Mamíferos de médio e grande porte no Parque Ecológico Quedas do Rio Bonito
1. MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE NO PARQUE
ECOLÓGICO QUEDAS DO RIO BONITO, LAVRAS, MG.
Kassius Klay Santos¹, Gabrielle Soares Muniz Pacheco², Marcelo Passamani³
1Graduando em Ciências Biológicas, DBI/UFLA, bolsista PIBIC/CNPq, kassiuseagle@hotmail.com
2Graduanda em Ciências Biológicas, DBI/UFLA, gabrielle.pacheco@hotmail.com
3Orientador, DBI/Ecologia/LECM/UFLA, mpassamani@dbi.ufla.br
INTRODUÇÃO RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Brasil abriga a mastofauna mais diversificada do mundo, ocorrendo em nosso Foram registradas 13 espécies de mamíferos de médio e grande porte
território aproximadamente 701 espécies (Paglia et al., 2012). Deste total, 161 divididas em 6 ordens, 10 famílias e 12 gêneros: Puma concolor (Fig. 4),
espécies ocorrem no Cerrado e cerca de 250 na Mata Atlântica, sendo 65 espécies Leopardus pardalis (Fig. 5), Canis familiaris, Chrysocyon brachyurus (Fig.
endêmicas deste bioma (Fonseca et al. 1996). Há, no entanto, uma grande carência 6), Procyon cancrivorus (Fig. 7), Eira barbara, Dasypus novencinctus,
de informações sobre os hábitos, preferências de habitat e distribuição de boa parte Cuniculus paca, Sylvilagus brasiliensis, Didelphis aurita, Didelphis
dessas espécies, especialmente daquelas de médio e grande porte. As baixas albiventris, Callithrix penicillata e Callicebus nigrifrons. Ressalta-se a
densidades populacionais, os hábitos crípticos, a aversão à presença humana e os presença de três espécies listadas como ameaçadas de extinção
hábitos predominantemente noturnos figuram entre os fatores que dificultam o estudo (Machado et al., 2009): o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), a
do grupo (Voss & Emmons 1996, Emmons & Feer 1997). A falta de conhecimento jaguatirica (Leopardus pardalis mitis) e a onça-parda (Puma concolor),
sobre vários aspectos biológicos e ecológicos dificultam a elaboração de planos de entretanto a espécie mais abundante foi o cão doméstico (Canis familiaris),
conservação para essas espécies. Em contrapartida o desmatamento e a degradação tendo sido possível identificar através de fotografias ao menos sete
ambiental avançam rapidamente, reduzindo drasticamente seus habitats e colocando indivíduos. Foi detectado um baixo número de gambás (Didelphis spp) na
em risco a sobrevivência dessas espécies, que são particularmente vulneráveis às área do Parque, ao contrário do que foi verificado nos fragmentos florestais
pressões antrópicas (Chiarello 1999). em áreas próximas, estas menos preservadas.
OBJETIVOS
O presente estudo teve o objetivo de identificar as espécies de mamíferos de médio
e grande porte que ocorrem na área do Parque Florestal Quedas do Rio Bonito, bem
como avaliar a eficiência das diferentes metodologias aplicadas no levantamento. Os
resultados deste trabalho fornecerão ainda dados importantes para um estudo que
está em andamento na região, cujo objetivo é avaliar o uso de espaço e deslocamento Figura 4 – Onça-parda (Puma concolor). Figura 5 – Jaguatirica (Leopardus pardalis mitis).
de mamíferos em fragmentos de Mata Atlântica conectados por corredores de
vegetação no sul de Minas Gerais..
MATERIAL E MÉTODOS
A área está localizada na Serra do Carrapato, Lavras (21°19'45.76"S,
44°58'9.03"O), um remanescente da Mata Atlântica de 235 ha, com altitudes variando
entre 983 e 1.240m. Os dados foram coletados por 3 métodos de amostragem:
Câmeras trap (Fig. 1), parcelas de areia de 75X75 cm (Fig. 2 e 3) e busca ativa. Figura 6 – Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). Figura 7 – Mão-pelada (Procyon cancrivorus).
Adicionalmente foram colocadas armadilhas do tipo grade.
CONCLUSÕES
A área do Parque parece ser um refúgio para diversas espécies de
mamíferos da região. No entanto, a presença maciça de cães na área pode
representar uma ameaça à fauna nativa. A baixa abundância de gambás
(Didelphis spp.) pode estar relacionada à presença de várias espécies de
carnívoros de topo da cadeia alimentar que o usam como presa. Os
métodos aplicados no levantamento se mostraram complementares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Figura 1 – Câmera trap. Figura 2 – Parcela de areia.
Chiarello, A. G. Effects of fragmentation of the Atlantic Forest on mammal communities in south-eastern
Brazil. Conservation Biology, 89: 71-82. 1999.
Crooks, K. R. Relative Sensitivities of Mammalian Carnivores to Habitat Fragmentation. Conservation
Biology, 16(2): 488-502. 2002.
Emmons, L. H. & Feer, F. Neotropical rainforest mammals: a field guide. 2ª ed. The University of
Chicago Press, Chicago, 303 p. 1997.
Fonseca, G. A. B.; Hermmann, G.; Leite, Y. L. R.; Mittermeyer, R. A.; Rylands, A. B. & Patton, J. L. Lista
anotada dos mamíferos do Brasil. Conservation International & Fundação Biodiversitas. Occasional
Papers in ConservationBiology, 4: 1-38. 1996.
Paglia, A. P; Fonseca, G. A. B; Rylands, A. B; Herrmann, G.; Aguiar, L. M. S.; Chiarello, A. G; Leite, Y. L.
R; Costa, L. P.; Siciliano, S.; Kierulff, M. C. M; Mendes, S. L.; Tavares, V. C.; Mittermeier, R. A & Patton,
Figura 3 – Pegada de onça-parda. J. L. Lista Anotada dos Mamíferos do Brasil. 2ed. Ocassional Papers in Conservation Biology.
Conservation International. Arlington (VA). 2012.
APOIO: FAPEMIG;CNPq Voss, R. S. & Emmons, L.H. Mammalian diversity in Neotropical lowland rainforests: a preliminary
assessment. Bulletin of the American Museum of Natural History, 230:1-115. 1996.