1) Cientistas portugueses identificaram a molécula caderina-P, que quando elevada promove metástases do cancro da mama e pior prognóstico; 2) Podem desenvolver anticorpos para bloquear a caderina-P e controlar o aparecimento de metástases; 3) Isto pode representar passos significativos para aumentar a sobrevida de pacientes com cancro da mama.
Molécula responsável por metástases do cancro da mama identificada
1. Estudo conduzido publicado na revista "Oncogene" invasivas e podem entrar na circulação, acabando por afectar outros
órgão onde formam metástases.
Identificada molécula responsável por Contudo, segundo a investigadora portuguesa é possível desenvolver
anticorpos que bloqueiem o aumento desta proteína e que permitam,
metástases do cancro da mama assim, controlar o aparecimento de metástases. Joana Paredes destaca
Imagine um polvo e um mexilhão. Este fica agarrado às rochas e, por também que o comportamento desta caderina é oposto ao da caderina-
mais fortes que sejam as ondas, não sai do mesmo lugar. O polvo, por E, associada ao cancro gástrico. Quando os níveis desta proteína são
outro lado, espalha os tentáculos e aproveita a sua elasticidade para se baixos os doentes têm pior prognóstico. Na P, os efeitos são
esticar ao máximo. É mais ou menos esta a diferença entre o cancro da exactamente o contrário e é perante altas quantidades que a célula é
mama que não tem metástases e induzida a produzir "enzimas que degradam a matriz de suporte".
aquele que invade a pele e outros Em Portugal, surgem todos os anos 4500 novos casos de cancro da
órgãos. O "polvo" responsável por mama e registam-se 1500 mortes.
http://www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/identificada-molecula-responsavel-por-
este tipo de cancro mais agressivo é
metastases-do-cancro-da-mama_1412179
uma molécula chamada caderina-P
e foi identifica por investigadores
Estas novas descobertas feitas pelos investigadores do IPATIMUP
portugueses num estudo agora
podem representar passos muito significativos no aumento da
publicado na revista britânica "Oncogene".
esperança de vida de muitas pacientes. Explique em que medida os
Os investigadores do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da
resultados do trabalho descrito devem ser levados em conta
Universidade do Porto (Ipatimup) descobriram que quando uma mulher
relativamente à capacidade de diminuir o número de cancros da mama,
apresenta níveis elevados desta proteína tem um pior prognóstico e
em Portugal.
tende a reagir pior às terapêuticas administradas, o que acontece em
um terço dos casos. "Percebemos que sempre que a caderina-P é
expressa nos carcinomas as doentes tinham piores prognósticos",
explicou ao PÚBLICO Joana Paredes, que liderou a equipa responsável
pelo projecto.
Uma caderina é uma molécula ou proteína responsável pelo mecanismo
hemofílico de adesão celular. "Funciona como um fecho éclair",
exemplifica Joana Paredes. Quando a caderina-P é muito elevada as
células, nomeadamente as cancerígenas, ficam com uma organização
interna diferente. Isto é, desprendem-se mais facilmente, tornam-se
2. O Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da
Universidade do Porto IPATIMUP - é uma associação privada
sem fins lucrativos de utilidade pública, fundada em 1989 sob
a égide da Universidade do Porto. O IPATIMUP é
um Laboratório Associado do Ministério da Ciência e do
Ensino Superior desde 2000.
O IPATIMUP tem por objectivos compreender as causas e a
evolução das doenças oncológicas humanas de forma a:
VISITA DE
ESTUDO
- Avançar no diagnóstico precoce.
- Maximizar a eficiência do tratamento.
- Melhorar a qualidade de vida dos doentes.
BIOLOGIA 11
- Diminuir a incidência de cancro na população.
As vertentes de actividade do IPATIMUP são:
- Investigar em Oncologia e Genética Populacional,
procurando optimizar as interacções de diversos domínios
científicos (Medicina, Biologia, Genética, Farmácia, Biofísica).
- Desenvolver Recursos Humanos especializados em
Oncologia e Oncobiologia.
- Divulgar a Ciência, contribuindo para o aumento da cultura
científica da população.
- Prestar serviços diagnósticos e de consultadoria.
DEZEMBRO - 2010