SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Baixar para ler offline
Observatório Covid-19
e
10 11 de 7 a 20 de março
de 2021
onfirmando alertas emitidos em boletins anteriores do
Observatório Covid-19 da Fiocruz, se observa uma acelera-
ção da transmissão da doença e suas consequências sobre
todo o sistema de saúde nas últimas duas semanas epidemiológicas
(11 a 20 de março de 2021). Ao contrário de outros momentos da
epidemia de Covid-19, há reservas limitadas de recursos hospitala-
res, equipamentos, medicamentos, insumos e disponibilidade de
profissionais de saúde que poderiam ser acionados, já que o aumen-
to da demanda por serviços ocorre simultaneamente em diversos
municípios e estados.
Se o colapso do sistema de saúde demanda medidas urgentes,
importante ressaltar também que estamos lidando com mudanças
importantes no perfil da pandemia no Brasil. Há um gradativo
aumento da ocorrência O número de casos, hospitalizações e
mortes entre pessoas com menos de 60 anos cresce mais rápido do
que em idosos. O risco, portanto, para incidência e mortalidade vem
aumentando gradativamente para quem não é idoso e é, via de
regra, saudável.
No que se relaciona ao colapso do sistema de saúde, importante
observar que foi produzido ao longo de vários meses, refletindo os
modos de organização para o enfrentamento da pandemia no país, nos
estados e nos municípios e a falta de coordenação entre os diversos
níveis. Diversos elementos integram este colapso, sendo estes:
Diversos cenários favorecendo altas taxas de transmissão do
vírus SARS-CoV-2, com longo período de adoção parcial e limitada
das medidas de distanciamento físico e social, além de baixa adesão
ao uso de máscaras. Estes cenários contribuem para o surgimento de
novas variantes de preocupação, potencialmente mais transmissíveis,
o que resulta em um ciclo vicioso de grande circulação de pessoas e
aglomerações > aumento da transmissão > surgimento de varian-
tes de preocupação > aumento da transmissão.
Contínuo crescimento de casos no Brasil a partir da segunda
semana de novembro de 2020 (semana epidemiológica 46), quando
começam a eclodir em diferentes estados e capitais, e por diferentes
períodos, situações localizadas de crise nos sistemas de saúde. O
estado do Amazonas e sua capital, Manaus, vivenciaram a evolução
da crise para o colapso do sistema de saúde, sobrecarregado pela
combinação entre o crescimento da demanda para atendimento de
casos críticos e graves e pelas limitações na oferta de leitos UTI
Covid-19 e o déficit de insumos básicos, como oxigênio.
Crescimento dos casos resultou na elevação da taxa de
ocupação de leitos UTI para o tratamento da doença e no cresci-
mento dos óbitos por Covid-19 em alguns estados e municípios.
Comparando com todos os países que tiveram mais de 100 mil óbitos
por Covid-19 durante a pandemia (EUA, México, Índia, Reino Unido
e Itália), o Brasil é o único país que neste momento ainda apresenta
tendência crescente e contínua. Os demais passaram a apresentar
quedas nos números diários de óbitos a partir de janeiro de 2021.
C
Ao longo da pandemia tivemos variações nas taxas de ocupação
de leitos UTI Covid-19, sendo localizadas em alguns estados e
capitais as crises e/ou colapso dos sistemas de saúde que duravam
por algumas semanas. O que muda a partir de março deste ano é
termos a maior parte dos estados e capitais simultaneamente na
zona de alerta crítica, indicando uma grave crise nacional e colapso
de nosso sistema de saúde, exigindo medidas coordenadas nos
diferentes níveis de governo e articuladas entre estados e municí-
pios, principalmente considerando regiões metropolitanas e regiões
de saúde de modo integrado.
O colapso do sistema de saúde combina diversos fatores
que se sobrepõem:
a) Incapacidade de atender todos os pacientes que requerem
cuidados complexos para a Covid-19, com aumento das filas por
leitos UTI, impedindo atendimento no tempo necessário e resultando
em óbitos;
b) Limites ou mesmo impossibilidade do remanejamento logísti-
co de pacientes para outros municípios, regiões de saúde ou
estados, sendo esta situação mais crítica para os mais de 3 mil
municípios que se encontram fora de regiões de saúde com disponi-
bilidade de leitos UTI e que totalizam cerca de 49 milhões de pesso-
as em situação de maior vulnerabilidade e desigualdades em relação
ao acesso regular aos serviços de saúde de maior complexidade.
c) Esgotamento das capacidades de respostas do sistema de
saúde por razões diversas: limites na abertura de leitos – que exigem
profissionais de saúde qualificados, o que demanda tempo – como
pela sobrecarga sobre os trabalhadores da saúde, que têm arcado
com excesso de trabalho e adoecimento; desabastecimento de
medicamentos, em especial sedativos e neurobloqueadores muscu-
lares, além de oxigênio, ampliando os impactos para além das
internações relacionadas à Covid-19 e ameaçando a continuidade
de tratamentos que demandam oxigenioterapia mesmo em municí-
pios que não dispõem de leitos UTI Covid-19.
O colapso do sistema de saúde na pandemia resulta no aumento
da mortalidade não só por Covid-19, mas também por outras causas,
traduzindo-se em: 1) Aumento da mortalidade hospitalar por
Covid-19; 2) Aumento da mortalidade por desassistência; 3)
Aumento da mortalidade por outras doenças além da Covid-19.
Desde o início da pandemia os estudos científicos apontaram
que até que tivéssemos a vacinação da maior parte da população, a
necessidade da adoção da combinação de medidas não-farma--
cológicas prolongadas e envolvendo distanciamento físico e social,
uso de máscaras e higienização das mãos, com ações intermitentes
de bloqueio (lockdown) com restrição da circulação e de todos os
serviços não-essenciais quando as capacidades de cuidados
intensivos fossem excedidas. O ritmo lento em que se encontra a
vacinação contribuí para prolongar a duração da pandemia e da
adoção intermitente de medidas de contenção e mitigação.
FOTO:
AFP
PORTAL.FIOCRUZ.BR/OBSERVATORIO-COVID-19 INFORMAÇÃO PARA AÇÃO
Observatório Covid-19 11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021 P.2
Os mapas têm como objetivo apontar tendências na incidência de casos e de mortalidade nas últimas duas semanas epidemiológicas. O valor acima de 5% indica uma
situação de alerta máximo; variação entre a -5 e +5% indica estabilidade e manutenção do alerta e menor que -5% indica redução, mesmo que temporária, da transmissão.
TENDÊNCIAS DA INCIDÊNCIA E DA MORTALIDADE POR COVID-19
Região UF Casos % Óbitos % Taxa de casos Taxa de óbitos
Norte Rondônia 0,8 0,6 69,7 2,2
Norte Acre 0,8 0,9 41,7 1,0
Norte Amazonas -1,4 -2,4 26,1 1,0
Norte Roraima 1,4 -3,2 41,7 1,5
Norte Pará 3,8 2,3 16,7 0,7
Norte Amapá 5,2 7,2 44,1 0,4
Norte Tocantins 3,4 7,5 55,4 0,8
Nordeste Maranhão 3,0 -2,0 9,8 0,4
Nordeste Piauí 1,0 2,4 27,4 0,7
Nordeste Ceará 3,5 1,4 38,0 0,8
Nordeste Rio Grande do Norte -5,0 3,8 25,1 0,7
Nordeste Paraíba 0,5 4,4 30,8 0,9
Nordeste Pernambuco 3,8 4,2 14,8 0,3
Nordeste Alagoas 4,8 3,0 21,5 0,5
Nordeste Sergipe 3,4 7,4 26,9 0,6
Nordeste Bahia -0,9 1,1 27,7 0,7
Sudeste Minas Gerais 2,8 2,3 33,1 0,7
Sudeste Espírito Santo 3,7 2,4 36,8 0,6
Sudeste Rio de Janeiro 1,6 0,6 10,3 0,5
Sudeste São Paulo 2,5 4,3 27,1 0,8
Sul Paraná -7,9 2,5 71,0 1,4
Sul Santa Catarina 0,6 3,0 57,1 1,5
Sul Rio Grande do Sul -0,2 4,7 64,6 1,9
Centro-Oeste Mato Grosso do Sul 1,8 4,1 34,1 0,8
Centro-Oeste Mato Grosso 2,6 5,6 47,0 1,3
Centro-Oeste Goiás 1,5 4,9 39,3 1,2
Centro-Oeste Distrito Federal 1,6 6,4 51,2 0,8
0,8
0,8
-1,4
1,4
3,8
5,2
3,4
3,0
1,0
3,5
-5,0
0,5
3,8
4,8
3,4
-0,9
2,8
3,7
1,6
2,5
-7,9
0,6
-0,2
1,8
2,6
1,5
1,6
RO
AC
AM
RR
PA
AP
TO
MA
PI
CE
RN
PB
PE
AL
SE
BA
MG
ES
RJ
SP
PR
SC
RS
MS
MT
GO
DF
0,6
0,9
-2,4
-3,2
2,3
7,2
7,5
-2,0
2,4
1,4
3,8
4,4
4,2
3,0
7,4
1,1
2,3
2,4
0,6
4,3
2,5
3,0
4,7
4,1
5,6
4,9
6,4
RO
AC
AM
RR
PA
AP
TO
MA
PI
CE
RN
PB
PE
AL
SE
BA
MG
ES
RJ
SP
PR
SC
RS
MS
MT
GO
DF
Tendência: Tendência:
Observatorio Covid−19 | Fiocruz
Observatorio
Covid−19
|
Fiocruz
Observatorio
Covid−19
|
Fiocruz
Observatório Covid-19 P.3
Os dados consolidados para o país confirmam o crescimento
acelerado no número de casos e óbitos conformados por Covid--
19. Durante a última semana, foram registrados valores ainda
mais altos dos números de casos e de óbitos por Covid-19.
Foram registrados no país uma média de 73.000 casos diários e
2.200 óbitos por dia na última semana epidemiológica (14 a 20
de março de 2021). Como agravante, esses valores apresentam
tendência de aceleração da transmissão da doença. O número
de casos cresce a uma taxa de 0,3% ao dia, ligeiramente inferior
ao valor apurado nas semanas anteriores, enquanto o número
de óbitos por Covid-19 aumentou para 3,2% ao dia, isto é, num
ritmo ainda maior que o das semanas anteriores.
É importante lembrar que esses indicadores sempre estão
defasados no tempo, e que o crescimento do número de mortes
na última SE pode ser resultado da aceleração no número de
casos de Covid-19 no início de março. A incapacidade de
diagnosticar correta e oportunamente os casos graves, somado
à sobrecarga dos hospitais, num processo que vem sendo apon-
tado como o colapso do sistema de saúde, pode aumentar a
letalidade da doença, dentro e fora de hospitais.
A maior parte das Unidades da Federação apresentou estabili-
dade nas duas últimas semanas. Houve um aumento no número de
casos em nove estados (Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão, Ceará,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Espírito Santo) e diminuição em
apenas dois (Rio Grande do Norte e Paraná). No entanto, a mortali-
dade por Covid-19 segue em tendência de aumento em quatorze
UFs (Amapá, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambu-
co,Alagoas, Sergipe, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal).
Como apontado em boletim anterior, estados da região
Nordeste e Sul apresentam um agravamento da mortalidade por
Covid-19, o que é uma consequência do aumento da transmis-
são nas semanas anteriores.
Na última SE, observou-se um aumento desproporcional da
mortalidade em relação à incidência de casos confirmados de
Covid-19. De fato, observa-se um aumento gradativo da letalidade
no país, passando de cerca de 2,0% no final de 2020 para 3,1% na
última SE. Esse cenário é preocupante, já que indica que pode
estar havendo uma situação de desassistência a pacientes com
quadros graves de Covid-19. Esse indicador é calculado pela
proporção de casos que resultaram em óbitos por Covid-19. Os
valores elevados de letalidade revelam falhas no sistema de
atenção e vigilância em saúde, como a insuficiência de testes
diagnóstico, identificação de grupos vulneráveis e encaminhamen-
to de doentes graves. A letalidade segue elevada nos estados do
Rio de Janeiro (4,8%), Amazonas (3,8%) e Pará (4,1%).
Casos e óbitos por Covid-19
AC
AL AP
AM
BA CE
DF
ES
GO
MA
MT
MS
MG
PA
PB
PR
PE
PI
RJ
RN
RS
RO
RR SC
SP
SE
TO
0.5
1.0
1.5
2.0
20 40 60
Taxa de incidência de casos
Taxa
de
mortalidade
Observatorio
Covid−19
|
Fiocruz
MOBILIDADE URBANA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS
Considerando a média da circulação de pessoas em lojas, farmácias,
mercearias, parques, locais de recreação, estações de transporte e
locais de trabalho em relação a mediana de 3 de janeiro de 2020 a
6 de fevereiro de 2020. Dados do Google Mobility Report.
Cuiabá Goiânia Brasília
Rio de Janeiro São Paulo Curitiba Florianópolis Porto Alegre Campo Grande
Recife Maceió Aracaju Salvador Belo Horizonte Vitória
Palmas São Luís Teresina Fortaleza Natal João Pessoa
Porto Velho Rio Branco Manaus Boa Vista Belém Macapá
abr jul out jan abr abr jul out jan abr abr jul out jan abr
abr jul out jan abr abr jul out jan abr abr jul out jan abr
−50
0
50
−50
0
50
−50
0
50
−50
0
50
−50
0
50
Data
Percentual
11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021
Observatório Covid-19 P.4
Níveis de atividade e incidência de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG)
A incidência de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG)
encontra-se em níveis muito altos em todos os estados e no Distrito
Federal. Estes indicadores são superiores aos observados em sema-
nas anteriores em muitos estados e demonstram
a forte demanda imposta aos sistemas de saúde
nos estados. Unidades da Federação (UF) com
taxas muito elevadas, superiores a 20 casos por
100.000 habitantes, incluem Rio Grande do Sul
(25,6 casos/100 mil hab.), São Paulo (21,8
casos/100 mil hab.), Distrito Federal (24,8
casos/100 mil hab.) e Rondônia (22,3 casos/100
mil hab.). Muitos apresentam taxas superiores a
10 casos por 100 mil habitantes, como Roraima,
Amazonas, Pará, Tocantins, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Verifica-se tendência significativa de aumento
de casos em 16 UF, ao passo que o Infogripe aponta tendência de
redução em apenas 3 UF (PR, SC e AC), sendo que há macrorregi-
ões de saúde de Santa Catarina com aumento de casos. Mesmo no
restante dos estados, como o número de casos é muito alto, eventu-
ais estabilidades ainda não são desejáveis. Há também uma tendên-
cia bem significativa de aumento de casos de SRAG em todas as
capitais do Sudeste.
Portanto, permanece muito importante que gestores nos estados
e municípios promovam ações para a aumentar a capacidade de
atendimento nos sistemas de saúde, inclusive Atenção Primária em
Saúde, e também para diminuir o contágio e evitar maior intensidade
de transmissão. O monitoramento de Síndromes Respiratórias
Agudas Graves é realizado no sistema InfoGripe, mantido e desen-
volvido pelo Programa de Computação Científica (PROCC/Fiocruz)
com análises a partir das notificações de SRAG armazenadas na
base de dados Sivep-Gripe.
Nível Muito alto
NÍVEIS DE ATIVIDADE E INCIDÊNCIA DE SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS AGUDAS GRAVES (SRAG)
NÍVEL DE SRAG (E INCIDÊNCIA DE CASOS POR 100.000 HAB.)
Região UF Casos Taxa Nível
Norte Rondônia 22,3 Muito alto
Norte Acre 6,9 Muito alto
Norte Amazonas 11,5 Muito alto
Norte Roraima 12,5 Muito alto
Norte Pará 10,4 Muito alto
Norte Amapá 8,4 Muito alto
Norte Tocantins 13,1 Muito alto
Nordeste Maranhão 7,3 Muito alto
Nordeste Piauí 12,4 Muito alto
Nordeste Ceará 15,8 Muito alto
Nordeste Rio Grande do Norte 16,5 Muito alto
Nordeste Paraíba 13,9 Muito alto
Nordeste Pernambuco 9,1 Muito alto
Nordeste Alagoas 13,1 Muito alto
Nordeste Sergipe 14,4 Muito alto
Nordeste Bahia 7,8 Muito alto
Sudeste Minas Gerais 18,6 Muito alto
Sudeste Espírito Santo 8,2 Muito alto
Sudeste Rio de Janeiro 12,6 Muito alto
Sudeste São Paulo 21,8 Muito alto
Sul Paraná 15,2 Muito alto
Sul Santa Catarina 17,5 Muito alto
Sul Rio Grande do Sul 25,6 Muito alto
Centro-Oeste Mato Grosso do Sul 19,8 Muito alto
Centro-Oeste Mato Grosso 10,4 Muito alto
Centro-Oeste Goiás 18,6 Muito alto
Centro-Oeste Distrito Federal 24,8 Muito alto
22,3
6,9
11,5
12,5
10,4
8,4
13,1
7,3
12,4
15,8
16,5
13,9
9,1
13,1
14,4
7,8
18,6
8,2
12,6
21,8
15,2
17,5
25,6
19,8
10,4
18,6
24,8
RO
AC
AM
RR
PA
AP
TO
MA
PI
CE
RN
PB
PE
AL
SE
BA
MG
ES
RJ
SP
PR
SC
RS
MS
MT
GO
DF
Observatorio Covid−19 | Fiocruz
Observatorio
Covid−19
|
Fiocruz
11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021
TAXA DE OCUPAÇÃO (%) DE LEITOS DE UTI COVID-19 PARA ADULTOS
Observatório Covid-19 P.5
Mato Grosso do Sul Mato Grosso Goiás Distrito Federal
Rio de Janeiro (estado) Rio de Janeiro (capital) São Paulo Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul
Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia MinasGerais Espírito Santo
Tocantins Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte Paraíba
Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá
out jan abr out jan abr out jan abr out jan abr
out jan abr out jan abr
0
20
40
60
80
100
0
20
40
60
80
100
0
20
40
60
80
100
0
20
40
60
80
100
0
20
40
60
80
100
Data
Taxa
de
ocupação
(%)
11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021
Os dados relativos às taxas de ocupação de leitos de UTI
Covid-19 para adultos no SUS, obtidos no dia 22 de março de
2021, continuam apontando para um quadro extremamente crítico
no país, sublinhando-se a saída do estado do Amazonas da zona
crítica para a zona de alerta intermediário, com taxa de 79%, e,
em contraponto, a piora do indicador em alguns estados, com
destaque para os da região Sudeste. Na última semana, a taxa
cresceu em Minas Gerais de 85% para 93%, no Espírito Santo de
89% para 94%, no Rio de Janeiro de 79% para 85% e em São
Paulo de 89% para 92%.
Nas regiões Sul e Centro-Oeste, todos os estados e o Distrito
Federal mantiveram-se com taxas superiores a 96%, com registro
de valor superior a 100% no Mato Grosso do Sul (106%) - o que
indica, segundo os pesquisadores, o uso de leitos não habilitados
para Covid-19 no atendimento da demanda imposta ao sistema
de saúde pela doença. Na região Nordeste, Piauí (96%), Ceará
(97%), Rio Grande do Norte (96%) e Pernambuco (97%)
destacaram-se com as piores taxas de ocupação de leitos de UTI
Covid-19 para adultos. Com exceção de Paraíba, nos demais
estados as taxas estão entre 85% e 89%. Na Região Norte,
Rondônia (100%), Acre (94%) e Amapá (99%) apresentam taxas
superiores a 90%, e Pará (88%) e Tocantins (88%) apenas um
pouco abaixo do patamar.
Dezenove capitais estão com taxas de ocupação de leitos de
UTI Covid-19 para adultos iguais ou superiores a 90%: Porto
Velho (100%), Rio Branco (94%), Macapá (99%), São Luís (95%),
Teresina (99%), Fortaleza (96%), Natal (96%), João Pessoa
(93%), Aracajú (91%), Belo Horizonte (107%), Vitória (96%), São
Paulo (92%), %), Curitiba (100%), Florianópolis (98%), Porto
Alegre (103%), Campo Grande (106%), Cuiabá (99%), Goiânia
(98%) e Brasília (99%). Outras seis capitais estão com taxas supe-
riores a 80% e inferiores a 90%: Belém (88%), Palmas (88%),
Recife (88%), Maceió (89%), Salvador (87%) e Rio de Janeiro
(83%). Manaus, única cidade do estado a possuir leitos de UTI
Covid-19, ecoa a taxa do Amazonas (79%), enquanto Boa vista,
capital de Roraima, com um único hospital com 90 leitos de UTI
para adultos, apresenta a taxa de 64%.
Vinte e quatro estados e o Distrito Federal registram taxas
iguais ou superiores a 80%. Dezessete apresentam taxas
iguais ou superiores a 90%. Em relação às capitais, 25 estão
com taxas iguais ou superiores a 80 e 19 taxas iguais ou supe-
riores a 90%.
Os números elevados, de acordo com os pesquisadores do
Observatório, retratam o colapso do sistema de saúde para o
atendimento de pacientes que requerem cuidados complexos
para a Covid-19, além de prejuízos imensuráveis no atendimento
de pacientes que demandam cuidados em razão de outros
problemas de saúde Os cientistas ressaltam que medidas rigoro-
sas para o controle e prevenção da doença, que começam a ser
adotadas no país, são fundamentais para interromper a tendência
de descontrole da pandemia, mitigando efeitos sobre o sistema
de saúde e, especialmente, poupando vidas.
Leitos de UTI para COVID19
Observatorio Covid−19 | Fiocruz
Observatório Covid-19 P.6
11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021
A taxa de ocupação de leitos de UTI de Minas
Gerais inclui todos os leitos de UTI do SUS e não
somente os leitos de UTI Covid-19.
TAXA DE OCUPAÇÃO (%) DE LEITOS DE UTI COVID-19 PARA ADULTOS
100,0
90,0
79,0
64,0
87,0
94,0
90,0
89,0
96,0
97,0
96,0
83,0
97,0
85,0
85,0
87,0
93,0
94,0
85,0
92,0
96,0
99,0
97,0
106,0
99,0
99,0
99,0
RO
AC
AM
RR
PA
AP
TO
MA
PI
CE
RN
PB
PE
AL
SE
BA
MG
ES
RJ
SP
PR
SC
RS
MS
MT
GO
DF
Observatorio
Covid−19
|
Fiocruz
22/02/2021 01/03/2021 08/03/2021 15/03/2021 22/03/2021
07/12/2020 21/12/2020 04/01/2021 18/01/2021 01/02/2021
21/09/2020 05/10/2020 26/10/2020 09/11/2020 23/11/2020
17/07/2020 27/07/2020 10/08/2020 24/08/2020 07/09/2020
Alerta Baixo Médio Crítico
Observatório Covid-19 P.7
A distribuição da pandemia não é uniforme na população, em se
tratando da ocorrência por sexo e faixa etária. Já no final de 2020
(semana epidemiológica 46 de 2020), tem-se observado é uma
maior incidência e mortalidade entre homens como verificado nas
pirâmides etárias (figura 1). Essa concentração dos casos entre
homens é maior em faixas etárias mais jovens, quando comparados
aos casos entre mulheres. A respeito dos óbitos (figura 2), o
desequilíbrio para o sexo masculino é ainda maior. Finalmente, na
última semana epidemiológica (SE 11/2021), há uma redução dos
óbitos em crianças em relação às semanas anteriores, assim como
um aumento dos casos entre as faixas etárias de adultos jovens.
Este deslocamento de casos e óbitos sugere que a pandemia
ganha um novo contorno no Brasil, ficando mais rejuvenescida.
Recentemente, profissionais envolvidos com a assistência a
pacientes com Covid-19 têm relatado um aumento de procura de
pacientes jovens sintomáticos nos serviços de saúde. Esta tendên-
cia tem sido observada em muitos hospitais e regiões do país. Uma
análise preliminar dos dados mais recentes do SivepGripe sobre as
síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) no Brasil indica
que, nos primeiros meses de 2021, houve um aumento importante
de casos de Covid-19 nas faixas etárias de 20 a 29 anos, 30 a 39
anos e 40 a 49 anos. Este aumento foi maior que o observado nas
demais faixas etárias. Como consequência, a concentração de
casos nas idades mais avançadas tem se reduzido, se deslocando
para idades mais jovens.
O crescimento é notável. Ao comparar a primeira semana
epidemiológica do ano de 2021 e a semana epidemiológica 10,
observou-se aumento de casos em 316%. Contudo, as faixas
etárias de 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos aumentaram,
respectivamente, 565%, 626% e 525% (figura 1). Para os óbitos,
no entanto, essa relação é menos expressiva: o aumento nos
óbitos, para este mesmo período, foi de 223%. A faixa de 30 a 39
anos teve aumento de 353%; houve incremento de 419% para a
faixa de 40 a 49 anos e de 317% para a faixa de 50 a 59 anos. Para
os óbitos, o deslocamento é menos evidente.
É importante observar que a maior incidência nas idades mais
jovens e manutenção da mortalidade concentrada em idosos contri-
bui para o cenário crítico da ocupação dos leitos hospitalares. Por
se tratar de população com menos comorbidades – e, portanto, com
evolução mais lenta dos casos graves e fatais, frequentemente há
um maior tempo de permanência na internação em terapia intensi-
va. De fato, a média da idade de pacientes internados vem
diminuindo progressivamente. A média da idade dos casos na
semana 1 de 2021 foi de 62 anos e de óbitos foi de 71 anos. Os
dados mostram que na semana epidemiológica 10, os valores
foram 58 anos para casos novos e 66 anos para óbitos. Esta
tendência também vem sendo observada em outros países, sempre
que comparados os dados de primeira e segunda onda da pande-
mia. Embora os dados consolidados recentes ainda sejam incipien-
tes, o comportamento dos indicadores de casos e óbitos das
próximas semanas poderá verificar se o rejuvenescimento da
pandemia no Brasil será uma mudança sustentada no tempo.
As diferenças de incidência entre as faixas etárias também
implicam num compromisso intergeracional. Sendo a infecção
mais comum entre os jovens e os óbitos mais frequentes em mais
idosos e pessoas com doenças crônicas, uma geração deve procu-
rar proteger a outra, evitando o contágio de membros da família,
vizinhos, companheiros de trabalho e amigos.
Perfil demográfico de casos e óbitos
11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021
FIGURA 1. DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE SRAG COM COVID-19 SEGUNDO SEXO E FAIA ETÁRIA. BRASIL, 2020-2021
2021−08 2021−09 2021−10
2021−03 2021−04 2021−05 2021−06 2021−07
2020−51 2020−52 2020−53 2021−01 2021−02
2020−46 2020−47 2020−48 2020−49 2020−50
15% 10% 5% 0% 5% 10% 15%15% 10% 5% 0% 5% 10% 15%15% 10% 5% 0% 5% 10% 15%
15% 10% 5% 0% 5% 10% 15%15% 10% 5% 0% 5% 10% 15%
< 10 anos
10−20 anos
20−30 anos
30−40 anos
40−50 anos
50−60 anos
60−70 anos
70−80 anos
80−90 anos
90+ anos
NA
< 10 anos
10−20 anos
20−30 anos
30−40 anos
40−50 anos
50−60 anos
60−70 anos
70−80 anos
80−90 anos
90+ anos
NA
< 10 anos
10−20 anos
20−30 anos
30−40 anos
40−50 anos
50−60 anos
60−70 anos
70−80 anos
80−90 anos
90+ anos
NA
< 10 anos
10−20 anos
20−30 anos
30−40 anos
40−50 anos
50−60 anos
60−70 anos
70−80 anos
80−90 anos
90+ anos
NA
Fx.
Etária
Sexo
Feminino
Masculino
Observatorio Covid−19 | Fiocruz
Fonte: SIVEP-Gripe
Observatório Covid-19 P.8
11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021
FIGURA 3: CONCENTRAÇÃO DE CASOS E ÓBITOS DE COVID-19 NAS FAIXAS ETÁRIAS SEGUNDO SEMANA EPIDEMIOLÓGICA. BRASIL, 2021.
Faixa Etária
Semanas Epidemiológicas - 2021 Semanas Epidemiológicas 2021
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 a 9 anos
10 a 19 anos
20 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 a 69 anos
70 a 79 anos
80 a 89 anos
90 anos e +
Casos Óbitos
Menos casos Mais casos
Fonte: SIVEP-Gripe Observatorio Covid−19 | Fiocruz
FIGURA 2. DISTRIBUIÇÃO DOS ÓBITOS POR SRAG COM COVID-19 SEGUNDO SEXO E FAIA ETÁRIA. BRASIL, 2020-2021
2021−08 2021−09 2021−10
2021−03 2021−04 2021−05 2021−06 2021−07
2020−51 2020−52 2020−53 2021−01 2021−02
2020−46 2020−47 2020−48 2020−49 2020−50
20%
15%
10%5% 0% 5%10%
15%
20%20%
15%
10%5% 0% 5%10%
15%
20%20%
15%
10%5% 0% 5%10%
15%
20%
20%
15%
10%5% 0% 5%10%
15%
20%20%
15%
10%5% 0% 5%10%
15%
20%
< 10 anos
10−20 anos
20−30 anos
30−40 anos
40−50 anos
50−60 anos
60−70 anos
70−80 anos
80−90 anos
90+ anos
NA
< 10 anos
10−20 anos
20−30 anos
30−40 anos
40−50 anos
50−60 anos
60−70 anos
70−80 anos
80−90 anos
90+ anos
NA
< 10 anos
10−20 anos
20−30 anos
30−40 anos
40−50 anos
50−60 anos
60−70 anos
70−80 anos
80−90 anos
90+ anos
NA
< 10 anos
10−20 anos
20−30 anos
30−40 anos
40−50 anos
50−60 anos
60−70 anos
70−80 anos
80−90 anos
90+ anos
NA
Fx.
Etária
Sexo
Feminino
Masculino
Observatorio Covid−19 | Fiocruz
Fonte: SIVEP-Gripe
Observatório Covid-19 P.9
11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021
VACINAÇÃO NAS UFs
6,9
1,9
7,3
2,2
14,4
4,2
6,9
2,6
10,2
2,7
7,6
2,8
9,7
3,0
7,6
2,5
6,6
2,1
5,7
1,9
6,5
2,6
11,0
4,2
5,5
2,3
5,1
1,5
9,3
2,5
7,6
2,7
6,4
1,9
6,9
2,2
6,7
2,4
7,1
2,3
5,4
2,2
8,0
3,8
9,5
3,1
7,0
2,1
6,8
2,1
10,5
3,6
5,7
2,8
8,2
2,8
Distrito Federal
Goiás
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Paraná
São Paulo
Rio de Janeiro
Espírito Santo
Minas Gerais
Bahia
Sergipe
Alagoas
Pernambuco
Paraíba
Rio Grande do Norte
Ceará
Piauí
Maranhão
Tocantins
Amapá
Pará
Roraima
Amazonas
Acre
Rondônia
Brasil
0 15 30 50 70 85 100
Percentual da população acima de 18 anos
Dose 1a dose 2a dose
Observatorio
Covid−19
|
Fiocruz
A vacinação no Brasil segue avançando à medida que as doses são
disponibilizadas. O país já vacinou 8,2% da população com a primeira dose e
2,8% com a segunda dose. O estado do Amazonas é o mais avançado em
termosdeimunizaçãocom14,4%desuapopulaçãocomaomenosumadose
davacina,seguidodapopulaçãodoestadodeMatoGrossodoSul(11%),São
Paulo (10,5%), Bahia (10,2%). O estado do Pará apresenta o menor percentu-
al de vacinados com 5,1%. Com relação a segunda dose o Amazonas e do
Mato Grosso do Sul já vacinaram 4,2% da população, e um destaque
importante para o estado de Roraima, que embora só tenha vacinado 8% da
população com a primeira dose já vacinou 3,8% com a segunda dose.
Das doses distribuídas pelo ministério as Unidades da Federação
88,3% já foram distribuídas aos municípios segundo informações do
governo federal (https://viz.saude.gov.br/extensions/DEMAS_C19VAC_Distr/
DEMAS_C19VAC_Distr.html). Segundo os dados do Ministério da Saúde, o
estado de Roraima ainda não distribuiu aos seus municípios mais de 50%
das doses repassadas ao estado. É importante disponibilizar recursos de
logística a estados que apresentem dificuldade no repasse das doses.
A velocidade de aquisição e fabricação de doses, assim como a
logística de repasse de doses até as unidades de saúde que farão a
aplicação das doses, apresenta relação com a velocidade de imunização
esperada. Nesse sentido, as atribuições do governo federal na aquisição
dos imunizantes, a atribuição dos estados na distribuição das doses e a
atribuição dos municípios na velocidade de aplicação, devem ser ajusta-
dos de forma síncrona seguindo as orientações do PNI que devem ser
mais objetivas sobre esses processos e com planejamento de médio
prazo e cumprimento de metas o que pode acelerar todo esse processo.
RESUMO DE DOSES DISTRIBUÍDAS AOS ESTADOS E REPASSADAS AOS MUNICÍPIOS. BRASIL, 2021
DOSES DISTRIBUÍDAS DO
MIN. DA SAÚDE AOS ESTADOS
DOSES DISTRIBUÍDAS DOS
ESTADOS AO MUNICÍPIOS
DIFERENÇA PERCENTUAL
DE REPASSE
UF
TOTAIS 30.636.866 27.063.866 3.573.000 88,3%
AC 132.520 111.156 21.364 83,9%
AL 409.660 331.747 77.913 81,0%
AM 1.034.820 878.735 156.085 84,9%
AP 91.650 76.040 15.610 83,0%
BA 2.039.600 1.815.280 224.320 89,0%
CE 1.175.250 1.084.997 90.253 92,3%
DF 402.610 448.410 -45.800 111,4%
ES 535.720 527.905 7.815 98,5%
GO 847.780 969.638 -121.858 114,4%
MA 845.690 599.792 245.898 70,9%
MG 3.159.730 2.736.973 422.757 86,6%
MS 420.310 425.152 -4.842 101,2%
MT 393.060 353.306 39.754 89,9%
PA 946.040 910.460 35.580 96,2%
PB 579.730 557.923 21.807 96,2%
PE 1.438.880 1.148.756 290.124 79,8%
PI 392.080 342.217 49.863 87,3%
PR 1.500.450 1.399.358 101.092 93,3%
RJ 2.718.230 2.714.240 3.990 99,9%
RN 470.540 287.019 183.521 61,0%
RO 166.808 164.890 1.918 98,9%
RR 127.360 53.641 73.719 42,1%
RS 1.926.450 1.927.522 -1.072 100,1%
SC 877.590 836.942 40.648 95,4%
SE 271.930 251.752 20.178 92,6%
SP 7.538.728 5.927.921 1.610.807 78,6%
TO 193.650 182.094 11.556 94,0%
Observatório Covid-19 P.10
11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021
Organizamos as medidas a serem adotadas em dois grupos
interconectados. No primeiro grupo as medidas urgentes, que
envolvem a contenção das taxas de transmissão e crescimento de
casos através de medidas de bloqueio ou lockdown (pé no freio),
acompanhadas de respostas na ampliação da oferta de leitos com
qualidade e segurança, bem como prevenção do desabasteci-
mento de medicamentos e insumos. No segundo grupo as medi-
das de mitigação, com o objetivo reduzir a velocidade da propaga-
ção (redução da velocidade). Estas medidas deverão ser combi-
nadas em diferentes momentos e a depender da evolução da
pandemia no país até que tenhamos 70% da população vacinada.
Medidas de contenção
Medidas urgentes de contenção para evitar
agravamento do colapso do sistema de saúde
Bloqueio (lockdown) com restrição da circulação e de todos os
serviços não-essenciais nas regiões de saúde e/ou regiões metro-
politanas que estiverem nos limites de suas capacidades, com
85% ou mais dos leitos hospitalares para casos críticos e graves
de Covid-19 ocupados.
Estas medidas envolvem a restrição das atividades não essen-
ciais por cerca de 14 dias, tempo mínimo necessário para redução
significativa das taxas de transmissão e número de casos (em
torno de 40%) e redução das pressões sobre o sistema de saúde:
A proibição de eventos presenciais como shows, congressos,
atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território
nacional;
A suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da
educação do país;
O toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da
manhã e durante os finais de semana;
O fechamento das praias e bares;
A adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no
setor público quanto no privado;
A instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais,
considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte
interestadual;
A adoção de medidas para redução da superlotação nos trans-
portes coletivos urbanos.
No Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz
de 16 de março detalhamos diversos aspectos com base na literatu-
ra internacional, destacando que é a combinação das medidas de
restrição das atividades não essenciais que produz impacto na
redução da transmissão, casos e óbitos, e não apenas uma ou
somente algumas das mesmas adotadas de modo parcial. Com o
objetivo de subsidiar também com experiências nacionais, incluímos
um box contendo os resultados do lockdown no município de Arara-
quara, que demonstra a necessidade de um tempo maior que 10 dias
para uma redução expressiva e a combinação de medidas rigorosas.
No Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19
Fiocruz de 23 de março apresentamos orientações para prepara-
ção da adoção de medidas de bloqueio, principalmente no que se
relaciona aos cuidados e serviços de saúde.
Medidas de resposta
Medidas para adequação de oferta de leitos,
quantitativo de profissionais e condições de trabalho
A ampliação do número de leitos em espaços físicos e com
instalações adequadas deve ser acompanhada da contratação e
capacitação de equipes, adoção de protocolos atualizados para
manejo clínico dos pacientes, garantia de equipamentos e insumos
em número suficiente. Equipes da gestão da qualidade e dos núcle-
os de segurança do paciente devem apoiar o trabalho dos profissio-
nais e orientá-los quanto às medidas de proteção no trabalho e às
boas práticas para a segurança do paciente, de modo a reduzir
também a mortalidade hospitalar de internações por Covid-19.
Medidas de gestão de medicamentos
e insumos evitando desabastecimento
Gestores de todos os níveis devem atualizar diariamente o
painel de estoque de medicamentos de interesse para o enfrenta-
mento da Covid 19 – anestésicos, sedativos, bloqueadores neuro-
musculares entre outros. Outros medicamentos críticos para
condições crônicas também devem ser monitorados para que não
haja desabastecimento.
A aquisição de medicamentos deve ser providenciada com
antecedência, acompanhando a velocidade de transmissão da
doença, para obter estimativas mais aproximadas das necessida-
des futuras. Remanejamento de estoques também podem ser
viabilizados entre hospitais e mesmo municípios.
Medidas de mitigação
Medidas de mitigação para reduzir velocidade
da propagação e manter a demanda por
serviços de saúde em níveis seguros3
Medidas de mitigação devem ser combinadas e adotadas logo
após as de bloqueio com o objetivo reduzir a velocidade da propa-
gação. Destacamos algumas das mesmas já apontadas em
boletins anteriores.
Ampliar a disponibilidade e o uso de Máscaras, tendo
como meta que pelo menos 80% ou mais da população utilize
as mesmas de modo adequado. Campanhas de distribuição
gratuita de máscaras de pano multicamadas em áreas e pontos de
maior concentração populacional e baixo percentual de uso,
combinadas com campanhas governamentais e
não-governamentais sobre a importância e modo correto do se
utilizar devem fazer parte desta estratégia.
Combinar legislações e decretos com campanhas que
ampliem e fortaleçam as medidas de distanciamento físico e
social, o que envolve: criar e/ou manter condições para o trabalho
remoto; a manutenção de distância mínima de 1 metro em todos
os ambientes (dobrar a distância para 2 metros reduz em metade
o risco de infecção); evitar que os ambientes fiquem fechados e
procurar tornar os ambientes ventilados, abrindo as janelas e
portas, ou realizar atividades que demandam maior tempo em
ambientes abertos; evitar eventos que produzam aglomerações;
reduzir o tempo de exposição nas ruas e, principalmente, nos
locais fechados; estimular a higienização das mãos, oferecendo a
estrutura adequada.
Medidas de contenção, resposta e mitigação combinadas
Resultados preliminares
do lockdown em Arara-
quara – um bom exemplo1
Araraquara é um município do estado de São Paulo que possui
população estimada em 2020 pelo IBGE de 238.339 habitantes. No
mês de fevereiro o número de casos era alto e seu sistema de saúde
se encontrava em crise. No dia 21 de fevereiro foi decretado o lockdo-
wn, com resultados positivos que demandaram mais de 14 dias.
A média móvel de casos era de 189 no dia 21 de fevereiro,
quando foi decretado o lockdown reduzindo em cerca de:
• 16% em 10 dias (189 para 160)
• 26% em 15 dias (189 para 140)
• 40% em 17 dias (189 para 108)
• 58% em 29 dias (189 para 80)
O total de pessoas contaminadas em quarentena reduziu em
42% depois de 17 dias, passando de 1.512, no dia 21 de fevereiro,
para 635, em 10 de março.
E para os pacientes internados com Covid-19, em hospitais
públicos e privados, 5 dias após o lockdown ainda foi observada
elevação de 12% (passando de 218, em 21 de fevereiro, para 247,
no dia 26), uma vez que os casos graves e críticos já tinham sido
infectados nos dias anteriores. Ao longo de 17 dias houve redução
de 19%, passando para 177 pacientes. Como o tempo de perma-
nência em UTI dos pacientes internados apresenta variação (entre 3
-15 dias2
), os dados demonstram que, mesmo com a redução de
casos, não há imediata redução de pacientes internados, de modo
que a saída da zona de alerta crítica pode demandar, por vezes,
mais dias além dos 14 iniciais previstos.
EXPEDIENTE | Boletim Observatório Covid-19 é uma publicação do Observatório Covid-19 /Fiocruz.
Presidente: Nísia Trindade Lima • Chefe de Gabinete: Valcler Rangel Fernandes • Observatório Covid-19: Carlos Machado de Freitas, Christovam Barcellos, Daniel
Antunes Maciel Villela, Gustavo Corrêa Matta, Lenice Costa Reis, Margareth Crisóstomo Portela, Diego Ricardo Xavier, Raphael Guimarães • Coordenação de
Comunicação Social - Coordenação: Elisa Andries • Edição e Revisão: Regina Castro e Ricardo Valverde • Projeto Gráfico e Arte: Airton Santos e Guto Mesquita •
Gráficos/Visualização de dados: Raphael de Freitas Saldanha • Colaboradora: Isadora Vida Mefano
1. Apresentação Análise sobre resultados preliminares do lockdown em Araraquara. Prefeitura Municipal de Araraquara. Disponível em:
https://fpabramo.org.br/observabr/2021/03/12/analise-sobre-resultados-preliminares-do-lockdown-em-araraquara/ / Folha de São Paulo. Araraquara
vê queda de mortes e casos por Covid-19 após lockdown, mas cenário ainda preocupa. 24 de março de 2021. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/03/araraquara-ve-queda-de-mortes-e-casos-por-covid-19-apos-lockdown-mas-cenario-ainda-preo
cupa.shtml?origin=uol
2. Ranzani OT et al. Characterisation of the first 250 000 hospital admissions for COVID-19 in Brazil: a retrospective analysis of nationwide data. The Lancet
Respiratory Medicine, n. 20, p. 1-12, 2021.
3. Boa parte das medidas propostas constituem uma síntese do Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19 semanas 48 e 49, disponível em:
https://portal.fiocruz.br/noticia/boletim-do-observatorio-fiocruz-covid-19-tem-nova-edicao
4. Barreto ICHC. e col. Colapso na Saúde em Manaus: o fardo de não aderir às medidas não farmacológicas de redução da transmissão da COVID-19.
https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.1862
Observatório Covid-19 P.11
11
SEMANAS
EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março
de 2021
Com o objetivo de subsidiar também com experiências nacio-
nais, incluímos um box comparando a adoção de medidas de
distanciamento social em duas capitais (Manaus e Fortaleza),
que demonstra a necessidade de medidas legais combinadas
com um monitoramento contínuo, de modo que os processos de
abertura e flexibilização sejam baseados em critérios técnicos e
dados do monitoramento da pandemia.
Ampliar as ações de saúde da Atenção
Primária em Saúde (APS) com abordagem
territorial e comunitária
A APS, em especial a Estratégia de Saúde da Família, no
âmbito da gestão das secretarias municipais de saúde, possui um
papel fundamental nas ações de contenção e mitigação. As
equipes da Atenção Primária cobrem mais de 75% da população
do país e as 44 mil equipes de Saúde da Família (ESF), envolven-
do 260 mil Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que assistem
cerca de 64% da população. Os municípios com maior cobertura
da APS possuem um importante e precioso recurso que deve ser
fortalecido e ampliado em termos das seguintes ações:
Vigilância de saúde, com ampliação da testagem e acompa-
nhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e
monitoramento dos contatos, bem como busca ativa de casos
suspeitos para diagnósticos, principalmente nos municípios que
possuam baixa capacidade laboratorial instalada. Estas ações
são fundamentais para isolar casos e suspeitos, bem como para
instituir a quarentena dos contatos, reduzindo a circulação de
pessoas infectadas e exposição das pessoas, principalmente as
que possuem fatores de riscos, como: idade igual ou superior a
60 anos; fumantes; obesos; problemas cardíacos e respiratórios;
hipertensão; doenças renais; diabéticos; neoplasia maligna;
anemias; grávidas.
Identificação de grupos de risco, os profissionais de ESF e
gestores de saúde locais possuem acesso a dados de pessoas
com doenças crônicas (como as diabetes, hipertensão e Aids),
bem como gestantes de risco, que podem ter seus quadros
clínicos agravados se perderem o vínculo com a atenção e o
acesso a medicamentos e apresentarem condições de maior
vulnerabilidade no caso de infecção pelo vírus da Covid-19. Esse
cadastro deve ser permanentemente atualizado e usado para o
rastreamento de grupos de risco.
Cuidado individual dos casos suspeitos e casos não
graves de Covid-19, de modo que APS possa ser organizada e
fortalecida no seu papel de reduzir ao máximo o número de casos
que podem evoluir para os quadros críticos e graves e demandar
internações, através do acompanhamento precoce e contínuo
dos casos confirmados e suspeitos, bem como dos contatos.
Continuidade dos cuidados ofertados pela APS, criando
condições para preservar as atividades de rotina de cuidados em
saúde, mantendo as UBS de portas abertas, ainda que com
redução dos atendimentos presenciais e/ou visitas domiciliares,
com áreas de atendimento separadas para pacientes suspeitos
de Síndromes de Respiratória Aguda Grave (SRAG) e para
outros pacientes, e incrementar o atendimento à distância
(contatos por telefone, tele consultas, entre outros), são medidas
fundamentais para reduzir a evolução para quadros críticos e
graves, a sobrecarga dos profissionais de saúde e dos hospitais,
e o aumento do número de óbitos por Covid-19 e outras doen-
ças, assim como a transmissão dentro dos serviços de saúde.
Identificação de situações de vulnerabilidade social, espe-
cialmente aquelas decorrentes da pobreza, saúde mental, violên-
cia, entre outras; bem como o desenvolvimento de ações de
educação em saúde para a prevenção descrita anteriormente, e
de apoio ao isolamento e quarentena domiciliar, bem como ações
de proteção social e assistência social que reduzam a fome e a
insegurança alimentar.
Ação comunitária e apoio social a grupos vulneráveis,
envolvendo equipes de APS, com especial destaque para os ACS,
em interação com lideranças, instituições e organizações locais,
podem contribuir não somente para identificar e mapear os usuá-
rios e famílias de maior risco para Covid-19 (idosos, pacientes
com doenças crônicas, pessoas em extrema pobreza ou com
insegurança alimentar), como também reforçar e apoiar as medi-
das de prevenção, como integrar redes sociais locais para apoio
na inscrição em programas sociais, na distribuição de cestas
básicas e outras ações que possibilitem que as pessoas mante-
nham o isolamento e a quarentena, reduzindo a circulação e
exposição de pessoas aos riscos de infecção.
Comparando Adoção
de Medidas de
Distanciamento Social
em Manaus e Fortaleza
Estudo publicado em fevereiro de 20214
, envolvendo análise
comparativa do comportamento da Covid-19 em Manaus e Fortaleza,
dois epicentros da pandemia em 2020, combinou a análise das
medidas legais dos governos locais, níveis de isolamento social,
medidos através de Índice de Permanência Domiciliar (IPD), incidên-
cia de casos Covid-19 e número de óbitos de março/2020 a
janeiro/2021 nas duas capitais.
Após a publicação das primeiras medidas de contenção, em
março de 2020, o IPD mostrou crescimento expressivo em ambas as
capitais, indicando maior isolamento social. No entanto, em Manaus,
o isolamento social foi bem menor e se manteve por um período mais
curto, passando a apresentar valores negativos a partir de agosto,
indicando que a população permanecia mais tempo na rua do que em
casa. No estado do Amazonas as aberturas foram autorizadas entre
1° e 15 de junho, ainda em plena epidemia em Manaus, tanto do
ponto de vista da incidência, quanto dos óbitos por COVID-19. Já em
Fortaleza, a permanência domiciliar foi bem maior e decaiu lentamen-
te, mesmo após os Decretos de abertura em julho e agosto, permane-
cendo em valores mais baixos, mas ainda positivos, até o final de
novembro de 2020. Em Fortaleza, as aberturas foram autorizadas a
partir de 11 de julho, quando já havia tendência de queda tanto na
incidência de casos como nos óbitos por COVID-19.
Este estudo vai na mesma direção de outros que indicam que
as medidas legais e governamentais são importantes, mas isolada-
mente não produzem os efeitos desejados se não forem combinadas
com outras estratégias de saúde pública que fortaleçam as medidas
de distanciamento físico e social, como campanhas sobre as mesmas
e o uso de máscaras. Também aponta para os custos de medidas
adotadas parcialmente e/ou flexibilizações precoces em contextos de
elevadas taxas de transmissão, casos e óbitos.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Boletim covid 2021-semanas_10-11-red

NAPP-Saúde e SNS-PT_sobre o fim da pandemia.pdf
NAPP-Saúde e SNS-PT_sobre o fim da pandemia.pdfNAPP-Saúde e SNS-PT_sobre o fim da pandemia.pdf
NAPP-Saúde e SNS-PT_sobre o fim da pandemia.pdfComunicaoPT
 
“LOCKDOWN” TOTAL NO BRASIL E IMPEACHMENT DE BOLSONARO PARA SUSTAR O AVANÇO DA...
“LOCKDOWN” TOTAL NO BRASIL E IMPEACHMENT DE BOLSONARO PARA SUSTAR O AVANÇO DA...“LOCKDOWN” TOTAL NO BRASIL E IMPEACHMENT DE BOLSONARO PARA SUSTAR O AVANÇO DA...
“LOCKDOWN” TOTAL NO BRASIL E IMPEACHMENT DE BOLSONARO PARA SUSTAR O AVANÇO DA...Fernando Alcoforado
 
Manifesto da frente pela vida ao supremo tribunal federal e ao congresso naci...
Manifesto da frente pela vida ao supremo tribunal federal e ao congresso naci...Manifesto da frente pela vida ao supremo tribunal federal e ao congresso naci...
Manifesto da frente pela vida ao supremo tribunal federal e ao congresso naci...Marcus Capellini
 
Dengue tendências e mudanças na epidemiologia, com ênfase nas epidemias de ...
Dengue   tendências e mudanças na epidemiologia, com ênfase nas epidemias de ...Dengue   tendências e mudanças na epidemiologia, com ênfase nas epidemias de ...
Dengue tendências e mudanças na epidemiologia, com ênfase nas epidemias de ...adrianomedico
 
doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf
doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdfdoencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf
doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdfbrunaoliveira480208
 
Mortes evitaveis por_covid-19_no_brasil_para_internet_1
Mortes evitaveis por_covid-19_no_brasil_para_internet_1Mortes evitaveis por_covid-19_no_brasil_para_internet_1
Mortes evitaveis por_covid-19_no_brasil_para_internet_1Editora 247
 
Consenso sbi spi sbmt paracococcidiodomicose
Consenso sbi spi sbmt paracococcidiodomicoseConsenso sbi spi sbmt paracococcidiodomicose
Consenso sbi spi sbmt paracococcidiodomicoseArquivo-FClinico
 
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, MARÇO 2021
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, MARÇO 2021GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, MARÇO 2021
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, MARÇO 2021Adilson Moreira
 
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, EDIÇÃO MARÇO 2021
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, EDIÇÃO MARÇO 2021GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, EDIÇÃO MARÇO 2021
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, EDIÇÃO MARÇO 2021Gazeta Santa Cândida
 
Analise termino fase aguda covid 19
Analise termino fase aguda covid 19Analise termino fase aguda covid 19
Analise termino fase aguda covid 19gisa_legal
 
Análise de término da fase aguda do COVID-19
Análise de término da fase aguda do COVID-19Análise de término da fase aguda do COVID-19
Análise de término da fase aguda do COVID-19Wellington Nascimento
 
Covid-19: impactos no agro brasileiro - 25/03
Covid-19: impactos no agro brasileiro - 25/03Covid-19: impactos no agro brasileiro - 25/03
Covid-19: impactos no agro brasileiro - 25/03LuisRobertoToledo
 
Entrevista Hepatite C Diario Serra Botucatu Jun 2015
Entrevista Hepatite C Diario Serra Botucatu Jun 2015Entrevista Hepatite C Diario Serra Botucatu Jun 2015
Entrevista Hepatite C Diario Serra Botucatu Jun 2015Alexandre Naime Barbosa
 
Apostila_Dengue_Núcleo Telessaúde SC UFSC.pptx.pdf
Apostila_Dengue_Núcleo Telessaúde SC UFSC.pptx.pdfApostila_Dengue_Núcleo Telessaúde SC UFSC.pptx.pdf
Apostila_Dengue_Núcleo Telessaúde SC UFSC.pptx.pdfAdrieneDelduck
 
Boletim epidemiológico da Tuberculose no Brasil.
Boletim epidemiológico da Tuberculose no Brasil.Boletim epidemiológico da Tuberculose no Brasil.
Boletim epidemiológico da Tuberculose no Brasil.Ministério da Saúde
 

Semelhante a Boletim covid 2021-semanas_10-11-red (20)

NAPP-Saúde e SNS-PT_sobre o fim da pandemia.pdf
NAPP-Saúde e SNS-PT_sobre o fim da pandemia.pdfNAPP-Saúde e SNS-PT_sobre o fim da pandemia.pdf
NAPP-Saúde e SNS-PT_sobre o fim da pandemia.pdf
 
Quarentena
QuarentenaQuarentena
Quarentena
 
“LOCKDOWN” TOTAL NO BRASIL E IMPEACHMENT DE BOLSONARO PARA SUSTAR O AVANÇO DA...
“LOCKDOWN” TOTAL NO BRASIL E IMPEACHMENT DE BOLSONARO PARA SUSTAR O AVANÇO DA...“LOCKDOWN” TOTAL NO BRASIL E IMPEACHMENT DE BOLSONARO PARA SUSTAR O AVANÇO DA...
“LOCKDOWN” TOTAL NO BRASIL E IMPEACHMENT DE BOLSONARO PARA SUSTAR O AVANÇO DA...
 
Cogos
CogosCogos
Cogos
 
Manifesto da frente pela vida ao supremo tribunal federal e ao congresso naci...
Manifesto da frente pela vida ao supremo tribunal federal e ao congresso naci...Manifesto da frente pela vida ao supremo tribunal federal e ao congresso naci...
Manifesto da frente pela vida ao supremo tribunal federal e ao congresso naci...
 
Dengue tendências e mudanças na epidemiologia, com ênfase nas epidemias de ...
Dengue   tendências e mudanças na epidemiologia, com ênfase nas epidemias de ...Dengue   tendências e mudanças na epidemiologia, com ênfase nas epidemias de ...
Dengue tendências e mudanças na epidemiologia, com ênfase nas epidemias de ...
 
Sociedade de Pediatria do DF: Covid-19, aspectos epidemiológicos e retorno às...
Sociedade de Pediatria do DF: Covid-19, aspectos epidemiológicos e retorno às...Sociedade de Pediatria do DF: Covid-19, aspectos epidemiológicos e retorno às...
Sociedade de Pediatria do DF: Covid-19, aspectos epidemiológicos e retorno às...
 
doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf
doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdfdoencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf
doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf
 
Mortes evitaveis por_covid-19_no_brasil_para_internet_1
Mortes evitaveis por_covid-19_no_brasil_para_internet_1Mortes evitaveis por_covid-19_no_brasil_para_internet_1
Mortes evitaveis por_covid-19_no_brasil_para_internet_1
 
Consenso sbi spi sbmt paracococcidiodomicose
Consenso sbi spi sbmt paracococcidiodomicoseConsenso sbi spi sbmt paracococcidiodomicose
Consenso sbi spi sbmt paracococcidiodomicose
 
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, MARÇO 2021
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, MARÇO 2021GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, MARÇO 2021
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, MARÇO 2021
 
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, EDIÇÃO MARÇO 2021
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, EDIÇÃO MARÇO 2021GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, EDIÇÃO MARÇO 2021
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, EDIÇÃO MARÇO 2021
 
Analise termino fase aguda covid 19
Analise termino fase aguda covid 19Analise termino fase aguda covid 19
Analise termino fase aguda covid 19
 
Análise de término da fase aguda do COVID-19
Análise de término da fase aguda do COVID-19Análise de término da fase aguda do COVID-19
Análise de término da fase aguda do COVID-19
 
Bloco iii texto b
Bloco iii   texto bBloco iii   texto b
Bloco iii texto b
 
Covid-19: impactos no agro brasileiro - 25/03
Covid-19: impactos no agro brasileiro - 25/03Covid-19: impactos no agro brasileiro - 25/03
Covid-19: impactos no agro brasileiro - 25/03
 
Entrevista Hepatite C Diario Serra Botucatu Jun 2015
Entrevista Hepatite C Diario Serra Botucatu Jun 2015Entrevista Hepatite C Diario Serra Botucatu Jun 2015
Entrevista Hepatite C Diario Serra Botucatu Jun 2015
 
Apostila_Dengue_Núcleo Telessaúde SC UFSC.pptx.pdf
Apostila_Dengue_Núcleo Telessaúde SC UFSC.pptx.pdfApostila_Dengue_Núcleo Telessaúde SC UFSC.pptx.pdf
Apostila_Dengue_Núcleo Telessaúde SC UFSC.pptx.pdf
 
Boletim epidemiológico da Tuberculose no Brasil.
Boletim epidemiológico da Tuberculose no Brasil.Boletim epidemiológico da Tuberculose no Brasil.
Boletim epidemiológico da Tuberculose no Brasil.
 
Saude brasil2004 capitulo6
Saude brasil2004 capitulo6Saude brasil2004 capitulo6
Saude brasil2004 capitulo6
 

Mais de Luiz Carlos Azenha (20)

Impeachment de Alexandre de Moraes
Impeachment de Alexandre de MoraesImpeachment de Alexandre de Moraes
Impeachment de Alexandre de Moraes
 
Prisão de Jefferson
Prisão de JeffersonPrisão de Jefferson
Prisão de Jefferson
 
TV Brasil
TV BrasilTV Brasil
TV Brasil
 
Pesquisa Bolsonaro
Pesquisa BolsonaroPesquisa Bolsonaro
Pesquisa Bolsonaro
 
MP aciona organizadores
MP aciona organizadoresMP aciona organizadores
MP aciona organizadores
 
Segunda parte
Segunda parteSegunda parte
Segunda parte
 
DOI-CODI
DOI-CODIDOI-CODI
DOI-CODI
 
Representacao copa america
Representacao copa americaRepresentacao copa america
Representacao copa america
 
Cepedisa usp-linha-do-tempo-maio-2021 v2
Cepedisa usp-linha-do-tempo-maio-2021 v2Cepedisa usp-linha-do-tempo-maio-2021 v2
Cepedisa usp-linha-do-tempo-maio-2021 v2
 
Palestras Lula
Palestras LulaPalestras Lula
Palestras Lula
 
Integra denuncia-pgr-deputado-daniel
Integra denuncia-pgr-deputado-danielIntegra denuncia-pgr-deputado-daniel
Integra denuncia-pgr-deputado-daniel
 
Impactos lavajatoeconomia
Impactos lavajatoeconomiaImpactos lavajatoeconomia
Impactos lavajatoeconomia
 
Carta aberta-aos-participantes-da-cupula-de-lideres-sobre-o-clima
Carta aberta-aos-participantes-da-cupula-de-lideres-sobre-o-climaCarta aberta-aos-participantes-da-cupula-de-lideres-sobre-o-clima
Carta aberta-aos-participantes-da-cupula-de-lideres-sobre-o-clima
 
Plano de vacinação
Plano de vacinaçãoPlano de vacinação
Plano de vacinação
 
Propaganda
PropagandaPropaganda
Propaganda
 
Sorocaba
SorocabaSorocaba
Sorocaba
 
16 case of_hauschildt_v._denmark
16 case of_hauschildt_v._denmark16 case of_hauschildt_v._denmark
16 case of_hauschildt_v._denmark
 
Sorocaba
SorocabaSorocaba
Sorocaba
 
Peticao0014 210413180413
Peticao0014 210413180413Peticao0014 210413180413
Peticao0014 210413180413
 
Peca 106-hc-164493 020420213158
Peca 106-hc-164493 020420213158Peca 106-hc-164493 020420213158
Peca 106-hc-164493 020420213158
 

Boletim covid 2021-semanas_10-11-red

  • 1. Observatório Covid-19 e 10 11 de 7 a 20 de março de 2021 onfirmando alertas emitidos em boletins anteriores do Observatório Covid-19 da Fiocruz, se observa uma acelera- ção da transmissão da doença e suas consequências sobre todo o sistema de saúde nas últimas duas semanas epidemiológicas (11 a 20 de março de 2021). Ao contrário de outros momentos da epidemia de Covid-19, há reservas limitadas de recursos hospitala- res, equipamentos, medicamentos, insumos e disponibilidade de profissionais de saúde que poderiam ser acionados, já que o aumen- to da demanda por serviços ocorre simultaneamente em diversos municípios e estados. Se o colapso do sistema de saúde demanda medidas urgentes, importante ressaltar também que estamos lidando com mudanças importantes no perfil da pandemia no Brasil. Há um gradativo aumento da ocorrência O número de casos, hospitalizações e mortes entre pessoas com menos de 60 anos cresce mais rápido do que em idosos. O risco, portanto, para incidência e mortalidade vem aumentando gradativamente para quem não é idoso e é, via de regra, saudável. No que se relaciona ao colapso do sistema de saúde, importante observar que foi produzido ao longo de vários meses, refletindo os modos de organização para o enfrentamento da pandemia no país, nos estados e nos municípios e a falta de coordenação entre os diversos níveis. Diversos elementos integram este colapso, sendo estes: Diversos cenários favorecendo altas taxas de transmissão do vírus SARS-CoV-2, com longo período de adoção parcial e limitada das medidas de distanciamento físico e social, além de baixa adesão ao uso de máscaras. Estes cenários contribuem para o surgimento de novas variantes de preocupação, potencialmente mais transmissíveis, o que resulta em um ciclo vicioso de grande circulação de pessoas e aglomerações > aumento da transmissão > surgimento de varian- tes de preocupação > aumento da transmissão. Contínuo crescimento de casos no Brasil a partir da segunda semana de novembro de 2020 (semana epidemiológica 46), quando começam a eclodir em diferentes estados e capitais, e por diferentes períodos, situações localizadas de crise nos sistemas de saúde. O estado do Amazonas e sua capital, Manaus, vivenciaram a evolução da crise para o colapso do sistema de saúde, sobrecarregado pela combinação entre o crescimento da demanda para atendimento de casos críticos e graves e pelas limitações na oferta de leitos UTI Covid-19 e o déficit de insumos básicos, como oxigênio. Crescimento dos casos resultou na elevação da taxa de ocupação de leitos UTI para o tratamento da doença e no cresci- mento dos óbitos por Covid-19 em alguns estados e municípios. Comparando com todos os países que tiveram mais de 100 mil óbitos por Covid-19 durante a pandemia (EUA, México, Índia, Reino Unido e Itália), o Brasil é o único país que neste momento ainda apresenta tendência crescente e contínua. Os demais passaram a apresentar quedas nos números diários de óbitos a partir de janeiro de 2021. C Ao longo da pandemia tivemos variações nas taxas de ocupação de leitos UTI Covid-19, sendo localizadas em alguns estados e capitais as crises e/ou colapso dos sistemas de saúde que duravam por algumas semanas. O que muda a partir de março deste ano é termos a maior parte dos estados e capitais simultaneamente na zona de alerta crítica, indicando uma grave crise nacional e colapso de nosso sistema de saúde, exigindo medidas coordenadas nos diferentes níveis de governo e articuladas entre estados e municí- pios, principalmente considerando regiões metropolitanas e regiões de saúde de modo integrado. O colapso do sistema de saúde combina diversos fatores que se sobrepõem: a) Incapacidade de atender todos os pacientes que requerem cuidados complexos para a Covid-19, com aumento das filas por leitos UTI, impedindo atendimento no tempo necessário e resultando em óbitos; b) Limites ou mesmo impossibilidade do remanejamento logísti- co de pacientes para outros municípios, regiões de saúde ou estados, sendo esta situação mais crítica para os mais de 3 mil municípios que se encontram fora de regiões de saúde com disponi- bilidade de leitos UTI e que totalizam cerca de 49 milhões de pesso- as em situação de maior vulnerabilidade e desigualdades em relação ao acesso regular aos serviços de saúde de maior complexidade. c) Esgotamento das capacidades de respostas do sistema de saúde por razões diversas: limites na abertura de leitos – que exigem profissionais de saúde qualificados, o que demanda tempo – como pela sobrecarga sobre os trabalhadores da saúde, que têm arcado com excesso de trabalho e adoecimento; desabastecimento de medicamentos, em especial sedativos e neurobloqueadores muscu- lares, além de oxigênio, ampliando os impactos para além das internações relacionadas à Covid-19 e ameaçando a continuidade de tratamentos que demandam oxigenioterapia mesmo em municí- pios que não dispõem de leitos UTI Covid-19. O colapso do sistema de saúde na pandemia resulta no aumento da mortalidade não só por Covid-19, mas também por outras causas, traduzindo-se em: 1) Aumento da mortalidade hospitalar por Covid-19; 2) Aumento da mortalidade por desassistência; 3) Aumento da mortalidade por outras doenças além da Covid-19. Desde o início da pandemia os estudos científicos apontaram que até que tivéssemos a vacinação da maior parte da população, a necessidade da adoção da combinação de medidas não-farma-- cológicas prolongadas e envolvendo distanciamento físico e social, uso de máscaras e higienização das mãos, com ações intermitentes de bloqueio (lockdown) com restrição da circulação e de todos os serviços não-essenciais quando as capacidades de cuidados intensivos fossem excedidas. O ritmo lento em que se encontra a vacinação contribuí para prolongar a duração da pandemia e da adoção intermitente de medidas de contenção e mitigação. FOTO: AFP PORTAL.FIOCRUZ.BR/OBSERVATORIO-COVID-19 INFORMAÇÃO PARA AÇÃO
  • 2. Observatório Covid-19 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021 P.2 Os mapas têm como objetivo apontar tendências na incidência de casos e de mortalidade nas últimas duas semanas epidemiológicas. O valor acima de 5% indica uma situação de alerta máximo; variação entre a -5 e +5% indica estabilidade e manutenção do alerta e menor que -5% indica redução, mesmo que temporária, da transmissão. TENDÊNCIAS DA INCIDÊNCIA E DA MORTALIDADE POR COVID-19 Região UF Casos % Óbitos % Taxa de casos Taxa de óbitos Norte Rondônia 0,8 0,6 69,7 2,2 Norte Acre 0,8 0,9 41,7 1,0 Norte Amazonas -1,4 -2,4 26,1 1,0 Norte Roraima 1,4 -3,2 41,7 1,5 Norte Pará 3,8 2,3 16,7 0,7 Norte Amapá 5,2 7,2 44,1 0,4 Norte Tocantins 3,4 7,5 55,4 0,8 Nordeste Maranhão 3,0 -2,0 9,8 0,4 Nordeste Piauí 1,0 2,4 27,4 0,7 Nordeste Ceará 3,5 1,4 38,0 0,8 Nordeste Rio Grande do Norte -5,0 3,8 25,1 0,7 Nordeste Paraíba 0,5 4,4 30,8 0,9 Nordeste Pernambuco 3,8 4,2 14,8 0,3 Nordeste Alagoas 4,8 3,0 21,5 0,5 Nordeste Sergipe 3,4 7,4 26,9 0,6 Nordeste Bahia -0,9 1,1 27,7 0,7 Sudeste Minas Gerais 2,8 2,3 33,1 0,7 Sudeste Espírito Santo 3,7 2,4 36,8 0,6 Sudeste Rio de Janeiro 1,6 0,6 10,3 0,5 Sudeste São Paulo 2,5 4,3 27,1 0,8 Sul Paraná -7,9 2,5 71,0 1,4 Sul Santa Catarina 0,6 3,0 57,1 1,5 Sul Rio Grande do Sul -0,2 4,7 64,6 1,9 Centro-Oeste Mato Grosso do Sul 1,8 4,1 34,1 0,8 Centro-Oeste Mato Grosso 2,6 5,6 47,0 1,3 Centro-Oeste Goiás 1,5 4,9 39,3 1,2 Centro-Oeste Distrito Federal 1,6 6,4 51,2 0,8 0,8 0,8 -1,4 1,4 3,8 5,2 3,4 3,0 1,0 3,5 -5,0 0,5 3,8 4,8 3,4 -0,9 2,8 3,7 1,6 2,5 -7,9 0,6 -0,2 1,8 2,6 1,5 1,6 RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF 0,6 0,9 -2,4 -3,2 2,3 7,2 7,5 -2,0 2,4 1,4 3,8 4,4 4,2 3,0 7,4 1,1 2,3 2,4 0,6 4,3 2,5 3,0 4,7 4,1 5,6 4,9 6,4 RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF Tendência: Tendência: Observatorio Covid−19 | Fiocruz Observatorio Covid−19 | Fiocruz Observatorio Covid−19 | Fiocruz
  • 3. Observatório Covid-19 P.3 Os dados consolidados para o país confirmam o crescimento acelerado no número de casos e óbitos conformados por Covid-- 19. Durante a última semana, foram registrados valores ainda mais altos dos números de casos e de óbitos por Covid-19. Foram registrados no país uma média de 73.000 casos diários e 2.200 óbitos por dia na última semana epidemiológica (14 a 20 de março de 2021). Como agravante, esses valores apresentam tendência de aceleração da transmissão da doença. O número de casos cresce a uma taxa de 0,3% ao dia, ligeiramente inferior ao valor apurado nas semanas anteriores, enquanto o número de óbitos por Covid-19 aumentou para 3,2% ao dia, isto é, num ritmo ainda maior que o das semanas anteriores. É importante lembrar que esses indicadores sempre estão defasados no tempo, e que o crescimento do número de mortes na última SE pode ser resultado da aceleração no número de casos de Covid-19 no início de março. A incapacidade de diagnosticar correta e oportunamente os casos graves, somado à sobrecarga dos hospitais, num processo que vem sendo apon- tado como o colapso do sistema de saúde, pode aumentar a letalidade da doença, dentro e fora de hospitais. A maior parte das Unidades da Federação apresentou estabili- dade nas duas últimas semanas. Houve um aumento no número de casos em nove estados (Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Espírito Santo) e diminuição em apenas dois (Rio Grande do Norte e Paraná). No entanto, a mortali- dade por Covid-19 segue em tendência de aumento em quatorze UFs (Amapá, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambu- co,Alagoas, Sergipe, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal). Como apontado em boletim anterior, estados da região Nordeste e Sul apresentam um agravamento da mortalidade por Covid-19, o que é uma consequência do aumento da transmis- são nas semanas anteriores. Na última SE, observou-se um aumento desproporcional da mortalidade em relação à incidência de casos confirmados de Covid-19. De fato, observa-se um aumento gradativo da letalidade no país, passando de cerca de 2,0% no final de 2020 para 3,1% na última SE. Esse cenário é preocupante, já que indica que pode estar havendo uma situação de desassistência a pacientes com quadros graves de Covid-19. Esse indicador é calculado pela proporção de casos que resultaram em óbitos por Covid-19. Os valores elevados de letalidade revelam falhas no sistema de atenção e vigilância em saúde, como a insuficiência de testes diagnóstico, identificação de grupos vulneráveis e encaminhamen- to de doentes graves. A letalidade segue elevada nos estados do Rio de Janeiro (4,8%), Amazonas (3,8%) e Pará (4,1%). Casos e óbitos por Covid-19 AC AL AP AM BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PR PE PI RJ RN RS RO RR SC SP SE TO 0.5 1.0 1.5 2.0 20 40 60 Taxa de incidência de casos Taxa de mortalidade Observatorio Covid−19 | Fiocruz MOBILIDADE URBANA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS Considerando a média da circulação de pessoas em lojas, farmácias, mercearias, parques, locais de recreação, estações de transporte e locais de trabalho em relação a mediana de 3 de janeiro de 2020 a 6 de fevereiro de 2020. Dados do Google Mobility Report. Cuiabá Goiânia Brasília Rio de Janeiro São Paulo Curitiba Florianópolis Porto Alegre Campo Grande Recife Maceió Aracaju Salvador Belo Horizonte Vitória Palmas São Luís Teresina Fortaleza Natal João Pessoa Porto Velho Rio Branco Manaus Boa Vista Belém Macapá abr jul out jan abr abr jul out jan abr abr jul out jan abr abr jul out jan abr abr jul out jan abr abr jul out jan abr −50 0 50 −50 0 50 −50 0 50 −50 0 50 −50 0 50 Data Percentual 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021
  • 4. Observatório Covid-19 P.4 Níveis de atividade e incidência de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) A incidência de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) encontra-se em níveis muito altos em todos os estados e no Distrito Federal. Estes indicadores são superiores aos observados em sema- nas anteriores em muitos estados e demonstram a forte demanda imposta aos sistemas de saúde nos estados. Unidades da Federação (UF) com taxas muito elevadas, superiores a 20 casos por 100.000 habitantes, incluem Rio Grande do Sul (25,6 casos/100 mil hab.), São Paulo (21,8 casos/100 mil hab.), Distrito Federal (24,8 casos/100 mil hab.) e Rondônia (22,3 casos/100 mil hab.). Muitos apresentam taxas superiores a 10 casos por 100 mil habitantes, como Roraima, Amazonas, Pará, Tocantins, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. Verifica-se tendência significativa de aumento de casos em 16 UF, ao passo que o Infogripe aponta tendência de redução em apenas 3 UF (PR, SC e AC), sendo que há macrorregi- ões de saúde de Santa Catarina com aumento de casos. Mesmo no restante dos estados, como o número de casos é muito alto, eventu- ais estabilidades ainda não são desejáveis. Há também uma tendên- cia bem significativa de aumento de casos de SRAG em todas as capitais do Sudeste. Portanto, permanece muito importante que gestores nos estados e municípios promovam ações para a aumentar a capacidade de atendimento nos sistemas de saúde, inclusive Atenção Primária em Saúde, e também para diminuir o contágio e evitar maior intensidade de transmissão. O monitoramento de Síndromes Respiratórias Agudas Graves é realizado no sistema InfoGripe, mantido e desen- volvido pelo Programa de Computação Científica (PROCC/Fiocruz) com análises a partir das notificações de SRAG armazenadas na base de dados Sivep-Gripe. Nível Muito alto NÍVEIS DE ATIVIDADE E INCIDÊNCIA DE SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS AGUDAS GRAVES (SRAG) NÍVEL DE SRAG (E INCIDÊNCIA DE CASOS POR 100.000 HAB.) Região UF Casos Taxa Nível Norte Rondônia 22,3 Muito alto Norte Acre 6,9 Muito alto Norte Amazonas 11,5 Muito alto Norte Roraima 12,5 Muito alto Norte Pará 10,4 Muito alto Norte Amapá 8,4 Muito alto Norte Tocantins 13,1 Muito alto Nordeste Maranhão 7,3 Muito alto Nordeste Piauí 12,4 Muito alto Nordeste Ceará 15,8 Muito alto Nordeste Rio Grande do Norte 16,5 Muito alto Nordeste Paraíba 13,9 Muito alto Nordeste Pernambuco 9,1 Muito alto Nordeste Alagoas 13,1 Muito alto Nordeste Sergipe 14,4 Muito alto Nordeste Bahia 7,8 Muito alto Sudeste Minas Gerais 18,6 Muito alto Sudeste Espírito Santo 8,2 Muito alto Sudeste Rio de Janeiro 12,6 Muito alto Sudeste São Paulo 21,8 Muito alto Sul Paraná 15,2 Muito alto Sul Santa Catarina 17,5 Muito alto Sul Rio Grande do Sul 25,6 Muito alto Centro-Oeste Mato Grosso do Sul 19,8 Muito alto Centro-Oeste Mato Grosso 10,4 Muito alto Centro-Oeste Goiás 18,6 Muito alto Centro-Oeste Distrito Federal 24,8 Muito alto 22,3 6,9 11,5 12,5 10,4 8,4 13,1 7,3 12,4 15,8 16,5 13,9 9,1 13,1 14,4 7,8 18,6 8,2 12,6 21,8 15,2 17,5 25,6 19,8 10,4 18,6 24,8 RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF Observatorio Covid−19 | Fiocruz Observatorio Covid−19 | Fiocruz 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021
  • 5. TAXA DE OCUPAÇÃO (%) DE LEITOS DE UTI COVID-19 PARA ADULTOS Observatório Covid-19 P.5 Mato Grosso do Sul Mato Grosso Goiás Distrito Federal Rio de Janeiro (estado) Rio de Janeiro (capital) São Paulo Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia MinasGerais Espírito Santo Tocantins Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte Paraíba Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá out jan abr out jan abr out jan abr out jan abr out jan abr out jan abr 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 Data Taxa de ocupação (%) 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021 Os dados relativos às taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS, obtidos no dia 22 de março de 2021, continuam apontando para um quadro extremamente crítico no país, sublinhando-se a saída do estado do Amazonas da zona crítica para a zona de alerta intermediário, com taxa de 79%, e, em contraponto, a piora do indicador em alguns estados, com destaque para os da região Sudeste. Na última semana, a taxa cresceu em Minas Gerais de 85% para 93%, no Espírito Santo de 89% para 94%, no Rio de Janeiro de 79% para 85% e em São Paulo de 89% para 92%. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, todos os estados e o Distrito Federal mantiveram-se com taxas superiores a 96%, com registro de valor superior a 100% no Mato Grosso do Sul (106%) - o que indica, segundo os pesquisadores, o uso de leitos não habilitados para Covid-19 no atendimento da demanda imposta ao sistema de saúde pela doença. Na região Nordeste, Piauí (96%), Ceará (97%), Rio Grande do Norte (96%) e Pernambuco (97%) destacaram-se com as piores taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos. Com exceção de Paraíba, nos demais estados as taxas estão entre 85% e 89%. Na Região Norte, Rondônia (100%), Acre (94%) e Amapá (99%) apresentam taxas superiores a 90%, e Pará (88%) e Tocantins (88%) apenas um pouco abaixo do patamar. Dezenove capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos iguais ou superiores a 90%: Porto Velho (100%), Rio Branco (94%), Macapá (99%), São Luís (95%), Teresina (99%), Fortaleza (96%), Natal (96%), João Pessoa (93%), Aracajú (91%), Belo Horizonte (107%), Vitória (96%), São Paulo (92%), %), Curitiba (100%), Florianópolis (98%), Porto Alegre (103%), Campo Grande (106%), Cuiabá (99%), Goiânia (98%) e Brasília (99%). Outras seis capitais estão com taxas supe- riores a 80% e inferiores a 90%: Belém (88%), Palmas (88%), Recife (88%), Maceió (89%), Salvador (87%) e Rio de Janeiro (83%). Manaus, única cidade do estado a possuir leitos de UTI Covid-19, ecoa a taxa do Amazonas (79%), enquanto Boa vista, capital de Roraima, com um único hospital com 90 leitos de UTI para adultos, apresenta a taxa de 64%. Vinte e quatro estados e o Distrito Federal registram taxas iguais ou superiores a 80%. Dezessete apresentam taxas iguais ou superiores a 90%. Em relação às capitais, 25 estão com taxas iguais ou superiores a 80 e 19 taxas iguais ou supe- riores a 90%. Os números elevados, de acordo com os pesquisadores do Observatório, retratam o colapso do sistema de saúde para o atendimento de pacientes que requerem cuidados complexos para a Covid-19, além de prejuízos imensuráveis no atendimento de pacientes que demandam cuidados em razão de outros problemas de saúde Os cientistas ressaltam que medidas rigoro- sas para o controle e prevenção da doença, que começam a ser adotadas no país, são fundamentais para interromper a tendência de descontrole da pandemia, mitigando efeitos sobre o sistema de saúde e, especialmente, poupando vidas. Leitos de UTI para COVID19 Observatorio Covid−19 | Fiocruz
  • 6. Observatório Covid-19 P.6 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021 A taxa de ocupação de leitos de UTI de Minas Gerais inclui todos os leitos de UTI do SUS e não somente os leitos de UTI Covid-19. TAXA DE OCUPAÇÃO (%) DE LEITOS DE UTI COVID-19 PARA ADULTOS 100,0 90,0 79,0 64,0 87,0 94,0 90,0 89,0 96,0 97,0 96,0 83,0 97,0 85,0 85,0 87,0 93,0 94,0 85,0 92,0 96,0 99,0 97,0 106,0 99,0 99,0 99,0 RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF Observatorio Covid−19 | Fiocruz 22/02/2021 01/03/2021 08/03/2021 15/03/2021 22/03/2021 07/12/2020 21/12/2020 04/01/2021 18/01/2021 01/02/2021 21/09/2020 05/10/2020 26/10/2020 09/11/2020 23/11/2020 17/07/2020 27/07/2020 10/08/2020 24/08/2020 07/09/2020 Alerta Baixo Médio Crítico
  • 7. Observatório Covid-19 P.7 A distribuição da pandemia não é uniforme na população, em se tratando da ocorrência por sexo e faixa etária. Já no final de 2020 (semana epidemiológica 46 de 2020), tem-se observado é uma maior incidência e mortalidade entre homens como verificado nas pirâmides etárias (figura 1). Essa concentração dos casos entre homens é maior em faixas etárias mais jovens, quando comparados aos casos entre mulheres. A respeito dos óbitos (figura 2), o desequilíbrio para o sexo masculino é ainda maior. Finalmente, na última semana epidemiológica (SE 11/2021), há uma redução dos óbitos em crianças em relação às semanas anteriores, assim como um aumento dos casos entre as faixas etárias de adultos jovens. Este deslocamento de casos e óbitos sugere que a pandemia ganha um novo contorno no Brasil, ficando mais rejuvenescida. Recentemente, profissionais envolvidos com a assistência a pacientes com Covid-19 têm relatado um aumento de procura de pacientes jovens sintomáticos nos serviços de saúde. Esta tendên- cia tem sido observada em muitos hospitais e regiões do país. Uma análise preliminar dos dados mais recentes do SivepGripe sobre as síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) no Brasil indica que, nos primeiros meses de 2021, houve um aumento importante de casos de Covid-19 nas faixas etárias de 20 a 29 anos, 30 a 39 anos e 40 a 49 anos. Este aumento foi maior que o observado nas demais faixas etárias. Como consequência, a concentração de casos nas idades mais avançadas tem se reduzido, se deslocando para idades mais jovens. O crescimento é notável. Ao comparar a primeira semana epidemiológica do ano de 2021 e a semana epidemiológica 10, observou-se aumento de casos em 316%. Contudo, as faixas etárias de 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos aumentaram, respectivamente, 565%, 626% e 525% (figura 1). Para os óbitos, no entanto, essa relação é menos expressiva: o aumento nos óbitos, para este mesmo período, foi de 223%. A faixa de 30 a 39 anos teve aumento de 353%; houve incremento de 419% para a faixa de 40 a 49 anos e de 317% para a faixa de 50 a 59 anos. Para os óbitos, o deslocamento é menos evidente. É importante observar que a maior incidência nas idades mais jovens e manutenção da mortalidade concentrada em idosos contri- bui para o cenário crítico da ocupação dos leitos hospitalares. Por se tratar de população com menos comorbidades – e, portanto, com evolução mais lenta dos casos graves e fatais, frequentemente há um maior tempo de permanência na internação em terapia intensi- va. De fato, a média da idade de pacientes internados vem diminuindo progressivamente. A média da idade dos casos na semana 1 de 2021 foi de 62 anos e de óbitos foi de 71 anos. Os dados mostram que na semana epidemiológica 10, os valores foram 58 anos para casos novos e 66 anos para óbitos. Esta tendência também vem sendo observada em outros países, sempre que comparados os dados de primeira e segunda onda da pande- mia. Embora os dados consolidados recentes ainda sejam incipien- tes, o comportamento dos indicadores de casos e óbitos das próximas semanas poderá verificar se o rejuvenescimento da pandemia no Brasil será uma mudança sustentada no tempo. As diferenças de incidência entre as faixas etárias também implicam num compromisso intergeracional. Sendo a infecção mais comum entre os jovens e os óbitos mais frequentes em mais idosos e pessoas com doenças crônicas, uma geração deve procu- rar proteger a outra, evitando o contágio de membros da família, vizinhos, companheiros de trabalho e amigos. Perfil demográfico de casos e óbitos 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021 FIGURA 1. DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE SRAG COM COVID-19 SEGUNDO SEXO E FAIA ETÁRIA. BRASIL, 2020-2021 2021−08 2021−09 2021−10 2021−03 2021−04 2021−05 2021−06 2021−07 2020−51 2020−52 2020−53 2021−01 2021−02 2020−46 2020−47 2020−48 2020−49 2020−50 15% 10% 5% 0% 5% 10% 15%15% 10% 5% 0% 5% 10% 15%15% 10% 5% 0% 5% 10% 15% 15% 10% 5% 0% 5% 10% 15%15% 10% 5% 0% 5% 10% 15% < 10 anos 10−20 anos 20−30 anos 30−40 anos 40−50 anos 50−60 anos 60−70 anos 70−80 anos 80−90 anos 90+ anos NA < 10 anos 10−20 anos 20−30 anos 30−40 anos 40−50 anos 50−60 anos 60−70 anos 70−80 anos 80−90 anos 90+ anos NA < 10 anos 10−20 anos 20−30 anos 30−40 anos 40−50 anos 50−60 anos 60−70 anos 70−80 anos 80−90 anos 90+ anos NA < 10 anos 10−20 anos 20−30 anos 30−40 anos 40−50 anos 50−60 anos 60−70 anos 70−80 anos 80−90 anos 90+ anos NA Fx. Etária Sexo Feminino Masculino Observatorio Covid−19 | Fiocruz Fonte: SIVEP-Gripe
  • 8. Observatório Covid-19 P.8 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021 FIGURA 3: CONCENTRAÇÃO DE CASOS E ÓBITOS DE COVID-19 NAS FAIXAS ETÁRIAS SEGUNDO SEMANA EPIDEMIOLÓGICA. BRASIL, 2021. Faixa Etária Semanas Epidemiológicas - 2021 Semanas Epidemiológicas 2021 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 a 9 anos 10 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 89 anos 90 anos e + Casos Óbitos Menos casos Mais casos Fonte: SIVEP-Gripe Observatorio Covid−19 | Fiocruz FIGURA 2. DISTRIBUIÇÃO DOS ÓBITOS POR SRAG COM COVID-19 SEGUNDO SEXO E FAIA ETÁRIA. BRASIL, 2020-2021 2021−08 2021−09 2021−10 2021−03 2021−04 2021−05 2021−06 2021−07 2020−51 2020−52 2020−53 2021−01 2021−02 2020−46 2020−47 2020−48 2020−49 2020−50 20% 15% 10%5% 0% 5%10% 15% 20%20% 15% 10%5% 0% 5%10% 15% 20%20% 15% 10%5% 0% 5%10% 15% 20% 20% 15% 10%5% 0% 5%10% 15% 20%20% 15% 10%5% 0% 5%10% 15% 20% < 10 anos 10−20 anos 20−30 anos 30−40 anos 40−50 anos 50−60 anos 60−70 anos 70−80 anos 80−90 anos 90+ anos NA < 10 anos 10−20 anos 20−30 anos 30−40 anos 40−50 anos 50−60 anos 60−70 anos 70−80 anos 80−90 anos 90+ anos NA < 10 anos 10−20 anos 20−30 anos 30−40 anos 40−50 anos 50−60 anos 60−70 anos 70−80 anos 80−90 anos 90+ anos NA < 10 anos 10−20 anos 20−30 anos 30−40 anos 40−50 anos 50−60 anos 60−70 anos 70−80 anos 80−90 anos 90+ anos NA Fx. Etária Sexo Feminino Masculino Observatorio Covid−19 | Fiocruz Fonte: SIVEP-Gripe
  • 9. Observatório Covid-19 P.9 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021 VACINAÇÃO NAS UFs 6,9 1,9 7,3 2,2 14,4 4,2 6,9 2,6 10,2 2,7 7,6 2,8 9,7 3,0 7,6 2,5 6,6 2,1 5,7 1,9 6,5 2,6 11,0 4,2 5,5 2,3 5,1 1,5 9,3 2,5 7,6 2,7 6,4 1,9 6,9 2,2 6,7 2,4 7,1 2,3 5,4 2,2 8,0 3,8 9,5 3,1 7,0 2,1 6,8 2,1 10,5 3,6 5,7 2,8 8,2 2,8 Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul Rio Grande do Sul Santa Catarina Paraná São Paulo Rio de Janeiro Espírito Santo Minas Gerais Bahia Sergipe Alagoas Pernambuco Paraíba Rio Grande do Norte Ceará Piauí Maranhão Tocantins Amapá Pará Roraima Amazonas Acre Rondônia Brasil 0 15 30 50 70 85 100 Percentual da população acima de 18 anos Dose 1a dose 2a dose Observatorio Covid−19 | Fiocruz A vacinação no Brasil segue avançando à medida que as doses são disponibilizadas. O país já vacinou 8,2% da população com a primeira dose e 2,8% com a segunda dose. O estado do Amazonas é o mais avançado em termosdeimunizaçãocom14,4%desuapopulaçãocomaomenosumadose davacina,seguidodapopulaçãodoestadodeMatoGrossodoSul(11%),São Paulo (10,5%), Bahia (10,2%). O estado do Pará apresenta o menor percentu- al de vacinados com 5,1%. Com relação a segunda dose o Amazonas e do Mato Grosso do Sul já vacinaram 4,2% da população, e um destaque importante para o estado de Roraima, que embora só tenha vacinado 8% da população com a primeira dose já vacinou 3,8% com a segunda dose. Das doses distribuídas pelo ministério as Unidades da Federação 88,3% já foram distribuídas aos municípios segundo informações do governo federal (https://viz.saude.gov.br/extensions/DEMAS_C19VAC_Distr/ DEMAS_C19VAC_Distr.html). Segundo os dados do Ministério da Saúde, o estado de Roraima ainda não distribuiu aos seus municípios mais de 50% das doses repassadas ao estado. É importante disponibilizar recursos de logística a estados que apresentem dificuldade no repasse das doses. A velocidade de aquisição e fabricação de doses, assim como a logística de repasse de doses até as unidades de saúde que farão a aplicação das doses, apresenta relação com a velocidade de imunização esperada. Nesse sentido, as atribuições do governo federal na aquisição dos imunizantes, a atribuição dos estados na distribuição das doses e a atribuição dos municípios na velocidade de aplicação, devem ser ajusta- dos de forma síncrona seguindo as orientações do PNI que devem ser mais objetivas sobre esses processos e com planejamento de médio prazo e cumprimento de metas o que pode acelerar todo esse processo. RESUMO DE DOSES DISTRIBUÍDAS AOS ESTADOS E REPASSADAS AOS MUNICÍPIOS. BRASIL, 2021 DOSES DISTRIBUÍDAS DO MIN. DA SAÚDE AOS ESTADOS DOSES DISTRIBUÍDAS DOS ESTADOS AO MUNICÍPIOS DIFERENÇA PERCENTUAL DE REPASSE UF TOTAIS 30.636.866 27.063.866 3.573.000 88,3% AC 132.520 111.156 21.364 83,9% AL 409.660 331.747 77.913 81,0% AM 1.034.820 878.735 156.085 84,9% AP 91.650 76.040 15.610 83,0% BA 2.039.600 1.815.280 224.320 89,0% CE 1.175.250 1.084.997 90.253 92,3% DF 402.610 448.410 -45.800 111,4% ES 535.720 527.905 7.815 98,5% GO 847.780 969.638 -121.858 114,4% MA 845.690 599.792 245.898 70,9% MG 3.159.730 2.736.973 422.757 86,6% MS 420.310 425.152 -4.842 101,2% MT 393.060 353.306 39.754 89,9% PA 946.040 910.460 35.580 96,2% PB 579.730 557.923 21.807 96,2% PE 1.438.880 1.148.756 290.124 79,8% PI 392.080 342.217 49.863 87,3% PR 1.500.450 1.399.358 101.092 93,3% RJ 2.718.230 2.714.240 3.990 99,9% RN 470.540 287.019 183.521 61,0% RO 166.808 164.890 1.918 98,9% RR 127.360 53.641 73.719 42,1% RS 1.926.450 1.927.522 -1.072 100,1% SC 877.590 836.942 40.648 95,4% SE 271.930 251.752 20.178 92,6% SP 7.538.728 5.927.921 1.610.807 78,6% TO 193.650 182.094 11.556 94,0%
  • 10. Observatório Covid-19 P.10 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021 Organizamos as medidas a serem adotadas em dois grupos interconectados. No primeiro grupo as medidas urgentes, que envolvem a contenção das taxas de transmissão e crescimento de casos através de medidas de bloqueio ou lockdown (pé no freio), acompanhadas de respostas na ampliação da oferta de leitos com qualidade e segurança, bem como prevenção do desabasteci- mento de medicamentos e insumos. No segundo grupo as medi- das de mitigação, com o objetivo reduzir a velocidade da propaga- ção (redução da velocidade). Estas medidas deverão ser combi- nadas em diferentes momentos e a depender da evolução da pandemia no país até que tenhamos 70% da população vacinada. Medidas de contenção Medidas urgentes de contenção para evitar agravamento do colapso do sistema de saúde Bloqueio (lockdown) com restrição da circulação e de todos os serviços não-essenciais nas regiões de saúde e/ou regiões metro- politanas que estiverem nos limites de suas capacidades, com 85% ou mais dos leitos hospitalares para casos críticos e graves de Covid-19 ocupados. Estas medidas envolvem a restrição das atividades não essen- ciais por cerca de 14 dias, tempo mínimo necessário para redução significativa das taxas de transmissão e número de casos (em torno de 40%) e redução das pressões sobre o sistema de saúde: A proibição de eventos presenciais como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional; A suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país; O toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da manhã e durante os finais de semana; O fechamento das praias e bares; A adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto no privado; A instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual; A adoção de medidas para redução da superlotação nos trans- portes coletivos urbanos. No Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz de 16 de março detalhamos diversos aspectos com base na literatu- ra internacional, destacando que é a combinação das medidas de restrição das atividades não essenciais que produz impacto na redução da transmissão, casos e óbitos, e não apenas uma ou somente algumas das mesmas adotadas de modo parcial. Com o objetivo de subsidiar também com experiências nacionais, incluímos um box contendo os resultados do lockdown no município de Arara- quara, que demonstra a necessidade de um tempo maior que 10 dias para uma redução expressiva e a combinação de medidas rigorosas. No Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz de 23 de março apresentamos orientações para prepara- ção da adoção de medidas de bloqueio, principalmente no que se relaciona aos cuidados e serviços de saúde. Medidas de resposta Medidas para adequação de oferta de leitos, quantitativo de profissionais e condições de trabalho A ampliação do número de leitos em espaços físicos e com instalações adequadas deve ser acompanhada da contratação e capacitação de equipes, adoção de protocolos atualizados para manejo clínico dos pacientes, garantia de equipamentos e insumos em número suficiente. Equipes da gestão da qualidade e dos núcle- os de segurança do paciente devem apoiar o trabalho dos profissio- nais e orientá-los quanto às medidas de proteção no trabalho e às boas práticas para a segurança do paciente, de modo a reduzir também a mortalidade hospitalar de internações por Covid-19. Medidas de gestão de medicamentos e insumos evitando desabastecimento Gestores de todos os níveis devem atualizar diariamente o painel de estoque de medicamentos de interesse para o enfrenta- mento da Covid 19 – anestésicos, sedativos, bloqueadores neuro- musculares entre outros. Outros medicamentos críticos para condições crônicas também devem ser monitorados para que não haja desabastecimento. A aquisição de medicamentos deve ser providenciada com antecedência, acompanhando a velocidade de transmissão da doença, para obter estimativas mais aproximadas das necessida- des futuras. Remanejamento de estoques também podem ser viabilizados entre hospitais e mesmo municípios. Medidas de mitigação Medidas de mitigação para reduzir velocidade da propagação e manter a demanda por serviços de saúde em níveis seguros3 Medidas de mitigação devem ser combinadas e adotadas logo após as de bloqueio com o objetivo reduzir a velocidade da propa- gação. Destacamos algumas das mesmas já apontadas em boletins anteriores. Ampliar a disponibilidade e o uso de Máscaras, tendo como meta que pelo menos 80% ou mais da população utilize as mesmas de modo adequado. Campanhas de distribuição gratuita de máscaras de pano multicamadas em áreas e pontos de maior concentração populacional e baixo percentual de uso, combinadas com campanhas governamentais e não-governamentais sobre a importância e modo correto do se utilizar devem fazer parte desta estratégia. Combinar legislações e decretos com campanhas que ampliem e fortaleçam as medidas de distanciamento físico e social, o que envolve: criar e/ou manter condições para o trabalho remoto; a manutenção de distância mínima de 1 metro em todos os ambientes (dobrar a distância para 2 metros reduz em metade o risco de infecção); evitar que os ambientes fiquem fechados e procurar tornar os ambientes ventilados, abrindo as janelas e portas, ou realizar atividades que demandam maior tempo em ambientes abertos; evitar eventos que produzam aglomerações; reduzir o tempo de exposição nas ruas e, principalmente, nos locais fechados; estimular a higienização das mãos, oferecendo a estrutura adequada. Medidas de contenção, resposta e mitigação combinadas Resultados preliminares do lockdown em Arara- quara – um bom exemplo1 Araraquara é um município do estado de São Paulo que possui população estimada em 2020 pelo IBGE de 238.339 habitantes. No mês de fevereiro o número de casos era alto e seu sistema de saúde se encontrava em crise. No dia 21 de fevereiro foi decretado o lockdo- wn, com resultados positivos que demandaram mais de 14 dias. A média móvel de casos era de 189 no dia 21 de fevereiro, quando foi decretado o lockdown reduzindo em cerca de: • 16% em 10 dias (189 para 160) • 26% em 15 dias (189 para 140) • 40% em 17 dias (189 para 108) • 58% em 29 dias (189 para 80) O total de pessoas contaminadas em quarentena reduziu em 42% depois de 17 dias, passando de 1.512, no dia 21 de fevereiro, para 635, em 10 de março. E para os pacientes internados com Covid-19, em hospitais públicos e privados, 5 dias após o lockdown ainda foi observada elevação de 12% (passando de 218, em 21 de fevereiro, para 247, no dia 26), uma vez que os casos graves e críticos já tinham sido infectados nos dias anteriores. Ao longo de 17 dias houve redução de 19%, passando para 177 pacientes. Como o tempo de perma- nência em UTI dos pacientes internados apresenta variação (entre 3 -15 dias2 ), os dados demonstram que, mesmo com a redução de casos, não há imediata redução de pacientes internados, de modo que a saída da zona de alerta crítica pode demandar, por vezes, mais dias além dos 14 iniciais previstos.
  • 11. EXPEDIENTE | Boletim Observatório Covid-19 é uma publicação do Observatório Covid-19 /Fiocruz. Presidente: Nísia Trindade Lima • Chefe de Gabinete: Valcler Rangel Fernandes • Observatório Covid-19: Carlos Machado de Freitas, Christovam Barcellos, Daniel Antunes Maciel Villela, Gustavo Corrêa Matta, Lenice Costa Reis, Margareth Crisóstomo Portela, Diego Ricardo Xavier, Raphael Guimarães • Coordenação de Comunicação Social - Coordenação: Elisa Andries • Edição e Revisão: Regina Castro e Ricardo Valverde • Projeto Gráfico e Arte: Airton Santos e Guto Mesquita • Gráficos/Visualização de dados: Raphael de Freitas Saldanha • Colaboradora: Isadora Vida Mefano 1. Apresentação Análise sobre resultados preliminares do lockdown em Araraquara. Prefeitura Municipal de Araraquara. Disponível em: https://fpabramo.org.br/observabr/2021/03/12/analise-sobre-resultados-preliminares-do-lockdown-em-araraquara/ / Folha de São Paulo. Araraquara vê queda de mortes e casos por Covid-19 após lockdown, mas cenário ainda preocupa. 24 de março de 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/03/araraquara-ve-queda-de-mortes-e-casos-por-covid-19-apos-lockdown-mas-cenario-ainda-preo cupa.shtml?origin=uol 2. Ranzani OT et al. Characterisation of the first 250 000 hospital admissions for COVID-19 in Brazil: a retrospective analysis of nationwide data. The Lancet Respiratory Medicine, n. 20, p. 1-12, 2021. 3. Boa parte das medidas propostas constituem uma síntese do Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19 semanas 48 e 49, disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/boletim-do-observatorio-fiocruz-covid-19-tem-nova-edicao 4. Barreto ICHC. e col. Colapso na Saúde em Manaus: o fardo de não aderir às medidas não farmacológicas de redução da transmissão da COVID-19. https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.1862 Observatório Covid-19 P.11 11 SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 10e de 7 a 20 de março de 2021 Com o objetivo de subsidiar também com experiências nacio- nais, incluímos um box comparando a adoção de medidas de distanciamento social em duas capitais (Manaus e Fortaleza), que demonstra a necessidade de medidas legais combinadas com um monitoramento contínuo, de modo que os processos de abertura e flexibilização sejam baseados em critérios técnicos e dados do monitoramento da pandemia. Ampliar as ações de saúde da Atenção Primária em Saúde (APS) com abordagem territorial e comunitária A APS, em especial a Estratégia de Saúde da Família, no âmbito da gestão das secretarias municipais de saúde, possui um papel fundamental nas ações de contenção e mitigação. As equipes da Atenção Primária cobrem mais de 75% da população do país e as 44 mil equipes de Saúde da Família (ESF), envolven- do 260 mil Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que assistem cerca de 64% da população. Os municípios com maior cobertura da APS possuem um importante e precioso recurso que deve ser fortalecido e ampliado em termos das seguintes ações: Vigilância de saúde, com ampliação da testagem e acompa- nhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos, bem como busca ativa de casos suspeitos para diagnósticos, principalmente nos municípios que possuam baixa capacidade laboratorial instalada. Estas ações são fundamentais para isolar casos e suspeitos, bem como para instituir a quarentena dos contatos, reduzindo a circulação de pessoas infectadas e exposição das pessoas, principalmente as que possuem fatores de riscos, como: idade igual ou superior a 60 anos; fumantes; obesos; problemas cardíacos e respiratórios; hipertensão; doenças renais; diabéticos; neoplasia maligna; anemias; grávidas. Identificação de grupos de risco, os profissionais de ESF e gestores de saúde locais possuem acesso a dados de pessoas com doenças crônicas (como as diabetes, hipertensão e Aids), bem como gestantes de risco, que podem ter seus quadros clínicos agravados se perderem o vínculo com a atenção e o acesso a medicamentos e apresentarem condições de maior vulnerabilidade no caso de infecção pelo vírus da Covid-19. Esse cadastro deve ser permanentemente atualizado e usado para o rastreamento de grupos de risco. Cuidado individual dos casos suspeitos e casos não graves de Covid-19, de modo que APS possa ser organizada e fortalecida no seu papel de reduzir ao máximo o número de casos que podem evoluir para os quadros críticos e graves e demandar internações, através do acompanhamento precoce e contínuo dos casos confirmados e suspeitos, bem como dos contatos. Continuidade dos cuidados ofertados pela APS, criando condições para preservar as atividades de rotina de cuidados em saúde, mantendo as UBS de portas abertas, ainda que com redução dos atendimentos presenciais e/ou visitas domiciliares, com áreas de atendimento separadas para pacientes suspeitos de Síndromes de Respiratória Aguda Grave (SRAG) e para outros pacientes, e incrementar o atendimento à distância (contatos por telefone, tele consultas, entre outros), são medidas fundamentais para reduzir a evolução para quadros críticos e graves, a sobrecarga dos profissionais de saúde e dos hospitais, e o aumento do número de óbitos por Covid-19 e outras doen- ças, assim como a transmissão dentro dos serviços de saúde. Identificação de situações de vulnerabilidade social, espe- cialmente aquelas decorrentes da pobreza, saúde mental, violên- cia, entre outras; bem como o desenvolvimento de ações de educação em saúde para a prevenção descrita anteriormente, e de apoio ao isolamento e quarentena domiciliar, bem como ações de proteção social e assistência social que reduzam a fome e a insegurança alimentar. Ação comunitária e apoio social a grupos vulneráveis, envolvendo equipes de APS, com especial destaque para os ACS, em interação com lideranças, instituições e organizações locais, podem contribuir não somente para identificar e mapear os usuá- rios e famílias de maior risco para Covid-19 (idosos, pacientes com doenças crônicas, pessoas em extrema pobreza ou com insegurança alimentar), como também reforçar e apoiar as medi- das de prevenção, como integrar redes sociais locais para apoio na inscrição em programas sociais, na distribuição de cestas básicas e outras ações que possibilitem que as pessoas mante- nham o isolamento e a quarentena, reduzindo a circulação e exposição de pessoas aos riscos de infecção. Comparando Adoção de Medidas de Distanciamento Social em Manaus e Fortaleza Estudo publicado em fevereiro de 20214 , envolvendo análise comparativa do comportamento da Covid-19 em Manaus e Fortaleza, dois epicentros da pandemia em 2020, combinou a análise das medidas legais dos governos locais, níveis de isolamento social, medidos através de Índice de Permanência Domiciliar (IPD), incidên- cia de casos Covid-19 e número de óbitos de março/2020 a janeiro/2021 nas duas capitais. Após a publicação das primeiras medidas de contenção, em março de 2020, o IPD mostrou crescimento expressivo em ambas as capitais, indicando maior isolamento social. No entanto, em Manaus, o isolamento social foi bem menor e se manteve por um período mais curto, passando a apresentar valores negativos a partir de agosto, indicando que a população permanecia mais tempo na rua do que em casa. No estado do Amazonas as aberturas foram autorizadas entre 1° e 15 de junho, ainda em plena epidemia em Manaus, tanto do ponto de vista da incidência, quanto dos óbitos por COVID-19. Já em Fortaleza, a permanência domiciliar foi bem maior e decaiu lentamen- te, mesmo após os Decretos de abertura em julho e agosto, permane- cendo em valores mais baixos, mas ainda positivos, até o final de novembro de 2020. Em Fortaleza, as aberturas foram autorizadas a partir de 11 de julho, quando já havia tendência de queda tanto na incidência de casos como nos óbitos por COVID-19. Este estudo vai na mesma direção de outros que indicam que as medidas legais e governamentais são importantes, mas isolada- mente não produzem os efeitos desejados se não forem combinadas com outras estratégias de saúde pública que fortaleçam as medidas de distanciamento físico e social, como campanhas sobre as mesmas e o uso de máscaras. Também aponta para os custos de medidas adotadas parcialmente e/ou flexibilizações precoces em contextos de elevadas taxas de transmissão, casos e óbitos.