1. A Descoberta do Ciclo de Krebs
Na origem da bioquímica distinguem-se duas fases: a constituição da
química orgânica, por um lado, e a sua aplicação ao estudo das funções dos
seres vivos (química e fisiológicas) do outro.
O termo "bioquímica", dado por Hope-Seyler, tomou seu atual sentido
nas primeiras décadas do século XX, como uma área centrada na
investigação das reações químicas que têm lugar nos seres vivos e das
enzimas que as regulam. Um conceito fundamental na bioquímica é o de
metabolismo, que foi elaborado ao longo do século XIX, com os supostos e
métodos da química fisiológica, como um conjunto das reações químicas que
se produzem no organismo, construindo moléculas maiores a partir de outras
menores (que denominamos, anabolismo) e decompondo maiores em outras
menores (ou catabolismo).
Hans Adolf Krebs (1900-1981)
Nasceu na Alemanha Ocidental em 25 de agosto de 1900 na cidade
alemã de Hildesheim e realizou seus estudos de medicina em diversas
universidades: Göttingen, Friburgo, Munich e Berlim. Entre 1926 e 1930
trabalhou no Kaiser Wilhelm Institut junto a Otto Warburg. Ali já se sentiu
interessado no problema que propunha desconhecer as diferentes etapas
pelas que ocorria o processo de oxidação dos hidratos de carbono no
interior das células.
Em 1932 na Universidade de Friburgo descobriu junto com o também
bioquímico Kurt Henseleit, uma série de reações químicas que hoje
conhecemos com o nome de ciclo "da uréia". A amônia obtida da degradação
dos aminoácidos é muito tóxica para o sistema nervoso, e os animais a
excretam de formas diferentes. A maioria dos vertebrados excreta uréia
(ureotélicos).
No homem este processo realiza-se no fígado, consome energia e
produz-se em parte no citosol e parte na mitocôndria dos hepatócitos.
Sendo filho de médico judio, Krebs foi obrigado a abandonar a Alemanha
nazista em 1933. Foi então quando emigrou a Inglaterra com uma ajuda da
Fundação Rockefeller para trabalhar em Cambridge com Frederick Gowland
Hopkins.
2. No ano 1935 transladou-se a Sheffield onde continuou seu trabalho
científico com Edward Mellamby. Ali foi nomeado professor e diretor do
Departamento de Bioquímica, e começou seus trabalhos sobre o
metabolismo celular. Foi esse ano quando a equipe do laboratório de Szent-
Gyorgyi iniciaram os estudos sobre as qualidades do músculo para o estudo
das reações oxidativas.
O grupo de Krebs, dois anos mais tarde, descobriu a ação
catalizadora do citrato. De forma imediata seguiram outros estudos entre
eles os de Martius e Knoop que conduziram ao conhecimento definitivo do
chamado ”Ciclo do ácido cítrico” ou “Ciclo de Krebs”. Foi Fritz Albert
Lipmann quem, com seu estudo sobre a coenzima A, completou o
conhecimento do mencionado ciclo. Ambos, Krebs e Lipmann, receberam por
seu labor o prêmio Nobel de fisiologia e medicina em 1953. No metabolismo
dos hidratos de carbono, para a obtenção de energia a partir de glicose,
uma das etapas é a descarboxilação oxidativa do piruvato para formar acetil
Coenzima A (acetil-CoA). A seguir, o grupo acetil do acetil CoA se oxida
completamente a ácido carbônico, através do este ciclo (ciclo de Krebs). É
esta a rota oxidativa final da glicose e da maioria de combustíveis
metabólicos. Consta de oito reações catalisadas enzimaticamente e ocorre
na matriz mitocondrial.
Há vários trabalhos do próprio Krebs dedicados ao tema, entre os que
destacam o que leva por título The tri-carboxylic acid cicle, que foi
publicado nas Harvey Lectures (Série XLIV, 165-99; 1948); e o que assinou
com Hans L. Kornberg: "A survey of the energy transformations in living
matter" (Ergebnisse der Physiologie, 49, 212-298, 1957). Este último
trabalho publicou-o estando já na Universidade de Oxford, onde
permaneceu entre os anos 1954 e 1967. Nesta etapa trabalhou também no
estudo das deficiências vitamínicas. A Royal Society concedeu-lhe a Copley
Medal em 1961. Morreu nesta cidade no dia 22 de novembro em 1981, ano
de publicação de sua Reminiscences and Reflections, que escreveu com Anne
Martin.
3. Bibliografia:
José L. Fresquet. Instituto de Historia de la Ciencia y Documentación
(Universidad de Valencia-CSIC). Marzo, 2001.
—Holmes, F.L. (1991), Hans Krebs : The Formation of a Scientific Life
1900-1933, (Monographs in the History and Philosophy of Biology).
—Holmes, F. L.(1993), Hans Krebs: Architect of Intermediary Metabolism
,1933-1937.