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A floresta amazônica é ainda um gigante desconhecido com relação a sua diversidade florística
devido a vários fatores que, associados à grande extensão territorial, a dificuldade de acesso às
áreas de amostragem, a escassez de taxonomistas e a falta de apoio do poder público, resultam
neste panorama de escassez do conhecimento da biodiversidade. Nesse contexto, as
atividades de pesquisa desenvolvidas concomitantemente com os programas de resgate de
germoplasma, propiciam um acréscimo ao banco de dados já apresentado, enriquecendo-o
com os novos levantamentos oriundos da amostragem de espécies nas áreas dos
empreendimentos, como o que ocorre atualmente na área do canteiro de obras da UHE Teles
Pires, localizado nos municípios de Paranaíta, Estado de Mato Grosso, e de Jacareacanga,
Estado do Pará.
Muitos empreendimentos hidrelétricos tem se preocupado apenas com o resgate de material
botânico epifítico, plântulas e de sementes, visando a realocação nas APP´s ou ainda para a
formação de banco de germoplasma ex situ, o que tem sido diferenciado para os
empreendimentos na região norte de Mato Grosso. A não existência do resgate das espécies
nas áreas suprimidas para a incorporação em coleção científica (herbários) seria lamentável,
visto a oportunidade de incremento do conhecimento da flora local, já que os levantamentos
florísticos são executados por amostragem, sendo que no resgate a área de abrangência de
coleta/resgate ocorre em grandes áreas, sendo percorridas grandes extensões, possibilitando
assim o registro das espécies que ocorrem em cada área suprimida, propiciando novos registros
para o Estado e, ou provavelmente novas espécies para a ciência, visto que a área onde ocorre
o resgate tem poucos estudos realizados. Sendo assim, a identificação correta das espécies
independentes do hábito será uma importante ferramenta para os estudos mais detalhados nas
áreas não suprimidas e que se constituirão em espaços importantes tanto para a realocação da
flora, quanto para a fauna resgatada.
O Programa de Salvamento de Germoplasma Vegetal visa mitigar o impacto relacionado à
perda de cobertura vegetal pela implantação da UHE Teles Pires e compensar parcialmente os
impactos relacionados à alteração da vegetação na margem do reservatório. Contribuindo para
o conhecimento e conservação das espécies da flora local, principalmente das espécies
consideradas “alvo”, ou seja, aquelas de interesse socioeconômico e de pesquisa, com
importância funcional, endêmicas, raras, com algum grau de ameaça de extinção, medicinais,
frutíferas, ornamentais ou com potencial para serem utilizadas em projetos de recuperação de
áreas degradadas.
Embora, o Programa de Salvamento de Germoplasma Vegetal vise resgatar as espécies
consideradas alvos, baseadas nas listas advindas dos estudos de impactos ambientais, vale
ressaltar aqui que, todas as espécies encontradas férteis, independentes do hábito são
resgatadas para as coleções, e a maioria dos indivíduos epifíticos independentes do estado
fenológico são resgatados para realocação e conservação posterior ex situ, além das sementes.
Essa proposta diferenciada se dar devido sua execução está sob a responsabilidade de herbário
local, além da oportunidade de preenchimento das lacunas de conhecimento da flora da
Amazônia Meridional, e ainda lembrando que as coletas realizadas durante a execução de
estudos expeditos são exploratórias e por esse motivo não representam toda a flora local,
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contribuindo com informações para o conhecimento da flora do Estado de Mato Grosso e do
Pará.
O Programa de Salvamento de Germoplasma Vegetal está sendo realizado no canteiro de obras
e áreas de apoio da UHE TELES PIRES. A Equipe de Resgate é composta por 30 membros, sendo
25 desenvolvendo de atividades de resgate em campo e quatro no herbário, a saber: dois
coordenadores de campo (Adarilda Petini Benelli, Coordenadora Técnico-Científica de Campo e
de Epífitas e Júnior Antônio Martins de Melo, Coordenador de Logística e de Coleções); 20
Resgatadores de Flora (Adriano Santos Valete Damasceno, Cleverson Rodrigues, Daiane Lopes
de Matos, Lucilene Silvino, Jader Bruno Martins de Melo, Mislene Alexandra dos Santos Zanin,
Francis C. Benetti, Huellinton R. W. Zanin, Marília L. Santos, Patrícia O. S. Brito, Giovane M,
Silva, Edmilson F. Bitencourt, Eliel Gusmão, Marciani Barros, Carla C. M. Farias, Anderson A.
Quadros, Fernando Flávio Cazine, Edicarlos Benetti, Valtênio A. Moura, Bruno Fidelio ); dois
viveiristas (Orivelton de Freitas de Oliveira e Antônio Carlos R. Rocha); e um (01)
Parataxonomista (José Hypolito Piva). No herbário, além do técnico em herbário, Dennis
Rodrigues da Silva, a assistente técnica em herbário, Silmaria Soares Simões, do auxiliar de
herbário, De Ferran Alves de Oliveira (graduando de Agronomia), a taxonomista Dra. Silvana
Vieira colaboraram com a coordenação executiva (Dra. Célia Regina Araújo Soares) na
identificação das espécies junto ao acervo do HERBAM.
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