As atualidades que podem ser pedidas e os temas mais cobrados em Ciências Humanas e Linguagens. Reportagem divulgada na versão impressa da revista Carta na Escola 70, de outubro de 2012.

1. Reportagem
Prepare-se para a prova
| As atualidades que podem ser pedidas e os temas
mais cobrados em Ciências Humanas e Linguagens
ENEM
Por Isabela Morais
N
o primeiro dia do Enem
2012, temas como Rio+20,
Primavera Árabe e as
questões ligadas à construção da Usina Belo
Monte deverão estar na
ponta da língua dos candidatos, segundo as apostas dos professores que acompanham a prova. O exame de Ciências Humanas e Suas Tecnologias deverá relembrar fatos marcantes
que aconteceram durante o ano, de acordo com a sistemática do Enem de relacionar temas contemporâneos aos conteúdos de História e Geografia.
Listamos a seguir quais foram os temas mais cobrados na prova de Ciências
Humanas, com base em um mapeamento inédito feito pelo portal Universia Brasil, desde a criação do exame, em 1998, até
sua última edição em 2011. Na se­ uência,
q
professores ouvidos pela reportagem opinam sobre os possíveis temas que estarão
na prova de atualidade de 2012.
Língua Portuguesa:
1º Interpretação de texto
2º Modernismo
3º Outros tipos de interpretação
4º Gramática
5º Variação linguística
No topo da lista, a interpretação é exigida por meio de gêneros variados, como
crônica, romance, notícia, charge, entre
outros. Roseli Deienno Braff, coordenadora da área no Sistema COC de Ribeirão Preto, considera que os textos requerem atenção aos objetivos de seu produtor. A argumentação, as características
que definem o tipo, os elementos discursivos, o momento de produção e a identificação do interlocutor são informações
que devem estar claras após a leitura.
As questões referentes à literatura avaliam o repertório do estudante a partir de
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produções completas ou de excertos de
autores contemporâneos e do Modernismo. “Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Fernando
Pessoa costumam figurar na prova.”
Comparações também são características do Enem. Por isso, Roseli aposta em
perguntas que proponham relações intertextuais não só entre produções escritas,
mas entre linguagens variadas. “Como a
ligação entre uma tela e um poema, que
apresentam o visual e o verbal e demandam observação cuidadosa.” Já os problemas de gramática não solicitam o conhecimento de nomenclatura, mas de mecanismos de construção textual. “Elementos coesivos, funções de linguagem e figuras de retórica costumam ser solicitados.”
brasileira, ele ressalta que a avaliação trata do militarismo por situações culturais
que envolvam música e comportamentos.
Em História Geral, o feudalismo e o
papel da Igreja na Idade Média, as transformações do modo de produção a partir
da Revolução Industrial, o surgimento do
nazifascismo, a Guerra Fria como conflito de ideologias e as crises e intervenções
do Estado na economia capitalista são temas sempre em pauta. Para esta edição,
Cucco ainda aposta na Primavera Árabe,
na crise europeia e na volta da xenofobia
às políticas do Velho Continente.
História:
1° Brasil República
2° Era Vargas
3° Brasil Colônia e Segunda
Guerra Mundial
4° Idade Média, Escravidão
e Militarismo no Brasil
5° Revolução Industrial, Guerra
Fria e Liberalismo
Na Escola Master de Cuiabá, os professores Efrain Cucco e Raphael Nogueira
Rodrigues Silva concordam que assuntos
modernos e de História do Brasil são os
mais cobrados. Do período colonial à Proclamação da República, Cucco julga pertinentes temas como ocupação portuguesa, questão indígena, cotidiano das senzalas e quilombos e exploração do açúcar.
Já durante o Brasil República, primeiro
item do levantamento, o professor destaca
tópicos como a Política do Café com Leite,
o cangaço e as mudanças econômicas nos
governos FHC e Lula. “Quanto à Era Vargas, sua volta ao poder como candidato
eleito pode ser um assunto importante”,
avalia. Fechando os conteúdos da história
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2. Rodrigues lembra que o Enem avalia
habilidades e competências: “Escravidão
tem caído, por exemplo, pois possibilita
questões sobre resistência cultural e política para populações negras. Não adianta apenas estudar o assunto. É preciso
desenvolver a habilidade que se exige”.
Geografia:
1° Agricultura
2° Aspectos socioeconômicos
3° Desenvolvimento e impactos
ambientais
4° Geopolítica
Segundo André Luiz Domingos, professor do Curso Intelectus de São José do
Rio Preto, o tema agricultura vem sendo tratado em tópicos da geografia física
do Brasil e as relações entre o homem e o
campo. “Da parte física, surgem assuntos
como movimentos sociais e concentração
latifundiária.” Ainda sobre o mesmo tema, Domingos revela que a avaliação gosta de apresentar climogramas. “As respostas estão no gráfico. O aluno só tem de ter
tranquilidade para interpretá-lo”, diz.
Em aspectos socioeconômicos, Luis
Carlos de Souza Domingues do COC de
Ribeirão Preto indica o estudo da segregação espacial das cidades e o envelhecimento da população brasileira. “Sobre os
impactos ambientais, é necessário entender a importância das matas ciliares e a
degradação dos mangues.” A construção
da Usina Hidrelétrica de Belo Monte pode
ser uma aposta. Nas áreas urbanas, o tópico poderá ser abordado pelo viés da destinação final dos resíduos sólidos. A disputa entre Argentina e Inglaterra pelas Ilhas
Malvinas é questão relevante em geopolítica. “O estudante deve interpretar corretamente mapas, tabelas e gráficos.”
Papel do Brasil
como mediador da
Rio+20, repercussão
da conferência e
sustentabilidade
são temas possíveis
Olhar atento. Ao contrário
da Fuvest, exame não exige
conhecimento tão aprofundado
de atualidades
fa b i o r o d r i g u e s p oz z e b o m /a b r
Atualidades
Graças ao tom interdisciplinar do exame,
as atualidades estão em todas áreas. Para
Marciano Rocha, professor de Geografia do Colégio Planeta de Goiânia, a leitura de jornais e revistas e um olhar atento
aos acontecimentos são importantes.
Carta na Escola: Quais as diferenças entre a abordagem do Enem e a da Fuvest
para as atualidades?
Marciano Rocha: A Fuvest demanda um
conhecimento aprofundado. Para responder às questões, o candidato precisa entender conceitos como organização econômica, mercado financeiro e ordem mundial.
Já no Enem, as atualidades são óbvias e
exigem uma noção mínima de quem procurou se informar. São acontecimentos do
mesmo ano ou do ano anterior à prova.
CE: Que tipo de assuntos são cobrados?
MR: São, geralmente, fatos nacionais. No
caso de Ciências Humanas, os eventos
internacionais surgem, mas mostrando seus reflexos no Brasil. O Enem deste
ano pode solicitar o tema da sustentabilidade e do papel do País como mediador
da Rio+20. O estudante tem de compreender o que foi discutido e proposto e por
que a conferência não teve a reper­ ussão
c
da Rio 92. O candidato deve explorar temas amplos, como a questão da Ficha
Limpa, do trânsito e da violência urbana.
CE: Qual o melhor meio de se informar?
MR: Costumo pedir que meus alunos
acompanhem um telejornal diariamente e leiam jornal ou revista no mínimo três vezes por semana. Peço que
a
­ companhem a tevê, mas se aprofundem com os meios impressos.
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