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Miguel TorgaMiguel Torga
O Homem, o Escritor, o Tempo,O Homem, o Escritor, o Tempo,
a Terra e a Democraciaa Terra e a Democracia
Diaporama de Luís Aguilar e Vitália RodriguesDiaporama de Luís Aguilar e Vitália Rodrigues
Concebido a partir do livro Fotobiografias de Clara Rocha.
Consulado-Geral de Portugal
em Montreal
33
Miguel TorgaMiguel Torga
O HomemO Homem
44
Ter um destino
é não caber no berço
onde o corpo nasceu,
é transpor as fronteiras
uma a uma
e morrer sem nenhuma.
Miguel Torga
In Fernão de Magalhães,
Antologia Poética. Lisboa: Dom Quixote, 1999.
55
Miguel Torga
(pseudónimo de Adolfo Correia Rocha)
nasceu em S. Martinho de Anta há cem anos,
a 12.08.1907 e morreu em Coimbra a 17.01.1995.
Nasci como um cabrito ou como um pé de milho
66
77
O destino plantou-me aqui
e arrancou-me daqui.
E nunca mais as raízes
me seguraram bem em nenhuma terra.
88
Os pais, Francisco Correia Rocha e Maria da
Conceição Barros, e a irmã Maria
99
Em 1917, aos dez anos, vai para uma casa
apalaçada do Porto, habitada por parentes da
família.
O pequeno criado ganhava quinze tostões por mês
e dormia num cubículo de campainha à cabeceira.
Fardado de branco servia de porteiro, “moço de
recados”, regava o jardim, “limpava o pó e polia
os metais da escadaria nobre”, “atendia
campainhas”.
Foi despedido um ano depois, devido à constante
insubmissão.
1010
Em 1918 vai para o Seminário de
Lamego, onde viveu “um dos anos
cruciais”da sua vida, tendo melhorado
os conhecimentos de português, da
geografia, da história, aprendido o
latim e ganhado familiaridade com os
textos sagrados .
No fim das férias comunicou ao pai
que não seria padre.
1111
A grande aventura juvenil
1919
Foi então enviado, aos doze
anos, para o Brasil (Minas
Gerais), a fim de trabalhar
numa fazenda que pertencia
a um tio.
1212
Fazenda de Santa Cruz (Minas Gerais)
1313
Simples máquina de trabalho era o último a deitar-
-me e o primeiro a erguer-me, sem domingos nem
dias santos para que a engrenagem funcionasse com
perfeição.   
Carregar o moinho, mungir as vacas, tratar dos porcos, ir
buscar os cavalos da cocheira ao pasto, limpá-los e arreá-
los, rachar lenha, varrer o pátio e atender a freguesia que
vinha comprar fumo, cachaça, carne seca, feijão, ou trocar
grão por fubá; ir buscar o correio à povoação; fazer a
escrita da fazenda, verificar à noite se as portas e as janelas
estavam bem fechadas.
1414
Quatro anos decorridos o tio matriculou-o
no Ginásio de Leopoldina.
1515
Em 1925, na convicção de que ele havia de
vir a ser “doutor em Coimbra”, o tio
propôs-se pagar-lhe os estudos como
recompensa dos cinco anos de serviço.
1616
Crescera por fora e por dentro. Aprendera a
objectivar a vida, embora sempre tivesse
sentido aquele chão como fabuloso e mágico
e aonde pudera ser selvagem e natural.
1717
Um dos seus títulos de glória é ter passado a
adolescência no Brasil” ,
…o Brasil amei-o eu sempre, foi o
meu segundo berço, sinto-o na
memória, trago-o no pensamento.
1818
De regresso a Portugal, fez em dois anos, os
cinco do primeiro e segundo ciclo do curso
liceal de sete.
No Liceu José Falcão completou o terceiro
ciclo num só ano, ficando apto a cursar uma
Universidade.
1919
.
1928 - Adolfo Rocha estudante
universitário da Faculdade de
Medicina da Universidade de
Coimbra
A caneta que escreve e a que prescreve
revezam-se harmoniosamente na mesma mão.
2020
Uma pobre colectânea de
sonetos e canções que
mereceu apenas críticas
reprovativas e Torga nunca
reimprimiu.
2121
.
Grupo da República Estrela do Norte
2222
Foi com
Balada da Morgue
que, verdadeiramente
assinei pacto com
Orfeu .
Presença, 24, Janeiro 1930
2323
Em 1929, com 22 anos, deu
início à colaboração na revista
Presença, folha de arte e
crítica, com o poema
“Altitudes…”.
A revista, fundada em 1927
pelo “grupo literário avançado”
de José Régio, Gaspar Simões
e Branquinho da Fonseca, era
bandeira “literária do grupo
modernista” e era também,
“bandeira libertária”da
Revolução Modernista.
2424
Golpe Militar de 1926
A intervenção literária, já então a
entendia Adolfo Rocha, como o
único modo de combate
numa pátria que é o cemitério da
própria língua.
2525
Em 1930 rompe definitivamente com a revista
Presença, por razões de discordância estética e
razões de liberdade humana.
2626
Adolfo Rocha e
Branquinho da Fonseca
fundam a revista Sinal,
que saiu em Julho de
1930.
2727
Publica o seu segundo livro em Junho de 1930.
2828
Em 1931, contista em Pão Ázimo e poeta em
Tributo, Adolfo Rocha já aparecia a público em
edição de autor, como aconteceu com Abismo,
no ano seguinte, e como aconteceria pela vida fora.
2929
Conclui o curso universitário de medicina em 1933.
Na hora em que esperava merecer da vida a alegria
íntima do triunfo, sinto o medo do avesso quiçá o
terror fundo que não diz donde vem nem para onde
vai, anotou no dia da formatura. .
3030
Regressa a S. Martinho de Anta com fama de
revolucionário.
Perdera definitivamente o lugar
privilegiado no seio da tribo.
Estava sem estar.
Mudou-se, para Vila Nova, a meio do ano de 1934,
concelho de Miranda do Corvo, distrito de Coimbra.
3131
Miguel TorgaMiguel Torga
A Vida FamiliarA Vida Familiar
3232
Miguel Torga com a mãe
que falece em 1948.
3333
A vida afectiva. A única que vale a pena.
Casa com Andrée Crabbé em 1940, estudante de
nacionalidade belga - aluna de Estudos Portugueses,
ministrados por Vitorino Nemésio em Bruxelas - que viera a
Portugal para frequentar um curso de férias na Universidade
de Coimbra.
3434
Vou tentar ser bom marido,
cumpridor. Mas quero que
saibas, enquanto é tempo, que
em todas as circunstâncias te
troco por um verso.
(A Criação do Mundo, V)
3535
Miguel Torga e a filha Clara Rocha,
nascida em 3 de Outubro de 1955.
3636
Diário VII
3737
Apresentação da neta ao avô,
que falece algumas semanas depois em 1955.
3838
Em 27 de Julho de 1990 celebra os
cinquenta anos de casado. Os sins de que
eu fui capaz contra os nãos da vida.
3939
Miguel TorgaMiguel Torga
A ObraA Obra
4040
Adolfo Correia Rocha
aos 27 anos em 1934,
auto-define-se pelo pseudónimo que criou
Miguel e Torga
4141
Miguel
Homenagem a dois
grandes vultos da
cultura ibérica:
Miguel de Cervantes
e Miguel de Unamuno
João Abel Manta
4242
Torga (Erica lusitanica)
Designação nortenha da urze,
planta brava da montanha,
que deita raízes fortes sob a
aridez da rocha, de flor branca,
arroxeada ou cor de vinho.
4343
A Terceira Voz, em 1934 é
publicado por Miguel Torga,
com prefácio de Adolfo
Rocha:
Somos irmãos e temos a
mesma riqueza: despeço-me
de cena e dou a minha
palavra de honra que não
reapareço; …a minha voz
mudou – porque o horizonte é
maior…
4444
Em Janeiro de 1936 funda,
com Albano Nogueira,
Manifesto, Revista de Arte e
Crítica:
Procurávamos um caminho
de liberdade assumida onde
nem o homem fosse traído,
nem o artista negado, uma
arte rebelde enraizada no
circunstancial.
4545
Afonso Duarte, Alvaro Salema, Bento de
Jesus Caraça, Branquinho da Fonseca,
Joaquim Namorado, Lopes Graça, Paulo
Quintela, Vitorino Nemésio acompanha-
vam-no nessa intervenção contrária ao
individualismo presencista, alienado do real
(que Eduardo Lourenço identificou, em
1957, no Comércio do Porto, com o artigo
Presença, ou a Contra-Revolução do
Modernismo Português ).
Fernando Pessoa tinha lugar, naquele
primeiro número, com o poema Nevoeiro.
4646
Pode considerar-se Miguel Torga
pioneiro e representante por
antonomásia da escrita diarística
portuguesa, por ser, juntamente com
Virgílio Ferreira, com Conta Corrente,
dos que lhe conferiram maior
significância. O Diário torguiano, que o
autor publicou ininterruptamente entre
1941 e 1993, retrata o pulsar do autor
sobre o homem, o mundo e a vida, entre
3 de Janeiro de 1932 e 10 de Dezembro
de 1993.
4747
Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de
ler a notícia no jornal, fechei a porta do
consultório e meti-me pelos montes a cabo.
Fui chorar com os pinheiros e com as
fragas a morte do nosso maior poeta de
hoje, que Portugal viu passar num caixão
para a eternidade, sem ao menos perguntar
quem era.
In Diário I (3 de Dezembro de 1935)
4848
No Dia de Camões de 1948, a propósito do artifício da
figura de “escritor oficial” alheio à alma colectiva, havia de
sugerir que Pessoa substituísse Camões, vastíssimo poeta,
mas “cristalizado numa época”:
4949
Fernando Pessoa, culturalmente
considerado, não será muito mais poeta
nacional deste século do que Camões?
Por ser o símbolo da Pátria e por ter envolvido
emblematicamente a glória do poeta. Glória pura
que, como poucas, merecia a graça desse póstumo
calor materno. Ninguém antes tinha realizado o
milagre de criar de raiz um Portugal feito de versos.
5050
Camões fez versos a martelo.
5151
Em 1937 começou a imprimir
A Criação do Mundo, génese
progressiva, numa
consciência, da imagem da
realidade circunstancial, visão
de um mundo criado à nossa
medida, original e único,
povoado de seres reais que o
tempo foi transformando em
fantasmas.
5252
Em 1937, colabora na Revista
de Portugal , de Vitorino
Nemésio
5353
Bichos surge em 1940, reeditado pouco
depois, traduções sucessivas para
variadíssimas línguas. Animais com sentir
humano ou seres humanos vestidos de
animais. Ou uma irmandade de animais e
homens. Tudo numa argamassa de vida. O
cão Nero, o galo Tenório, o jerico Morgado,
o Ladino, o Ramiro. E a Madalena,
caminhando na contra mão da contradição
entre cultura e vida.
5454
1931 - Pão Ázimo.
1931 - Criação do Mundo.
1934 - A Terceira Voz.
1937 - Os Dois Primeiros Dias.
1938 - O Terceiro Dia da Criação do Mundo.
1939 - O Quarto Dia da Criação do Mundo.
1940 - Bichos.
1941 - Contos da Montanha.
1942 - Rua.
1943 - O Senhor Ventura.
1944 - Novos Contos da Montanha.
1945 - Vindima.
1951 - Pedras Lavradas
1974 - O Quinto Dia da Criação do Mundo.
1976 - Fogo Preso.
1981 - O Sexto Dia da Criação do Mundo.
1982 - Fábula de Fábulas.
Ficção      
5555
                                                       
 
1928 - Ansiedade.
1930 - Rampa.
1931 - Tributo.
1932 - Abismo.
1936 - O Outro Livro de Job.
1943 - Lamentação.
1944 - Libertação.
1946 - Odes.
1948 - Nihil Sibi.
1950 - Cântico do Homem.
1952 - Alguns Poemas Ibéricos.
1954 - Penas do Purgatório.
1958 - Orfeu Rebelde.
1962 - Câmara Ardente.
1965 - Poemas Ibéricos.
Poesia      
5656
Peças de Teatro     
1941 - "Terra Firme" e "Mar".
1947 - Sinfonia.
1949 - O Paraíso.
1950 - Portugal.
1955 - Traço de União.
5757
Traduções     
Livros seus estão traduzidos para diversas línguas,
algumas vezes publicados com um prefácio seu:
espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês,
croata, romeno, norueguês, sueco, holandês,
búlgaro.
5858
Prémios     
1969 - Prémio do Diário de Notícias.
1976 - Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist.
1980 - Prémio Morgado de Mateus, ex-aecquo com Carlos
Drummond de Andrade.
1981 - Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S.
1989 - É-lhe imposta a condecoração de Oficial na Ordem
das Artes e Letras da República Francesa.
1989 - Prémio Camões.
Os meus leitores mereciam-no. (Miguel Torga)
1991 - Prémio Personalidade do Ano.
1992 - Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de
Escritores.
1993 - Prémio da Crítica, consagrando a sua obra.
5959
Prémio Vida Literária da Associação Portugesa de Escritores
1992
6060
Se existe alguém que escreve em português e
merece o Nobel é Miguel Torga, não eu.
Jorge Amado
Foi proposto para o Prémio Nobel em 1960.
Sem êxito, possivelmente por interferências do Poder
de então.
Voltará a ser considerado uns anos mais tarde, não lhe
tendo sido atribuído.
6161
1º Congresso Internacional de Miguel Torga
É organizado pela Universidade Fernando Pessoa
em 1994
6262
Uma literatura que produz, no mesmo século,
dois vultos do calibre de Pessoa e Torga,
pode considerar-se
uma literatura de excelente saúde.
Torrente Ballester
In Entrevista a Miguel Viqueira em 1986
6363
Hoje
sei apenas gostar
duma nesga de terra
debruada de mar.
6464
Miguel TorgaMiguel Torga
O PolíticoO Político
6565
A política é para eles (os políticos)
uma promoção e,
para mim,
uma aflição.
6666
Foi preso várias vezes devido aos seus escritos,
sendo a primeira em 1939, em Aljube.
A PIDE negar-lhe-ia , várias vezes o pedido de visto
para sair do país.
Andrée Rocha é suspensa do seu lugar académico,
passou a fazer traduções e a ajudar o marido na sua
actividade profissional.
6767
Na Candidatura do General Humberto Delgado
1958
6868
Em 1967, assina um manifesto no qual é pedida a aprovação
de uma lei da Imprensa, a abolição da censura prévia e a
interposição de recurso no caso de apreensão de livros.
6969
Revolução de 25 de Abril
Golpe militar. Assim eu acreditasse nos militares.
7070
Estranha revolução esta, que desilude e humilha quem
sempre ardentemente a desejou.
Estamos a viver em pleno absurdo, a escrever no livro da
História gatafunhos que nenhuma inteligência poderá
decifrar no futuro. Todas as conjecturas têm a mesma
probabilidade de acerto ou desacerto. Jogamos numa
roleta de loucos, que tanto anda como desanda.
O espectáculo que damos neste momento é o de um
manicómio territorial onde enfermeiros improvisados e
atrevidos submetem nove milhões de concidadãos a um
electrochoque aberrante e desumano.
20 de Junho de 1975
7171
Sobre a descolonização escreveria:
Fomos descobrir o mundo em caravelas e regressámos
dele em traineiras.
Afanfarronice de uns, a incapacidade de outros e a
irresponsabilidade de todos deu este resultado: o fim
sem a grandeza de uma grande aventura.
Metade de Portugal a ser o remorso da outra metade.
7272
Primeiras eleições livres em democracia
7373
Ramalho Eanes torna-se seu amigo
e Torga dá-lhe um conselho.
Seja sério, mas não se leve a sério.
7474
Conheceram-se depois do 25 de Abril,
quando Torga se afirmou como um dos
sustentáculos do Partido Socialista na
zona de Coimbra.
7575
Nunca se filiou em partido algum:
É ESCUSADO.
NÃO POSSO TER OUTRO PARTIDO
SENÃO O DA LIBERDADE.
O meu partido é o mapa de Portugal
7676
Em Outubro de 1983, Samora Machel,
Presidente de Moçambique, visita
oficialmente Portugal.
Apresentados em Coimbra, Miguel
Torga fez questão de mostrar-lhe a
região duriense percorrida de
helicóptero na companhia do Presidente
português, em conversa fraterna acerca
das duas pátrias e da indissolubilidade
dos seus destinos.
No diário de 20 de Outubro de 1986
lamentaria o fim trágico e prematuro
daquela vida agitada e carismática.
7777
Entrada de Portugal em 12 de Junho de 1985
no Mercado Comum
Não apoia nem tem a mínima simpatia pela União Europeia.
Ela ofende o seu espírito patriótico e o seu ideal de Pátria.
Insurge-se contra a ideia da subserviência às ordens de uma
Europa sem valores, incapaz de entender um povo que nela
sempre os teve... É o repúdio de um poeta português pela
irresponsabilidade com que meia dúzia de contabilistas lhe
alienaram a soberania (...) e Maastricht há-de ser uma nódoa
indelével na memória da Europa.
7878
É também contra a regionalização:
O mundo a braços com o drama das diversidades
e nós, que há oitocentos anos temos a unidade
nacional no território, na língua, nos costumes e
na religião, vamos desmioladamente destruí-la?
7979
Miguel TorgaMiguel Torga
As ViagensAs Viagens
8080
Viajar, num sentido profundo, é morrer.
Em 1937, Dezembro pardo viaja por
Espanha, França e Itália.
O fascismo em Espanha
completava o cerco à liberdade
8181
Em Istambul em 1953
8282
Em 1954, No Centro Transmontano de S. Paulo (Brasil)
8383
Em 1973, no intuito de sentir pulsar o coração austral, de
contemplar os cenários das nossas grandezas passadas e das nossas
misérias presentes, empreende uma extensa viagem pela África
lusófona no pressentimento de que chegara o fim da epopeia” lusa..
8484
No México em 1983.
Lá, como cá, um quadro não muda um homem. Mas um verso sim.
8585
Em Abril de 1987, no processo de
“assinatura da transmissão a curto
prazo da soberania de Macau”,
Miguel Torga aceita falar na
celebração do
Dia de Camões naquele
recanto da pátria, últimos confins de
Portugal.
Macau, Gruta de Camões
8686
Em Hong-Kong
8787
Em Goa
Em busca da presença portuguesa da qual só restam
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Miguel TorgaMiguel Torga
Para os OutrosPara os Outros
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Miguel Torga
é um poeta em que um país se diz.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Torga podia escrever e publicar sem parar,
mas ia construindo, ao mesmo tempo,
um dos monólogos mais radicais
de toda a poesia portuguesa
Eduardo Lourenço
Reencarnação de um poeta mítico por excelência
- daqueles que vive na intimidade das forças elementares
(a terra, o sol, o vento, a água)
para celebrá-las com o seu canto.
David Mourão Ferreira
9191
Foi sempre um homem, socialmente difícil. Pouco
comunicativo, falando com mais convicção do que
razão.
Uma das facetas menos atraentes do carácter de M.T. é
a sua forretice. Chega a comprar livros com
exemplares dos seus. De Leiria a Coimbra viajava
sempre em 3ª classe. Foi ao estrangeiro, por diversas
vezes, percorrendo boa parte da Europa, aproveitando
sempre boleia de dois amigos. Quase não oferece livros
a ninguém, recusa dedicatórias e autógrafos, nunca
confiou o seus livros a nenhuma editora, preferindo
sempre "edições do autor", com pequena tiragem e no
papel mais barato possível.
Antônio Freire, in Lendo M.T..
9292
Nem sempre escrevi que sou
intransigente, duro, capaz de uma
lógica que toca a desumanidade.
[...] Nem sempre admiti que estava
irritado com este camarada e
aquele amigo. [...] A desgraça é que
não me deixam estar só, pensar só,
sentir só.
9393
O HOMEM é,
por desgraça, uma solidão:
Nascemos sós, vivemos sós e
morremos sós.
9494
REQUIEM POR MIM
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido de corpo
E tolhido da alma…
In Diário XVI, Coimbra, 10 de Dezembro de 1993
9595
A Morte
E o Poeta morreu.
A sombra do cipreste pôde enfim
Abraçar o cipreste.
O torrão
Caiu desfeito ao chão
Da aventura celeste.
Nenhum tormento mais, nenhuma imagem
(No caixão, ninguém pode
Fantasiar).
Pronto para a viagem
De acabar.
Só no ouvido dos versos,
Onde a seiva não corre,
Uma rima perdura
A dizer com brandura
Que um Poeta não morre.
Em 17 de Janeiro de 1995
morrem o médico Adolfo Rocha
e o poeta Miguel Torga. Ambos
repousam, sob uma única lage,
em campa rasa no cemitério de
S. Martinho de Anta.
9696
9797
Grande parte deste diaporama foi construído a partir do livro Fotobiografias
publicado pela sua filha, Clara Rocha.
9898
© 2007 Biblioteca Nacional de Portugal , todos os direitos reservados
http://purl.pt/13860/1/
9999
Casa-Museu
Miguel Torga
Vidas Lusófonas
Alguns Sítios na Rede sobre Miguel TorgaAlguns Sítios na Rede sobre Miguel Torga
100100
Diaporama
Concepção e pesquisa
de
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e Luís Aguilar
Dezembro de 2007

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Miguel Torga

  • 1. 11
  • 2. 22 Miguel TorgaMiguel Torga O Homem, o Escritor, o Tempo,O Homem, o Escritor, o Tempo, a Terra e a Democraciaa Terra e a Democracia Diaporama de Luís Aguilar e Vitália RodriguesDiaporama de Luís Aguilar e Vitália Rodrigues Concebido a partir do livro Fotobiografias de Clara Rocha. Consulado-Geral de Portugal em Montreal
  • 4. 44 Ter um destino é não caber no berço onde o corpo nasceu, é transpor as fronteiras uma a uma e morrer sem nenhuma. Miguel Torga In Fernão de Magalhães, Antologia Poética. Lisboa: Dom Quixote, 1999.
  • 5. 55 Miguel Torga (pseudónimo de Adolfo Correia Rocha) nasceu em S. Martinho de Anta há cem anos, a 12.08.1907 e morreu em Coimbra a 17.01.1995. Nasci como um cabrito ou como um pé de milho
  • 6. 66
  • 7. 77 O destino plantou-me aqui e arrancou-me daqui. E nunca mais as raízes me seguraram bem em nenhuma terra.
  • 8. 88 Os pais, Francisco Correia Rocha e Maria da Conceição Barros, e a irmã Maria
  • 9. 99 Em 1917, aos dez anos, vai para uma casa apalaçada do Porto, habitada por parentes da família. O pequeno criado ganhava quinze tostões por mês e dormia num cubículo de campainha à cabeceira. Fardado de branco servia de porteiro, “moço de recados”, regava o jardim, “limpava o pó e polia os metais da escadaria nobre”, “atendia campainhas”. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão.
  • 10. 1010 Em 1918 vai para o Seminário de Lamego, onde viveu “um dos anos cruciais”da sua vida, tendo melhorado os conhecimentos de português, da geografia, da história, aprendido o latim e ganhado familiaridade com os textos sagrados . No fim das férias comunicou ao pai que não seria padre.
  • 11. 1111 A grande aventura juvenil 1919 Foi então enviado, aos doze anos, para o Brasil (Minas Gerais), a fim de trabalhar numa fazenda que pertencia a um tio.
  • 12. 1212 Fazenda de Santa Cruz (Minas Gerais)
  • 13. 1313 Simples máquina de trabalho era o último a deitar- -me e o primeiro a erguer-me, sem domingos nem dias santos para que a engrenagem funcionasse com perfeição.    Carregar o moinho, mungir as vacas, tratar dos porcos, ir buscar os cavalos da cocheira ao pasto, limpá-los e arreá- los, rachar lenha, varrer o pátio e atender a freguesia que vinha comprar fumo, cachaça, carne seca, feijão, ou trocar grão por fubá; ir buscar o correio à povoação; fazer a escrita da fazenda, verificar à noite se as portas e as janelas estavam bem fechadas.
  • 14. 1414 Quatro anos decorridos o tio matriculou-o no Ginásio de Leopoldina.
  • 15. 1515 Em 1925, na convicção de que ele havia de vir a ser “doutor em Coimbra”, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço.
  • 16. 1616 Crescera por fora e por dentro. Aprendera a objectivar a vida, embora sempre tivesse sentido aquele chão como fabuloso e mágico e aonde pudera ser selvagem e natural.
  • 17. 1717 Um dos seus títulos de glória é ter passado a adolescência no Brasil” , …o Brasil amei-o eu sempre, foi o meu segundo berço, sinto-o na memória, trago-o no pensamento.
  • 18. 1818 De regresso a Portugal, fez em dois anos, os cinco do primeiro e segundo ciclo do curso liceal de sete. No Liceu José Falcão completou o terceiro ciclo num só ano, ficando apto a cursar uma Universidade.
  • 19. 1919 . 1928 - Adolfo Rocha estudante universitário da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra A caneta que escreve e a que prescreve revezam-se harmoniosamente na mesma mão.
  • 20. 2020 Uma pobre colectânea de sonetos e canções que mereceu apenas críticas reprovativas e Torga nunca reimprimiu.
  • 21. 2121 . Grupo da República Estrela do Norte
  • 22. 2222 Foi com Balada da Morgue que, verdadeiramente assinei pacto com Orfeu . Presença, 24, Janeiro 1930
  • 23. 2323 Em 1929, com 22 anos, deu início à colaboração na revista Presença, folha de arte e crítica, com o poema “Altitudes…”. A revista, fundada em 1927 pelo “grupo literário avançado” de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, era bandeira “literária do grupo modernista” e era também, “bandeira libertária”da Revolução Modernista.
  • 24. 2424 Golpe Militar de 1926 A intervenção literária, já então a entendia Adolfo Rocha, como o único modo de combate numa pátria que é o cemitério da própria língua.
  • 25. 2525 Em 1930 rompe definitivamente com a revista Presença, por razões de discordância estética e razões de liberdade humana.
  • 26. 2626 Adolfo Rocha e Branquinho da Fonseca fundam a revista Sinal, que saiu em Julho de 1930.
  • 27. 2727 Publica o seu segundo livro em Junho de 1930.
  • 28. 2828 Em 1931, contista em Pão Ázimo e poeta em Tributo, Adolfo Rocha já aparecia a público em edição de autor, como aconteceu com Abismo, no ano seguinte, e como aconteceria pela vida fora.
  • 29. 2929 Conclui o curso universitário de medicina em 1933. Na hora em que esperava merecer da vida a alegria íntima do triunfo, sinto o medo do avesso quiçá o terror fundo que não diz donde vem nem para onde vai, anotou no dia da formatura. .
  • 30. 3030 Regressa a S. Martinho de Anta com fama de revolucionário. Perdera definitivamente o lugar privilegiado no seio da tribo. Estava sem estar. Mudou-se, para Vila Nova, a meio do ano de 1934, concelho de Miranda do Corvo, distrito de Coimbra.
  • 31. 3131 Miguel TorgaMiguel Torga A Vida FamiliarA Vida Familiar
  • 32. 3232 Miguel Torga com a mãe que falece em 1948.
  • 33. 3333 A vida afectiva. A única que vale a pena. Casa com Andrée Crabbé em 1940, estudante de nacionalidade belga - aluna de Estudos Portugueses, ministrados por Vitorino Nemésio em Bruxelas - que viera a Portugal para frequentar um curso de férias na Universidade de Coimbra.
  • 34. 3434 Vou tentar ser bom marido, cumpridor. Mas quero que saibas, enquanto é tempo, que em todas as circunstâncias te troco por um verso. (A Criação do Mundo, V)
  • 35. 3535 Miguel Torga e a filha Clara Rocha, nascida em 3 de Outubro de 1955.
  • 37. 3737 Apresentação da neta ao avô, que falece algumas semanas depois em 1955.
  • 38. 3838 Em 27 de Julho de 1990 celebra os cinquenta anos de casado. Os sins de que eu fui capaz contra os nãos da vida.
  • 40. 4040 Adolfo Correia Rocha aos 27 anos em 1934, auto-define-se pelo pseudónimo que criou Miguel e Torga
  • 41. 4141 Miguel Homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno João Abel Manta
  • 42. 4242 Torga (Erica lusitanica) Designação nortenha da urze, planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho.
  • 43. 4343 A Terceira Voz, em 1934 é publicado por Miguel Torga, com prefácio de Adolfo Rocha: Somos irmãos e temos a mesma riqueza: despeço-me de cena e dou a minha palavra de honra que não reapareço; …a minha voz mudou – porque o horizonte é maior…
  • 44. 4444 Em Janeiro de 1936 funda, com Albano Nogueira, Manifesto, Revista de Arte e Crítica: Procurávamos um caminho de liberdade assumida onde nem o homem fosse traído, nem o artista negado, uma arte rebelde enraizada no circunstancial.
  • 45. 4545 Afonso Duarte, Alvaro Salema, Bento de Jesus Caraça, Branquinho da Fonseca, Joaquim Namorado, Lopes Graça, Paulo Quintela, Vitorino Nemésio acompanha- vam-no nessa intervenção contrária ao individualismo presencista, alienado do real (que Eduardo Lourenço identificou, em 1957, no Comércio do Porto, com o artigo Presença, ou a Contra-Revolução do Modernismo Português ). Fernando Pessoa tinha lugar, naquele primeiro número, com o poema Nevoeiro.
  • 46. 4646 Pode considerar-se Miguel Torga pioneiro e representante por antonomásia da escrita diarística portuguesa, por ser, juntamente com Virgílio Ferreira, com Conta Corrente, dos que lhe conferiram maior significância. O Diário torguiano, que o autor publicou ininterruptamente entre 1941 e 1993, retrata o pulsar do autor sobre o homem, o mundo e a vida, entre 3 de Janeiro de 1932 e 10 de Dezembro de 1993.
  • 47. 4747 Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pelos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e com as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade, sem ao menos perguntar quem era. In Diário I (3 de Dezembro de 1935)
  • 48. 4848 No Dia de Camões de 1948, a propósito do artifício da figura de “escritor oficial” alheio à alma colectiva, havia de sugerir que Pessoa substituísse Camões, vastíssimo poeta, mas “cristalizado numa época”:
  • 49. 4949 Fernando Pessoa, culturalmente considerado, não será muito mais poeta nacional deste século do que Camões? Por ser o símbolo da Pátria e por ter envolvido emblematicamente a glória do poeta. Glória pura que, como poucas, merecia a graça desse póstumo calor materno. Ninguém antes tinha realizado o milagre de criar de raiz um Portugal feito de versos.
  • 51. 5151 Em 1937 começou a imprimir A Criação do Mundo, génese progressiva, numa consciência, da imagem da realidade circunstancial, visão de um mundo criado à nossa medida, original e único, povoado de seres reais que o tempo foi transformando em fantasmas.
  • 52. 5252 Em 1937, colabora na Revista de Portugal , de Vitorino Nemésio
  • 53. 5353 Bichos surge em 1940, reeditado pouco depois, traduções sucessivas para variadíssimas línguas. Animais com sentir humano ou seres humanos vestidos de animais. Ou uma irmandade de animais e homens. Tudo numa argamassa de vida. O cão Nero, o galo Tenório, o jerico Morgado, o Ladino, o Ramiro. E a Madalena, caminhando na contra mão da contradição entre cultura e vida.
  • 54. 5454 1931 - Pão Ázimo. 1931 - Criação do Mundo. 1934 - A Terceira Voz. 1937 - Os Dois Primeiros Dias. 1938 - O Terceiro Dia da Criação do Mundo. 1939 - O Quarto Dia da Criação do Mundo. 1940 - Bichos. 1941 - Contos da Montanha. 1942 - Rua. 1943 - O Senhor Ventura. 1944 - Novos Contos da Montanha. 1945 - Vindima. 1951 - Pedras Lavradas 1974 - O Quinto Dia da Criação do Mundo. 1976 - Fogo Preso. 1981 - O Sexto Dia da Criação do Mundo. 1982 - Fábula de Fábulas. Ficção      
  • 55. 5555                                                           1928 - Ansiedade. 1930 - Rampa. 1931 - Tributo. 1932 - Abismo. 1936 - O Outro Livro de Job. 1943 - Lamentação. 1944 - Libertação. 1946 - Odes. 1948 - Nihil Sibi. 1950 - Cântico do Homem. 1952 - Alguns Poemas Ibéricos. 1954 - Penas do Purgatório. 1958 - Orfeu Rebelde. 1962 - Câmara Ardente. 1965 - Poemas Ibéricos. Poesia      
  • 56. 5656 Peças de Teatro      1941 - "Terra Firme" e "Mar". 1947 - Sinfonia. 1949 - O Paraíso. 1950 - Portugal. 1955 - Traço de União.
  • 57. 5757 Traduções      Livros seus estão traduzidos para diversas línguas, algumas vezes publicados com um prefácio seu: espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro.
  • 58. 5858 Prémios      1969 - Prémio do Diário de Notícias. 1976 - Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist. 1980 - Prémio Morgado de Mateus, ex-aecquo com Carlos Drummond de Andrade. 1981 - Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S. 1989 - É-lhe imposta a condecoração de Oficial na Ordem das Artes e Letras da República Francesa. 1989 - Prémio Camões. Os meus leitores mereciam-no. (Miguel Torga) 1991 - Prémio Personalidade do Ano. 1992 - Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores. 1993 - Prémio da Crítica, consagrando a sua obra.
  • 59. 5959 Prémio Vida Literária da Associação Portugesa de Escritores 1992
  • 60. 6060 Se existe alguém que escreve em português e merece o Nobel é Miguel Torga, não eu. Jorge Amado Foi proposto para o Prémio Nobel em 1960. Sem êxito, possivelmente por interferências do Poder de então. Voltará a ser considerado uns anos mais tarde, não lhe tendo sido atribuído.
  • 61. 6161 1º Congresso Internacional de Miguel Torga É organizado pela Universidade Fernando Pessoa em 1994
  • 62. 6262 Uma literatura que produz, no mesmo século, dois vultos do calibre de Pessoa e Torga, pode considerar-se uma literatura de excelente saúde. Torrente Ballester In Entrevista a Miguel Viqueira em 1986
  • 63. 6363 Hoje sei apenas gostar duma nesga de terra debruada de mar.
  • 64. 6464 Miguel TorgaMiguel Torga O PolíticoO Político
  • 65. 6565 A política é para eles (os políticos) uma promoção e, para mim, uma aflição.
  • 66. 6666 Foi preso várias vezes devido aos seus escritos, sendo a primeira em 1939, em Aljube. A PIDE negar-lhe-ia , várias vezes o pedido de visto para sair do país. Andrée Rocha é suspensa do seu lugar académico, passou a fazer traduções e a ajudar o marido na sua actividade profissional.
  • 67. 6767 Na Candidatura do General Humberto Delgado 1958
  • 68. 6868 Em 1967, assina um manifesto no qual é pedida a aprovação de uma lei da Imprensa, a abolição da censura prévia e a interposição de recurso no caso de apreensão de livros.
  • 69. 6969 Revolução de 25 de Abril Golpe militar. Assim eu acreditasse nos militares.
  • 70. 7070 Estranha revolução esta, que desilude e humilha quem sempre ardentemente a desejou. Estamos a viver em pleno absurdo, a escrever no livro da História gatafunhos que nenhuma inteligência poderá decifrar no futuro. Todas as conjecturas têm a mesma probabilidade de acerto ou desacerto. Jogamos numa roleta de loucos, que tanto anda como desanda. O espectáculo que damos neste momento é o de um manicómio territorial onde enfermeiros improvisados e atrevidos submetem nove milhões de concidadãos a um electrochoque aberrante e desumano. 20 de Junho de 1975
  • 71. 7171 Sobre a descolonização escreveria: Fomos descobrir o mundo em caravelas e regressámos dele em traineiras. Afanfarronice de uns, a incapacidade de outros e a irresponsabilidade de todos deu este resultado: o fim sem a grandeza de uma grande aventura. Metade de Portugal a ser o remorso da outra metade.
  • 73. 7373 Ramalho Eanes torna-se seu amigo e Torga dá-lhe um conselho. Seja sério, mas não se leve a sério.
  • 74. 7474 Conheceram-se depois do 25 de Abril, quando Torga se afirmou como um dos sustentáculos do Partido Socialista na zona de Coimbra.
  • 75. 7575 Nunca se filiou em partido algum: É ESCUSADO. NÃO POSSO TER OUTRO PARTIDO SENÃO O DA LIBERDADE. O meu partido é o mapa de Portugal
  • 76. 7676 Em Outubro de 1983, Samora Machel, Presidente de Moçambique, visita oficialmente Portugal. Apresentados em Coimbra, Miguel Torga fez questão de mostrar-lhe a região duriense percorrida de helicóptero na companhia do Presidente português, em conversa fraterna acerca das duas pátrias e da indissolubilidade dos seus destinos. No diário de 20 de Outubro de 1986 lamentaria o fim trágico e prematuro daquela vida agitada e carismática.
  • 77. 7777 Entrada de Portugal em 12 de Junho de 1985 no Mercado Comum Não apoia nem tem a mínima simpatia pela União Europeia. Ela ofende o seu espírito patriótico e o seu ideal de Pátria. Insurge-se contra a ideia da subserviência às ordens de uma Europa sem valores, incapaz de entender um povo que nela sempre os teve... É o repúdio de um poeta português pela irresponsabilidade com que meia dúzia de contabilistas lhe alienaram a soberania (...) e Maastricht há-de ser uma nódoa indelével na memória da Europa.
  • 78. 7878 É também contra a regionalização: O mundo a braços com o drama das diversidades e nós, que há oitocentos anos temos a unidade nacional no território, na língua, nos costumes e na religião, vamos desmioladamente destruí-la?
  • 79. 7979 Miguel TorgaMiguel Torga As ViagensAs Viagens
  • 80. 8080 Viajar, num sentido profundo, é morrer. Em 1937, Dezembro pardo viaja por Espanha, França e Itália. O fascismo em Espanha completava o cerco à liberdade
  • 82. 8282 Em 1954, No Centro Transmontano de S. Paulo (Brasil)
  • 83. 8383 Em 1973, no intuito de sentir pulsar o coração austral, de contemplar os cenários das nossas grandezas passadas e das nossas misérias presentes, empreende uma extensa viagem pela África lusófona no pressentimento de que chegara o fim da epopeia” lusa..
  • 84. 8484 No México em 1983. Lá, como cá, um quadro não muda um homem. Mas um verso sim.
  • 85. 8585 Em Abril de 1987, no processo de “assinatura da transmissão a curto prazo da soberania de Macau”, Miguel Torga aceita falar na celebração do Dia de Camões naquele recanto da pátria, últimos confins de Portugal. Macau, Gruta de Camões
  • 87. 8787 Em Goa Em busca da presença portuguesa da qual só restam igrejas e baluartes
  • 88. 8888 Em 19 de Novembro de 1986, declama oitenta poemas paraEm 19 de Novembro de 1986, declama oitenta poemas para o disco comemorativo dos seus oitenta anos de vida queo disco comemorativo dos seus oitenta anos de vida que saíu a público em 30 de Junho do ano seguintesaíu a público em 30 de Junho do ano seguinte..
  • 89. 8989 Miguel TorgaMiguel Torga Para os OutrosPara os Outros
  • 90. 9090 Miguel Torga é um poeta em que um país se diz. Sophia de Mello Breyner Andresen Torga podia escrever e publicar sem parar, mas ia construindo, ao mesmo tempo, um dos monólogos mais radicais de toda a poesia portuguesa Eduardo Lourenço Reencarnação de um poeta mítico por excelência - daqueles que vive na intimidade das forças elementares (a terra, o sol, o vento, a água) para celebrá-las com o seu canto. David Mourão Ferreira
  • 91. 9191 Foi sempre um homem, socialmente difícil. Pouco comunicativo, falando com mais convicção do que razão. Uma das facetas menos atraentes do carácter de M.T. é a sua forretice. Chega a comprar livros com exemplares dos seus. De Leiria a Coimbra viajava sempre em 3ª classe. Foi ao estrangeiro, por diversas vezes, percorrendo boa parte da Europa, aproveitando sempre boleia de dois amigos. Quase não oferece livros a ninguém, recusa dedicatórias e autógrafos, nunca confiou o seus livros a nenhuma editora, preferindo sempre "edições do autor", com pequena tiragem e no papel mais barato possível. Antônio Freire, in Lendo M.T..
  • 92. 9292 Nem sempre escrevi que sou intransigente, duro, capaz de uma lógica que toca a desumanidade. [...] Nem sempre admiti que estava irritado com este camarada e aquele amigo. [...] A desgraça é que não me deixam estar só, pensar só, sentir só.
  • 93. 9393 O HOMEM é, por desgraça, uma solidão: Nascemos sós, vivemos sós e morremos sós.
  • 94. 9494 REQUIEM POR MIM Aproxima-se o fim. E tenho pena de acabar assim, Em vez de natureza consumada, Ruína humana. Inválido de corpo E tolhido da alma… In Diário XVI, Coimbra, 10 de Dezembro de 1993
  • 95. 9595 A Morte E o Poeta morreu. A sombra do cipreste pôde enfim Abraçar o cipreste. O torrão Caiu desfeito ao chão Da aventura celeste. Nenhum tormento mais, nenhuma imagem (No caixão, ninguém pode Fantasiar). Pronto para a viagem De acabar. Só no ouvido dos versos, Onde a seiva não corre, Uma rima perdura A dizer com brandura Que um Poeta não morre. Em 17 de Janeiro de 1995 morrem o médico Adolfo Rocha e o poeta Miguel Torga. Ambos repousam, sob uma única lage, em campa rasa no cemitério de S. Martinho de Anta.
  • 96. 9696
  • 97. 9797 Grande parte deste diaporama foi construído a partir do livro Fotobiografias publicado pela sua filha, Clara Rocha.
  • 98. 9898 © 2007 Biblioteca Nacional de Portugal , todos os direitos reservados http://purl.pt/13860/1/
  • 99. 9999 Casa-Museu Miguel Torga Vidas Lusófonas Alguns Sítios na Rede sobre Miguel TorgaAlguns Sítios na Rede sobre Miguel Torga
  • 100. 100100 Diaporama Concepção e pesquisa de Vitália Rodrigues e Luís Aguilar Dezembro de 2007