará um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver. Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu. Não passará à sua posteridade, nem terá o mesmo poder com que reinou, porque o seu reino será arrancado, e passará a outros”. Os “quatro ventos do céu” são as quatro dinastias in­ dependentes em que se dividiu o império de Alexandre, em 301 a.C., na batalha de Ipsus: Ptolomeu, filho de Lago, no Sul, ficou com o Egito e mais tarde obteve Chipre; Cassandro, no Oeste, ficou com a Macedonia, Tessalia e Grécia; Selêuco Nicanor, no Leste, com Babilónia, Síria e todo o Oriente; Lisímaco, no Norte, reinou sobre a Trácia e a Capadócia. Os versos 5 e 20, do capítulo 11, de Daniel, falam de uma guerra prolongada entre os reis da Síria e do Egito. O primeiro desses versos é assim explicado por Sir Isac Newton: Demétrio, filho de Antígono, conservou apenas uma pequena parte dos domínios paternos, e por fim perdeu
  • 61. O Rei Valente e seu Sonho Dourado 67 Chipre para Ptolomeu. Mas depois do assassinato de Ale­ xandre, filho e sucessor de Cassandro, rei da Macedonia, Demétrio apoderou-se desse reino no ano de 454 de Nabonassar (294 a.C.). Algum tempo depois, quando pre­ parava um grande exército para reconquistar os domíni­ os de seu pai na Ásia, Selêuco, Ptolomeu, Lisímaco e Pirro, rei do Épiro, ligaram-se contra ele, invadindo a Macedonia, corromperam o exército de Demétrio, pondo o rei em fuga. Em seguida, apoderaram-se do seu reino e o dividiram com Lisímaco. Sete meses após, Lisímaco venceu a Pirro, tomou-lhe a Macedonia e a susteve du­ rante cinco anos e meio, unindo-a ao reino de Trácia. Em suas guerras contra Antígono e Demétrio, Lisímaco lhes havia tomado a Cária, a Lídia e a Frigia. Ele tinha ainda um tesouro em Pérgamo, num caste­ lo no topo de uma colina cónica na Frigia, perto do rio Caicus, cuja guarda havia confiado a um tal Filatero, que a princípio lhe foi fiel, mas por fim se revoltou contra ele, no último ano de seu reinado, pois Lisímaco, instigado por sua esposa Arsinoé, co­ meçou assassinando seu próprio filho Agatocles e depois diversos outros que o choravam. A viúva de Agatocles fugiu com os filhos e alguns amigos, e pe­ diu a Selêuco que guerreasse a Lisímaco. Diante dis­ so, Filatero, que era acusado de ter sido o assassino de Agatocles, pela própria Arsinoé, pôs-se em armas ao lado de Selêuco. Nessa ocasião, Selêuco deu batalha a Lisímaco na Frigia; este morreu na batalha e Selêuco tomou o seu reino no ano 465 de Nabonassar (283 a.C.). Assim o império dos gregos, que inicialmente se ha­ via dividido em quatro, reduziu-se novamente a dois rei­ nos notáveis os quais são chamados por Daniel de os reinos do Sul e do Norte. Então Ptolomeu reinava sobre o Egito, a Líbia, a Etiópia, a Arábia, a Fenícia, a Celesíria e Chipre; e Selêuco, tendo unido três dos quatro reinos, tinha um domínio pouco inferior ao do império persa, conquistado por Alexandre Magno... 1 3
  • 62. 6 Os Reinos do Norte e do Sul Com a repentina morte de Alexandre, seus domínios se dividiram primeiramente em quatro reinos que, por sua vez, se reduziram a dois.
  • 63. s versos 6 a 20 do capítulo 11 de Daniel, tratam das lutas entre os Selêucidas, reis do Norte, e os Ptolomeus, reis do Sul. O fato de Daniel, mais de três séculos antes, haver descri­ to, com tantas minúcias, a história desses reinos, só pode ser explicado à luz da Palavra de Deus, que afirma: “Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus falaram movi­ dos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21). Eis o texto bíblico: Mas ao cabo de alguns anos, eles se aliarão; a filha do rei do Sul virá ao rei do Norte para fazer um tratado. Ela, porém, não conservará a força de seu braço, nem ele persistirá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos. Mas do renovo das suas raízes um se levantará em seu lugar, e virá com o exército, e entrará nas fortalezas do rei do Norte, e agirá contra elas, e prevalecerá. Tam­ bém os seus deuses com a multidão das suas imagens de fundição, com os seus objetos preciosos de prata e ouro, levará cativos para o Egito. Por alguns anos ele persistirá contra o rei do Norte. Então o rei do reino do Norte invadirá o reino do rei do Sul, mas voltará para a sua terra. Os seus filhos in­ tervirão e reunirão um grande exército, que virá apres­ sadamente, arrasará tudo como uma inundação irresistível, e levará a guerra até a sua fortaleza.
  • 64. Então o rei do Sul se irritará, e sairá, e pelejará con­ tra ele, contra o rei do Norte, que porá em campo um grande exército, mas o seu exército será entregue nas mãos daquele. Quando o seu exército for levado, o rei do Sul se encherá de orgulho, e derrubará miríades, mas não prevalecerá. Porque o rei do Norte voltará, e porá em campo um exército maior do que oprimeiro, e ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exérci­ to e abundantes provisões. Naqueles tempos muitos se levantarão contra o rei do Sul. Os violentos dentre o teu povo se levantarão, em cumprimento da visão, mas eles cairão. O rei do Norte virá, e levantará baluartes, e tomará uma cidade fortificada. As forças do Sul não poderão subsistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força que possa subsistir. O que há de vir contra ele fará segundo a sua vontade; ninguém poderá resistir diante dele. Estará na terra gloriosa, e terá o poder de destruí-la. Firmará o propósito de vir com a força de todo o seu reino, e fará uma aliança com o rei do Sul. E lhe dará uma jovem em casamento a fim de destruir o reino, mas seus planos não vingarão, nem serão para sua vantagem. Depois virará o seu rosto para as ilhas, e tomará mui­ tas, mas um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará recair sobre ele o seu opróbrio. Virará então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra, mas tropeçará, e cairá, e não será achado. Em seu lugar se levantará quem fará passar um exator de tributo pela glória do reino, mas em poucos dias será destruído, e isto sem ira e sem batalha. CUMPRIMENTO FIEL DA PROFECIA Os 15 versículos citados abrangem um período de aproximadamente um século, começando por volta de 250 a.C. O comentário seguinte, de McNair, refere-se a esse texto, cuja leitura sugerimos ao leitor, a fim de me­ lhor compreender o seu cumprimento histórico: 72 Manual de Profecia Bíblica
  • 65. Os Reinos do Norte e do Sul 73 Os dois que fazem aliança são os reis do Norte (a divisão Síria do império grego) e do Sul (Egito). Esta aliança só foi efetuada pelo casamento da filha do rei do Sul, a princesa egípcia Berenice, filha de Ptolomeu II a Antíoco Theos, o rei do Norte. A com­ binação foi que Antíoco teria de divorciar-se de sua esposa e fazer de um dos filhos de Berenice o herdei­ ro do reino. Este convénio acabou num desastre. Quando Ptolomeu morreu, Antíoco Theos, em 247 a.C., chamou sua esposa anterior. Berenice e seu filho fo­ ram envenenados, e o filho da primeira esposa, Gallinicus, foi posto no trono como Selêuco II. “Mas ao cabo de alguns anos, eles se aliarão; a filha do rei do Sul virá ao rei do Norte para fazer um tratado. Ela, porém, não conservará a força de seu braço, nem ele persistirá, nem o seu braço, porque ela será entre­ gue, e os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos” (Daniel 11:6). Ptolomeu III Euergetes (246-221 a.C.), irmão de Berenice, que sucedeu a seu pai Ptolomeu II, invadiu o território da Síria até a Ásia Menor e por algum tempo ocupou a própria Antioquia, reacendendo, assim , a guerra entre os dois reinos. Como vingança pelo as­ sassinato de sua irmã, matou a esposa de Antíoco Theos. Diz a Bíblia: “Mas do renovo das suas raízes um se levantará em seu lugar, e virá com o exército, e entrará nas fortalezas do rei do Norte, e agirá contra elas, e prevalecerá” (Daniel 11:7). Cumprindo tudo o que estava profetizado a seu res­ peito, Ptolomeu IIIEuergetes voltou ao Egito levando qua­ tro mil talentos de ouro, 40 mil talentos de prata e dois mil e quinhentos ídolos e vasos sagrados, dos quais mui­ tos tinham sido arrebatados à Pérsia por Bambises. No ano 240 a.C., Selêuco Calicino invadiu o Egito e voltou derrotado. Sua frota pereceu numa terrível tempestade. Os filhos de Selêuco Calicino, Selêuco III (226-223 a.C. e Antíoco, o Grande (223-187 a.C.) guerrearam con­ tra o Egito. Oprimeiro atacou, sem sucesso, as provínci-
  • 66. 74 Manual de Profecia Bíblica as) egípcias na Ásia Menor; o segundo, também conheci­ do porAntíoco III, invadiu o Egito sem muita oposição da parte de Ptolomeu Filopáter. Em 218 a.C., numa outra investida contra o Egito, Antíoco tomou a fortaleza de Gaza. Eis a profecia bíblica respeito desses fatos: Também os seus deuses com a multidão das suas imagens de fundição, com os seus objetos preciosos de prata e ouro, levará cativos para o Egito. Por alguns anos ele persistirá contra o rei do Norte. Então o rei do reino do Norte invadirá o reino do rei do Sul, mas vol­ tará para a sua terra. Os seus filhos intervirão e reuni­ rão um grande exército, que virá apressadamente, ar­ rasará tudo como uma inundação irresistível, e levará a guerra até a sua fortaleza (w. 8-10). JUDÁ E AS GUERRAS GREGAS No ano seguinte à queda de Gaza, Ptolomeu, Filopáter, graças a um poderoso exército, vence Antíoco, o Grande, na batalha de Ráfia, a sudoeste de Gaza, e sacrifica em Jerusalém. Pelo fato de haver sido impe­ dido de entrar no lugar santíssimo do templo, tenta destruir os judeus de Alexandria. Cerca de 14 anos mais tarde, Antíoco, o Grande, tenta mais uma vez derrotar o Egito, porém falha. Então o rei do Sul se irritará, e sairá, e pelejará contra ele, contra o rei do Norte, que porá em campo um grande exército, mas oseu exército será entregue nas mãos daquele. Quando o seu exército for levado, o rei do Sul se encherá de orgulho, e derrubará miríades, mas não prevalecerá. Porque orei do Nortevoltará, e porá em campo um exércitomaior do que o primeiro, e ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes provisões. Naqueles tempos muitos se levantarão contra o rei do Sul. Os violentos dentre o teu povo se levantarão, em cumprimento da visão, mas eles cairão (w. 11-14).